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Questão:

O que são copyleft, creative commons e streaming? Defina cada um dos institutos,
apresentando suas funções no direito autoral.

Copyleft: significa o direito de permissão de cópia de uma obra por outros usuários, dando a liberdade
de copiar, modificar e redistribuir, exigindo que esse direito seja mantido em todas as versões
modificadas.
O termo “copyleft” é formado pelas palavras inglesas “copy”, que significa “cópia” e “left”, que significa
“esquerdo”. Literalmente, seria "esquerdo de cópia", mas geralmente o termo é traduzido por “permitida
a cópia”.
O termo copyleft é adotado por programadores que desenvolvem um software novo e pretendem que
seja melhorado pela comunidade de usuários. O software é registrado usando uma licença de software
livre, atribuindo o direito a qualquer pessoa de copiar, usar, modificar e redistribuir o código-fonte do
programa. Desta forma, o código pode ser livremente acessado e modificado pelos usuários. Geralmente
consta no código os termos de licença e o nome do autor do software.
As versões modificadas de um trabalho estarão sempre vinculadas ao acordo de licenciamento e faz com
que uma obra tenha proteção contra restrições, isto é, ela não é simplesmente posta em domínio público.
Quando um trabalho está licenciado sob copyleft, quer dizer que "é proibido proibir". Esse conceito
nasceu com Richard Stallman e os primórdios do software livre com sua GNU GPL (General Public License),
Stallman disse que o trocadilho é proveniente de Don Hopkins, artista e programador, que escreveu a
frase pela primeira vez em uma carta que enviara a ele. Daí em diante, papai GNU popularizou o Copyleft
ao associá-lo à GPL do projeto GNU.
O Conceito de copyleft pode ser definido como a Concessão de licenças de usos pelo titular da obra
intelectual ou dos direitos inerentes à mesma, para que outro indivíduo possa vir a utilizar do mesmo
conteúdo, nos limites daquilo que lhe fora autorizado.
Sua função principal seria possibilitar, além do uso da obra, a alteração e posterior distribuição.
Segundo Sérgio Vieira Branco Júnior “o copyleft é um mecanismo jurídico para se garantir que detentores
de propriedade intelectual possam licenciar o uso de suas obras além dos limites da lei, ainda que
amparados por esta”.

Creative Commons
Trata-se de uma organização não governamental sem fins lucrativos localizada em Mountain View, na
California, voltada a expandir a quantidade de obras criativas disponíveis, através de suas licenças que
permitem a cópia e compartilhamento com menos restrições que o tradicional todos direitos reservados.
Para esse fim, a organização criou diversas licenças, conhecidas como licenças Creative Commons. A
organização foi fundada em 2001 por Larry Lessig, Hal Abelson, e Eric Eldred, com apoio do Centro de
Domínio Público. O primeiro conjunto de licenças copyright foi lançado em dezembro de 2002. Creative
Commons é governado por um conselho de diretores e um conselho técnico. Joi Ito é atualmente o
coordenador do conselho e CEO. Creative Commons tem sido abraçada por muitos criadores de conteúdo,
pois permite controle sobre a maneira como sua propriedade intelectual será compartilhada.

Originalmente, as principais licenças Creative Commons foram redigidas levando em consideração o


modelo legal norte-americano (derivado do common law). A partir da versão 3.0, as licenças passaram a
ser redigidas de acordo com a legislação internacional sobre direitos autorais, como as Convenções de
Berna e Roma. Isso faz com que possam se integrar facilmente às legislações dos países que participam
dessas convenções, como é o caso do Brasil.
Ainda que se considere que as licenças são meros contratos-padrão entre o autor e o público, usar tais
modelos sem levar em consideração as leis locais poderia tornar as licenças inutilizáveis. Por essa razão,
a entidade desenvolveu o projeto iCommons (International Commons), visando uniformizar a redação das
licenças por ela disponibilizadas, de acordo com as especificidades normativas de cada país.
No Brasil, as licenças já se encontram traduzidas e totalmente adaptadas à legislação brasileira. O projeto
Creative Commons é representado no Brasil pelo Centro de Tecnologia e Sociedade da Faculdade de
Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Creative Commons baseia-se em licenças públicas, e trata-se de autorização para uso da criação por
outros indivíduos, sem que o autor perca a titularidade sobre a mesma. Neste caso, a licença não possui
um licenciado próprio, sendo autorizado o uso da obra por qualquer pessoa. Porém, o autor pode
escolher, dentre uma gama de possibilidades, como vai proteger sua obra.
A principal proposta da Creative Commons, como exposto, é dar maior relevância e prestígio ao direito
moral do autor, utilizando-se da ferramenta para disponibilizar as obras intelectuais, sem que isso
configure uma fragilização, nem uma ausência de proteção ao direito de autor.
“Pode-se dizer que tal sistema desponta como uma grande aliada na busca das soluções ao direito autoral,
utilizando-se da internet como um mecanismo benéfico para incentivar a criação intelectual, bem como
democratizar o acesso a essas obras. Claro que, como todo mecanismo, precisa ser aprimorado para alçar
o devido amparo, podendo propiciar todas as questões que busca trazer para a popularização da cultura,
bem como, estimular a criatividade”.

Streamings
É a tecnologia que permite a transmissão de dados e informações, utilizando a rede de computadores, de
modo contínuo. Esse mecanismo é caracterizado pelo envio de dados por meio de pacotes, sem a
necessidade de que o usuário realize download total dos arquivos a serem executados.
Além do fôlego garantido às indústrias fonográfica e cinematográfica, ao não permitir o download, os
streamings acabam protegendo os interesses dos possuidores dos direitos autorais, impedindo a violação
através da pirataria.
Parte da doutrina entende que o streaming não altera a forma como o direito autoral é exercido
atualmente, pois o artista ou autor continuaria submetido às condições impostas pelas grandes indústrias
de entretenimento. Porém, recentemente o streaming de músicas (e vídeos musicais (clipes)) foi
reconhecido como execução pública e, como tal, deve recolher direitos autorais e conexos, conforme
decisão do STJ.
Partiu-se de uma interpretação no sentido de considerar o alcance do streaming da música no ambiente
digital, como uma veiculação da obra musical com o mesmo efeito de alcance de público no ambiente
analógico, ainda que sob a modalidade on demand e sob acessos individuais.
“O acesso à plataforma musical é franqueado a qualquer pessoa, a toda coletividade virtual, que adentrará
exatamente no mesmo local e terá acesso ao mesmo acervo musical, e esse fato, por si só, é que configura
a execução como pública”. A cobrança pelo Ecad é devida tanto para transmissões simultâneas com
outros meios (simulcast) quanto na reprodução com escolha e montagem de listas (webcasting).
Tal tecnologia de transmissão de conteúdo de áudio ou de vídeo através da Internet tem suscitado muita
discussão com relação ao melhor enquadramento jurídico, sobretudo no que se refere à proteção dos
Direitos de Autor sobre os conteúdos.

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