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A) Meteorização física
A meteorização física, provoca nas rochas uma desintegração
(desagregação) em fragmentos cada vez menores, mas que retém as
características do material original. Há vários agentes externos
que podem actuar sobre as rochas e acelerar a sua fragmentação
tais como, o efeito do gelo, a actividade biológica, a acção
mecânica da água e do vento, a descompressão à superfície, as
dilatações e contrações térmicas e o clima.
Efeito do gelo: A água que penetra nos interstícios porosos da
rocha pode congelar por abaixamento da temperatura, aumentando
assim o seu volume. Exerce consequentemente uma pressão que
provoca o alargamento das fissuras e a desagregação.
Actividades biológicas: As sementes, germinando em fendas das
rochas, originam plantas cujas raízes se instalam nessas fendas
abrindo-as cada vez mais e contribuindo para a separação dos
blocos. Alguns animais cavam galerias nas rochas favorecendo a
desagregação.
Acção mecânica da água e do vento: As águas correntes e o vento
transportam detritos que metralham as rochas, acelerando o
desgaste e a fragmentação.
Descompressão à superfície: Quando as rochas formadas em
profundidade são aliviadas da carga suprajacente, a parte
exposta expande-se, enquanto que a parte profunda continua sob
pressão. Podem produzir-se diáclases paralelas à superfície, que
favorecem a separação do maciço rochoso em placas.
Dilatações e contrações térmicas: As variações de temperatura
provocam dilatações e contrações alternadas dos minerais, que
reagem de diferentes modos por terem diferentes coeficientes de
dilatação. Este processo ocorre nos desertos e em zonas de
incêndios, devido a grandes variações de temperatura.
Clima: O clima é o factor que mais influencia a meteorização.
Este facto, é evidenciado pela observação da meteorização em
zonas temperadas, tropicais, polares desérticas.
De uma forma geral, a meteorização é mais acentuada em zonas
tropicais, onde a precipitação, a temperatura e a vegetação
atingem valores mais elevados. O mínimo de meteorização é
observado nos desertos e regiões polares, onde estes factores
têm valores reduzidos.
A extensão e o tipo de meteorização são devidos a acção
principalmente da água. Nesse sentido, a pluviosidade, tendo em
atenção a intensidade de precipitação, a infiltração, a taxa de
evaporação e as variações sazonais, influencia a taxa de
meteorização numa determinada região.
As grandes amplitudes térmicas são também um importante agente
de meteorização física, provocando a fracturação das rochas
devido à instabilidade gerada pela dilatação e contração e, por
outro lado provocam fenómenos de gelo e degelo na água que se
infiltra nas rochas.
A água e o vento, transportam materiais que, ao baterem nas
rochas, lhes provocam desgaste e fragmentação. A maior
susceptibilidade ao desgaste das rochas encaixantes é muitas
vezes provocada pela existência de fissuras ou diáclases. Uma
das formações resultantes destes desgastes é a Ayers Rock.
B) Meteorização Química
O processo de meteorização química transforma os minerais das
rochas em novos produtos químicos e a sua acção é tanto mais
intensa e facilitada quanto maior for o estado de desagregação
física das rochas. Este tipo de meteorização é mais frequente em
regiões quentes e húmidas, nas quais a temperatura tem um papel
importante na velocidade e dinâmica das reacções químicas que se
efectuam.
Esta meteorização pode ocorrer de duas maneiras distintas:
Os minerais são dissolvidos completamente, a exemplo da calcite
ou halite, e, posteriormente, podem precipitar formando os
mesmos minerais;
Hidrólise
É uma reação química específica em que os elementos dos minerais
reagem com os iões hidrogénio e hidróxidos da água para formar
um mineral diferente.
Um exemplo de hidrólise é a meteorização dos feldspatos que
abundam, em vários tipos de rochas quer sob a forma de
feldspatos potássicos, quer de plagióclases. A meteorização
desses minerais que conduz a formação de minerais de argilas e
denomina-se caulinização.
Quando um feldspato potássico entra em contacto com o ácido
carbónico, ocorre a seguinte reação:
Oxidação
Consiste na combinação do oxigénio atmosférico com um elemento
do mineral para constituir um óxido. O processo é especialmente
importante na meteorização de minerais que possuem o ião ferro,
tais como as olivinas, piroxenas e anfíbolas.
