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EFEITO DO LOCAL DE ESTUDO NO COMPORTAMENTO DE ESTUDAR’ Maria Olimpia Jabur Faculdade de Psicologia da Pontificia Universidade Catélica de So Paulo A presente pesquisa utilizou do Registro de Intervalo, a fim de de- terminar qual o local de estudo mais apropriado para uma crianca com habito de estudo inadequado vir a estudar. O sujeito foi observado em ambiente natural, nos trés locais em que estudava (copa, quarto de estu- dos e quarto de dormir). Foi utilizado controle instrucional para garantir que 0 sujeito desempenhasse suas atividades escolares € nao conversasse com 0 experimentador durante a observacao. Os resultados demonstraram que o quarto de dormir foi o local que forneceu menor estimulacao auditiva, visual e social, em relacao aos ou- tros dois locais. Desta forma, 0 quarto de dormir pode ser estabelecido como local de estudo para 0 sujeito. Segundo a teoria do reforsamento, o comportamento do ser humano é fungao im- portante de suas contingéncias ambientais. Derivam dessa afirmagao alguns problemas importantes: o reconhecimento da existéncia de variagao de estimulos visuais auditivos ¢ sociais em ambientes especificos ¢ 0 fato de nao s6 adultos, mas também criang: discriminadores competentes desses estimulos. Grande parte dos comportamentos das criangas aclaptam-se & varias de estimulos e as consequéncias sociais dos diversos locais onde atuam (Inesta, 1972). , serem Desses locais, os que vem sendo alvo de maior ntimero de estudos tém sido aqueles relacionados com atividades Jémicas. As técnicas de anilise experimental foram aplica das em iniimeros problemas académicos, como na climinago de comportamento agressivo na sala de aula (Leblanc, Basby e ‘Thompson, 1974), na instalagao de habitos adequados de estudo (Vollirath; Clark, 1973). Reprodizido com autorizasao da autora e da revista (que « Aplicagae,n. 1, p.1-31, 1976, Fez-se alteragdes no texto. “Ag citagoes, nesta pesquisa, seguindo as exigencias da revista onde foi publicada, esto feitas conforme as normas da APA ~ Associasio Americana de Psicologia, que diferem das estabelecidas pela ABN, que foram usadas neste livre. ou de circular): Modfcao de Comportamente: Pesquisa 227 ‘Nesses estudos, tanto para climinar comportamentos inadequados, como para instalar comportamentos académicos, foram considerados os seguintes passos: especificagao dos ob- jetivos comportamentais, das condigdes necessarias para manipulagao dos comportamentos, aplicagao de procedimentos adequados ao problema em estudo ¢ aniilise dos resultados obtidos. Para facilitar a aplicagao das técnicas de anilise comportamental, o controle instrumental tem sido utilizado em muitas pesquisas (Schutte e Hopkins, 1970; Baer, Bowbory ¢ Baer, 1973). Esses estudos mostraram que, por meio de comportamento verbal preciso e objetivo, o experimentador fornecia ao sujeito guias eficazes para de- sempenho do comportamento de estudar adequado. Utilizando esses instrumentos de pesquisas, foram realizados trabalhos dirctamente relacionados com instalagao de habitos de estudo adequados, na’escola (Vollirath ¢ Clark, 1973; Gaasholt, 1970; [lamblin, I lathaway e Wodaski, 1973). Relativamente, poucas pesquisas procuraram aplicar os dados coletados em tantos es- tudos académicos, no estabelecimento de local de estudo onde a crianga pudesse fazer suas. tarefas escolares em menor prazo de tempo e com maior aproveitamento. Fox (1966) realizou um estudo onde demonstrou que especificando 0 horitrio e local (no caso escola) em que 0 comportamento de estudar deveria ocorrer, os alunos poderiam obter rendimentos adequados ‘em suas atividades