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LITERATURA

PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR

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detentor dos direitos autorais.

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —


Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer

Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagógico

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Pré-modernismo
que vai de 1894 a 1930, em grande parte será domi-
nado política e economicamente pelas oligarquias
rurais paulista e mineira, tendo a primeira como
base econômica a produção de café e a segunda a
criação do gado de corte e a produção de leite. Daí a
O Pré-Modernismo compreende um conjunto denominação de “política do café-com-leite”, fazendo
de obras (de diversas características diferentes) referência à influência das duas forças hegemônicas
que não podem mais ser inseridas nas estéticas do brasileiras da época.
século XIX, (como, por exemplo, Realismo, Parnasia- Presencia-se nessa fase um surto urbanístico em
nismo e Simbolismo), mas que também não podem nosso país, o crescimento industrial e o consequente
ser classificadas como modernistas por ainda pos- aumento da classe média com ideais reformistas
suírem resquícios das estéticas citadas. Por isso, o acompanhada por jovens militares que seguiam os
Pré-Modernismo não pode ser classificado como uma preceitos positivistas. Além disso, observa-se a imi-
corrente estética. gração intensificar-se (principalmente a imigração
O Pré-Modernismo engloba as obras que têm italiana nas regiões sul e sudeste).
algo de tradição e algo de ruptura com a tradição. Interessante é que nas primeiras décadas do
Observamos criações híbridas, representativas de novo século que nascia houve no Brasil diversas
uma fase de transição na Literatura brasileira que revoltas sociais, estabelecendo um conflito entre
irá desaguar no Modernismo. as forças conservadoras e as novas forças sociais.
É por esse hibridismo literário que até hoje esse Nos últimos anos do século XIX, temos a Guerra de
período não recebeu um nome específico, tomando Canudos, eternizada nas páginas de Os Sertões, de
emprestado da fase literária posterior – o Modernis- Euclides da Cunha; em 1904 acontece à revolta contra
mo – o nome, acrescentando-se o prefixo de ante- a vacinação obrigatória, idealizada por Oswaldo Cruz
rioridade “pré” para indicar seu caráter ­precursor. (na verdade, uma camuflagem para a reivindicação
Percebe-se, então, que os escritores dessa fase não de melhorias sociais); e em 1910, ocorre a Revolta da
são modernos, porém promovem o rompimento com Chibata, os marinheiros lutavam contra a punição
o tradicional. Tal classificação foi definida pelo crítico com castigos corporais (chibatadas) a que eram
Alceu Amoroso Lima, na década de 1950. submetidos.
Os escritores dessa época vão se aproveitar das
Contexto histórico contradições dessa época em suas obras.

No quadro mundial, temos um clima tenso des-


de o início do neocolonialismo (a disputa de países
Características
europeus por regiões da África e da Ásia). O ponto
culminante desse período será a Primeira Guerra
Mundial. No campo artístico, teremos o surgimento
Mescla de estilos
de diversas vanguardas artísticas, que irão buscar
Observa-se nas obras pré-modernistas res-
novas interpretações sobre a realidade.
quícios culturais do século XIX mesclados com as
No Brasil, temos em 1894, com a posse do novas formas de expressão artísticas do século XX.
Prudente de Moraes – primeiro presidente civil do É transmitida à Literatura a passagem do antigo
nosso país –, a transição da República da Espada imobilismo social para a modernização, símbolo de
(representada pelos marechais Deodoro da Fonseca e
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mobilidade.
Floriano Peixoto) para a República Velha. Tal período,

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Denúncia social de renome na época, foi o único a apoiar a Semana de
Arte Moderna. Proferiu, na primeira noite da Semana,
A maioria das obras do Pré-Modernismo a conferência A Função Estética da Arte Moderna,
apresentam em seu cerne a denúncia da realidade porém demonstrou muito mais uma empolgação
brasileira. As diferenças sociais, o preconceito, o pelos ideais da arte moderna do que propriamente
esquecimento de parte da população, a centraliza- um conhecimento, uma ideia clara do que fosse
ção do poder, a intransigência dos governantes são arte moderna. Faleceu em 1931, na cidade do Rio
revelados sem medo algum. Euclides da Cunha e de Janeiro.
Lima Barreto são exemplos de escritores que, em Suas principais obras são: Canaã (1902) e A
suas obras, revelaram a situação brasileira, e a partir Estética da Vida (1921).
daí construíram sua crítica em relação à sociedade
de sua época. Canaã
O regional Falar sobre a obra de Graça Aranha é falar sobre
Canaã, sua principal criação, classificada como um
Evidencia-se nas obras dessa época, a preo- romance ensaio ou romance de tese. Isso se deve
cupação em definir-se muito bem a região em que aos seguintes fatos:
acontece cada história, tendo como consequência o
•• 1.º os ideais contidos no romance são mais
surgimento de um grande painel do Brasil através
importantes, mais relevantes do que o
de suas diversas regiões. Monteiro Lobato situará
enredo desenvolvido.
suas principais obras na região do Vale da Paraíba;
Euclides, no sertão baiano; Graça Aranha, no Espírito •• 2.º é considerado romance por concentrar
Santo; e Lima Barreto, no Rio de Janeiro. as características convencionais da nar-
rativa longa.
Ficção e realidade •• 3.º há o constante debate de ideias.

Vemos nesse período obras que abordam os fa- O que se observa em Canaã é a confrontação
tos políticos, econômicos e sociais do Brasil. A ficção de posturas tomadas diante de três temas: as teorias
e a realidade se aproximam. Como consequência, acerca do atraso social brasileiro; o papel da imigra-
temos a partir das obras Pré-Modernismo, a “desco- ção; a busca de um sentido para a existência.
berta do verdadeiro Brasil”.
Tais discussões são personificadas nas figuras
dos imigrantes alemães Milkau e Lentz, recém-che-
Autores e obras gados ao interior do estado do Espírito Santo, onde
iriam se fixar e começar uma nova vida. Cada um re-
Os principais autores dessa fase são: Graça presenta uma visão dos imigrantes sobre o Brasil.
Aranha, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Milkau prega que o imigrante deve integrar-se à
Lobato, na prosa, e Augusto dos Anjos, na poesia. realidade brasileira tanto de uma perspectiva social
quanto, até mesmo, racial, numa espécie de sonho de
Graça Aranha democracia étnica (Sergius Gonzaga). Percebe-se no
personagem Milkau um tênue socialismo cristão, no
José Pereira da Graça qual vemos a pregação do amor, da solidariedade e
da piedade para com o próximo, isto é, o brasileiro.
Domínio público.

Aranha nasceu em 1868, no


Maranhão. Cursou Direito no O Brasil seria, então, para o alemão Milkau, a
Recife. Após formado, tra- terra prometida, Canaã.
balhou como magistrado no Por outro lado, Lentz representa as ideias colo-
interior do Espírito Santo (de nialistas. Acredita na superioridade da raça ariana e
onde retira as fontes para a vê na mistura de raças, na mestiçagem, um sinônimo
criação de Canaã). Em con- de atraso. Considerava a população um conjunto de
sequência da consagração pessoas inferiores e incapazes, sendo a única possi-
atingida devido ao sucesso de bilidade de progresso do país entregar-se nas mãos
Canaã, torna-se um imortal da Academia Brasileira dos imigrantes alemães.
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de Letras, rompendo com a mesma em 1924, devido Ao fim da obra, Lentz acaba aderindo às ideias
a seus ideiais modernistas. De todos os intelectuais de Milkau.
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Esse final de Canaã revela uma visão otimista Euclides da Cunha acompanhou a quarta e
do autor em relação ao futuro brasileiro, tendo como última expedição das forças Armadas contra o ar-
grande mote a importância da imigração para o raial de Canudos. O escritor, na função de repórter,
país. chega ao local de batalha como ferrenho apoiador do
governo, porém ao vislumbrar tamanha tragédia e
disparidade de forças que aconteciam naquele local
Euclides da Cunha muda sua perspectiva e vê naquela guerra o símbolo
do abandono do homem do sertão.
Euclides Rodrigues Pi-
menta da Cunha nasceu em Observa-se em Os Sertões a denúncia de um
Domínio público.