O iao ferro dos silicatos reage com o oxigénio para formar
hematite (Fe2O3) ou limonite [Fe2O3(OH)]. A hematite, quando
dispersa nos sedimentos, é a responsável pela sua cor
avermelhada.
A taxa de oxidação aumenta com a temperatura, pelo que a
alteração química por este processo é mais intensa nos climas
quentes e húmidos.
I.1.1.2. EROSÃO
A erosão é um fenómeno natural provocado pela desagregação de
materiais da crosta terrestre pela ação dos agentes exógenos,
tais como as chuvas, os ventos, as águas dos rios, entre outros.
Essas partículas que compõem o solo são deslocadas de seu local
de origem, sendo transportadas para as áreas mais baixas do
terreno.
De acordo com sua origem, o processo erosivo pode ser
classificado em erosão pluvial (ação das chuvas), erosão fluvial
(ação das águas dos rios), erosão por gravidade (movimentação de
rochas pela força da gravidade), erosão eólica (ação dos
ventos), erosão glacial (ação das geleiras), erosão química
(alterações químicas no solo) e erosão antrópica (ação do
homem).
A erosão tem se intensificado em virtude das ações antrópicas,
pois o homem tem modificado o meio natural de forma desastrosa,
e uma das consequências é essa erosão acelerada. Os fatores que
contribuem para esse cenário são: desmatamentos, queimadas,
urbanização, impermeabilização do solo, drenagem de estradas,
linhas de plantio, etc.
O avanço da erosão desencadeia uma série de problemas
socioambientais: deslizamentos (provocados pela força de
gravidade), enchentes (através do preenchimento de lagos e
rios), assoreamento dos rios, morte de espécies da fauna e da
flora, redução da biodiversidade, perda de nutrientes do solo,
redução da área de plantio, danos econômicos, entre tantos
outros.
Dentre as possíveis formas de proteger o solo contra a
erosão estão: preservar a cobertura vegetal do solo, técnicas
agrícolas menos agressivas ao solo, curvas de nível no terreno,
planeamento de construções, sistemas de drenagem e
reflorestamento.
I.2. OS SOLOS
O Solo é um complexo mineral e orgânico resultante da
desagregação física e da decomposição química das rochas
expostas à meteorização.
O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes ópticas. Para
um engenheiro agrônomo, através da edafo/pedologia, solo é a
camada na qual pode-se desenvolver vida (vegetal e animal). Para
um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos,
solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa
forma como suporte para construções ou material de construção.
Para um biólogo, através da ecologia e da pedologia, o solo
infere sobre a ciclagem biogeoquímica dos nutrientes minerais e
determina os diferentes ecossistemas e habitats dos seres vivos.
A pedologia estuda a origem, a morfologia, a classificação e a
distribuição espacial dos solos e, de uma forma geral, ocupa-se
do estudo de todos os fenómenos que ocorrem nos solos. A
edafologia, por seu lado, estuda o solo como suporte natural das
plantas, a sua evolução e degradação, isto é, a sua destruição.
O solo é constituído por três (3) partes: a parte sólida
(elementos minerais e orgânicos), a parte líquida (água) e a
parte gasosa (ar).
PEDALFER
São solos caracterizados pelo transporte de substâncias da
superfície para o interior. Existem em climas temperados que
apresentam uma precipitação média anual superior a 630
milímetros de chuva. Proporcionam uma vegetação abundante,
muitas vezes com predominância de coníferas.
A actividade dos decompositores, em função do clima
desfavorável, é pouco intensa e o horizonte O é constituído
fundamentalmente por agulhas de coníferas e folhas de bétulas,
que se acumulam em espessura razoável (cerca de um decímetro) e
experimentam uma humificação muito lenta. O processo pode
demorar anos.
Formam-se compostos húmicos solúveis que participam na alteração
das argilas e favorecem a formação de complexos alumino-
ferruginosos.
A maior parte dos materiais solúveis são lixiviados e arrastados
pelas águas subterrâneas, razão por que não se encontra, nestes
solos, carbonato de cálcio. Os óxidos de ferro e as argilas
menos solúveis deslocados do horizonte A acumulam-se no
horizonte B, dando-lhe uma coloração castanho-avermelhada ou
castanha.
O termo pedalfer é formado pelas primeiras letras de pédon
(solo) e dos símbolos químicos do alumínio (AI) e do ferro (Fe).
PEDOCAL
São solos caracterizados pela precipitação de substâncias devido
à evaporação da água que ascende por capilaridade. Existem em
climas temperados secos que apresentam uma precipitação média
anual inferior a 630 milímetros de chuva.
