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ESCOLA DE ENFERMAGEM
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENFERMAGEM – COLEGIADO DE GRADUAÇÃO
Av. Prof. Alfredo Balena, 190 - Bairro Santa Efigênia
CEP.: 30.130-100 - Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
Tel/Fax.: 3248-9833 E-mail: colgrad@enf.ufmg.br
BELO HORIZONTE
Novembro/2006
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEn - Associação Brasileira de Enfermagem
APVP -Anos Potenciais de Vida Perdidos
BDENF - Base de Dados de Enfermagem
BIREME - Biblioteca Regional de Medicina (1967), Centro Latino-Americano e
do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (1982)
BVS - Biblioteca Virtual em Saúde
CCG - Colegiado do Curso de Graduação
CENEX - Centro de Extensão
CEPE -Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
CES -Conselho Estadual de Saúde
CFE -Conselho Federal de Educação
CINAHL -Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature
CMC -Comissão de Mudança Curricular
CNE -Conselho Nacional de Educação
CTEEnf -Centro de Tecnologia Educacional de Enfermagem
CUIDEN -Base de Dados de Enfermería en Español
DCN -Diretrizes Curriculares Nacionais
DEMEC -Delegacia do Ministério da Educação e Cultura
EEUFMG -Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais
EMI - Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública
ENA - Enfermagem Aplicada
ENB - Enfermagem Básica
FAE - Faculdade de Educação
FAFICH - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
FC -Formação Complementar
FL - Formação Livre
ICB - Instituto de Ciências Biológicas
ICEX - Instituto de Ciências Exatas
IDA -Integração Docente Assistencial
IDH -Índice de Desenvolvimento Humano
INEP -Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
LDB -Lei de Diretrizes e Bases
LILACS -Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEC -Ministério da Educação e Cultura
MS -Ministério da Saúde
NAPq - Núcleo de Assessoramento a Pesquisa
NIEPS - Núcleo Interdisciplinar de Educação Permanente em Saúde
NE -Núcleo Específico
NOAS -Norma Operacional de Assistência à Saúde
OB -Obrigatórias
OP -Optativas
PIBIC - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica
PNAH -Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
PP - Projeto Pedagógico
PROBIC - Programa de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnologia
PROENF -Programa de Atualização em Enfermagem
PROEX -Pró-Reitoria de Extensão
PROGRAD -Pró - Reitoria de Graduação
PRPq - Pró-Reitoria de Pesquisa
REME -Revista Mineira de Enfermagem
SCIELO -Scientific Electronic Library On Line
SESu -Secretaria de Educação Superior
SGETS -Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
SUS -Sistema Único de Saúde
TCC -Trabalho de Conclusão de Curso
4
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO …………………………………………………………….. 9
1.1. Histórico das mudanças curriculares no Curso de Graduação 12
em Enfermagem da UFMG ……………………….............................
1.2. Situação social e de saúde da população da área de inserção 18
do Curso de Graduação em Enfermagem da UFMG ……………….
1.3. O Curso de Graduação na Atualidade............................................. 26
1.4. Missão da Escola de Enfermagem da UFMG ………………………. 36
1.5. Justificativa ………………………....................................................... 36
2. OBJETIVOS DO CURSO …………………………………………………….. 38
3. O PROCESSO DE MUDANÇA CURRICULAR ……………………………. 39
4. PROPOSTA CONCEITUAL ………………………………………………….. 41
4.1. Ser humano – Processo de viver humano …………....................... 41
4.2. Conhecimento – Sujeito – Aprendizagem ………………................. 44
4.3. Enfermagem – Cuidado -Humanização ……………………………. 49
4.4. Relação Ensino Serviço ................................................................... 52
4.5. A Sociedade e a formação do enfermeiro …………........................ 56
5. PERFIL DO EGRESSO …………………………......................................... 60
6. COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO ………............................................ 61
6.1. Competências gerais ………………….............................................. 61
6.2. Competências e habilidades específicas …………........................ 63
7. PROPOSTA PEDAGÓGICA ………………................................................ 67
7.1. Princípios metodológicos …………………………………................. 67
7.2. Princípios pedagógicos …………………………………..................... 70
8. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ............................................................... 73
8.1. Estrutura Curricular ………………………………............................... 74
8.1.1. Formação Complementar .............................................................. 87
9. MATRIZ CURRICULAR ………………………………………………………. 88
9.1. O trabalho de Conclusão de Curso - TCC....................................... 89
10. O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DISCENTE………………..................... 93
11. GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO, 97
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO.
5
12. INFRA-ESTRUTURA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM ……................ 99
13. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 104
14. ANEXOS .................................................................................................. 109
6
LISTA DE FIGURAS E QUADROS
7
IDENTIFICAÇÃO DO CURSO PROPOSTO
8
1- APRESENTAÇÃO
9
A Comissão de Mudança Curricular (CMC) do Curso de
Graduação em Enfermagem da UFMG foi constituída em maio de 2004
e iniciou seus trabalhos em junho, com a realização de reuniões
destinadas, entre outros aspectos, ao planejamento das atividades.
Concomitantemente, alguns membros da referida comissão participaram
de eventos nacionais com a finalidade de debater questões ligadas à
definição dos rumos do ensino da área da saúde e da enfermagem no
país. Nestes eventos foi debatido e definido como fundamental para a
atenção à saúde, o princípio da integralidade proposto pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Este debate influenciou as discussões da CMC
sobre o projeto pedagógico, considerando que assumir a integralidade
em um currículo consiste em afastar-se da hegemonia de saberes
profissionais estabelecendo diferentes possibilidades interdisciplinares
de ensinar e cuidar.
Nesta perspectiva, de acordo com Morin (2001), duas questões
desafiam a manutenção dos atuais currículos da forma como estão
instituídos:
11
junho de 1986, que regula o Exercício Profissional do
Enfermeiro.
13
Concomitantemente ao movimento de mudança curricular da
EEUFMG, continuavam as discussões em âmbito nacional que
subsidiaram as propostas de currículo mínimo apresentadas ao
Ministério da Educação e da Cultura (MEC/CFE) pela Associação
Brasileira de Enfermagem (ABEn), representando os esforços e
expectativas dos enfermeiros por melhoria da qualidade de sua
formação. Os diversos encontros, reuniões e seminários realizados na
Escola com vistas à mudança de seu próprio currículo, refletiam e
reforçavam as críticas da categoria sobre a legislação do ensino de
enfermagem em vigor desde 1972. As críticas ocorreram sob a alegação
de que a legislação do ensino de enfermagem não contemplava as
transformações ocorridas na profissão, nos serviços, no ensino, no
contexto sócio-econômico brasileiro e no processo de formação do
enfermeiro. A partir de reivindicações por mudanças na formação do
enfermeiro, a ABEn envidou esforços que resultaram na proposta de
Currículo Mínimo aprovado pelo MEC/CEF em 1994, que contou com o
apoio de todas as Escolas e Entidades de Enfermagem. O Parecer nº
314/94, do Conselho Federal de Educação fixa, então, o Currículo
Mínimo dos Cursos de Graduação em Enfermagem, contendo as
diretrizes nacionais que orientariam a mudança curricular no Brasil.
Em 16 de dezembro de 1994, foi publicada no Diário Oficial da
União a Portaria nº1721/94-MEC/CFE, que dispõe sobre o Currículo
Mínimo dos Cursos de Graduação em Enfermagem. Fundamentada na
nova legislação, a proposta de mudança curricular da EEUFMG foi
intensificada, sendo uma nova comissão constituída para adequá-la às
novas diretrizes.
Em 1995 foi realizado na Unidade um Fórum das Escolas de
Enfermagem de Minas Gerais promovido pela ABEn-MG, com o objetivo
de discutir a adequação de seus currículos à Portaria.
No período de junho a setembro de 1995, a Comissão de
Mudança Curricular envidou esforços para a concretização da proposta
de mudança curricular, mobilizando toda a comunidade acadêmica da
EEUFMG por meio de reuniões, seminários e plenária e contando,
14
também, com representantes da Pró-Reitoria de Graduação da UFMG e
Delegacia do Ministério da Educação e Cultura (DEMEC). Buscou-se,
com isto, alcançar uma compreensão da Portaria, que permitisse a
elaboração de um documento final, amplamente debatido em todas as
suas fases e legitimado pela aprovação de todos os interessados. Como
resultado dos trabalhos desenvolvidos por esta CMC destaca-se a
definição da duração do curso, da alocação de disciplinas na grade, da
integração curricular e dos desdobramentos e das fusões de conteúdos
de importância, tendo como base as novas diretrizes contidas na
Portaria do MEC/CFE. O novo currículo foi, então, implementado a
partir de 1996.
No que se refere à flexibilização curricular, o movimento inicial da
Escola de Enfermagem em direção à implantação do currículo
flexibilizado ocorreu em 1997, por meio da criação de atividades
optativas, consideradas como créditos para a integralização curricular
da enfermagem. Essa estratégia de flexibilização, a despeito de criar
novas perspectivas e possibilidades, vem até hoje sendo utilizada de
forma incipiente e as disciplinas optativas (OP) oferecidas não
alcançaram a dimensão esperada, uma vez que somente 4 (quatro)
créditos foram incorporados no computo geral do currículo. De fato,
quando analisamos a situação dos Departamentos em termos de oferta
de disciplinas optativas e obrigatórias (OB), podemos observar a rigidez
curricular atual e uma maior valorização das atividades obrigatórias em
prejuízo das optativas, conforme apresentado no Anexo 11.
