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Figura 1. Curva de compactação do solo analisado e Figura 2. Esquema do permeâmetro utilizado para
pontos selecionados para estudo (Crispim, 2007). determinação da condutividade hidráulica na direção
vertical.
Para aceitação dos corpos-de-prova, foram
admitidos desvios máximos de ± 0,3 % no teor Na determinação da condutividade hidráulica
de umidade e de ± 0,3 kN/m³ no peso específico na direção horizontal, foram talhados corpos-
aparente seco, sendo todos os corpos-de-prova de-prova a partir dos corpos-de-prova
compactados 24 horas após o umedecimento compactados no cilindro Proctor, como
para garantir o equilíbrio do teor de umidade na mostrado na Figura 3 e utilizando o
massa de solo. permeâmetro esquematizado na Figura 4.
Os corpos-de-prova foram compactados
utilizando-se as modalidades de compactação
estática e dinâmica, como segue: (i)
compactação dinâmica (ABNT, 1986) realizada
em três camadas, utilizando-se o cilindro
Proctor (0,1 m de diâmetro e 0,127 m de altura);
(ii) compactação estática utilizando uma
pressão hidráulica para aplicar a força
necessária em cada uma das três camadas para
se atingir o peso específico aparente seco
Figura 3. Esquema da moldagem dos corpos de prova
desejado. Destaca-se que na compactação utilizados na determinação da condutividade hidráulica
estática a força aplicada não foi medida, na direção horizontal.
quando compactado estaticamente foi maior do
que quando compactado dinamicamente. Isto
foi observado tanto para a permeabilidade
medida na direção horizontal quanto na vertical.
Este comportamento indica que a
compactação estática resultou em estrutura com
poros conectados em maior grau do que a
compactação dinâmica, reforçando os
resultados encontrados por Crispim et al (2011).
Analisando fotomicrografias (obtidas por
microscopia ótica) deste mesmo solo e nas
mesmas condições de compactação, estes
autores relatam que a compactação estática
Figura 4. Esquema do permeâmetro utilizado para
determinação da condutividade hidráulica na direção
resultou em estrutura significativamente mais
horizontal. porosa (macroporos) do que a compactação
dinâmica.
Os resultados encontrados estão de acordo
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS com vários autores que apontam que a
RESULTADOS modalidade de compactação dinâmica causa
maior dispersão dos agregados e partículas do
A Figura 5 mostra os resultados dos ensaios que a modalidade estática (Lambe e Whitman,
de permeabilidade realizados. 1969; Hilf, 1991; Mitchell e Soga, 2005; Rico e
Del Castillo, 2006), resultando em
permeabilidade menor.
Quanto ao sentido do fluxo, observou-se que
a permeabilidade medida na direção vertical
(perpendicular às camadas compactadas)
apresentou o comportamento esperado (Michell
e Soga, 2005; Das, 2006), ou seja, valor de k
maior no ramo seco da curva de compactação e
valores significativamente menores no teor
ótimo de umidade e no ramo seco da curva,
sendo o valor mínimo no teor ótimo da curva.
Para o solo compactado no ramo seco da
curva de compactação as partículas de solo
estão agrupadas em agregados que tem alta
resistência ao rearranjo frente ao esforço de
compactação, formando uma estrutura com
poros entre agregados relativamente grandes.
Na medida em que se aumenta o teor de
umidade os agregados ficam mais deformáveis
e o esforço de compactação é mais efetivo na
dispersão dos agregados fechando e
desconectando os poros na massa de solo
(Benson e Daniel, 1990; Delage et al, 1996;
Michell e Soga, 2005; Cetin et al, 2007).
Figura 5. Resultado da condutividade hidráulica obtida
para o solo compactado, utilizando-se os métodos de Por outro lado, a permeabilidade medida na
compactação estático e dinâmico. direção horizontal (no sentido das camadas de
compactação) não apresentou variação
Quanto ao método de compactação, significativa quanto ao teor de umidade, exceto
observou-se que a permeabilidade do solo no ramo úmido da curva de compactação para o
solo compactado estaticamente, em que houve 4 CONCLUSÕES
redução.
A Tabela 2 mostra a relação entre a Os resultados encontrados permitiram concluir
condutividade hidráulica nas direções que: (i) a compactação estática produziu um
horizontal (k20 h) e vertical (k20 v). solo mais permeável, evidenciando a influência
dos efeitos da sua estruturação frente ao esforço
Tabela 2. Relação entre a condutividade hidráulica nas de compactação empregado; (ii) foram
direções horizontal e vertical (k20 h/ k20 v) observados comportamentos distintos para a
Método de compactação permeabilidade do solo, quanto ao sentido do
Teor de umidade
Estático Dinâmico fluxo, indicando a influência da inclinação do
wot - 3% 0,4 0,2 corpo-de-prova, ou seja, de anisotropia na
wot 2 12 permeabilidade; e (iii) utilizando-se os
wot + 2% 5 10
processos de compactação estática e dinâmica e
a energia de compactação do Proctor normal,
As diferenças na permeabilidade horizontal e
não houve quebra de partículas do solo
vertical encontradas evidenciam a anisotropia
analisado.
do solo analisado, sendo mais expressiva
quando utilizado o método dinâmico de
compactação. Estes resultados indicam a
AGRADECIMENTOS
ocorrência de orientação dos agregados e
partículas na direção paralela às camadas de
Os autores gostariam de registrar os seus
compactação aumentando o fluxo d'água nesta
agradecimentos à Universidade Federal de
direção.
Viçosa-UFV, à Capes e à FAPEMIG (Processos
As curvas granulométricas obtidas antes e
TEC-APQ-00378-08 e TEC-PPM-00081-10),
após a compactação do solo são mostradas na
pelo apoio concedido para o desenvolvimento
Figura 6. Observando-se esses resultados,
desta pesquisa.
percebe-se que para fins práticos não houve
diferença significativa entre as curvas,
indicando que não ocorreu quebra de partículas
REFERÊNCIAS
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