1866, em Cantagalo, no Estado crime à nação (Massaud Moisés).


do Rio de Janeiro. Torna-se Para escrever essa obra, Euclides baseou-se nas
órfão de mãe prematuramente, ciências da época, todas com uma perspectiva colo-
aos três anos de idade. Tempos nialista (teorias provindas da Europa) e positivista.
depois é matriculado na Escola Seguindo esses preceitos técnicos, divide Os Sertões
Politécnica do Rio, sendo trans- entre três partes muito bem definidas. São elas: A
ferido depois para a Escola Terra, O Homem, A Luta.
Militar, devido a problemas fi-
A Terra
nanceiros de seu pai. Em 1888,
é expulso da Escola Militar por desacatar o ministro Em A Terra, temos o estudo geográfico da região
da Guerra do Império. Forma-se em Engenharia Civil de Canudos, ou seja, do sertão, baseado nas teorias
e após a Proclamação da República é reintegrado às científicas do final do século XIX.
Forças Armadas. Aos trinta anos, reforma-se volun- O meio opressivo é descrito em todos seus
tariamente no posto de capitão. detalhes e acaba por se tornar um dos elementos
Em 1897, torna-se correspondente da guerra de intensificadores da dramaticidade da obra. É mos-
Canudos, no Estado da Bahia, do jornal O Estado de trada uma paisagem uniforme, seca, com vegetação
São Paulo. Presencia os horrores finais da contenda rala e pobre. Esse meio é um dos determinantes do
entre os seguidores de Antônio Conselheiro e as comportamento do sertanejo.
Forças Armadas, vindo a produzir nos quatro anos O Homem
seguintes e publicar em 1902, Os Sertões. Após a
publicação dessa obra, torna-se ainda mais res- Em O Homem, observamos questões sobre a
peitado nos meios intelectuais, entra na Academia mestiçagem e etnia do sertanejo. Euclides vê na
Brasileira de Letras e para o Instituto Histórico e mistura de raças um mal. Tal mescla resultaria em
Geográfico. É convidado por Rio Branco a integrar- seres bestiais, voltados à violência, ao desequilíbrio.
se ao Itamarati. A miscigenação seria uma involução da espécie. Leia
este trecho:
Em 1909, foi assassinado ao tentar lavar sua
honra em confronto com o tenente Dilermano Reis.
Euclides já desconfiava que sua esposa o traía com De sorte que o mestiço – traço de união entre
esse militar e quando ela deu à luz a um filho de ca- as raças – é quase sempre um desequilibrado(...).
belos loiros e olhos azuis confirmou suas suspeitas. E o mestiço – mulato, mameluco ou cafuzo – ,
Suas principais obras são: Os Sertões (1902); menos que um intermediário, é um decaído, sem
Contrastes e Confrontos (1907); e À Margem da His- a energia física dos ascendentes selvagens, sem
tória (1909). a atitude intelectual dos ancestrais superiores.

Os Sertões
Porém, nessa parte da obra encontramos a
Em 1898, quando pediu baixa das forças arma- grande polêmica de Os Sertões, revelada a partir de
das, passou a viver como engenheiro e jornalista e uma contradição: quando há análises embasadas
acompanhou, na função de repórter correspondente, nas teorias científicas colonialistas do século XIX,
a fase final da Campanha de Canudos (começada Euclides cai em erro, contudo quando faz suas ob-
em 1897). servações pessoais acerca do assunto tratado faz
A partir das reportagens feitas sobre Canudos grande literatura, o que faz de Os Sertões uma das
é que teremos a base da narrativa que constitui Os obras mais importante não só da Literatura Brasileira,
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Sertões (escrito entre 1898 e 1901). mas também da cultura do Brasil.

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A Luta

Domínio público.
A Luta é o momento mais dramático da obra
e também o de maior relevância dentro de Os Ser-
tões.
Para escrevê-la, Euclides da Cunha contou com
­algumas fontes além da ida à última expedição como
a leitura de textos sobre o acontecimento e entrevis-
tas com participantes da guerra.
Nesta parte, observamos o grande erro come-
tido pelo governo ao mandar tropas para acabarem
com o arraial. Desvela-se, em A Luta, a extrema
violência das forças armadas e também sua difi-
culdade de ação devido ao meio natural hostil em Os prisioneiros de Canudos.
que se encontravam, sendo aliado do sertanejo, já

Domínio público.
adaptado à natureza que o cercava. Nenhum método
tradicional de batalha era eficaz naquele local onde
os “Hércules-Quasímodos” tinham o pleno domínio
do ambiente. Porém, o conhecimento da região não
bastava; os soldados das forças republicanas pos-
suíam pesadíssimo armamento contra os quais os
sertanejos não tinham chances.
Desde o início da guerra já era conhecido o lado
derrotado, entretanto esses bravos lutaram até seu
último homem cair, nunca se entregaram ao inimigo,
que punia-os implacavelmente com a degola. Ao final Corpo de Antônio Conselheiro, chefe místico de Canudos, 13
da contenda, os sobreviventes (pouquíssimos) de dias após o sepultamento.
Canudos eram apenas idosos, mulheres e crianças.
Leia um dos trechos mais tristes e dramáticos de A
Luta. Aspectos formais
Os novos combatentes imaginaram-na [a A obra Os Sertões é simultaneamente ensaio,
guerra] extinta antes de chegarem a Canudos. relato histórico, reportagem e ficção.
Tudo o indicava. Por fim os próprios prisioneiros Apresenta uma linguagem ornamentada, utili-
que chegavam e eram, no fim de tantos meses zando-se de palavras arcaicas, antíteses, hipérbatos
de guerra, os primeiros que apareciam. Notou-se (inversão frasal) e paradoxos. Pode-se afirmar, então,
apenas, sem que se explicasse a singularidade, que no tocante à linguagem, a obra de Euclides apre-
que entre eles não surgia um único homem feito. senta um estilo barroco.
Os vencidos, varonilmente ladeados de escoltas,
eram fragílimos: meia dúzia de mulheres tendo
ao colo crianças engelhadas como fetos, seguidas
Lima Barreto
dos filhos maiores, de seis a dez anos (...)
Afonso Henrique de Lima
Domínio público.

Um dos pequenos – franzino e cambalean- ­ arreto nasceu no ano de 1881,


B
te – trazia à cabeça, ocultando-a inteiramente no Rio de Janeiro. Filho de uma
porque descia até os ombros, um velho quepe professora primária e um operário
reúno, apanhado no caminho. O quepe, largo e torna-se órfão de mãe precoce-
grande demais, oscilava grotescamente a cada mente. Em 1902, abandona a
passo sobre o busto esmirrado que ele encobria Escola Politécnica onde cursava
por um terço. E alguns espectadores tiveram a engenharia para empregar-se
coragem singular de rir. A criança alçou o rosto, na Diretoria do Expediente da
procurando vê-los. O riso extinguiu-se: a boca era Secretaria da Guerra com o fim
uma chaga aberta de lado a lado por um tiro. de sustentar seu pai que havia
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enlouquecido e sido internado na Colônia dos Alie-


