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EDITORIAL

EXPEDIENTE
SUMÁRIO
DIRETORIA
Presidente
Carmen Rosane Masson CREF 001910-G/RS 04 PERFIL
1º Vice-Presidente
Eduardo Merino CREF 004493-G/RS
2º Vice-Presidente
TROFÉU DESTAQUE 07
José Edgar Meurer CREF 001953-G/RS
1º Secretário 11 CREF2/RS 15 ANOS
Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar CREF 002782-G/RS
2º Secretário
Paulo Ricardo Ayres CREF 000997-G/RS
FISCALIZAÇÃO 12
1ª Tesoureira
Miryam Peraça Fattah Brauch CREF 006834-G/RS
2ª Tesoureira
13 OBESIDADE INFANTIL
Luciane Volpato Citadin CREF 000100-G/RS
COMISSÃO EDITORIAL
ENSAIO 17
Alexandre Scherer CREF 000021-G/RS
Francisco Xavier de Vargas Neto CREF 007683-G/RS
Leomar Tesche CREF 000129-G/RS
20 JURÍDICO
CONSELHEIROS
Alexandre Velly Nunes CREF 001933-G/RS
NOTAS 22
Álvaro Fernando Laitano da Silva CREF 000006-G/RS
Carlos Alberto Cimino CREF 001691-G/RS
Carlos Ernani Olendzki de Macedo CREF 01262-G/RS
Carmen Rosane Masson CREF 001910-G/RS
EDITORIAL
Cláudio Renato Costa Franzen CREF 003304-G/RS

D
Eduardo Merino CREF 004493-G/RS
Eliana Alves Flores CREF 002649-G/RS ando prosseguimento ao planejamento proposto no número anterior do
Eneida Feix CREF 002116-G/RS CREF2/RS em Revista, apresentamos aos leitores nesta edição impor-
Fernando Luiz Brito Kuse CREF 001923-G/RS tantes temas relacionados à obesidade infantil. Considerada hoje epide-
Francisco Xavier de Vargas Neto CREF 007683-G/RS
João Guilherme de Souza Queiroga CREF 000839-G/RS mia de proporções mundiais, a condição é de imensa preocupação para os profis-
José Edgar Meurer CREF 001953-G/RS sionais de Saúde, sobretudo aqueles que são responsáveis pelas atividades físicas
Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar CREF 002782-G/RS
e pela prática esportiva. O objetivo ao trazer o assunto para debate é alertar, cons-
Leila de Almeida Castillo Iabel CREF 000113-G/RS
Leomar Tesche CREF 000129-G/RS cientizar e propor mudanças no estilo de vida não só das crianças, como também
Luciane Volpato Citadin CREF 000100-G/RS de suas famílias, muitas vezes responsáveis por oportunizar maus hábitos.
Miryam Peraça Fattah Brauch CREF 006834-G/RS
Paulo Ricardo Ayres CREF 000997-G/RS
Paulo Sayão Lobato Leivas CREF 000428-G/RS Além disto, mostramos os homenageados do Troféu Destaque 2014, prêmio entre-
Rosa Maria Marin Pacheco CREF 000059-G/RS gue aos melhores profissionais de Educação Física do ano. Com intuito de valorizar
Sérgio Luis Viana CREF 008122-G/RS
Sonia Maria Waengertner CREF 007781-G/RS
a profissão e reconhecer o mérito destes profissionais, a cerimônia é parte da
Jornalista Responsável
programação promovida pelo CREF2/RS em razão do Dia do Profissional de Edu-
Paulo Finatto Jr. MTE 16215 cação Física, comemorado em 1º de setembro. No seu quarto ano consecutivo, o
Projeto Gráfico e Diagramação evento foi prestigiado por grande público e esperamos que em 2015 outros nomes
Júlia Carvalho
Direção Geral sejam premiados, servindo de exemplo pela dedicação e pela entrega à Educação
Liziane do Espírito Santo Soares Física.
Capa e Contracapa Eskritório de Comunicação
Impressão Azul Editora e Indústria Gráfica Ltda.
Tiragem 14.000 exemplares Por fim, na seção Perfil apresentamos a trajetória de Nelson Ruben Saul, um dos
Conselho Regional de Educação Física 2ª Região ícones da Educação Física em nosso Estado. Com mais de 60 anos de dedicação ao
Rua Coronel Genuíno, 421 conj. 401 - Centro
CEP 90010-350 - Porto Alegre/RS
esporte e à Educação Física escolar, o professor atuou por décadas na rede pública
CREF Serra de ensino e na Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do
Rua Antônio Ribeiro Mendes, 1849 - Pio X Sul, formando e qualificando diferentes gerações de profissionais. O intuito é que
CEP 95032-600 - Caxias do Sul/RS
esta história sirva de inspiração para todos. Boa leitura!
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02 CREF2/RS em Revista
PALAVRA DA PRESIDENTE

