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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA


CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL
SETOR DE GEODÉSIA E TOPOGRAFIA

GEODÉSIA E TOPOGRAFIA

EGR1008 – Topografia e Elementos de Geodésia


EGR1026 – Topografia e Noções de Geodésia

Fundamentos de Geodésia e Topografia

SANTA MARIA-RS, 2011.

UFSM | Notas de Aula – Geodésia e Topografia – Prof. Jaime Freiberger; Prof. Carlito V de Moraes; Prof. Eno D Saatkamp – março/2011.
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SUMÁRIO

1. FUNDAMENTOS DE GEODÉSIA .................................................................................................................................... 5


1.1 Aspectos históricos da Geodésia: definição, objetivos e importância............................................................................ 5
1.2 Superfícies de referência em Geodésia ........................................................................................................................ 6
1.2.1 Modelo esférico ..................................................................................................................................................... 7
1.2.2 Modelo elipsoidal .................................................................................................................................................. 7
1.2.3 Modelo geoidal ...................................................................................................................................................... 7
1.2.4 Modelo plano......................................................................................................................................................... 7
1.3 Altitudes, desvio da vertical e ondulação geoidal .......................................................................................................... 8
1.4 Sistemas de referência em Geodésia ............................................................................................................................ 9
1.5 Geometria do elipsóide de revolução. ........................................................................................................................... 9
1.5.1 Elipse geradora ..................................................................................................................................................... 9
1.5.2 Elipsóide GRS80 ................................................................................................................................................. 12
1.5.3 Latitude geocêntrica e latitude reduzida .............................................................................................................. 12
1.5.4 Raios de curvatura e seções normais ................................................................................................................. 12
1.5.4.1 Raio de curvatura da seção meridiana .................................................................................................. 13
1.5.4.2 Raio de curvatura da seção transversal meridiana ............................................................................... 13
1.5.4.3 Raio de curvatura de seção α................................................................................................................ 14
1.5.4.4 Outros raios de curvatura ...................................................................................................................... 15
1.5.4.5 Seções normais recíprocas ................................................................................................................... 15
1.6 Sistemas de Coordenadas .......................................................................................................................................... 16
1.6.1 Sistema de coordenadas cartesianas ................................................................................................................. 16
1.6.2 Sistema de coordenadas curvilíneas – caso esférico ......................................................................................... 18
1.6.3 Sistema de coordenadas curvilíneas – caso elipsoidal ....................................................................................... 19
1.6.4 Transformação de coordenadas geodésicas ...................................................................................................... 21
1.6.5 Transporte de coordenadas no elipsóide. ........................................................................................................... 23
1.6.5.1 Problema Geodésico Direto (PGD) ....................................................................................................... 23
1.6.5.2 Problema Geodésia Inverso (PGI)......................................................................................................... 26
2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TOPOGRAFIA ........................................................................................................... 29
2.1 Definição de Topografia............................................................................................................................................... 29
2.2 Medição de alinhamentos ............................................................................................................................................ 30
2.3 Medição de distâncias ................................................................................................................................................. 33
2.3.1 Processos Diretos ............................................................................................................................................... 33
2.3.2 Processos Indiretos ............................................................................................................................................. 36
2.3.2.1 Estadimetria........................................................................................................................................... 36
2.3.2.2 Medição eletrônica de distâncias (MED) ............................................................................................... 39
3. GONIOLOGIA................................................................................................................................................................. 40
3.1 Medição de ângulos horizontais e verticais ................................................................................................................. 40
3.2 Instrumentação ............................................................................................................................................................ 42
3.3 Conceitos de azimute, contra-azimute e rumo ............................................................................................................ 42
3.4 Operações com rumo e azimute .................................................................................................................................. 46
3.4.1 Cálculo do azimute como função das coordenadas cartesianas dos vértices do alinhamento ........................... 46
3.4.1.1 Cálculo do azimute como função do rumo ............................................................................................ 46
3.4.1.2 Cálculo do azimute pela fórmula de Grafarend ..................................................................................... 48
3.4.2 Transporte de azimute no plano.......................................................................................................................... 49
3.5 Medição de direções horizontais e verticais ................................................................................................................ 52
3.5.1 Medição de direções horizontais: cálculo de ângulos horizontais horários ......................................................... 52
3.5.2 Medição de ângulos verticais .............................................................................................................................. 53
4. PLANIMETRIA................................................................................................................................................................ 56

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4.1 Métodos de levantamento topográfico planimétrico .................................................................................................... 56


4.1.1 Método das coordenadas polares ....................................................................................................................... 56
4.1.2 Método das coordenadas bipolares .................................................................................................................... 57
4.1.3 Método da poligonação ....................................................................................................................................... 59
4.1.3.1 Linhas poligonais abertas ...................................................................................................................... 59
4.1.3.2 Linhas poligonais fechadas ................................................................................................................... 61
4.2 Medida de superfície no plano topográfico .................................................................................................................. 63
4.2.1 Área de triângulos ............................................................................................................................................... 63
4.2.2 Área de polígonos por coordenadas polares ...................................................................................................... 64
4.2.3 Processo das coordenadas (fórmula dos trapézios segundo Gauss) ................................................................. 67
4.3 Cálculo de cadernetas topográficas ............................................................................................................................ 69
4.3.1 Cálculo em linha poligonal aberta ....................................................................................................................... 70
4.3.2 Cálculo em linha poligonal fechada (polígono) ................................................................................................... 70
4.3.3 Desenho técnico topográfico ............................................................................................................................... 70
5. ALTIMETRIA .................................................................................................................................................................. 74
5.1 Levantamento Topográfico Altimétrico ........................................................................................................................ 75
5.2 Métodos de nivelamento.............................................................................................................................................. 75
5.2.1 Nivelamento Geométrico ..................................................................................................................................... 76
5.2.1.1 Nivelamento geométrico simples ........................................................................................................... 76
5.2.1.2 Nivelamento geométrico composto ....................................................................................................... 78
5.2.1.3 Nivelamento de vértices de poligonais .................................................................................................. 79
5.2.2 Nivelamento Trigonométrico ............................................................................................................................... 81
5.2.2.1 Influência da curvatura terrestre ............................................................................................................ 84
5.2.2.2 Influência da refração atmosférica......................................................................................................... 85
5.2.2.3 Influência da curvatura terrestre e da refração atmosférica .................................................................. 85
5.3 Noções de Topologia ................................................................................................................................................... 87
5.3.1 Traçado de curvas de nível: método numérico ................................................................................................... 88
5.4 Terraplenagem ............................................................................................................................................................ 90
6. DIVISÃO DE ÁREAS E LOCAÇÃO ................................................................................................................................ 90
7. INTRODUÇÃO AO NAVSTAR-GPS............................................................................................................................... 92
7.1 Posicionamento ........................................................................................................................................................... 92
7.1.1 Contextualização e conceito ............................................................................................................................... 92
7.1.2 Referencial e sistemas de coordenadas ............................................................................................................. 92
7.1.3 Introdução ao sistema de projeção cartográfica UTM ......................................................................................... 95
7.1.4 Sistemas de referência do Sistema Geodésico Brasileiro e do GPS .................................................................. 97
7.2 Sistema de Posicionamento Global por Satélites ........................................................................................................ 97
7.2.1 Introdução ........................................................................................................................................................... 97
7.2.2 Principio básico do posicionamento por GPS ..................................................................................................... 98
7.2.3 Fontes de erro no posicionamento por GPS ..................................................................................................... 100
7.2.4 Características técnicas principais do NAVSTAR-GPS .................................................................................... 101
7.2.5 Tipos de receptores GPS, métodos e técnicas de posicionamento .................................................................. 103
7.2.6 Outros sistemas de posicionamento por satélites ............................................................................................. 105
Cadernetas de Campo ....................................................................................................................................................... 107

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Sumário das práticas de campo

Prática de campo 1: medição de distâncias com trena e baliza ............................................................................... 35


Prática de campo 2: medição de distâncias por taqueometria ................................................................................. 38
Prática de campo 3: determinação de azimutes ....................................................................................................... 44
Prática de campo 4: determinação de ângulos horizontais horários......................................................................... 54
Prática de campo 5: determinação de ângulos zenitais............................................................................................ 55
Prática de campo 6: determinação de distâncias por interseção à vante ................................................................. 57
Prática de campo 7: levantamento planialtimétrico por coordenadas polares com teodolito e trena........................ 58
Prática de campo 8: levantamento planialtimétrico por coordenadas polares com teodolito e mira ......................... 58
Prática de campo 9: levantamento planialtimétrico por coordenadas polares com estação total ............................. 58
Prática de campo 10: elaboração de croqui.............................................................................................................. 58
Prática de campo 11: levantamento planialtimétrico por poligonação ...................................................................... 62
Prática de campo 12: nivelamento geométrico simples ............................................................................................ 77
Prática de campo 13: nivelamento geométrico composto ........................................................................................ 81
Prática de campo 14: divisão de área e locação ...................................................................................................... 91
Prática de campo 15: posicionamento GPS – método absoluto ............................................................................. 106
Prática de campo 16: posicionamento GPS – método relativo estático.................................................................. 106
Prática de campo 17: transporte de coordenadas no elipsóide .............................................................................. 106

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1. FUNDAMENTOS DE GEODÉSIA

1.1 Aspectos históricos da Geodésia: definição, objetivos e importância

Consta que o termo “geodésia” do grego 1, foi usado pela primeira vez por Aristóteles (384-322
a.C.). Geodésia pode significar tanto divisões (geográficas) da Terra como também o ato de dividir a terra, por
exemplo, entre proprietários. A Geodésia é uma Engenharia que trata do levantamento e da representação da
forma e da superfície da terra (definição clássica de Helmert) global e parcial, com as suas feições naturais e
artificiais bem como a determinação do campo gravitacional da Terra.
Dentre os fatos da antiguidade que se tem notícia, e que marcaram o desenvolvimento dos estudos
geodésicos, está a comprovação da esfericidade da Terra por Eratóstenes (276-194 a.C.), matemático,
bibliotecário e astrônomo grego. Ele comprovou pela trigonometria a esfericidade da Terra e mediu com relativa
precisão o perímetro de sua circunferência.
Na era moderna, juntamente com o Renascimento e a ascensão do Humanismo, houve grande estímulo
à pesquisa científica e intelectual. A passagem do feudalismo da Idade Média para a Idade Moderna com a
ascensão dos estados-nação europeus foi marcada pelos “descobrimentos” ou Grandes Navegações. Esta é a
designação dada ao período da história que decorreu entre o século XV e o início do século XVII durante o qual
os europeus exploraram intensivamente o globo terrestre em busca de novas rotas de comércio. Os
historiadores geralmente referem-se à era dos descobrimentos como as explorações marítimas pioneiras
realizadas neste período por portugueses e espanhóis, que estabeleceram relações com África, Américas e
Ásia, em busca de uma rota alternativa para as “Índias”, movida pelo comércio de ouro, prata e especiarias.
A passagem entre os séculos XVII e XVIII foi marcada pelo Iluminismo, movimento cultural que se
desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha
ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e econômica, por profundas
mudanças na forma de pensar, pelas descobertas científicas e tecnológicas e pela Revolução Industrial. Além
das idéias iluministas que se espalhavam pelo mundo (inclusive no Brasil, com a Inconfidência Mineira), a
Europa e América do Norte também assistiam a novas descobertas e inventos. O avanço científico dessa
época mostrou ao homem informações reais quanto à descrição da órbita dos planetas e do relevo da Lua, a
descoberta da existência da pressão atmosférica e da circulação sangüínea e o conhecimento do
comportamento dos espermatozóides, por exemplo. O século XVIII é também chamado Século das Luzes.
A Astronomia foi um dos campos que deu margem às maiores revelações. Seguindo a trilha de
estudiosos da Renascença, como Nicolau Copérnico, Johann Kepler e Galileu Galilei, o inglês Isaac Newton
(1642-1727) elaborou um novo modelo para explicar o universo. Auxiliado pelo desenvolvimento da
Matemática, que teve em Blaise Pascal (1623-1662) um de seus maiores representantes, ele ultrapassou a
simples descrição do céu, chegando a justificar a posição e a órbita de muitos corpos siderais. Além disso,
anunciou ao mundo a lei da gravitação universal, que explicava desde o movimento de planetas até a simples
queda de uma fruta. Newton foi ainda responsável por avanços na área do cálculo e pela decomposição da luz,
mostrando que a luz branca, na verdade, é composta por sete cores, as mesmas do arco-íris.
Tanto para o estudo dos corpos celestes como para a observação das minúsculas partes do mundo, foi
necessário ampliar o campo de visão do homem. Os holandeses encarregaram-se dessa parte, descobrindo
que a justaposição de várias lentes multiplicava a capacidade da visão humana. Tal invento possibilitou a

1Termo Geodésia em grego:  = terra +  = eu divido.

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Robert Hooke (1635-1703) construir o primeiro microscópio, que ampliava até 40 vezes pequenos objetos
(folhas, ferrões de abelha, patas de insetos). Este cientista escreveu um livro sobre suas observações e criou o
termo célula, hoje comum em Biologia. A Biologia progrediu também no estudo do homem com a identificação
dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea. Descobriu-se também o princípio das vacinas - a
introdução do agente causador da moléstia no organismo para que este produza suas próprias defesas.
Na Química, destaca-se Antoine Lavoisier (1743-1794), famoso pela precisão com que realizava suas
experiências. Essa característica auxiliou-o a provar que, “embora a matéria possa mudar de estado numa
série de reações químicas, sua quantidade não se altera, conservando-se a mesma tanto no fim como no
começo de cada operação”. Atribuiu-se a ele a frase "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se
transforma".
Muitos outros inventores e estudiosos permitiram, por exemplo, a descoberta da eletricidade, a invenção
da primeira máquina de calcular, a formulação de uma teoria, ainda hoje aceita, para explicar a febre, a
descoberta dos protozoários e das bactérias. Surgiu a Geologia, a partir da qual se desenvolveu uma teoria que
explicava a formação da Terra, refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias.
Neste período, a questão que envolvia a real forma da Terra ainda não estava resolvida. É nesse
contexto de descobertas e invenções que se travou um dos grandes debates da época e que estava
relacionado à forma da Terra ou, mais especificamente, relacionado ao seu achatamento. Essa questão,
amplamente discutida no início do século XVIII, na Europa continental e na Inglaterra, contrapôs newtonianos e
cartesianos. Eles buscaram, por diferentes caminhos, provas para solucionar essa polêmica.
Supunha-se que a Terra era redonda e achatada. No entanto, não se sabia em torno de qual direção se
dava este achatamento: se no sentido dos pólos ou do equador. Essa discordância estava diretamente ligada
às diferentes concepções científicas que colocavam em jogo disputas filosóficas e políticas. No século XVIII,
dois países disputavam a hegemonia mundial em todas as áreas: Inglaterra e França. Os franceses, de modo
geral, seguiam a linha cartesiana e resolveram formar duas expedições para comprovar a hipótese de
achatamento no sentido do equador. Uma expedição foi para a Lapônia e outra para Quito, no Equador.
Nessas localidades, por meio do método da triangulação e pelo quadrante, eles mediram o raio da Terra.
Essa movimentação científica (preparar expedições, estabelecer unidades de medida, comprovar
hipóteses, etc.) não pretendia apenas confirmar a forma da Terra, mas, sobretudo ressaltar a importância
cultural e científica de uma determinada linha de pensamento.
No século XIX aparece a figura do geodesista alemão Friedrich Robert Helmert, na época presidente do
escritório central do Instituto Internacional de Medições da Terra em Potsdam. É considerado o pai da
Geodésia moderna por criar e reunir fundamentos matemáticos e físicos das teorias modernas da Geodésia
para a sua definição clássica: a ciência que estuda a forma, a dimensão e o campo gravitacional terrestre.
Helmert divide a Geodésia em Geodésia Superior, composta pela Geodésia Física e Astronômica e pela
Geodésia Matemática, e Geodésia Inferior, também chamada Topografia ou Geodésia Prática.

1.2 Superfícies de referência em Geodésia

Devido às irregularidades da superfície terrestre, utilizam-se modelos para sua representação que devem
ser simples, regulares e geométricos, e que mais se aproximem da forma real do globo. Em uma primeira
aproximação, as irregularidades da superfície terrestre podem ser negligenciadas, reduzindo o problema à
determinação das dimensões do modelo geométrico mais adequado. Devido a essas irregularidades, adotam-
se modelos ou superfícies de referência mais simples, regulares e com características geométricas conhecidas
que permitam a realização de reduções e sirvam de base para cálculos e representações. As superfícies
utilizadas em levantamentos são o plano topográfico, a esfera, o elipsóide de revolução e o geóide.

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1.2.1 Modelo esférico

Em determinadas aplicações, por exemplo, na Astronomia, a Terra pode ser considerada uma esfera.
Um ponto localizado na superfície desta esfera pode ser localizado por meio das coordenadas latitude e
longitude astronômicas.

1.2.2 Modelo elipsoidal

A Geodésia adota como modelo o elipsóide de revolução ou biaxial, figura geométrica regular proposta
por Newton como a que mais se aproxima da figura da Terra. Esta figura é gerada pela rotação de uma semi-
elipse em torno de um de seus eixos, então chamado eixo de revolução. Se o eixo de revolução for o eixo
menor, tem-se um elipsóide achatado. Ao contrário, será um elipsóide alongado. Um elipsóide de revolução é
definido por dois parâmetros de sua geometria: os semi-eixos maior e menor, denominados a e b,
respectivamente. Também pode ser definido por seu semi-eixo menor a e por seu achatamento f, que é a
relação matemática entre os dois semi-eixos. Esta definição é a usada tradicionalmente na Geodésia.

1.2.3 Modelo geoidal

É definido pelo nível médio dos mares (NMM) em repouso, prolongado através dos continentes. É o
modelo “natural” da Terra, ou seja, da forma como ela se apresenta, e por isso é modelo que mais se aproxima
da forma da Terra. Trata-se de uma superfície irregular e de complexo tratamento matemático. O geóide é
definido como uma superfície equipotencial do campo da gravidade ou superfície de nível que melhor se ajusta
ao NMM, que por sua vez é estabelecido por uma origem altimétrica (datum).

1.2.4 Modelo plano

Adotado na Topografia, onde não se considera a influência dos erros sistemáticos devidos à curvatura da
Terra e ao desvio da vertical. Assume-se que a porção de Terra em estudo seja plana. Trata-se de uma
simplificação, considerada válida dentro de certos limites a fim de facilitar os cálculos topográficos. A este
plano, denominado plano topográfico local ou superfície de projeção, são lançados os pontos medidos na
superfície do terreno. As caracterísiticas deste plano são:
a) é horizontal, ou seja, é perpendicular à direção vertical naquele local;
b) possui os eixos cartesianos:
- das abscissas (coordenadas x), orientado positivamente no sentido leste;
- das ordenadas (coordenadas y), orientado positivamente no sentido norte;
- eixo z, quando se determinam informações altimétricas2, pode ser utilizado este terceiro eixo,
ortogonal ao plano topográfico e com sentido oposto ao do vetor gravidade (ou direção vertical)
naquele local. Idealmente, este eixo é materializado pelo eixo principal do instrumento, quando de sua
instalação sobre o ponto.
c) dimensão máxima limitada a 80 km a partir da origem (NBR13133, p. 5);

2 Mais detalhes serão vistos na seção de Altimetria.

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Geralmente, este sistema cartesiano tem origem no ponto origem do levantamento topográfico e o
mesmo é utilizado como referencial local para determinação das coordenadas dos pontos levantados. As
projetantes de cada ponto são ortogonais ao plano topográfico.

1.3 Altitudes, desvio da vertical e ondulação geoidal

Conforme visto, o geóide é uma superfície equipotencial da gravidade terrestre que mais se aproxima do
NMM. O geóide serve para a definição da coordenada altitude ortométrica, representada por H, por isso diz-se
que o geóide é uma superfície de referência das altitudes. A altitude ortométrica (H) de um ponto P qualquer
na superfície física é a distância contada ao longo da linha vertical do ponto P ao geóide. A vertical do lugar,
direção tangente à linha vertical é a linha de força do campo da gravidade que passa neste ponto. Ela
representa a direção do vetor gravidade g e é materializada pelo fio de prumo ou pelo eixo vertical de um
teodolito nivelado corretamente. A altitude geométrica ou elipsoidal do ponto P, representada por h, é a
distância contada ao longo da normal ao elipsóide que passa pelo ponto P.

Figura 1 – Altitudes, desvio da vertical e ondulação geoidal

Foi visto que a superfície de referência em Geodésia é o elipsóide de revolução. Trata-se de uma
superfície geométrica que se aproxima da forma da Terra, contudo, geralmente não é paralela nem coincide
com o geóide. Dessa forma, ocorre um desvio entre a normal ao elipsóide, ao longo do qual é medida a altitude
geométrica (h) e a vertical, ao longo da qual é medida a altitude ortométrica (H). Esta diferença é denominada
desvio da vertical, representado por θ. A distância de separação entre o elipsóide e o geóide é denominada
ondulação geoidal ou ondulação do geóide, representada por ∆N. Ela indica a variação do geóide em
relação ao elipsóide e normalmente oscila de 30 metros, podendo chegar a 100 metros (TORGE, 2001, p.
77). A altitude geométrica pode ser convertida em altitude ortométrica por meio da relação

H  h  N
Eq. 1

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A ondulação geoidal pode ser obtida por diferentes processos, tais como: método astrogeodésico
(nivelamento astronômico), altimetria celeste, coeficientes do geopotencial (harmônicos esféricos) e rastreio de
satélites artificiais (perturbações orbitais). No Brasil, a ondulação geoidal é disponibilizada pelo IBGE (programa
MapGeo). Outra forma de se obter a ondulação geoidal aproximada de uma região é por meio do rastreio de
uma RN de altitude ortométrica conhecida (capítulo 5).

1.4 Sistemas de referência em Geodésia

Posicionamento consiste na determinação da posição de objetos no espaço em relação a um


referencial específico convencionado. Assim, georreferenciar significa associar pontos da superfície física
terrestre a um referencial especifico denominado sistema geodésico de referência (SGR). Basicamente, o
estabelecimento de um SGR consiste de duas fases:
a) Sua concepção ou definição teórica. São estabelecidos: a origem do sistema, o fator de escala, a
orientação dos eixos e o sólido geométrico de referência entre outros parâmetros. Esta concepção é
chamada system (ingl. sistema).
b) Sua realização. É a materialização de uma rede de estações com coordenadas determinadas no
próprio sistema de referência que formará o arcabouço de referência para o posicionamento de mais
pontos neste referencial. A realização do sistema é chamada frame (ingl. arcabouço).

Um sistema de referência é formado por um conjunto de regras que especifica os infinitos pontos no
espaço por meio de um conjunto de números reais denominados coordenadas. Um dos principais objetivos da
Geodésia e Topografia é a determinação da posição relativa destes pontos. Fundamental é que seja expressa
em um sistema de coordenadas, pois os sistemas de coordenadas regulamentam a localização de pontos em
superfícies, como por exemplo, uma esfera, um elipsóide ou um plano. É com base em determinados sistemas
de coordenadas que é descrita geometricamente a superfície terrestre.
Ao se posicionar um ponto, são atribuídas coordenadas que indispensavelmente deverão estar
referenciadas a um sistema de coordenadas. Existem diversos sistemas, alguns empregados em disciplinas
como a Geometria e a Trigonometria, que normalmente representam um ponto no espaço bidimensional ou
tridimensional.

