Professional Documents
Culture Documents
Curso de Biomedicina
Trabalho de Conclusão de Curso
Brasília - DF
2014
CAROLINE CUNHA FONTOURA
Brasília
2014
Trabalho de Conclusão de Curso, de autoria de Caroline Cunha Fontoura, intitulado
“ESTUDO DA INTERFERÊNCIA DO ÁCIDO ASCÓRBICO NA ANÁLISE
BIOQUÍMICA DA URINA”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília, em 19 de novembro de 2014,
defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
___________________________________
Prof. MSc. Paulo Roberto Sabino Junior
Orientador
Farmácia - UCB
________________________________
Prof. Esp. Wislon Mendes Pereira
Farmácia - UCB
________________________________
Prof.ª MSc. Yara de Fátima Hamu
Biomedicina - UCB
Brasília
2014
Dedico este trabalho,
Aos meus pais, Fernando Antônio Lobato
Fontoura e Maisa Cunha Pinto, que sempre me
incentivaram na busca pelos meus sonhos, e
aos professores da Universidade Católica de
Brasília, por me darem o prazer do
conhecimento.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por estar sempre ao meu lado me abençoando em cada etapa da
minha vida e me dando sabedoria para alcançar meus sonhos.
Aos meus pais, Fernando e Maisa, que sempre se esforçaram para que eu conseguisse
ter bons estudos, aos meus irmãos que estiveram sempre me dando carinho nos momentos
mais difíceis, em especial minha irmã Fernanda que me orientou sobre algumas escolhas na
Universidade Católica de Brasília.
Ao meu cunhado Isiel por ter me apoiado nos estudos e aos meus sobrinhos
maravilhosos, Luan e Gabriel, que sempre alegraram os meus momentos de volta a casa.
Agradeço também aos técnicos Elias Rosa de Souza, Marcos Sodré dos Santos e
Amanda Lúcia Gomes, da Universidade Católica de Brasília, por todo o trabalho, atenção e
ajuda para realização da prática da pesquisa.
Ao meu orientador, Paulo Roberto Sabino Junior, por ter dedicado tempo para me
ensinar e orientar na elaboração deste trabalho.
E à empresa Biosys, por disponibilizar as fitas reagentes para realização dos testes.
RESUMO
A presença de ácido ascórbico (AA) em amostras biológicas tem sido responsável por
resultados falsamente baixos, ou mesmo falso-negativos. Essa interferência in vitro ocorre
devido à capacidade de redução desse ácido, o que permite uma interação com constituintes
dos reagentes analíticos do parâmetro bioquímico inibindo as reações de oxirredução. Como a
sua interferência pode ocultar de forma significativa algumas doenças, este trabalho buscou
identificar quais concentrações são interferentes nas dosagens de alguns marcadores (sangue,
glicose, bilirrubina e nitrito) e qual seria a possível solução para inibir essa interferência do
AA sob esses marcadores. Foram feitos testes de positividade da fita reagente, teste de
interferência do AA e teste de inibição do AA. Como os testes para a redução ou eliminação
da ação do AA sobre as dosagens desses marcadores não tiveram os resultados esperados,
sugere-se a realização de pesquisas com outros reagentes químicos, como a enzima ascorbato
oxidase. Recomenda-se a adoção de observações sobre esta interferência nos laudos emitidos
pelos laboratórios, adoção de tiras com indicador de presença de AA e a repetição do exame a
critério médico em uma nova amostra de urina após o paciente suspender a ingestão de
vitamina C por 48 horas.
The presence of ascorbic acid (AA) in biological samples has been responsible for falsely low
results, or even false negatives. This interference in vitro is due to the ability to reduce this
acid, which allows interaction with constituents of the biochemical parameter analytical
reagents inhibiting the redox reaction. As the interference of AA can hide some diseases
significantly, this study sought to identify which concentrations are interfering in the dosages
of some markers (blood, glucose, bilirubin and nitrite) and what would be the possible
solution to inhibit the interference of AA in these markers. Tests of positive reagent strip,
interference test of AA and AA inhibition test were made. As the tests for the reduction or
elimination of the action of AA on the dosages of these markers did not have the expected
results, it is suggested to conduct research with other chemical reagents such as ascorbate
oxidase enzyme. The adoption of observations about this interference in appraisal reports
issued by the laboratories, adopting strips with presence indicator of AA and a repeat
examination by medical criteria in a new urine sample after the patient discontinue the intake
of vitamin C is recommended for 48 hours.
