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Vice-Presidente
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Renato Janine Ribeiro
Copyright 2015
Todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de São Paulo.
É permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte
Módulo 4 - Relações Étnico-Raciais
SEMANA 1
INTRODUÇAO E ORIENTAÇOES
APÓS RECESSO
Módulo 4 - Relações Étnico-Raciais
De maio a dezembro de 2015 pudemos estudar e discutir no nosso curso diferentes temáticas
relativas às questões da diversidade, gênero e sexualidade. O curso procurou desenvolver a
capacidade crítica diante das transformações políticas, econômicas e socioculturais que vi-
vemos atualmente e requerem o reconhecimento e o respeito à diversidade sociocultural do
povo brasileiro – o reconhecimento de que negros e negras, índios e índias, heterossexuais e
homossexuais, dentre outros grupos discriminados, devem ser respeitados/as em suas identi-
dades, diferenças e especificidades, porque tal respeito é um direito social inalienável.
Teremos também, a partir desse momento do curso, atividades destinadas diretamente para a
elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Conforme orientado anteriormente, o
TCC é obrigatório para a certificação do curso de especialização, deverá versar sobre os temas
abordados no curso e relacionados a escola. Neste sentido, a primeira atividade de 2016, será a
socialização no fórum, dos temas de pesquisa que vocês definiram durante o período de férias.
Atenciosamente,
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
SEMANA 2
REFLETINDO SOBRE OS
DIREITOS DOS POVOS
INDÍGENAS
Autor: Marco Antônio de Oliveira
Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
Objetivos:
• Refletir sobre aspectos relacionados aos povos indígenas na promoção de práticas es-
colares de alteridade; Perceber as experiências e práticas próprias como forma de con-
quista de direitos e reconhecimento das diferentes formas de expressão cultural desses
povos, em relação ao processo de escolarização.
Umas das maiores vítimas do processo de escolarização brasileiro têm sido os povos indíge-
nas. Discutiremos as formas de luta pelo direito à educação e a escola como promotora de
direitos por parte dessa população.
SAIBA MAIS
Para iniciarmos leia o relato do educador José Ribamar Bessa
Freire, que trata das escolas bilíngues interculturais em comunidades
indígenas, prevista pela Constituição de 1988. Link: http://www.
taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1059
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Charge Fernando Assaz Atroz (http://assazatroz.blogspot.com/)
Fonte: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1059
O relato do professor José Ribamar, nos ajuda a inferir sobre o trato das sociedades indíge-
nas por parte das políticas públicas e das práticas escolares. De um lado temos as dificul-
dades impostas pelo estado brasileiro quanto ao direito à escola por parte dessa população.
Do outro, averiguam-se abordagens e práticas escolares que condenam a cultura e história
indígenas ao desaparecimento, ao desconsiderarem seus valores e impor a cultura contra-
tual de matriz europeia.
A diversidade dos povos indígenas foi retratada pelo antropólogo e educador Darcy Ribeiro
como uma “miríade de povos” falantes de línguas que cresciam e se bipartiam, se diferen-
ciavam, por vezes se desconheciam. A dinâmica de organização de suas sociedades antes da
chegada dos europeus levou Darcy Ribeiro a inventariar que:
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
“Se a história, acaso, desse a esses povos tupi uns séculos mais de liberdade e au-
tonomia, é possível que alguns deles se sobrepusessem aos outros, criando chefa-
turas sobre territórios cada vez mais amplos e forçando os povos que neles viviam
a servi-los, os uniformizando culturalmente e desencadeando, assim, um processo
oposto ao de expansão por diferenciação” (RIBEIRO, 1995. p.30).
Dentre as ideias do senso comum, amplamente divulgadas nas escolas é ade extinção da popu-
lação indígena, estudos têm demonstrado o aumento dessa população em território brasileiro.
Segundo Monteiro (1995) esse aumento se deve a alguns fatores como:
Os direitos da população indígena têm sido solapados não apenas pela atuação de grupos sec-
tários, mas pela própria ação do estado. Em uma dessas ações foi criado em 1910, o Serviço de
Proteção aos Índios (SPI), instituição antecessora da Fundação Nacional do Índio (FUNAI),
que expressa os paradoxos das relações entre o estado nacional e os direitos da população in-
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dígena. Um dos motivos da criação do SPI foi a acusação de ser o estado brasileiro conivente
com o assassinato indiscriminado de indígenas, em particular pela ação de bugreiros na região
sul do país. Paradoxalmente a proposta do SPI era de criar condições materiais para que os
índios pudessem livremente progredir e ultrapassar o suposto estado animista em que viviam.
