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1 INTRODUÇÃO
A piscicultura é um tipo de exploração animal que vem se tornando
cada vez mais importante como fonte de proteína para o consumo humano,
principalmente pela redução dos estoques pesqueiros que, em 1991
(produção de 16.574.497 ton.) aumentou sua produção em 8,3% em relação
a 1990 e 100% nos últimos 8 anos;
Outros fatores que estão favorecendo o desenvolvimento atual da
piscicultura são as modificações drásticas do hábitat, como poluição,
desmatamento e represamentos, a mudança do hábito alimentar das pessoas,
o aparecimento de novos produtos mais práticos para o consumo e a
utilização para lazer e esporte.
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1- Estudantes de Pós – Graduação em Zootecnia UFLA
2- Professora do DZO - UFLA
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➾ Piscicultura extensiva
• Exploração em que o homem interfere o mínimo possível nos fatores de
produtividade (apenas realiza o povoamento inicial do corpo d'água).
• Caracteriza-se pela impossibilidade de esvaziamento total do criadouro,
impossibilidade de despesca, ausência de controle da reprodução dos
animais estocados, presença de peixes e aves predadoras, ausência de
práticas de adubação, calagem e alimentação, alimentação apenas da
produtividade natural e pela produtividade baixa, dificilmente ultrapassa
400 kg/ha/ano.
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➾ Piscicultura semi-intensiva
• Sistema de exploração em que o homem interfere em alguns fatores de
produtividade, caracteriza-se pela possibilidade de esvaziamento total do
criadouro, possibilidade de despesca, controle da reprodução dos animais
estocados, ausência ou controle da predação, presença de prática de
adubação, calagem e, opcionalmente, uma alimentação artificial à base de
subprodutos regionais, manutenção de uma densidade populacional correta
durante o período de cultivo, produtividade que pode chegar a 10
ton./ha/ano, sistema racional e econômico de produção recomendado para
criação de peixes tropicais e por abranger ainda consorciações com suínos,
aves, arroz, etc.
➾ Piscicultura intensiva
• Sistema de exploração em que os fatores de produção são controlados pelo
homem, caracteriza-se por apresentar densidade populacional elevada de
peixes por volume d'água, alimentação artificial exclusivamente à base de
rações balanceadas,pela necessidade de alto fluxo de água ou uma
recirculação forçada por causa da alta densidade populacional, pela
produtividade elevada, podendo ultrapassar 90 kg/m3/ano, pelo sistema
racional de custo elevado, com mão-de-obra especializada e alto nível de
mecanização.
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➾ Semi-intensivo
- a renovação de água pode variar de 5 a 30% por dia;
- a vazão pode variar de 10 a 50 l/s/ha, estimada no período seco;
- o nível de oxigenação deve ser maior ou igual a 5 mg/l;
- a estocagem pode ser de 1 kg de peixe/ m2. Quantidades maiores podem
causar problemas na produção e saúde dos peixes.
➾ Intensivo
- renovação de água varia entre 100 a 200% por dia (Ex.: truta);
- vazão de 200 a 500 l/s/ha;
- nível de oxigênio entre 5 e 10 mg/l (dependendo da espécie);
- uma densidade de 50 a 600/m3 é permitida (Ex: tilápias em gaiola
podem produzir de 50 a 300 kg/m3/safra).
5 LIMNOLOGIA
A água é, entre todos os fatores, aquele que mais intervém na cultura
do peixe, a qual pode ser considerada como a parte final das múltiplas
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• Transparência
A tranparência está relacionada com o material em suspensão, tanto mineral
como orgânico.Quanto mais plâncton, menor a transparência.
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• pH
O pH reflete o grau de acidez ou de alcalinidade da água. A escala de
pH varia de 0 (zero) a 14 (quatorze), e varia em função de numerosos
fatores químicos e biológicos.
A melhor água para a cultura do peixe é a que possui uma reação
ligeiramente alcalina, isto é, pH entre 7 e 8.