1.5 Geometria do elipsóide de revolução.

O elipsóide de revolução foi proposto por Isaac Newton (1643-1727) como figura geométrica fundamental
para a representação da Terra. O elipsóide de revolução3 é o sólido gerado pela rotação de uma elipse (elipse
geradora) em torno de um de seus eixos.

1.5.1 Elipse geradora

A elipse é definida por dois parâmetros: o semi-eixo maior a e o semi-eixo menor b.

3 Revolução: em geometria, revolução significa a rotação de um corpo em volta de um eixo real ou imaginário.

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Figura 2 – Elipse

Outros parâmetros fundamentais são derivados a partir da relação matemática entre dois elementos.
Normalmente, empregam-se os parâmetros a e f para se definir um elipsóide. Denomina-se achatamento
polar f à razão da diferença entre o semi-eixo maior e o semi-eixo menor pelo semi-eixo maior:
a-b
f .
a
Eq. 2

O valor do achatamento, situado no intervalo 0 ≤ f ≤ 1 indica o quanto o elipsóide se aproxima ou se afasta da


forma esférica.
Excentricidade linear E é o segmento que liga o centro ao foco da elipse:

a 2  b 2  E2  E  a 2  b 2 .
Eq. 3

Figura 3 – Excentricidade linear E

A partir da excentricidade angular α, definem-se as duas excentricidades numéricas:

b
cosα   1 f
a
Eq. 4

E
sena   e (primeira excentricidade numérica)
a

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Eq. 5
E
tana   e' (segunda excentricidade numérica)
b
Eq. 6

Relaciona-se a primeira excentricidade numérica Eq. 5 com os semi-eixos a partir da substituição do termo da
excentricidade linear E na primeira parte da Eq. 3:

a2  b2
a  b  e a e 
2 2 2 2 2

a2
Eq. 7

Da mesma forma, relaciona-se a segunda excentricidade numérica Eq. 5 com os semi-eixos a partir da
substituição do termo da excentricidade linear E na Eq. 3:

a2  b2
a 2  b 2  e' 2 b 2  e' 2 
b2
Eq. 8

Após manipulações algébricas, deduzem-se as relações matemáticas entre as excentricidades numéricas:

e' 2
e2 
1  e' 2
Eq. 9
2
e
e' 2 
1- e2
Eq. 10

A partir das equações anteriores, obtêm-se as seguintes relações:

b
a  b 1  e' 2 
1 f
Eq. 11
b  a 1  e 2  a(1  f)
Eq. 12
1
f  1 1 e2  1
1  e' 2
Eq. 13
e  2f  f
2 2

Eq. 14
2
e
e' 2  .
(1 - f) 2
Eq. 15

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12

1.5.2 Elipsóide GRS80

Existem vários tipos de elipsóides utilizados em diferentes países e continentes. Podem ser elipsóides
com orientação local – que melhor se adapte à porção de superfície da Terra que se deseja representar – ou
com orientação global, de origem geocêntrica (centro do globo), que é um modelo generalizado para toda a
Terra. Atualmente, o Sistema Geodésico Brasileiro adota como modelo geométrico o elipsóide GRS80 (ingl.
Geodetic Reference System – 1980), atualmente recomendado pelo IAG, cujos parâmetros são:

Quadro 1 – Parâmetros do elipsóide GRS80

Semi-eixo maior a = 6378137 m


Semi-eixo menor b = 6356752,3141 m
Excentricidade linear E = 521854,0097 m
1ª excentricidade e2 = 0,00669438002290
2ª excentricidade e’2 = 0,00673949677548
Achatamento f = 0,00335281068118
Inverso do achatamento 1/f = 298,257222101

1.5.3 Latitude geocêntrica e latitude reduzida

Em questões teóricas de Geodésia, são uteis os conceitos de latitude geocêntrica e latitude reduzida.
A latitude geocêntrica ψ de um ponto P à superfície do elipsóide é o ângulo formado entre o raio vetor,
constituído a partir deste ponto ao centro do sólido, e a projeção deste vetor no plano do equador. A latitude
reduzida (ou paramétrica) β de um ponto P corresponde ao ângulo formado entre o raio vetor, constituído a
partir de um ponto em um círculo circunscrito ao elipsóide – o qual corresponde à projeção no círculo do ponto
P sobre o elipsóide – ao centro geométrico deste círculo e a projeção daquele vetor no plano do equador.

Figura 4 – Latitudes geocêntrica e reduzida

A relação entre as latitudes geodésica (φ), geocêntrica (ψ) e reduzida (β) é dada por:

tan ψ  ( 1-f) tan β  ( 1-f)2 tan  .


Eq. 16

1.5.4 Raios de curvatura e seções normais

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13

Seções normais no elipsóide de revolução são as seções determinadas pela intersecção de qualquer
plano que contém a normal e a superfície do elipsóide. O raio de curvatura de uma seção normal ao elipsóide
depende do azimute dessa seção normal. Em cada ponto da superfície existem sempre duas seções normais
mutuamente perpendiculares entre si, cujas curvaturas assumem o valor máximo e mínimo. As seções normais
que verificam o valor máximo e mínimo de curvatura dizem-se seções normais principais, que são:
- seção meridiana (símbolo: M), gerada pelo plano normal de um ponto que passa pelos dois pólos; e
- seção transversal meridiana 4 (símbolo: N), gerada pelo plano normal de um ponto, perpendicular ao
plano do meridiano, também designada por grande normal.

1.5.4.1 Raio de curvatura da seção meridiana

Para uma curva qualquer sobre o plano, z  F(x) , o raio de curvatura em um dado ponto desta curva é
dado por:
3/ 2
  dz  2 
1    
  dx  
ρ 2
 .
d z
dx 2
Eq. 17

Da aplicação desta fórmula ao arco de meridiano chega-se à expressão do raio de curvatura da seção
meridiana:

Figura 5 – Raio de curvatura da seção meridiana

a( 1  e 2 )
M .
( 1  e 2 sin2 )3

Eq. 18

1.5.4.2 Raio de curvatura da seção transversal meridiana

A relação entre o raio de curvatura da seção transversal meridiana e o raio do paralelo é mostrada na seguinte.
O raio de curvatura de paralelo (símbolo: p) que contém um dado ponto na superfície do elipsóide é expresso
pelo Teorema de Meusnier (Eq. 21), onde φ é a latitude do ponto. Substituindo na expressão do raio do
paralelo, igual a x, vem a equação do raio de curvatura da seção transversal meridiana:
a
N .
1  e 2 sin2 
Eq. 19
A pequena normal (símbolo: N’) é dada por:

4 Seção transversal meridiana: na literatura encontra-se também a denominação seção de curvatura do primeiro vertical.

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14

N'  N( 1 e2 ) .
Eq. 20

Figura 6 – Raio de curvatura da seção transversal meridiana

p  N sin( 90º  )  N cos

Eq. 21

1.5.4.3 Raio de curvatura de seção α

O Teorema de Euler dá-nos a curvatura de qualquer secção normal em função das curvaturas das
secções principais:
1 cos 2 θ sin 2 θ
  ,
ρ ρ1 ρ2
Eq. 22

onde ρ é o raio de curvatura arbitrário, ρ1 e ρ2 os raios de curvatura principais máximo e mínimo,


respectivamente, e θ é o ângulo medido a partir da seção principal de maior raio de curvatura. Como N é
normalmente maior que M, α = 90º – θ e
1 sin2 α cos 2 α
  .
Rα N M
Eq. 23
O raio de curvatura para uma seção orientada pelo azimute geodésico α assume a forma:

MN
Rα  .
M sin   N cos 2 
2

Eq. 24

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15

1.5.4.4 Outros raios de curvatura

O raio médio de curvatura, também conhecido como raio de curvatura médio Gaussiano, é definido pelo
valor médio integral de R ao longo da variação de azimute de 0º a 360º:

2π 2π
1 1 MN
R0  
2π 0
Rα dα 
2π  N cos
0
2
α  M sin 2 α
dα 

Eq. 25
R0  MN (média geométrica dos raios principais).
Eq. 26

1.5.4.5 Seções normais recíprocas

As normais relativas a dois pontos sobre a superfície de uma espera convergem para o centro do sólido,
logo, são coplanares. O mesmo não acontece no caso do elipsóide de revolução salvo no caso particular de
ambos pertencerem ao mesmo paralelo ou ao mesmo meridiano. Ou seja, duas normais ao elipsóide somente
definem um plano no caso de pertencerem a pontos situados em mesma latitude ou em mesma longitude.
Na Figura 7, a normal ao elipsóide no ponto A e o ponto A 1 determinam um plano interceptador da
superfície elipsoidal conforme uma seção normal (trajeto AaA1) que não contém a normal de A1. Analogamente,
a normal de A1 e o ponto A definem um plano do qual resulta outra seção normal (trajeto A 1a1A) distinta da
primeira.
O trajeto A1aA1 é a seção normal que contém a normal de A, sendo então chamada direta em relação a
A e recíproca em relação a A1. O trajeto A1a1A é a seção normal que contém a normal de A 1, sendo chamada
direta em relação a A1 e recíproca em relação a A.

Figura 7 – seções normais recíprocas

Considerando agora três pontos quaisquer na superfície do elipsóide de maneira que formem um
triângulo elipsóidico. Se fosse possível, de cada um dos vértices P, Q e R visar os outros pontos com um
teodolito, o triângulo PQR, devido à duplicidade das seções normais, não ficaria determinado de maneira única.

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16

Figura 8 – Definição de linha geodésica

O menor caminho entre dois pontos na superfície do elipsóide não é representado nem pela seção
normal direta nem pela recíproca, mas sim por uma curva reversa5 situada entre as duas seções normais,
denominada geodésica. Ela pode ser definida como uma linha ou curva que liga dois pontos sobre uma
determinada superfície, pela menor distância, de forma que a normal em cada ponto coincide com a normal à
superfície. Exemplos:

a) No plano: a geodésica é uma linha (segmento de reta);


b) Na esfera: a geodésica é um arco de círculo máximo;
c) No elipsóide: a geodésica é uma curva reversa situada entre as seções normais direta e recíproca.

1.6 Sistemas de Coordenadas

Basicamente, são utilizados dois tipos de sistemas de coordenadas para a definição unívoca da posição
de pontos: o sistema de coordenadas cartesianas (ou retangulares) e o sistema de coordenadas curvilíneas
(elipsoidais ou esféricas), cuja base é a geometria de um elipsóide ou esfera.

1.6.1 Sistema de coordenadas cartesianas

No caso bidimensional, utiliza-se normalmente o sistema de coordenadas cartesianas (ou retangulares).


Trata-se de um sistema de eixos ortogonais no plano denominados eixos coordenados. Este sistema é
constituído de duas retas orientadas X e Y, perpendiculares entre si e com origem no cruzamento delas.

5 Curva reversa: é a curva que não está circunscrita em um plano.

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Figura 9 – Eixos cartesianos (caso bidimensional)

Um ponto P qualquer é definido neste sistema por meio de duas coordenadas: uma, denominada abscissa
(coordenada do eixo x) e outra denominada ordenada (coordenada do eixo y). A representação matemática
deste ponto P com abscissa x e ordenada y é P(x, y) ou P=(x,y).
No caso tridimensional, ao sistema de eixos coordenados é adicionado um terceiro eixo coordenado Z.
São mutuamente perpendiculares e se interceptam em um único ponto, que define a origem. A representação
de um ponto neste sistema de coordenadas é dada por P(x,y,z) ou P=(x,y,z).

Figura 10 – Eixos cartesianos (caso tridimensional)

Em Geodésia, um sistema de coordenadas é denominado global quando sua origem for geocêntrica
(origem no centro de massa da Terra), e local ou regional quando sua origem estiver deslocada do geocentro.

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18

Figura 11 – Sistema de coordenadas geodésicas cartesianas geocêntrico global

Assim, o sistema de coordenadas geodésicas cartesianas geocêntrico global, utilizado como


sistema de coordenadas terrestres fundamental, possui as seguintes características:
a) Possui sua origem no centro de massa (CM) da Terra, incluindo a hidrosfera e a atmosfera;
b) É fixo à Terra, isto é, gira com ela;
c) Eixo Z aponta para o pólo Norte terrestre convencional médio (sentido positivo);
d) O plano equatorial contém os eixos X e Y e é perpendicular ao eixo Z;
e) O plano XZ é gerado pelo meridiano convencional médio de Greenwich;
f) O eixo Y completa o sistema destrogiro;

1.6.2 Sistema de coordenadas curvilíneas – caso esférico

Outra forma de se posicionar um ponto P qualquer no espaço tridimensional é por meio de coordenadas
curvilíneas. Supõe-se que, ao sistema de coordenadas cartesianas, seja sobreposto o sistema de coordenadas
esféricas. Neste sistema, as coordenadas do ponto P são dadas pelo afastamento r entre a origem do sistema
e o ponto P, pelo ângulo β formado entre o segmento r e a projeção ortogonal deste segmento sobre o plano
xy, e pelo ângulo α que a projeção do segmento r sobre o plano xy forma com o semi-eixo X. Assim, o ponto P,
determinado pelo terno cartesiano (x,y,z), pode ser expresso também pelas coordenadas esféricas (r,α,β), ou
seja, P(r,α,β) ou P=(r,α,β), de forma que a relação entre os dois sistemas é obtida pelo vetor posicional

 x cos α. cos β 
 y   r  sin α. cos β 
   
 z   sin β 
Eq. 27

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19

Figura 12 – Sistema de coordenadas curvilíneas – caso esférico

1.6.3 Sistema de coordenadas curvilíneas – caso elipsoidal

Supõe-se agora que, ao sistema de coordenadas cartesianas, seja sobreposto o sistema de


coordenadas elipsoidais. Quando é utilizado o elipsóide como superfície de referência, a determinação das
coordenadas de um ponto P qualquer de sua superfície acontece de forma semelhante ao sistema de
coordenadas cartesianas e ao sistema de coordenadas esféricas. A definição dos eixos coordenados é a
mesma, contudo a origem do sistema cartesiano OXYZ é o centro do elipsóide de semi-eixo maior a e semi-
eixo menor b (Figura 13).

Figura 13 – Sistema de coordenadas curvilíneas – caso elipsoidal

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As coordenadas elipsoidais de um ponto P qualquer da superfície do elipsóide são definidas por:


a) Latitude elipsoidal (φ): ângulo que a normal6 forma com sua projeção no plano do equador, sendo
positiva para o Norte e negativa para o Sul;
b) Longitude elipsoidal (λ): ângulo diedro formado entre o meridiano de Greenwich e o meridiano do
lugar, sendo positivo para Leste e negativo para Oeste, tomada como origem o meridiano de
Greenwich.

Figura 14 – Sistema de coordenadas geodésicas cartesianas e curvilíneas

Este sistema de coordenadas é denominado sistema de coordenadas geodésicas cartesianas e curvilíneas


quando utilizado para a representação geométrica da Terra. Na figura seguinte está representado um ponto P
qualquer na superfície física da Terra. Pela figura, tem-se:
- P’: ponto de interceptação da normal de P;
- φ: latitude geodésica ou elipsoidal. É o ângulo formado entre a normal de P e sua projeção no plano do
equador. Seus valores são de:
 0 < φ ≤ 90º no hemisfério sul;
 -90 < φ ≤ 0º no hemisfério norte; e
 φ = 0º no equador.
- λ: longitude geodésica. É o ângulo formado entre o plano meridiano médio de Greenwich e o plano
meridiano do ponto P que contém a normal de P, convencionada positiva para Leste. Seus valores são de:
 0 ≤ λ ≤ 90º a leste de Greenwich;
 -180 < λ < 0º a oeste de Greenwich; e
 λ = 0º em Greenwich.
- h (segmento PP’): altitude geométrica ou elipsoidal do ponto P. É medida ao longo da normal entre a
superfície do elipsóide e a superfície topográfica.

6 Normal: é a reta ortogonal à superfície elipsóidica que passa pelo ponto em questão.

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21

- Segmento P’Q: pequena normal (N’);


- Segmento P’O’: grande normal (N).

Assim, o ponto P localizado na superfície física é caracterizado univocamente no sistema de coordenadas


geodésicas cartesianas, pelas suas coordenadas cartesianas (x,y,z), ou seja, P(x,y,z), e no sistema de
coordenadas geodésicas curvilíneas (φ,λ,h), pelas suas coordenadas elipsoidais, ou seja, P(φ,λ,h), de forma
que a relação entre os dois sistemas é obtida pelas equações

x  N  hcos  cos 
Eq. 28
y  N  hcos  sin 
Eq. 29
z  N 'hsin 
Eq. 30

1.6.4 Transformação de coordenadas geodésicas

Uma transformação de coordenadas geodésicas é necessária quando se exige:


a) Expressar as coordenadas de um ponto em um sistema de referência diferente do que foi utilizado
originalmente para sua obtenção;
b) Alterar a natureza das coordenadas.
No Brasil, é relevante o fato de que o sistema de referência oficial está em transição. O SAD-69 (South
American Datum – 1969) é diferente do sistema utilizado pelo NAVSTAR-GPS, o WGS-84 (World Geodetic
System – 1984). Ainda coexistem com o sistema oficial outros sistemas mais antigos que compartilham a
mesma necessidade.
Uma transformação de coordenadas entre sistema de referência pode ser conduzida conforme a posição
e a dimensão relativas dos conjuntos dos eixos cartesianos, de forma que serão necessárias:
a) Apenas translações dos eixos cartesianos;
b) Translações e escalonamento dos eixos cartesianos;
c) Translações, escalonamento e rotações dos eixos cartesianos;
O objetivo é aproximar o sistema de referência original ao sistema de referência de destino. Nos casos
mais usuais da Geodésia, são necessárias apenas translações dos eixos cartesianos, dado o paralelismo dos
eixos cartesianos dos sistemas de referência normalmente empregados.
Ao se transformar coordenadas geodésicas, na prática, pode-se deparar com quatro casos:

1º caso: transformação de coordenadas cartesianas entre sistemas de referência

O que ocorre é a translação dos eixos cartesianos por meio da adição de parâmetros de transformação
fornecidos pelo órgão oficial, o IBGE.
 x   x   Δx
y   y    Δy 
     
z  2 z 1  Δz
Eq. 31

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22

Os parâmetros de transformação entre SAD69 e SIRGAS2000 encontram-se na resolução R.PR 1∕2005 (de
25∕02∕2005, folha 7∕7) publicada pelo IBGE:

SAD69 para SIRGAS2000 SIRGAS2000 para SAD69

a1=6.378.160 m ∆X= –67,35 m a1=6.378.137 m ∆X= +67,35 m


f1=1 ∕ 298,25 ∆Y= +3,88 m f1=1 ∕ 298,257222101 ∆Y= –3,88 m
a2=6.378.137 m ∆Z= –38,22 m a2=6.378.160 m ∆Z= +38,22 m
f2=1 ∕ 298,257222101 f2=1 ∕ 298,25

Onde:
a1, f1 = parâmetros geométricos do elipsóide do sistema de origem;
a2, f2 = parâmetros geométricos do elipsóide do sistema de destino;
(∆X, ∆Y, ∆Z) = parâmetros de transformação entre os sistemas.

2º caso: transformação de coordenadas elipsoidais entre sistemas de referência

Podem ser empregadas as equações simplificadas de Molodenskii:


 
1
a1f  f1a  sin 21  x sin1 cos 1  y sin1 sin 1  z cos 1 180
M1 
Eq. 32

 
1
 x sin 1  y cos 1 180
N1 cos 1 
Eq. 33
N  a1f  f1a sin 2 1  a  x cos 1 cos 1  y cos 1 sin 1  z sin 1
Eq. 34
Onde:
a : diferença entre semi-eixos maior ( a2  a1 );
f : diferença entre achatamentos ( f 2  f1 );
x : diferença entre coordenadas x;
Parâmetros de translação y : diferença entre coordenadas y;
z : diferença entre coordenadas z;
a1 : semi-eixo maior do elipsóide no sistema de referência S1;
f1 : achatamento do elipsóide no sistema de referência S1;
1 : latitude geodésica no sistema de referência S1;
1 : longitude geodésica no sistema de referência S1;
 2 : latitude geodésica no sistema de referência S2;
2 : longitude geodésica no sistema de referência S2;
N : diferença de ondulação geoidal.

A latitude e a longitude do ponto 2 são dadas pelas equações Eq. 35 e Eq. 36, respectivamente:

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23

2  1  
Eq. 35
2  1  
Eq. 36
3º caso: transformação de coordenadas cartesianas em coordenadas elipsoidais

São usadas as seguintes fórmulas:

  180 1  sgn  y   sgn  y sgn x   arctan ,   R | 0    360 


 1 1  y
Grafarend:
 2 2  x
Eq. 37
z  e'2 a1  f sin 3 u
Bowring:   arctan 
,   R | 90    90 
x  y  e a cos u
2 2 2 3

Eq. 38
onde:
a z
tan u   .
x y b
2 2

Eq. 39
a2
h  x 2  y 2 cos   z sin   , h  R | h  0
N
Eq. 40
4º Caso: transformação de coordenadas elipsoidais em coordenadas cartesianas

Podem ser usadas as fórmulas deduzidas da geometria do sistema de coordenada curvilíneas e cartesianas
(Eq. 28, Eq. 29, e Eq. 30), onde N’ é calculado a partir da Eq. 20.

1.6.5 Transporte de coordenadas no elipsóide.

Transportar coordenadas significa “determinar valores de pontos na superfície da Terra em função de


uma origem”. Para o transporte de coordenadas utilizam-se dois processos denominados:

1) Problema Geodésico Direto (PGD) ou Primeiro Problema Principal Geodésico; e


2) Problema Geodésia Inverso (PGI) ou Segundo Problema Principal Geodésico.

1.6.5.1 Problema Geodésico Direto (PGD)

O PGD consiste do transporte de coordenadas no elipsóide de revolução quando se conhece as coordenadas


geodésicas de um ponto P1 do elipsóide (φ1, λ1), a distância s e azimute geodésico Ag para um segundo ponto
P2, e o objetivo é calcular as coordenadas do segundo ponto.

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Figura 15 – Problema Geodésico Direto

São realizadas transformações de coordenadas geodésicas em:

- diferença de latitude geodésica ∆φ;


- diferença de longitude geodésica ∆λ; e
- diferença de azimute ∆Ag.
2  1  
Eq. 41
2  1  
Eq. 42
Ag 21  Ag12  Ag
Eq. 43

Os problemas geodésicos direto e inverso são resolvidos com o emprego das fórmulas de Puissant. São
adequadas para linhas de até 80 km e oferecem precisão de 1ppm (1mm/km). As equações seguintes
consideram dois pontos denominados 1 e 2.

a) Transporte da latitude
a2  b2
e2   2 f  f 2

a2
Eq. 44

M1 

a 1 e 2

1  e 2
 sen 21 
3/ 2

Eq. 45
a
N1 
1  e 2
 sen 21 
1/ 2

Eq. 46
1
B
M 1  sen1"
Eq. 47

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25

tg1
C
2  M 1  N1  sen1"
Eq. 48
3e  cos 1  sen1  sen1"
2
D

2 1  e 2  sen 21 
Eq. 49
1  3  tg 1 2
E
6  N1
2

Eq. 50
S12  cos Ag12
h
M 1  sen1"
Eq. 51
 "  B  S12  cos Ag12  C  S12  sen Ag12  h  E  S12  sen Ag12
2 2 2 2

Eq. 52
12 "   12 " D   12 "
2

Eq. 53
 2  1  12
Eq. 54
b) Transporte da longitude

a
N2 
1  e 2
 sen 2 2 
1/ 2

Eq. 55
S12  senA12
T12 
N 2  cos  2
Eq. 56
T12  T 
2 2
S
12 "  1  12 2  12 
sen1"  6  N 2 6 

Eq. 57
2  1  12
Eq. 58
c) Transporte do azimute:
1   2
m 
2
Eq. 59

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1
F  sen m  cos 2  m  sen 2 1"
12
Eq. 60
 12 "  12 "sen m  sec 12  F  12 "3
1
2
Eq. 61

Ag 21  Ag12    180º
Eq. 62
São conhecidos:
- 1 e 1 (latitude e longitude elipsoidais do ponto 1);
- Ag12 (azimute geodésico no sentido do ponto 1 ao ponto 2); e
- S12 (distância geodésica entre os dois pontos).
Devem ser calculados:
- 2 e 2 (latitude e longitude elipsoidais do ponto 2); e
- Ag21 (azimute geodésico no sentido do ponto 2 ao ponto 1).