EDUCAÇÃO FÍSICA: QUESTÃO DE POLÍTICA E


SAÚDE PÚBLICA

A
obesidade infantil está se tornando u- vemos nenhum âmbito do Governo abordar este
ma pandemia. O que está acontecendo assunto. Tratamos o doente, e não a prevenção.
para formação de quadro tão alarman-
te? A resposta é simples: os tempos mudaram, as O CREF2/RS completa 15 anos em 2014. Mesmo
crianças estão sem espaço para brincadeiras, os em pouco tempo, tivemos grandes conquistas.
locais disponíveis são inseguros e as distrações Nos últimos anos, o Conselho melhorou muito e
Carmen Masson é formada em
interativas e virtuais são, sem dúvida nenhuma, a aumentou sua credibilidade junto aos registra-
Educação Física pelo IPA, com
preferência dos nossos pequenos. Para os pais dos. Sabemos que há muito o que fazer ainda,
especialização em Ginástica de
também, ter os filhos em casa em frente ao mas estamos nos esforçando. Implementaremos
Academia e em Condicio-
computador é mais seguro e cômodo. Mas a o Conexão CREF e o Canal EF, projetos que padro-
namento Físico com ênfase em
consequência disto é que temos uma geração de nizam as palestras que já oferecemos aos nossos
Esportes. Mestre em Ciências
da Saúde – Saúde Coletiva e crianças inativas, sedentárias, que passam a profissionais, com programação pré-definida e
Mestre d'Armas (Esgrima) pela maior parte do seu tempo sentadas e comendo. calendário regular. O principal trabalho do CREF2/
EsEFex, foi a primeira aluna RS, que é a fiscalização e a defesa da sociedade,
mulher e a primeira colocada A edição do CREF2/RS em Revista que você tem serão mantidos, mas queremos também oportu-
no curso. Como atleta de em mãos aborda este assunto e vai além, mos- nizar formação continuada aos nossos registra-
esgrima, integrou a Seleção trando que há grande incidência de patologias dos. A política da atual diretoria do CREF2/RS é
Brasileira e conquistou em nossas crianças, tais como hipertensão, que não existe Conselho sem seus profissionais.
diversos títulos nacionais e dislipidemias e diabetes, que até pouco tempo
internacionais. Foi também eram encontradas somente em adultos e idosos. O Troféu Destaque, entregue no último mês de
professora estadual, técnica do Portanto, está na hora de nós, profissionais de setembro, foi outra grande festa. Realizado
Grêmio Náutico União e da
saúde, revertermos este quadro. Considerando anualmente pelo CREF2/RS, o prêmio que se
Sogipa, consultora do Ministé-
que a atividade física sistemática é a maneira transformou no “Oscar da Educação Física Gaú-
rio do Esporte, professora da
mais barata e simples de prevenir doenças, cha”, é forma de homenagear os profissionais de
UFRGS e coordenadora da
precisamos elaborar estratégias para incentivar a Educação Física eleitos pelos seus pares, em
Secretaria de Esportes de Porto
prática da Educação Física e fazer com que os processo extremamente democrático. Em 2014,
Alegre e da Brigada Militar.
Hoje se dedica exclusivamente nossos políticos saibam da importância da realizamos a nossa maior cerimônia e ficamos
ao CREF2/RS e completa o atividade física para as crianças. Isto passa neces- com a certeza de que o público saiu feliz. O
atual mandato de presidente. sariamente pela aprovação do PLC 116/2013, evento foi fantástico e foi construído de maneira
discutido na nossa edição anterior. brilhante pela equipe do CREF2/RS.