São solos ricos em cálcio resultante do carbonato de cálcio e
outros minerais solúveis. Estes solos são característicos de
zonas quentes e secas, tais como as estepes que rodeiam os
desertos. Em tais climas, muita água do solo é arrastada por
capilaridade para a superfície, onde se evapora, depositando as
substâncias que transportava em solução, principalmente
carbonato de cálcio.
Originam-se "crustas calcárias" nos horizontes E e C. Quando
cementados ou endurecidos, estes depósitos são denominados
caliche ou Kunkur. Encontram-se na Austrália e no deserto de
Kalari e dos Estados Unidos.
A meteorização química é menos intensa nas regiões secas, pelo
que se encontra uma percentagem pequena de minerais de argila. O
pedocal (pédon + cálcio) não é tão fértil como o pedalfer,
porque a composição mineralógica e a carência de água são menos
favoráveis ao desenvolvimento de organismos.
LATERITES
Nos climas tropicais quentes e húmidos, com chuvas abundantes,
formam-se solos denominados laterites. Nestas condições a
meteorização é intensa.
Os solos lateríticos são frequentemente vermelhos e são
compostos quase inteiramente por óxidos de ferro e de alumínio,
geralmente as últimas substâncias da rocha meteorizada a
solubilizarem-se. Se o solo é rico em hematite, pode ser
utilizado como minério de ferro. Mas o clima tropical geralmente
permite a hidratação da hematite em limonite, o que tira valor
económico ao depósito.
Contudo, encontram-se muitas vezes neste tipo de solo camadas de
bauxite, o principal minério de alumíniom. Sob o ponto de vista
agrícola, as laterites são solos muito pobres, pois o húmus é
praticamente inexistente devido à intensa actividade bacteriana.
Quanto a formação, os solos podem ser classificados em quatro
grupos principais: solos residuais, solos transportados, solos
coluviais e solos orgânicos.
Solos residuais: são solos que têm origem na decomposição das
rochas por meteorização química, permanecendo in situ,
constituindo o manto do intemperismo.
Solos transportados: são sedimentos inconsolidados recentes que
poem ter origem fluvial, eólica, marinha, etc.
Solos coluviais: são solos formados pela movimentação lenta da
parte mais superficial do mato de intemperismo em encostas mais
ou menos inclinados sob acção de diversos agentes,
principalmente a gravidade.
Solos orgânicos: são solos formados pela fracção mineral
argilosa adicionada de uma proporção variada de matéria orgânica
predominantemente vegetal.
Com base nas características de drenagem, os solos podem ser:
solos ácidos, aluviais, arenosos, argilosos, áridos, calcários,
mineral ou salinos.
A classificação pelo sistema americano baseia-se na génese
inferida a partir do clima, drenagem, relevo e material original
e podemos ter solos azonais, zonais e intrazonais.
Corrasão
A corrasão é o ataque do vento carregado de partículas em
suspensão, desgastando não só as rochas como as próprias
partículas. É um fenómeno produzido pelo impacto das partículas
de areia transportadas pelos ventos contra a superfície das
rochas, polindo-as.
Os detritos maiores são sujeitos a esta acção abrasiva pelos
elementos mais finos arrastados pelo vento, acabando por ficar
facetados – ventifactos. O impacto dos grãos entre si, bem como
contra as rochas, produz o desgaste, resultando em um alto grau
de arredondamento e uma superfície fosca dos grãos que
caracteriza o arenito de ambiente eólico.
Pode ocorrer forte corrasão associada à deflação, esculpindo nas
rochas formas ruiniformes e outras feições típicas de regiões
desérticas e outras assoladas por fortes ventos.
Transporte eólico
O material transportado depende da velocidade e do tamanho das
partículas. Pode ser efectuado por suspensão, rolamento ou
saltação.
Sob o efeito do vento, os grãos menores (com cerca de 0,125 mm
de diâmetro) sobem e são transportados a distâncias razoáveis,
dependendo da velocidade do vento. Alguns grãos médios sobem um
pouco e logo descem, sendo transportados aos saltos, de acordo
com as rajadas de vento. Os grãos maiores não chegam a sair do
solo, deslocando-se apenas por rolamento por curtas distâncias.