1.6.5.2 Problema Geodésia Inverso (PGI)

No PGI, são conhecidas as coordenadas geodésicas de dois pontos P1(φ1,λ1) e P2(φ2,λ2) do elipsóide e o
objetivo é calcular a distância geodésica s entre os pontos.

Figura 16 – Problema Geodésico Inverso

a
Nm 
1  e 2
 sen 2 m 
1/ 2

Eq. 63

Nm 

a  1 e 2

1  e 2
 sen 2 m 
3/ 2

Eq. 64

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1
Bm 
M m  sen1"
Eq. 65
 
x  " cos  m  N m  sen1"  S12  sen Ag 12  
 2
Eq. 66
12 " cos0,5   
y  S12  cos Ag 12  
Bm  2
Eq. 67
Azimute geodésico :
  x
tg  Ag 12   
 2 y
Eq. 68
daí:
 1  x 
Ag 12  180  1  sgn x   sgn x   sgn  y   arctan  ,
1
 2 2  y 2
Eq. 69

em que o valor da primeira parcela efetua a determinação da solução final no quadrante correto;
x y
S12  
   
sen Ag 12   cos Ag 12  
 2  2
Eq. 70
São conhecidas:
- 1 e 1 (latitude e longitude elipsoidais do ponto 1); e
- 2 e 2 (latitude e longitude elipsoidais do ponto 2).
Devem ser calculados:
- Ag12 (azimute geodésico no sentido do ponto 1 ao ponto 2); e
- S12 (distância geodésica entre os dois pontos).

Na Figura 17 é apresentada a caracterização mais completa e detalhada do transporte de coordenadas


geodésicas na superfície do elipsóide de referência, e no quadro seguinte são apresentadas as grandezas
conhecidas e as incógnitas para cada tipo de solução, assinaladas com X.

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Figura 17 – Transporte de coordenadas geográficas geodésicas na superfície do elipsóide de referência

 Prática de campo 17: página 106.

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2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TOPOGRAFIA

2.1 Definição de Topografia

’(topos): lugar, espaço de terreno;


Topografia: vocábulo de origem grega
’(grafia): traçar sinais para escrever, descrever.

Topografia é a ciência aplicada que trata os princípios e os métodos de determinação do contorno, das
dimensões e da posição de uma parte limitada da superfície terrestre sem levar em conta a curvatura da Terra.
A topografia pode ser considerada uma particularidade da Geodésia. Trabalha-se essencialmente com medidas
angulares (ângulos) e lineares (distâncias) realizadas na superfície física (topográfica) a partir das quais são
calculadas grandezas geométricas tais como alinhamentos, coordenadas, áreas e volumes. Ao final, possibilita-
se representar graficamente estes elementos mediante o desenho técnico topográfico.
A topografia é dividida em:
- Planimetria: trata dos métodos de representação de pontos no
a) Topometria
plano horizontal, os métodos de cálculo de medida de superfície
(área) e a planta do desenho topográfico;
- Altimetria: trata da medição de alturas por nivelamento.
b) Topologia: trata das formas do terreno e as leis que regem seu modelamento.

A distância entre dois pontos e o ângulo horizontal entre alinhamentos são grandezas denominadas
observações. O conjunto de operações executadas no terreno com o objetivo de realizar estas observações e
assim obter os dados para a descrição do lugar é denominado levantamento topográfico. Em países como
Alemanha, qualquer construção, reforma ou demolição necessita de uma autorização. Antes de se colocar um
projeto em prática, o engenheiro deve se informar sobre os requisitos jurídicos que estabelecem as diretrizes
de uma obra em uma determinada cidade ou região. À documentação da obra, junto com os projetos
definidores, descrições, desenhos, documentos técnicos, escritura e outros itens, deve estar associado um
plano de situação, que é um levantamento topográfico contendo:
- Posição, altitude e proprietário do lote; escala e orientação ao norte; denominação do lote, dados cartorários,
limites jurídicos com os confrontantes e o conteúdo existente na propriedade;
- Largura e dimensões das ruas vicinais; posicionamento dos dutos de águas pluviais e de esgoto e a cota de
fundo;
- Diretrizes jurídicas para a utilização da obra, que relacionam as regras sobre o tipo e o tamanho de obra que
se pode edificar;
- Levantamento dos equipamentos existentes, memoriais (obeliscos) e árvores protegidas por lei, poço
artesiano, divisas, em suma: levantamento de tudo o que existe no lote, e de preferência, dependendo da
importância, reconhecer também o que existe nos lotes vizinhos;
- Levantamento minucioso do local onde está prevista a obra. Há de se realizar um levantamento das
distâncias limítrofes da superfície em questão, por exemplo, as superfícies das paredes externas da
construção, as distâncias de áreas publicas e de áreas verdes, de estacionamento de veículos pesados, do

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acesso dos bombeiros, da área de parquinhos para crianças, de locais de descarte de resíduos (lixo), de locais
de depósito de materiais de construção, de canteiros de obras, de poços d´água, dutos de eletricidade, gás,
água, óleo, hidrantes, entre outros.
O levantamento topográfico pode ser de três naturezas: planimétrico, altimétrico ou planialtimétrico.
No levantamento planimétrico procura-se determinar a posição relativa dos pontos considerando apenas
as dimensões planas. Distâncias, ângulos e alinhamentos horizontais garantem o posicionamento relativo de
objetos por meio de pontos coordenados, que posteriormente podem ser representados em uma planta
topográfica.
No levantamento altimétrico interessam as diferenças de altura entre pontos. Elas são determinadas pelo
processo chamado nivelamento.
O levantamento planialtimétrico engloba os levantamentos planimétrico e altimétrico, que podem ser
realizados simultaneamente no mesmo processo.
Os levantamentos topográficos são a base para diversos trabalhos de engenharia em que se faz
relevante o conhecimento da forma, da dimensão e dos limites dos terrenos. Por exemplo:

a) Projeto e execução de estradas; e) Planejamento rural e urbano;


b) Construção de pontes, viadutos e túneis; f) Irrigação e drenagem;
c) Locação de obras; g) Monitoramento de estruturas; e
d) Terraplanagem; h) Projetos ambientais.

Um levantamento topográfico típico pode ser cumprido em cinco etapas:


1) Identificação da necessidade;
2) Reconhecimento do terreno (in loco);
3) Levantamento de campo;
4) Cálculos de Escritório;
5) Locação (quando necessário).

Ou, simplificadamente, serviços de:


1) Campo; e
2) Escritório.

2.2 Medição de alinhamentos

A Topografia tem por objetivo representar uma porção da superfície terrestre por meio de desenhos
construídos com elementos gráficos primitivos, por exemplo, o ponto e a linha.

a) Ponto

Os pontos definem o fim e o início de linhas, bem como o vértice de polígonos. Chamado ponto
topográfico, sua materialização é feita com piquetes cravados no solo. Ao seu lado é cravada uma estaca
testemunha, e nela deve ser escrita a identificação do ponto.

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Figura 18 – Piquete e estaca testemunho

b) Linha

As linhas unem pontos topográficos em uma sequência lógica a fim de formar polígonos planos com
dimensão e orientação tomada a partir de um alinhamento conhecido. Estes polígonos são a base para as
operações matemáticas da topografia. Na figura, os pontos topográficos A e B definem o alinhamento AB, onde
a distância dAB é uma de das coordenadas deste alinhamento.

Figura 19 – Alinhamento definido entre dois piquetes

Foi visto que o plano é a entidade adotada pela Topografia para a representação da região medida, ou
seja, esta região ou porção de superfície em estudo é considerada um plano horizontal no qual são projetadas
as grandezas de observação, como por exemplos a distância e o alinhamento entre dois pontos. Com base
neste conceito topográfico, as distâncias serão representadas em planta sempre conforme o valor da projeção
dos pontos no plano horizontal uma vez que a planta topográfica é uma projeção horizontal.
Na figura, chama-se distância inclinada d’ a distância entre os pontos que definem o alinhamento AB no
terreno e distância horizontal ou reduzida d a distância entre os pontos que definem a projeção horizontal do
alinhamento AC. Para efeito de representação planimétrica e cálculo de área, as distâncias inclinadas devem
ser reduzidas às dimensões de suas bases produtivas7.

7 Bases produtivas: entende-se por bases produtivas as dimensões que são aproveitadas de fato. Na agricultura, por exemplo,
a maioria das plantas se desenvolve procurando o centro da Terra, o que faz com que a área utilizada seja a projeção horizontal. O
mesmo acontece com as edificações, pois se exige que os terrenos sejam aplainados para que elas possam ser construídas.

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Figura 20 – Distância horizontal (reduzida) d e distância inclinada d’

Empregam-se balizas para prolongar o ponto topográfico ao longo de sua vertical para permitir que a
distância horizontal seja tomada com a máxima fidelidade possível. Para garantir a verticalidade da baliza
durante as medições, emprega-se um prumo de bolha acoplado ao corpo do instrumento.

Figura 21 – Emprego de balizas para a medição de distâncias horizontais

Exemplifica-se a medição da distância entre dois pontos conforme a situação mostrada na Figura 22.

Figura 22 – Medição de distâncias horizontais com trena e baliza em vários lances

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2.3 Medição de distâncias

Distâncias podem ser medidas por dois processos:

- Diretos; e
- Indiretos;
2.3.1 Processos Diretos

A medida de distâncias de forma direta ocorre quando uma distância é determinada a partir da
comparação com uma grandeza padrão, ou unidade retilínea, denominada diastímetro. De acordo com a
natureza do diastímetro, a medição dos alinhamentos pode ser classificada em baixa, média e alta precisão.
Baixa precisão: Usada em levantamentos expeditos, quando a precisão é pouco exigida. Exemplos:
passo do homem ou do animal de monta, rodas e câmbios de veículos (odômetro e velocímetro), som e relógio;
Média precisão: Indicada para levantamentos comuns. Exemplos: cadeia ou corrente de agrimensor, fitas
e trenas de aço, lona ou fibra;
Alta precisão: designadas para levantamentos geodésicos. Exemplo: fio de ínvar, que possui coeficiente
de dilatação próximo a zero.

A operação com trena e baliza exige o trabalho de duas pessoas. No piquete mais baixo é obrigatório o
posicionamento de uma baliza para garantir a projeção horizontal. A medição pode ser feita em lance único
quando a distância entre os dois pontos é menor que a extensão máxima da trena. Ao contrário, será
necessária a medição de vários lances (também chamadas trenadas), ou seja, a distância a ser medida é
dividida em segmentos orientados no mesmo alinhamento, que no final deverão ser somados.

Situações:

a) Trena horizontal com a origem da medição posicionada diretamente no ponto mais alto – piquete B –
e medida de distância tomada no eixo da baliza verticalizada no piquete A.

Figura 23 – Trena horizontal com origem da medição no piquete e medição de distância na baliza

b) Trena horizontal com o zero posicionado no eixo da baliza posicionada no ponto mais baixo –
piquete A – e medida de distância tomada diretamente no piquete B.

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Figura 24 – Trena horizontal com origem na baliza e medição de distância no piquete

c) Trena horizontal com o zero posicionado no eixo da baliza posicionada no ponto mais baixo –
piquete A – e medida de distância tomada no eixo da baliza posicionada no piquete B.

Figura 25 – Trena horizontal com origem e medição de distância em duas balizas

d) Trena inclinada e determinação de desnível, com o zero e medida de distância diretamente no ponto.

Figura 26 – Trena inclinada com origem e medição de distância nos piquetes

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Observações:
a) Na situação c podem ser aplicadas correções de variação de temperatura, catenária e tensão
aplicada, no caso de levantamentos precisos;
b) Na medição de vários lances, o controle de trenadas deve ser feito em caderneta de campo. Com o
uso da corrente de agrimensor, O controle era feito também com fichas, pequenas lanças de metal
que eram cravadas no local da trenada e recolhidas pelo auxiliar de ré. O alinhamento das trenadas
deve ser mantido para que não surjam curvas ao longo da medição.

Figura 27 – Medição com trena em vários lances e alinhamento das trenadas

 Prática de campo 1: medição de distâncias com trena e baliza

a) Objetivos:
- Determinar uma distância horizontal em vários lances com trena;
- Adquirir a noção de alinhamento em medição segmentada por vários lances de trena;
- Aferir a medida do passo.
b) Materiais:
- Trena de 20m e caderneta de campo 01.
c) Procedimentos:
Estabelecer duas estações (piquetes) A e B distantes entre si não mais que cerca de 120 m. Medir 3 vezes a distância
AB, partindo de A para B, depois de B para A e finalmente de A para B. Caminhar em passos normais pelo alinhamento
AB. Contar a quantidade de passos e anotar na caderneta. Realizar três contagens, partindo de A para B, depois de B
para A e finalmente de A para B. Calcular a média aritmética das três observações e o comprimento médio do passo.

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2.3.2 Processos Indiretos

As distâncias são obtidas indiretamente a partir de grandezas que se relacionam por meio de modelos
matemáticos conhecidos, não havendo, portanto, necessidade de percorrê-las para compará-las à grandeza
padrão.

2.3.2.1 Estadimetria

Denomina-se Taqueometria o processo indireto de medição de distâncias pelo princípio estadimétrico em que
se empregam:
- Estádia: régua ou mira estadimétrica graduada em centímetros; e
- Taqueômetro: instrumento para medição ótica de distância. Exemplos: teodolito e nível.

O princípio geométrico dos métodos taqueométricos, pelo modo mais simples, pode ser exemplificado com o
emprego de um nível (ângulo zenital constante e igual a 90º). Supõe-se a situação: um nível instalado na
estação A com visada a uma mira posicionada na estação B.

Figura 28 – Princípio da Estadimetria

Geometricamente, tem-se a semelhança de triângulos:

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a' b' AB f
  d  AB
f d a' b'
Eq. 71
Considerando que

f
K
a' b'
Eq. 72
e que

AB  B  A  H
Eq. 73
então

d  HK
Eq. 74
Logo

D  d  C

D  HK  C ,
Eq. 75
onde C assume valor 0 cm para equipamentos com lunetas analáticas8
e de 25 a 50 cm para lunetas aláticas.
O modo mais comum da estadimetria ocorre quando se emprega um teodolito, que permite a variação do
ângulo zenital. Supõe-se a situação da figura seguinte. Do triângulo BB’M:

H'
H'
senZ  2  senZ   H'  HsenZ
H H
2
Eq. 76
Do triângulo OMO’:

d
senZ  
d'

d  d' senZ .
Eq. 77
Substituindo a Eq. 74 na Eq. 77, tem-se:
d  H'KsenZ .
Eq. 78
Substituindo H da Eq. 76 na Eq. 78, tem-se

8 Analática e alática: luneta distanciométrica analática possui um sistema de lentes que faz com que o vértice do ângulo
diastiométrico venha a cair em um ponto do eixo ótico no interior da luneta. Se esse ponto é o centro do instrumento, ela é
centralmente analática. Esse problema foi resolvido ao se adotar para a objetiva um sistema composto de duas lentes: a primeira das
quais constitui a objetiva propriamente dita e a segunda, chamada lente analática, é colocada no interior da luneta de modo que o
foco anterior do sistema, e, portanto, o ponto analático, coincida com o centro do instrumento. Na luneta estadimétrica alática, o foco
exterior da objetiva muda conforme a focalização do ponto visado.

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d  HsenZ.K.senZ 

d  HKsen2 Z .
Eq. 79

Figura 29 – Taqueometria com emprego de teodolito

Deduz-se a diferença de nível entre os dois pontos:

ΔH  HKsenZ.cosZ  (i  M)
Eq. 80
onde:
i : altura do instrumento;
M : leitura do fio médio;

 Prática de campo 2: medição de distâncias por taqueometria

a) Objetivos:
- determinar distâncias horizontais por taqueometria;
- analisar e comparar os resultados dos processos direto (trena) e indireto (taqueometria).
b) Materiais: teodolito com tripé, mira, tripé para suporte da mira, trena de 20m e caderneta de campo 02;
c) Procedimentos:
Medir com trena a distância entre quatro estações (piquetes) estabelecidas em mesmo um alinhamento, separadas entre
si por distâncias aproximadas.

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Figura 30 – Prática de campo de Taqueometria

Com o aparelho estacionado na estação A, efetuar as leituras estadimétricas e ângulo zenital com a mira posicionada nas
estações P1, P2 e P3 (serão determinadas as distâncias A=>P1, A=>P2 e A=>P3). Medir a altura do instrumento para
posterior cálculo de desníveis. Analisar e comparar os resultados obtidos entre os processos direto (trena) e indireto
(taqueometria).

2.3.2.2 Medição eletrônica de distâncias (MED)

A medição de distâncias na Topografia e na Geodésia sempre representou um problema devido


principalmente e dois fatores: o tempo de execução e a dificuldade de se obter precisão.
Breve histórico:
- 1904: Hülsmeyer (Alemanha) construiu o primeiro radar (ingl. radio detection and ranging). Demonstrou
a possibilidade de se detectar um navio em alto mar, mas não sua distância;
- 1934: Pierre David (França) construiu um sistema de detecção de objetos por ondas de rádio de alta
frequência, usado atualmente para localização de aviões;
- 1947: Eric Bergstrand (Suécia) desenvolveu o Geodímetro (ingl. geodetic distance meter), um medidor
de distâncias baseado no tempo de propagação de um feixe de radiação infravermelho desde sua saída até o
retorno do mesmo ao dispositivo gerador após sua reflexão em uma superfície ou alvo;
- 1949: Eric Bergstrand fabricou o primeiro MED, que pesava cerca de 100 kg;
1953: a empresa sueca AGA produz o primeiro MED comercial, o AGA Modelo 1;
- 1954: Cel. Harry Baumann (África do Sul) construiu o Telurômetro (Tellus: Terra, globo em grego;
meter: medição). Este sistema envolvia duas estações, a master e a remota, ambas ativas. Princípio de
medição baseado na comunicação de voz e medição de sinais transmitidos na onda portadora. Uso militar,
precisão melhor que a do Geodímetro. Após o advento do telurômetro vem a revolução dos satélites artificiais.
- 1965: construído o primeiro MED que emprega o laser, que gera menos ruídos e tem alcances maiores;
- 1968: aparecem os distanciômetros ótico-eletrônicos;
- 1970-1980: são produzidos os MED’s para teodolitos. Com o advento dos teodolitos eletrônicos, esta
combinação modular deu início à primeira geração de equipamentos hoje denominados “estações totais”.

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3. GONIOLOGIA

Gônio (grego) significa canto, ângulo. Goniometria é a ciência que estuda os processos e instrumentos
utilizados na avaliação numérica dos ângulos. Estes conceitos são aplicados nos levantamentos topográficos.
A Goniografia estuda a reprodução geométrica do ângulo numérico determinado no campo. Em topografia, os
ângulos medidos são os diedros e a determinação é feita com instrumentos denominados goniômetros, que
podem medir tanto ângulos horizontais como verticais, ou os dois.

3.1 Medição de ângulos horizontais e verticais

O ângulo horizontal é uma das coordenadas polares definidoras de planimetria do ponto topográfico. É
definido pelo ângulo formado por dois planos verticais que contém as direções formadas pelo ponto ocupado e
os pontos visados. É medido sempre na horizontal, por isso o teodolito deve estar rigorosamente nivelado.

Figura 31 – Definição de ângulo horizontal

A medição do ângulo vertical, junto com a medição da distância inclinada, tem duas finalidades: servir ao
cálculo da distância horizontal (reduzida) e do desnível entre pontos topográficos. A definição do que
genericamente se chama “ângulo vertical” depende da origem de sua contagem. Define-se ângulo vertical
(símbolo V) o ângulo formado entre a linha do horizonte (plano horizontal) e a linha de visada, sendo a origem
de contagem do ângulo a própria linha do horizonte.

Figura 32 – Definição de ângulo vertical

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Os ângulos verticais registrados acima desta linha são positivos ou ascendentes, variando de 0  a +90,
enquanto os indicados abaixo desta linha são negativos ou descendentes, variando de 0  a –90.
Define-se ângulo zenital (símbolo: Z) o ângulo formado entre a vertical do lugar e a linha de visada,
sendo o zênite a origem de contagem do ângulo, que varia de 0 a 180.

Figura 33 – Definição de ângulo zenital

Define-se ângulo nadiral (símbolo N) o ângulo formado entre a vertical do lugar e a linha de visada,
sendo o nadir a origem de contagem do ângulo, que varia de 0 a 180.

Figura 34 - Definição de ângulo nadiral

A relação entre o ângulo zenital e o ângulo vertical é dada por:

Z  V  90 o 

V  90o  Z se Z  90 o

V  Z  90 o se Z  90 o .
Eq. 81
A relação entre o ângulo zenital e o ângulo nadiral (N) é dada por:

N  Z  180 o 

N  180 o  Z .
Eq. 82

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3.2 Instrumentação

A construção de instrumentos medidores de ângulos acompanha a evolução da engenharia. A groma,


aparato da era romana para medição de alinhamentos, é o primeiro instrumento de medição angular que se
tem notícia. Na sequência, a dioptra (dio: através; optero: observar) permitia também a medição de ângulos
verticais. Na era moderna, surgiram os instrumentos ótico-mecânicos, por exemplo os clinômetros para
medição rápida de ângulos verticais e os teodolitos (theo: visar; hodos: caminho), para medição precisa de
ângulos horizontais e verticais.

3.3 Conceitos de azimute, contra-azimute e rumo

Os ângulos horizontais são a base para a orientação de alinhamentos. Definem-se três grandezas
angulares: o rumo, o azimute, e o contra-azimute.

a) Azimute

Azimute (símbolo Az) é o ângulo diedro que a meridiana forma com um alinhamento projetado no plano
horizontal e que tem as seguintes características:

 é um ângulo horizontal;
 é um ângulo horário;
 a origem de contagem é a direção Norte.
 o intervalo é 0  Az < 360 (unidades grau, grado ou radiano).