nados. Foi nesse período que Lima Barreto começou

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a escrever em diversos jornais do Rio, publicando Triste Fim de Policarpo Quaresma
crônicas e contos. Levando uma vida de dificuldades
Obra-prima de Lima Barreto, Triste fim de Poli-
e preconceito racial, além de sofrer de alcoolismo,
carpo Quaresma conta a história do funcionário públi-
acaba tendo profundas crises depressivas, sendo
co aposentado Policarpo Quaresma em sua luta pela
internado duas vezes no Hospício Nacional. Morreu
“salvação do Brasil”. Para tanto, propõe ao governo a
em 1922, aos 41 anos, de um colapso cardíaco, em
instituição do tupi-guarani como idioma oficial brasi-
­plena miséria e esquecimento. Sua obra viria a ser
leiro; além disso alimenta-se unicamente de comidas
redescoberta somente na década de 1970.
brasileiras, cumprimenta as pessoas chorando, como
As principais obras de Lima Barreto são: Re- um legítimo índio goitacaz, e faz pesquisas que re-
cordações do Escrivão Isaías Caminha (1909); Triste sultam em fracasso sobre o nosso folclore.
Fim de Policarpo Quaresma (1911); Vida e Morte de
A obra é narrada em terceira pessoa (narrador
M. J. Gonzaga (1919); Os Bruzundangas (1923); Clara
onisciente), sendo dividida em três partes. Cada uma
dos Anjos (1924); Cemitério dos Vivos (1957 – edição
dessas partes centra-se em um local.
póstuma).
A primeira acontece no subúrbio carioca, onde
Policarpo lutará pela cultura genuinamente brasileira
Características e acabará sendo desconsiderado pelos outros, sendo
internado num hospício.
A literatura produzida por Lima Barreto destaca-
se por estar desligada dos padrões literários que A segunda parte é o momento em que Quares-
vigoravam em sua época. ma sai da casa de alienados e decide ir viver na roça,
pois tinha a convicção de que, “em se plantando tudo
Um dos aspectos que o diferencia é a preferência
dá” nas mais férteis terras do mundo (as do Brasil).
por personagens representantes das classes mais
Porém, acaba também fracassando e vendo que a re-
baixas da sociedade carioca, a “gente humilde” dos
alidade não era como pensava: além da esterelidade
subúrbios da então capital federal. Temos tocado-
da terra, percebe a má distribuição da mesma.
res de violão (espécies de malandros), funcionários
públicos, jornalistas pobres etc. Aos poderosos (re- A terceira parte é o momento em que abandona
presentadas algumas vezes por figuras históricas), a agricultura para alistar-se nas tropas pró-Floriano.
burgueses, intelectuais reserva a caricatura, no A causa era a Revolta da Armada (1893). Ao final
intento de ridicularizá-los. da revolta, Floriano persegue impiedosamente seus
inimigos, prendendo-os e fuzilando-os. Policarpo es-
Um dos traços mais marcantes de sua obra é
tarrecido com o que o estadista que admirava estava
a aproximação do que é ficcional com o que é real,
fazendo dirige-lhe uma carta fazendo duras críticas,
percebemos que o autor dá uma atenção especial
por esse motivo acaba sendo preso e condenado à
aos fatos históricos e costumes sociais da época.
morte.
Temos em Lima Barreto um cronista dos costumes
da sociedade no início do século XX. Essa obra pode ser classificada como um ro-
mance social que estabelece a seguinte questão:
Quanto à linguagem, percebemos um estilo
até onde vão os limites de uma ideologia? A partir
despreocupado e simples, de ritmo fluente e tom
do fanatismo, da xenofobia de Policarpo Quaresma
coloquial, aproximando-se muito do estilo que seria
(anti-herói), Lima Barreto fará uma severa crítica
usado pelos modernistas de 1922.
ao patriotismo exacerbado e à sangrenta revolução
Florianista.
Obras Observa-se em Triste fim de Policarpo Quares-
ma, a luta entre o ideal e o real, sendo este segundo
Recordações do Escrivão Isaías Caminha o que vence a batalha. O resultado é a melancolia,
Narrado em primeira pessoa, Recordações do a decepção e a desilusão de Policarpo Quaresma,
Escrivão Isaías Caminha conta a história do jovem agora consciente da realidade brasileira e da inuti-
Isaías (filho de uma ex-escrava e de um padre) lidade de seus esforços para tentar fazer um Brasil
que vem do interior tentar a vida na capital. Aos mais brasileiro.
poucos, vai perdendo suas ilusões, ascende porém
socialmente por influência de seu “protetor” Ricardo Iria morrer, quem sabe se naquela noite
Loberant, dono do jornal onde trabalhava. Acaba mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada.
abrindo no interior um cartório onde passará o resto Levara toda ela atrás da miragem de estudar a
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de sua vida, vitorioso economicamente e derrotado pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de
no plano ideológico. contribuir para a sua felicidade e prosperidade.
Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade
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José Bento Monteiro Lobato nasceu no ano de
também; e, agora que estava na velhice, como ela
1882, em Taubaté (estado de São Paulo). Formou-se
o recompensava, como ela o premiava, como ela
na Academia de Direito de São Paulo. Tornou-se
o condecorava? Matando-o. E o que não deixara
promotor e vai exercer a função na cidade de Areias,
de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não
região do Vale da Paraíba. No ano de 1911, herdou a
brincara, não pandegara, não amara – todo esse
fazenda de seu avô, mas não soube administrá-la. Em
lado da existência que parece fugir um pouco
1917, publicou o polêmico e célebre artigo Paranoia
à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não
ou Mistificação, contra a exposição de Anita Malfatti,
provara, ele não experimentara.
demonstrando completo desconhecimento sobre a
Desde dezoito anos que o tal patriotismo arte moderna. Entre 1927 e 1931, viveu nos Estados
lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar Unidos como adido comercial. Volta entusiasmado
inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram com a extração mineral que lá era feita, vendo o gran-
grandes? Pois que fossem... Em que lhe contri- de fator do desenvolvimento daquele país. Em 1931,
buiria para a felicidade saber o nome dos heróis fundou a Companhia de Petróleo do Brasil, que acaba
do Brasil? Em nada... O importante é que ele falindo. Fundou a Editora Monteiro Lobato e Cia. e,
tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas em 1944, a Editora Nacional. Faleceu em 1948.
coisas de tupi, do folk-lore, das suas tentativas Suas principais obras na literatura “geral” (ter-
agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma mo utilizado pelo próprio autor) são: Urupês (contos,
satisfação? Nenhuma! Nenhuma! 1918); Cidades Mortas (contos, 1919); Negrinha (con-
tos, 1920). Na literatura infanto-juvenil: Reinações de
O tupi encontrou a incredulidade geral, o Narizinho (1931); Viagem ao Céu (1932); As Caçadas
riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma de Pedrinho (1933); Geografia de Dona Benta (1935);
decepção. E a agricultura? Nada. As terras não Histórias de Tia Nastácia (1937).
eram ferazes e ela não era fácil como diziam os
livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotis-
mo se fizera combatente, o que achara? Decep- Características e obras
ções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois
ele não a viu combater como feras? Pois não a via A inovação na literatura “geral” de Monteiro
matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. Lobato encontra-se tão-somente na temática: a
A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, decadência das cidadezinhas da antiga região cafei-
um encadeamento de decepções. cultora do Vale da Paraíba que aos poucos vai sendo
abandonada por todos, restando apenas o caboclo;
Contudo, quem sabe se outros que lhe se- tal assunto é tratado na obra Cidades Mortas.
guissem as pegadas não seriam mais felizes? E Outro fator importante na obra de Monteiro
logo respondeu a si mesmo: mas como? Se não se Lobato é a análise do tipo humano característico
fizera comunicar, se nada dissera e não prendera da região, representado na figura de Jeca Tatu.
o seu sonho, dando-lhe corpo e substância? Este é visto primeiramente como um preguiçoso e
indolente; porém, depois toma consciência de que o
comportamento do caboclo deve-se à subnutrição,
Monteiro Lobato marginalização e esquecimento do povo do interior;
encontramos essa análise na obra Urupês.
Domínio público.

Quanto à técnica narrativa e à linguagem,


mantém-se a tradição realista do conto de final ines-
perado, mais especificamente seguindo os passos do
escritor francês Guy de Maupassant.
Monteiro Lobato é o criador da literatura infan-
to-juvenil brasileira. A característica fundamental de
sua obra voltada a esse público específico é a mescla
de três aspectos: a realidade, a fantasia e o universo
cultural infantil brasileiro (paisagens brasileiras onde
se encontravam, por exemplo, a mula-sem-cabeça
e o saci-pererê). Monteiro Lobato é o responsável
pela “nacionalização do imaginário infantil” (Sergius
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Gonzaga). Utiliza-se de uma linguagem coloquial e


acessível e não apresenta o moralismo da literatura
infanto-juvenil tradicional da época provinda da
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Europa (porém, é importante salientar que não está
Mora, entre feras, sente inevitável
totalmente liberta do moralismo).
Necessidade de também ser fera.

Augusto dos Anjos Toma um fósforo. Acende teu cigarro!


O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu
no ano de 1884, no interior da Paraíba. Formou-se A mão que afaga é a mesma que apedreja.
na Faculdade de Direito do Recife. Trabalhou como
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
professor algum tempo na Paraíba.Tempos depois,
casou-se e foi para o Rio de Janeiro, onde formou Apedreja essa mão vil que te afaga,
família. Em 1914, mudou-se para Leopoldina, Minas Escarra nessa boca que te beija!
Gerais, morrendo nesse mesmo ano.
Sua única obra é o livro de poemas Eu (1912). Budismo moderno

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte


Temas e características Minha singularíssima pessoa.
Os poemas de Augusto dos Anjos podem Que importa a mim que a bicharia roa
ser classificados como poesia científico-filosófica- Todo o meu coração, depois da morte?!
pessimista.
O cientificismo revela-se pela utilização de Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
termos científicos, estranhos, até então, na poesia Também, das diatomáceas da lagoa
brasileira. Esse é um dos traços que tornam a poe- A criptógama cápsula se esbroa
sia de Augusto dos Anjos uma arte de ruptura com
Ao contato de bronca destra forte!
o passado.
As questões metafísicas, a tendência simbolista Dissolva-se, portanto, minha vida
e uma ânsia pelo cósmico revelam a face filosófico-
Igualmente a uma célula caída
meditativa dos seus versos.
Na aberração de um óvulo infecundo;
No niilismo – princípio filosófico através do
qual a negação é o grau máximo da sabedoria – en- Mas o agregado abstrato das saudades
contramos o traço pessimista na poesia de Augusto Fique batendo nas perpétuas grades
dos Anjos. Do último verso que eu fizer no mundo!
Quanto aos aspectos formais de sua obra temos
a frequente utilização do soneto em decassílabos Psicologia de um vencido
e rima. Além disso, encontramos algumas figuras
de linguagem muito recorrentes em sua obra como Eu, filho do carbono e do amoníaco,
hipérbole, o paroxismo (exaltação máxima de uma Monstro de escuridão e rutilância,
sensação ou sentimento) e a hipérbole. Antecipou Sofro, desde a epigênesis da infância,
também alguns procedimentos vanguardistas como
A influência má dos signos do zodíaco.
coloquialismos e linguagem agressiva, carregada de
termos científicos.
Profundissimamente hipocondríaco,
Vejamos agora alguns de seus poemas mais
Este ambiente me causa repugnância...
conhecidos.
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Versos Íntimos Que se escapa da boca de um cardíaco.

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Já o verme – este operário das ruínas –


Enterro de tua última quimera.  Que o sangue podre das carnificinas
Somente a Ingratidão – esta pantera – Come, e à vida em geral declara guerra,
Foi tua companheira inseparável!
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
Acostuma-te à lama que te espera! E há-de deixar-me apenas os cabelos,
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O Homem, que, nesta terra miserável, Na frialdade inorgânica da terra!

