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A água é normalmente conhecida como solvente universal, podendo dissolver um número

de substâncias bem maior do que qualquer outro líquido comum. Isto se deve ao caráter
dipolar de suas moléculas, evidenciado pela elevada constante dielétrica (os valores da
constante dielétrica da água, metanol, etanol e benzeno, em 25 oC, são 78,4 , 33,6 , 24,3
e 2,3, respectivamente). Esta constante dielétrica mede a capacidade de uma substância
para neutralizar parcialmente a atração entre cargas elétricas. Assim, as camadas de
hidratação (uma ou mais camadas de moléculas de água) que circundam os íons (ou
moléculas) em solução, reduzem a possibilidade de que os íons se re-combinem para
formar cristais.
O arranjo dos átomos de O e H das moléculas de água em torno dos íons depende se este
é um cátion ou um ânion. Nas camadas de hidratação de cátions o átomo de O
(parcialmente negativo) é atraído pelo núcleo do cátion. O inverso ocorre com os ânions,
os quais atraem mais os átomos de hidrogênio.
A excelente capacidade de solvente da água é fundamental para a realização das reações
bioquímicas e para o transporte de substâncias dentro da planta.

Coesão e Aderência
A forte atração mútua entre moléculas de água resultante das ligações de hidrogênio, é
também conhecida como coesão. Uma conseqüência da coesão é que a água tem uma
elevada tensão superficial, a qual é mais evidente nas interfaces entre a água e o ar. A
tensão superficial surge por que as forças coesivas entre as moléculas de água são muito
mais fortes do que a interação entre a água e o ar. O resultado é que as moléculas de água
na superfície são constantemente “puxadas” para dentro da massa de água. A alta tensão
superficial explica a forma esférica das gotas de água e, também, o fato de que a superfície
da água pode suportar o peso de pequenos insetos. A coesão é diretamente responsável,
também, pela capacidade de colunas de água de resistirem (sem quebrar) a elevadas
tensões (pressão negativa). Colunas de água são capazes de resistir a elevadas tensões, da
ordem de –30 MPa.

Calor latente e específico da água


Na passagem do estado sólido para o líquido e gasoso, as pontes de hidrogênio são
rompidas, ao passo que, na passagem do estado gasoso para o líquido e sólido, elas são
restabelecidas. Assim, na fusão de 1 g de gelo, 80 cal precisam ser fornecidas (calor
latente de fusão) e na solidificação de 1 g de água, a mesma quantidade de energia é por
ela liberada (REICHARDT, 1985).
Klar (1988) cita que o calor latente pode ser de fusão, vaporização ou de sublimação.
O calor latente de fusão refere-se à quantidade de energia necessária para alterar a
substância do estado sólido para o líquido; embora a temperatura permaneça a mesma, há
consumo de energia. O calor latente de vaporização consiste na quantidade de energia
necessária para alterar a substância do estado líquido para o de vapor ou gás, numa
determinada temperatura. A água pode também passar diretamente do estado sólido para
o gasoso (ou vice-versa) e o fenômeno denomina-se sublimação. O calor latente de
sublimação neste caso é igual à soma dos calores latentes de fusão e vaporização.
Sutcliffe (1980) ressalta que o calor latente de fusão e de vaporização da água são
também geralmente elevados. O significado disso para as plantas é que uma quantidade
relativamente grande de calor deve ser extraída da água antes que ela se congele. De modo
semelhante, a evaporação da água requer grande quantidade de energia. Para cada grama
de água evaporada a 15 oC, a folha perde 2462 J de energia calorífica e assim a
transpiração tem um poderoso efeito de resfriamento.
O ponto de fusão da água sob pressão atmosférica normal é 0 oC, ao passo que o
ponto de ebulição é 100 oC. Nesse intervalo de temperatura a água se acha no estado
líquido e seu calor específico é 1,0 cal g−1 oC−1. Esse valor é extremamente alto em
comparação com o gelo (0,5); alumínio (0,2); ferro (0,1); mercúrio (0,03); ar (0,17). Por
isso, a água se comporta como um ótimo sistema tampão para a energia disponível na
atmosfera, isto é, muita energia é necessária para que sua temperatura se eleve pouco.
Essa propriedade da água torna os sistemas biológicos (cuja percentagem em água é
altíssima) resistentes a variação de temperatura (Reichardt, 1985).