Outro importante e decisivo movimento em direção às DCN foi a
implantação dos Estágios Curriculares Obrigatórios em 1999. Os
referidos estágios apresentam-se, atualmente, como experiências
consolidadas e bem sucedidas, constituindo referência para outros
Cursos de Graduação do Brasil. O estágio curricular da Escola de
Enfermagem é realizado na atenção básica de saúde no 8º período e na
rede hospitalar no 9º período, cada um deles com 450 horas.
Por meio deste currículo objetiva-se a formação de enfermeiros
generalistas com conhecimentos nas áreas de ciências biológicas,
15
ciências sociais e do comportamento, administração, educação,
pesquisa além das específicas da enfermagem. A partir da inclusão dos
estágios curriculares, o curso passou a ser integralizado em quatro
anos e meio, oferecendo as modalidades de bacharelado e
bacharelado/licenciatura.
Em agosto de 2001, o Conselho Nacional de Educação instituiu as
“Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em
Enfermagem” que estabelecem o perfil do formando
egresso/profissional; as competências e habilidades gerais e
específicas; os conteúdos curriculares; os estágios e atividades
complementares; a organização, o acompanhamento e a avaliação do
curso (BRASIL, 2001).
O Curso de Licenciatura em Enfermagem da EEUFMG, por sua
vez, também sofreu novas modificações para atender ao Art. 65 da Lei
9394/96 que dispunha sobre as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), determinando a ampliação de carga horária para a
prática de ensino. Ainda em 2001, instituiu-se o Fórum das
Licenciaturas na UFMG configurando-se como um espaço privilegiado
para a interação das unidades envolvidas com as licenciaturas.
Desde então, tem-se repensado o currículo em sua dimensão
didático-pedagógica, sua realidade prática e no perfil egresso. Foram
propostos, em 2002, seminários na Escola de Enfermagem para a
discussão das novas diretrizes. No mesmo ano foi instituída nova
Comissão de Reestruturação Curricular que adotou estratégias de
sensibilização da comunidade acadêmica, buscando sua participação e
co-responsabilização no processo de mudança.
Por meio de discussões, oficinas e participação em eventos foram
identificadas as demandas do Sistema Único de Saúde e o atual
contexto da formação do enfermeiro. Percebeu-se, então, que tal
formação não contemplava de forma plena as necessidades do sistema
de saúde vigente. Inicialmente a comissão responsável pelo processo
trabalhou na perspectiva do Programa de Reorientação Profissional em
Enfermagem (PROENF), que visava financiar e assessorar a mudança
16
curricular em escolas de enfermagem selecionadas pelo Ministério da
Saúde.
No entanto, com a mudança de governo e a criação da Secretaria de
Gestão da Educação e Trabalho na Saúde do Ministério da Saúde (SGETS/MS)
esse projeto foi interrompido, havendo uma reformulação da proposta e dos
caminhos para a mudança dos cursos de graduação em saúde no país. Desta
forma, a comissão que trabalhou durante o ano de 2003, apresentou dificuldades
para a concretização de uma proposta de mudança curricular, tendo, na ocasião,
interrompido suas atividades.
Em 2004, a diretoria da EEUFMG definiu, como uma de suas prioridades, a
elaboração de um novo projeto pedagógico para a graduação. Em assembléia
geral da Unidade, com participação de professores e estudantes, foi definida a
composição da Comissão de Mudança Curricular que seria a responsável pela
elaboração do projeto. Neste mesmo ano, foram estabelecidas as Diretrizes para
os Cursos de Licenciatura da UFMG, sendo criada uma coordenadoria de
licenciatura para condução do processo de reestruturação dos cursos no âmbito
da Universidade.
O projeto de Licenciatura em Enfermagem foi elaborado e, em outubro de
2005, aprovado com base na especificidade da área, que inclui a formação de
professores para o ensino profissionalizante além do ensino médio.
Com o aprofundamento das discussões referentes ao bacharelado,
constatou-se a inviabilidade da oferta da modalidade de Licenciatura, tendo em
vista a exigência de 2.800 horas destinadas especificamente para a referida
formação, o que comprometeria a oferta do curso de bacharelado em 9 semestres.
Mediante a situação descrita, em Assembléia Geral realizada em maio de 2006, a
comunidade acadêmica da Escola de Enfermagem decidiu pelo não oferecimento
da Licenciatura tendo, na oportunidade, encaminhado documento à PROGRAD
solicitando sua exclusão.
Reconhecendo, porém, a importância da formação pedagógica para a
atuação do enfermeiro, pretende-se viabilizar oportunamente o Curso de
Bacharelado em Enfermagem com Formação Complementar na área de
Educação e, ainda, a possibilidade de criação de um Curso de Especialização na
referida área.
17
1.2.Situação social e de saúde da população da área de inserção do
Curso de Graduação em Enfermagem da UFMG.
19
A diminuição progressiva da fecundidade alterou a estrutura etária
da população brasileira e contribuiu para o envelhecimento
populacional, principalmente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo
e Minas Gerais. O processo de migração de pessoas jovens,
deslocando-se das zonas rurais para as zonas urbanas e do Nordeste
para os estados do Sudeste, modificou também a estrutura etária da
população. Isto causou, ao longo do tempo, a concentração de pessoas
idosas nas áreas urbanas mais desenvolvidas economicamente, com
melhor infra-estrutura de serviços e condições de vida mais adequadas
acarretando, conseqüentemente, a elevação do indicador de esperança
de vida ao nascer (MENEZES, 2001).
O processo de mudança demográfica em Minas Gerais, teve início
com o declínio da mortalidade, seguido pelo da fecundidade e,
posteriormente, pelo incremento da população adulta e de idosos. A
partir de 1980 observou-se, gradativamente, o decréscimo da população
infantil e o aumento dos jovens, dos adultos e dos idosos. Essas
mudanças relacionam-se com as grandes transformações sociais e
econômicas que determinaram o perfil demográfico das populações
que, por sua vez foi influenciado, em parte, pelo processo de
urbanização e pelos meios de comunicação que proporcionaram uma
melhoria da saúde e da qualidade de vida. Além disso, a extensão de
cobertura dos serviços de saúde promoveu uma redução da mortalidade
por doenças transmissíveis. Para os excluídos e marginalizados do
sistema, que se concentram nas periferias dos grandes centros urbanos
evidenciou-se a desigualdade social, o empobrecimento, a falta de
mobilidade social e de expectativa de melhoria da qualidade de vida.
O processo de mudança dos padrões de mortalidade tem sido
abordado e analisado por intermédio da teoria da transição
epidemiológica. Segundo pesquisadores, à medida que os países
evoluem e progridem em seu desenvolvimento diminuem, naturalmente,
a incidência e a prevalência das doenças infecciosas e parasitárias.
Isso determina a passagem de altas taxas de mortalidade em grupos
etários precoces para um estado no qual predominam doenças
20
degenerativas ou aquelas causadas pela ação do homem em grupos
etários mais avançados. Como essas últimas são de longa duração,
ocorre uma situação paradoxal, qual seja, a de declínio da mortalidade
e aumento da morbidade, com um acúmulo de doenças, notadamente,
na população de adultos e idosos (OMRAN, 1996).
Segundo Omran (1996), no final do século XIX e início do século
XX ocorreu a diminuição das epidemias e o aumento lento das taxas de
mortalidade por doenças cardiovasculares e neoplasias, enquanto as
taxas de mortalidade e fecundidade decresciam. A esperança de vida ao
nascer atingiu uma média de 50 anos, acarretando um crescimento
populacional.
Em meados do século XX, a mortalidade continuou declinando, a
esperança de vida ao nascer aumentou gradualmente, ultrapassando os
50 anos. A fecundidade tornou-se o fator primordial na determinação do
padrão etário da população. Nesse estágio, houve predomínio do
aumento das doenças degenerativas e daquelas ocasionadas pelo
homem, tais como os acidentes radioativos, os de veículos a motor, os
ocupacionais e os ocasionados por produtos carcinogênicos e das
doenças relativas ao estresse. Nas quatro últimas décadas do século
XX até os dias atuais, acentua-se o declínio da mortalidade por
doenças cardiovasculares, o incremento do envelhecimento
populacional que geram mudanças no estilo de vida dos indivíduos. As
taxas de fecundidade e de mortalidade diminuíram, resultando num
crescimento populacional negativo. Ao mesmo tempo apareceram novas
doenças e ressurgiram outras já controladas em anos anteriores,
fazendo com que as maiores taxas de mortalidade se concentrassem
em grupos sociais e econômicos distintos.
Para o século XXI, entre 2004 e 2005, Omran (1996) pressupôs o
que chamou de Idade da Longevidade Paradoxal caracterizada pelo
aparecimento de doenças enigmáticas, pela alta capacidade tecnológica
para a sobrevivência dos doentes e para a reabilitação dos
incapacitados. Para o autor, é nesse estágio do futuro que se espera
que as doenças degenerativas e as doenças ocasionadas pelo homem
21
estarão na liderança das principais causas de morbi-mortalidade.
Presume-se que essas doenças poderão se agregar com as novas
doenças da senilidade e aquelas ocasionadas pelos microorganismos
oportunistas. Como se pode observar, já estamos vivendo este cenário.
Para Omran (1996) e Frenk et al. (1991), o Brasil encontra-se no
“Modelo Contemporâneo ou de Transição Retardada” pois a queda da
mortalidade ocorreu lentamente e a fecundidade manteve-se alta, o que
deve persistir por um período relativamente longo. Ao mesmo tempo, as
doenças infecciosas e parasitárias foram declinando, deixando de se
posicionarem como principal causa de óbito, sendo substituídas,
lentamente, pelas doenças crônicas degenerativas. Apesar da
implementação de programas bem sucedidos de planejamento familiar,
a população brasileira vem enfrentando outros problemas relacionados
à má nutrição, ao crescente aumento das doenças transmissíveis, às
elevadas taxas de morbidade pelas doenças crônicas degenerativas e
aquelas provocadas pelo homem, ou seja, os acidentes e violências.