escolares. presente trabalho procurou, por meio de observagao do sujeito em situagao natural (lat), verificar qual o local de estudo mais apropriado para uma crianga, com habitos de estuclo inadequado, vir a estudar. * A contribuigao deste trabalho esti no incentivo que seus dados fornecerdo para pes- quisas sobre local de estudo, elemento carente de trabalhos controlados e prec METODO Sujeito O sujeito foi uma crianga de 12 anos de idade, do sexo feminino, frequentando a 5* série do Ensino Fundamental de um colégio particular. Apresentava os seguintes problemas quanto a0 comportamento de estudar: dispendia a maior parte do tempo que permanecia em casa com. 0 livros e cademnos escolares; desempenhava, assistematicamente, suas tarefs escolares em trés locais de sua casa; sua performance académica foi avaliada pelo professor como insuficiente. ‘Na época em que esta pesquisa foi realizada, 0 sujeito fazia treino de ortotica ¢ psi- comotricidade. Situagao O estudo foi realizado em situagao natural, na casa do sujeito, especificamente, na. copa, no quarto de estudos € no quarto de dormir do sujeito. Cada um desses locais apresentava determinadas caracteristicas quanto a estimulagio visual, auditiva e social. 228 Considerou-se como estimulardo visual: quadros, enfeites, brinquedos, material escolar, televisio e todas as pessoas que se encontrassem nos locais de estudo. A estimulagio auditiva consistin em: som da televisio, toque do telefone, ruido de automével, ruidos de panelas, pratos ¢ de égua, ¢ a voz. de todas as pessoas que estivessem proximas ao sujeito. ‘A estimulacao social consistiu em estimulagées visuais ¢ auditivas produzidas pelas pessoas nos locais de estudo. © local COPA apresentou as seguintes caracteristicas quanto a: 1. Estimulagao visual — a) televisio situada em frente & mesa do centro: da copa; b) mae do sujeito trabalhando na cozinha; c) pai e duas irmas do sujeito que andavam pela copa; d) calendirio e porta-chaves pregados nas paredes da copa; e) a iluminacao da copa consistia de duas kimpadas de 200 watts cada uma, situadas acima da mesa do centro da copa. 2. Estimulasao auditiva —a) toque do telefone situado sobre uma mesa pequena pro- xima a uma das paredes da copa; b) som da televisio; ) voz da mae cantando na cozinha; 4) vozes e ruidos de passos do pai e irmis do sujeito; e) som da égua caindo na pia e ruido de pratos e talheres batendo uns contra os outros e contra a pia na cozinha. 3. Estimulagao social ~irmas que conversavam e olhavam em diresio a0 sujeito. Oca~ sionalmente, outras pessoas conversavam ¢ olhavam em dirego 20 sujeito; b) pais, irmas e, ocasionalmente, outras pessoas que falavam, proximas ao sujeito. 0 local QUARTO DE ESTUDOS apresentou as seguintes caracteristicas quanto a: 1. Estimulagdo visual ~ a) estante de aproximadamente 3 metros de altura, ocupava toda a extensdo de uma das paredes do quarto. A estante era pintada de branco, tendo quatro prateleiras com uma escrivaninha embutida, onde o sujeito guardava material esco- lar, Nas prateleiras encontravam-se livros de estudos tanto do sujeito como de suas irmas. Na prateleira superior encontravam-se brinquedos coloridos e de madeira, Nas outras trés achavam-se dispostos os seguintes objetos: caixas, porta-lépis e cinzeiros, todos de tama- hos, formas, cores € materiais variados; um porta-papel de metal verde, um calendério de acrilico azul. Estavam pregados na parede da estante gravuras de cartolina colorida, ma~ deira ¢ recortes de revistas; b) estavam pendurados em outra parede do quarto os seguintes objetos: gravuras, placas retangulares de metal colorido, das bonecas de madeira ¢ isopor, chaveiros, retratos, recortes