Temos que seguir o exemplo de países como Como esta é a última edição do CREF2/RS em
Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Cuba e ou- Revista em 2014, aproveitamos para desejar a
tros, que utilizam o exercício físico como promo- todos um Natal em paz e harmonia e um ano
ção da saúde e prevenção de doenças. No Brasil, novo promissor, cheio de realizações. E que 2015
não damos o devido valor à atividade física. Por seja o ano da Educação Física, do reconhecimen-
conta disto, outras profissões têm dificuldade de to profissional e que a gente se orgulhe cada vez
enxergar o profissional de Educação Física como mais de sermos PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO
profissional de saúde. Precisamos urgentemente FÍSICA. Boas festas!
mudar esta cultura e trabalhar a atividade física
Carmen Masson
como política e questão de saúde pública. Não Presidente CREF2/RS

CREF2/RS em Revista 03
PERFIL

NELSON
RUBEN SAUL
Com 60 anos dedicados à Educação
Física, Nelson Ruben Saul colecionou
medalhas com a ginástica olímpica e
desenvolve até hoje projetos em nome
das crianças e da Educação Física escolar

A
trajetória de Nelson Ruben Saul relação com o esporte - e até mesmo com Mundial de Ginástica Olímpica, realizado
não se resume às medalhas con- as praças - se acentuaria tanto no futuro. na Alemanha. Além das duas semanas de
quistadas com a ginástica olím- competição, os 20 dias de viagem num
pica, numa época em que o esporte ainda Em 1948, o aluno recém-formado no Ensi- navio desgastaram o time brasileiro, que
começava a ganhar espaço no Rio Grande no Médio encontrou um esporte em defi- aproveitou a ida à Europa também para se
do Sul. Em mais de 60 anos dedicados à nitivo para se dedicar. Por causa de uma profissionalizar. "No barco, a gente mal
Educação Física, o ambiente da escola e o lesão séria no joelho, Nelson abandonou o conseguiu treinar, porque balançava mui-
trabalho com as crianças sempre tiveram futebol e procurou outra modalidade. "Foi to", conta. "Não tivemos nenhuma mordo-
prioridade no dia a dia do ex-atleta e quando assisti a um campeonato de ginás- mia, mas foi bom porque passei um ano
professor aposentado. O segredo para isto tica aqui em Porto Alegre e reparei que não fora e aproveitei para fazer minha especia-
foi que ele soube conciliar a rotina precisaria usar tanto as pernas. No ano lização no exterior".
tumultuada de treinamento e com- seguinte, entrei a fundo e comecei a com-
petições com os horários e as aulas no petir", revela. Na mesma época, o atleta No retorno ao país, Nelson precisou recu-
colégio em que atuava, sempre com muito principiante passou no vestibular e ingres- perar o tempo perdido na universidade: "a
empenho. sou na Escola de Educação Física (ESEF) da faculdade não me deu licença para compe-
Universidade Federal do Rio Grande do Sul tir. Eles deram falta e consideraram como
Com mais de oito décadas de vida e muitas (UFRGS). Como não poderia ser diferente, se tivesse abandonado o curso". No entan-
histórias para contar, Nelson relembra que o esporte passou a fazer parte da sua vida to, oito meses depois, ele viajou para outro
o interesse pelo esporte nasceu de maneira 24 horas por dia. campeonato de ginástica, só que com o
muito natural, ainda na infância. Numa curso de Educação Física já concluído, mui-
praça próxima ao Colégio Santo Antônio, ATLETA to pelo conhecimento adquirido na Europa
na zona leste de Porto Alegre, descobriu e aproveitado no Brasil. "Na época do
que não precisava muito para se divertir Como atleta da Sogipa, Nelson se destacou Mundial de 1954, passava o dia inteiro no
depois da aula. Em meio aos balanços e e integrou a equipe que foi campeã brasi- colégio dando aula e treinava só à noite.
outros brinquedos, foram as argolas que leira por dez vezes seguidas, entre os anos Isto que era ser atleta no meu tempo", brin-
chamaram a atenção daquele menino de 40 e 50. O desempenho acima da média e ca. Nelson se aposentaria das competições
apenas onze anos, que se pendurava de os ótimos resultados o levaram para a em 1969. A Educação Física Escolar, por
uma para outra. O que Nelson não imagi- Seleção Brasileira rapidamente. Em 1952, outro lado, continuaria por muitos anos
nava, pelo menos na época, era que sua viajou para o seu primeiro Campeonato em sua vida.