Figura 35 – Conceito de Azimute

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Denomina-se azimute magnético o ângulo diedro medido com a bússola, com origem na direção do
meridiano magnético (plano que passa pelo eixo longitudinal da agulha) até o alinhamento a um ponto
requerido no terreno. Bússola (ingl. compass; esp. brúxula) é um instrumento que possui uma agulha ou corpo
metálico imantado em uma de suas extremidades a qual é atraída para a direção do Norte Magnético (símbolo:
NM).
A declinação magnética  é o ângulo, variável com o tempo e a posição geográfica, que a meridiana
magnética forma com a meridiana geográfica (ou verdadeira), sendo contada a partir desta. Meridiana é a linha
do plano horizontal formada pela interseção deste com o plano do meridiano (que pode ser o magnético ou o
geográfico) que passa pelo local do observador (ponto de observação). A declinação magnética é negativa
quando o norte magnético estiver a oeste do geográfico, e positiva quando ele estiver a leste do geográfico. Ela
faz parte da composição das cartas do mapeamento sistemático do Brasil, das cartas fundiárias e dos laudos
das ações judiciais: ação demarcatória e ação divisória (art. 960 da lei 5869/1973 do Código de Processo Civil).
Tendo em mãos uma bússola e a informação da declinação magnética contida em uma carta (declinação
magnética na data do levantamento e a variação anual), torna-se possível a orientação com certa precisão.
O valor da declinação magnética pode ser determinado de várias formas:
- mediante os métodos astronômicos de determinação da meridiana geográfica (por visadas ao Sol ou a
estrelas), em conjunto com uma bússola;
- de carta magnética, por interpolação de curvas isogônicas (curvas de igual declinação magnética) e
curvas isopóricas (curvas de igual variação anual da declinação magnética). No Brasil, o Observatório Nacional
(endereço eletrônico www.on.br) é o órgão responsável pela confecção e fornecimento da carta magnética do
Brasil, editada a cada 5 anos;
- mediante modelo matemático, por programas computacionais. Na internet encontram-se disponíveis
algumas páginas que permitem o cálculo ´on-line’. Por exemplo, nos endereços
http://www.ngdc.noaa.gov/geomag/declination.shtml e http://geomag.nrcan.gc.ca/apps/mdcal_e.php pode-se
calcular a declinação para qualquer parte do planeta (é usado modelo mundial). No Brasil, é recomendável usar
o modelo que utiliza dados de estações nacionais monitoradas pelo Observatório Nacional (ON), o qual
disponibiliza o programa Geomag disponível no endereço http://obsn3.on.br/~jlkm/magdec/.

Observações:

a) O azimute magnético é medido normalmente com precisão de 30’, e depende da resolução do


marcador de ângulos da bússola, no caso de ela ser analógica;
b) Denomina-se linha de fé da bússola a linha passante pelas indicações N-S (norte-sul);
c) Denomina-se declinação magnética  o ângulo que a meridiana magnética forma com a meridiana
geográfica.

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 Prática de campo 3: determinação de azimutes

a) Objetivos:
- Medição de azimutes magnéticos com a bússola;
- Transformação para azimutes verdadeiros empregando a declinação magnética;
b) Materiais: bússola, tripé e caderneta de campo 03;
c) Procedimentos: com a bússola, realizar a medição do azimute magnético do alinhamento entre a estação da bússola
e uma baliza posicionada em um ponto qualquer. Desenhar o croqui de situação e calcular o valor da declinação
magnética usando a carta magnética do Brasil. Calcular o azimute verdadeiro do alinhamento. Consultar a página
<http://obsn3.on.br/~jlkm/magdec/> para conferir o cálculo da declinação magnética.

b) Contra-azimute

Contra-azimute é o ângulo que a meridiana passante pelo ponto final do alinhamento forma com este
alinhamento.

Figura 36 – Conceito de contra-azimute

Dado o azimute de um ponto P1 para o ponto P2 (símbolo: Az12 ), o seu contra-azimute é o azimute do
alinhamento do ponto P2 para o ponto P1 (símbolo: Az 2 1 ), dado por:

Az 2 1  Az12  180  ,
Eq. 83
Onde:

Az12  180  se Az12  180  ou

Az12  180  se Az12  180 

Exemplos: dado o azimute dos alinhamentos, calcule o contra-azimute:

a) Az12  45

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b) Az34  280

c) Az56  7515'

d) Az34  12012'30"

e) Az34  180

f) Az34  0

c) Rumo

Rumo (símbolo: R) é o ângulo que a meridiana forma com um alinhamento projetado no plano horizontal
e que tem as seguintes características:

 é um ângulo horizontal;
 é ângulo horário nos quadrantes NE e SO;
 é ângulo anti-horário nos quadrantes SE e NO;
 possui duas origens de contagem:

- da direção N para:
L se o alinhamento estiver no quadrante NE;
O se o alinhamento estiver no quadrante NO;
- da direção S para:
L se o alinhamento estiver no quadrante SE;
O se o alinhamento estiver no quadrante SO;

 o intervalo em que se situa é 0  R  90;


 ao valor numérico do rumo é acrescentada a notação do quadrante.

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Figura 37 – Definição de Rumo

3.4 Operações com rumo e azimute

3.4.1 Cálculo do azimute como função das coordenadas cartesianas dos vértices do alinhamento

Dados dois pontos coordenadas P1(x1,y1) e P2(x2,y2) que definem o alinhamento P1P2 , o azimute Az12
desse alinhamento poderá ser obtido de duas formas:

 pelo azimute como função do rumo;


 pela fórmula de Grafarend.

3.4.1.1 Cálculo do azimute como função do rumo

Dados os pontos P1(x1,y1) e P2(x2,y2), exprimem-se: Az12  f (R12 ) e f (R12 )  f (x1 , x 2 , y1 , y 2 , ) .

Do triângulo AP1P2, obtém-se:


Δx x 2  x1
tan Az1 2   
Δy y 2  y1
Δx x  x1
R12  arctan  arctang 2 .
Δy y 2  y1
Eq. 84

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Figura 38 – Descrição do azimute em função do rumo

Como R  0 (não existe rumo negativo), logo

Δx
R12  arctang .
Δy
Eq. 85
Observando o sinal de Δx e Δy nos quadrantes, tem-se o azimute Az12  f (R12 ) dado por:

Az12  R12 se o quadrante for NE;


Eq. 86
Az12  180  R12 se o quadrante for SE
Eq. 87
Az12  180   R12 se o quadrante for SO;
Eq. 88
Az12  360  R12 se o quadrante for NO.
Eq. 89

Exemplos: calcule Az  f (R) dos alinhamentos definidos pelos pontos dados:

a) P1=(100;200)m e P2=(300;400)m

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b) P3=(3000;2000)m e P4=(4000;1000)m

c) P5=(1000;2000)m e P6=(100;200)m

d) P7=(100;–200)m e P8=(–100;200)m

3.4.1.2 Cálculo do azimute pela fórmula de Grafarend

Dado o alinhamento P1P2 , o azimute pode ser calculado diretamente pela fórmula de Grafarend:
 1 1  Δx
Az12  180 1  sgn( Δx)  sgn( Δx).sgn( Δy)  arctan ,
 2 2  Δy
Eq. 90
onde
Δx Δy
sgn(Δx)  , Δx  0 e sgn(Δy)  , Δy  0 .
Δx Δy
Eq. 91

A função sgn(Δx) exprime o sinal algébrico do argumento Δx e a função sgn(Δy) exprime o sinal
algébrico do argumento Δy . Os símbolos Δx e Δy chamam-se grandezas absolutas (ou módulos) dos
números reais Δx e Δy , respectivamente.
Exemplos. Com a fórmula de Grafarend, calcule o azimute dos alinhamentos definidos pelos pontos
dados:

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a) P1=(100;200)m e P2=(300;400)m

b) P3=(3000;2000)m e P4=(4000;1000)m

c) P5=(1000;2000)m e P6=(100;200)m

d) P7=(–1000;2000)m e P8=(100;–200)m

3.4.2 Transporte de azimute no plano

Em um plano topográfico, é dado o alinhamento P1P2 pelo azimute Az12 , o alinhamento P2P3 e o
ângulo horizontal horário α 2 .

Figura 39 – Transporte de azimute no plano

Chama-se transporte de azimute a determinação do azimute do alinhamento P2P3 , notado pelo símbolo
Az2 3 e dado por:

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Az23  Az21  α2
Eq. 92
Substituindo o termo Az2 1 da Eq. 83 na Eq. 92, tem-se:

Az23  Az12  α2  180


Eq. 93
Exemplos. Dados:

a) Az12  45 , α2  10 , calcule Az2 3 .

b) Az34  100 , α 4  60 , calcule Az4 5 .

c) Az56  270  , α6  100 , calcule Az6 7 .

d) AzA B  143 18' , αB  8512' , calcule AzB C .

e) AzC D  220 12' 40" , αD  3015'30" , calcule AzD E .

f) Az12  180 , α2  180  , calcule Az2 3 .

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Exercícios.

1) Transformar os seguintes rumos em azimute e vice-versa. Representar os quadrantes e os ângulos.

a) R=3025’ SE

b) Az=3343’

c) R=3815’ NW

d) Az=23340’30”

2) Você é o responsável técnico pela divisão de sistemas transmissores de sinais eletromagnéticos de uma
empresa que necessita instalar quatro antenas com as seguintes orientações magnéticas dadas a seguir.
Entretanto, a bússola que você utiliza apresenta a orientação em forma de rumo. Calcule as
correspondentes orientações em rumo e represente-as em gráficos.

Painel 1: Az=4515’
Painel 2: Az=15630’
Painel 3: Az=23025’
Painel 4: Az=31020’

3) Uma determinada rota é dada em rumo magnético. Converta-se para azimute.

Rota A: R=4515’NE
Rota B: R=2430’SE
Rota C: R=4025’SW
Rota D: R=2520’NW

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4) Em um projeto de tubulação de drenagem, você foi contratado para determinar com precisão o azimute do
alinhamento entre cada nó da tubulação. A partir do azimute inicial Az12  12030'10" e dos ângulos
horizontais horários α2  9515' , α3  275 07'05" , α 4  9712'50" , determine os azimutes Az2 3 , Az3 4
e Az4 5 . Represente na figura estes azimutes.

Figura 40 – Projeto de tubulação de drenagem

3.5 Medição de direções horizontais e verticais

3.5.1 Medição de direções horizontais: cálculo de ângulos horizontais horários

Um ângulo horizontal horário formado por dois alinhamentos é dado pela diferença de duas direções
horizontais observadas com o teodolito.

Figura 41 – Conceito de direções e ângulos horizontais horários

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Onde:
- A é o ponto (estação) em que o teodolito está instalado;
- P1, P2, P3 e P4 são os pontos visados;
- AP1 define a direção cujo valor (r1) é dado pelo círculo horizontal;
- AP2 define a direção cujo valor (r2) é dado pelo círculo horizontal;
- AP3 define a direção cujo valor (r3) é dado pelo círculo horizontal;
- AP4 define a direção cujo valor (r4) é dado pelo círculo horizontal;

Por se tratarem de equipamentos mecânicos fabricados em série, os teodolitos estão sujeitos a conter
erros de natureza sistemática. Estes erros se originam da excentricidade do limbo horizontal causada pela
imperfeição de centragem do eixo vertical de rotação, como também de possíveis erros de impressão da
graduação no círculo. Estas influências podem ser minimizadas por meio da pontaria completa: uma visada em
posição direta da luneta (símbolo: PD) e outra visada em posição inversa (símbolo: PI). Neste raciocínio, foram
desenvolvidos alguns métodos para a obtenção a medida de uma direção horizontal, tais como:

 método da repetição e reiteração;


 método das direções;
 método de Schreiber.
O método das direções está descrito na NBR13133∕94 da ABNT. Algumas definições são dadas a seguir:
a) Leituras conjugadas são as observações de uma direção horizontal nas posições direta e inversa da luneta;
b) Série (símbolo: n) é o conjunto de leituras conjugadas desde a primeira direção até a última e desta até a
primeira;
c) Intervalo de reiteração (símbolo: I) é o intervalo entre a direção da origem de séries consecutivas. Para n
séries, o intervalo de reiteração é:

180 
I
n
Eq. 94
d) A média das leituras conjugadas é o valor do ângulo procurado:

PD  PI  180 
M ,
2
Eq. 95.
onde

180  se PI  180  ;

 180  se PI  180  .

3.5.2 Medição de ângulos verticais

Tratando de instrumentos ótico-mecânicos e alguns ótico-eletrônicos, a origem do círculo vertical é fixa e


depende da construção do instrumento (definições no item 3.1):

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a) Instrumento zenital: a origem do ângulo vertical está na direção do zênite, e o ângulo é chamado
ângulo zenital (símbolo: Z);
b) Instrumento nadiral: a origem do ângulo vertical está na direção do nadir, e o ângulo é chamado
ângulo nadiral (símbolo: N);
c) Instrumento com medição do ângulo vertical: a origem do ângulo vertical está no plano do horizonte,
e o ângulo é chamado ângulo vertical (símbolo: V);

A leitura do ângulo zenital Z é feita também por leitura conjugada. O intervalo de variação de Z é:

0  Z  180 na posição direta da luneta;


180  Z  360 na posição inversa da luneta.

A média das duas observações é dada por:

360   PI  PD
M
2
Eq. 96

 Prática de campo 4: determinação de ângulos horizontais horários

a) Objetivos:
Medição de direções horizontais e cálculo de ângulo horizontal horário pelo método das direções;
b) Materiais:
Teodolito, duas balizas, caderneta de campo 04.
c) Procedimentos:
Instalar o teodolito em uma estação topográfica materializada por um piquete. Esta estação será denominada, por
exemplo, estação “A”. Serão estabelecidos dois pontos P1 e P2, materializados por piquetes.

Figura 42 – Prática de campo: medição de direções horizontais

Posicionar as balizas nos pontos P1 e P2. Realizar a pontaria nos pontos, fazendo coincidir o retículo vertical com a baliza.
Sempre que possível, focalizar o mais próximo possível do piquete (prego). Realizar as observações pelo método das
direções. Anotar os dados na caderneta de campo 04 e efetuar os cálculos;

Exemplo de uma série:


Leitura Direções horizontais
Série
Conjugada r1 (P1) r2 (P2)
 = r2 – r1
PD 000’ 13433’
1 PI 18001’ 31435’
M 000’30” 13434’ 13433’30”

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 Prática de campo 5: determinação de ângulos zenitais

a) Objetivos:
Medição de direções verticais e cálculo de ângulo zenital pelo método das direções.
b) Materiais:
Teodolito, caderneta de campo 05.
c) Procedimentos:
Instalar o teodolito em uma estação topográfica materializada por um piquete, pode ser a mesma, aproveitada da prática
anterior. Estabelecer dois pontos P1 e P2, no topo e na base do objeto a ser medido, respectivamente. Realizar as
medições de direções verticais com visadas no topo e na base do objeto. Anotar os dados na caderneta de campo 03 e
efetuar os cálculos.

Figura 43 – Prática de campo: medição de direções verticais

Exemplo de uma série:

Direções verticais
Leitura
Série P1 (topo) P2 (base)
Conjugada
1 2
PD 6450’ 10958’
1 PI 29512’ 25003’
M 6449’ 13457’30”

Medir com trena a distância horizontal d entre o ponto de estação do teodolito (A) e o ponto na base do objeto (P2) para o
cálculo da altura do objeto por trigonometria. Comparar os resultados com outros grupos.

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4. PLANIMETRIA

Designa-se o termo planimetria a parte da Topografia que estuda os métodos de caracterização de


pontos no plano horizontal (plano perpendicular à vertical materializada pelo eixo vertical de um teodolito
nivelado), os métodos de cálculo de medida de superfície (área) nesse plano e a representação gráfica
(desenho topográfico).

4.1 Métodos de levantamento topográfico planimétrico

Os principais métodos são:

a) Método das coordenadas polares (irradiações);


b) Método das coordenadas bipolares (interseção à vante);
c) Método da poligonação;
d) Combinação destes métodos.

4.1.1 Método das coordenadas polares

Consiste na união do pólo (estação do teodolito) a todos os pontos a serem levantados por meio de
ângulos horizontais com origem no eixo polar e por meio de distâncias. O eixo polar deve ser orientado em
relação à linha meridiana.

Figura 44 – Método das coordenadas polares

Coordenadas Polares
Ângulo
Ponto
horizontal Distância [m]
horário
P1 1 d1
P2 2 d2
P3 3 d3
P4 4 d4

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4.1.2 Método das coordenadas bipolares

Também conhecido por interseção à vante, este método caracteriza cada ponto por ângulos horizontais
horários e por distância a partir de pontos extremos conhecidos, chamados pólos, que constituem uma base de
comprimento conhecido.

Figura 45 – Método das coordenadas bipolares (interseção à vante)

Exemplo de aplicação: determinação de distâncias a objetos inacessíveis.

 Prática de campo 6: determinação de distâncias por interseção à vante

a) Objetivos:
- Determinar distâncias pelo método das coordenadas bipolares (interseção à vante);
- Determinar a altura de objetos;
- Aplicar o método das direções nestas determinações.
b) Materiais:
- Teodolito, trena, caderneta de campo 06.
c) Procedimentos:
Materializar duas estações A e B (distantes entre si cerca de 50 metros). Medir com trena a distância precisa entre elas,
a qual será denominada base c. Estabelecer um ponto C sobre um alinhamento vertical no objeto para o qual será
determinada a distância horizontal. Instalar o teodolito em uma das estações e realizar o cálculo do ângulo horizontal
horário (pelo método das direções) entre os alinhamentos adjacentes. Repetir o procedimento para a outra estação;
Calcular a distância horizontal da estação do teodolito ao ponto C. Com a luneta do teodolito apontada para o ponto C,
prender o movimento do círculo horizontal e medir os ângulos zenitais referentes à posição da luneta no topo e na base
do objeto. Calcular a altura do objeto.

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 Prática de campo 7: levantamento planialtimétrico por coordenadas polares com teodolito e trena

a) Objetivos: levantamento planimétrico pelo método das coordenadas polares para a determinação da área de um
polígono proposto pelo professor. Medição de distâncias com trena e medição angular com teodolito. Cálculo de
desníveis.
b) Materiais: Teodolito, trena de 20 metros, duas balizas, prumo de bolha e caderneta de campo 07;
c) Procedimentos: instalar o teodolito em uma estação topográfica materializada por um piquete. Realizar as visadas e
efetuar as medições angulares e as medições de distância com trena; anotar os dados na caderneta de campo e efetuar
os cálculos.

 Prática de campo 8: levantamento planialtimétrico por coordenadas polares com teodolito e mira

a) Objetivos: levantamento planialtimétrico pelo método das coordenadas polares e medição de distâncias por
Estadimetria. Determinação da área do mesmo polígono proposto na prática 07.
b) Materiais: teodolito, trena de 3 metros e caderneta de campo 08.
c) Procedimentos: instalar o teodolito em uma estação topográfica materializada por um piquete (pode ser o mesmo
piquete estabelecido na prática anterior). Realizar as visadas e efetuar as observações estadimétricas e angulares.
Anotar os dados em caderneta de campo e efetuar os cálculos.

 Prática de campo 9: levantamento planialtimétrico por coordenadas polares com estação total

a) Objetivos: levantamento planialtimétrico pelo método das coordenadas polares e medição de distâncias por MED.
Determinação da área do mesmo polígono proposto nas práticas 07 e 08.
b) Materiais: estação total, trena de 3 metros e caderneta de campo 09.
c) Procedimentos: instalar a estação total em uma estação topográfica materializada por um piquete (pode ser o mesmo
piquete estabelecido nas duas práticas anteriores); realizar as visadas e efetuar as observações de ângulo e distância;
Anotar os dados em caderneta de campo e efetuar os cálculos .

 Prática de campo 10: elaboração de croqui

a) Objetivo: reconhecimento da área a ser levantada pelo método da poligonação. Desenho dos detalhes em croqui
(estações de poligonal, pontos de divisa e outros pontos irradiados, árvores, construções, redes de energia elétrica, rede
de águas pluviais, etc.).
b) Materiais: lápis, borracha e caderneta de campo 10.

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4.1.3 Método da poligonação

Estabelece a ligação sucessiva de pontos por meio de ângulos horizontais horários (obtidos por
diferença de direções medidas por teodolitos ou taquímetros) e por meio de distâncias obtidas por medição
direta ou indireta. Geometricamente, a poligonação pode constituir:
a) uma linha poligonal aberta (não se forma um polígono);
b) uma linha poligonal fechada (forma-se um polígono).

4.1.3.1 Linhas poligonais abertas

Os tipos de linhas poligonais abertas são:

a) Linha poligonal aberta sem apoio em ponto coordenado e sem orientação azimutal:
Figura 46 – Linha poligonal aberta sem apoio em ponto coordenado e sem orientação azimutal

b) Linha poligonal aberta com orientação azimutal no ponto inicial:


Figura 47 – Linha poligonal aberta com orientação azimutal no ponto inicial

c) Linha poligonal aberta com orientação azimutal no ponto inicial e no ponto final
Figura 48 – Linha poligonal aberta com orientação azimutal no ponto inicial e no ponto final

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d) Linha poligonal aberta com apoio em ponto coordenado inicial e com orientação azimutal no
ponto inicial
Figura 49 – Linha poligonal aberta com apoio em ponto coordenado inicial e com orientação azimutal no ponto inicial

e) Linha poligonal aberta com apoio em ponto coordenado inicial e final e orientação azimutal no
ponto inicial e final
Figura 50 – Linha poligonal aberta com apoio e orientação azimutal em pontos coordenados inicial e final

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4.1.3.2 Linhas poligonais fechadas

São aquelas que partem de um ponto com coordenadas conhecidas e retornam ao mesmo ponto
configurando um polígono com o qual é possível se verificar o erro de fechamento angular e linear. Os tipos
principais de polígonos fechados são:

a) Linha poligonal fechada sem apoio em ponto coordenado e sem orientação azimutal

Figura 51 – Linha poligonal fechada sem apoio em ponto coordenado e sem orientação azimutal

b) Linha poligonal fechada sem apoio em ponto coordenado e com orientação azimutal

Figura 52 – Linha poligonal fechada sem apoio em ponto coordenado e com orientação azimutal

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c) Linha poligonal fechada com apoio em ponto coordenado e com orientação azimutal

Figura 53 – Linha poligonal fechada com apoio em ponto coordenado e com orientação azimutal

 Prática de campo 11: levantamento planialtimétrico por poligonação

a) Objetivo: Levantamento planialtimétrico por poligonação;


b) Materiais: Estação Total com tripé, prisma refletor com bastão, par de rádios, trena de aço portátil de 3 metros,
piquetes, estacas, marreta e caderneta de campo 11;
c) Procedimentos: gerar uma poligonal topográfico e nela amarrar o levantamento planialtimétrico da área sugerida pelo
professor. Os dados devem ser anotados em planilha. O croqui gerado na prática 10 deverá ser completado.

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4.2 Medida de superfície no plano topográfico

A medida de superfície chama-se área (símbolo: S) e sua unidade é o m2 (e seus múltiplos e


submúltiplos). A superfície destinada a fins fundiários é o are (símbolo: a; 1a = 100m 2), seu múltiplo hectare
(símbolo: ha; 1ha = 10.000m2) e seu submúltiplo centiare (símbolo: ca; 1ca = 1m2).
Os principais métodos de cálculo de área são:
a) Gráfico (decomposição do polígono em figuras elementares);
b) Por instrumentos (planímetros);
c) Analítico (área de figuras elementares; área por coordenadas polares; área por coordenadas
cartesianas, integral definida);
d) Métodos numéricos (por exemplo: fórmula de Simpson).

4.2.1 Área de triângulos

Algumas fórmulas geométricas para o cálculo de área de triângulos:

a) Triângulo retângulo:

Figura 54 – Área de triângulo retângulo

1
S a.b
2

Eq. 97

b) De um triângulo qualquer, dados os três lados

Figura 55 – Área de um triângulo qualquer pela fórmula de Heron

S  p(p  a)(p  b)(p  c) ,


Eq. 98
onde p é o semi-perímetro:

1
p  (a  b  c)
2
Eq. 99

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64

c) De um triângulo qualquer, dados dois lados e o ângulo compreendido entre eles

Figura 56 – Área de um triângulo equivalente à metade da área de um trapézio

1
S  a.b.sen α
2
Eq. 100

4.2.2 Área de polígonos por coordenadas polares

a) Quando o pólo é interno ao polígono

Figura 57 – Área de polígono com pólo interno a ele

b) Quando o pólo é externo ao polígono

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65

Figura 58 – Área de polígono com pólo externo a ele

c) Quando o pólo é coincidente com o vértice do polígono

Figura 59 – Área de polígono com pólo coincidente com o vértice do polígono

A partir da Eq. 100, tem-se a área S de um polígono cujas coordenadas dos vértices são coordenadas
polares (ângulo horizontal horário e distância do ponto ao pólo) é dada por:

1 n
S  di .di1.sen(ri1  ri )
2 i1
Eq. 101

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66

Exemplos. Calcular a área dos polígonos.

