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Introdução
Podemos afirmar que é dentro desse quadro geral que o professor brasileiro,
hoje, em sua grande maioria, se vê fustigado e acuado em dois cenários distintos,
mas marcado por uma política pública educacional, ora visível, ora invisível.
O primeiro cenário aponta para um quadro crítico e imediato, pois,
pessoalmente, os docentes se vêem na contingência de lutar pela sua
sobrevivência. E a maioria deles não pode mais se dedicar, exclusivamente, à
instituição pública que se consolidou, ao longo de sua existência, como aquela que
produz conhecimentos, dentro de um plano de carreira, denominado de Dedicação
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maiores para uma extensa produção e a oferta de limitadas condições materiais para
o seu desenvolvimento.
Uma outra situação que podemos destacar é a grande e forte distinção
existente entre as diferentes áreas do conhecimento, marcadas, exatamente, pelo
valor de mercado, isto é, os projetos valorizados e, portanto, aprovados são aqueles
de alcance imediato, que apresentam resultados e retornos rápidos e altamente
rentáveis. Naturalmente, não há ingenuidade de nossa parte, pois sabemos que
essas práticas são respostas dadas ao modelo de sociedade que produzimos,
portanto, não são vazias, elas estão repletas de conteúdo.
É dentro desse âmbito conflituoso, contraditório, marcado por discursos
diversos que queremos, agora, refletir sobre a formação profissional de professores,
situando a universidade, o docente universitário e o acadêmico universitário.
educação, pois como pensar a formação do professor sem a sua formação nos
fundamentos básicos do ensino. O ensino do docente universitário e do universitário
precisa ser revisto na forma como se tem convencionado até o presente. O ensino
não se constrói em um determinado momento, mas ao longo de uma formação e
todos os docentes são responsáveis pela prática de ensino desenvolvida pelo
professor formado pela universidade.
Por outro lado, o ensino não está reduzido apenas à sala de aula, pois esta
reflete toda a constituição escolar, em sua estrutura e organização. O ensino precisa
ser pensado dentro de uma totalidade bastante complexa e, por essa razão, se faz
necessária uma ampla reflexão do seu sentido, hoje. Evidencia-nos, ainda que, o
docente não pode tomar apenas a dimensão do ensino em seu trabalho docente,
para que não fique restrito a repetir o produzido por outros, o escrito por outros, mas
que também produza conhecimentos novos. E essa produção do novo, que pode
estar colocada por meio de uma contraposição, um aprofundamento ou como
possibilidade de confirmação do que já está colocado, só poderá ocorrer se o
docente, individualmente ou em parceria, tanto com outros professores como com
seus próprios alunos, se dispuser a pesquisar. Nesta colocação, de forma nenhuma
estamos afirmando que o professor que ensina, não pesquisa, mas quando nós nos
propomos a desenvolvê-la, percorremos uma trajetória que nasce de uma indagação
que nos incomoda, que exige uma reflexão mais definida para a sua compreensão.
Pesquisar não está restrito ao professor. A pesquisa é uma atividade
formadora e reflexiva e, como tal, deve fazer parte da vida acadêmica do futuro
professor. O recebimento de uma formação que valoriza a investigação como meio
para buscar conhecimentos contribuirá para o desenvolvimento de um ensino
voltado para a problematização dentro de um olhar investigativo.
Quando se fala em extensão no meio universitário, logo se pensa nos projetos
ou nos cursos oferecidos aos acadêmicos ou à comunidade, sempre coordenado por
um ou vários docentes. A visão extensionista do professor é de fundamental
importância para a própria produção da instituição de ensino superior. No entanto,
além desse engajamento como parte de seus encargos docentes, contribuindo para
a socialização do conhecimento, é necessário que o professor universitário também
pense na formação extensionista de seus próprios alunos.
Nessa linha de pensamento, consideramos que os alunos não devem
permanecer apenas dentro da formação endógena. É necessário que os
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REFERÊNCIAS
1996.