04 CREF2/RS em Revista
NA ESCOLA A adoção da ginástica sempre foi defendi- sentem intimidadas pela Educação Física,
da por Nelson. Numa escola em que traba- porque não conseguem fazer o que o pro-
A história de Nelson no ambiente escolar lhou em Sapiranga, o ex-professor cons- fessor pede. Para o Governo, parece que
se relaciona com a rede pública de ensino. truiu uma barra de taquara no meio das está tudo bem, mas a Educação Física não
No Colégio Estadual Júlio de Castilhos, um árvores do pátio. No pode ser só utilitário",
dos mais tradicionais de Porto Alegre, o ex- Colégio Estadual Iná- complementa.
Minha vida toda foi
atleta foi professor por quase quarenta cio Montanha, tam-
anos, até a aposentadoria, em 1989. "Nas bém em Porto Alegre, dedicada à Educação DESENVOLVIMENTO
últimas aulas, com quase 60 anos de ida- foram colocadas cor-
Física. Fui atleta, mas
de, dava exercício e ainda mostrava como das no ginásio para A experiência de qua-
fazia. Eu indicava o caminho que eles pre- que as crianças pu- nunca deixei a escola se uma vida inteira
cisavam para conseguir repetir o exercí- dessem ter mais op- dedicada às crianças
cio", explica. "No fim das contas, acho que ções para se exercitarem. "A cabeça do permite que Nelson identifique os proble-
fui bom professor, mesmo que considerado brasileiro parece que não funciona direito. mas da Educação Física escolar com maior
carrasco pelos alunos. Para mim, o ótimo Não sei porque o Governo não encara isto facilidade. "As crianças ficam sentadas o
profissional é aquele que exige", analisa. como investimento, não custa mais de 500 tempo inteiro, na frente do computador e
reais uma coisa assim", defende. "O pro- do videogame. Nas aulas, elas precisam
A Educação Física com o professor Nelson fessor de Educação Física é que precisa correr", avalia. Mas não é só isto. A Edu-
era muito diferente do que são as aulas de criar, porque se você coloca uma corda ou cação Física deve oferecer mais opções de
hoje. "As escolas tinham aparelhos, não haste, sempre terá alguém lá para brincar". trabalho muscular, o que vai ajudar dire-
era só a quadra e a bola", reflete."Trabalhei tamente na formação física dos jovens.
mais de 30 anos no Julinho e, se você for na No tempo como professor, Nelson sempre
escola, vai ver que tem barras e hastes pa- soube que a ginástica não seria a única for- "Até os 12 anos, a criança só deveria traba-
ra subir. O Estado não tem dinheiro, mas ma de trabalhar a Educação Física. "Nunca lhar isto, a parte de agarrar, suspender e
comprei os canos e chamei um serralheiro deixei de fazer as crianças correrem. Elas subir. Ela precisa formar base, estar fisica-
para fazer os aparelhos que estão lá até precisavam encarar percursos de 2.400 mente preparada para depois o professor
hoje". Para ele, as escolas, sobretudo na metros", relembra. "Eu ainda sentava com só ensinar a técnica do esporte. A base ela
rede pública, estão carentes de atividade elas e ensinava a tirarem o pulso. Criei o já vai ter e assim fica mais fácil para trans-
física. "Se você olhar o pátio no recreio, hábito de se medirem e isto muitas leva- formar o exercício físico em hábito", expli-
está sempre cheio de criança sem ter que o ram para a vida. Sinto hoje que muitos ca. "O que eu percebo nos colégios é que as
fazer. A escola deveria ser a base de tudo, a colocam bola à disposição e sentam num crianças não têm saúde, coordenação mo-
criança tem que estar ali para estudar e banquinho, ninguém propõe desafios para tora e nem interesse. A escola tem que
fazer atividade física. Não dá para dar uma as crianças". Para ele, a consequência dire- proporcionar opções do que fazer, além da
bola e pronto". ta é a falta de base corporal. "As crianças se aula de Educação Física".
FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Nelson (ao centro) no navio com a Seleção Brasileira, rumo ao Mundial de 1954 Em treinamento na Sogipa, no ano de 1950