Figura 60 – Cálculo de área (polígono 1)

Quadro 2 – Caderneta de campo (polígono 1)

Pólo
Ponto Distância
Direção
visado [m]
(estação)
1 000º00’00’’ 25,45
2 038º13’03,4’’ 48,05
A
3 068º25’04,8’’ 49,14
4 104º31’46,6’’ 46,22

Figura 61 – Cálculo de área (polígono 2)

Quadro 3 – Caderneta de campo (polígono 2)

Pólo Ponto Distância


Direção
(estação) visado [m]
1 000º00’00’’ 325,456
2 048º13’03,4’’ 342,057
A 3 088º55’02,8’’ 249,192
4 214º21’59,8’’ 346,225
5 301º31’19,4’’ 295,584

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Figura 62 – Cálculo de área (polígono 3)

Quadro 4 – Caderneta de campo (polígono 3)

Pólo
Ponto Distância
Direção
visado [m]
(estação)
1 000º00’00’’ 120,62
2 035º12’35’’ 210,74
A
3 075º42’24’’ 215,55
4 100º05’55’’ 168,22

4.2.3 Processo das coordenadas (fórmula dos trapézios segundo Gauss)

Determina-se a superfície em função das coordenadas retangulares dos seus vértices, como se detalha
na planilha de cálculo completo das coordenadas e área de uma poligonal fechada. As fórmulas de Gauss são
deduzidas facilmente da Figura 63 para o cálculo da área de um polígono fechado qualquer em função das
coordenadas dos seus vértices.

Figura 63 – processo das coordenadas para o cálculo de áreas

Generalizando:

1 n n

S    y i x i1   x i y i1 
2  i1 i1 
Eq. 102

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Exemplos. Calcular a área dos polígonos definidos pelos pontos:

a) P1(10;100)m; P2(500;100)m; P3(500;20)m; P4(10;20)m;

b) P1(1.327,60;487,78)m; P2(1.507,60;267,78)m; P3(1.237,60;27,78)m; P4(967,60;137,78)m; P5(1.077,60;327,78)m.

c) A(130;220)m; B(160;130)m; C(100;130)m; D(80;185)m;

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4.3 Cálculo de cadernetas topográficas

Vistos os conceitos de linhas poligonais aberta e fechada, o próximo passo é calcular as cadernetas de
campo. Antes, define-se o transporte de coordenadas cartesianas no plano como a determinação das
coordenadas de um ponto P2(x2;y2) quando em um plano são dados:

a) Dois pontos P1 e P2;


b) Os valores das coordenadas do ponto P1;
c) A distância d12 entre esses pontos;
d) O azimute Az12 .

Figura 64 – Transporte de coordenadas no plano

Assim:

Δx
sen(Az 12 )   Δx  d12 .sen(Az 12 )
d12
Eq. 103

Δy
cos(Az12 )   Δy  d12 .cos(Az12 )
d12

Eq. 104
A abscissa x2 e a ordenada y2 são dadas por:

x 2  x1  Δx  x 2  x1  d12 .sen(Az12 )
Eq. 105

y 2  y1  Δy  y 2  y1  d12 .cos(Az12 )
Eq. 106

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Exemplos. Calcular por transporte de coordenadas no plano as coordenadas x e y dos pontos solicitados.
Elabore um croqui.

a) P1(1000;1000)m; d12 = 800,00m; Az12 = 60º. P2(x2;y2) = ?

b) A(1000;1000)m; d AB = 800,00m; Az AB = 120º. B(xB;yB) = ?

c) C(100;4000); dC8 = 1.000,289m; AzC8 =315º59’00,8”. P8(x8;y8) = ?

4.3.1 Cálculo em linha poligonal aberta

São transportados azimutes e coordenadas de pontos em linha poligonal aberta. Não há controle de
fechamento angular.

4.3.2 Cálculo em linha poligonal fechada (polígono)

São transportados azimutes e coordenadas de pontos em linha poligonal fechada. Há controle do erro de
fechamento angular por meio do cálculo do erro angular, cálculo da tolerância angular do cálculo da
compensação angular. Após o cálculo das projeções horizontais, calcula-se o erro linear absoluto e o erro
linear relativo para a obtenção das compensações das projeções ortogonais.

Exercício em sala: Resolução da planilha de poligonal fechada e irradiações (TP5 e TP6 – Prof.Carlito).

4.3.3 Desenho técnico topográfico

O desenho de um trabalho de engenharia deve se feito conforme a normatização vigente. Elementos


básicos como por exemplo a tabela de símbolos (legenda), conteúdo textual e o tamanho da folha devem
seguir um padrão estabelecido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Empregam-se os
formatos de papel da série “A”. O formato origem é o chamado A0, conforme prescreve a NBR13142\1999.

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Trata-se de um retângulo de área 1m2 a partir do qual, por bipartição ou duplicação, obtêm-se os demais
formatos:

QUADRO 5 – Formatos da série A

Dimensões [mm]*
Formato
Altura Largura
2A0 1189 1682
A0 841 1188
A1 594 841
A2 420 594
A3 297 420
A4 210 297
A5 148 210
A6 105 148
*orientação: paisagem (papel deitado).

A planta topográfica pode ser elaborada em quatro passos:

1. Encontrar a orientação da folha;

A orientação da folha pode ser estar no modo paisagem (papel deitado), em que a maior dimensão é a
sua largura, na direção do eixo x, ou no modo retrato (papel em pé), em que a maior dimensão é a sua altura,
na direção do eixo y. A regra é acomodar o desenho na folha de forma que se aproveite o máximo sua área útil.
Assim, se:
(xmáx – xmín) < (ymáx – ymín) => Retrato
(xmáx – xmín) ≥ (ymáx – ymín) => Paisagem

O espaço útil de desenho é a parte da folha que sobra após a delimitação de suas margens e da região
que receberá o selo, a legenda e demais elementos textuais:

Figura 65 – Esquema de folha de projeto e suas delimitações

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Das dimensões do papel, descontam-se:


- orelha no lado esquerdo de 25 mm;
Na largura (x): - borda de 10 mm na margem direita + selo de 175 mm,

Na altura (y): - borda de 10 mm nas margens superior e inferior.

2. Determinação da escala do desenho

Para o início do desenho, há duas situações:

a) quando a escala é pré-estabelecida (logo, o formato e a orientação do papel devem ser encontrados); ou
b) quando o formato e a orientação do papel é pré-estabelecido (logo, a escala deve ser calculada).

Qual seja a situação, deve-se conhecer e utilizar o conceito de escala. Escala é o fator de aumento ou redução
de um objeto obtido pela relação direta entre o seu tamanho real e o tamanho para o qual ele será
representado. Dessa forma:

Dimensão_real => 1 (100%)


Dimensão_representada => Escala
Logo:

Dimensão _ representa da
Escala 
Dimensão _ real
Eq. 107
Este cálculo deve ser realizado para as duas direções (x e y), sendo que a escala adotada deverá ser a mesma
para as duas direções, ou seja, prevalece a que resultar maior denominador. Por praticidade, escolhe-se um
valor arredondado, ascendente.

Exemplos:

a) Um trabalho topográfico é delimitado pelas seguintes coordenadas retangulares máximas e mínimas:


xmáx= 7.235,62m; xmín= 4.095,10m; ymáx= 5.326,38m; ymín= 2.525,91 m; O desenho deverá ser feito na escala
1 : 5.000. Encontre o formato e a orientação do papel.

b) Um veículo de dimensões 2,50m x 1,55m deve ser representado em um folder de formato A4 no modo
paisagem. Admitindo margens de 1cm, calcule a escala que permita o melhor aproveitamento da folha.

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3. Determinação das coordenadas centrais xc e yc;

x máx  x mín
xC 
2
Eq. 108

y máx  y mín
yC 
2
Eq. 109

4. Quadriculação

A quadriculação (ou malha quadricular) é um conjunto de linhas espaçadas regularmente entre si,
normalmente de 10 em 10 centímetros, que sinalizam o valor de uma coordenada cartesiana. São as
chamadas linhas de abscissa constante e linhas de ordenada constante. Elas servem para auxiliar o desenhista
a localizar as coordenadas dos pontos. A definição das linhas de abscissa e de ordenada constantes parte das
coordenadas centrais xc e yc. Ao ponto médio da área útil da folha são atribuídas, por convenção, as
coordenadas centrais xc e yc. A partir destas coordenadas convenciona-se a linha constante mais próxima
(deve-se atentar para a relação das distâncias com a escala do desenho). Por fim, lançam-se as demais linhas
de coordenada constante, em que o lado das quadrículas deverá corresponder, em escala, à dimensão real do
intervalo entre as linhas constantes.

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5. ALTIMETRIA

Altimetria é ciência que estuda a medição de alturas entre um ponto e uma superfície adotada, chamada
referencial altimétrico. O referencial altimétrico pode ser uma superfície horizontal arbitrária ou a superfície
altimétrica que integra um sistema geodésico. No caso que envolve um sistema geodésico, há a dependência
de uma superfície equipotencial do campo da gravidade terrestre. As superfícies equipotenciais são
denominadas geopes, e em um sistema geodésico o geope adotado é o geóide, o geope que mais se aproxima
do nível médio dos mares (NMM). O NMM é definido por observações maregráficas em um ponto chamado
datum altimétrico. A partir deste datum altimétrico, uma rede de pontos altimétricos é materializada por marcos
ao longo dos territórios. Cada ponto deste chama-se RN (referência de nível).
A distância medida ao longo da linha vertical entre o ponto e o datum altimétrico é chamada altitude
ortométrica. Pela impossibilidade de se obter medições ao longo dessa linha, recorre-se à medição ao longo
da vertical do lugar por meio da diferença de nível entre pontos, com emprego de instrumentos. A altitude
passa a se chamar altitude pseudo-ortométrica. Se a distância for medida ao longo da vertical e a superfície de
referência altimétrica for uma superfície horizontal arbitrária, essa distância é chamada cota.

Figura 66 – Definição de altitude e cota

As altitudes no Brasil são determinadas a partir da Rede Altimétrica Brasileira, estabelecida e mantida
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é um exemplo de rede vertical, definida como
um conjunto RNs. As RNs são identificadas por uma coordenada chamada altitude, que é determinada a partir
de um ponto origem do datum vertical. Exemplo: RN 1792 (IBGE) H=85,758m.

Breve histórico da rede de nivelamento brasileira:

- 13.10.1945: Início dos trabalhos de nivelamento de alta precisão, marcando o início do estabelecimento
da Rede Altimétrica do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB). Foi no distrito Cocal do município Urussanga-SC,
onde está localizada a RN 1-A.;
- Dezembro 1946: conexão com a estação maregráfica de Torres-RS;
- 1958: substituição do datum de Torres pelo datum de Imbituba-SC. A rede altimétrica contava com mais
30 mil km de linhas de nivelamento;
- 1979: linhas de nivelamento chegam no Acre e Roraima;

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- 1980: início da informatização dos cálculos e ajustamentos.

Figura 67 – Exemplo de uma RN do IBGE

Atualmente, as informações sobre a rede altimétrica brasileira podem ser obtidas na Internet
(IBGE).Devem ser conhecidos o nome da RN e sua posição aproximada (latitude e longitude).

5.1 Levantamento Topográfico Altimétrico

É definido pela ABNT como um levantamento com o objetivo exclusivo de se determinar as alturas
relativas a uma superfície de referência de pontos de apoio e/ou de pontos de detalhes, pressupondo o
conhecimento de suas posições planimétricas. Por fim, o objetivo é a representação altimétrica da superfície.

5.2 Métodos de nivelamento

São 3 os métodos básicos para a determinação de desníveis:

a) nivelamento geométrico ou direto.


Nivelamento que realiza a medida da diferença de nível entre pontos no terreno por intermédio de
leituras correspondentes a visadas horizontais, obtidas com o instrumento nível, em miras posicionadas
verticalmente nos referidos pontos.
b) nivelamento trigonométrico.
Nivelamento que realiza a medição de nível entre pontos no terreno, indiretamente, a partir da
determinação do ângulo vertical da direção que os une e da distância entre estes. O fundamento de cálculo é a
relação trigonométrica entre o ângulo e a distância medidos, levando em consideração a atura do centro do
limbo vertical do teodolito ao terreno e a altura sobre o terreno do sinal visado.
a) nivelamento taqueométrico.
Nivelamento trigonométrico em que as distâncias são obtidas taqueometricamente e a altura do sinal
visado é obtida pela visada do fio médio do retículo da luneta do teodolito em uma mira posicionada
verticalmente no ponto cuja diferença de nível em relação à estação do teodolito é objeto de determinação.
A NBR13133 estabelece quatro classes de nivelamento de linhas ou circuitos, abrangendo métodos de
medida, instrumentação e materialização dos marcos:
a) classe IN: nivelamento geométrico para o estabelecimento de RN para apoio altimétrico;

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b) classe IIN: nivelamento geométrico para a determinação de altitudes ou cotas em vértices de poligonal
para levantamentos topográficos destinados a projetos básicos e obras de engenharia;
c) classe IIIN: nivelamento trigonométrico para a determinação de altitudes ou cotas em poligonais e em
levantamentos de perfis para estudos preliminares;
d) classe IVN: nivelamento taqueométrico destinado a levantamentos de perfis para estudos
preliminares.

5.2.1 Nivelamento Geométrico

Também denominado de nivelamento direto, é o procedimento de transporte de altitude ou de cota


conhecidas de um ponto para outros pontos para os quais se quer determinar suas respectivas altitudes ou
cotas. Para tanto, são efetuadas medições de distância ao longo da vertical entre o ponto e o referencial
altimetrico. Esta distância é chamada diferença de nível entre o ponto de altitude ou cota conhecida e o ponto
de altitude ou cota desconhecida.
Os instrumentos utilizados para o transporte de altitude ou de cota neste tipo de nivelamento são os
instrumentos nível com auxílio de réguas graduadas (também chamada mira ou estádia), de prumos de
cantoneira, das sapatas de mira e das cadernetas de campo. A luneta do nível não possui movimento na
direção vertical, mas somente na direção horizontal, de forma que o eixo de visada da luneta materializa um
plano horizontal.

5.2.1.1 Nivelamento geométrico simples

Normalmente, o nivelamento visa determinar o desnível entre uma referência de nível (RN) e um ponto
P, ou a vários outros pontos. Denomina-se nivelamento simples quando as operações de nivelamento são
realizadas com o instrumento estacionado em uma única estação. A situação do nivelamento simples entre
dois pontos é visualizada na figura seguinte. Observa-se que o plano horizontal formado pelo eixo de visada da
luneta intercepta a mira 1, posicionada verticalmente sobre o ponto 1, e a mira 2, posicionada verticalmente
sobre o ponto P2.

Figura 68 – Nivelamento geométrico simples

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Assim, tem-se:

a) O plano horizontal do nível intercepta as miras posicionadas na RN e no ponto P1;


b) A leitura da mira da RN somada à altitude da RN é a altitude do plano horizontal, também chamada
altitude do instrumento;
c) A altitude do ponto P é a altitude do plano horizontal subtraída da leitura na mira sobre o ponto P
(Lv):

H P  H I  LV ,
Eq. 110
onde:

H I  H RN  LR .
Eq. 111
Logo:

H P  H RN  LR  LV
Eq. 112
Exemplo: Seja a RN1792 H do IBGE, de altitude H=85,758m sobre a qual foi posicionada verticalmente a
mira de ré, e sejam os pontos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 sobre os quais foi posicionada verticalmente a mira de
vante. Determinar as altitudes dos pontos de 1 a 6.

1º) Cálculo da altitude do instrumento: H I  H RN  LR  H I  85,758  1,625  87,383 m;


2º) Cálculo das altitudes: H I  H I  LV .

Quadro 6 – Exemplo de nivelamento geométrico simples

Leituras [m] Altitude do


Ponto instrumento
Estação Altitude [m]
Visado Ré Vante
H I [m]
RN 1792 H 1,625 - -
1 - 1,389 85,994
2 - 2,446 84,937
A 3 - 1,512 87,383 85,871
4 - 3,123 84,260
5 - 2,857 84,526
6 - 2,665 84,718

 Prática de campo 12: nivelamento geométrico simples

a) Objetivo: Nivelamento geométrico simples.


b) Materiais: instrumento nível com tripé, mira de 4 metros e caderneta de campo 12.
c) Procedimentos: determinar os desníveis de 1 a 8. Preencher a caderneta de campo, controlando a distância do
aparelho à ré e à vante (diferença não deve ser superior a 4 m).

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5.2.1.2 Nivelamento geométrico composto

A situação de um nivelamento geométrico a partir de uma RN para um ponto P ou para vários pontos
com o nível instalado em mais de uma posição, i.e., quando existem várias estações do instrumento, é
chamada nivelamento geométrico composto. Neste conceito, definem-se as seguintes expressões:
a) Visada a vante intermediária: é a visada na mira sobre cada ponto a partir de uma estação do
instrumento, exceto a visada na mira sobre o último ponto;
b) Visada a vante de mudança: é a visada na mira sobre o último ponto, a partir de uma estação do
instrumento. Esta mira de vante passar depois a ser a mira de ré, a partir da próxima estação do
instrumento.
Exemplo: dado o croqui de um nivelamento geométrico composto que partiu do ponto P 1 de altitude H1=100,00
m e cujos dados se encontram no quadro abaixo, calcule as altitudes dos pontos de P 2 a P15.

Quadro 7 – Exemplo de nivelamento geométrico composto

Leituras Visadas [m] Altitude do


Estação Vante instrumento Altitude [m]
Ponto Ré
Intermed. mudança H I [m]
1 3,456 - - 100,000
2 - 1,354 - 102,102
3 - 0,265 - 103,191
A 103,456
4 - 3,476 - 99,980
5 - 2,045 - 101,411
6 - - 1,648 101,808
6 2,343 - - -
7 - 2,876 - 101,275
8 - 3,126 - 101,025
B 104,151
9 - 1,469 - 102,682
10 - 3,023 - 101,128
11 - - 2,348 101,803
11 3,468 - - -
12 - 1,568 - 103,703
C 13 - 2,444 - 105,271 102,827
14 - 1,770 - 103,501
15 - - 3,421 101,850
Somas 9,267 7,417

Figura 69 – Exemplo de nivelamento geométrico composto

- P2 a P15, P7 a P10, P12 a P14: vantes intermediárias;


- P6 a P11: vantes de mudança.

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79

A altitude do ponto final P15 será dada por:

H final ( P15 )  H1   LR   LV ( mudança)


Eq. 113

5.2.1.3 Nivelamento de vértices de poligonais

Quando a poligonal é geometricamente aberta, o nivelamento é iniciado em um ponto e altitude (ou cota)
conhecida e terminará em um ponto de altitude (ou cota) desconhecida. Neste caso é necessário efetuar o
contra-nivelamento, que é o nivelamento de volta, que parte do último ponto nivelado e termina no ponto inicial.
A finalidade do contra-nivelamento é determinar o erro de nivelamento.

Figura 70 – Nivelamento e contra-nivelamento

Quando a poligonal é geometricamente aberta e possui apoio nos pontos inicial e final (ou seja, os
pontos têm altitude ou cota conhecidas) não há a necessidade de efetuar o contra-nivelamento pois o erro no
nivelamento é dado pela diferença entre a altitude (ou cota) transportada do ponto inicial para o ponto final e a
altitude (ou cota) conhecida do último ponto.

Figura 71 – Nivelamento de poligonal geometricamente aberta

Quando a poligonal é geometricamente fechada e possui apoio altimétrico no ponto inicial, o erro no
nivelamento é dado pela diferença entre a altitude (ou cota) do ponto inicial e a altitude (ou cota) calculada
neste ponto pelo nivelamento.

Figura 72 – Nivelamento de poligonal geometricamente fechada

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80

Para o cálculo de verificação do procedimento de campo, as seções devem ser niveladas e


contraniveladas, o chamado nivelamento geométrico duplo. Os desníveis obtidos nos dois casos devem ser
comparados. A diferença encontrada deve estar abaixo de uma tolerância estabelecida, dada por:

tn k ,
Eq. 114

onde n , dado em milímetros, é o erro médio do instrumento para um nivelamento duplo de 1 km, e k é a média
das distâncias percorridas no nivelamento e contra-nivelamento.

Exemplo: sejam os dados de um nivelamento e contra-nivelamento de uma seção, definida pelos pontos A e B.
Pede-se verificar o trabalho.
- Desnível obtido no nivelamento: ∆HNIV = 2,458 m
- Desnível obtido no contra-nivelamento: ∆HNIV = –2,460 m
- Distâncias niveladas: DNIV = 215,13 m
DNIV = 222,89 m
- Erro do instrumento: n = 20 mm/Km

a) Erro cometido: ε = ∆HNIV – ∆HCON = |2,458| – |2,460| = 0,002 m = 2 mm.


D  DCON
b) Distância média nivelada: Dm  NIV  0,21901 km.
2
c) Tolerância: t  20 0,21901  9,4 mm.

Como ε < t, ou seja, 2 mm < 9,4 mm, logo o desnível pode ser dado pela média aritmética do desnível obtido no
nivelamento e contra-nivelamento mas com o sinal igual ao do nivelamento:

HNIV  HCON
HAB   2,459 m.
2
Os dados de um nivelamento geométrico composto são organizados em uma planilha de cálculo, na qual
são efetuados:

a) O cálculo das altitudes (ou cotas) provisórias: HP  HI  L V ; HI  HRN  LR ;


n n
b) A verificação dos cálculos: Hfinal  Hinicial   (L R )i   (L V(mudança) )i ;
i 1 i 1

c) O cálculo do erro no nivelamento: ε  HNivelament o  HConhecida ;


d) O cálculo da tolerância (erro permitido): t  n k ;
e) A verificação da precisão do nivelamento (decisão conforme aceitação ou rejeição dos dados):
Se: | ε | > t : rejeição;
| ε | < t : aceitação;
ε
f) O cálculo da distribuição do erro: Δε  , onde n é a quantidade de estações ocupadas pelo
n
instrumento;
g) O cálculo da correção: Ci  i  Δε , onde i é o número da estação a ser corrigida;
h) O cálculo das altitudes (ou cotas) definitivas (unidade metros com resolução de 3 casas decimais).

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81

 Prática de campo 13: nivelamento geométrico composto

a) Objetivo: Nivelamento geométrico composto.


b) Materiais: instrumento nível com tripé, mira de 4 metros, sapata e cadernetas de campo 13-A e 13-B.
c) Procedimentos: transportar a altitude de uma RN para um piquete de poligonal, determinada na prática 11. Executar o
nivelamento e o contranivelamento. Preencher a caderneta de campo controlando a distância do aparelho à ré e à vante
(diferença não deve ser superior a 4 m).

5.2.2 Nivelamento Trigonométrico

Também chamado nivelamento indireto, é o procedimento da altimetria que transporta a altitude (ou
cota) conhecida de um ponto para outro ponto por meio da resolução de um triângulo retângulo do qual se
conhece o ângulo zenital e a distância entre os pontos.