Keywords: Ascorbic acid. Interference. Reagent strip. Physical and chemical examination.
Urinalysis.
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 11
2.1 HISTÓRIA DA URINÁLISE ........................................................................................... 11
2.2 PROCEDIMENTO DO EXAME DA URINA ................................................................. 12
2.3 FITA REATIVA ................................................................................................................ 13
2.4 ÁCIDO ASCÓRBICO ...................................................................................................... 14
2.5 PRINCÍPIOS DAS REAÇÕES ......................................................................................... 17
2.5.1 Glicose ............................................................................................................................ 17
2.5.2 Bilirrubina ..................................................................................................................... 18
2.5.3 Sangue ............................................................................................................................ 18
2.5.4 Nitrito ............................................................................................................................. 19
2.6 IMPORTÂNCIA DO RESULTADO PARA OS DIVERSOS DIAGNÓSTICOS ........... 19
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 22
3.1 TESTE DE POSITIVIDADE DA FITA REAGENTE ..................................................... 22
3.2 TESTE DE INTERFERÊNCIA DO ÁCIDO ASCÓRBICO ............................................ 23
3.3 TESTE DE INIBIÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO ......................................................... 23
3.3.1 Testes físicos: ................................................................................................................. 23
3.3.2 Testes químicos: ............................................................................................................ 24
4 RESULTADOS .................................................................................................................. 25
4.1 TESTE DE POSITIVIDADE DA FITA REAGENTE ..................................................... 25
4.2 TESTE DE INTERFERÊNCIA DO ÁCIDO ASCÓRBICO ............................................ 25
4.3 TESTE DE INIBIÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO ......................................................... 27
4.3.1 Testes físicos: ................................................................................................................. 27
4.3.2 Testes químicos: ............................................................................................................ 27
5 DISCUSSÃO....................................................................................................................... 29
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32
10
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para fundamentar o trabalho contou-se com diversos autores que tratam desde a
história da urinálise até uso das fitas reagentes e suas implicações nos exames de urina.
sendo, então, a urina constituída por substâncias que estão em excesso no organismo ou que
são consideradas tóxicas. Em casos de distúrbio ou disfunção em algum órgão, a presença de
determinadas substâncias na urina é que indicará a provável patologia (STRASINGER; DI
LORENZO, 2009).
Todavia, existem interferentes que podem impedir a leitura correta dos resultados
quando eles mascaram a presença dessas substâncias indicadoras de patologias. Um grupo de
interferentes com grande importância nas análises clínicas são os medicamentos que podem
provocar resultados incorretos e, consequentemente, modificar o diagnóstico clínico
laboratorial (MARTINELLO; SILVA, 2006).
Diversos medicamentos exercem efeitos in vivo (na fisiologia do organismo), in vitro
(no procedimento de análise), ou em ambos, devido à biotransformação hepática que gera
metabólitos ativos responsáveis por interferir nos exames laboratoriais (BARROS; BARROS,
2010; FERREIRA et al., 2009). No que se refere ao exame físico-químico da urinálise, na
qual se utiliza a fita reagente, percebe-se que o AA tem sido um importante interferente em
vários marcadores bioquímicos, causando resultados falso-negativos (STRASINGER; DI
LORENZO, 2009).
renais é de 97 a 99,5%, isso quando a sua presença no sangue, ascorbemia, está em uma
concentração menor que 0,8mg/dl. Quando o limiar de 1,8mg/min é ultrapassado
(aproximadamente 1,5mg/dl), a reabsorção reduz de forma significativa (ARANHA et al.,
2000; FUCHS; WANNMACHER, 2010).
O excesso de ingestão de AA muitas vezes pode ser observado através de exames
laboratoriais, em particular, no exame urinário, no qual o AA tem sido um agravante para os
analistas clínicos na etapa da análise físico-química que utiliza a fita reagente (COSTA;
MENDES; SUMITA, 2012; MARTINELLO; SILVA, 2006).
