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Setembro, um fresco que faz parte da série Ciclo dos doze meses dedicada aos trabalhos agrícolas
anuais, pintado pelo mestre Venceslau da Boémia em 1397 (Torre da Águia, Castelo de Buonconsiglio,
Trento).
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O desenvolvimento agrícola
A descolagem agrícola iniciou-se com a expansão das superfícies cultivadas. Os 57 anos
que decorreram entre 1020 e 1077 constituem o período inicial das grandes ruturas
medievais. Os documentos são contundentes neste aspeto, particularmente no que se
refere às demarcações dos mosteiros. De facto, desde meados do século IX que os
mosteiros gravavam por escrito os terrenos que lhes pertenciam, demarcando-os dos
que estavam sujeitos a censo. Este ato de capi brevium visava “recuperar de forma
sumária ou breve”. Os documentos eram extremamente pormenorizados e eram
atualizados de cada vez que o mosteiro fazia um inventário dos seus bens ou dos bens
legados por um defunto.
Um ceifeiro usando uma foice com lâmina de aço, obra deBenedetto Antelami, escultor e arquiteto do
final do século XII. As técnicas agrícolas medievais foram muito modificadas, mas o mundo da arte
também sofreu avanços. Esta obra de Antelami é notável pelo movimento gracioso atribuído aos pés da
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o pescoço. Em casos excecionais, também lhes eram entregues sementes que
permitiam o cultivo de leguminosas em conjunto com os cereais.
Estas inovações alteraram a paisagem agrícola europeia por diferentes razões. Em
primeiro lugar, limparam os limites dos bosques de ervas daninhas e raízes profundas,
poderosos mecanismos de drenagem do solo. As novas práticas agrícolas oxigenavam o
solo e favoreciam a yield ratio, isto é, a relação entre o semeado e o recolhido, que
passou, segundo as melhores estimativas, de 1,1/1,3-1,4 para 1,1/1,7-1,8. Foi uma
mudança importante, já que permitiu a criação de excedentes agrícolas que depressa
originaram conflitos. Desse excedente extraído por ação dos camponeses surgiu a
renda dos proprietários de terras.
Os dízimos eclesiásticos e, não menos importante, os produtos introduzidos nos
mercados favoreceram o desenvolvimento do comércio local com a permuta entre
mercadorias surgidas do excedente agrícola e, mais tarde, com a transformação em
dinheiro de alguns destes produtos, especialmente sementes de trigo, centeio, ou
feijão e aveia.
Deste modo, a evolução continuada do crescimento demográfico e do
desenvolvimento da agricultura provocou dois importantes acontecimentos na história
da Europa: primeiro, uma revolução agrícola que expressou um conjunto de progressos
técnicos e uma ampliação do espaço produtivo; e, em segundo lugar, uma mudança
nos costumes sociais, ocasionado, entre outras coisas, pelo controlo do excedente da
produção dos campos.
FONTE: https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/1598-a-revolucao-da-
tecnica-agricola-medieval?showall=&start=1 – ADAPTAÇÃO: Rodrigo Rodrigues