Figura 73 – Nivelamento trigonométrico

Onde:
0: centro ótico do instrumento;
Z: ângulo zenital;
A: ponto de visada no alvo, orientado pelo ângulo zenital;
B: ponto de intersecção da vertical em P2 e o plano horizontal que contém o centro ótico;
Ai: altura do instrumento (distância ao longo da vertical do lugar entre o ponto e o centro ótico do instrumento);
Aa: altura do alvo;
d': distância inclinada;
d: distância horizontal;
dV: distância vertical;
H1: altitude do ponto 1 (instrumento);
H2: altitude do ponto 2 (alvo);
∆H: diferença de altitude entre P1 e P2.

Do triângulo retângulo OAB:

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dV
cos Z   dV  d'  cos Z
d'
Eq. 115

d d
tan Z   dV   dV  d  cot Z
dV tan Z
Eq. 116
A diferença de nível entre P1 e P2 é dada por

dV  Ai  H  Aa 

H  dV  Ai  Aa .
Eq. 117
E a altitude do ponto P2 é dada por

H 2  H1  H
Eq. 118

No caso de se utilizar uma mira, a distância horizontal é obtida a partir da resolução de dois triângulos
retângulos, cujos lados são:
- a distância superior na direção da visada orientada pelo ângulo zenital Zs;
- a distância inclinada inferior na direção da visada orientada pelo ângulo zenital Zi; e
- a diferença entre as leituras correspondentes (Ls e Li) efetuadas pela interseção do fio estadimétrico
médio da luneta.

Figura 74 – Nivelamento trigonométrico com mira

As grandezas indicadas na figura são:


Zs: ângulo zenital superior (ângulo que orienta a visada superior na mira);
Zi: ângulo zenital inferior (ângulo que orienta a visada inferior na mira);

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Do triângulo OAC:

d a  Ls
tan Z s   cot Z s 
a  Ls d
Eq. 119
Do triângulo OBC:

d a  Li
tan Z i   cot Z s 
a  Li d
Eq. 120
Subtraindo membro a membro das equações:

a  Li a  Ls a  Ls  a  Li
cot Z s  cot Z i    
d d d

Ls  Li
d ,
cot Z s  cot Z i
Eq. 121

onde: Ls  Li , 0  Z s  180 e 0  Z i  180 . Esta equação é válida somente para ângulos zenitais
obtidos na posição direta da luneta. Na posição inversa, a equação fica:

Ls  Li
d ,
cot( 360  Z s )  cot( 360  Z i )

Eq. 122
onde: Ls  Li , 180  Z s  360 e 180  Z i  360 .
   

Novamente, do triângulo OAB:

d
tan Z s   dV  d  cot Z s
dV
Eq. 123

dV  Ai  H  Ls 

H  dV  Ai  Ls .
Eq. 124
Substituindo dV da Eq. 123 na Eq. 124:

H  d  cot Z s  Ai  Ls
Eq. 125
A altitude do ponto P2 é dada pela Eq. 118.

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5.2.2.1 Influência da curvatura terrestre

No nivelamento em distâncias curtas (consideram-se inferiores a 300 m), concebe-se, na estação do


instrumento, um plano horizontal e tangente à esfera terrestre, e determina-se a diferença de altitude (ou cota)
em relação a esse plano. No ponto visado (alvo) é negligenciado o afastamento entre o plano horizontal e a
esfera terrestre. Entretanto, este afastamento aumenta à proporção em que cresce a distância entre o
instrumento e o alvo. Dessa forma, a curvatura terrestre deve ser considerada no cálculo da altitude.

Figura 75 – Efeito da curvatura terrestre no nivelamento trigonométrico

Considera-se a Terra na forma de esfera com raio 6.370 km. Para a distância horizontal d, resulta a
influência da curvatura terrestre Ic segundo o teorema de Pitágoras:

Figura 76 – Situação geométrica do efeito da curvatura

(R  Ic )2  R 2  d2 
2
R 2  2RI c  Ic  R 2  d2 
2 2
d2  Ic d2 Ic
Ic    ,
2R 2R 2R
onde
2
Ic
 0,
2R
logo

2 d2
Ic  .
2R
Eq. 126

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Assim, o efeito da curvatura terrestre é somado à diferença de altitude:

H2  H1  H  Ic
Eq. 127

5.2.2.2 Influência da refração atmosférica

Um raio luminoso que passa pela atmosfera sofre um desvio de direção, de modo que o ângulo zenital z’
medido na estação do instrumento em P1 para o alvo sobre o ponto P2 sobre um desvio angular ∆z.

Figura 77 – Influência da refração atmosférica

A refração atmosférica “falsifica” o cálculo de dV, tornando-o dV’. A influência da refração atmosférica é
dada por:

d2
IR  k
2R
Eq. 128

onde k é o coeficiente de refração atmosférica. Seu valor médio aproximado é 0,13 para o Brasil. A
expressão a altitude H2 fica:

H2  H1  ΔH  IR
Eq. 129

5.2.2.3 Influência da curvatura terrestre e da refração atmosférica

Por fim, a expressão da altitude considerando os efeitos da curvatura terrestre e da refração atmosférica
fica:

H2  H1  ΔH  IR  Ic
Eq. 130

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Exemplos:

1) Com um teodolito instalado no ponto P1, foram realizadas leituras em uma mira posicionada no ponto P 2.
Foram medidos os correspondentes ângulos zenitais. Calcule o desnível entre os dois pontos.
Ls = 3,000 m; Li = 1,000 m; Zs = 8005’00”; Zi = 8130’00” Ai = 1,650 m.

2) Com uma estação total, deve-se calcular o desnível entre a tomada de água em um rio e um bebedouro
situado no alto de uma colina. Foram medidos:
Distância horizontal: h = 122,848 m; ângulo zenital: Z = 8110’25”; Ai = 1,40 m; Aa= 1,670 m.

3) No transporte de altitude de uma RN para um ponto denominado K1, obtiveram-se os seguintes dados:
h = 795,430 m; Z = 8515’48”; Ai = 1,680 m; Aa= 2,050 m. Se a altitude da RN é 152,544 m, calcule a altitude do
ponto considerando os erros de influência da refração atmosférica e da curvatura terrestre. Considere k=0,13;
R = 6.350 km.

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5.3 Noções de Topologia

Topologia é a parte da Topografia e também da Cartografia que estuda as formas do terreno e as leis
que regem seu modelamento. Os elementos básicos deste estudo são:

Ponto cotado. É a forma mais simples de representação do relevo.

Figura 78 – Ponto cotado

Curvas de nível. É a forma mais usual para representar o relevo de uma superfície. São constituídas por
linhas traçadas em uma carta topográfica ou em uma planta.

Figura 79 – Curvas de nível

As curvas devem ser projetadas conforme um intervalo altimétrico chamado equidistância, estabelecido
conforme a escala do trabalho. Devem ser numeradas para possibilitar sua leitura, e assim classificadas em
curvas mestras e secundárias.

Quadro 8 – Escalas e eqüidistâncias

Escala Equidistância [m] Aplicação


1:250.000 100
Diretoria do Serviço
1:100.000 40
Geográfico (DSG) –
1:50.000 20
Exército Brasileiro
1:25.000 10
1:10.000 5
1:5.000 5
Serviços gerais de
1:2.000 2
Topografia
1:1.000 1
1:500 (ou maiores) 0,25 a 0,50

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Observações:
a) as curvas não tem cantos, ou seja, são “lisas” (Figura 80-a);
b) Duas curvas de nível nunca se encontram e tampouco se unem em uma só (Figura 80-b, -c).

Figura 80 – Considerações sobre as curvas de nível

5.3.1 Traçado de curvas de nível: método numérico

A partir do levantamento topográfico altimétrico são obtidos diversos pontos com cotas ou altitudes
conhecidas. A partir destes pontos é que as curvas de nível serão desenhadas. É fundamental que os pontos
possuam coordenadas planas (coordenadas polares) a fim de que sejam representadas na carta. A quantidade
suficiente de pontos e a posição estratégica deles no terreno são fatores que decidem a representação fiel do
terreno por meio das curvas de nível.
O método numérico é uma forma de se obter curvas de nível por meio do cálculo de interpolação. Devem
ser conhecidas as cotas dos pontos, a distância horizontal entre eles e a equidistância das curvas de nível.

Exemplo: dados os pontos coordenados A (c=73,2 m) e B (c=86,1 m), calcule os pontos de cotas
intermediárias para uma equidistância de 5 metros.

Prática em sala de aula:

Calcular e desenhar as curvas de nível a partir dos pontos cotados.

a) Efetuar a triangulação;
b) Calcular (equidistância 1 m) e identificar em cada ramo da triangulação o ponto por onde passam as curvas;
c) Traças as curvas, ligando os pontos de mesma cota, identificar e negritar as curvas mestras;
d) Não apagar triangulação nem marcações.

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5.4 Terraplenagem

Terraplanagem é o conjunto de procedimentos que envolvem escavação, transporte e depósito de terra


para a execução de obras, por exemplo, na construção de estradas e obras de pequeno ou grande porte.
Em função da dimensão e do tipo da obra, tornam-se indispensáveis estudos geotécnicos além do
levantamento planialtimétrico. Por meio deles é avaliada a estrutura geológica do terreno bem como os tipos de
materiais que o compõem, sua estabilidade dentre outras variáveis.
Além de exigências técnicas devem ser avaliadas alternativas mais econômicas do movimento de terra.
Por meio de um projeto de terraplanagem é possível se obter o volume de material de limpeza do terreno, o
cálculo das áreas das seções transversais, o cálculo dos volumes (cubação) do movimento de terra e a locação
topográfica dos cortes e aterros.
Além dos aspectos técnicos, é necessário conhecer os equipamentos mecânicos destinados a estas
tarefas bem como o dimensionamento das equipes de trabalho, o planejamento dos serviços e a definição dos
custos.

6. DIVISÃO DE ÁREAS E LOCAÇÃO

A divisão e a demarcação de terras têm por objetivo a partilha de uma dada superfície em partes
menores, equivalentes ou não entre si, onde a soma dos mesmos coincide com a área total que foi dividida.
Ocorrem em situações como desmembramentos e divisão de uma propriedade comum.
O procedimento de divisão de terras compreende três aspectos: o geométrico, o jurídico e o econômico.
Do ponto de vista geométrico, o processo inicia com a aplicação dos métodos tradicionais de levantamento
topográfico (medição, cálculo e representação), passa pelo cálculo dos elementos de locação e finaliza com a
materialização (locação) dos vértices que delimitam as novas parcelas. Os aspectos jurídicos se referem
basicamente à interpretação dos títulos de propriedade e identificação de suas partes em detalhe na descrição
do imóvel. No estudo econômico são analisadas as variáveis que compõem o valor do imóvel.
A divisão de polígonos topográficos por método analítico consiste na aplicação da fórmula de Gauss e da
equação da reta. Nas fórmulas, são conhecidas as coordenadas dos vértices existentes e as incógnitas são as
coordenadas dos vértices a serem determinados.
Ao se tratar da locação de uma obra, o engenheiro deve estar seguro sobre os limites do lote em que ela
será executada, ou seja, a localização exata das divisas da propriedade. Esta etapa deve ser feita por meio da
conferência de documentos e escrituras em confronto com o levantamento topográfico. Eventualmente, é
necessária que as divisas sejam reconstituídas (ou relocadas). O profissional de Agrimensura tem a
responsabilidade sobre o imóvel, que é propriedade de quem o contrata. Procedimentos errôneos podem trazer
conseqüências sérias, por exemplo, demolições, atraso da obra, embargo e indenizações.
A locação de pontos e de alinhamentos depende de referências pré-existentes no terreno, ou seja, de
pontos de controle a partir dos quais sairão os alinhamentos e distâncias necessárias para a locação. Estes
pontos devem ser medidos no levantamento topográfico para que posteriormente, em escritório, possa ser
elaborado um plano de locação. Na escolha dos pontos de controle deve-se observar que eles podem ser
utilizados mais tarde para uma eventual utilização em medições subseqüentes (e.g., interligação de visadas,
acessos, ampliação da obra, etc.). Além disso, pontos considerados importantes devem ser materializados em
local seguro, de forma duradoura, e amarrados a outros pontos de controle. A disposição de um arquivo de
pontos de controle é recomendável em qualquer obra de grande porte. Tal arquivo deve conter, além das

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coordenadas e altitude dos pontos, todas as informações sobre a localização, a origem, a locação e a eventual
proteção do marco. Se a locação for feita a partir destes pontos de controle, recomenda-se inspecionar suas
coordenadas por meio de medições preliminares.
A locação pelo método ortogonal é usada nas locações simples de obras, por exemplo, na locação de
residências onde se devem observar as distâncias das divisas no projeto da obra. Na locação dos pontos
empregam-se reduções perpendiculares com prumo, trena e balizas a partir de uma linha de saída. Pelo
alinhamento sobre a linha de locação, resultam mais pontos. Quando se exige alta precisão, por exemplo, a
locação de edifícios feitos com peças pré-moldadas, deve-se utilizar uma trena de precisão para a edição de
distâncias e um teodolito para a obtenção dos ângulos retos e alinhamentos (atualmente existem as estações
totais). Conforme a locação se torna mais detalhada e complicada, recorre-se a outros métodos.
Como a marcação dos pontos se perde durante a execução da fundação da obra (o furo as estacas é
feito exatamente no piquete), os pontos são então amarrados em um madeiramento chamado gabarito de
locação. Ele é montado ao redor, normalmente paralelo ao alinhamento da obra, em uma distância que permite
a escavação para a execução dos alicerces. No gabarito, são fixados pregos de forma que definem
alinhamentos em duas direções. Desta forma os pontos locados são transferidos para o gabarito. Por fim,
amarram-se linhas de náilon nos devidos pregos, que, bem esticadas, materializam os alinhamentos. Os
pontos definidos pelo cruzamento destas linhas são os pontos locados. Em grandes obras, onde se tem vários
alinhamentos, estes podem ser calculados a partir de um sistema de coordenadas local. Da mesma forma, a
locação pode ser feita por coordenadas polares.

 Prática de campo 14: divisão de área e locação

a) Objetivo: cálculo de divisão de áreas e projeto da locação das divisas por coordenadas polares.
b) Materiais: Planta do levantamento topográfico (prática 11), estação total, bastão com prisma, piquetes, marreta.
c) Procedimentos: Por divisão de áreas, separar do lote uma área pré-estabelecida, determinar os pontos que a
delimitam e locá-los por coordenadas polares com estação total.

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7. INTRODUÇÃO AO NAVSTAR-GPS

7.1 Posicionamento

7.1.1 Contextualização e conceito

Desde que o Homem “vaga” sobre a terra, ele necessita e busca maneiras de saber onde se encontra e
para onde vai, ou seja, de posicionar-se. Ele se preocupa em saber sua localização para determinar por
exemplo sua área de ocupação e explorar novos lugares.
Antigos viajantes marcavam seus caminhos com pedras, e, quando caía neve ou chuva, apagavam-se
as marcas. Com a exploração dos oceanos os problemas pioraram: não existia lugar para empilhar as pedras
nem marcas para se referenciar, a única coisa para se referenciar eram as estrelas, e somente com medições
cuidadosas (e apenas nas noites claras). Ainda assim não se tinha precisão.
O homem moderno, com o desenvolvimento da eletrônica, inventou novos sistemas de posicionamento
baseados em sinais de rádio emitidos da superfície da Terra ou em satélites em sua órbita. As principais
vantagens são independência de condições meteorológicas e possibilidade de aprimoramentos do sistema
(modernizações). O sistema de radionavegação mais popular da atualidade é o Sistema de Posicionamento
Global – GPS. Sua capacidade fundamental é a localização espacial (posicionamento).
A aplicação do posicionamento está nas mais diversas atividades: navegação e controle de aeronaves,
veículos terrestres e embarcações, agricultura de precisão, cadastro técnico, lazer (pesca, passeios), atividades
bélicas (monitoramento de tropas, direcionamento de mísseis, etc). Enfim, a aplicação do posicionamento é
ilimitada. Entretanto, o que o GPS e outros sistemas modernos de posicionamento fazem é fundamentalmente
a determinação da localização espacial associada a um instante (tempo). O que é feito com esta informação é
mera aplicação na atividade desejada ou em curso, e esta aplicação geralmente requer outros elementos de
processamento e controle que são alheios, mas associados (ou mesmo integrados) à função fundamental do
sistema de posicionamento. Ou seja, o GPS por si só não realiza as atividades citadas. Mesmo que de
importância fundamental, ele é mera ferramenta que gera os dados de posição que serão utilizados para o
desenvolvimento daquelas atividades.

7.1.2 Referencial e sistemas de coordenadas

Posicionamento refere-se à determinação da localização, o que implica na necessidade de se adotar


uma referência. Tecnicamente, a posição do objeto que se deseja localizar deve estar atrelada a um sistema
de referência. Um referencial é composto de um conjunto de elementos física e geometricamente definidos
(eixos cartesianos, figura geométrica, etc.) e espacialmente orientados, que servem de referência para, em
relação a ele (o referencial), determinar a localização (coordenadas) de pontos (objetos) no espaço de seu
domínio.

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Tecnicamente, parte dos sistemas de referência estão associados ao corpo da Terra e podem ser de
abrangência regional (servem para um estado, país ou continente) ou global (para a Terra toda), e este é o
caso do sistema de referência WGS84 (World Geodetic System of 1984), usado pelo NAVSTAR-GPS.
Pode haver diversos tipos de coordenadas associadas a um sistema de referência terrestre. Os mais
utilizados modernamente são as coordenadas geográficas elipsóidicas e as cartesianas elipsóidicas, as
quais são genericamente conhecidas por coordenadas geodésicas (Figura 81). Na sequência são
caracterizados os elementos e grandezas associadas.

 P: ponto da superfície física da terra (SFT). Também pode ser um ponto no espaço próximo a ela;
Caracterização dos elementos e grandezas representados na figura 2:
 OA = OB : semi-eixo maior (a) do elipsóide;
 OC : semi-eixo menor (b) do elipsóide;
 O: origem do sistema cartesiano e centro geométrico do elipsóide. Nos sistemas geocêntricos, a
origem coincide com o centro de massa (CM) da Terra;
 IRP: InternacionalReference Pole ou IERS Reference Pole (IERS- International Earth Rotation and
Reference Service). O IRP é o substituto do antigo CIO – Conventional Internacional Origin- que
correspondia à posição média do pólo no período 1900-1905. A orientação do IRP (e, por
conseqüência, do IRM) foi determinada em 1984 pelo BIH (Bureau International de l’Heure) e é mantido
pelo IERS;
 IRM: Internacional Reference Meridian;
 OX  OY  OZ : sistema cartesiano triortogonal, onde: O eixo OZ é orientado em sentido ao IRP; o
eixo OX é orientado na interseção do IRM com o plano equatorial, e o eixo OY completa um sistema
dextrógiro;
 PE: ponto de interseção da normal por P com a superfície do elipsóide;
 PQ: ponto de interseção da normal por P com o plano equatorial;
 PR: ponto de interseção da normal por P com o eixo de rotação;
 PE PR = N : grande normal;
 PE PQ = N’ : pequena normal;
 ZP= O z P = O PP ;
  P : latitude geográfica elipsóidica do ponto P. É o ângulo formado entre a normal pelo ponto e sua
projeção no plano equatorial (observar abaixo a convenção dos sinais);
 P : longitude geográfica elipsóidica do ponto P. É o ângulo (diedro) entre os planos do meridiano de
referência e o plano do meridiano do ponto (observar abaixo a convenção dos sinais);
 PPE = hP: altitude geométrica ou elipsoidal do ponto P. É a distância do ponto P até o elipsóide, ao
longo da normal;
 x P , y P , z P : coordenadas cartesianas elipsóidicas do ponto P;
  P , P , hP : coordenadas geográficas elipsóidicas do ponto P.

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Figura 81 – Coordenadas Geodésicas: representação e caracterização dos elementos e grandezas associadas

Assim, o ponto P pode ser posicionado univocamente (definição de sua localização no espaço
tridimensional) por meio de suas coordenadas cartesianas elipsóidicas ( x P , y P , z P ) ou por meio de suas
coordenadas geográficas elipsóidicas (  P , P , hP ), ambas consideradas genericamente por coordenadas
geodésicas. Um ponto georreferenciado é definido por essas coordenadas.
O valor da latitude geográfica elipsóidica de um ponto segue a convenção:
 No hemisfério norte: 0° <  P  90° ;
 No hemisfério sul: - 90°   P < 0° ;
 No equador:  P =0° .

O valor da longitude geográfica elipsóidica de um ponto geralmente segue a convenção:


 A leste do meridiano de referência (de Greenwich): 0° < P  180° ;
 No hemisfério sul: - 180°  P < 0° ;
 No meridiano de referência (Greenwich): P =0° .

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7.1.3 Introdução ao sistema de projeção cartográfica UTM

Além das coordenadas geodésicas geográficas e cartesianas, é comum o uso das coordenadas planas
da projeção cartográfica “Universal Transverse Mercator” – UTM9.
De forma geral, as projeções cartográficas projetam geométrica ou matematicamente os elementos da
superfície da Terra referenciados a um modelo elipsóidico dela em um plano ou em superfícies desenvolvíveis
em um plano, tais como o cilindro e o cone. Entretanto, não há como projetar elementos de uma superfície
curva (elipsóide) em uma superfície plana sem que haja algum tipo de deformação ou distorção. Assim, as
projeções são classificadas de acordo com suas propriedades, ou seja, o tipo de deformação na representação.
As projeções podem ser: conformes (conserva os ângulos de figuras pequenas), equivalentes (conserva as
áreas), eqüidistantes (conserva a escala sobre uma linha ou conjunto delas) e afiláticas (não conserva
ângulos nem áreas e nem comprimentos, mas minimiza todas as distorções).
O sistema UTM tem como principais características:
a) Projeção conforme, de natureza cilíndrica, cuja superfície é transversa ao eixo de rotação da Terra e
secante a ela;
b) A superfície de referência (elipsóide) é dividida em 60 zonas ou fusos;
c) Cada fuso é identificado por um número (F) de 1 a 60 e tem 6° de amplitude (3° de longitude a leste
e a oeste a partir do meridiano central);
 3
d) O número de um fuso pode ser calculado pela expressão: F  MC  30 , em que MC é o valor
6
numérico (número de graus) da longitude do meridiano central do fuso. O primeiro fuso (F=1) tem o
meridiano central de longitude -177°, ou seja, é delimitado entre as longitudes -180° e -174°;
e) A longitude do meridiano central de um fuso pode ser calculada pela expressão:
MC  6  F  183 ;
f) Constitui um sistema plano de coordenadas, com ordenada N (Norte) e abscissa E (Este) em metros,
com as seguintes convenções:
- No hemisfério Sul, a coordenada norte na linha origem (equador) assume o valor N=10.000.000m;
- No hemisfério Norte, a coordenada norte na linha origem (equador) assumem o valor N=0 m;
- A coordenada Leste na linha de origem (meridiano central do fuso) tem coordenada E=500.000m;
- Dessa forma, não há coordenadas negativas.

A projeção (representação na carta) tem como características:


a) O conjunto de paralelos e meridianos forma um quadriculado em que os meridianos (linhas verticais
ou quase verticais, denominadas norte de quadrícula) são representados paralelamente à projeção do
meridiano central do respectivo fuso. Isso faz com que representações fora do meridiano central do
fuso tenham o norte de quadrícula com direção ligeiramente diferente do norte verdadeiro ou
geográfico. Essa diferença angular recebe o nome de convergência meridiana plana;
b) A escala é variável em função da latitude e da longitude. Nas duas linhas de secância, ela
corresponde à escala nominal da carta, entre os meridianos de secância é menor que a escala
nominal da carta, e “externamente” aos meridianos de secância ela é maior que a escala nominal da
cos 2 
carta. A figura 2 ilustra este aspecto. A expressão K  K 0   possibilita o cálculo do
2

2
fator de escala, onde K 0 é o coeficiente de redução de escala no meridiano central do fuso, que vale
0,9996, e     MC (em radianos).