Convivem, ainda, com o aparecimento das doenças reemergentes,
como a malária, o cólera e das emergentes, como a AIDS.
No período de 1930 a 2000, as doenças infecciosas e
parasitárias, ao longo das décadas, apresentaram mudanças
significativas, com decréscimo da mortalidade. Porém, as doenças
referentes ao aparelho circulatório, as causas externas e as neoplasias
exibem, de modo proporcional, uma tendência de crescimento contínuo
e sobressaíram como os principais grupos de causas de óbito nas
últimas décadas. Ressalta-se que o grupo das doenças do aparelho
circulatório, apesar de se posicionar como principal causa de óbito
apresentou, proporcionalmente, um crescimento menor do que as
neoplasias e as causas externas.
Para Mello Jorge et al. (2001), em Minas Gerais e em Belo
Horizonte, a partir de 1990, o efeito da transição sobre a composição
populacional acarretou uma maior mortalidade no sexo masculino e uma
tendência de crescimento entre os jovens e adultos. As principais
causas de óbitos são as causas externas, seguidas do aparelho
22
circulatório, neoplasias e doenças do aparelho digestivo. Para o sexo
feminino, destacam-se as doenças do aparelho circulatório, seguida das
neoplasias e das causas externas. Para os autores, há uma tendência
de incremento da ocorrência de acidentes e violência, alterando o perfil
epidemiológico de morbidade e mortalidade dos indivíduos do sexo
masculino, sobretudo nas faixas etárias de 5 a 19 e 20 a 29 anos.
Segundo Veras (1995), assim como no Brasil, em Minas Gerais e,
especialmente em Belo Horizonte, o decréscimo das taxas de
mortalidade e fecundidade alterou a estrutura etária determinando o
envelhecimento populacional. Em conseqüência, agravou-se a
morbidade das doenças relativas ao aparelho circulatório, das
degenerativas e de outras decorrentes da idade senil. Em
conseqüência, novas demandas e grandes desafios surgirão para o
setor saúde, o que implicará na implantação de ações e programas
específicos adequados à idade senil e na alocação de recursos
humanos e financeiros.
A transição epidemiológica em Belo Horizonte se destacou mais
pelo avanço da tecnologia de saúde, da complexidade da
industrialização e da urbanização crescente, com extensão de cobertura
dos serviços e ações de saúde do que em função de grandes mudanças
estruturais, como melhores condições de vida, nutrição, habitação,
saneamento e melhorias sociais. Para uma expressiva parcela da
população vem ocorrendo uma superposição de doenças, na medida em
que se associam doenças infecciosas e parasitárias às crônico-
degenerativas e as de causas externas. Entretanto, para a população
que se encontra em situação socioeconômica privilegiada o quadro
nosológico aproxima-se daquele dos países desenvolvidos, com
predomínio das doenças crônico-degenerativas e causas externas
(VILLELA, 2005).
Os estudos de Souza e Minayo (1995) sobre os diferenciais de
mortalidade em Belo Horizonte sugerem que os padrões demográficos e
epidemiológicos variam de acordo com o status socioeconômico e as
variáveis geográficas. Seus estudos demonstram que na área
23
geográfica onde reside a população com maior Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) ocorre um padrão avançado de
mortalidade, predominando as doenças cardiovasculares e as
neoplasias. As áreas com IDH menor exibem um padrão múltiplo, que
revela populações mais vulneráveis à mortalidade por doenças
infecciosas, notadamente em menores de 5 anos, além de homicídios,
doenças cardiovasculares e respiratórias. A freqüência elevada da
mortalidade por homicídios, oscilando entre crianças, adolescentes,
jovens e idosos, se transforma em um problema gravíssimo. Na
população mais jovem e em idade produtiva, a situação é mais
problemática na medida em que aumentam os Anos Potenciais de Vida
Perdidos (APVP) e o custo social das vidas precocemente
interrompidas.
Os perfis da transição demográfica e epidemiológica indicam a
necessidade de ações intensivas e intervencionistas no cenário onde
habitam as populações, no sentido de evitar e prevenir os danos, tendo
em vista a multi-causalidade, o que torna distinta a sua ocorrência nas
diferentes áreas geográficas. Se as cidades são aglomerados humanos
heterogêneos em relação à dimensão sócioeconômica e aos perfis
demográficos e epidemiológicos, necessário se faz disponibilizar
modalidades de serviços de saúde distintos. Além disso, é fundamental
para o setor saúde priorizar o plano das necessidades sociais e dos
interesses institucionais ressaltando-se as ações de prevenção, de
promoção e a intervenção sobre o processo de deliberações de
políticas públicas, priorizando os aspectos referentes à gestão em
saúde, participação, relação usuário/profissional e práticas de educação
em saúde (CARVALHO, 2005).
O Sistema Único de Saúde enfatiza a promoção da saúde para
propiciar a construção de sujeitos e cidadãos capazes de lutar e fazer
jus às suas necessidades e garantir o acesso integral e universal à
saúde. A construção de novas estratégias de formação de recursos
humanos para o planejamento e as intervenções direcionadas aos
problemas de saúde deverá possibilitar a definição, a execução de
24
ações territoriais e a reorganização de ações de promoção de saúde, de
prevenção e vigilância de riscos e agravos (PATARRA, 2000).
À formação de recursos humanos nessa perspectiva, soma-se a
necessidade de aumento da participação do Estado na garantia dos
direitos humanos, das necessidades básicas da população e da
distribuição de bens e serviços. Dentre estes, o setor saúde deve
ampliar o acesso eqüitativo aos serviços e programas, incrementando
atividades preventivas e promocionais, objetivando a qualidade de vida,
a efetividade e a eqüidade na atenção (MEDRONHO et al, 2002; MELLO
JORGE et al, 2001).
Segundo o Ministério da Saúde, para este modelo, as atribuições
específicas do enfermeiro são: planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a
Unidade de Saúde da Família; realizar cuidados diretos de enfermagem nas
urgências e emergências clínicas fazendo indicação para a continuidade da
assistência prestada; realizar consultas de enfermagem, solicitar exames
complementares, prescrever/transcrever medicações conforme protocolos
estabelecidos nos Programas do Ministério da Saúde e nas Disposições Legais da
profissão; executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de
vida, ou seja, a criança, adolescente, mulher, adulto e idoso; executar assistência
básica e ações de vigilância epidemiológica e sanitária; realizar ações de saúde
em diferentes ambientes, tais como na Unidade de Saúde da Família e, quando
necessário, no domicílio; realizar atividades nas áreas prioritárias de intervenção
na Atenção Básica definidas na Norma Operacional de Assistência à Saúde-
NOAS 2001; aliar atuação clínica à prática da saúde coletiva; organizar
e coordenar a criação de grupos de patologias específicas como de
hipertensos, de diabéticos, de saúde mental, etc; supervisionar e
coordenar ações para capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde
e de Auxiliares de Enfermagem, com vistas ao desempenho de suas
funções. Somam-se a essas, as atribuições comuns a todos os
profissionais que integram as equipes.
Os processos de trabalho em saúde, especialmente com a
implantação do SUS exigindo a efetiva participação do enfermeiro na
organização dos serviços e na implementação de ações nos diversos
25
níveis de atenção, evidencia sua importância para o desempenho das
funções essenciais na área da saúde. O reconhecimento desta
importância tem se dado tanto por parte dos gestores como pela
população.
Neste sentido, a definição de competências e habilidades do
enfermeiro é uma necessidade que se justifica pela amplitude e
natureza de seu trabalho, pelo estabelecimento de suas funções e pela
construção de competências gerais e específicas na área da saúde.
Além disso, faz-se necessária a definição de diretrizes pautada em
conhecimentos, atitudes e articulação com outros profissionais para a
reorientação de novas práticas sociais. Na perspectiva de construção
de um modelo de competências do enfermeiro, é importante conciliar
projetos envolvidos nesta problemática, buscando uma melhor
estratégia para a implementação do modelo assistencial de saúde e
para a definição de projetos políticos pedagógicos para o ensino de
enfermagem.
29
permanente em saúde. O curso está organizado em um
tronco comum e em áreas de concentração que, atualmente,
consistem em Oncologia, Neonatologia, Transplantes e
Terapia Intensiva. O curso busca atender as demandas de
assistência de Enfermagem no setor terciário de
atendimento em saúde, estando previstas para
implementação em 2006, as áreas de concentração
Enfermagem Cardiovascular e Gestão de Serviços
Hospitalares.
31
Enfermagem (REME) com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa da
UFMG. Este projeto incluiu entre outros, a mudança de periodicidade de
semestral para trimestral, a recomposição do Conselho Editorial e dos
Editores Associados e a repactuação com os parceiros e inclusão de
novos, com destaque para as escolas e cursos de Enfermagem do
Estado de Minas Gerais. A Revista, atualmente, está indexada na
LILACS, no BDENF e na CUIDEN e encontra-se em processo de
avaliação pelo CINAHL e SCIELO (BIREME), além de estar disponível
eletronicamente na W EB ENFERMAGEM UFMG e no Portal Periódicos
CAPES. Foi classificada no QUALIS CAPES 2006 como Internacional C.
A EEUFMG sedia a Secretaria Executiva da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) Enfermagem e coordena os projetos nacionais de
desenvolvimento e operação do Portal da BVS/Enfermagem e de
controle bibliográfico em enfermagem, juntamente com a Diretoria da
Tecnologia de Informação da UFMG e a Biblioteca J. Baeta Viana do
Campus da Saúde da UFMG.