Essa seria a chave para integração da população indígena, seu aculturamento, assimilação e
consequente desaparecimento. Em 1967, o governo militar criou a FUNAI com funções mais
burocratizadas e mantendo a política de aculturamento do SPI.
As políticas educacionais e o papel da escola no trato com os povos indígenas, cabe ressaltar
a importância das práticas que visam tornar os próprios indígenas sujeitos ativos das lutas por
direitos. Uma dessas práticas de luta pelo direito à escola, que visa dar sentido próprio a atua-
ção dos próprios indígenas como sujeitos de direitos, é desenvolvida no bairro paulistano de
Parelheiros. A partir do engajamento da própria comunidade os indígenas têm se organizado
fazendo da escola o lugar de luta pela continuidade de sua cultura, tradições, história e língua.
Trata-se da escola Estadual Indígena Gwyra Pepó, na aldeia indígena Tenondeporã.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
SAIBA MAIS
A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de
1o. e 2o. graus. O texto discute um dos preconceitos mais arraigados
na sociedade brasileira sobre as populações indígenas: Estariam
essas populações com mais terras do que deveriam ter? A obra
está disponível em domínio público. Para a leitura acesse http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=26725
População indígena - acesse a página do ISA (Instituto
Socioambiental) na internet: http://www.socioambiental.org/pt-br.
Nela você poderá encontrar uma série de informações sobre os mais
variados grupos indígenas.
Veja também, da série “Índios no Brasil”, o vídeo “Índios no Brasil: uma
outra história” https://www.youtube.com/watch?v=WppQ3Lx6-Jo
Referências bibliográficas
FLECHA, Ramón e TORTAJADA, Iolanda. Desafios e saídas educativas na entrada do século.
In.: IMBERNÓN, Francisco (org.) A educação no século XXI. Os desafios do futuro imediato.
Porto Alegre, Arte Médicas Sul, 2000.
MELATTI, Julio Cézar. População Indígena. Brasília, Unb, 2004. (Série Antropológia, 345).
http://www.dan.unb.br/images/doc/Serie345empdf.pdf Acesso 22/junho/2015.
MONTEIRO, John Manuel. O desafio da história indígena n Brasil. In.: SILVA, Maria Aracy
de Pádua e GRUPIONI, Luis Donizete Benzi . A temática indígena na escola: novos subsídios
para professores de 1o. e 2o. graus. São Paulo, Global. Brasília, MEC, 1995. http://www.do-
miniopublico.gov.br/download/texto/me002103.pdf Acesso, 11/maio/2015.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, Cia. das Le-
tras, 1995.
SILVA, Adriane Costa da. Versões didáticas da história indígena (1870 - 1950). Dissertação de
Mestrado. Faculdade de Educação, USP, 2000.
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SEMANA 3
DIREITO À EDUCAÇAO E A
CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Autor: Prof. Marco Antônio de Oliveira
Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
Objetivos:
Entre os propósitos dessa lei estão expressas as preocupações em relação às práticas escola-
res no trato dessas culturas. Também é possível mencionar o fato paradoxal do pouco que
os escolares brasileiros aprendem e o quanto tal desconhecimento dificulta a prática de uma
cultura de alteridade em nossa sociedade. Na construção dessa lei cabe ressaltar o papel dos
movimentos sociais na sua criação e no processo de sua execução.
Em linhas gerais, como reza a lei, tais princípios visam conduzir à igualdade básica da pessoa
humana como “sujeito de direitos”, a compreensão de que a sociedade é formada por pes-
soas que pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura e história próprias,
igualmente valiosas e que em conjunto constroem, na nação brasileira, sua história.
Como toda lei que visa estabelecer direitos, não pode ser tomada como garantia da materiali-
zação e concretude desses direitos. Dentre os temas contemporâneos, as referencias culturais
de matriz africana tem colocado a nu o quanto a escola tem servido a práticas pouco amisto-
sas no trato das diferenças. A partir do meio social as diferentes questões relativas à cultura
afro-brasileira transbordam para dentro e de dentro para fora das escolas, não raro eivadas de
manifestações de intolerância.