No ponto de ebulição a água passa do estado líquido para o gasoso (ou vice-versa) e
o calor envolvido na mudança de fase é de 540 cal g−1 (calor latente de vaporização). A
água pode também passar ao estado gasoso a temperaturas menores que 100o C, mas tal
vaporização, denominada evaporação, requer maior quantidade de calor. Assim, por
exemplo, a 25 oC seu calor latente de vaporização é 580 cal g−1 (Reichardt, 1985).

Um exemplo prático da utilização do calor latente de fusão da água ocorre na


proteção de plantas contra geadas, com a utilização da irrigação. O congelamento da água
aplicada liberta calor (calor latente de fusão) mantendo a planta a 0 oC. Os vegetais não
o
se congelam enquanto a temperatura não cair substancialmente além de 0 C,
principalmente devido aos potenciais osmóticos das células (Klar, 1988).
Dos quase 70 % da superfície de nosso planeta que é coberta pela água, a maior parte
é encontrada no estado líquido, já que a temperatura média da Terra está compreendida
na faixa de 0 oC a 100 oC. Porém, há regiões onde o frio é intenso durante o ano todo,
mantendo assim congelada, a água que forma as grandes geleiras, as calotas polares e as
neves eternas, que recobrem os cumes das cordilheiras. As grandes superfícies aquáticas
são aquecidas pelos raios solares, e o calor, juntamente com a ação dos ventos, provoca a
evaporação de uma grande quantidade de água. Como a água no estado gasoso é menos
densa que o ar atmosférico, o vapor de água tende a subir, afastando-se nas alturas em
gotículas minúsculas, formando as nuvens. Do mesmo modo, há regiões de calor intenso,
onde a evaporação é grande, elevando a unidade do ar. São principalmente essas
diferenças na distribuição da água pelo globo e nos estados em que se apresenta (em
função temperatura) que determinam o clima das diversas regiões, bem como sua
vegetação (Hara, 1990).

2.3.2 Flutuação (força de empuxo)


Quando se mergulha um corpo em um líquido, seu peso aparente diminui, chegando
às vezes a parecer totalmente anulado (quando o corpo flutua). Esse fato se deve à
existência de uma força vertical de baixo para cima, exercida no corpo pelo líquido, a
qual recebe o nome de empuxo, que é a força contraria a gravidade.
O empuxo se deve a diferença das pressões exercida pelo fluido na superfície
inferior e superior do corpo. Sendo as forças aplicadas pelos fluidos na parte inferior
maiores que as exercidas na parte superior, a resultante dessas forças fornece uma força
vertical de baixo para cima, que é o empuxo (FIORELLI & ARCA, 2002).
A teoria para obtenção da força de empuxo está diretamente relacionada ao Princípio
de Arquimedes que diz: “Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em
equilíbrio, dentro de um campo gravitacional, fica sob a ação de uma força vertical, com
sentido ascendente, aplicada pelo fluido. Esta força é denominada empuxo (E), cuja
intensidade é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo. ”
Este Princípio permite calcular a força que um fluido (líquido ou gás) exerce sobre
um sólido nele mergulhado. Para entender melhor este princípio, observa-se a seguinte
situação: um copo totalmente cheio d’água e uma esfera de chumbo. Se for colocada a
esfera na superfície da água, ela vai afundar e provocar o extravasamento de uma certa
quantidade de água. A força que a água exerce sobre a esfera terá direção vertical, sentido
para cima e módulo igual ao do peso da água que foi deslocada.
Outro exemplo clássico da aplicação do Princípio de Arquimedes são os movimentos
de um submarino. Quando o mesmo estiver flutuando na superfície, o seu peso terá a
mesma intensidade do empuxo recebido. Para que o submarino afunde, deve-se aumentar
o seu peso, o que se consegue armazenando água em reservatórios adequados em seu
interior. Controlando a quantidade de água em seus reservatórios, é possível ajustar o
peso do submarino para o valor desejado, e para que o submarino volte a flutuar, a água
deve ser expulsa de seus reservatórios para reduzir o peso e fazer com que o empuxo se
torne maior, como ilustra a figura abaixo.