Em relação à Integração Ensino Serviço, a Escola de Enfermagem
considera a mesma como força motriz para o estabelecimento de
vínculo entre a academia e os serviços de saúde, sejam eles privados,
públicos ou filantrópicos, da rede básica ou hospitalar, além de outras
instituições como escolas de 1º e 2º graus, creches, asilos, dentre
outros. Consiste em uma estratégia de criação de parcerias importantes
entre as instituições envolvidas e a clientela/usuários, possibilitando a
identificação das reais necessidades da população e estabelecimentos
de intervenção conjunta.
A inserção efetiva dos docentes nos campos de estágio possibilita
a melhoria do processo ensino/aprendizagem, uma vez que o docente
está, de fato, “fazendo parte” da equipe de profissionais do serviço,
inclusive em momentos em que os alunos não estão desenvolvendo
suas atividades práticas. Este maior envolvimento no serviço de saúde
faz com que o docente adquira uma maior articulação com a equipe
multiprofissional, maior domínio do processo de trabalho da instituição
e do quadro sócio-sanitário da comunidade, levando muitas vezes ao
32
desenvolvimento de projetos de extensão, de pesquisa e de tecnologias
inovadoras objetivando buscar soluções para problemas identificados,
articulados às demandas locais e, ainda, propiciar o resgate de diversas
áreas de conhecimento. Isto porque a Integração Ensino Serviço
conduz a uma participação direta nos movimentos sociais, criando
oportunidades de consolidação de propostas que possam responder às
reais necessidades assistenciais de prevenção e promoção da saúde da
população que, muitas vezes, exige a interdisciplinaridade. Portanto, a
Integração Ensino Serviço pode e deve levar a uma avaliação crítica do
pensamento sistêmico sobre o processo saúde-doença, a intervenção e
organização dos serviços e a definição do papel dos profissionais de
saúde em um espaço concreto onde as questões referentes à saúde se
apresentam e se fazem sentir, perpassando por todas as relações e
conteúdos que são próprios da vida humana em sociedade. Por fim, a
Integração Ensino Serviço permite um processo de reflexão para
docentes e discentes relativo à realidade da própria formação do
Enfermeiro (a) como profissional de saúde que atua ou irá atuar com
vistas ao fortalecimento do SUS.
A EEUFMG tem uma longa tradição de integração com os serviços
de saúde que sobreviveu a vários modelos, desde o desenvolvimento
da Integração Docente Assistencial (IDA) nas décadas de 70 e oitenta,
até a integração com a comunidade, na década de 90 e atual. Durante
muitos anos a extensão constitui-se um espaço que possibilita as várias
formas de integração dos docentes e discentes no serviço de saúde,
ainda visível na atuação de diversas disciplinas da graduação e que
buscam, cada vez mais, um equilíbrio entre ensino, extensão e
pesquisa.
Os serviços de saúde com os quais a EE vem mantendo parcerias
são, prioritariamente, da rede assistencial do SUS em seus diferentes
níveis de complexidade, em Belo Horizonte e diversos municípios do
interior do Estado de Minas Gerais. A inserção dos estudantes nesses
cenários tem possibilitado aos estudantes uma atuação crítica e
reflexiva, desenvolvendo competências, habilidades e atitudes para
33
intervir no processo saúde-doença junto às mais diferenciadas
realidades.
Porém, ainda é possível identificar alguns “nós” críticos, tanto na
instituição formadora quanto nos Serviços, que dificultam a
operacionalização da articulação ensino-serviço. Entre os vários nós
críticos apontados nas oficinas de trabalho de discussão do novo
currículo, que precisam ser compreendidos e/ou solucionados
destacam-se:
34
- A resistência de docentes, discentes e profissionais dos
serviços em relação às práticas inovadoras.
35
1.4. Missão da Escola da Enfermagem da UFMG
1.5. Justificativa
37
2. OBJETIVO DO CURSO
38
3. O PROCESSO DE MUDANÇA CURRICULAR
40
4. PROPOSTA CONCEITUAL
- Conhecimento-Sujeito-Aprendizagem;
- Enfermagem-Cuidado-Humanização;
- Relação Ensino-Serviço;
- Sociedade-formação do Enfermeiro.
43
“pensar saúde hoje passa então por pensar o indivíduo em sua organização
da vida cotidiana, tal como se expressa não só através do trabalho, mas
também do lazer – ou da sua ausência, por exemplo – do afeto, da
sexualidade, das relações com o meio ambiente. Uma concepção ampliada
de saúde passaria por pensar a recriação da vida sobre novas bases, onde
a instituição da sociedade pudesse atender o mais plenamente à atenção
das diferentes e singulares necessidades humanas” (VAITSMAN, 1992,
p.171).
4.2. Conhecimento-Sujeito-Aprendizagem
44
o conhecimento que se inserem nos referenciais da psicologia sócio-
cognitiva. Há o reconhecimento de que o conhecimento não pode ser
visto como algo que provém do exterior,como pensam os empiristas,
nem tampouco de estruturas mentais inatas, pré-formadas, como
pensam os inatistas e racionalistas. Considera-se que o conhecimento é
fruto de uma construção que se dá por meio de processos endógenos
desencadeados pelo ambiente físico ou social, assim como, pela
linguagem mediadora da interação simbólica dos sujeitos com os seus
pares (PIAGET, 1949; VIGOTSKY, 1978). Admite-se que os sujeitos
formam uma rede que se transforma na interação e que o conhecimento
é produzido nessa relação pelo contato com a realidade e com os
outros, incluindo-se aqui a dimensão dialógica, inerente à própria
construção do pensamento.
Adota-se como princípio norteador da aprendizagem e do
processo de conhecer, a integralidade, segundo a qual o conhecimento
é produto de múltiplas competências e de saberes cognitivos, sócio-
culturais e afetivos, interligados e interdependentes, ultrapassando a
lógica da racionalidade cognitivo-instrumental. Trata-se de uma
reorganização do conhecimento, “uma reforma do pensamento” que,
segundo Morin (2004, p.104), permite “não apenas isolar para conhecer,
mas também ligar o que está isolado e nela renasceriam, de uma nova
maneira, as noções pulverizadas pelo esmagamento disciplinar: o ser
humano, a natureza, o cosmo, a realidade”. Vive-se um momento em
que a absolutização do conhecimento científico é colocada em questão
e, igualmente, a noção de que o conhecimento científico é o único
válido e todos os outros tipos são formas deficientes de conhecimento.
Isto coloca a necessidade, em termos metodológicos, de se
buscar nas situações de ensino, o confronto entre diferentes tipos de
saberes, seja para que o aluno ascenda do senso comum ao saber
elaborado por meio de um movimento de continuidade-ruptura entre
eles, como pensa Snyders (1988), seja por meio de uma desconstrução
ou rompimento com o conhecimento comum, como pensa Bachelard
(1983). Além disto, tais princípios impõem a integração de saberes a
45
partir de novos arranjos curriculares e diferentes maneiras de se
trabalhar os conteúdos disciplinares, tendo em vista alcançar uma
unidade do saber. Decorre daí a necessidade de adoção de medidas
que contraponham a rigidez dos conteúdos obrigatórios ordenados em
seqüência, como se existisse apenas uma maneira de aprender e de
pensar (MORIN, 1996).
Para os professores, os métodos de ensino aprendizagem devem
ser interativos, sobrepondo-se às práticas tradicionais de transmissão e
recepção de conhecimento. Neste contexto, o papel do professor é
fundamental, cabendo a ele propiciar aos alunos experiências
educativas que lhes incitem a agir sobre o objeto de ensino de maneira
ativa, buscando preencher suas lacunas de conhecimento ou responder
aos seus conflitos cognitivos. Neste ponto reside a importância da
função do professor: na previsão de situações educativas planejadas
intencionalmente. Portanto, é o professor quem dosa as experiências
educativas, procura inquietar a razão, ensinar o aluno a inventar,
mostrar-lhe que pode descobrir. Isso significa que o aluno não pode ser
visto como locus onde se exerce uma ação de fora para dentro, mas,
como sujeito que, na sua relação com o objeto, modifica seus
esquemas conceituais para acomodar novos conceitos no que eles
apresentam de original.
Vários teóricos da educação contribuem para que a aprendizagem
nesta perspectiva se desenvolva. Dentre eles, destacam-se Dewey, com
sua concepção de educação como (re)construção das experiências
pelos alunos; Durkheim, com seu conceito de consciência coletiva;
Freinet, com sua proposta de firmação de pactos com os alunos e de
uma educação a partir dos interesses, motivações e desejos; Paulo
Freire, cuja essência do pensamento está na idéia de que o
conhecimento se constrói a partir de um permanente processo de
diálogo com o mundo e com os outros.
Neste eixo, faz-se necessário abordar os aspectos relacionados à
avaliação da aprendizagem coerentemente com essa concepção. O
objetivo da avaliação, no contexto do curso, é possibilitar o diagnóstico
46
da aprendizagem do aluno, além de acompanhar o processo,
possibilitando a reorientação de rumos e a superação das dificuldades
observadas, instigando o desenvolvimento pessoal e promovendo
ajustes na prática docente. Assim é importante lembrar que, além de
possuir as características de ser uma avaliação formativa, essa deve
resultado de um permanente reconhecimento de saberes,
competências, atitudes, posturas e valores. A avaliação deve ter,
também, nas modalidades e nos critérios utilizados na sua realização, a
correspondência com as concepções epistemológicas, princípios e
pressupostos teóricos que sustentam o currículo.
Um desafio para os docentes em termos metodológicos é a
articulação teoria-prática. As ações pedagógicas devem conformar o
equilíbrio teoria/prática para a construção das competências,
estimulando docentes e discentes a buscar novos conhecimentos em
resposta às questões colocadas pela prática e novas práticas a partir
da construção e (re)construção de conhecimentos.