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Frequentemente nos deparamos com casos de atitudes racistas, mas também de práticas ben-
fazejas no trato de temas da cultura afro-brasileira, como de sua referência matriz ao lado da
brasileira, a cultura africana em seus diferentes aspectos.
O diretor de cinema Joel Zito Araújo deu valiosa contribuição às escolas e educadores a pen-
sarem suas práticas ao lançar, em 2003, o curta “Vista Minha Pele” (disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM. Provocador, ao mesmo tempo em que é ca-
paz de mobilizar uma discussão franca sobre o problema do racismo na sociedade brasileira.
O curta ambienta a discussão sobre o racismo no espaço escolar, para dele fazer uma reflexão
da sociedade brasileira mais ampla, a partir de sugestiva inversão e desnaturalização do tema.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
SAIBA MAIS
• Sobre mestiçagem recomendamos a leitura do livro de Kabengele
Munanga “Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional
versus identidade negra”. Petrópolis, Vozes, 1999.
• Universo cultural e musical negro paulistano assista aos extras do
documentário “Mil trutas e mil tretas”: https://www.youtube.com/
watch?v=slwalSi03g8
No caso dos EUA, por exemplo, há registros de escolarização da população negra escrava que
datam do século XVIII. É o caso, por exemplo, da experiência na Carolina do Norte (EUA). Se-
gundo Schama (2009), em 1731, alguns escravos da Carolina do Norte, sob tutela de membros
da Sociedade dos Amigos, sabiam ler e escrever após vivenciarem processo de escolarização.
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Tempos mais tarde, em 1821, quakers da Carolina do Norte abriram uma escola para negros
que deveria funcionar dois dias por semana, por três meses. Dos estudantes negros esperava-se
que frequentassem a escola até saberem ler, escrever, contar e até a regra de três, e as mulhe-
res até ler e escrever. Essas experiências seguiram ao longo do século XIX, em geral por grupos
de missionários quakers, presbiterianos, batistas, metodistas, que usavam como estratégia, a
persuasão dos senhores de escravos (SCHAMA, 2009).
Fonte: Chama, Simon. “O futuro da América”. São Paulo, Cia das Letras, 2009.
Enquanto isso, no Brasil, o estado imperial seguia a risca a política de vetar ou dificultar ao
máximo à população negra ao acesso à escola. O decreto nº 1.221 de 17 de fevereiro de 1854,
por exemplo, estabelecia que nas escolas públicas do país não seriam admitidos escravos.
Que a previsão para adultos negros, provavelmente libertos, dependia da disponibilidade de
professores. Já o decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878 estabelecia que os negros só
podiam estudar no período noturno. Cabe lembrar que no caso brasileiro, a escola era algo
ainda restritivo às camadas menos favorecidas da população, de modo geral.
SAIBA MAIS
Indicação de Vídeos
1. “Vista minha pele”: https://www.youtube.com/
watch?v=LWBodKwuHCM. Acesso 16/junho/2015.
2. “Mil trutas e mil tretas”: https://www.youtube.com/
watch?v=slwalSi03g8 . Acesso 16/junho/2015.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
Referências bibliográficas
BRASIL, Lei Nº. 11.645 de 10 de março de 2008, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso 16/ junho/ 2015.
CAPUTO, Stela Guedes. Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com crianças de
candomblé. Rio de Janeiro, FAPERJ, Pallas, 2012.
SCHAMA, Simon. O futuro da América: uma história. São Paulo, Cia das Letras, 2009.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª. São Paulo, Ática, 2007.
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SEMANA 4
TEMÁTICA RELIGIOSA,
MATRIZ AFRICANA E O
UNIVERSO ESCOLAR
Autor: Prof. Marco Antônio de Oliveira
Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
Em grande medida isso vem acontecendo devido ao aumento no número de educadores que
se portam como missionários a serviço desta ou daquela crença religiosa, fazendo de suas prá-
ticas verdadeiras pregações. Doutrinamento acaba por se sobrepor ao ensino. Ao se confundir
o espaço escolar público e leigo, com o espaço de culto, acaba-se interpondo a fé ao ensino e
a produção de conhecimento.
Abordagens crítico-reflexivas (cujas referências provém ou são geradas a partir do campo das
ciências) acabam sendo deixadas em segundo plano. Os efeitos dessas práticas tem sido os
mais nefastos para a educação, apenas ajudando a aumentar o número de casos de intolerân-
cia religiosa e assédio moral que se disseminam nas escolas.