A presença de AA em amostras biológicas tem sido responsável por resultados
falsamente baixos, ou mesmo falso-negativos. Essa interferência in vitro deve-se ao fato de
esse ácido possuir capacidade expressiva de redução, o que permite interagir com
constituintes dos reagentes analíticos do parâmetro bioquímico inibindo as reações de
oxirredução (COSTA; MENDES; SUMITA, 2012; MARTINELLO; SILVA, 2006;
STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
O resultado da oxidação in vitro do AA gera o radical ascorbila e o ácido
desidroascórbico (CERQUEIRA; MEDEIROS; AUGUSTO, 2007). Devido a existência
desses produtos de oxidação, Martilello e Silva (2006) investigaram o efeito do ácido
desidroascórbico ao adicionar concentrações crescentes ao soro e realizar as dosagens
bioquímicas. Porém, os resultados demonstraram que o mesmo não interferiu nas reações
(MARTINELLO e SILVA, 2006).
Cada comprimido de AA possui 500 mg dessa composição e a posologia do mesmo é
de 1 comprimido ao dia para adultos ou crianças maiores de 12 anos, sendo que, em casos
carenciais, podem ser administrados até 2 comprimidos ao dia (VITAMINA C, 2013).
Segundo a Recommended Dietary Allowance, recomendações dietéticas desenvolvidas para
americanos e canadenses, o consumo de vitamina C para crianças de 4 a 8 anos deve ser de 25
mg/dia, para mulheres de 19 a 70 anos, 75mg/dia e para homens de 19 a 70 anos, 90mg/dia. Já
Manela-Azulay (2003) avalia que, para manter o estado de saturação da vitamina C,
recomenda-se doses de 100mg/dia (INSTITUTE OF MEDICINE, 2013; MANELA-
AZULAY et al., 2003; MARCHIONI; SLATER; FISBERG, 2004).
Em um estudo citado por Costa et al. (2012), se identificou que uma dose oral de 250
mg de vitamina C determina, na urina, uma concentração média de 31mg/dl de AA, enquanto
uma dose de 500mg elevaria essa concentração para 62mg/dl. Como a inibição é diretamente
proporcional à concentração de AA presente na amostra, se o indivíduo consumir em excesso,
17
2.5.1 Glicose
2.5.2 Bilirrubina
2.5.3 Sangue
2.5.4 Nitrito
contudo, não é de grande importância no controle da glicemia, uma vez que, para detectar
glicosúria, a concentração sérica de glicose já deve estar superior ao limiar renal (180mg/dl),
em casos de função renal normal. Todavia, a detecção de glicosúria na amostra de um
paciente com glicemia normal indica distúrbios na reabsorção tubular, já que quase toda a
glicose filtrada pelo glomérulo renal deve ser reabsorvida pelos túbulos proximais (CEZAR;
SANTOS; FUNCHAL, 2012; PEREIRA; NETO, 2013; STRASINGER; DI LORENZO,
2009).
Outros distúrbios podem estar relacionados a doenças como hipertiroidismo,
pancreatite, acromegalia, infecções graves – quando há uso de corticosteróides –,
feocromocitoma e outras. Isso por que vários hormônios que estão elevados nesses distúrbios
(tiroxina, glucagon, hormônio do crescimento, cortisol e adrenalina) agem em oposição à
insulina, o que eleva glicose sérica e causa glicosúria (CEZAR; SANTOS; FUNCHAL, 2012;
FUNCHAL; MASCARENHAS; GUEDES, 2011; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
Já a dosagem de bilirrubina na urina é um importante indicador de diagnóstico de
obstrução do ducto biliar, cirrose e hepatites. Além disso, a detecção de ausência ou presença
de bilirrubina na urina possibilita a identificação e diferenciação das causas de icterícia
clínica. Um exemplo é em casos de hemólise acentuada e casos de obstrução biliar. No
primeiro eleva-se a bilirrubina indireta que é insolúvel, ou seja, não aparece na urina por não
ser excretava pelos rins. Já no segundo, a obstrução impede que a bilirrubina direta siga ao
intestino para ser biotransformada, desta forma, por ser solúvel, ela é filtrada pelos rins e
aparece na urina (CEZAR; SANTOS; FUNCHAL, 2012; FUNCHAL; MASCARENHAS;
GUEDES, 2011; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
A hematúria, que é a detecção de hemácias na urina, está relacionada a distúrbios
renais ou geniturinários, tais como: traumatismo, cálculo renal, tumor, pielonefrite, doença
glomerular e exposição a substâncias tóxicas. Mas também pode ser devido a causas não
patológicas como menstruação e exercício físico intenso. Já a hemoglobinúria, presença de
hemoglobina livre na urina, pode ser detectada quando ocorre lise de hemácias com
consequente filtração pelo glomérulo. Essa ocorre principalmente em casos de infecção,
queimadura grave, exercício físico intenso, anemias hemolíticas e reações transfusionais, em
que a quantidade de hemoglobina ultrapassa a capacidade de formação do complexo
hemoglobina-haptoglobina, que impediria a filtração da hemoglobina pelos glomérulos renais
(CEZAR; SANTOS; FUNCHAL, 2012; STRASINGER; DI LORENZO, 2009).