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b) mostre, com base no texto, que os fundamentos da
consciência ecológica, hoje em dia bastante dis-
seminados no mundo, já se encontram presentes
nesse trecho de Canaã.
As questões seguintes se baseiam no trecho do romance
Canaã, do escritor maranhense Graça Aranha (José `` Solução:
Pereira da Graça Aranha, 1868-1931).
“O agrimensor olhou a árvore. a) Os dois imigrantes, Milkau e Lentz, são os perso-
nagens que defendem concepções de vida e de
– Faz pena – disse compassivo – botar tudo isso
mundo de modo diferentes: Lentz preconiza a “lei
abaixo.
da força”, com princípios voltados ao Darwinismo.
– Eu, por mim – acudiu Milkau, levado pelo mesmo Já para Milkau, a “lei do amor” deve prevalecer, é
sentimento –, preferiria um lote onde não fosse preciso idealista e acredita na relação harmônica entre o
esse sacrifício. homem e a natureza.
– Não há nenhum – respondeu Felicíssimo.
b) Um dos fundamentos da consciência ecológica
– O homem – notou Lentz a sorrir com ar de triunfo está no respeito à preservação do meio ambiente.
– há de sempre destruir a vida para criar a vida. E Comprova-se tal fato no diálogo inicial: “Faz pena
depois, que alma tem esta árvore? E que tivesse... Nós (...) botar tudo isso abaixo”/ “...prefiria um lote onde
a eliminaríamos para nos expandirmos. não fosse preciso esse sacrifício.”
E Milkau disse com a calma da resignação:
– Compreendo bem que é ainda a nossa contingência
essa necessidade de ferir a Terra, de arrancar do seu
seio pela força e pela violência a nossa alimentação;
mas virá o dia em que o homem, adaptando-se ao
meio cósmico por uma extraordinária longevidade da
espécie, receberá a força orgânica da sua própria e 2. (Elite) Leia o excerto a seguir.
pacífica harmonia com o ambiente, como sucede com “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o
os vegetais; e então dispensará para subsistir o sacrifício raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do
dos animais e das plantas. Por ora nos conformaremos litoral.
com este momento de transição... Sinto dolorosamente
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista,
que, atacando a Terra, ofendo a fonte da nossa própria
vida, e firo menos o que há de material nela do que o revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o
seu prestígio religioso e imortal na alma humana... desempeno, a estrutura corretíssima das organizações
atléticas.
Enquanto os outros assim discursavam, Felicíssimo, no
seu amor ingênuo à Natureza, mirava as velhas árvores, É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-
e com a mão meiga festejava-lhes os troncos, como Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos
os últimos afagos dados às vítimas do momento do fracos. O andar sem firmeza, sem prumo, quase
sacrifício. Dentro da mata penetrava o vento da manhã gigante e sinuoso, aparenta a translação dos membros
e nas folhas passava brandamente, levantando um desarticulados.
murmúrio baixo, humilde, que se escapava de todas as [...]
árvores, como as queixas surdas dos moribundos.” É o homem permanentemente fatigado.
[...]
(in: ARANHA, Graça. Obra Completa. Rio de Janeiro: MEC-Instituto
Nacional do Livro, 1969. p.106-107.) Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.
Nada é mais surpreendedor do que vê-lo desaparecer
1. (Unesp) No romance Canaã, publicado em 1902, de improviso. Naquela organização combalida
defrontamo-nos com duas personagens de tempe- operam-se, em segundos, transmutações completas.
ramentos bastante fortes, Lentz e Milkau, imigrantes Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-
alemães cujas concepções do homem e do mundo são lhe o desencadear das energias adormecidas. O
opostas. Verifique com atenção a participação dessas homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando
duas personagens no trecho de Graça Aranha e, em novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto;
seguida: e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros
possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte;
a) sintetize, com suas próprias palavras, os dois tipos
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e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa


de “homem”, ou seja, de comportamento do ho-
instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual
mem no mundo, defendidos, respectivamente, por
Lentz e por Milkau;
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3. (Fuvest) No capítulo “O Boqueirão”, de Triste fim de
dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro,
Policarpo Quaresma, a personagem principal vive uma
reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de
experiência decisiva, que faz mudar radicalmente seu
um titã acobreado e potente, num desdobramento
ponto de vista quanto ao processo de consolidação do
surpreendente de força e agilidade extraordinárias.”
regime republicano no Brasil.
(CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Rio de Janeiro: a) Descreva essa mudança de ponto de vista pelo
Record/Altaya. p. 114-115) qual passou Quaresma.

Este é um trecho de uma das mais relevantes obras b) Aponte, no capítulo citado, a experiência decisiva
da produção intelectual brasileira: Os Sertões, de que determinou essa mudança e identifique o que
Euclides da Cunha. Ele era correspondente do jornal tal experiência veio revelar à personagem.
O Estado de S. Paulo no conflito de Canudos, ocorrido
no sertão baiano em 1896-1897. Das reportagens `` Solução:
enviadas e das anotações feitas no local, o jornalista a) Quaresma discorda dos excessos repressivos do
decidiu publicar um livro em 1902. regime de Floriano.
À época, a grande relevância desta obra estava b) O seu ferimento em batalha revelou-lhe a inutilida-
em mostrar um outro lado do conflito liderado por de do seu idealismo diante dos mesquinhos jogos
Antônio Conselheiro: a grande brutalidade das políticos.
tropas governamentais e uma outra visão do homem
que vivia longe do literal (o sertanejo, não apenas um
inferior e fanático, mas alguém dotado de qualidades
próprias).
Com base nestas informações responda:
1. (Elite) Leia as seguintes afirmações sobre Os Sertões
a) Os Sertões pode ser classificado como uma obra
e responda.
de história? Se sim, por que estamos estudando
essa obra em literatura? I. Euclides descreve, respectivamente, nas duas pri-
meiras partes do livro, o homem e o meio ambiente
b) O que levou ao conflito de Canudos de acordo
que constituíam o sertão na região de Canudos, va-
com Euclides da Cunha?
lendo-se, para isso, das teorias científicas da época
provindas da Europa.
`` Solução:
II. O autor descreve, na terceira parte do livro, as di-
a) Sim, pois Euclides realiza um estudo sobre o
versas etapas da Guerra de Canudos e denuncia
conflito levantando os mais diversos aspectos,
o massacre dos sertanejos pelas forças armadas
sempre se preocupando em analisar os acon-
brasileiras, revelando a miséria e o subdesenvolvi-
tecimentos – embora sua análise esteja hoje
mento da região.
superada –, e não em narrá-los de forma fictícia.
Estuda-se essa obra em literatura pelo fato de III. Descrevendo os sertanejos, Euclides idealiza suas
haver uma preocupação estética na construção qualidades morais e físicas e conclui que seu hero-
do relato, além do fato de alguns acontecimentos ísmo era resultado da fé nos ensinamentos religio-
serem fictícios, servindo tão-somente para inten- sos do líder Antônio Conselheiro.
sificar a dramaticidade da obra.
Quais estão corretas?
b) O conflito de Canudos esteve no contexto das a) I.
mudanças ocorridas na passagem da monarquia
para a república. Nesta mudança, havia o des- b) II.
compasso entre o povo do litoral (partidário da c) III.
República, da ciência, urbanizado, que acreditava
na superioridade da raça branca e da civilização d) I e II.
sobre o mestiço) e o povo do interior, dos sertões e) I e III.
(que, com a queda da monarquia, se via como
que desamparado e não aceitava as mudanças 2. Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as
que a ordem republicana, com as características falsas em relação a obra Os Sertões, de Euclides da
listadas anteriormente, propunha). Cunha.
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(( ) No texto de Euclides, misturam-se o requinte da lin-


guagem, a intenção científica e o propósito jorna-
lístico.
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(( ) A obra euclidiana insere-se numa tradição da litera- 4. (UFRJ)
tura brasileira que tematiza o povoamento do sertão,
iniciada ainda no Romantismo com Bernardo Gui- Meus Sete Anos
marães.
(( ) Euclides escreveu Os Sertões com base nas reporta- Papai vinha de tarde
gens que realizou como correspondente do jornal O Da faina de labutar
Estado de S. Paulo. Eu esperava na calçada
(( ) Antônio Conselheiro é uma personagem fictícia cria- Papai era gerente
da pelo imaginário do autor. Do Banco Popular
(( ) O episódio de Canudos, retratado no texto de Eucli- Eu aprendia com ele
des da Cunha, faz parte dos movimentos de protesto Os nomes dos negócios
surgidos logo após a proclamação da independên- Juros hipotecas
cia do Brasil.
Prazo amortização
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, Papai era gerente
de cima para baixo, é:
Do Banco Popular
a) V, F, V, F, F
Mas descontava cheques
b) V, V, V, F, F No guichê do coração
c) F, F, V, V, F
(ANDRADE, Oswald de. Obras Completas. 5. ed. Rio de Janeiro:
d) F, V, F, F, V Civilização Brasileira, 1971. p. 162.)
e) V, V, F, F, F
Na literatura brasileira, a idade de oito anos é tomada
A questão 3 refere-se ao texto abaixo. como referência a uma infância harmoniosa.
“Livro posto entre .................., Os Sertões assinalam No poema de Oswald de Andrade, essa referência está
um fim e um começo: o fim do imperialismo literário, o considerada no título e recebe um tratamento que revela
começo .................... aplicada aos mais importantes da um traço característico do Modernismo brasileiro.
sociedade brasileira (no caso, as contradições contidas
Identifique esse traço, justificando sua resposta.
na diferença de cultura entre .................)
5. (UERJ) “Caso raro: fazendo uma poesia formalmente
(CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. trabalhada, elaborada em linguagem cientificista-natu-
São Paulo: Companhia Editora Nacional, s.d. p. 133.) ralista, atingiu uma popularidade acima das expectativas,
em função de seu pessimismo, sua angústia em face de
3. Assinale a alternativa que preenche corretamente as problemas pessoais e das incertezas do novo século
lacunas do texto anterior. que despontava.”
a) A literatura e a sociologia naturalista – da associa- O autor a que se refere o trecho acima é considerado
ção onírica e simbolista – regiões litorâneas e o in- um
terior. a) romântico.
b) A literatura e o panfleto pró-monárquico – da aná- b) pré-modernista.
lise científica – a região nordeste e o sul industria-
lizado. c) modernista.