A formação de sujeitos críticos e reflexivos deve ser uma
pretensão dos currículos, e isto não é diferente para os professores. Tal
formação pode ser pensada a partir do ideal de constituição de sujeitos
capazes de responder às exigências colocadas pelo contexto de
contínuas mudanças epistemológicas, sociais, culturais e históricas.
Associado a isto, tem se constituído finalidade dos currículos de
uma forma geral, formar profissionais capazes de oferecer respostas
aos sujeitos dotados de necessidades e valores próprios. É desse
sujeito que docentes falam quando orientam os futuros profissionais a
se comprometerem a atender “às reais necessidades de saúde da
população”, jargão vastamente utilizado nesse campo de estudo. No
mesmo eixo, encontra-se a preocupação de formar profissionais que
levem os sujeitos a produzir sua história, transformar a realidade,
sendo, portanto, responsáveis pelo seu devir.
Em primeiro lugar, é preciso saber que o conceito de sujeito da
modernidade-racional, livre, autônomo, dotado de consciência unitária,
homogênea, permanente, centrada e crítica - não se adeqüa ao
47
pressuposto pós-moderno segundo o qual a consciência é sempre
parcial, subjetiva, heterogênea e incompleta (SILVA, 2004). Estudos da
filosofia contemporânea (RICOEUR, 1991; HABERMAS, 1990;
GADAMER, 1996) apontam a necessidade de se buscar, neste
momento, uma conceituação de subjetividade mais rica em que a idéia
de formação de subjetividades e consciências permanentes, que se
mantém ao longo dos tempos, seja substituída pela noção de contínua
reconstrução de subjetividades e consciências.
Em segundo lugar, é preciso reconhecer, a partir da perspectiva
pós-moderna, que não nos deparamos com apenas uma realidade, mas
com diferentes configurações de realidade que são construídas no
imaginário dos sujeitos VEIGA-NETO (1995). Entende-se que o sujeito
constituído da consciência cede lugar ao sujeito constituído a partir do
paradigma pós-moderno da construção e (re)construção de
subjetividades. Nesta visão, importa não só a realidade objetiva, mas a
maneira parcial e inacabada com que os sujeitos a apreendem e os
processos de significação que constroem em torno dela (SILVA, 2004).
Essa ênfase nos processos de significação é ampliada para se focalizar
especificamente a fragilidade das noções de verdade. Foucault (1972),
desconfia das definições filosóficas modernas de verdade e esta idéia
está na base das concepções de conhecimento que moldam o currículo
contemporâneo.
Neste contexto, há que se reconhecer o sujeito como guiado por
outras racionalidades que não a científica como a estética, por
exemplo. Considera-se, assim, o sujeito capaz de interpretações
parciais e subjetivas dos fenômenos, constituídas a partir de processos
de significação (TIMÓTEO e LIBERALINO, 2003; TROJAN, 2005).
Observa-se, portanto, que há uma transferência de sentidos de
um contexto a outro. No novo contexto, o sujeito se constrói a partir do
outro, é o sujeito que a todo tempo cria e (re)cria suas idéias sobre o
mundo. Trata-se do sujeito que se constrói a partir do outro, é o “ser
com” o outro. Decorre daí que o conceito de subjetividade como simples
48
ato de ser sujeito passa a ser questionado, surgindo como categoria
fundamental neste contexto o conceito de intersubjetividade.
A presente discussão permite, portanto, que seja explicitada a
concepção epistemológica que fundamenta este projeto pedagógico.
Trata-se de uma concepção interacionista, sócio-cultural, fundada no
princípio da integralidade. O conhecimento é entendido como um
processo permanente de construção. As metodologias devem incentivar
a interatividade, as atividades investigativas e de criação, estimular a
indagação e a curiosidade científica. A integração dos saberes e
conhecimentos deve ser a premissa para a organização das
experiências de aprendizagem. A avaliação da aprendizagem entendida
como um processo formativo, deve buscar o encaminhamento de ações
pedagógicas que venham auxiliar no avanço da aprendizagem.
Para finalizar, importante assinalar que toda esta reflexão se faz
necessária quando se considera que a escola é um projeto moderno e,
enquanto tal, estruturada a partir de um tipo de racionalidade moderna,
respondendo ao projeto da modernidade (MONTEIRO E SPELLER,
2005). Ainda, reconhecer que este contexto que dá sustentação ao
nascimento da escola, parece estar sensivelmente alterado, o que traz
a necessidade de mudanças no âmbito (1) da concepção de
conhecimento; (2) da concepção do sujeito a ser formado, e (3) da
concepção metodológica.
49
muitas vezes com situações trágicas veiculadas pela mídia, a confusão
no atendimento, entre outras situações. Essas situações e outras
críticas aos serviços deram início a reflexões sobre o atendimento
existente e o atendimento que poderia ser considerado digno.
Humanização passou de um conjunto de desejos a um conceito, que foi
ampliado, ganhou operacionalidade e se tornou Política Nacional.
Esta política nasceu vinculada à saúde da mulher, mais
especificamente aos programas de humanização do parto, como
reivindicação dos movimentos sociais. Em 2000, foi criado o Programa
Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNAH), que
direcionou seu foco para a atenção e para o usuário.
Posteriormente, o PNAH foi substituído pelo Humaniza-SUS, um
programa que se pretende transversal e que buscou, em experiências
bem sucedidas, um conceito ampliado de humanização, envolvendo
também a gestão e os profissionais de saúde. Na prática, essas
experiências demonstraram o sucesso de ações amparadas em
conceitos e procedimentos como acolhimento, criação de vínculo e
assistência com integralidade.
Desta forma, a proposta para a implantação de uma política de
humanização passou a contemplar alguns aspectos considerados
indispensáveis, como ponto de partida:
50
- No sentido da oposição à violência – uma vez que o número
de profissionais de saúde que prestam atendimento precário
e desrespeitoso é significativo.
51
elementos nas diferentes dimensões: habilidades técnicas,
conhecimento, sensibilidade, intuição, experiência, entre outros”.
Um modelo curricular pressupõe metaparadigmas que irão servir
de guia para a formação de alunos de enfermagem e as novas diretrizes
pressupõem competências e habilidades para o cuidado, considerado
essencial à enfermagem. O cuidado de enfermagem pressupõe
interdependência entre profissionais, além de se preservar a
integralidade das ações de saúde em todos os níveis de atenção.
52
HENRIQUES e PINHEIRO, 2005). Mais especificamente, a formação
não pode tomar como referência apenas a busca eficiente de evidências
ao diagnóstico, unidade, tratamento, prognóstico, etiologia e profilaxia
das doenças e agravos. Deve-se buscar desenvolver condições de
atendimento às necessidades de saúde das pessoas e das populações,
da gestão setorial e do controle social em saúde, redimensionando o
desenvolvimento da autonomia dos indivíduos até a condição de
influência na formulação de políticas do cuidado.
A atualização técnico-científica é apenas um dos aspectos da
qualificação das práticas e não seu foco central. A formação engloba
aspectos de produção de subjetividades, de habilidades técnicas e de
pensamento e o adequado conhecimento do SUS. A formação para a
área de saúde deve objetivar a transformação das práticas profissionais
e da própria organização do trabalho e estruturar-se a partir da
problematização do processo deste trabalho e sua capacidade de dar
acolhimento e cuidado às várias dimensões e necessidades de saúde
das pessoas, dos coletivos e das populações (CECCIM e
FEVERW ERKER, 2004).
Para atender a estes pressupostos, os projetos pedagógicos dos
cursos da área da saúde requerem criteriosa seleção dos cenários de
aprendizagem fundamentada nas diretrizes ético-políticas do sistema de
saúde vigente, no modo como se organizam os serviços e nos
processos de trabalho que confluem no espaço vivo do trabalho em
saúde. A seleção destes cenários diz respeito ao modo como o curso
pretende desenvolver o conhecimento e as práticas, sem perder de
vista os princípios profissionais estabelecidos nas DCN (2001), a
configuração da mesma em disciplinas/módulos/áreas e, ainda, as
estratégias possíveis de articulação entre o mundo do trabalho e do
ensino (MACÊDO, ROMANO, HENRIQUEZ e PINHEIRO, 2005). Além de
uma seleção criteriosa é necessária a diversificação destes cenários de
aprendizagem a fim de mobilizar e sensibilizar docentes, problematizar
a prática tradicional, acumular coletivamente experiências práticas que
construirão alternativas mais abrangentes de organização curricular.
53
Os cenários de aprendizagem dizem respeito não somente ao
local em que se realizam as práticas, mas também, à incorporação e
inter-relação entre métodos didático-pedagógicos, áreas de vivências,
diferentes tecnologias, variadas habilidades e competências, aos
processos de trabalho e dinâmica social. A diversificação destes
cenários conforma-se como uma estratégia para induzir mudanças mais
profundas no processo de formação profissional, assim como em um
elemento constitutivo de uma nova maneira de pensar esta mesma
formação. (www.redeunida). Por outro lado, a construção dos espaços
de aprendizagem se dá por meio da incorporação de estudantes,
docentes, profissionais dos serviços e população estabelecendo, assim,
parcerias e relações mais horizontais de cooperação entre todos os
atores envolvidos. Deste modo, é possível incorporar ao processo
ensino-aprendizagem as diferentes realidades nas quais se produz e
reproduz o processo saúde-doença.