NA PRÁTICA
No final de 2014, uma mãe denunciou a escola onde a filha de
oito anos estudava, por discriminação racial por parte de professora
evangélica. O caso ocorreu na cidade de Porto Velho, RO)
Casos como esse sempre foram comuns nas escolas, envolvendo
diferentes sujeitos. Mas, como se pode notar pelo noticiário, a
cultura afro-brasileira e as religiões de matrizes africanas têm sido
alvo preferencial desses ataques.
Link: http://www.rondoniaovivo.com/noticias/professora-
evangelica-e-denunciada-por-racismo-e-preconceito-religioso-
contra-crianca/121615
Acesso em 30/nov./2014.
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Em trabalho que reúne quase vinte anos de pesquisa, a jornalista e professora da UERJ, Stela
Guedes Caputo, relata as estratégias desenvolvidas por crianças praticantes do candomblé
para fugirem ao assédio e discriminação que sofriam na escola.
A escola representava uma forma de inserção, porém marginal às crianças que fizeram parte
da pesquisa que desenvolveu, pois “precisavam silenciar e omitir sua pertença religiosa para
se protegerem das situações de preconceito, discriminação e intolerância religiosas vividas
cotidianamente” (CAPUTO, 2012). Caputo desvela a ação enviesada de uma instituição, que
embora, em certa medida tenha introduzido o propalado respeito à diversidade em nossa gra-
mática pedagógica, deixava transparecer notoriamente práticas conservadoras, excludentes e
autoritárias (CAPUTO, 2012, p. 21).
Essas práticas de não reconhecimento e negação do direito do outro de ser respeitado em seus
valores, reforçam efeitos danosos. Efeitos que se traduzem em estigmas e geram sentimento
de culpa entre as suas próprias vítimas, condenadas por julgamentos explícitos ou práticas
implícitas cristalizadas que estão em hábitos e ritos do cotidiano escolar como deixa claro o
relato colhido por Stela Guedes Caputo:
“‘Eu quero ser crente. Na escola só gostam dos alunos crentes!´ Vi Luana Navarro
crescer no terreiro da avó. Não houve um dia sequer que não a tenha visto feliz
no candomblé, religião que sempre disse amar e desejar seguir. Quando Yánsán
anunciou que ela seria sucessora da avó, seu destino no culto cobriu-se de hon-
ras. No dia 27 de setembro de 2007, depois de vivenciar com alegria uma noite
inteira de festas, ela me disse que na escola começou a sentir vergonha de sua fé
e que desejava escolher outra religião para ser aceita e amada na escola, tanto
pelas professoras quanto pelos demais alunos e alunas” (CAPUTO, 2012, p. 197).
Entende-se que essas práticas escolares não estão isoladas, mas articuladas aos processos políti-
cos, sociais e culturais mais amplos. Na escola, tem se assistido muito desses processos ao invés
de tratados de forma crítica, reforçando valores de alteridade e tolerância, ganharem força ne-
gativa, ricocheteando com mais intensidade contra formas de respeito e convívio democrático.
Podemos notar a permanência de práticas que ajudam a perpetuar formas sociais discrimina-
tórias no interior das escolas. Como alvo direto temos entre outras, a religiosidade de matriz
africana em meio ao crescimento do conservadorismo e formas enviesadas de ver e pensar o
outro. A prática pedagógica por vezes se transforma em ação de doutrinamento ou profissão
de fé favorecendo determinadas crenças e descartando e/ou criminalizando outras.
SAIBA MAIS
Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com crianças
do candomblé https://www.youtube.com/watch?v=Wp5ZtyfzhfI
Acesso 16/junho/2015.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
Referências bibliográficas
BRASIL, Lei No. 11.645 de 10 de março de 2008, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso 16/ junho/ 2015.
CAPUTO, Stela Guedes. Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com crianças
de candomblé. Rio de Janeiro, FAPERJ, Pallas, 2012.
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SEMANA 5
IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL
NA ESCOLA
Autores: Lucimar Rosa Dias
Waldete Tristão Farias Oliveira
Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
NA PRÁTICA
Faça o seguinte exercício... Observe ao seu redor e constante o
que há. Pessoas? Objetos? Plantas? Animais? Qualquer um desses
elementos que você conseguir perceber terá muitas características
tais como: cor, tamanho, espessura, dimensões, etc.
