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Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo central compreender os processos de produção do espaço
geográfico, por meio das investigações a respeito dos movimentos sociais que são responsáveis
pela transformação e produção desse espaço. Para tanto, utilizou-se das contribuições de
CARLOS, Ana Fani Alessandri; CAVALCANTI, Lana de Souza (Org); GOMES, Horieste;KONRAD,
Diorge Alceno; LACOSTE, Yves. (GI); MARTIN, Jean-Yves; MORISSAWA, Mitsu; OLIVEIRA,
Ariovaldo Umbelino de. Por meio da contribuição desses autores foi possível compreender que a
produção do espaço consiste essencialmente na realização de práticas de transformação de
objetos da realidade geográfica, em que o trabalho humano é incisivo nesse processo que resulta
em uma valorização espacial caracterizada por inúmeras disputas e contradições sócio-espaciais.
Do ponto de vista metodológico, foram analisadas e selecionadas as informações teóricas obtidas
por meio de leituras prévias que deram suporte para a organização deste trabalho, a fim de
entender as mudanças decorrentes das lutas dos movimentos sociais diante de todos os
interesses envolvidos, sejam eles políticos, econômicos ou sociais. Esses movimentos surgiram a
partir de uma consciência coletiva no processo de transformação de uma realidade social,
marcada por injustiças, contradições e interesses distintos presentes no modo de produção
capitalista que não atende de maneira igualitária aos interesses das classes sociais. Os
movimentos sociais têm demonstrado ao longo da história do processo de formação econômico-
social da sociedade brasileira, uma trajetória de lutas intensas no sentido de se afirmarem como
sujeitos produtores e transformadores dessa sociedade. Deste modo, foram estudados os
movimentos sociais tais como: movimentos rurais, que lutam pelo direito à terra, os movimentos
urbanos na busca por seu espaço; os movimentos Sem Teto na luta por habitação; e os
sindicalistas que almejam ver seus direitos cumpridos legalmente. Portanto, pode-se concluir que
estes movimentos resistem incessantemente na luta por um espaço, sejam eles rurais ou urbanos,
pois são constantemente pressionados e impedidos pelos poderes políticos ou por classes
dominantes, que conferem a este mesmo espaço, produto do trabalho humano, uma característica
peculiar de propriedade privada, onde poucos têm o direito de se apropriar.
Palavras chave: movimentos sociais, produção do espaço, espaço geográfico, lutas de classes.
Introdução
As ponderações teóricas que são apresentadas neste artigo têm por objetivo
possibilitar o aprofundamento das leituras geográficas a partir das ações dos movimentos
sociais na produção do espaço.
A produção ou construção do espaço acontece pela ação política e pela
intencionalidade dos sujeitos para transformação de sua própria realidade. Essa
transformação em território ocorre via conflitos, e é o enfrentamento entre as forças
políticas que procuram criar, conquistar e controlar seus territórios.
O indivíduo organizado em classe produz o espaço, enquanto que a apropriação
desse espaço e do objeto aí produzido acontece de forma seletiva, acarretando uma série
de manifestações de grupos sociais que expressam seus descontentamentos em formas
de conflitos contra as injustiças impostas.
Este artigo visa demonstrar a produção e a transformação do espaço via
movimentos sociais. Estes movimentos têm como trunfo o próprio espaço, sendo esse
essencial aos movimentos camponeses, indígenas, urbanos, sindicais, eclesiásticos,
empresariais e estatais, uma vez que criam relações sócio-espaciais para tratarem
diretamente de seus interesses e produzirem espaço em seus territórios.
Este relato faz uma viagem entre décadas para visualizar melhor o nascimento de
manifestações contra as injustiças e a falta de respeito para com àqueles que ficaram e
ficam às margens dos avanços e das conquistas da sociedade capitalista.
O propósito deste artigo não tem a pretensão de recuperar a gênese histórica das
lutas dos movimentos sociais, mas somente de colocá-los em discussão a partir de suas
ações na produção do espaço. Visa também, uma forma de ampliar as possibilidades de
realização de um pensamento verdadeiramente crítico em relação a estes movimentos,
na construção do conhecimento geográfico.
Movimentos Sociais e a Produção do Espaço
Para tratar desta temática optou-se por abordar inicialmente a idéia de Produção
do Espaço, objetivando facilitar as articulações entre estes e os movimentos sociais.
A partir de então, o MST por acreditar que a consciência na reforma agrária é uma
luta fundamental no campo, mas que se não for disputada na cidade nunca terá uma
vitória efetiva, se estendeu até a metrópole e externou de vez para a sociedade se
mostrando como um movimento atuante no processo de busca pela justiça social,
levantando como bandeira principal a reforma agrária. Por isso, a palavra de ordem foi
"reforma agrária, uma luta de todos".
Nessa fase, as ocupações de terra multiplicavam-se, do mesmo modo que os
protestos e manifestações aconteciam nos grandes centros do país e as iniciativas por parte
do Estado visando a oferecer uma resposta ao problema colocado pelo MST. Um balanço
desse período mostra que a realização de uma reforma agrária praticamente não
extrapolaria o nível das propostas e das boas intenções do movimento. Neste sentido, a luta
pela terra coloca-se para esses trabalhadores como uma espécie de busca de um "porto
seguro", ou seja, como um meio capaz de garantir o sustento próprio e também o de suas
famílias, longe da insegurança do emprego na cidade ou no campo. Diferentemente do que
mantém a luta dos movimentos sindicais nas cidades, as mazelas do próprio sistema como
desemprego, subemprego e outros.
As diferentes formas de luta dos movimentos sociais expressam a importância das
ações implementadas por esses no processo de transformação da sociedade e do espaço
como veremos adiante.
Esses movimentos reivindicatórios do espaço não têm apenas como foco o espaço
em si, mas o seu movimento e sua transformação em território como espaço de produção
e de vivência. A importância desses movimentos evidencia a necessidade de produção de
espaço nas escalas globais e locais, não contemplando só a busca pelo trabalho, mas
pelo espaço inteiro, pela vida cotidiana, pelo espaço de vivência.
Todavia, os movimentos sociais na busca pela produção de seu espaço, na cidade
e no campo, enfrentam a todo o momento os “contra-espaços”, oriundos de medidas
políticas ou da classe dominante, e funcionam como barreiras para impedirem a
espacialização e territorialização desses movimentos. Compreendendo, portanto, como
fator principal dos conflitos relacionados ao processo de produção do espaço pelos
movimentos sociais.
Considerações finais
Referências Bibliográficas
LACOSTE, Yves. (GI) - A Geografia: isto serve, em primeiro lugar para fazer a guerra.
Campinas (SP): Papirus, 1988.
MORISSAWA, Mitsue "A história da luta pela terra e o MST". Ed. Expressão Popular,
2001. Disponível em: <http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=4151> Acesso em 24
jan. 2008.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A geografia das lutas no campo – 6ª ed. – São
Paulo: Contexto, 1996. – (Coleção Repensando a Geografia).