(a) (b) (c)


Figura 1: Exemplo da aplicação do Princípio de Arquimedes ilustrando: (a) E = P e, neste
caso, o corpo ficará em equilíbrio quando estiver totalmente mergulhado no líquido; (b)
tem-se E < P e, neste caso, o corpo afundará no líquido e (c) tem-se E > P e, neste caso,
o corpo permanecerá boiando na superfície do líquido.

A água exerce empuxo sobre os corpos nela mergulhados, e isso acontece em certas
plantas, como o aguapé e a vitória-régia, que flutuam na superfície do líquido, por causa
de suas formas e do empuxo. Muitos organismos microscópicos e sem movimentos
próprios também vivem na água, os quais são chamados de plâncton.
A água oferece resistência ao deslocamento dos animais que nadam. Muitos deles,
como os peixes, têm forma alongada. Isso reduz bastante a resistência da água e facilita
sua locomoção. Animais moles, como as águas-vivas, conseguem manter sua forma
dentro da água, ajudados pela "sustentação" do empuxo.

2.3.3 Pressão hidrostática


A pressão hidrostática é a força que as moléculas de fluidos exercem umas sobre as
outras devido à atração gravitacional da Terra. Essa força ocorre quando um líquido está
em movimento ou em completa paralisação.
As forças de pressão hidrostática nos fluidos podem se dar em qualquer sentido
quando se deparam com uma área de menor resistência, por exemplo, esta energia força
a água para fora de um buraco em um copo de papel, o gás de um vazamento em uma
tubulação, o sangue para fora dos vasos em direção aos tecidos circundantes, etc.
Quanto maior a altitude, maior a pressão, como exemplo, a água percorrendo
cachoeiras flui mais rápido do que a água em rio sem corredeiras, pois o fluido que
percorre caminhos de quedas, sofre maior pressão hidrostática. Outro exemplo é quando
entramos na água em uma piscina, sentiremos a pressão da água sobre nós e, quanto mais
fundo mergulharmos, maior será essa pressão.
Assim, um indivíduo submerso a uma profundidade de aproximadamente 1,2 m está
sujeito a uma força de aproximadamente 90 mmHg, que é levemente maior que a pressão
sanguínea diastólica. Esta é a força que auxilia na resolução de edema de uma parte
corporal lesada.
A pressão hidrostática depende de diversos fatores como a profundidade, a densidade
do líquido, a gravidade local e a temperatura que afeta a pressão, porque quando as
temperaturas aumentam, as moléculas se movem a uma velocidade maior, o que
proporciona um aumento da pressão hidrostática.
Conforme o princípio de Pascal, os fluidos exercem pressão em todas as direções. Se
um objeto é imerso em um recipiente com água, a pressão exercida nesse ponto é igual
em todas as direções. Caso uma pressão desigual esteja sendo exercida, o ponto irá se
movimentar até que a pressão seja igualada (BATES & HANSON, 1998).
Nas plantas o gradiente de pressão hidrostática é a força motriz para este movimento,
portanto, trata-se de um movimento em fluxo de massa. O gradiente de pressão
hidrostática é gerado à custa de uma tensão criada nas folhas (pressão negativa). Isto vai
originar a entrada de solutos no xilema que desencadeia uma diminuição do potencial de
água nas células da raiz, fazendo com que a água entre por osmose para o sistema
radicular da planta.
Na realidade, a forma normal de uma célula é mantida pela pressão hidrostática
positiva exercida sobre as suas paredes, e criada pela entrada de água no seu protoplasma.
O murchamento de plantas jovens em crescimento torna aparente que as suas células se
constituem em sistemas hidráulicos. Além disso, o crescimento celular e outros
movimentos de células (como a abertura estomática) estão também associados com essa
pressão hidrostática criada pela entrada de água nas células.