Mesmo quando identificar um grupo de objetos iguais, por exemplo, cadeiras. É possível notar
que elas apresentam distinções entre si. Podem ter a mesma cor, mas não terão as mesmas
marcas. Podem ter o mesmo tamanho, mas não terão a mesma textura. Seja porque uma foi
mais usada que a outra, seja porque uma tem mais cor que a outra. Enfim, é possível apontar
especificidades em cada uma delas. Imagine se transportamos este exemplo para pessoas. As
singularidades de cada uma, provavelmente, serão tantas que é impossível contabilizá-las. Por
isso, é muito comum dizermos que cada pessoa é única. E isso não é força de expressão. É uma
realidade científica. Leia as informações do quadro a seguir.
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SAIBA MAIS
Os conceitos de fenótipo e genótipo
Dois conceitos importantes para o desenvolvimento da genética, no começo do século XX, foram os
de fenótipo e genótipo, criados pelo pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857 – 1912).
1. Fenótipo
O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) é empregado para
designar as características apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e
comportamentais. Também fazem parte do fenótipo características microscópicas e de natureza
bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação. Entre as características
fenotípicas visíveis, podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos de uma pessoa, a textura do
cabelo, a cor do pelo de um animal, etc. Já o tipo sanguíneo e a sequência de aminoácidos de uma
proteína são características fenotípicas revelada apenas mediante testes especiais. O fenótipo de um
indivíduo sofre transformações com o passar do tempo. Por exemplo, à medida que envelhecemos o
nosso corpo se modifica. Fatores ambientais também podem alterar o fenótipo: se ficarmos expostos
à luz do sol, nossa pele escurecerá, por exemplo.
2. Genótipo
O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos, característica) refere-se à constituição
genética do indivíduo, ou seja, aos genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genótipo quando
dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha é homozigota dominante (VV) ou heterozigota
(Vv) em relação à cor da semente.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
Por isso, a afirmativa “escola sem cor”, problematiza uma perspectiva usualmente difundida
de que no ambiente escolar não há distinção entre as pessoas. Todos são tratados da mesma
forma independentemente das suas características físicas, culturais ou de gênero. No entanto,
pesquisas e várias denúncias feitas por diferentes grupos demonstraram que na escola dois
grupos de modo majoritários têm sido sistematicamente desfavorecidos, quais sejam: negros e
indígenas, ou seja, a “cor da escola é branca” na medida em que é essa a cor valorizada.
Contudo, torná-los obrigatórios através da legislação não é condição suficiente para a sua
implementação ocorrer no cotidiano das escolas e das instituições de educação infantil. A
valorização da contribuição dos negros e negras para a construção da formação e história do
Brasil e o fim do “embranquecimento cultural” do sistema de ensino brasileiro, embora este-
jam garantidos na legislação brasileira ainda precisam estar mais efetivamente nas práticas
desenvolvidas em boa parte das instituições de ensino.
1 Há outras formas de diferenciação negativa no âmbito escolar, gênero por exemplo é uma delas, mas nos
deteremos, nessa unidade, nas questões relativas a raça e etnia.
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SAIBA MAIS
Livro/ artigo
DIAS, Lucimar Rosa, SILVA JÚNIOR, Hédio, BENTO, Maria
Aparecida da Silva. Subsídios para o desenvolvimento de práticas
pedagógicas promotoras da igualdade racial na educação infantil.
Cadernos do Aplicação, v.25, n.1, 2012
SILVA, Paulo Vinicius Baptista da. O silêncio como estratégia
ideológica no discurso racista brasileiro. Currículo sem Fronteiras,
v.12, n.1, pp. 110-129, Jan/Abr 2012.
Filmografia
Formação em direitos humanos - Maria Lúcia da Silva - identidades,
branquitude e pertencimento. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=eopvsk0uyo8> acesso em nov. 2014
A História do Racismo e do Escravismo (BBC)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0NQz2mbaAnc
Acesso em Nov. 2011.
A Rota do Escravo - A Alma da Resistência.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=HbreAbZhN4Q> Acesso em Nov. 2014.