21
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente foi feito o teste de positividade da fita reagente de urina, antes da adição
de AA, para comprovar a reatividade de cada soluto nas diluições preparadas e verificar se as
concentrações utilizadas correspondiam aos valores indicados pela fita.
Utilizando água destilada em pH de 5,5 a 6,0 e uma densidade acima de 1000, para
simular as condições de pH e densidade comuns da urina, adicionaram-se apenas as
substâncias que seriam avaliadas. As concentrações para cada parâmetro foram:
Hemoglobina: concentrações de 0,015, 0,150 e 0,75mg/dl
Glicose: concentrações de 100, 250, 500, 1000 e 2000mg/dl
Nitrito: concentrações de 0,05, 0,5 e 1,0mg/dl
Bilirrubina: concentrações de 0,5, 1,0 e 3,0mg/dl
Para preparação das soluções-problema, utilizou-se os seguintes sais/soluções-base:
Glicose utilizou-se alpha-D-glucose anhydorus da marca Synth; Hemoglobina utilizou-se o kit
Labtest Padrão de hemoglobina; Nitrito utilizou-se o reagente nitrito de sódio da Synth e para
bilirrubina utilizou-se o kit Labtest Padrão de bilirrubina.
Transferiu-se 10ml de cada concentração para tubos de ensaio e procedeu-se com a
leitura através da fita reagente de urina.
23
4 RESULTADOS
A partir dos testes realizados evidenciou-se, com o uso da fita reagente, que o AA é
um importante interferente na análise da urina. Entretanto não foi possível encontrar
alternativa de inibidores da ação do AA, conforme detalhamento a seguir:
Quadro 4 – Resultado da interferência do ácido ascórbico na leitura de hemoglobina em fita reagente de urina.
Quadro 7 – Resultado da interferência do ácido ascórbico na leitura de bilirrubina em fita reagente de urina.
a) Aeração: Nos intervalos da primeira hora não houve redução de AA. Após 1h30min
verificou-se que houve uma leve redução da interferência do AA, porém ainda não
era significativa. Somente após 2 horas foi possível observar reduções conforme
segue: as concentrações de AA reduziram de 50mg/dl para negativo e de 100mg/dl
para ++; enquanto as concentrações de glicose resultaram em ±, + e ++.
b) Luz UV: Nos primeiros intervalos não houve redução de AA e nem da sua
respectiva interferência sobre a dosagem de glicose. Em 1h30min verificou-se uma
redução de AA de 50mg/dl para ++ e de 100mg/dl para +++. Nesse momento os
valores de glicose detectados na primeira redução de AA foram ±, + e ++; e na
segunda, foram: intervalo entre ± e negativo, intervalo entre + e ±, ++.
Somente após 2 horas verificou-se redução total da ação do AA sobre o marcador
de glicose. Nesse momento, os valores de glicose eram de ±, + e ++.
c) Exposição natural ao ar: Nos intervalos da primeira hora não se verificou redução
de AA. A partir de 1h30min os frascos contendo concentrações de 50 e 100mg/dl
de AA tiveram os respectivos resultados: ++ e +++. Após 2 horas apresentaram os
resultados de negativo e ++.
a) Nitrito: A adição de 50µl de nitrito a 10% não alterou a dosagem de AA. Após
adicionar 100µl já foi possível observar um resultado falso positivo para o
marcador de nitrito, porém, sem que ocorresse alteração de AA e de sua ação sob
28
a dosagem de glicose. Mesmo após adicionar 1ml desse agente neutralizante, não
houve alteração nos valores de AA e nem mesmo sua interferência sob a dosagem
de glicose.