2.3.4 refração
A refração é o fenômeno que ocorre quando a luz passa de um meio homogêneo e
transparente para outro, também homogêneo e transparente. Nessa mudança, podem
ocorrer alterações na velocidade e na direção de propagação da luz.
A refração é um fenômeno físico causado quando a luz se propaga em meios com
densidades diferentes, é caracterizada pela mudança de meio de propagação da luz, o que
gera alterações no valor da velocidade das ondas luminosas.
Entre dois meios distintos, aquele que apresentar maior índice de refração será
chamado de mais refringente e o que apresentar menor índice de refração será o menos
refringente.
Quando a luz, propagando-se em um meio, passa para um meio mais refringente,
ocorre a aproximação da reta normal (N). Nessa situação, a velocidade de propagação da
luz será menor nesse segundo meio.
Devido a refração enxergamos os objetos submersos distorcidos, aproximadamente,
25 a 30% maiores e mais próximos (CANDELORO & SILVA, 2002).
No vácuo, a luz não encontra dificuldade para se propagar, por isso, o índice de
refração absoluto do vácuo é sempre 1. A dificuldade da luz para se propagar no ar é
baixa. Assim, podemos também considerar o índice de refração igual a 1, semelhante ao
índice do vácuo. Nos demais meios, a luz possui dificuldade considerável para se
propagar. Nesses casos, o índice de refração da luz deve ser maior que 1. O índice de
refração é uma grandeza adimensional, pois é o quociente entre duas grandezas da mesma
espécie.
Entre dois meios distintos, aquele que apresentar maior índice de refração será
chamado de mais refringente e o que apresentar menor índice de refração será o menos
refringente.
Quando a luz, propagando-se em um meio, passa para um meio mais refringente,
ocorre a aproximação da reta normal (N). Nessa situação, a velocidade de propagação da
luz será menor nesse segundo meio.
Se a passagem da luz ocorre no sentido inverso, com a velocidade de propagação
maior no segundo meio, a luz afasta-se da reta normal (N).
Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é transmitida de um meio para
outro diferente. Nesta mudança de meios a frequência da onda luminosa não é alterada,
embora sua velocidade e o seu comprimento de onda sejam. Com a alteração da
velocidade de propagação ocorre um desvio da direção original.
Para um melhor entendimento deste fenômeno, observa –se na Figura 2, um raio de
luz que passa de um meio para outro de superfície plana.
Figura 2: Raios de luz no mesmo plano.

Onde:

 Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e comprimento de onda característico;


 Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e comprimento de onda característico;
 A reta tracejada é a linha normal à superfície;
 O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo de incidência;
 O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o ângulo de refração;
 A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.

Conhecendo os elementos de uma refração podemos entender o fenômeno através


das duas leis que o regem.

 1ª Lei da Refração

A 1ª lei da refração diz que o raio incidente (raio 1), o raio refratado (raio 2) e a reta
normal ao ponto de incidência (reta tracejada) pertencem ao mesmo plano, denominado
plano de incidência da luz, ou seja, o raio incidente, a reta normal e o raio refratado são
coplanares.

 2ª Lei da Refração - Lei de Snell

No século XVII o matemático e astrônomo holandês Snell descobriu uma lei que
possibilita calcular o ângulo de refração como também o índice de refração do meio. Em
sua homenagem essa lei ficou conhecida como Lei de Snell, e ela pode ser escrita da
seguinte forma:

n1senθ1 = n2senθ2
Onde θ1 θ2 são, respectivamente, os ângulos de incidência e de refração, e n1 e n2 são
chamados de índice de refração dos meios 1 e 2, e podem ser calculados através do
quociente entre a velocidade da luz no vácuo, cujo valor é igual a c = 3 x 10 8 m/s, e a
velocidade do meio. Matematicamente podemos escrever:

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