de revistas, e um poster; c) em outra parede do quarto estavam afixados quatro psteres coloridos de cartolina e pano e dois mébiles coloridos de acrilico; d) mesa branca, quadrada, de madeira, situada no centro do quarto € duas cadeiras, também de madeira branca forradas de pano colorido. Sobre a mesa achavam-se trés cinzeiros de metal coloridos e redondos, um porta-lipis de vidro azul. Ocasionalmente, encontravam-se sobre 229: j mesa livros, cadernos e pastas coloridas; e) a iluminacio do quarto de estudos consistia cm uma limpada de 200 watts que estava instalada acima da mesa. 2. Estimulasao auditiva — a) ruidos de automéveis que passavam na rua; b) vozes e pas- sos de pessoas que passavam na rua; c) vozes e passos de pessoas que entravam na garagem (onde estava situado o quarto de estudos) ou subiam a escada préxima da janela do quarto; 4d) vozes das irmas e, ocasionalmente, de primos que estudavam no mesmo local; e) voz da mie do sujeito que falava ou cantava no andar superior. A intensidade da estimulacao auditiva do quarto de estudos, em relacao & da copa, era menor. Isto porque, apenas ocasionalmente, ocorria a presenga de pessoas ¢ os ruidos na rua, ou no andar superior da casa, estavam distantes do local. 3. Estimulagao social ~ irmas e, esporadicamente, primos que falavam e olhavam em diresao 20 sujeito. O local QUARTO DE DORMIR apresentou as seguintes caracteristicas quanto a: 1. Estimulasao visual —a) estante de madeira, de aproximadamente 2 metros de altura, ocupava toda a extensio de uma das paredes do quarto. Tinha seis prateleiras ¢ uma escri~ vaninha embutida onde sujeito guardava alguns livros. Nas prateleiras encontravam-se colesdes de livros, bonecas de varios tamanhos, materiais e cores; b) ocasionalmente, algum dos familiares entrava ou passava préximo do quarto do sujeito. 2. Estimulagao auditiva — a) ruido de automéveis que passavam na rua; b) vozes e pas- sos de pessoas na rua; c) vozes ¢ passos de pessoas no andar superior da casa; d) som da televisao ligada no andar inferior da casa. A intensidade de estimulagao auditiva era menor no quarto de dormir, em relagio aos outros dois locais. Isto porque apenas esporadicamente, alguma pessoa entrava no quarto € 0s ruidos produzidos no interior da casa, ¢ na rua, estavam distantes do local. 3. Estimulagao social — ocasionalmente, os pais ou as irmas falavam, ¢ olhavam em diregao a0 sujeito. Procedimento Na primeira etapa do trabalho, o experimentador, durante 2 meses, coletou dados sobre © comportamento de estudar do sujeito, Isso foi feito diariamente, por meio de Registro Continuo! ¢, posteriormente, por Registro de Intervalo de 10 segundos, em sessoes de observacao de 30 minutos de duragio. "Registro Continuo” continua, ‘outro nome para o “Registro Cursivo” porque ¢ feito quase ininterruptamente, de forma 230 Esses registros forneceram dados para a determinagiio das classes de respostas que iam ser observadas no estudo. ‘As classes de respostas foram definichas operacionalmente como se segue: a) comportamento de estudar: olhar em direc2o a0 caderno, 20 livro, a0 bloco, a folha de cartolina; passar o dedo sob cada frase do livro ou caderno com ou sem movimentagao dos labios; escrever no livro, no caderno, na cartolina, na folha de fichério; recortar e colar figuras na cartolina, na folha de fichério e no caderno; b) classes de respostas inaddequadas, incompativeis com o comportamento de estudar: 1. olhar dispersivo ~ olhar em diregao a pessoas, ao teto da sala, a parede, a revista, aos livros nao escolares, televisiio, as suas mos, a cadeira onde estava sentado, a brinquedos; 2. movimento dispersive: pegar objetos dos quais