CREF2/RS em Revista 05
PERFIL
O ex-professor comenta que a situação das PRAÇAS E brinquedos instalados na Sogipa, no Colé-
crianças é preocupante nos dias de hoje. BRINQUEDOS gio Maria Auxiliadora e outras escolas de
Entretanto, Nelson acredita que não é mui- Porto Alegre, ele expli-
to difícil de fazer com que os pequenos se A visão crítica de Nel- ca que toda criação
movimentem no caminho contrário da o- son e o gosto pelas As crianças se sentem sua tem dinâmica que
besidade e de outras doenças relacionadas praças deram a ele no- intimidadas pela Edu- favorece o trabalho fí-
ao sedentarismo. "Por que não investimos va ocupação, encarada sico. "Não têm escada.
nas praças? Elas representam espaço im- como hobby, mas ati- cação Física, porque Para subir, a criança
portante, em que as crianças podem brin- vidade importante a não conseguem fazer o precisa fazer força. A
car e se desenvolver", defende. "As praças favor das crianças. ideia é que elas sem-
devem dar segurança e motivar os peque- "Comecei a criar estes que o professor pede pre trabalhem a mus-
nos. Eles precisam sozinhos aprender com brinquedos depois que culatura. Acho que fal-
os brinquedos. Para isto, pais tem que tirar me aposentei. Eu tinha fotografias de di- ta este tipo de cultura no Brasil ".
os filhos de casa e levá-los para brincar". versos parques que visitei no exterior e
surgiu a ideia. Por que não fazer no Bra- O ex-atleta conta ainda que ficou impres-
A participação dos pais é fundamental sil?", revela. "Então, eu fiz. O primeiro pro- sionado com as praças que viu ao redor do
para o desenvolvimento das crianças. "O jeto foi negado, o segundo também, mas o mundo. "Sabia que na Alemanha não tem
que o pai e a mãe fizerem, o filho vai fazer. terceiro vingou. Faço não só porque gosto, balanço para crianças? A filosofia deles é
Se os pais praticam atividade física, a mas porque quero que as autoridades ve- de privilegiar o trabalho muscular. O brin-
criança vai se interessar também, natural- jam o que as crianças precisam". quedo não é para alguém balançar a crian-
mente", explica. Porém, a falta do "bom ça. Ela tem que se movimentar por conta
exemplo em casa", muito por conta da Para Nelson, o problema de muitas praças própria, tem que ter que atividade física",
rotina profissional quase sempre corrida é que os brinquedos não permitem que as explica. Por conta disto, a crítica de Nelson
dos adultos, não é o único problema. "Na crianças aproveitem a estrutura ao máxi- se estende aos playgrounds. "Nos Estados
minha época, as crianças caíam e voltavam mo. "Eles fazem tocos de madeira grandes Unidos, toda casa tem cesta de basquete,
a brincar. Hoje, parece que ninguém admi- demais. As crianças não conseguem se não importa a altura da família. E aqui, tem
te uma criança machucada. Se a criança agarrar e não gostam de brincar porque é o que? Os edifícios têm só balanço. Não
chegava do colégio com o joelho cortado, difícil. Não há nenhum trabalho de desen- tem corda, não tem barra, não tem nada".
a mão esfolada, era normal. A situação volvimento assim", explica. "O pequeno
agora é diferente, pois limitaram muito o precisa de arrojo. Ele gosta de altura, mas A ideia de Nelson é que todos os colégios,
que a criança pode e deve ser". precisa de proteção", complementa. Com possam ter também praças assim. "Seria
uma maravilha. O espaço não seria usado
só na aula de Educação Física, mas princi-
palmente no recreio", adianta. "As crianças
brincando se desenvolvem e combatem o
sobrepeso e outros problemas de saúde,
porque, sem perceber, incorporam a práti-
ca de atividade física regular".