Assim, desenvolver processos educacionais que possibilitem a
todos os atores envolvidos o enfrentamento de problemas concretos do
cotidiano do trabalho em saúde e a busca de estratégias que viabilizem
a construção de agendas comuns de necessidades coletivas, com o
estabelecimento de mecanismos de negociação e pactuação, tem sido
uma preocupação na discussão e definição do Projeto Pedagógico da
Escola de Enfermagem. Uma destas estratégias se refere à
Flexibilização Curricular, que possibilita o fortalecimento das relações
ensino-serviço e a participação efetiva dos discentes nos diferentes
cenários de prática. Nesta perspectiva, o Colegiado de Graduação da
Unidade vem envidando esforços no sentido de otimizar as relações
inter-institucionais por meio dos estágios curriculares obrigatórios e
optativos e atividades de enriquecimento curricular asseguradas pela
Resolução 03/2006/CEPE/UFMG.
Além disto, foi elaborado e submetido à apreciação do Ministério
da Saúde, através da SGTES em conjunto com a SESu e INEP, o
Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em
Saúde – Pró-Saúde (Portaria Interministerial nº 2.101, de 3 de
54
novembro de 2005) da Escola de Enfermagem da UFMG, com a
perspectiva de buscar uma formação de recursos humanos integrada ao
serviço público de saúde que possa dar respostas às necessidades
concretas de saúde da população brasileira.
Este projeto aprovado em dezembro de 2005, muito contribuirá
para o estreitamento das relações da Escola de Enfermagem com a
rede de serviços de saúde na atenção básica da Secretaria Municipal
de Saúde de Belo Horizonte como, também, com as Secretarias de
Saúde dos municípios do interior do Estado, onde são desenvolvidas as
atividades da Disciplina Estágio Curricular I. Tem por objetivo geral
incentivar transformações do processo de formação, geração de
conhecimentos e prestação de serviços à população para abordagem
integral do processo saúde-doença e por objetivos específicos:
56
sociais se fundamentarem em relações de poder, com desigualdades
hierárquicas (SEVERINO, 2000), acredita-se na necessidade da busca
incessante da distribuição eqüitativa deste poder para a construção da
cidadania. Assim, o compartilhamento do processo educativo, tanto
formal como informal, nas várias dimensões da sociedade poderá
contribuir para a construção da cidadania. Nessa perspectiva, segundo
Enriquez (2001), a sociedade comporta falhas, zonas inexploradas,
portadoras de mudanças possíveis, possibilitando a construção de
sujeitos autônomos que se auto-determinam e que são capazes de criar
novas leis, normas e culturas, novas formas de viver social.
A sociedade brasileira possui diferenças socioeconômicas e
políticas marcantes que propiciam o enriquecimento de uma pequena
parcela da população em detrimento da pobreza e miserabilidade cada
vez mais crescentes da grande maioria. As desigualdades sociais
refletem-se na área da saúde em que o quadro epidemiológico atual
mostra tanto doenças e agravos relacionados com a urbanização
considerados de primeiro mundo, como endemias e doenças “antigas”
consideradas de terceiro mundo. Além disto, a tecnologia de ponta é
cada vez mais consumida em todos os meios, inclusive na área da
saúde, mas muitos são os que não têm acesso a nenhum meio de
comunicação, saneamento básico ou meio de transporte. É necessário,
portanto, repensar a cidadania, lembrando que ela é um direito inerente
ao ser humano.
Nesse sentido, Severino (2000) coloca o Brasil no contexto latino-
americano e afirma que
58
mas que essa deve resgatar a pessoalidade das relações na atenção a
saúde, favorecendo também uma formação permeada pelas tecnologias
leves (MERHY, 2001). Sustenta-se que a formação deve favorecer a
compreensão de que o cuidado está no centro das ações de saúde
desenvolvidas pelo enfermeiro, considerando a especificidade de
atuação deste profissional, mas ele é também interdisciplinar, pois
envolve diversos saberes, entre eles o do próprio sujeito da atenção.
Para fazer frente a esses pressupostos, a Universidade deve
formar um profissional investigativo, reflexivo e crítico, que seja capaz
de responder às demandas da sociedade no que se refere às suas
competências e habilidades específicas mas, também, atue de forma
mais abrangente, contribuindo para as transformações sociais
necessárias.
O projeto pedagógico do curso deve, portanto, assegurar uma
formação cidadã, que permita ao enfermeiro compreender a
complexidade, pluralidade, dinâmica da sociedade e, principalmente, as
diferenças e desigualdades sociais existentes, para a construção de
fundamentos de uma atuação profissional consistente e coerente com
as bases tecnológicas da profissão e com os princípios de autonomia e
responsabilidade social do cuidado em saúde.
Para isto, a função primordial da formação é aprender a aprender,
o que deve ocorrer de forma continuada, envolvendo novos espaços e
novas buscas, e considerando que uma formação de qualidade não se
esgota no tempo e lugar da escola.
Como as instituições são, pela sua própria natureza, espaços de
tradição e conservadorismo, dos quais a escola não está imune, faz-se
necessário refletir sobre as diversas possibilidades de flexibilização dos
conteúdos, sendo a interdisciplinaridade e a complexidade base do
conhecimento para superar o engessamento da tradição que leva à não
mudança. Neste sentido, como afirma Severino (2000) a educação não
poderá mais ser vista como processo mecânico de desenvolvimento de
potencialidades, mas como um processo de construção, ou seja, uma
prática mediante a qual os homens se constroem ao longo do tempo.
59
5. PERFIL DO EGRESSO
60
6. COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO
61
- Comunicação: os profissionais de saúde devem ser
acessíveis e devem manter a confidencialidade das
informações na interação com outros profissionais de saúde
e o público em geral. A comunicação envolve comunicação
verbal e não-verbal e habilidades de escrita e leitura, assim
como o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e
de tecnologias de comunicação e informação.
62
6.2 Competências e habilidades específicas
63
de trabalho, de trabalhar em equipe e de enfrentar situações
em constante mudança.
64
- intervir no processo de saúde-doença, responsabilizando-se
pela qualidade da assistência e do cuidado de enfermagem
em seus diferentes níveis de atenção à saúde, com ações
de promoção, prevenção, proteção e reabilitação à saúde na
perspectiva da integralidade da assistência.
65
- respeitar os princípios éticos, legais e humanísticos da
profissão.
66
7. PROPOSTA PEDAGÓGICA
67
(2004) “o desenvolvimento da aptidão para contextualizar e globalizar
os saberes torna-se imperativo da educação” (p.24).
Portanto, a articulação entre a teoria e a prática consiste em um
princípio a ser alcançado no desenvolvimento do currículo. Tal princípio
aborda os pólos, a teoria e a prática, trabalhando-os simultaneamente,
como uma unidade indissolúvel, na qual a prática não é apenas a
aplicação da teoria, mas o seu ponto de partida e de chegada.
Considerando que a relação teoria prática esteve atrelada ao enfoque
racionalista e positivista nos currículos tradicionais, nesta proposta
busca-se superar a dicotomia contida nessas vertentes com o
paradigma da prática reflexiva. Este paradigma abriga a idéia de um
processo de ensino aprendizagem que valorize a investigação na ação,
articulando teoria, prática e reflexão e impedindo que a ênfase na
prática conduza à reprodução acrítica de esquemas e rotinas
cristalizadas e pouco criativas.
Para trabalhar com tal perspectiva, faz-se necessário buscar
novas lógicas de organização e novos cenários de ensino-
aprendizagem. Aprofundando essa questão, autores como Burnham
(2000) e Young (2000) discutem que o processo de formação não ocorre
somente na escola, podendo ocorrer em múltiplos espaços onde têm
lugar diversas aprendizagens. O espaço da formação deve estar
intrinsecamente ligado à realidade concreta numa contínua
aproximação do mundo do ensino com o mundo do trabalho. Os vários
campos do exercício profissional devem ser incluídos como espaços do
processo ensino-aprendizagem. Assim, propõe-se, por meio deste
currículo, que as práticas ocorram além dos espaços da própria
universidade como a sala de aula, laboratórios, bibliotecas e ocupando
os diversos espaços formais de ensino como hospitais, postos e centros
de saúde, creches, asilos, além de espaços considerados informais tais
como rodoviária, praças, parques, etc.
Na presente proposta, definiu-se por uma formação por
competências, ou seja, a capacidade dos indivíduos de mobilizar,
articular e colocar em ação os valores, os conhecimentos e as
68
habilidades necessárias para o desempenho eficiente e eficaz de
atividades requeridas. Perrenoud (1999, p.55) afirma que competência
é a “faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos
(saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar com
pertinência e eficácia uma série de situações” ligadas a contextos
culturais, profissionais e condições sociais.
De acordo com Duarte (2001) o ensino por competências se
insere em uma ampla corrente educacional contemporânea que inclui as
pedagogias do aprender a aprender. Assim, contrapondo-se a um
sistema de ensino tradicional, “a abordagem por competências junta-se
às exigências da focalização sobre o aluno, da pedagogia diferenciada
e dos métodos ativos” (PERRENOUD, 1999, p. 53).
Este aprender a aprender, exercitado em situações complexas é
“também um aprender fazendo, isto é, learning by doing, na clássica
formulação de John Dewey” (DUARTE, 2001, p. 35, grifos do autor).
Para o desenvolvimento de competências exigem-se metodologias
de ensino que estimulem debates e que despertem o interesse do
aluno, de tal forma que ele possa compreender as situações problemas
que lhe são colocadas e possa manifestar-se sobre elas. Neste sentido,
o processo ensino-aprendizagem é fundado em projetos e em resolução
de problemas, que incluem tarefas complexas e desafiadoras aos
alunos para mobilizar seus conhecimentos, habilidades e valores. Como
afirma Perrenoud (1999, p.53)
69
7.2 Princípios Pedagógicos
71
aprendizado por meio de uma atuação efetiva, crítico-reflexiva
diretamente nas instituições de saúde.