9O sistema de projeção cartográfica UTM é apenas um dos diversos tipos de projeção cartográfica. Não é o escopo de este
curso apresentar os detalhes das projeções cartográficas.

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Figura 82 – Cilindro transverso e secante que forma um fuso da projeção UTM e a variação do fator de escala

Na Figura 83 são apresentados os 60 fusos e as zonas UTM, para o mundo todo. Observe-se que a
zona 22J destacada é a que mapeia a maior parte da região sul do Brasil.

Figura 83 – Zonas, fusos e bandas do sistema de coordenadas UTM

Fonte: Fundamentos de Orientação, Cartografia e Navegação Terrestre. Raul M. P. Friedmann. Ed. Pro Books & CEFET-PR, 2003.

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7.1.4 Sistemas de referência do Sistema Geodésico Brasileiro e do GPS

O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é realizado por meio de um conjunto de estações (marcos
geodésicos) estabelecido na superfície do país. O SGB é composto pelas redes fundamentais Planimétrica,
Altimétrica e Gravimétrica e constitui o referencial para a determinação de coordenadas, altitudes e gravidade
no território brasileiro.
A definição, estabelecimento e manutenção do Sistema Geodésico Brasileiro são de responsabilidade
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Desde 25 de fevereiro de 2005 ele oficializou um novo
sistema geodésico de referência no Brasil, denominado SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as
Américas), que, durante dez anos será concomitante com o sistema anterior SAD69 (South American Datum).
A partir de 2015 permanecerá somente o SIRGAS.
O SAD69 possui uma orientação parcialmente arbitrária, ou seja, a orientação do elipsóide (Elipsóide
Internacional de 1967) tem o eixo de rotação paralelo ao da Terra, mas a origem deste elipsóide não coincide
com o centro de massa da Terra, sendo transladado para que um ponto da superfície desse elipsóide coincida
com um ponto (Datum) da superfície do país. Já o SIRGAS, por ser geocêntrico, não possui um único ponto
Datum, mas uma rede de 21 pontos que pertencem à Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC),
uma rede de estações ativas GPS.
A caracterização atual do Sistema Geodésico Brasileiro é dada na resolução PR-1/2005 do IBGE.
Neste documento estão também os parâmetros de transformação de um sistema para outro. Informações
adicionais bem como os dados das estações pertencentes ao SGB encontram-se na página do IBGE
(www.ibge.gov.br). Na tabela 1 são dados os parâmetros geométricos dos dois sistemas de referencia
atualmente oficiais no Brasil (SAD69 e SIRGAS2000), e do WGS84 utilizado pelo GPS.

Quadro 9 – Parâmetros Geométricos dos elipsóides do WGS84, do SIRGAS e do SAD69

Parâmetros WGS84 SIRGAS2000 SAD69


Semi-eixo maior (a) 6378137,0 m 6378137,0 m 6378160,0 m
Achatamento (1/f) 298,257223563 298,257222101 298,25

7.2 Sistema de Posicionamento Global por Satélites

7.2.1 Introdução

O NAVSTAR GPS (NAVigation System with Time And Ranging Global Positioning System) é um
sistema de radionavegação baseado em satélites artificiais que provê informações para posicionamento
tridimensional, navegação e tempo aos usuários equipados com equipamentos apropriados (os receptores
GPS). Ele foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa (Department of Defense - DoD) dos EUA a partir de
1973 com o objetivo de ser o principal sistema de navegação militar norte-americano. É, portanto, um sistema
militar com acesso restrito a usuários civis. Baseia-se em uma constelação de 24 satélites distribuídos em seis
órbitas com cerca de 20.200 km de altitude, cuja configuração final está disponível desde 1995. O arranjo dos
satélites (Figura 84) foi planejado de tal forma que se tenha no mínimo 4 satélites visíveis acima do horizonte,

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em qualquer ponto da superfície da Terra e a qualquer hora. Com uma sofisticada tecnologia de comunicação,
o sistema permite determinar posições tridimensionais sobre qualquer ponto da superfície da Terra, a qualquer
instante e em qualquer condição meteorológica, de forma robusta e relativamente simples, o que foi uma
verdadeira revolução nas técnicas de comunicação e posicionamento.

Figura 84 – Distruição da Constelação dos satélites do GPS

Atualmente, com a tecnologia dos circuitos integrados, os receptores GPS têm se tornado pequenos e
baratos, o que tem potencializado formidavelmente suas aplicações, desde o simples lazer (pesca, ecoturismo),
e necessidades comuns (mapeamento, navegação, rastreio de veículos) até as pesquisas científicas de ponta
(monitoramento de estruturas, estudo das placas tectônicas, etc).

7.2.2 Principio básico do posicionamento por GPS

Embora o GPS empregue alta tecnologia, o princípio básico utilizado no posicionamento é simples. A
base está na medição do raio de ação dos satélites, ou seja, das distâncias entre a antena do receptor GPS do
usuário e as antenas de um grupo de satélites GPS. Devido a alguns erros inerentes em sua determinação,
elas são denominadas de pseudodistâncias.
As frentes das ondas eletromagnéticas emitidas por cada satélite se propagam no espaço de forma
semelhante às ondas que se propagam num lago quando jogamos uma pedra (entretanto, ondas
eletromagnéticas se propagam tridimensionalmente). Assumindo que as posições (órbita) dos satélites e as
distâncias até eles sejam conhecidas, pode-se então determinar a posição do ponto de rastreio pela interseção
das esferas (frentes de onda) no espaço, conforme pode ser observado na Figura 85. No lado direito da mesma
está representada a interseção de duas frentes de onda. Fica a cargo do leitor imaginar uma terceira frente de
onda, quando então a interseção se dá em dois pontos apenas. Um destes pontos se localizará, em algum
momento, sobre a superfície terrestre (no local onde está o usuário com seu receptor GPS).
Este é o principio fundamental do posicionamento pelo GPS: a medida das pseudodistâncias entre o
receptor do usuário e os satélites para o cálculo da posição (intersecção dos raios vetores). Mas como a
distância a um satélite é medida? Por meio da equação velocidade multiplicada pelo tempo de viagem do sinal
(d= v·t). No caso, a velocidade das ondas eletromagnéticas é de aproximadamente 300.000 km/s. Ou seja, o
GPS trabalha determinando o tempo que um sinal de radiação eletromagnética leva para alcançar o receptor
(desde o instante de sua emissão pelo satélite) e então calcula a distância a partir desse tempo. Mas como se
trabalha com a velocidade da luz, faz-se necessário medir intervalos de tempos com extrema precisão para que
a distância seja calculada com erro de pequena magnitude. Pelo fato de haver erro na medida da distância

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devido à imprecisão na medição de tempo e a outros fatores que serão vistos adiante, aquela distância é
denominada de pseudodistância por não representar a distância geométrica verdadeira.

Figura 85 – Frente de onda dos sianis dos satélites GPS

Como o receptor sabe quando o sinal partiu do satélite? Para isso é usada uma idéia interessante: a
geração exatamente ao mesmo tempo de um código no satélite e no receptor. Este faz então uma comparação
do sinal gerado com aquele sinal recebido para determinar há quanto tempo o receptor gerou o mesmo código,
ou seja, determina o tempo de viagem do sinal comparando e medindo a defasagem entre os dois (Figura 86).

Figura 86 – Comparação dos sinais de código gerado e recebido na determinação do tempo de propagação

O código utilizado pelo GPS é um conjunto complexo de códigos digitais e aparentam ser um sinal de
ruído (por isso denominados PRN - Pseudo-Random Noise), que se repetem mil vezes por segundo. Os
códigos pseudorandômicos são uma genial invenção da engenharia de telecomunicações. Com eles é possível
captar sinais extremamente fracos para comunicação de dados de modo inequívoco, tornando-se um sistema
robusto e prático, pois não se exige um receptor com uma enorme antena direcional, dentre outros fatores.
Entretanto, é necessário que o tempo nos satélites e no receptor estejam perfeitamente sincronizados,
o que é um problema. Do lado dos satélites esse problema é resolvido com relógios atômicos, que são
extremamente precisos, contudo caros (dezenas de milhares de dólares). Têm precisões da ordem de 10 -14
segundo e cada satélite pode trazer até quatro unidades. Do outro lado, no receptor, seria inviável dispor de um
relógio atômico. Estes usam osciladores de quartzo semelhantes aos usados em circuitos eletrônicos comuns,
que têm precisão muito menor do que os atômicos. O problema do sincronismo de tempo no receptor (devido à
imprecisão de seu relógio) é então resolvido por meio de uma medição extra a um quarto satélite. Ou seja, se

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com medições a três satélites teríamos a solução da posição tridimensional (3 equações e três incógnitas), na
realidade são necessárias medições a quatro satélites para que se obtenha também a solução do erro de
sincronismo do receptor relativo ao tempo GPS. Em resumo, são 4 incógnitas: coordenadas tridimensionais x,
y e z do ponto e o erro de sincronismo dos relógios. Com isso, formam-se 4 equações (uma para cada satélite)
para solucionar o posicionamento. Naturalmente que, se for possível rastrear uma quantidade maior de
satélites, melhor, mais precisa e mais confiável será a solução. Na prática, os receptores atuais são capazes de
rastrear até 12 satélites ao mesmo tempo. O conjunto mínimo de equações para a determinação da posição do
receptor (coordenadas x, y, z) e do erro de sincronismo do relógio do receptor (tR) é dado por:

PR12  ( x  x1 ) 2  ( y  y1 ) 2  ( z  z1 ) 2  c  t R
PR 22  ( x  x2 ) 2  ( y  y 2 ) 2  ( z  z 2 ) 2  c  t R
PR 32  ( x  x3 ) 2  ( y  y3 ) 2  ( z  z3 ) 2  c  t R
PR 24  ( x  x4 ) 2  ( y  y 4 ) 2  ( z  z 4 ) 2  c  t R
Eq. 131
onde:
PRi: pseudodistância entre o satélite i e receptor;
xi, yi, zi : coordenadas cartesianas do satélite i
c : velocidade da luz.

Para a determinação da posição, é necessário o conhecimento da posição dos satélites em suas


órbitas. Como se sabe onde está um satélite que orbita a mais de 20.000 km acima da superfície terrestre? A
resposta é dada pelo conhecimento de sua órbita, que é determinada por parâmetros matemáticos que
descrevem a mesma. Os receptores GPS têm armazenados em sua memória parâmetros denominados
almanaque, que permitem o cálculo da posição aproximada de cada satélite. Os satélites ainda transmitem
parâmetros mais completos denominados efemérides, que permitem o cálculo preciso da posição dos satélites
durante o posicionamento.

7.2.3 Fontes de erro no posicionamento por GPS

Por mais perfeito que possa parecer, existem diversas fontes de erros no posicionamento GPS que são
difíceis de eliminar. As fontes de erro podem ser dependentes dos satélites, da propagação do sinal na
atmosfera e da estação (receptor e antena). O mais significativo dos erros no cálculo da posição ocorre por
causa da ionosfera, camada da atmosfera situada entre 50 e 800 km acima da superfície terrestre que
possuem partículas eletricamente carregadas. Essas partículas afetam a velocidade de propagação das ondas
eletromagnéticas. Depois da ionosfera, os sinais do GPS ainda atravessam a troposfera da Terra, outra fonte
de erro ainda mais difícil de corrigir. Ainda existem os erros decorrentes da imprecisão das efemérides
transmitidas pelos satélites, de ruído no receptor, de multicaminho do sinal, entre outros.
Para usuários civis, o DoD pode ainda impor um erro intencional nos sinais emitidos por satélites: a
S/A (Selective Availability – disponibilidade seletiva), que visa diminuir a precisão no posicionamento dos
usuários civis. Ela foi desligada em maio de 2000. Mesmo assim, usuários mais refinados (ainda que sejam
civis) podem, entretanto, minimizar a maioria dos erros pelo uso de receptores mais avançados em conjunto
com métodos e técnicas adequadas de rastreio e de processamento, embora nesta abordagem geralmente se
tenha uma solução somente após algum tempo, ou seja, não é um posicionamento em tempo real. Também há
opções onde se pode obter soluções em tempo real melhores do que se fosse obtidas no posicionamento

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absoluto. Estas opções são o DGPS (GPS diferencial) e o RTK (Real Time Kinematic). Elas requerem,
entretanto, uma estrutura mais complexa (estações de referência, sistemas de transmissão de dados, etc.).
Outro fator que influencia na precisão do posicionamento é a geometria formada pelos satélites
rastreados e o usuário. Foi criado um fator que avalia essa geometria, chamado DOP (Dilution Of Precision),
cujo valor é inversamente proporcional ao volume do tetraedro formado por quatro satélites e o receptor do
usuário. Assim, quanto menor o valor do DOP (idealmente menor que 5), melhor será a geometria dos satélites
rastreados e conseqüentemente melhor será o resultado do posicionamento.

7.2.4 Características técnicas principais do NAVSTAR-GPS

Na seção 7.2.2 foi visto que o princípio básico do posicionamento com o GPS consiste na medição de
distâncias entre o usuário (receptor GPS) e pelo menos quatro satélites. Ou seja, conhecendo-se as
coordenadas destes satélites num sistema de referência apropriado, é possível calcular as coordenadas da
antena do receptor do usuário no mesmo sistema de referência dos satélites. O NAVSTAR-GPS provê dois
tipos de serviços:

a) SPS (Standard Positioning Service), o serviço de posicionamento e tempo padrão que está disponível
a qualquer usuário da Terra, gratuitamente;
b) PPS (Precise Positioning Service), cujo acesso é restrito aos usuários autorizados (basicamente,
militares norte-americanos). Proporciona melhor precisão em tempo real.

O GPS consiste de 3 segmentos principais:

Segmento Espacial: consiste dos 24 satélites distribuídos em 6 planos orbitais com 4 satélites em cada
plano, numa altitude aproximada de 20.200 km. Os planos orbitais são inclinados de 55 em relação ao
equador terrestre e o período orbital é de 12 horas siderais, ou seja, para um mesmo ponto de observação na
superfície da Terra, a posição dos satélites se repete a cada dia com uma antecedência de 3 minutos e 56
segundos em relação ao dia anterior. Cada satélite GPS transmite informações em duas ondas portadoras,
denominadas L1 e L2. Elas são geradas a partir da freqüência fundamental de 10,23 MHz, a qual é multiplicada
por 154 e 120 (Figura 87), respectivamente, obtendo-se L1=1.575,42 MHz e L2=1.227,60 MHz.

Figura 87 – Geração de sinais GPS

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Todos os satélites GPS transmitem sinais nas mesmas freqüências (L1 e L2). Entretanto, cada satélite é
identificado por um código identificador contido no PRN (Pseudo-Random Noise). O PRN é uma seqüência
binária que é modulada sobre as ondas portadoras. Como é gerado por um algoritmo, pode ser univocamente
rastreado e identificado. Ele contém dois códigos importantes: o código C/A (Clear Acquisition – aquisição livre)
e o código P (precise ou protected – preciso ou protegido). O código C/A é gerado a uma razão de 1,023 MHz,
ou seja, consiste de 1.023 bits com período de 1 ms. Cada satélite transmite um código C/A diferente que é
modulado sobre a portadora L1. O código P, de uso restrito, é transmitido a uma razão de 10,23 MHz. Como
seu comprimento de onda é dez vezes menor que o do código C/A, permite medições mais precisas. Ele é
modulado em ambas as portadoras, mas sua decodificação é protegida (criptografada). Denomina-se CDMA
(Code Division Multiple Access – Divisão do código para múltiplo acesso) a técnica pela qual um conjunto de
emissores de um sistema de comunicação transmitem na mesma freqüência onde a identificação do emissor é
feita por códigos particulares.
Além dos códigos C/A e P, os satélites também transmitem dados relativos à sua posição na órbita
(efemérides), ao estado do relógio e parâmetros de correção, dentre outros. Eles são conhecidos como dados
ou mensagens de navegação. Elas são moduladas em ambas as portadoras à razão de 50 bits por segundo,
sendo que uma mensagem completa (data frame – quadro de dados) é composta por 1.500 bits, ou seja, a
cada 30 segundos é completado um quadro.
Concluindo, observa-se que há três tipos de sinais envolvidos no GPS: as portadoras L1 e L2, os
códigos C/A e P e as mensagens de navegação. Essa estrutura permite não só medir a fase da portadora mas
também o tempo de propagação dos códigos modulados sobre as mesmas, que vem a ser as duas
observáveis básicas para o processamento e cálculo da posição do usuário: a fase da portadora e o código.

Segmento de controle: Consiste de 5 estações monitoras (Hawaii, Kwajalein, Ascension Island, Diego
Garcia e Colorado Springs), cuja tarefa é monitorar continuamente os satélites, determinar o sistema de tempo
GPS, calcular as correções dos relógios dos satélites, predizer suas efemérides, atualizar periodicamente as
mensagens de navegação da cada satélite, dentre outras. As cinco estações pertencem à AAF (American Air
Force), sendo que a estação de controle central fica em Colorado Springs. O IGS (Internacional GPS Service)
produz, a partir destas estações monitoras e outras estações do NIMA (National Imagery and Mapping Agency),
efemérides com precisão da ordem de centímetros que servem para determinação precisa das coordenadas
dos satélites. Essas efemérides tornam-se disponíveis aos usuários no prazo de alguns dias a partir da coleta
dos dados permitindo atender às aplicações que exijam precisões melhores.

Segmento dos usuários: É constituído por todas as classes de receptores GPS, os quais se
caracterizam de acordo com os propósitos a que se destinam tais como navegação ou trabalhos geodésicos.
Como o GPS é primariamente um sistema militar, eles utilizam seus receptores para calcular suas posições e
deslocamentos durante manobras de treinamento e combate, e para navegação (por exemplo, a
orientação/navegação automática de mísseis, como foi visto na Guerra do Golfo em 1991). Do outro lado, estão
os usuários civis, que dispõe do emprego de grande variedade de receptores para diversas aplicações.
Um receptor GPS é composto, basicamente, por uma antena que pode ser interna ou externa ao mesmo,
de um circuito de RF (radiofreqüência) para a captação e identificação do sinal, de um circuito com
microprocessador, que realiza o controle do receptor e o processamento do sinal, de uma interface com o
usuário (botões de comando/controle e painel de exibição), de suprimento de energia (pilhas ou bateria) e de
memória para armazenar dados de rastreio e configuração.
O sistema de referência empregado pelo NAVSTAR-GPS é o WGS84 (World Geodetic System 1984).
Trata-se de um sistema geocêntrico. Esta informação é indispensável a todo usuário que vá utilizar o GPS e
almeja compatibilizar dados de rastreio com o sistema de referência do local onde estiver efetuando seu

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trabalho (ou da carta que ele eventualmente esteja utilizando). Em outras palavras, deve-se utilizar o mesmo
sistema de referência para que os dados sejam compatíveis e comparáveis. Caso contrário, as coordenadas
podem diferir na ordem de dezenas de metros. Outra possibilidade é o usuário configurar seu receptor GPS
para que o mesmo já forneça as coordenadas no sistema de referência desejado. No caso de se trabalhar com
o WGS84 e o SIRGAS2000, eles podem ser considerados coincidentes para a maioria das aplicações práticas,
embora a rigor não o sejam.

7.2.5 Tipos de receptores GPS, métodos e técnicas de posicionamento

Os receptores GPS podem ser classificados conforme os critérios:

a) Aplicação
- receptor de navegação;
- receptor topográfico o para SIG (Sistemas de Informações Geográficas)
- receptor geodésico;

b) Tipo de observáveis rastreadas:


- código C/A;
- código C/A e portadora L1;
- código C/A e portadoras L1 e L2;

Os receptores mais simples (e mais baratos) são aqueles que rastreiam e utilizam apenas o código C/A
para o processamento de sua posição em tempo real. São utilizados para navegação e atividades que não
exijam precisão no posicionamento em tempo real. De forma geral, todos os receptores rastreiam o código C/A.
Quando um receptor utiliza somente os dados recebidos pelos satélites e o código C/A para determinar sua
posição, denomina-se posicionamento absoluto. Rastreando no modo absoluto, pode haver um erro superior
à dezena de metros na posição. Com o método diferencial (DGPS), o posicionamento atinge precisões entre 1
e 3 m. Já os receptores que são capazes de rastrear e processar as portadoras L1 e L2 são os mais refinados.
Por métodos e técnicas apropriadas (rastreio por um longo período e pós-processamento relativo), consegue-
se atingir precisões milimétricas com este tipo de equipamento.
Observa-se que existem vários métodos e técnicas de posicionamento por GPS. Quando se necessita
da posição em tempo real com baixa precisão (em média 10 m de erro, com o S/A desativado), utiliza-se o
posicionamento absoluto, onde basta um receptor GPS rastreando os sinais dos satélites para fornecer a
posição instantânea. Caso o usuário necessite precisão maior, em tempo real, há duas opções: O DGPS e o
RTK.
A medida da distância entre os centros de fase da antena de um receptor GPS e da antena do satélite,
medida pelo receptor GPS, é afetada por diversos erros, sendo portanto denominada pseudodistância. O
método DGPS (GPS Diferencial) consiste no posicionamento GPS em tempo real com a aplicação de
correções diferenciais calculadas e transmitidas por uma estação de referência. Seu princípio básico vale-se do
fato que dois receptores GPS que estejam numa mesma região geográfica e que rastreiam simultaneamente os
mesmos satélites, têm os erros atuantes correlacionados (aproximadamente iguais). Essa correlação é
inversamente proporcional à distância entre os receptores. A ocupação de uma estação de coordenadas
conhecidas (estação de referência) possibilita a quantificação dos erros inerentes ao posicionamento absoluto
nesta mesma estação. Eles são calculados pela diferença entre as distâncias calculadas com auxílio das
coordenadas conhecidas (previamente levantadas e consideradas como verdadeiras) e as pseudodistâncias

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medidas pelo receptor GPS, para cada um dos satélites. Dentre as fontes destes erros pode-se citar os
decorrentes:
- de erros do relógio do satélite e do receptor em relação ao tempo GPS;
- do efeito de multicaminho do sinal;
- da propagação (refração) do sinal na atmosfera (troposfera e ionosfera);
- das efemérides (imprecisão das órbitas); e
- do ruído do receptor.

Os erros decorrentes do ruído do receptor e do efeito de multicaminho do sinal, assim como os


decorrentes do relógio do receptor não são, entretanto, atenuados pelo método diferencial.