Dessa forma o material sofre uma selecção em seu transporte, o
que ocasiona depósitos segundo o tamanho das partículas
Acumulação/deposição eólica
Quando a velocidade do vento (carregado de partículas) diminui,
seu poder de transporte se reduz, tendo início a deposição a
partir dos grãos mais grosseiros para os mais finos. Enquanto a
areia deposita-se após um transporte pequeno, a poeira fina pode
sofre um transporte superior a 2000 km.
Abrasão
Processo erosivo ou de desgaste de rochas pelo impacto e/ou
atrito/fricção de partículas ou fragmentos carregados por
correntes eólicas, glaciais, fluviais, marinhas, de turbidez,
pelo vai e vem de ondas.
Dunas
Quando a energia do vento não é suficiente para realizar
transporte, as areias depositam-se constituindo as dunas.
Existem duas grandes classificações das dunas: uma considerando
seu aspecto como parte do relevo (morfologia) e a outra
considerando a forma pela qual os grãos de areia se dispõem em
seu interior (estrutura interna).
Existem três factores que determinam a morfologia de uma duna: a
velocidade e a variação do rumo do vento predominante, as
características da superfície percorrida pelas areias
transportadas pelo vento e a quantidade de areia disponível para
a formação das dunas. Quanto a morfologia (local de acumulação),
as dunas podem ser litorais ou desérticas.
As dunas litorais formam-se a partir de grandes superfícies
arenosas, onde os ventos dominantes sopram do lado do mar, desde
que a areia possa ficar a seco e não haja obstáculos importantes
no relevo. Estas dunas podem ocupar grandes extensões paralelas
à costa, constituindo cordões que se deslocam para o interior a
velocidades variáveis, podendo atingir em média 25 metros por
ano, e fixarem-se pela acção da vegetação.
Nas dunas desérticas as formas mais comuns são: dunas
transversais, longitudinais, barcanas, parabólicas e estrelas.
A formação das dunas transversais é condicionada por ventos
muito frequentes e de direcção constante, bem como pelo
suprimento contínuo e abundante de areia para a sua construção.
A denominação transversal, provém da sua orientação
perpendicular ao sentido preferencial do vento. O conjunto
destas dunas em desertos costuma formar os chamados marés de
areias.
As dunas longitudinais ou dunas seif em árabe, formam-se em
regiões com abundante fornecimento de areia e ventos fortes e de
sentido constante no ambiente desértico ou em campos de dunas
litorâneas. Podem atingir dezenas de quilómetros de comprimento
e cerca de 200 metros de altura.
As dunas barcanas desenvolvem-se em ambientes de ventos
moderados e fornecimento de areia limitado. Como resultado, este
tipo de duna assume a forma de meia-lua ou lua crescente com
suas extremidades voltadas no mesmo sentido do vento.
As dunas parabólicas formam-se em regiões de ventos fortes e
constantes com suprimento de areia superior ao das áreas de
barcanas. São praticamente semelhantes as dunas barcanas embora
tenham uma diferença sua curvatura que é mais fechada,
assemelhando-se ao U.
A formação das dunas estrela esta directamente relacionada à
existência de areia abundante e a ventos de intensidade e
velocidade constantes mas, com frequentes variações na sua
direcção, assemelhando-se a uma estrela.
A classificação baseada na estrutura interna das dunas leva em
consideração a sua dinâmica de formação, sendo reconhecidos dois
tipos: dunas estacionárias e dunas migratórias.
Na construção das dunas estacionárias, os grãos de areia vão se
agrupando de acordo com o sentido preferencial do vento,
formando acumulações geralmente assimétricas, que podem atingir
varias centenas de metros de altura e muitos quilómetros de
comprimento. A parte da duna que recebe o vento (barlavento)
possui inclinação baixa de 5º a 15º normalmente, enquanto a
outra face (sotavento), protegida do vento é bem mais íngreme,
com inclinação de 20º a 35º.
Nas dunas migratórias, a semelhança das dunas estacionárias, o
transporte dos grãos de areia segue inicialmente o ângulo do
barlavento, depositando-se em seguida, no sotavento onde há
forte turbulência. Desta forma, os grãos na base do barlavento
migram pelo perfil da duna até ao sotavento.
De salientar que a formação dos desertos tem como factor
preponderante, a falta de chuva. O Sara e o Kalahari em África,
e o grande deserto australiano, são os lugares mais secos da
terra e onde as temperaturas e pressões são bastante elevadas. A
desertificação pode ocorrer devido a mudanças climáticas ou
mesmo pela acção do homem.