c) A literatura e a sociologia naturalista – da análise d) barroco.


científica – as regiões litorâneas e o interior. e) parnasiano.
d) A literatura e o panfleto pró-monárquico – da asso- 6. (Elite) Considere as seguintes assertivas sobre Os Ser-
ciação onírica e simbolista – a região nordeste e o tões, de Euclides da Cunha.
sul industrializado.
I. Para narrar os fatos históricos ocorridos em Canu-
e) A literatura e a sociologia naturalista – da associa- dos, o autor utilizou as teorias científicas desenvol-
ção onírica e simbolista – a região nordeste e o sul vidas no século XIX que enfatizavam a questão do
industrializado. determinismo do meio.
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II. Elaborado inicialmente como uma reportagem jor-


nalística, o livro é uma denúncia da miséria em que
viviam os sertanejos, revelando também o abismo
10
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existente entre as zonas rurais e urbanas do Brasil II. Os Sertões, de Euclides da Cunha é dividido em
no final do século XIX. quatro partes: A Terra, O Homem, A Mulher e A
Luta.
III. A visão de Euclides da Cunha em relação ao ho-
mem do sertão é idealista, uma vez que o autor III. Tanto Canaã quanto Os Sertões foram publicados
mostra os habitantes de Canudos como brasileiros em 1902.
antipatrióticos por lutarem bravamente contra as
Quais estão corretas?
forças militares do governo.
a) I.
Quais estão corretas?
b) III.
a) I e II.
c) I e III.
b) I e III.
d) II e III.
c) II e III.
e) I, II e III.
d) I.
10. (UEL) Nas duas primeiras décadas do século XX, as
e) I, II e III.
obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão
7. (PUC-Rio) A obra Pré-Modernista de Euclides da Cunha diferentes entre si, têm como elemento comum:
situa-se entre a ..... e a ..... .
a) a intenção de retratar o Brasil de modo otimista e
a) História, Psicologia. idealizante.
b) Geografia, Economia. b) a adoção da linguagem coloquial das camadas po-
pulares do sertão.
c) Literatura, Sociologia.
c) a expressão de aspectos até então negligenciados
d) Arte, Filosofia.
da realidade brasileira.
e) Teologia, Geologia.
d) a prática de um experimentalismo linguístico radi-
8. (UFRJ) Um jornalista selecionou duas expressões para cal.
se referir ao autor de Os Sertões:
e) o estilo conservador do antigo regionalismo român-
“do carioca Euclides da Cunha” e tico.
“o repórter Euclides” O texto a seguir refere-se às questões 11 e 12.
Essa escolha teve como efeito de sentido destacar
a) o contraste entre as crenças que o homem Euclides O Poeta Come Amendoim - texto I
da Cunha tinha e a realidade observada pelo jorna-
Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
lista Euclides da Cunha.
Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil
b) a ironia presente no fato de o escritor Euclides da
Andou marcando de moreno os brasileiros.
Cunha, ficcionista, produzir um texto baseado num
trabalho de campo como repórter. Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...
A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos
c) a potencialidade da Língua Portuguesa, que possi-
mulatos...
bilitou ao autor se referir a Euclides da Cunha por
meio de expressões diversas. Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras
d) o descompasso entre as teorias formuladas em ga-
ovais.
binete e as teorias que influenciaram Euclides da
Cunha. Só o murmurejo dos cre’m-deus-padre irmanava os
homens de meu país...
e) a confirmação das posições ideológicas do cidadão
Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha
Euclides da Cunha quando exercia sua atividade de
mais escravos,
jornalista.
Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...
9. (Elite) Considere as seguintes afirmações.
Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta
I. O romance Canaã, de Graça Aranha, tem como República temporã.
personagens centrais Lentz e Milkau, dois imigran- A gente inda não sabia se governar...
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tes que discutem ao longo do texto suas teses an-


Progredir, progredimos um tiquinho
tagônicas sobre os objetivos e as perspectivas da
imigração no Brasil. Que o progresso também é uma fatalidade...
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Será o que Nosso Senhor quiser!... 11. (Cesgranrio) Apesar de suas diferenças de natureza
Estou com desejos de desastres... histórico-literária, é possível constatar um traço de
identidade entre o texto de Mário de Andrade e o de
Com desejos do Amazonas e dos ventos muriçocas
Rui Barbosa. Esse elemento corresponde à
Se encostando na canjerana dos batentes...
a) constatação da riqueza de nossa cultura.
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...
Tenho desejos de gemer e de morrer... b) negação do fervor patriótico.
Brasil... c) visão satírica da corrupção política.
Mastigado na gostosura quente do amendoim... d) riqueza de expressões de valor antitético.
Falado numa língua curumim
e) ênfase na função crítico-social da literatura.
De palavras incertas num remeleixo melado
melancólico... 12. (Cesgranrio) Do ponto de vista do uso da língua, o texto
II de Rui Barbosa diverge do texto I por apresentar
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes
bons... a) preferência marcada por brasileirismos no nível da
Molham meus beiços que dão beijos alastrados seleção vocabular.
E depois semitoam sem malícia as rezas bem b) quebras na organização sintática dos períodos.
nascidas...
c) falta de uma pontuação rigorosa e clara.
Brasil amado não porque seja minha pátria,
d) menor aproximação com a fala corrente do homem
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde
brasileiro.
Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço e) presença de desvios em relação à norma-culta.
aventuroso, 13. (Elite) Considere as seguintes afirmações sobre Os
O gosto dos meus descansos, Sertões, de Euclides da Cunha.
O balanço das minhas cantigas amores e danças. I. Na prosa grandiloquente do livro, a linguagem re-
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito cebe um tratamento artístico elaboradíssimo, apro-
engraçada, ximando-se da linguagem barroca.
Porque é o meu sentimento pachorrento, II. Na primeira parte do livro, Euclides da Cunha fala
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e sobre as características geológicas e topográficas
de dormir. do sertão, especialmente de Canudos.
III. O sertão de Canudos é descrito de maneira ideali-
(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo:
zada por Euclides da Cunha, visto que ele recria o
Martins, 1996. p. 109-110.)
espaço a partir de sua imaginação, em que há uma
perfeita harmonia entre o homem e a natureza.
Texto II
IV. O material fornecido pelo episódio de Canudos foi
A política é a arte de gerir o Estado, segundo trabalhado por Euclides da Cunha em Os Sertões,
princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou com base no cientificismo que a cultura do século
tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de XIX lhe propiciou.
explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui
Quais estão incorretas?
a política uma função, ou o conjunto das funções do
organismo nacional: é o exercício normal das forças a) I.
de uma nação consciente e senhora de si mesma. A b) II.
politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico
dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de c) III.
parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países d) IV.
moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos
de moralidade estragada. e) I, II e IV.
14. (UFRGS) Uma atitude comum caracteriza a postura
(BARBOSA, Rui. apud: ROSSIGNOLI, Walter. Português: teoria e práti-
literária de autores Pré-Modernistas, a exemplo de Lima
ca. 2. ed. São Paulo: Ática, 1992. p. 19.) Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da
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Cunha. Pode ela ser definida como:

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a) a necessidade de superar, em termos de um pro- literatura frívola, com atmosfera Belle Époque, con-
grama definido, as estéticas românticas e realistas. vive com outra, voltada para problemas regionais.
b) pretensão de dar um caráter definitivamente bra- b) Na primeira fase do Modernismo, há o registro da
sileiro à nossa literatura, que julgavam por demais vida das grandes cidades, com destaque para São
europeizada. Paulo, por influência do grupo paulista.
c) uma preocupação com o estudo e com a observa- c) No período do Neo-Simbolismo de 1930, acentua-
ção da realidade brasileira. se a observação da realidade externa, em detri-
mento da interna.
d) a necessidade de fazer crítica social, já que o Rea-
lismo havia sido ineficaz nessa matéria. d) Nos anos 1940, o amadurecimento da renovação
temática o a busca de naturalidade da linguagem
e) aproveitamento estético do que havia de melhor
ficcional dão nova feição ao regionalismo.
na herança literária brasileira, desde suas primeiras
manifestações. e) Na década de 1970, nota-se uma pluralidade de
tendências, indo desde a alegoria e o fantástico
15. (UFF) Leia o trecho de Os Sertões, de Euclides da
ao ultrarrealismo e à literatura-verdade (romance-
Cunha.
reportagem, por exemplo).
“Daquela data ao termo da campanha a tropa iria viver
O texto a seguir refere-se às questões 17 e 18.
em permanente alarma.
“Isoladas a princípio, estas turmas adunavam-se pelos
[...]
caminhos, aliando-se a outras, chegando, afinal, conjuntas
A tática invariável do jagunço, impunha-se temerosa naquele a Canudos. O arraial crescia vertiginosamente.
resistir às recuadas, restribando-se* em todos os acidentes
da terra protetora. Era a luta da sucuri flexuosa* com o touro A edificação rudimentar permitia à multidão sem
pujante. Laçada a presa, distendia os anéis; permitia-lhe a lares fazer até doze casas por dia; – e, à medida que
exaustão do movimento e a fadiga da carreira solta; depois se formava, a tapera colossal parecia estereografar a
se restringia repuxando-o, maneando-o nas roscas contráteis, feição moral da sociedade ali acoutada. Era a objetivação
para relaxá-las de novo, deixando-o mais uma vez se esgotar daquela insânia imensa. Documento iniludível permitindo
no escarvar*, a marradas, o chão; e novamente o atrair, retrátil, o corpo de delito direto sobre os desmandos de um
arrastando-o – até ao exaurir completo...” povo.
* retribar = estar firme, estar escorado. Aquilo se fazia a esmo, adoudadamente.
* flexuoso = sinuoso, retorcido. A urbs monstruosa, de barro, definia bem a civitas
* escarvar = cavar superficialmente. sinistra do erro. O povoado novo surgia, dentro de
algumas semanas, já feito ruínas. Nascia velho. Visto
Assinale a alternativa incorreta em relação ao trecho.
de longe, desdobrado pelos cômoros, atulhando
a) O jagunço, ao aproveitar-se dos “acidentes da terra as canhadas, cobrindo área enorme, truncado nas
protetora”, conseguia superar-se e confrontar-se quebradas, revolto nos pendores – tinha o aspecto
com o inimigo, trazendo-lhe novas dificuldades. perfeito de uma cidade cujo solo houvesse sido sacudido
b) O “touro pujante”, apesar de sua força, na ilusão do e brutalmente dobrado por um terremoto.”
movimento livre, acaba se exaurindo.
Euclides da Cunha
c) No confronto, a “sucuri flexuosa” vence, pois usa
os recursos de que dispõe. 17. (Fuvest) Por uma questão de estilo, o autor refere-se a
Canudos empregando diversos termos sinonímicos. Cite
d) No trecho, a imagem da luta entre a “sucuri flexuo-
quatro desses termos:
sa” e o“touro pujante” é uma metáfora da luta entre
os jagunços e os expedicionários. 18. (Fuvest) O núcleo da obra de que se extraiu o fragmento
são os acontecimentos de Canudos.
e) A “sucuri flexuosa” e o “touro pujante” estão em
constante confronto sem que haja um vencedor. a) Diga, em síntese, o que aconteceu ali.
16. (Cesgranrio) Ao longo da Literatura Brasileira, percebe- b) Quem era o chefe místico de Canudos?
se, de forma recorrente, a tematização da paisagem/
19. (Mackenzie) Sobre Os Sertões, é incorreto afirmar
realidade local. Tendo em vista a produção literária
que
do século XX, assinale a opção em que a tendência
indicada para cada período apresentado a seguir não a) o autor, militar em sua origem, desaprova a causa
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esteja correta. dos sertanejos.


a) Na fase Pré-Modernista, no início do século, uma b) apresenta certa dificuldade em termos de enqua-
dramento em um único gênero literário.
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c) sua linguagem tende ao solene, com vocabulário d) da Armada.
erudito e tom grandiloquente.
e) Colorada.
d) origina-se de reportagens para O Estado de S. Pau-
2. (PUC-Rio) “Antônio Cândido, em sua obra Formação
lo, nas quais o autor expõe fatos relacionados à
da Literatura Brasileira, ao escrever sobre Romantismo,
Guerra de Canudos.
considera que, nesse estilo, o patriotismo se aponta ao
e) Euclides da Cunha segue um esquema determinis- escritor como estímulo e dever. Com efeito, a literatura
ta na estrutura das três partes da obra. foi considerada parcela dum esforço construtivo mais
amplo, denotando o intuito de contribuir para a grandeza
da nação. Manteve-se durante todo o Romantismo este
senso de dever patriótico, que levava os escritores não
apenas a cantar a sua terra, mas a considerar as suas
1. (UFRJ) Leia o texto: obras como contribuição ao progresso. Acrescenta ainda
três elementos românticos nacionalistas: desejo de expri-
“Quaresma veio a recordar-se do seu tupi, do seu ‘folk- mir uma nova ordem de sentimentos, agora reputados de
lore’, das modinhas, das suas tentativas agrícolas - tudo primeiro plano, como o orgulho patriótico, extensão do
isso lhe pareceu insignificante, pueril, infantil. antigo nativismo, desejo de criar uma literatura indepen-
Era preciso trabalhos maiores, mais profundos; tornava- dente, diversa, não apenas uma literatura, (...); a noção já
se necessário refazer a administração. Imaginava um referida de atividade intelectual não mais apenas como
governo forte, respeitado, inteligente, removendo prova de valor do brasileiro e esclarecimento mental do
todos esses óbices, esses entraves, Sully e Henrique IV, país, mas tarefa patriótica de construção nacional”
espalhando sábias leis agrárias, levantando o cultivador... A obra de Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo
Então sim! O celeiro surgiria e a pátria seria feliz. Quaresma:
Felizardo entregou-lhe o jornal que toda manhã mandava a) é romântica e exemplifica as palavras de Antônio
comprar à estação, e lhe disse: Cândido, já que seu protagonista se comporta
– Seu patrão, amanhã não venho ‘trabaiá’. como um romântico.
– Por certo; é dia feriado... A Independência. b) não é romântica e contraria as palavras de Antônio
– Não é por isso. Cândido, à medida que as atitudes do protagonista
– Por que então? vão se revestindo de heroísmo romântico.
– Há ‘baruio’ na Corte e dizem que vão ‘arrecrutá’. c) não é romântica e contradiz as palavras de Antônio
Vou pro mato... Nada! Cândido, tendo em vista que o protagonista aca-
– Que barulho? ba por se submeter a uma visão antinacionalista e,
– ‘Tá’ nas ‘foias’, sim ‘sinhô’. portanto, antirromântica.
Abriu o jornal e logo deu com a notícia de que os d) é romântica e ratifica as palavras de Antônio Cândi-
navios da esquadra se haviam insurgido e intimado do, porque o orgulho patriótico-romântico do pro-
ao presidente a sair do poder. Lembrou-se das suas tagonista encontra lugar de ação no decorrer da
reflexões de instantes atrás; um governo forte, até à narrativa.
tirania... Medidas agrárias... Sully e Henrique IV... e) opõe-se ao Romantismo e não retrata as palavras
Os seus olhos brilhavam de esperança. Despediu o de Antônio Cândido, pois ironiza as posturas nacio-
empregado. Foi ao interior da casa, nada disse à irmã, nalistas românticas por meio do protagonista.
tomou o chapéu, e dirigiu-se à estação.
3. (UFPR) “E era agora que ele (Policarpo Quaresma) che-
Chegou ao telégrafo e escreveu: gava a essa conclusão, depois de ter sofrido a miséria
‘Marechal Floriano, Rio. Peço energia. Sigo já. – da cidade e o emasculamento da repartição pública,
Quaresma’.” durante tanto tempo! Chegara tarde, mas não a ponto de
Essa revolta de que fala o narrador eclodiu em setembro que não pudesse antes da morte, travar conhecimento
de 1893 e durou até março de 1894. Os canhões com a doce vida campestre e a feracidade das terras
foram dirigidos à cidade do Rio de Janeiro e exigiu-se brasileiras.[...]
a renúncia do Marechal Floriano. Portanto, Policarpo E ele viu então diante dos seus olhos as laranjeiras,
Quaresma lê, no jornal, a eclosão da Revolta: em flor, olentes, muito brancas, a se enfileirar pelas
a) do Desterro. encostas das colinas, como teorias de noivas; os
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b) dos Dezoito do Forte. abacateiros, de troncos rugosos, a sopesar com esforço