nao necessitava para desempenhar suas tarefas escolares (mesmo que estivesse sentado); levantar da cadeira; sair do local de estudo; por as maos dentro de sua mala escolar; pegar brinquedos, gravador, livros de esté- rias; movimentar o tronco para esquerda para direita, para frente ou para tras (exibi movimento com a cabega ou maos); 3. werbalizacao dispersiva — falar com outras pessoas, mesmo que fosse sobre material escolar; falar sozinho frases que no estavam relacionadas. com o material académico, cantar. : Na segunda etapa do trabalho, foram efetuadas 3 sessbes de observagio nas quais se testou, junto com um outro observador, a fidedignidade das definigdes das classes de respostas. Para isto, foi escolhido, aleatoriamente, um local de estudo num dia em que 0 sujeito estivesse estudando. © segundo observador foi uma das irmas do sujeito. Este ob- servador participou, também, dos cilculos de fidedignidade das observagées por intervalo de 10 segundos, em sessdes de 30 minutos. Os indices obtidos foram os seguintes: 93% na copa, 97% no quarto de estudos ¢ 98% no quarto de dormir. Numa ferenw etapa (pré-teste) durante uma seman, testou-se a Folba de Registra ©& instrusao a ser dada ao sujeito. + A instrugio consistin de: uma parte geral que seria dada de modo claro, mas informal pelo experimentador no primeiro dia de pré-teste e de uma parte especifica, padronizada, que seria apresentada no inicio de cada sessao. A parte geral da instrugio foi: “Eu vou estudar com vocé na terga, quarta, quinta ¢ sexta-feira. Sempre das 21 h 30 as 22 h 30, Nos duas iremos estudar até acabarmos nossas ligdes. Como 0 que eu tenho de fazer € dificil, nés no vamos conversar. Assim que vocé acabar a ligdo pode fazer o que quiser, € assim que eu acabar, também vou fazer 0 que quiser.” 231 A parte especifica da instrugio foi: “Hoje (dias determinados para a observagio) nés duas vamos estudar neste local (qualquer um dos trés locais) e vamos fazer nossas liges até acabarmos. Como 0 que tenho de fazer € dificil, nés nfo vamos conversar”, ‘Na guarta etapa (coleta de dados), foram realizadas quinze sessbes. As observagdes fo- ram feitas nos trés locais de estudo ¢ foram distribuidas a partir do cilculo de combinagao, ‘Tanto no pré-teste como na coleta de dados 0 periodo de observagao comesava apés ‘cinco minutos, espago de tempo em que o sujeito sentava-se em frente & mesa, abria o livro ‘ou caderno ¢ comegava a desempenhar suas tarefas escolares. A observacio teve duragio de 30 minutos para todas as sessoes. ‘Terminado o periodo de observagio, independente do sujeito ter ou no concluido sua tarefa, seria dito pelo experimentador: “Bem, agora terminei minhas ligdes, vou fazer outras coisas”. Esta frase foi falada no final de todas as sessdes. Caso o sujeito terminasse antes do final do periodo de observagio os dados desta sessio nao eram considerados. RESULTADOS Comportamento de estudar Quanto ao comportamento de Estudar, foi observada, em todas as sessdes, maior ocorréncia no quarto de dormir (ocorréncia maxima: 5* sessio — 98%). Nos demais locais, a ocorréncia do comportamento de estudar permaneceu abaixo de 95% (Figura 1). door a ‘ 90 | . 