Esses valores não devem ser inferiores a 4,5-5, nem superiores a 8,
embora existam espécies ictiológicas e planctônicas que os preferem.
a) Difusão direta
Através do contato e penetração direta do ar atmosférico na água.O
O2 da atmosfera entra na água principalmente por mistura mecânica,
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provocada pela ação dos ventos, por correntes naturais de massas híbridas e
agitações causadas pela topografia do terreno.
A concentração do oxigênio na água varia com a sua temperatura
(relação concentração/temperatura está intimamente ligada), bem como a
solubilidade desse gás depende ainda da pressão atmosférica.
A solubilidade do oxigênio na água diminui à medida que a temperatura
aumenta. Em temperatura alta, os peixes logo utilizam o O.D. da água,
podendo ocorrer mortalidade por asfixia.
A solubilidade de O.D. diminui com a redução da pressão atmosférica.A
solubilidade do O.D. na água baixa com o aumento da solubilidade.
b) Processo de fotossíntese
A liberação de oxigênio na água, mediante processo fotossintético
pelo fitoplâncton (algas, em especial), é a principal fonte de obtenção do
O.D. em um sistema de cultivo de peixes.
Durante o processo fotossintético pelos órgãos clorofilados dos
vegetais, o gás carbônico (CO2) é desdobrado sob a ação da luz solar.
Enquanto o carbono (C) é utilizado para a síntese de hidratos de carbono e
carbonatos, o oxigênio é expelido, contribuindo e muito para a oxigenação
da água.
Sem a luz solar, importantíssima para esse processo, o oxigênio é
expelido durante as horas do dia em que ela é suficiente para essa função
fisiológica e até onde possa penetrar em quantidade suficiente. À noite, há
consumo de O.D. e não produção.
Em águas turvas e com baixa transparência, a produção
fotossintética pode diminuir ou até mesmo parar. Pode-se notar, portanto,
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• Alcalinidade
A alcalinidade refere-se à concentração de bases na água e à
capacidade do meio em resistir às mudanças de pH para valores mais ácidos.
Na maioria das águas, os carbonatos e os bicarbonatos são as bases
predominantes.A tabela abaixo mostra a alcalinidade (mg CaCO3 /L) e seu
significado no viveiro.
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• Sólidos suspensos
Os sólidos suspensos correspondem a partículas de alimento não
consumidos, fezes ou matéria inorgânica em suspensão na coluna d'água.
A água suja prejudica o peixe de duas formas:
• Direta- pelos ferimentos ou acúmulos nas brânquias, comprometendo a
respiração dos animais;
• Indireta- pela diminuição da penetração de luz na água, reduzindo a
produtividade natural do viveiro.
Teores de 10 g/l são suportados por espécies tropicais, sendo o nível
ideal de 2 g/l.
O Filtro mecânico simples pode diminuir os mesmos, sendo que um
filtro de 0,35 m de camada filtrante (cascalho de 7 mm), 0,30m de altura,
1,20 m de comprimento e 0,90 m de largura filtra um canal de alimentação
com descarga de 36 l/s.
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• Nitrito
O nitrito é um produto intermediário na oxidação biológica da
amônia a nitrato (nitrificação). Concentrações elevadas podem ocorrer em
conseqüência de poluição orgânica ou teor de O.D. baixo.
Para os peixes, o nitrito é muito tóxico, pois combina-se à
hemoglobina no sangue, originando a meta-hemoglobina (má transportadora
de oxigênio), que confere coloração amarronsada ao sangue, matando o
peixe por asfixia.
A presença de íons de cloro pode diminuir a toxidez do nitrito. O
nível de nitrito no meio não deve exceder a 0,15 mg/l.
6 CONSTRUÇÃO DE TANQUES
(menor que 400 m2) aumentam os custos e tanques muito grandes (acima de
600 m2) inviabilizam um bom manejo de criação.
A profundidade nos tanques pode variar de 0,80 a 1,50 metro.