Lápis cor de Pele. Oficina “Pintando o Set” – Escola do amanhã
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=NmjicgJi-q4
Referências Bibliográficas
SCHUCMAN, Lia Vainer. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude pau-
listana. Psicologia & Sociedade, 2014, 26(1), 83-94.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
SEMANA 6
RACISMO E A PROMOÇAO
DA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL
Autores: Lucimar Rosa Dias
Waldete Tristão Farias Oliveira
Racismo e a promoção da Igualdade étnico- racial
Objetivos:
• Compreender o que mudou com a Lei n° 10.639/2003. Reconhecer como está pre-
sente em sua escola a temática das relações raciais e como tais questões fazem parte
do currículo.
O que se constata é a necessidade de uma mudança significativa nos programas e/ou currí-
culos das licenciaturas das universidades, uma vez que atualmente elas não cumprem inte-
gralmente sua função formativa em acordo com os objetivos da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (alterada em seus art. 3º, 26-A e 79-B). Em função disso, os cursos de formação
continuada são muito importantes para possibilitar aos professores(ras) que se apropriem das
discussões relativas à igualdade racial e comecem a mudança curricular, tornando a escola
um espaço que valorize a diversidade e promova a igualdade de fato. É necessário pensar em
estratégias para toda a educação básica, pois o tratamento das relações raciais também deve
estar presente na educação infantil.
Para esta revisão da escola é relevante definirmos o que é currículo, por isso, trazemos a se-
guir algumas possíveis interpretações desse termo:
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
IMPORTANTE
Uma campanha do UNICEF lançada em 2010 “Infância sem
racismo”, divulga a lista das dez maneiras de combater o racismo na
infância, para orientar atividades a serem realizadas na sua escola:
1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos
de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os
amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças
enriquecem nosso conhecimento.
2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser
estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se
e esteja alerta se isso acontecer – contextualize e sensibilize!
3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda
não viu. Lembre-se: racismo é crime.
4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-
lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode
usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito de
crescer sem ser discriminada.
5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação,
você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos
serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e
adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.
6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes
raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em
qualquer outro lugar.
7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito
em relação à diversidade étnico-racial.
8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal
com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber
se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se
não, fale disso com seus colegas e supervisores.
9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando
com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias
indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de
saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.
10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas,
as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a
cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o
racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.
Link: http://www.unicef.org/brazil/pt/multimedia_19296.htm
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SAIBA MAIS
Livro/ artigo:
DIAS, Lucimar Rosa, SILVA JÚNIOR, Hédio, BENTO, Maria
Aparecida da Silva. Subsídios para o desenvolvimento de práticas
pedagógicas promotoras da igualdade racial na educação infantil.
Cadernos do Aplicação, v.25, n.1, 2012
SILVA, Paulo Vinicius Baptista da. O silêncio como estratégia
ideológica no discurso racista brasileiro. Currículo sem Fronteiras,
v.12, n.1, pp. 110-129, Jan/Abr 2012.
Filmografia:
Formação em direitos humanos - Maria Lúcia da Silva - identidades,
branquitude e pertencimento. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=eopvsk0uyo8> acesso em nov. 2014
A História do Racismo e do Escravismo (BBC)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0NQz2mbaAnc
Acesso em Nov. 2011.
A Rota do Escravo - A Alma da Resistência.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HbreAbZhN4Q>
Acesso em Nov. 2014.
Lápis cor de Pele. Oficina “Pintando o Set” – Escola do amanhã
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=NmjicgJi-q4
Referências Bibliográficas
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96.
Brasília : 1996.
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
SEMANA 7
ESTEREÓTIPOS
E PRECONCEITOS
ÉTNICO-RACIAIS NO
CURRÍCULO ESCOLAR
Autoras: Lucimar Rosa Dias
Waldete Tristão Farias Oliveira
Estereótipos e preconceitos étnico-raciais no
currículo escolar
Objetivos:
Outro aspecto importante é considerar os casos de discriminação racial que ocorrem dentro da
escola. De modo geral os educadores tentam minimizá-los apenas coibindo as manifestações
com restrições dizendo “não faça isso, ele/ela é igual a você”. Esta intervenção não é suficiente
porque não problematiza as situações de discriminação. É necessário, por meio de ações pedagó-
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Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
gicas, colaborar na construção de novos conceitos acerca das diferenças fenotípicas e culturais,
trazer elementos da história e identidade de povos negros que o valoriza como ser humano.