Figura 88 – Princípio básico do método diferencial

As correções diferenciais são transmitidas da estação de referência à estação usuária por meio de um
enlace de comunicação de dados num formato padrão definido pela Radio Technical Commission for Maritime
Services – Special Committee 104, por isso ele é conhecido como formato RTCM. As correções diferenciais
podem ser aplicadas até algumas centenas de quilômetros da estação de referência. Entretanto, a validade
delas é função da distância entre as estações de referência e usuária, isto é, quanto mais próxima a estação
usuária estiver da estação de referência, mais correlacionados estarão os erros entre os dois pontos e melhor
será a precisão no posicionamento do receptor nesta estação (precisão máxima em torno de 1 m).
No RTK (Real Time Kinematic), o princípio é semelhante ao do DGPS. A diferenças básica é que os
receptores utilizados devem ser capazes de rastrear a fase da portadora, de forma que as informações de
correções transmitidas no RTK constituem um volume muito maior de dados. Assim, é exigido um sistema de
comunicação com maior capacidade e grande poder de processamento pelo equipamento do usuário. Com o
RTK atingem-se precisões altíssimas, da ordem do milímetro. Seu alcance confiável se restringe, entretanto, a
10 km da estação de referência dependendo das condições de rastreio.
Na maioria dos trabalhos que exigem precisão intermediária (decímetros ou mesmo centímetros) são
utilizados receptores que rastreiam a portadora L1, de custo intermediário. O procedimento de pós-
processamento com estes receptores é praticamente idêntico àquele com receptores de dupla frequência. Os
receptores L1 são largamente aplicados no cadastro, daí a denominação popular de receptor topográfico ou
receptor para cadastro.
Quando se necessita de posições com mais precisão (ordem decimétrica, centimétrica ou mesmo
milimétrica) sem a necessidade de que este posicionamento seja em tempo real, faz-se uso do método de
posicionamento relativo com pós-processamento. Neste caso, emprega-se um receptor GPS por determinado
tempo sobre o ponto cujas coordenadas se deseja determinar. Este tipo de receptor deve estar conectado a

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uma antena de boa qualidade (geralmente separada do receptor). Cuidados especiais devem ser tomados na
instalação da antena e na configuração do receptor. Após o rastreio, os dados são descarregados em um
microcomputador para o pós-processamento. Este é feito com o auxílio de programas específicos, onde são
utilizadas informações de rastreio simultâneo de uma estação de referência (daí o termo posicionamento
relativo), efemérides precisas (que podem ser obtidas do IGS), modelos ionosféricos, dentre outras. Deve-se
perceber que este tipo de trabalho não é realizado por usuários comuns, devendo ser feito por profissionais
com alto nível de conhecimento sobre GPS. O custo dos equipamentos envolvidos neste tipo de levantamento
é alto, em especial os de dupla freqüência que são os mais utilizados no estabelecimento de marcos em redes
de referência fundamentais e na pesquisa científica.
No pós-processamento relativo necessitam-se dados de rastreio em uma estação de referência para
serem processados em conjunto dos dados do rastreio do receptor do usuário. A estação de referência é dita
passiva quando se trata de um marco de coordenadas conhecidas sobre o qual o usuário instala a antena de
seu receptor. É dita estação de referência ativa quando há um sistema em funcionamento contínuo que
realiza a recepção, armazenamento e disponibilização destes dados na estação. No Brasil, há as estações
ativas oficiais da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo – RBMC, sob responsabilidade do IBGE (órgão
responsável pela Cartografia e Geodésia no Brasil). A RBMC é composta por dezenas de estações distribuídas
estrategicamente no país. Os dados são disponibilizados na internet gratuitamente a partir do dia subseqüente
ao rastreio. Também existem estações de referência ativas de instituições privadas ou autárquicas, como, por
exemplo, as bases do INCRA e bases de empresas privadas. Os programas de pós-processamento relativo,
geralmente comercializados em conjunto com o receptor, fazem combinações matemáticas das observações
das estações de referência e usuária minimizando erros e permitindo a determinação de coordenadas com
precisão melhor que aquela do posicionamento absoluto.

7.2.6 Outros sistemas de posicionamento por satélites

O NAVSTAR-GPS é o mais popular dos sistemas de posicionamento por satélites. Entretanto, há outros
sistemas funcionais ou em desenvolvimento. O quadro a seguir apresenta um breve resumo das características
desses sistemas.

Quantidade de
satélites Início ou período de
Sistema País Outras características
(nominal + desenvolvimento
reserva)
NAVSTAR- 6 planos orbitais
EUA 21+3 1973
GPS Altitude aprox. 20200 km
URSS 3 planos orbitais
GLONASS 21+3 1976
(Rússia) Altitude aprox. 19100 km
União 3 planos orbitais
GALILEO 30+3 2008-2010
Européia Altitude aprox. 23600 km
Alguns satéilites em órbitas geoestacionárias
(aprox. 36000 km) para cobrir a China e a região
BEIDOU
China 35 2000-2020 Ásia-Pacífico (até 2012), e os demais não-
(COMPASS)
geoestacionários para cobertura global (entre
2012 e 2020).
IRNSS Índia 7 2010-2012 Órbitas provavelmente geoestacionárias
QZSS Japão 3 ou 4 2010-2013 Órbitas geoestacionárias (QZ: Quase Zenitais)

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 Prática de campo 15: posicionamento GPS – método absoluto

a) Objetivo: Navegação com o GNSS pelo método absoluto.


b) Materiais: Receptor de navegação.
c) Procedimentos: realizar navegação autônoma e efetuar o registro da coordenada de um ponto de partida. Executar
uma trajetória qualquer e programar o receptor para orientar a trajetória de retorno ao ponto de partida.

 Prática de campo 16: posicionamento GPS – método relativo estático

a) Objetivo: Levantamento GNSS pelo método relativo estático.


b) Materiais: Receptor topográfico com acessórios, bipé com bastão, caderneta de campo 14.
c) Procedimentos: determinação das coordenadas geodésicas de pontos topográficos pelo método estático rápido.

 Prática de campo 17: transporte de coordenadas no elipsóide

a) Objetivo: Transporte de coordenadas no elipsóide.


b) Materiais: Estação total, bastão com prisma, caderneta de campo 15, planilha de cálculo do programa Excel.
c) Procedimentos: determinação das coordenadas geodésicas de um ponto topográfico por transporte de coordenadas.
De preferência, trabalhar com os mesmos pontos da prática 16 para a conferência e comparação dos resultados.

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Cadernetas de Campo

Caderneta 01 – Medição com trena e aferição do passo


Caderneta 02 – Medição de distâncias por taqueometria
Caderneta 03 – Medição de azimute magnético
Caderneta 04 – Cálculo de ângulos horizontais
Caderneta 05 – Cálculo de ângulos verticais e altura de objetos
Caderneta 06 – Interseção à vante
Caderneta 07 – Levantamento planialtimétrico por coordenadas polares (teodolito e trena)
Caderneta 08 – Levantamento planialtimétrico por coordenadas polares (taqueometria)
Caderneta 09 – Levantamento planialtimétrico por coordenadas polares (estação total)
Caderneta 10 – Elaboração de croqui
Caderneta 12 – Nivelamento geométrico simples
Caderneta 13 – Nivelamento geométrico composto (exercício de sala)
Caderneta 13 – Nivelamento geométrico composto
Caderneta 14 – Levantamento GPS
Caderneta 15 – Transporte de coordenadas no elipsóide

UFSM | Notas de Aula – Geodésia e Topografia – Prof. Jaime Freiberger; Prof. Carlito V de Moraes; Prof. Eno D Saatkamp – março/2011.
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CADERNETA

MEDIÇÃO COM TRENA E AFERIÇÃO DO PASSO


01
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.108
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Medição direta de um alinhamento com trena. Aferição do passo.

1ª PARTE: medição com trena

Medição
Estações Quantidade de Comprimento [m]
Saída Chegada Trenadas Nominal 1 Adicional 2 Total 3
1
2
3

Comprimento (média) 4 =

1 Comprimento Nominal: comprimento total da trena.


2 Comprimento Adicional: medição restante, que não completa uma trenada.
3 Comprimento total = (Quantidade de Trenadas x Comprimento Nominal) + Comprimento Adicional
4 Comprimento (média): média aritmética dos comprimentos totais do trecho obtidos nas medições 1 e 2.

2ª PARTE: aferição do passo

Contagem dos passos Comprimento do


Operadores Média passo médio 5
I II III
Aritmética
1

5 Comprimento do passo médio = Comprimento do Trecho (média) ÷ Média Aritmética das contagens dos passos
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MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS POR TAQUEOMETRIA


02
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.109
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Medição de distâncias por taqueometria. Verificação dos resultados com medidas de trena .

Leituras estadimétricas
Nome
Trecho
Operador(a)
K = 100 □ 50 □ Z d d  dT
[ ‘ “] [m] [m]
Li M Ls

A=>P1

A=>P2

A=>P3

Distâncias horizontais medidas Constantes de Multiplicação


Altura do instrumento: A i = _____________.
com trena (dT): Teodolito ZEISS THEO-080A

L s  Li A=>P1 = ____________
M
Conferência das leituras: 2
P1=>P2 = ___________
Número gerador: H  L s  Li
P2=>P3 = ___________

Distância horizontal: d  H.K.sen2Z


A=>P2 = ___________
Desnível: ΔH  H.K.senZ.cos Z  (A i  M)
A=>P3 = ___________
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MEDIÇÃO DE AZIMUTE MAGNÉTICO


03
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.110
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Croqui do levantamento: de azimute magnético. Transformação de azimute magnético em azimute verdadeiro.

Azimute Magnético do alinhamento obtido com bússola:

Az (M) = ________________________________

Declinação magnética:

δ = ________________________________
Azimute Verdadeiro do alinhamento:

Az (V) = Az (M) + δ

Az (V) = ________________________________

Carta Magnética do Brasil – 2000.0 δ  Cig  [(A  Fa )  Cip ]


(Recorte do estado do Rio Grande do Sul)
δ – Declinação Magnética;
Cig – Curva Isogônica (declinação em graus – valor interpolado);
Cip – Curva Isopórica (variação anual – valor interpolado);
A – Ano de observação (2000);
Fa – Fração do ano.

Fração do ano (Fa):

01 Jan a 19 Jan 0,0


20 Jan a 24 Fev 0,1
25 Fev a 01 Abr 0,2
02 Abr a 07 Mai 0,3
08 Mai a 13 Jun 0,4
14 Jun a 19 Jul 0,5
20 Jul a 25 Ago 0,6
26 Ago a 30 Set 0,7
01 Out a 06 Nov 0,8
07 Nov a 12 Dez 0,9
13 Dez a 31 Dez 1,0
Cálculos:

Obs.: verificação e cálculo da declinação magnética pela página <http://obsn3.on.br/~jlkm/magdec/>


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CÁLCULO DE ÂNGULOS HORIZONTAIS


04
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.111
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Praticar a medição de direções horizontais e cálculo do ângulo horizontal horário pelo método das direções.
DIREÇÕES HORIZONTAIS (ri) ÂNGULO HORIZONTAL HORÁRIO
Leituras
Séries desvio da média
(n)
conju-
r1 r2 (n) = r2 – r1
gadas (n é o numero da série) α(n)  α(n)
PD
n: ______
PI
Operador(a):
________________ M

PD
n: ______
PI
Operador(a):
________________ M

PD
n: ______
PI
Operador(a):
________________ M

PD
n: ______
PI
Operador(a):
________________ M

PD
n: ______
PI
Operador(a):
________________ M

Média aritmética dos ângulos horários => α  α(n) 

Quantidade de série: n= Croqui de localização dos pontos:

1800
Intervalo de reiteração: I 
n
Esquema das reiterações (fixação da origem em alguns
minutos próximo aos valores pré-estabelecidos):

PD  PI  180   se PI  180


0

M , 
2  se PI  180 0
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CÁLCULO DE ÂNGULOS VERTICAIS E ALTURA DE OBJETOS


05
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.112
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Medição de direções verticais e cálculo de ângulos verticais pelo método das direções. Cálculo da altura de objetos.

Leituras DIREÇÕES VERTICAIS (ri)


Leituras
conju- Cálculo da altura
(n) gadas Z1 (topo) Z2 (pé)
n = 1 (______________)
PD

Operador: PI
________________ M

PD
n = 2 (______________)
PI
Operador:
________________ M

PD
n = 3 (______________)
PI
Operador:
________________ M

PD
n = 4 (______________)
PI
Operador:
________________ M

PD
n = 5 (______________)
PI
Operador:
________________ M

Média aritmética: Z1  Z2 

Método das direções: Cálculo da altura do objeto:

360 0  PI  PD
M
2

γ1  90 0  Z1
γ 2  Z 2 - 90 0
h  a(tan  1  tan  2 )
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INTERSEÇÃO À VANTE
06
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.113
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Medição de direções horizontais e verticais pelo método das direções para o cálculo do ângulo horizontal horário e de ângulos zenitais.
Determinação de distâncias pelo método das coordenadas bipolares (interseção à vante). Cálculo da altura de objetos
Leituras DIREÇÕES HORIZONTAIS (ri) ÂNGULO HORIZONTAL HORÁRIO
Estação do
conju-
Instrumento
gadas rB  AB rC  AC
PD  = rC – rB
A PI

M =

Leituras DIREÇÕES HORIZONTAIS (ri) ÂNGULO HORIZONTAL HORÁRIO


Estação do
conju-
Instrumento
gadas rA  BA rC  BC
PD  = rC – rA
B PI

M =

180 0 PD  PI  180 0  se PI  180


0
Séries: n = ; Intervalo de reiteração: I   M , 
n 2  se PI  180 0
Esquema das reiterações (valores pré-estabelecidos):

Estação do
Leituras DIREÇÕES VERTICAIS (ângulo zenital Zi)
360 0  PI  PD
Instrumento
conju-
Z1 (topo) Z2 (pé) M
gadas 2
PD

B PI

M
Croquis:

c.senα
a
sen(180 0  α  β)

γ1  90 0  Z1
γ 2  Z 2 - 90 0
h  a(tg γ1  tg γ 2 )
c = ___________
Cálculos:
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LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO POR COORDENADAS POLARES (TEODOLITO E TRENA)


07
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.114
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Equipamento: _________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Operador:
Ponto
Código Ré Estação Descrição Direção ri [º ‘ “] Distância Z [º ‘ “] Ai Aa S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível
Visado

S=
Operador:
Ponto
Código Ré Estação Descrição Direção ri [º ‘ “] Distância Z [º ‘ “] Ai Aa S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível
Visado

S=
Operador:
Ponto
Código Ré Estação Descrição Direção ri [º ‘ “] Distância Z [º ‘ “] Ai Aa S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível
Visado

S=
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LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO POR COORDENADAS POLARES (TAQUEOMETRIA)


08
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.115
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Equipamento: _________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Ponto Leituras estadimétricas


Visado
Direção ri [º ‘ “]
fs M fi
H = fs-fi Z [º ‘ “] 2
Di = H.K.sen Z αi = ri+1-ri S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível

Operador(a):

S=
Operador(a):

S=
Operador(a):

S=
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LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO POR COORDENADAS POLARES (ESTAÇÃO TOTAL)


09
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.116
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Equipamento: _________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Operador:
Ponto
Código Ré Estação Descrição Direção ri [º ‘ “] Distância Z [º ‘ “] Ai Aa S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível
Visado
A

S=
Operador:
Ponto
Código Ré Estação Descrição Direção ri [º ‘ “] Distância Z [º ‘ “] Ai Aa S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível
Visado
A

S=
Operador:
Ponto
Código Ré Estação Descrição Direção ri [º ‘ “] Distância Z [º ‘ “] Ai Aa S=½ Di. Di+1. sen αi Desnível
Visado
A

S=
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ELABORAÇÃO DE CROQUI
10
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala x individual x grupo p.117
Equipe: ________ Operador_______________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Objetivos: Reconhecimento do terreno e elaboração de croqui.


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LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO POR POLIGONAÇÃO (ESTAÇÃO TOTAL)


11
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.118
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Equipamento: _________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Código Ponto Ângulo Horizontal Ângulo Zenital


(Observação)
Ré Estação
Visado
Descrição
Horário [º ‘ “] Distância [m] Z [º ‘ “]
Ai [m] Aa [m] Desnível [m]
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NIVELAMENTO GEOMÉTRICO SIMPLES


12
Instrumento_____________________________________ Número de série:________________________ Data: _____/_____/_________ p.119
Desnível 1: da estação A para a estação B. Operador(a):________________________
Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

A B

Desnível 2: da estação B para a estação C. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Desnível 3: da estação C para a estação D. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Desnível 4: da estação B para a estação D. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Desnível 5: da estação B para a estação E. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Desnível 6: da estação A para a estação C. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Desnível 7: da estação D para a estação E. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Desnível 8: da estação A para a estação E. Operador(a):________________________


Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível (∆h)
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

Fs  Fi
M H  Fs  Fi D  100.H Δh  L RÉ  L VANTE
2 L: leitura do fio nivelador (fio médio).
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NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO


13-A
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.120
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Nivelamento
Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

 d(RÉ) =  d (VANTE) =  FN (RE) =  FN (VANTE) = ΔH 

n n
Desnível: ΔH  
i1
FN(RÉ)  FN(VANTE) =
i1

n n
Distância nivelada: DN  
i1
d (RÉ)`  d (VANTE) =
i1
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NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO


13-B
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.121
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Contranivelamento
Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE

 d(RÉ) =  d (VANTE) =  FN (RE) =  FN (VANTE) = ΔH 

DN  DCN
n n
Distância média nivelada: u  =
Desnível: ΔH  FN(RÉ)  FN(VANTE) = 2
i1 i1 Erro de nivelamento: ε  ΔHNIV  ΔHCON =
n n Tolerância altimétrica: t  e u (u em km); t =
Distância contra-nivelada: DCN   d (RÉ)`  d (VANTE) = ΔHNIV  ΔHCON
i1 i1 Se ε  t  ΔH  =
2
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NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO (EXERCÍCIO DE SALA)


13-C
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.122
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:


NIVELAMENTO
Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE
0,747 1,686
RN 217 A1 0,649 1,584
0,555 1,481
1,057 1,395
A1 A2 0,957 1,296
0,856 1,197
1,694 1,535
A2 A3 1,597 1,435
1,500 1,334
1,608 1,624
A3 A4 1,508 1,525
1,408 1,425
1,835 1,195
A4 A5 1,738 1,095
1,641 0,995
1,748 1,415
A5 A6 1,649 1,318
1,550 1,221
1,523 1,545
A6 A7 1,427 1,443
1,331 1,340
1,756 1,352
A7 A8 1,659 1,256
1,562 1,158
2,115 0,585
A8 A9 2,010 0,490
1,905 0,394
3,090 0,430
A9 HV04 2,978 0,315
2,866 0,200
 d(RÉ) =  d (VANTE) =  FN (RE) =  FN (VANTE) = ΔH 

n n
Desnível: ΔH  FN(RÉ)  FN(VANTE) =
i1 i1

n n
Distância nivelada: DN   d (RÉ)` d (VANTE) =
i1 i1
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NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO (EXERCÍCIO DE SALA)


13-D
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.123
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:


CONTRA – NIVELAMENTO
Pontos visados Distância [m] Leitura estadimétrica [m] Distância [m] Fio Nivelador (FN)
Desnível
RE VANTE RÉ RE VANTE VANTE RE VANTE
0,438 3,097
HV04 B1 0,323 2,985
0,208 2,872
0,602 2,131
B1 B2 0,506 2,027
0,410 1,922
1,345 1,747
B2 B3 1,247 1,651
1,149 1,554
1,547 1,528
B3 B4 1,446 1,431
1,345 1,333
1,421 1,753
B4 B5 1,324 1,655
1,226 1,556
1,185 1,825
B5 B6 1,086 1,728
0,987 1,630
1,622 1,608
B6 B7 1,523 1,507
1,424 1,406
1,539 1,700
B7 B8 1,439 1,602
1,338 1,503
1,389 1,061
B8 B9 1,299 0,961
1,208 0,860
1,687 0,748
B9 RN 217 1,585 0,650
1,483 0,552
 d(RÉ) =  d (VANTE) =  FN (RE) =  FN (VANTE) = ΔH 

DN  DCN
n n
Distância média nivelada: u  =
Desnível: ΔH   FN(RÉ)   FN(VANTE) = 2
i1 i1 Erro de nivelamento: ε  ΔHNIV  ΔHCON =
n n Tolerância altimétrica: t  e u (u em km); t =
Distância contra-nivelada: DCN   d (RÉ)` d (VANTE) = ΔHNIV  ΔHCON
i1 i1 Se ε  t  ΔH  =
2
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LEVANTAMENTO GPS
14
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.124
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Objetivos: Rastreio da portadora L1 pelo método relativo estático. Processamento da observável em programa de computador.

Informações do rastreio
Receptor: Antena: Objetivo:
□ Ashtech Promark 2 (Patr. 093816); □ ASH110454 (S/N:11813); □ Apoio imediato (C2);
□ Ashtech Promark 2 (Patr. 093817); □ ASH110454 (S/N:11840); □ Limite (C4);
□ Ashtech Promark 2 (Patr. 093818); □ ASH110454 (S/N:11813); □ Cadastro/outro: ________.
□ Ashtech Promark 2 (Patr. 093819); □ ASH110454 (S/N:12023);
□ Leica GX 1202 (Patr. 115612); □ LEIAX1202 (S/N:05390005);

Local: _______________________ Marco: ______________ Altura da antena: ________ m (distância vertical entre ARP e marco).
Início: _____h: _____min: ____seg.; □ Horário de verão (GPS –02h00min); ID Arquivo: ______________________

Final: _____h: _____min: ____seg.. □ Horário normal (GPS –03h:00min). ________________________________

Observações, anotações e ocorrências:


- Vegetação: □Densa; □Pouca; □Nenhuma.
- Construções ao redor: □Sim; □Não.
- Vento: □Forte; □Médio; □Fraco.
- Chuva: □Sim; □Não; □Garoa.

Informações do pós-processamento
Programa: Estação de referência: Início: _____h: _____min: _____seg.;

□ Ashtech Solutions Marco: ___________________________; Final: _____h: _____min: _____seg.

□ Leica Geo Office (LGO) ID Arquivo (Rinex):_______________________________________________________;

Resultados:
Coordenadas do marco: Desvio-padrão: Solução:

Latitude: ___________________________________________ σ = __________________


□ Fixa
Latitude: ___________________________________________ σ = __________________ □ Flutuante
□ Parcial
Altitude Geométrica: _______________________________ σ = __________________
UFSM Universidade Federal de Santa Maria – Centro de Ciências Rurais – Departamento de Engenharia Rural – Setor de Geodésia e Topografia TURMA
EGR1008 – Topografia e Elementos de Geodésia / EGR1026 – Topografia e Noções de Geodésia – Prof. Adj. Jaime Freiberger Junior
CADERNETA

TRANSPORTE DE COORDENADAS NO ELIPSÓIDE


15
x Prático Pesquisa sala x campo extra-sala individual x grupo p.125
Equipe: ________ Operadores___________________________________________________________________________ Data: _____/_____/_________

Equipamento: Número de série:

Objetivos: Transporte de coordenadas no elipsóide. Resolução dos problemas direto (PGD) e inverso (PGI) da Geodésia.

O croqui mostra a situação em que as coordenadas geodésicas de um piquete de apoio imediato deverão ser
transportadas para uma estação de poligonal (determinada na prática de campo 11). Para tanto, é necessária a
resolução dos Problemas Geodésicos Direto e Inverso (PGD e PGI). O piquete de apoio imediato (estação do
instrumento – M031) e o marco M006 (estação de ré) têm suas coordenadas determinadas por levantamento GPS pelo
método relativo estático. Para fins de conferência, efetuar o procedimento também para o marco M037.

Dados de campo (Trimble 3305DR, precisão nominal angular 5” e linear 2mm + 2ppm):
Distância Direção
Tipo de Ponto Ângulo zenital
Estação geométrica horizontal Ai Aa
Observ. visado (Z)
[m] horária

Quadro de coordenadas conhecidas (SIRGAS2000.4)


Altitude
Ponto Tipo Latitude Longitude
geom. [m]
M031 Marco -29º43’11,07185” -53º43’01,65573” 100,513
M006 Marco -29º43’10,08974” -53º43’04,31145” 100,851
M037 Marco -29º43’14,14710” -53º42’58,93930” 100,904

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