80 | i F Zi § co : z so caps = = noc cckne = ss Quarto de dormir 20 + - 10 ° : si Ar og Sah aa? JE Sessdes Figura 1 ~ Porcentagem do comportamento de Estudar 232 A variagio maior do comportamento de Estudar foi verificada na copa (entre 23% ¢ 69% de ocorréncias). Essa variagao decresceu no quarto de estudos (entre 77% € 94% de ocorréncias), quase no ocorrenido no quarto de dormir (entre 91% ¢ 98% de ocorréncias). No quarto de dormir foi necessirio substituir a 4* sessio porque 0 sujeito apresentou proble- mas de sate, o que alterou os dados dessa sessio. Othar dispersive Em relagao ao comportamento Olhar Dispersive verificou-se maior ocorréncia na copa (739, na 5# sesso). Esse dado foi seguido pelo observado no quarto de estudos (21% de ocorréncias na 5* sesstio) e com menor ocorréncia no quarto de dormir (8% da 14 a 4* sesso) (Figura 2). = 70 . a pee * mbes 0 Pookie Sessdes Figura 2 - Porcentagem do comportamento Olhar Dispersivo Na copa, registraram-se grandes oscilagdes dos dados (entre 11% e 73% de ocorréncias do comportamento Olhar Dispersivo). No quarto de estudos a variagio decresceu, sendo ainda menor no quarto de dormir. Verbalizagao dispersiva © comportamento Verbalizagio Dispersiva ocorreu com maior frequéncia na copa (52% de ocorréncias na 4* sessiio). No quarto de estudos o dado maximo foi de 21% de ocorréncias 1na 5% sessio, No quarto de dormir o comportamento verbalizagao dispersiva permaneceu a0 nivel de 8% de ocorréncias (Figura 3). : 233 ae 2 38 a se Figura 3 ~ Porcentagem do comportamento Verbalizacao Dispersiva - Observou-se que a variacdo do comportamento Verbalizagao Dispersiva foi maior n copa. Esse dado foi seguido pelo coletado no quarto de estudos. No quarto de dormir variagao foi proxima a zero. Movimentagdo dispersiva Quanto 20 comportamento movimento dispersivo foi observada maior ocorréncia na copa Sessbes > 3 Figura 4~ Porcentagem do comportamento Movimentagao Dispersiva 234 Ss Observou-se grande variagio do comportamento Movimento Dispersivo na copa (entre 12% e 74% de ocorréncias), sendo relativamente menor no quarto de estudos. No quarto de dormir a variagao foi pequena, em relacio aos outros dois locais. DISCUSSAO O presente trabalho procurou investigar o efeito do local de estudo nas ativida- des académicas de am sujeito com comportamento inadequado de estudar. Os dados obtidos mostraram que, em locais onde a estimulagao visual, auditiva e social estavam presentes em maior quantidade ¢ variedade, a ocorréncia de comportamento incompa- tiveis com o de estudar foi maior. Em locais onde estimulos sociais, auditivos e visuais ‘ocorriam com menor frequéncia ¢ variedade, os comportamentos académicos foram exibidos de modo mais adequado. Estudos realizados (Robinson, 1946; Fox, 1972) também mostraram que 0 comporta- mento de estudar, independente de sua eficiéncia, nao se encontra sob controle de estimu- los adequados, nem de tempo, nem de lugar. Condutas condicionadas por circunstancias incompativeis com 0 comportamento de estudar interferem no estudo. Pesquisas recentes (como, por exemplo, Hall, Connie, Granston e Tucker, 1970), que procuraram colocar sob controle de estimulos o comportamento académico inadequado de alunos, podem ser consideradas como tentativas para evitar ou mesmo extinguir com- portamentos incompativeis com o de estudar. Contudo, em nenhum desses experimentos procurou-se estabelecer associagio de estudo com apenas um local fixo. As atividades académicas que a maioria dos alunos manifesta consistem, sobretudo, em uma cadeia de respostas que no so pertinentes ou que competem com a aprendizagem. Nao ocorrendo o estabelecimento de um local de estudo, principalmente no lar, o aluno passa a ser con- trolado por estimulos incompativeis com 0 comportamento de estudar. O presente estudo vem corroborar a colocagao acima, baseado nos dados obtidos por meio de registros feitos do comportamento de estudar nos trés locais de estudo do sujeito. Controlaram-se as estimulagSes social, auditiva e visual que ocorriam em maior quantidade na copa. Registrou-se que nesse local 0 sujeito apresentou maior ocorrén- cia de comportamentos incompativeis com o de