b) Cloreto férrico: Após adicionar 200µl de cloreto férrico a 10% já era possível
observar um resultado falso positivo para o marcador de sangue (+), sem haver
neutralização da interferência do AA. Mesmo após adicionar 1ml de cloreto
férrico, não foi possível observar redução de AA e sua respectiva interferência sob
o marcador de glicose. Além disso, a positividade equivocada do marcador de
hemoglobina já estava tendo como resultado ++.
c) Ácido bórico: Utilizando solução de ácido bórico a 5%, observou-se que, após 30
minutos, as concentrações de AA permaneceram as mesmas (50 e 100mg/dl) nos
2 grupos testados.
29
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO
Com base nos testes realizados neste trabalho, verificou-se que o AA é responsável
por gerar resultados falso-negativos nos parâmetros das fitas reagentes de urinálise. Isso
evidencia a importância que os profissionais da saúde precisam dar para essas interferências
do AA evitando diagnósticos incorretos.
De acordo com o que foi discutido, após os testes, verificou-se que o AA nas
concentrações comumente encontradas em amostras de pacientes que fazem uso de vitamina
C, interferiu de forma significativa em marcadores de glicose, hemoglobina, nitrito e
bilirrubina nas suas diversas concentrações, exceto quando muito elevadas para glicose e
hemoglobina, o que aponta a necessidade de os laboratórios utilizarem fitas reagentes com
marcador para AA, reduzindo a emissão de resultado falso-negativo.
Sendo assim, ao ter como foco a análise físico-química, especificamente o uso da fita
reagente, mostrando como ocorrem algumas reações e de que forma o AA poderia interferir
nas mesmas, este trabalho confirma que o AA interfere na dosagem dos marcadores químicos
sendo que tal interferência pode gerar erros graves na leitura e emissão dos resultados dos
exames interferindo na confirmação da hipótese diagnóstica e da conduta médica.
Dessa forma, faz-se necessário que os profissionais de saúde sejam alertados sobre a
interferência do AA sob alguns marcadores bioquímicos em fitas reagentes de urinálise. Os
laboratórios devem ser conhecedores deste fato e preferencialmente adotar a utilização de
tiras com marcador para AA ou ainda de tiras com inibidor para AA e/ou, se for possível,
solicitar uma nova coleta de amostra de urina após o paciente suspender a ingestão de
vitamina C (a critério do médico assistente) por 48 horas. Além disso, recomenda-se que os
laboratórios alertem aos médicos, em seus laudos, sobre esta interferência.
Ao apontar os riscos de não se considerar as interferências do AA nos resultados de
urinálise, e por não ter obtido sucesso nas tentativas testadas de eliminar essas interferências,
sugere-se a realização de novas pesquisas com outros reagentes químicos como por exemplo:
verificar a eficiência da enzima ascorbato oxidase que, de acordo com Martinello e Silva
(2006), é comumente utilizada para eliminar a interferência do AA na reação de
oxidorredução.
32
REFERÊNCIAS
MISSION: fita reagente de urinálises. San Diego: ACON Laboratories, 2010. Bula.
(Urina) ACON Laboratories, Inc. Disponível em:
<http://www.albalab.com.br/repositorio/produto/97d3f87122791dd2c4b9bf5e0ef85750.pd
f>. Acesso em: 01 abr. 2014.
PEREIRA, V. C. B.; NETO, J. N. F. G. Avaliação dos resultados dos testes da tira reativa
na detecção de glicosúria em pacientes com glicemia alterada. Newslab, edição 119, p.
90-98, 2013.
URI-TEST 11: tiras reativas. São Paulo: ALAMAR TECNO CIENTÍFICA LTDA, 2002.
Bula. Disponível em:
<http://www.interlabdist.com.br/dados/produtos/bula/doc/1704949882bc2dbd0e.pdf>.
Acesso em: 02 abr. 2014.
VITAMINA C. São Paulo: Ind. Quím. e Farm. Schering-Plough S.A., 2013. Disponível
em: <http://www.bulas.med.br/bula/7049/vitamina+c.htm>. Acesso em: 01 abr. 2014.