os grandes pomos verdes; as jabuticabas negras a
c) da Lapa. estalar dos caules rijos; os abacaxis coroados que nem
14
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reis, recebendo a unção quente do sol; as abobreiras a d) Coelho Neto – Fogo-fátuo.
se arrastarem com flores carnudas cheias de pólen; as
e) Euclides da Cunha – Contrastes e confrontos.
melancias de um verde tão fixo que parecia pintado; os
pêssegos veludosos, as jacas monstruosas, os jambos, 6. (Fatec) Assinale a alternativa incorreta.
as mangas capitosas;...”
a) Nos primeiros vinte anos deste século, a produ-
A respeito do romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, ção literária brasileira é marcada por diversidades,
de Lima Barreto, do qual foi transcrito o trecho anterior, abrangendo, ao mesmo tempo, obras que questio-
é correto afirmar: nam a realidade social e obras voltadas aos lugares-
(( ) narrador e protagonista, elementos que se fundem comuns herdados de autores anteriores.
ao longo do romance, concluem que as melhores al-
b) Pode-se afirmar que um dos traços modernos de
ternativas para a construção de um projeto nacional
Euclides da Cunha é o compromisso com os pro-
estariam no ambiente interiorano e numa economia
blemas de seu tempo.
de base agrícola;
(( ) o mesmo patriotismo exaltado que conduzira Qua- c) A importância da obra de Lima Barreto situa-se no
resma às suas experiências no campo é responsá- plano do conteúdo, a partir do qual se revela seu
vel, mais adiante, pelo abandono abrupto de seus caráter polêmico; a linguagem descuidada, porém,
projetos rurais; revela pouca consciência estética, em virtude de
sua formação literária precária.
(( ) este trecho integra a segunda parte do romance,
que corresponde à empreitada do protagonista no d) O estilo parnasiano permanece influenciando au-
campo, antecedida pelo malogro reformista experi- tores e caracterizando boa parte da obra poética
mentado na seção inicial e seguida por seu “triste escrita durante o período pré-modernista.
fim” nos desdobramentos de seu retorno ao Rio de e) Graça Aranha faz parte do conjunto mais significa-
Janeiro; tivo de escritores do Pré-Modernismo. Nos anos
(( ) o preciosismo vocabular e a acumulação descritiva anteriores à Semana de Arte Moderna, Graça Ara-
que marcam o parágrafo final do trecho citado são nha interveio a favor da renovação artística a que se
reveladores das influências parnasianas que marcam propunham os escritores modernistas.
o estilo de Lima Barreto;
Os dois textos referem-se às questões 7 e 8.
(( ) a técnica do romance confessional, onde a narrativa
Texto A:
é construída po r meio da rememoração de experi-
ências do próprio protagonista, pode ser assinalada “O que mais a impressionou no passeio foi a miséria
como uma das inovações desta obra de Lima Barre- geral, a falta de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste,
to, procedimento que só voltaria a ser exercitado em abatido da gente pobre. Educada na cidade, ela tinha dos
nossa literatura pelos autores modernistas. roceiros ideia de que eram felizes, saudáveis e alegres.
Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas não
4. (Mackenzie) Olga, Ricardo Coração dos Outros, Alber- eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele
naz e Genelício são personagens representativas de um sapé sinistro e aquele “sopapo” que deixava ver a trama
romance que apresenta tendências Pré-Modernistas. das varas, como o esqueleto de um doente.
Tais personagens são encontradas em
Por que, ao redor dessas casas, não havia culturas, uma
a) Os Sertões. horta, um pomar? Não seria tão fácil, trabalho de horas?
b) Urupês. E não havia gado, nem grande, nem pequeno. Era raro
uma cabra, um carneiro. Por quê? (...) Não podia ser
c) Cidades Mortas. preguiça só ou indolência.”
d) A nova Califórnia.
(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma.)
e) Triste fim de Policarpo Quaresma.
Texto B:
5. (Vunesp) Volume contendo doze histórias tiradas do
sertão paulista, foi citado por Rui Barbosa, em discurso “O silêncio de êxtase em que ficou foi interpretado pelo
no Senado, apontando a personagem Jeca Tatu como estudante como uma prostração de saudade. Ele fora
o protótipo do camponês brasileiro. acordar na alma do patrício a nostalgia que o tempo
consumidor havia esmaecido, lembrando-lhe a terra
Aponte o autor e sua obra. nativa onde lhe haviam rolado as primeiras lágrimas.
a) Monteiro Lobato – Urupês. Céus que seus olhos lânguidos tanto namoravam nas
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doces manhãs cheirosas quando, das margens remotas


b) Lima Barreto – Cemitério dos Vivos.
dos grandes rios vinham, em abaladas, brancas, sob o
c) Monteiro Lobato – Cidades Mortas. azul do céu, as garças peregrinas/ campos de moitas
15
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verdes onde, nas arroxeadas tardes melancólicas, ao obra infantil, em que se destacam as personagens do
som abemolado das flautas pastoris, o gado bravio, Sítio do Picapau Amarelo.”
descendo das malhadas, em numeroso armento, O nome do autor a que se refere a afirmativa acima é
junto, entrechocando os chifres aguçados, mugia
a) Lima Barreto.
magoadamente quando, por trás dos serros frondosos,
lenta e alva, a lua subia espalhando pela terra morna o b) José Lins do Rego.
seu diáfano e pálido esplendor.”
c) Monteiro Lobato.
(Coelho Neto, A Conquista.) d) Mário de Andrade.

7. (Fatec) Assinale a alternativa correta. e) Cassiano Ricardo.

a) Ambos os textos são narrados em terceira pessoa. 10. (Vunesp) Leia os versos que seguem:
No primeiro, pelo discurso do narrador, passa a “Como quem esmigalha protozoários
perspectiva de um personagem que, habituado aos Meti todos os dedos mercenários...
grandes centros urbanos, choca-se com a pobreza
Na consciência daquela multidão...
dos subúrbios.
E, em vez de achar a luz que os céus inflama,
b) No texto B o narrador expõe as lembranças de uma
Somente achei moléculas de lama
personagem que, exilado de sua terra natal, conta a
um interlocutor suas experiências em contato com E a mosca alegre da putrefação!”
a natureza tropical. Esses versos apresentam em conjunto características
relativas a ritmo, métrica, vocabulário, sintaxe e figuras
c) No texto de Lima Barreto fica clara a acusação à
de linguagem, tornando possível a identificação de um
indolência dos roceiros como a única responsável
estilo mesclado de dois estilos artísticos diferentes. Esse
pela realidade do seu meio – opinião, de resto, par-
estilo foi marca inconfundível de um autor brasileiro que
tilhada por Monteiro Lobato em suas referências a
os críticos em geral consideram de difícil enquadramento
personagem Jeca Tatu.
histórico-literário.
d) Os dois textos tratam, em princípio, do espaço rural Tendo em vista tais informações, assinale a alternativa
observado por personagens oriundas do espaço correta.
urbano e em crise com a falta de perspectiva nas
a) O autor é Machado de Assis e os estilos mesclados
cidades.
são Realismo e Modernismo.
e) No texto A, depreende-se, através do contato de
b) O autor é José de Alencar, da última fase, e os esti-
uma personagem citadina com a realidade rural, a
los mesclados são Romantismo e Realismo.
perspectiva crítica dos problemas da população do
campo. c) O autor é Augusto dos Anjos e os estilos mescla-
dos são Simbolismo e Naturalismo.
8. (Mackenzie) “Às vezes se dá ao luxo de um banquinho
de três pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem d) O autor é Castro Alves e os estilos mesclados são
o equilíbrio, inútil, portanto, meter a quarta, que ainda Romantismo e Realismo.
o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se a
e) O autor é Sousândrade e os estilos mesclados são
natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares
Romantismo e Modernismo.
sobre os quais se sentam?”
(UERJ) TEXTO I
O trecho anterior é claramente representativo da obra
de
O Livro e a América
a) Lima Barreto.
Talhado para as grandezas,
b) Augusto dos Anjos.
P’ra crescer, criar, subir,
c) Euclides da Cunha.
O Novo Mundo nos músculos
d) Aluísio Azevedo. Sente a seiva do porvir
e) Monteiro Lobato. – Estatuário de colossos –
9. (UFRJ) Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
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“Crítico feroz do Modernismo, grande incentivador da


disseminação da cultura, defensor dos valores e riquezas “Vai, Colombo, abre a cortina
nacionais; conhecido, particularmente, pela sua grande Da minha eterna oficina
16 Tira a América de lá”
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............................................... Está falando com um homem formado!”.
Filhos do sec’lo das luzes! Ou senão quando alguém lhes diz:
Filhos da Grande nação! – “Fulano é inteligente, ilustrado...”, acode o
Quando ante Deus vos mostrardes, homenzinho logo:
Tereis um livro na mão: – É formado?
O livro – esse audaz guerreiro – Não.
Que conquista o mundo inteiro – Ahn!
Sem nunca ter Waterloo ... Raciocina ele muito bem. Em tal terra, quem não
arranja um título como ele obteve o seu, deve ser muito
Eólo de pensamentos
burro, naturalmente.
Que abrira a gruta dos ventos
Apesar de não ser da Bruzundanga, eu me interesso
Donde a Igualdade voou! ... muito por ela, pois lá passei uma grande parte da minha
............................................... meninice e mocidade.
Por isso na impaciência Meditei muito sobre os seus problemas e creio que
Desta sede de saber, achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou
Como as aves do deserto – explicar-me sucintamente.
As almas buscam beber ... O Estado da Bruzundanga, de acordo com a
sua carta constitucional, declararia livre o exercício
Oh! Bendito o que semeia de qualquer profissão, extinguindo todo e qualquer
Livros ... livros à mão cheia ... privilégio de diploma.
E manda o povo pensar! Quem quisesse estudar medicina, frequentaria
O livro caindo n’alma as cadeiras necessárias à especialidade a que se
É germe – que faz a palma, destinasse, evitando as disciplinas que julgasse inúteis.
Aquele que tivesse vocação para engenheiro de estrada
É chuva – que faz o mar. de ferro, não precisava estar perdendo tempo estudando
(ALVES, Castro. Obra Completa. Rio de Janeiro:
hidráulica. Cada qual organizaria o programa do seu
curso, de acordo com a especialidade da profissão liberal
Nova Aguilar, 1986. p. 76-78.)
que quisesse exercer, com toda a honestidade e sem as
escoras de privilégio ou diploma todo poderoso.
VOCABULÁRIO:
Semelhante forma de ensino, evitando o diploma e
Estatuário (verso 5) = escultor, aquele que faz
os seus privilégios, extinguiria a nobreza doutoral; e daria
estátuas.
aos jovens da Bruzundanga mais honestidade no estudo,
Eólo (verso 18) = vento forte. mais segurança nas profissões que fossem exercer, com
a força que vem da concorrência entre os homens de
TEXTO II valor e inteligência nas carreiras que seguem.