Para o desenvolvimento do currículo proposto e de uma maior
integração entre as disciplinas ficam explicitados, portanto, o desafio de
prepararmos docentes para a implementação do novo currículo,
buscando romper barreiras conceituais e de compreensão da relação
das especificidades da Enfermagem com as demais áreas do saber.
Para isto, propõe-se uma avaliação contínua do processo com as
seguintes estratégias:
72
8- A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
Módulo 1:
Saúde,
Sociedade e
Enfermagem
75
Unidade 1 – Homem, Sociedade e Saúde
Antropologia Filosófica
Introdução à Sociologia
Saúde mental e sociedade
Homem, sociedade, processo saúde-doença
Política Educacional
Políticas de Saúde no Brasil
Gestão do Sistema de Saúde
Violência e Saúde
Tanatologia
Nutrição e Saúde
Saúde e Gênero
Ética e Cultura
Bioética
Alimentação e Cultura
Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável
Tópicos em saúde Mental
76
Figura 2. Descrição do Modulo 2 do Currículo de Graduação em
Enfermagem/UFMG
Módulo 2:
Enfermagem no
processo de viver e
adoecer humano
77
Unidade 3 – Fundamentos Teóricos da Enfermagem Disciplinas
Imunologia
Microbiologia Aplicada à Enfermagem
Farmacologia Aplicada à Enfermagem
Fundamentos do Cuidado em Enfermagem
Iniciação à Bioestatística
Epidemiologia
Epidemiologia nos Serviços de Saúde
Epidemiologia das infecções Hospitalares
Avaliação do Estado de Saúde
Primeiros Socorros
Avaliação em Saúde Coletiva
Processamento de Artigos Médico-Hospitalares
Sistema de Comunicação e Informação
78
Figura 3. Descrição do Modulo 3 do Currículo de Graduação em
Enfermagem/UFMG
Módulo 3
Cuidado de Enfermagem e
Saúde Humana
Unidade 1 Unidade 2
79
Unidade 2 – Gerência do Cuidado de Enfermagem
80
Figura 4. Estrutura Curricular do Curso de Graduação em Enfermagem da UFMG
Núcleo Específico
Formação
Complementar: Formação Livre
Pré-estabelecida
e Aberta
83
“Deste processo resultará uma prática, cada vez menos cartesiana e cada
vez mais relativa, na construção participada e personalizada do currículo
que cada um percorre, ao longo da sua permanência no contexto
universitário. O currículo universitário será, cada vez menos, uma trajetória
pré-definida, e passará a ser, cada vez mais, um caminho que se vai
construindo com a própria caminhada”.
84
- Discussão temática: Entende-se por discussão temática a
exposição programada pelo professor e realizada pelos alunos, cujos
objetivos sejam o desenvolvimento de habilidades específicas e o
aprofundamento de novas abordagens temáticas. Será atribuído, no
máximo, 1 (um) crédito para discussões temáticas com carga horária
mínima de 15 (quinze) horas, desenvolvidas pelos alunos. A avaliação
do aluno será realizada mediante um relatório apresentado a um
professor responsável.
85
- Estágio curricular: Entende-se por estágio curricular qualquer
atividade que propicie ao aluno adquirir experiência profissional
específica e que contribua, de forma eficaz, para a sua absorção pelo
mercado de trabalho. Enquadram-se nesse tipo de atividade as
experiências de convivência em ambiente de trabalho, o cumprimento
de tarefas com prazos estabelecidos, o trabalho em ambiente
hierarquizado e com componentes cooperativistas ou corporativistas,
etc. O objetivo é proporcionar ao aluno a oportunidade de aplicar seus
conhecimentos acadêmicos em situações da prática profissional
clássica, possibilitando-lhe o exercício de atitudes em situações
vivenciadas e a aquisição de uma visão crítica de sua área de atuação
profissional. São atribuídos 58 (cinqüenta e oito) créditos para o
cumprimento de 870 (oitocentos e setenta) horas obrigatórias,
distribuídas nos dois semestres finais do curso.
1
Resolução No 03/2006, de 22 de junho de 2006.
86
professor da EEUFMG, com ou sem a participação de profissionais
ligados à fonte geradora da atividade acadêmica. Serão atribuídos de 1
(um) a 2 (dois) créditos de acordo com a carga horária cumprida pelo
aluno, sujeito a aprovação do Colegiado.
87
estudante deverá cumprir os créditos definidos pelo colegiado de
graduação (Quadro 3) e apresentar um trabalho final escrito.
9. MATRIZ CURRICULAR
88
9.1. Trabalho de Conclusão de Curso – TCC
TOTAL 100,0
91
A média das avaliações dos membros da Comissão serão
registradas em uma ficha e encaminhado ao Colegiado. O aluno terá um
prazo de 30 dias para efetivar as correções, se necessário, e entregar
ao Colegiado a versão corrigida e encadernada (Capa Dura),
juntamente com uma cópia eletrônica, com anuência do professor–
orientador.
Será considerado aprovado o aluno que apresentar média final
igual ou superior a 60 (sessenta) pontos. Em caso de não obtenção da
nota mínima exigida para a aprovação, o discente poderá reformular o
TCC. Esta será submetida à mesma Comissão anteriormente
estabelecida, necessariamente antes do início do próximo semestre
letivo. No caso de insucesso, o aluno deverá matricular-se no semestre
subseqüente para re-elaboração do TCC.
ORIENTAÇÃO: Será assegurada a todos os discentes de
Graduação em Enfermagem a designação de um docente para orientar
a monografia sendo que todos os professores do Quadro Permanente
do Curso de Graduação em Enfermagem são considerados aptos a
orientar.
O professor pode orientar no máximo 3 (três) trabalhos por
semestre. Para cada discente orientado será atribuída uma carga
horária máxima de 01hora por semestre (CHDSM= 1 hora). As
transferências de orientação de alunos poderão ocorrer mediante
autorização prévia do Colegiado do Curso de Graduação em
Enfermagem/EEUFMG. O professor-orientador deverá notificar ao
Colegiado do Curso de Graduação em Enfermagem, o não cumprimento
do cronograma por parte do discente.
92
10- O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DISCENTE
93
sobre um objeto, desligada de um contexto, sobre produtos, sem
processos e consideração às subjetividades. É certo também que a
avaliação como produção de sentidos, reflexão sobre valores e
significados, não pode acontecer isoladamente, pois, embora alimente
debates, trabalhe com a pluralidade e a diversidade, abrindo
possibilidades para a construção educativa e dos valores da existência
humana, não pode prescindir do controle (Dias, 2004).
Em termos funcionais pode-se afirmar que há as avaliações
classificatórias, as diagnósticas e formativas. As avaliações
classificatórias têm como objetivo a produção e registro de conceitos
que classificam o aluno, sem muitas vezes fornecer elementos que
permitam o diagnóstico do seu crescimento em termos de desempenho
e desenvolvimento de habilidades e competências. As avaliações
diagnósticas têm como função identificar o nível de conhecimento em
que se encontra o aluno, fornecendo, portanto, elementos para
constatação dos entraves, dificuldades de aprendizagem e avanços.
Segundo Luckesi, (1995, p.43)
96
11-GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO,
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO
97
Quadro 4 - Estratégias de acompanhamento e avaliação do Projeto
Pedagógico
- Delimitação, em cada módulo, de áreas contíguas entre disciplinas que possam estar sintonizadas tanto
as práticas pedagógicas, quanto nas avaliações e elaboração de trabalhos científicos;
- Criação de momentos regulares e formais de avaliação do currículo, bem como informais, durante toda a
implantação do mesmo;
- Implantação de ações que fortaleçam a articulação entre o serviço e a comunidade, contribuindo para
efetiva (re)organização dos serviços, práticas e condições de vida da população à partir do princípios do
SUS;
- Articulação dos núcleos de pesquisa existentes da EE aos diversos momentos de operacionalização dos
módulos, como as reuniões de programação das disciplinas, estágios, avaliações e outras, na perspectiva
de melhor integrar pesquisa e ensino.
98
12- INFRA-ESTRUTURA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM
99
Figura 5. ORGANOGRAMA
Congregação
Diretoria
Vice -Diretoria
Assembléia Assembléia
Departamental Departamental Assembléia
Departamental
100
A Congregação é seu órgão deliberativo máximo, estando a
Diretoria apoiada pela Vice-Diretoria, pelo Conselho Departamental,
pela Secretaria Geral e por Assessoria.
Além dos Colegiados de Graduação e Pós-Graduação, com suas
funções específicas, existem três Departamentos de Ensino:
Enfermagem Básica - ENB, Enfermagem Aplicada - ENA e Enfermagem
Materno Infantil e Saúde Pública - EMI. Cada Departamento funciona
com uma Câmara Departamental, tendo a Assembléia Departamental
como órgão deliberativo.
A Escola tem como órgão complementar o Centro de Tecnologia
Educacional - CTEEnf e como órgãos de apoio conta com o Centro de
Extensão - CENEX e o Núcleo de Assessoramento à Pesquisa - NAPq.
As atividades administrativas de suporte são desenvolvidas
através das Secretarias dos Departamentos e das Seções de Ensino, de
Pessoal, de Contabilidade, de Compras/Almoxarifado e de Serviços
Gerais, que é composta pelos setores de Transporte, de Manutenção,
de Patrimônio, de Limpeza e de Copa.