- Fixo
A estrutura de PVC rígido é fixada em um muro de concreto ou
cimento, e os níveis da água são alterados retirando-se os diferentes tampões
(também em PVC) existentes. Na parte superior do tubo que é aberta,
coloca-se uma tela de malha condizente com o tamanho dos peixes em
cultivo, para se evitar a fuga dos mesmos.
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- Móvel
Análogo à estrutura anterior quanto à sua implantação. A diferença é
que essa estrutura não apresenta tampões e o nível da água é alterado,
baixando-se a estrutura (cano de PVC) para
um lado ou para o outro. Das existentes, é a mais barata e mais adotada
atualmente em todo o Brasil.
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c) Estrutura: Monge
É a melhor estrutura desenvolvida para a saída de água de um
tanque, e por ser considerada de primeira qualidade, também é a mais cara e
mais complexa, podendo ser utilizada para qualquer dimensão de tanque ou
açude.
O monge é uma estrutura feita de concreto armado, por meio de um
molde em madeira e que tem a forma de letra "U". Essa estrutura é
construída na saída de água do tanque, na sua parte mais baixa.
Na sua porção interna, pode apresentar de duas a três ranhuras, onde
serão inseridas pequenas tábuas ou tabiques, serragem e telas de proteção,
que irão impedir a fuga dos peixes de cultivo.
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virgem (diminui o tempo para ± 45 dias; entretanto, esses produtos são mais
caros).
O calcário tem que ser incorporado no solo (pelo menos no fundo) a
uma profundidade de 15 a 20 cm (usar enxada ou grade).
Nativas:
• Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Origem: Brasil, Bacia do Paraná.
Hábito alimentar: Onívoro.
Limite de temperatura: 20 a 30oC.
pH ideal da água: 6 a 8.
Oxigênio dissolvido mínimo: 1,5 mg/l.
Sistema de cultivo: Monocultivo e policultivo.
Densidade de estocagem: 1 a 1,5 peixes/ m3 (tanque convencional).
Exóticas:
• Carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis)
Origem: China.
Hábito alimentar: Zooplanctófaga.
Limite de temperatura: 16 a 30 oC.
pH ideal da água: 6 a 8.
Oxigênio dissolvido mínimo: >4,0 mg/l.
Sistema de cultivo: Policultivo.
Densidade de estocagem: 0,8 a 1 peixe/ m3 (tanque convencional).
9 MANEJO ALIMENTAR
10 TRANSPORTE DE PEIXES
10.1 Reprodutores
O transporte de reprodutores deverá ser realizado após a anestesia
dos mesmos, por meio de tranqüilizantes, dos quais o mais utilizado é o MS
222.
Primeiramente, os animais são passados por uma solução forte de
MS 222 (1:20000 de MS 222), isto é, 5 g de tranqüilizante por 100 litros de
água. Depois de 15-20 minutos os peixes estão anestesiados. Após esse
período, procede-se à diluição da solução.
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10.2 Alevinos
Os alevinos com três a quatro semanas de idade devem ser
transportados em sacos plásticos com oxigênio sob pressão; cerca de 500 a
3000 alevinos podem ser colocados em cada saco.
11.1 Ictioftiríase
Doença causada pelo fungo Icthyophythirius multifilis, também
conhecido por ictio ou doença dos pontos brancos, que parasita a pele e
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11.3 Saprolegnose
Doença provocada pelo fungo Saprolegnia, que ataca peixes feridos
e debilitados; apresenta manchas brancas ou salientes semelhantes a bolas
de algodão sobre o corpo.
➾ Tratamento
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11.4 Argulose
Parasitismo provocado pelo crustáceo Argulus, que provoca manchas
vermelhas no corpo do peixe.
➾ Tratamento
1) Neguvon diluído em pequena quantidade de água e pulverizado
no viveiro. Duas horas após a aplicação, deve-se aumentar a
renovação de água no viveiro.
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12 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MOREIRA,H.L.M.;VARGAS,L.;RIBEIRO,R.P.;ZIMMERMANN,S.
Fundamentos da Aqüicultura. Canoas: Ed. ULBRA, 2001. 200p.