É importante fazer uma revisão de todo o currículo, inclusive da educação infantil, pois preci-
samos que o currículo vivo das instituições de ensino, daquele que está presente no cotidiano,
nos afazeres e nas vivências realizadas nesses espaços dê conta de sustentar uma educação
antirracista. Só assim vamos superar nas instituições o pseudo cumprimento da legislação que
exige das instituições o trabalho com a história e cultura afro-brasileira e africana, no entanto,
em geral inclui-se no texto escrito dos projetos e propostas pedagógicas, mas não se insere nas
práticas cotidianas ou quando muito “arranja-se” um dia específico durante o ano letivo no
qual fotografa-se alguma atividade eventual realizada e envia para as secretarias justificarem
os ministérios públicos de vários estados que começaram a exigir que se efetive a legislação.
Cumpre-se uma tarefa.
Santomé (1998) chama isso de “Currículo de Turistas”, ou seja, essa perspectiva nesse forma-
to vai ajudar a “[...] transformar as culturas das etnias minoritárias ou sem poder, o mundo
feminino, a classe trabalhadora, etc., em suplementos do currículo escolar; em temas comple-
mentares para que nossa consciência fique tranquila.” (p.147).
Já existem várias iniciativas que vão em sentido contrário a esse tipo de currículo apontado
por Santomé. Muitas instituições educacionais no Brasil, estão construindo rupturas nessa
lógica e incluem em suas práticas projetos, ações, atividades, programas que se sustentam na
concepção de que a igualdade étnico-racial se conquista a medida em que o trabalho com a
diversidade identifica os sujeitos negros e indígenas na sua mais plena humanidade, reconhe-
cendo ao longo da aprendizagem dos mais diferentes conhecimentos os valores civilizatórios
dessas culturas na construção dos bens materiais e simbólicos da humanidade e em particular
da sociedade brasileira. O Prêmio Educar para a Igualdade Racial (http://www.ceert.org.br/premio-
-educar/), organizado pelo CEERT - Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualda-
de, possui um banco de experiências exitosas em todo o Brasil.
O primeiro passo para mudarmos o curso do trabalho nas instituições e fazendo uma reflexão
honesta sobre os modos como vem sendo abordado, pois é só por meio do reconhecimento da
situação real que podemos fazê-la avançar.
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SAIBA MAIS
1. COELHO. Wilma de Nazaré Baía. A questão racial na
escola: representações dos agentes da escola sobre os conteúdos
etnicoculturais. Belém, PA. Editora: UNAMA, 2010
Referencias Bibliográficas
CASHMORE, Ellis. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Selo Negro Edições,
2000.
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SEMANA 8
DO COMBATE AO RACISMO
À PROMOÇAO DA
IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL
Autoras: Lucimar Rosa Dias
Waldete Tristão Farias Oliveira
Do combate ao racismo à promoção da igualdade
étnico-racial
Objetivos:
Segundo Carlos Hasenbalg (1987), o ressurgimento dos movimentos sociais negros em 1978
traz em sua agenda de reivindicações basicamente as seguintes áreas: racismo, cultura negra,
educação, trabalho, mulher negra e política internacional. Na educação, as reivindicações
eram, entre outras, as seguintes:
4. Pela participação dos negros na elaboração dos currículos em todos os níveis e órgãos
escolares (HASENBALG, 1987).
Outro momento marcante nas reivindicações do movimento negro foi A Marcha Zumbi dos
Palmares Contra o Racismo, Pela Cidadania e a Vida (1996), culminou com a entrega do
Programa de Superação do Racismo e da Desigualdade Racial ao chefe de Estado brasileiro,
o então presidente Fernando Henrique Cardoso. O documento continha várias propostas an-
tirracistas. No que diz respeito à educação podemos citar, entre outras:
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Santos (2005) destaca alguns pontos desta histórica reivindicação dos movimentos sociais
negros que foram, alguns já em parte outros integralmente atendidos pelo governo brasileiro,
na segunda metade da década de 1990:
Várias Leis surgiram no Brasil com o intuito de regulamentar práticas promotoras da igualda-
de racial. A seguir apresentamos algumas:
- Inclusão, por meio de leis, de disciplinas sobre a História dos Negros no Brasil e a História
do Continente Africano nos ensinos fundamental e médio das redes estaduais e municipais de
ensino:
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• Constituição do Estado da Bahia, promulgada em 05 de outubro de 1989:
... IV- promover a adequação dos programas de ensino das disciplinas de geografia, história,
comunicação e expressão, estudos sociais e educação artística à realidade histórica afro-brasi-
leira, nos estabelecimentos estaduais de 1ª, 2ª e 3ª graus.