estudar. Quais estimulacées (visuais, auditiva e social) estariam controlando os comportamentos incompativeis exibidos pelo aluno? Foi observado que a estimulaco social apresentou maior variagao na copa, do que as estimulagdes visual e auditiva. Registrou-se também, que a estimulagio social ocorreu em maior quantidade na copa do que nos outros dois locais. A questiio é saber se esse dado seria suficiente para afirmar, com precisio, que a estimulagao social estaria con- 235 trolando os comportamentos incompativeis do sujeito. Que outros procedimentos experimentais poderiam ser utilizados para obter dados mais seguros? Experimentos em situagdes andlogas.a do presente estudo ou pesquisas em labora torios poderiam ser efetuadas a fim de se coletar dados com maior precisao. Questées semelhantes podem ser levantadas a respeito do quarto de estudo. Nesse local o sujeito apresentou menor ocorréncia de comportamentos incompativeis com 0 de estudar, em relagio & copa. Registrou-se que no quarto de estudo as estimulagoes 1 auditiva aparecem com menor variagio do que na copa. Foi observado que a estimulagao visual ocorreu em maior quantiddde no quarto de estudo do que nos outros dois locais. Pelas proprias limitagées do procedimento utilizado, seria pouco preciso assegurar que a estimulacio visual estaria controlando os comportamentos incompativeis com o de estudar. Pesquisa de laborat6rio e a construcao de aparatos precisos poderiam ser utilizados como instrumentos eficientes para coletar dados sobre as estimulagdes observadas. Que outras estimulagdes (social ¢ auditiva) estariam controkando os comportamentos: incompativeis com-o de estudar? Poder-se-ia sustentar que a menor variagio de estimu- los sociais estariam permitindo ao sujeito exibir menor frequéncia de comportamentos incompativeis? No quarto de dormir, o-sujeito apresentou frequéncia menor de comportamentos: incompativeis com o de estudar, em relago aos outros dois locais. Que estimulagdes (vi- sual, auditiva e social) ainda estariam controlando esses comportamentos incompativeis? Os dados obtidos mostraram que a variabilidade da estimulagao social, no quarto de dor- mir, € menor do que nos outros dois. Foi observado que tanto a estimulagio social como: auditiva apresentaram menor ocorréncia no quarto de dormir. Registrou-se, também, que’o comportamento de estudar ocorreu em maior quantidade nesse local. Esses dados permitiram estabelecer o quarto de dormir como local de estudo adequado para o sujeito. Entretanto, a observagao seria um procedimento suficiente para fornecer esse resul- tado? Estudos (Iiiesta, 1972; Baer, Bowbory e Baer, 1973) mostraram que comportamentos diferentes sio suscetiveis de serem colocados sob controle de instrugdes verbais. Em situ- ages, sobretudo académicas, basta apresentar a instrugao ao sujeito para que este emita © comportamento desejado, sem necessidade de passar por procedimentos mais elabora~ dos de aprendizagem. “Assim, 0 estabelecimento de um repertério generalizado de tipo instrucional abrevia e reduz as formas de estimulago suplementar, os procedimentos de aprendizagem e a manutengio necesséria para reduzir uma resposta’ (Iitesta, 1972, p. 81). Entretanto, a instrugao adequada seri eficiente & medida que as estimulagdes incompat veis com o estudo sejam controladas, permitindo assim a ocorréncia de comportamento de estudar adequado. 