O CTEEnf tem como finalidade orientar, coordenar, integrar e incentivar
programas, projetos e atividades na área de produção, pesquisa e utilização de
Tecnologia Educacional, constituindo-se em centro de referência para o processo
de ensino/aprendizagem. Tem prestado serviços a docentes e discentes de
graduação e pós-graduação desta Escola, bem como usuários externos, com
vínculo na instituição. É composto pelo Núcleo de Informática, Laboratório de
Simulação de Técnicas e Núcleo de Recursos Instrucionais. Com a
implementação do Curso de Nutrição foram criados os Laboratórios de Dietética e
o de Avaliação Nutricional.
O Núcleo de Informática disponibiliza recursos de informática para o
desenvolvimento do processo ensino aprendizagem nos níveis de graduação e
pós-graduação oferecendo aos usuários computadores e impressoras de última
geração com programas básicos de computador e acesso à internet. Atualmente,
são ofertadas disciplinas da graduação e pós-graduação neste núcleo que utilizam
programas voltados para a pesquisa quantitativa como EPI-INFO e SPSS.
101
O laboratório de Simulação de Técnicas de Enfermagem e o
Núcleo de Recursos Educacionais têm como objetivo disponibilizar
recursos materiais e físicos adequados para a utilização nas atividades
de ensino teórico e práticas desenvolvidas pela escola de enfermagem.
Merece destaque, o Núcleo Interdisciplinar de Educação
Permanente em Saúde (NIEPS), criado na perspectiva da formulação e
execução integrada de propostas de educação permanente em saúde
no âmbito da UFMG, de forma a responder articuladamente às
demandas de educação permanente em saúde para profissionais do
serviço. Articula-se com os Pólos de educação recentemente criados
pela SGETES. Tem como objetivo apoiar os processos de reorientação
da formação dos profissionais dos cursos da área da Saúde da UFMG
numa perspectiva de integralidade.
O Centro de Extensão (CENEX) é Órgão de assessoramento às
atividades extensionistas da Unidade que possibilita viabilizar a política
de extensão da Universidade. Atua como elemento intermediário entre a
Unidade e a Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) e a Câmara de
Extensão da UFMG. As atividades de extensão são realizadas sob a
forma de programas, projetos e prestação de serviços (assessorias,
consultorias, cursos de iniciação, atualização e aperfeiçoamento) nas
áreas técnica, científica, artística e cultural.
O Núcleo de Assessoria à Pesquisa (NAPq) é um órgão ligado à
Diretoria da Escola e à Pró-Reitoria de Pesquisa (PRPq), que tem como
funções: divulgar na unidade as informações originadas da PRPq;
encaminhar à PRPq questões referentes à pesquisa da unidade;
controlar e orientar bolsistas de Iniciação Científica; divulgar eventos
científicos para apresentação da produção científica; organizar
encontros/seminários para divulgação da produção científica da escola;
registrar os núcleos/grupos de pesquisas existentes na Escola; apoiar
administrativamente os grupos/núcleos de pesquisa. Assim, o NAPq
objetiva apoiar o desenvolvimento de pesquisas realizadas por
docentes e discentes da Escola, controlando todos os procedimentos
102
inerentes às Bolsas de Iniciação Científica e divulgando aos docentes
pesquisadores, aos discentes em geral e aos bolsistas de iniciação
científica as informações relevantes referentes à pesquisa, tais como
possibilidades de financiamento, órgãos de financiamento, períodos
para inscrição de projetos, divulgação de resultados, dentre outras.
Em relação ao corpo docente a EE/UFMG conta, atualmente, com
69 professores do quadro efetivo, sendo 38 doutores (Adjuntos), 30
mestres (Assistentes) e 1 Especialista (Auxiliar). Ressalta-se que, entre
os 30 professores assistentes, 17 estão cursando doutorado. Quanto ao
regime de trabalho, 68 possuem regime de dedicação exclusiva e
apenas 1 possui regime de 20 horas. Os docentes estão envolvidos em
atividades de ensino de graduação e de pós-graduação lato e stricto
senso, pesquisa e extensão. Além dos docentes efetivos, no momento a
Unidade conta com 25 professores substitutos. É importante ressaltar a
participação efetiva de docentes de outras Unidades como: Instituto de
Ciências Biológicas (ICB), Instituto de Ciências Exatas (ICEX),
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) e Faculdade de
Educação (FAE), na oferta de disciplinas de graduação.
A Escola de Enfermagem possui um corpo de servidores técnico-
administrativos de 31 funcionários. Nos últimos 5 anos, a EE/UFMG
teve uma redução do corpo técnico-administrativo em função de 5
aposentadorias, 4 transferências sem permuta e 3 demissões
voluntárias. Em contrapartida, a Escola de Enfermagem recebeu 03
funcionários transferidos de outras unidades e 03 funcionários novatos
recém contratados pela Universidade.
A Unidade conta com uma biblioteca instalada no Campus da
Saúde com uma área de 3.182 m 2 , distribuídos em quatro andares, com
acervo de 55.1899 monografias, 2.843 livros, teses, periódicos e
folhetos. As bases de dados desenvolvidas pela Biblioteca do Campus
da Saúde são de caráter referencial e/ou cadastral, disponibilizadas em
Rede Local de Computadores, para utilização das equipes técnicas da
própria biblioteca e demais usuários.
103
13. REFERÊNCIAS
105
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106
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108
14. ANEXOS:
ANEXO 1
O – Disciplina Optativa
21- Os objetivos de cada disciplina optativa, bem como sua relação com as
demais disciplinas do currículo pleno, deverão estar especificados na proposta
curricular.
b- nenhuma disciplina optativa será ministrada para número inferior a cinco alunos
na mesma turma, salvo em casos excepcionais, a juízo dos Colegiados dos
Cursos, e desde que esta medida não implique alocação de novos recursos.
25- A disciplina optativa que não for efetivamente ministrada durante três
semestres consecutivos será excluída do currículo pleno, exceto nos casos
devidamente autorizados pela Câmara de Graduação, mediante justificativa
apresentada pelo respectivo Colegiado de Curso até 60 (sessenta) dias antes do
período fixado para a matrícula.
109
ANEXO 2
RESOLUÇÃO COMPLEMENTAR 01/98
Complementa as Normas Gerais de
Ensino de Graduação da UFMG,
permitindo o início da implantação do
processo de flexibilização dos
currículos de graduação
RESOLVE:
Art. 2o Definir atividade acadêmica como aquela relevante para que o estudante
adquira o saber e as habilidades necessárias à sua formação.
Parágrafo único - Toda atividade acadêmica curricular deverá:
I - ficar sob a responsabilidade de, pelo menos, um professor;
II - ter autorização prévia do Colegiado de Curso;
III - incluir procedimentos de avaliação do rendimento do aluno.
110
Art. 6o Delegar à Câmara de Graduação, por um período de dois anos, a partir da
entrada em vigor desta Resolução, competência para aprovar exceções às
Normas Gerais de Graduação que permitam a flexibilização dos currículos de
Graduação.
Parágrafo único - As propostas de exceções referidas no caput deste artigo
deverão ser encaminhadas à Pró-Reitoria de Graduação devidamente
fundamentadas e aprovadas pela Congregação da respectiva Unidade.
Art. 7o Revogadas as disposições em contrário, a presente Resolução
Complementar entra em vigor a partir da data de sua publicação no Boletim da
UFMG.
Publique-se, registre-se e cumpra-se.
Sala das Sessões, 10 de dezembro de 1998.
Prof.a Ana Lúcia Almeida Gazzola - Vice-Reitora no exercício da Presidência do
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - 10 de dezembro de 1998.
1. Disciplina
Entende-se por disciplina o conjunto de estudos e conteúdos teóricos ou práticos,
definidos em programa correspondente ao estabelecido pela ementa, com carga
horária e créditos pré-fixados, desenvolvido predominantemente pelo docente, de
forma presencial ou a distância.
2. Seminário
Entende-se por seminário o conjunto de estudos e conteúdos teóricos ou práticos,
definidos em programa correspondente ao estabelecido pela ementa, com carga
horária e créditos pré-fixados, desenvolvido predominantemente pelos (as)
alunos(as).
3. Participação em eventos
Entende-se por participação em eventos atividades que incluam o envolvimento do
aluno em eventos dos seguintes tipos:
. congressos;
. seminários;
. colóquios;
. simpósios;
. encontros;
. festivais;
. palestras;
. exposições;
. cursos de curta duração.
Algumas formas de avaliação que a Câmara de Graduação considera como
válidas para esse tipo de atividade acadêmica são: publicações, relatórios e
seminários.
111
4. Discussão temática
Entende-se por discussão temática a exposição programada pelo professor e
realizada pelos alunos, cujos objetivos sejam o desenvolvimento de habilidades
específicas e o aprofundamento de novas abordagens temáticas.
7. Estágio curricular
Entende-se por estágio curricular qualquer atividade que propicie ao aluno adquirir
experiência profissional específica e que contribua, de forma eficaz, para a sua
absorção pelo mercado de trabalho. Enquadram-se nesse tipo de atividade as
experiências de convivência em ambiente de trabalho, o cumprimento de tarefas
com prazos estabelecidos, o trabalho em ambiente hierarquizado e com
componentes cooperativistas ou corporativistas, etc. O objetivo é proporcionar ao
aluno a oportunidade de aplicar seus conhecimentos acadêmicos em situações da
prática profissional clássica, possibilitando-lhe o exercício de atitudes em
situações vivenciadas e a aquisição de uma visão crítica de sua área de atuação
profissional. A avaliação é feita a partir de conceitos e observações estabelecidos
pelas fontes geradoras do estágio, em consonância com os parâmetros
estabelecidos em conjunto com docentes da UFMG. O estágio curricular, quando
envolver entidade externa à UFMG, deve se realizar num sistema de parceria
institucional, mediante credenciamentos periódicos.
113