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A,
79-A e 79-B:
PARA REFLETIR
Quais dessas reivindicações e Leis já foram trabalhados na sua
escola? Houve ações concretas para respeitar as determinações que
elas trazem? Procure identificar quais as práticas desenvolvidas na
sua escola que estão em consonância com os pressupostos das Leis
abordadas.
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Referências Bibliográficas
CONVENÇÃO Nacional do Negro Pela Constituinte. Brasília: mimeo, agosto de 1986. Exe-
cutiva Nacional da Marcha Zumbi. Por uma política nacional de combate ao racismo e à
desigualdade racial: Marcha Zumbi contra o racismo, pela cidadania e vida. Brasília: Cultura
Gráfica e Editora, 1996.
NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). A África na escola brasileira. Rio de Janeiro: Ceafro,
1993.
SANTOS, Sales Augusto dos. A Lei Nº 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do mo-
vimento negro. In. Secad/MEC. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº
10.639/03. p. 21-38.
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SEMANA 9
DIRETRIZES CURRICULARES
PARA A EDUCAÇAO DAS
RELAÇOES ÉTNICO-RACIAIS
Autoras: Lucimar Rosa Dias
Waldete Tristão Farias Oliveira
Módulo 4 - Educação, Relações Étnico-Raciais e Cultura
A primeira ação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao tomar posse, em 2003, foi a sanção
da Lei 10639/03 alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para incluir no currículo
das escolas brasileiras públicas e privada a obrigatoriedade da presença da temática “História
e Cultura Afro-Brasileira e Africana”.
O documento pondera que não se trata de mudar um foco etnocêntrico marcadamente de raiz
europeia por um africano, mas de ampliar os currículos escolares para a diversidade cultural,
racial, social e econômica presente na sociedade brasileira. Desse modo, as Diretrizes apre-
sentam e apontam todo o embasamento teórico e prático que auxiliarão os educadores na
concepção e execução de uma educação mais igualitária e diversa.
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IMPORTANTE
Vale destacar que, há quase uma década, exemplares das DCNs da
Educação das Relações Etnico-raciais (DCNERER) foram publicados
e distribuídos pelo MEC a todos os sistemas de ensino no território
nacional. Ainda hoje o texto está disponibilizado em domínio
público na página do MEC e inserido em outras publicações, como
no livro Orientações e Ações para Educação das Relações Etnico-
raciais, publicado pelo MEC/SECAD em 2006, também com larga
distribuição.
Outro aspecto relevante dentre os marcos legais foi a instituição da revisão das Diretrizes Cur-
riculares Nacionais para a Educação Infantil - DCNEI que em seu artigo 8, inciso IX, reforçou
a obrigatoriedade das propostas pedagógicas incluírem experiências que tratam da cultura
afro-brasileira e africana nessa etapa, pois era comum encontrar, alguns profissionais que con-
sideravam que a Educação Infantil, não estava submetida as alterações da LDB nos seus Art.
26-A e 79-B, com a revisão das DCNEI a inclusão da temática das relações étnico-raciais ficou
garantida na educação infantil.
Nas últimas duas décadas várias diretrizes oficiais de âmbito nacional foram estabelecidas
para apoiar a elaboração do Projeto Político Pedagógico das instituições de educacionais, para
contemplarem o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
PARA REFLETIR
Quais desses documentos já foram trabalhados na sua escola? Houve
ações concretas para respeitar as determinações que eles trazem?
Procure identificar quais as práticas desenvolvidas na sua escola que
estão em consonância com os pressupostos das Diretrizes abordadas.
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Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nª 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial da União de 10 de janeiro de
2003.
BRASIL. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 / Secreta-
ria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. - Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. 236 p. (Coleção Edu-
cação para todos) p.p. 21-37
CONVENÇÃO Nacional do Negro Pela Constituinte. Brasília: mimeo, agosto de 1986. Exe-
cutiva Nacional da Marcha Zumbi. Por uma política nacional de combate ao racismo e à
desigualdade racial: Marcha Zumbi contra o racismo, pela cidadania e vida. Brasília: Cultura
Gráfica e Editora, 1996.
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