1) O documento discute como a literatura pode representar corpos dissidentes que não se encaixam nos padrões heteronormativos de gênero e sexualidade.
2) A literatura pode dar visibilidade a esses corpos marginalizados e contar suas histórias de uma forma que promova a igualdade e os direitos dessas pessoas.
3) O simpósio convida pesquisadores a explorar como a literatura representa e movimenta esses corpos dissidentes para eliminar sua invisibilização e marginalização na sociedade.
1) O documento discute como a literatura pode representar corpos dissidentes que não se encaixam nos padrões heteronormativos de gênero e sexualidade.
2) A literatura pode dar visibilidade a esses corpos marginalizados e contar suas histórias de uma forma que promova a igualdade e os direitos dessas pessoas.
3) O simpósio convida pesquisadores a explorar como a literatura representa e movimenta esses corpos dissidentes para eliminar sua invisibilização e marginalização na sociedade.
1) O documento discute como a literatura pode representar corpos dissidentes que não se encaixam nos padrões heteronormativos de gênero e sexualidade.
2) A literatura pode dar visibilidade a esses corpos marginalizados e contar suas histórias de uma forma que promova a igualdade e os direitos dessas pessoas.
3) O simpósio convida pesquisadores a explorar como a literatura representa e movimenta esses corpos dissidentes para eliminar sua invisibilização e marginalização na sociedade.
31 - GENDER STUDIES: A CIRCULAÇÃO, AS TRAMAS E OS SENTIDOS DOS
CORPOS NO TEXTO LITERÁRIO Coordenação: Cláudia Maria Ceneviva Nigro
(UNESP); Flávio Adriano Nantes (UFMS) Resumo: Pensar que os sentidos empreendidos na cultura para um determinado comportamento estão perpassados pela heteronormalização e heteronormatização implica afirmar que ainda há corpos que não podem circular democraticamente em todos os espaços, sejam eles público ou privado. Esses corpos (aqui tomados como dissidentes) que não se enquadram àquele conjunto de normas, a hétero, são alocados às margens sociais, invisibilizados, silenciados, ou seja, há uma política corpórea empreendida por diversos setores que visa à inexistência de um grupo de pessoas, mais especificamente o LGBTQIA+ e acrescentamos, também, o corpo da mulher não trans. Jacques Derrida (1995), no ensaio “Paixões” afirmou que a literatura tem o direito de dizer tudo; estamos de acordo com a proposição do filósofo franco-argelino, e acrescentamos: o texto literário pode dizer inclusive a verdade – uma verdade acerca de determinados corpos que, por razões de uma ditadura compulsoriamente heteronormativa no interior de diversas sociedades ao redor do mundo, sofrem assédios, injúrias e às vezes a eliminação letal do corpo. A literatura, nesse sentido, a partir de um projeto est(ético) empreende ao leitor/espectador novos saberes sobre mulheres e a população LGBTQIA+, desterritorializando esses sujeitos da invisibilidade, do anonimato, da inexistência. Esses novos saberes ofertados pela literatura pode dar a conhecer o outro, o diferente, o corpo que não aceitou a imposição social heteronormativa e subverteu a linearidade sexo- gênero-orientação; esse conhecimento sobre o outro gera, ademais, o sentimento outridade. A literatura, embora não tenha nenhuma responsabilidade com a ética, a moral, a religião, os engendramentos do Estado-nação, etc., em muitos caos, se arvora a falar desses sujeitos tratados aqui: o que fazem, como é sua vida, quais são seus desejos, o que esperam da sociedade. O discurso literário, assemelhando-se à função de algumas instituições que visam à proteção das minorias sexuais, coloca esses corpos em evidência, em visibilidade, em debate. Judith Butler (2016) nos faz saber: “Minha perspectiva é de que a vida é certamente mais vivível quando nós não estamos confinadas, enquanto pessoas, a categorias que não funcionam para nós. A tarefa do feminismo, a tarefa da teoria e do ativismo queer, a tarefa da teoria e do ativismo trans, é seguramente a de fazer com que respirar seja mais fácil, com que andar pelas ruas seja mais fácil, com que encontrar uma vida vivível seja mais fácil, obter reconhecimento, quando necessitamos tê-lo, uma vida que possamos afirmar com prazer e alegria, mesmo em meio a dificuldades”. A literatura, voltando a Derrida, detém um sem-número de conteúdos à disposição do leitor, e em conluio com alguns organismos do governo ou não, com outras áreas do saber, pode disseminar conhecimentos acerca de vidas dissidentes que estão em condições precárias, sob ameaças, injúrias, assédios. Há sujeitos que vivem na iminência da eliminação letal de seu corpo, estão desprotegidos, não podem vivenciar de maneira aberta o sexo, o gênero, a sexualidade e quando o fazem passam por uma série de sanções, isto é, pagam um preço alto por ser quem são. O discurso literário, de acordo com nosso pensamento, provoca uma espécie de denúncia, evoca esses sujeitos da dissidência a falar, dizer sua história, chorar suas dores, exigir direitos sexuais, igualdade de gênero, se mover de forma democrática nos espaços público e privado. Existe um discurso falacioso de que mulheres e a população LGBTQIA+, ao solicitarem ações e políticas protetivas, estão mais no campo da vitimização que da violência. Há quem diga – sujeitos, máquina governamental, instituições religiosas, etc., etc. – que essa violência já não existe mais, foi extirpada. Sabemos que esse discurso é mentiroso, perigoso e tendencioso, pois se assim não fosse, o Brasil não seria o país que mais mata pessoas trans no mundo e nem estaria em 1º lugar do ranking internacional em assassinatos de militantes que lidam com diferentes minorias corpóreas. Convocamos para esse Simpósio pesquisadores que tratem de pensar como esses corpos são apresentados, construídos, postos em movimentação por intermédio da literatura e como o discurso literário pode colocá-los em evidência, eliminando a invisibilidade, a inexistência, a marginalização, e indicando caminhos para que essas vidas deixem de ser dissidentes e passem a ser vivíveis, respiráveis. REFERÊNCIAS ADICHE, Chimamanda. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. BUTLER, Judith. “Corpos que ainda importam”. In: COLLING, Leandro. Dissidências sexuais e de gênero. Salvador: EDUFBA, 2016, p. 19- 42 BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015. BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015. DERRIDA, Jacques. Paixões. Campinas/ SP: Papirus, 1995. LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.