O Ensino na Bruzundanga (BARRETO, Lima. Os Bruzundangas.


São Paulo: Ática, 1985. p. 49-51. Adaptado.)
Já vos falei na nobreza doutoral desse país; é lógico,
portanto, que vos fale do ensino que é ministrado nas TEXTO III
suas escolas, donde se origina essa nobreza. Há diversas
espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos
Hino Nacional
governos provinciais e por particulares. Estas últimas são
chamadas livres e as outras oficiais, mas todas elas são Precisamos descobrir o Brasil!
equiparadas entre si e os seus diplomas se equivalem. Escondido atrás das florestas,
Os meninos ou rapazes, que se destinam a elas, não
com a água dos rios no meio,
têm medo absolutamente das dificuldades que o curso
de qualquer delas possa apresentar. Do que eles têm o Brasil está dormindo, coitado.
medo, é dos exames preliminares. Precisamos colonizar o Brasil.
Passando assim pelo que nós chamamos
preparatórios, os futuros diretores da República dos O que faremos importando francesas
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Estados Unidos da Bruzundanga acabam os cursos muito louras, de pele macia,


mais ignorantes e presunçosos do que quando para
lá entraram. São esses tais que berram: “Sou formado! alemãs gordas, russas nostálgicas para
17
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garçonetes dos restaurantes noturnos. d) II e III apresentam características da linguagem mo-
E virão sírias fidelíssimas. dernista.
Não convém desprezar as japonesas... Texto para as próximas 2 questões.
(PUC-Rio) Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo?
Precisamos educar o Brasil. E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda
ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la
Compraremos professores e livros,
e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua
assimilaremos finas culturas, felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites. a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice,
como ela o recompensava, como ela o premiava, como
Cada brasileiro terá sua casa ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de
ver, de gozar, de fruir na sua vida? Tudo. Não brincara,
com fogão e aquecedor elétricos, piscina, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência
salão para conferências científicas. que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele
E cuidaremos do Estado Técnico. não vira, ele não provara, ele não experimentara.
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia
Precisamos louvar o Brasil. e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe
importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem...
Não é só um país sem igual. Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome
Nossas revoluções são bem maiores dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que
do que quaisquer outras; nossos erros também. ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões... causas de tupi, do folklore, das suas tentativas agrícolas...
Restava disso tudo em sua alma uma satisfação?
os Amazonas inenarráveis ... os incríveis João-
Nenhuma! Nenhuma!
Pessoas...
(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma.)
Precisamos adorar o Brasil!
12. O autor do trecho acima é Lima Barreto. Suas obras in-
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta
tegram o período literário chamado Pré-Modernismo. Tal
solidão
designação para esse período se justifica, porque ele
no pobre coração já cheio de compromissos ...
a) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às van-
se bem que seja difícil compreender o que querem
guardas europeias.
esse homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus b) engloba toda a produção literária que se fez antes
sofrimentos. do Modernismo.
c) antecipa temática e formalmente as manifestações
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! Modernistas.
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado, d) se preocupa com o estudo das raças e das culturas
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos. formadoras do nordestino brasileiro.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós! e) prepara pela irreverência de sua linguagem as con-
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil. quistas estilísticas do Modernismo.
Nosso Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros? 13. O trecho acima pertence ao romance Triste Fim de Poli-
carpo Quaresma, de Lima Barreto. Da personagem que
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José dá título ao romance, podemos afirmar que
Olympio, 1973. p. 36.)
a) foi um nacionalista extremado, mas nunca estudou
11. Analisando-se comparativamente os textos I, II e III, com afinco as coisas brasileiras.
quanto ao estilo de época a que pertencem, pode-se b) perpetrou seu suicídio, porque se sentia decepcio-
verificar que nado com a realidade brasileira.
a) I e III são fruto da arte pela arte simbolista. c) defendeu os valores nacionais, brigou por eles a
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b) I, II e III são exemplos do indianismo romântico. vida toda e foi condenado à morte justamente pelos
valores que defendia.
c) I e II representam a crítica social do Realismo-Na-
18 turalismo.
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d) foi considerado traidor da pátria, porque participou Lobato ligado ao movimento
da conspiração contra Floriano Peixoto.
a) Pré-Modernismo.
e) era um louco e, por isso, não foi levado a sério pelas
b) Surrealismo.
pessoas que o cercavam.
c) Futurismo.
Texto para as próximas 5 questões.
(Faap) Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito d) Dadaísmo.
histórico e o País desperta esturvinhado à crise de e) Cubismo.
uma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e
acocora-se, de novo. 17. Sobre Monteiro Lobato não procede a seguinte afir-
mação.
Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto
da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo a) Nasceu em Taubaté e morreu em São Paulo. Advo-
da enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, imagina e gado, Promotor Público. Fundou a Companhia de
deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de Petróleos do Brasil.
novo. b) Inovador quando defende a arte de Anita Malfatti
A 15 de novembro troca-se um trono vitalício pela em famoso artigo publicado pelo Estado: “Paranoia
cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado ou Mistificação”.
da mudança. O caboclo não dá pela coisa.
c) Avançado quando satiriza o purismo da linguagem
Vem Floriano: estouram as granadas de Custódio; no conto também famoso: “O Colocador de Pro-
Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus derranca nomes”.
o país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar...
Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. d) Promoveu campanhas nacionais em favor do ferro
Social, como individualmente, em todos os atos da vida, e petróleo: Preso pelo Governo Vargas em 1941,
Jeca antes de agir, acocora-se. exila-se na Argentina.
e) Crítico veemente do sistema agrícola brasileiro na
Monteiro Lobato figura de Jeca Tatu, símbolo da miséria e do atraso
a que foram relegados nossos caipiras.
14. É nesta crônica que Monteiro Lobato fotografa a imagem
do caipira, apresentado como uma “raça intermediária”, 18. (PUC-SP)
que perdeu o primitivismo do índio sem, no entanto, “Triste a escutar, pancada por pancada.
adquirir a força do colonizador. A crônica foi extraída
A sucessividade dos segundos,
do livro
Ouço em sons subterrâneos, do orbe oriundos,
a) Negrinha.
O choro da energia abandonada.”
b) O Macaco que se Fez Homem. A crítica reconhece na poesia de Augusto dos Anjos,
c) Urupês. como exemplifica a estrofe, a forte presença de uma
dimensão
d) O Presidente Negro.
a) niilista.
e) O Escândalo do Petróleo.
b) patológica.
15. O texto fala de fatos históricos, respectivamente:
c) cósmica.
a) Monarquia - Lei do Ventre Livre - Eleição de Flo-
d) estética.
riano.
e) metafísica.
b) Regência - Tráfego negro - Posse de Floriano.
19. (UFRGS) Lima Barreto é um autor que se caracteriza
c) Maioridade - Libertação dos escravos - Posse de
por criar tipos
Floriano.
a) rústicos, ligados ao campo.
d) Parlamentarismo - Libertação dos escravos - Presi-
dencialismo. b) aristocratas, ligados ao campo.
e) Independência - Libertação dos escravos - Repú- c) aristocratas, ligados à cidade.
blica.
d) burgueses, ligados à cidade.
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16. A crítica é unânime em classificar o escritor Monteiro


e) populares, ligados ao subúrbio.

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Os comentários acima são endereçados por Monteiro
Lobato
a) ao nordestino.
b) ao menor.
c) ao sertão.
d) ao caboclo.
e) ao paulistano.
21. (Unicamp) O trecho a seguir, escolhido por Lima Bar-
reto como epígrafe para introduzir sua obra, Triste Fim
de Policarpo Quaresma, comenta o confronto entre o
ideal e o real:
“O grande inconveniente da vida real e o que a torna
insuportável ao homem superior é que, se transportamos
para ela os princípios do ideal, as qualidades passam a
ser defeitos, de tal modo que, na maioria das vezes, o
homem íntegro não consegue se sair tão bem quanto
aquele que tem por estímulo o egoísmo ou a rotina
vulgar.”

Renanm Marc-Aurele

a) Cite dois episódios do livro em que o comporta-


mento idealista de Policarpo é ridicularizado por
outras personagens.
b) Considerando-se a epígrafe citada, como pode ser
analisada a trajetória de Policarpo Quaresma?

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20
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14. C
15. E
16. C
1. D
17. “Arraial”, “tapera colossal”, “urbs monstruosa” e “docu-
2. B mento iniludível”.
3. C 18.
4. O traço característico do Modernismo brasileiro é a a) O confronto entre as forças armadas e os sertane-
ruptura com a tradição, por meio de uma avaliação jos seguidores de Antônio Conselheiro.
crítica da abordagem temática e da linguagem literária
do passado. b) O chefe místico de Canudos era Antônio Conse-
lheiro.
5. B
19. A
6. A
7. C
8. A
9. C 1. D
10. C 2. E
11. E 3. F, V, V, F, F
EM_V_LIT_011

12. D 4. E
13. C 5. A
21
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6. C
7. E
8. E
9. C
10. C
11. D
12. C
13. C
14. C
15. E
16. A
17. B
18. C
19. E
20. D
21.
a) A sugestão de tornar o tupi-guarani língua oficial
do Brasil e a adoção de hábitos indígenas.
b) Policarpo parte do ideal e choca-se com o real, que
o consome.

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