236 Outro dado a ser considerado € que o controle instrucional poder s necessidade de reforcar o sujcito por seguir a instrugao. Neste estudo o sujeito recebeu instrugiio padronizada em cada sesso. O sujeito era conduzido em cada sessio para um local diferente. Assim, foi possivel controlar as esti~ mulagdes visual, auditiva e social que ocorriam em cada local de estudo. A instrugao foi considerada como instrumento que tornaria possivel garantir que o sujeito no conversaria com 0 experimentador ¢ desempenharia suas atividades.escolares. Pode-se investigar, a partir destes dados, se a utilizagio de outros procedimentos experimentais teriam fornecido resultados mais seguros do que os garantidos pelo controle instrucional. Os resultados deste trabalho fornecem indicagdes importantes para se vir a modificar © habito de estudo inadequado do sujeito. Como sugestio inicial, os dadlos obtidos propu- seram 0 estabelecimento de um local de estudo fixo para o sujeito. ‘A sugestio seguinte ¢ a utilizagao de instruc: mais adequadas ¢ o planejamento de contingéncia de reforco. Pretende-se, em estudo posterior, instalar no sujcito hibito de cestudo eficiente que permita maior ocorréncia de comportamento de estudar.' Como sugestio para pesquisas posteriores coloca-se: realizagio de estudos com sujei- tos de outras faixas de idade, individualmente ou em grupo. Pode-se considerar os dados Ievantados no presente estudo especificos para serem estendidos a outros sujeitos? O pro~ cedimento utilizado neste experimento seria adequado para grupos de sujeitos? Seria ade~ quado aplicar o mesmo procedimento experimental deste estudo em criangas excepcionaii Outra sugestio € o estabelecimento de local de estuda na escola com utilizagio de professor como experimentador. REFERENCIAS? ‘ Baer, A.; Bowbory, T. Baer, D.M. The development of instructional control over classroom activities of deviant preschool children. Journal of Applied Beburvior Analysis, 6, 289-298, 1973. Cranston, S. . Anise de linha de base miltipla de um procedimento para aumentar 0 desempenho em provas didrias de francés. In R. Vance Hall (Ed.), Manipulagao de comportamento: Aplicagbes na escola e no lar. Sao Paulo: EPU-EDUSP, 1973. De fato, a autora realizou um segundo trabalho com o mesmo sujeito, em sua casa, ¢ conseguit que ele ‘adquirisse bons habitos de estudo, aplicando técnicas de reforcamento. 2 As referencias estao como constam no original, padronizadas conforme as normas da APA - Associ ‘Americana de Psicologia, que diferem das normas da ABNT. 237 ‘Gaasholt, M. Precision tecniques in the management of teacher and child behaviors. Excepriz Children, 37: 129-135, 1970. 4 Hall, R.V. Manipulagio de comportamento: A mensuragio do comportamento. Sao Paulo: EPU~ EDUSP, 1973. Hall, R. V5 Connie, C.; Cranston, S. S.e Tucker, B. Professores e pais como pesquisadores usando esquemas de linha de base miltipla. Journal of Applied Behavior Analysis, 3; 247-255, 1970. Hamblin, RL; Hathaway, C. e Wodaski, J. Group contigencies, peer tutoring and accelerating, academic achievement. In R. Ulrich, T. Stachnik ¢ J. Mabry (Eds.), Control of buman behavior. Illinois: Scott, Foresman, 1974, Jones, S. Extingio do comportamento de discutir inadequadamente de'um menino de 4° ano. In. Vance Hall (Ed.) Manipulagdo do comportamento; Aplicagdes na escola ¢ no lar. EPU e | EDUSP, Sio Paulo, 1973, Leblanc, J. M.; Basby, K. H. Thompson, C. L. The Functions of time out for changing the agressive behaviors of a preschool child: a multiple baseline analysis, InsR. Ulrich. T: Stachnik ¢J-Mabry (Eds.), Control of Human Behavior. Mlinois; Scott, Foresman, 1974, Robinson, F. P. Eifective study. New York: Harper and Row, 1946. Schutte, R. G.c Hopkins, B. L. The effects of teacher attention on following instructions in a Kindergarden class. Journal of Applied Bahavior Analysis, 3: 117-122, 1970. Vollirath, F.¢ Clark, M. 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