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RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
Guaratuba-Pr
2º sem./2010
ELIAS DE SOUZA MACIEL
JOÃO GUILHERME SANTOS
MAÍRA BATTISTELLA
MARINA SILVA
THIAGO LOBO
VALMOR TRENTIN JR.
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
Guaratuba-Pr
2ºsem/2010
Introdução
RECEPTAÇÃO
Receptação Qualificada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor a venda, ou
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber
ser produto de crime:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência.
Receptação Culposa
O art. 180, caput, do Código Penal prevê o tipo penal da receptação simples,
crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Portanto, não exige
sujeito ativo especial. Por outro lado, o sujeito passivo necessita ser o proprietário ou
possuidor da coisa produto de crime, exigindo-se neste caso, a especial condição do
sujeito passivo.
Doutrina
"Em que pesa parte da doutrina ter feito restrição à consideração desse
parágrafo como figura qualificada da receptação, seja porque ingressaram novas
condutas, seja pelo fato de se criar um delito próprio, cujo sujeito ativo é especial,
cremos que houve acerto do legislador. Na essência, a figura do §1° é, sem dúvida,
uma receptação - dar abrigo a produto de crime -, embora com algumas
modificações estruturais. Portanto, a simples introdução de condutas novas, aliás,
típicas do comércio clandestino de automóveis, não tem o condão de romper o
objetivo do legislador de qualificar a receptação, alterando as penas mínima e
máxima que saltaram da faixa de 1 a 4 anos para 3 a 8 anos." (NUCCI, 2007, p. 763)
Por outro lado, a expressão "deve saber ser produto de crime" não possui
essa pacificidade doutrinária. Para doutrinadores como Celso Delmanto (1991,
p.330) e Paulo José da Costa Junior, a expressão "deve saber ser produto de crime"
é indicativa de dolo eventual; para outros, como Nelson Hungria, Magalhães
Noronha e Heleno Cláudio Fragoso (1978, p.2:173), significa culpa.
Jurisprudência
Por defeito na confecção da lei, o legislador cominou pena mais leve para o
crime maior (CP, art. 180, "Caput") e pena mais severa para o crime menos grave
(CP, art. 180, § 1.º).
Ordem denegada."
Por tudo o que foi exposto até aqui, embora haja intensa discussão acerca
da constitucionalidade do §1° do art. 180 do Código Penal, conclui-se que a
interpretação mais acertada do dispositivo em tela é aquela que considera
constitucional a figura qualificada da receptação. O problema, na verdade, não é de
constitucionalidade, mas de mera interpretação.
Não há dúvida de que o legislador deveria ter sido mais claro e utilizado no
dispositivo as duas expressões: "sabe" e "deve saber". Mas exigir tal clareza de
nossos legisladores nem sempre é tarefa assim tão fácil.