Brinquedo idealizado por Nelson e, à direita, maquete original

06 CREF2/RS em Revista
TROFÉU DESTAQUE

CREF2/RS HOMENAGEIA
Em cerimônia realizada na Assem- PROFISSIONAIS DO ANO
bleia Legislativa, Troféu Destaque
2014 premiou os profissionais de
Educação Física do ano

N
o dia 5 de setembro, o teatro
Dante Barone, da Assembleia
Legislativa, foi palco da cerimô-
nia de entrega do Troféu Destaque 2014. O
prêmio, que homenageou os profissionais em nosso site. É a maneira mais demo- CREF2/RS somos todos nós". Além dos
de Educação Física do ano, teve indicação crática de homenageá-los", analisou. profissionais premiados e das Pessoas
da Plenária e votação aberta no site do Jurídicas com dez anos de registro, o
Conselho, em que todos os registrados pu- Para a 1ª tesoureira Miryam Brauch (CREF CREF2/RS também homenageou os ex-
deram participar e concorrer em cada uma 006834-G/RS), o Troféu Destaque, em seu presidentes Jorge Umann (CREF 000004-
das categorias. Com presença de membros quarto ano consecutivo, já pode ser consi- G/RS), Jeane Cazelato (CREF 000003-
dos demais Conselhos Profissionais e de derado o "Oscar da Educação Física Gaú- G/RS), Miria Burgos (CREF 001566-G/RS) e
autoridades, como Ricardo Petersen (CREF cha". "O prêmio é o reconhecimento dos Eduardo Merino (CREF 004493-G/RS), por
006862-G/RS), secretário do Esporte e do nossos profissionais que estão nas escolas, conta do aniversário de 15 anos do
Lazer do Rio Grande do Sul, a cerimônia nas academias e em todos os locais onde Conselho, em outubro. Luiz Felipe Scolari
também premiou, com certificado, as em- há a pratica de atividade física. O trabalho (CREF 004278-G/RS), eleito o Profissional
presas que completaram dez anos de re- de quem faz a diferença precisa ser do Ano; José Fortunati, vencedor da
gistro no CREF2/RS. No discurso de abertu- valorizado", comentou. No discurso, categoria Personalidade do Ano; e o jornal
ra do evento, a presidente Carmen Masson Carmen acrescentou: "nossa profissão está Correio do Povo, escolhido o melhor
agradeceu a grande presença do público e ganhando hoje espaço cada vez maior. Os veículo de comunicação de 2014; também
destacou a votação popular pela Internet. profissionais estão mais qualificados e os receberam o troféu. Confira os demais
"O prêmio vem de eleição dos profissionais homenageados são o exemplo disto. O vencedores.

MÉRITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA


Em 1964, DINÁ PETTENUZZO SANTIAGO se formou em Educação Física pela Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul. Na natação, foi recordista estadual na prova 100
metros costas. No vôlei, foi campeã brasileira pela Federação Universitária Gaúcha de
Esportes e conquistou com a Seleção Brasileira o Sul-Americano de 1962. Ela também
competiu no basquete com a Seleção Gaúcha e foi vice-campeã brasileira. Em 1976, se
especializou nas modalidades de basquetebol e vôlei e em 2009 concluiu Mestrado em
Ciências do Movimento Humano. Na UFRGS, foi professora até se aposentar, em 2011.
"Viver o esporte trouxe muito conhecimento. Fui professora e treinadora, e ter sido atleta
ajudou muito, porque passei a dominar muitos aspectos de cada modalidade", explica.

CREF2/RS em Revista 07
TROFÉU DESTAQUE

ACADEMIA CLUBE OU SOCIEDADE


O GRÊMIO NÁUTICO GAÚCHO (CREF 001237-PJ/RS) foi funda-
do em 1929 no bairro Menino Deus. O clube também possui sede
campestre no bairro Belém Novo e é reconhecido pelo Complexo
Aquático, com piscina olímpica e piscina térmica que abrigam
escolinhas de natação e hidroginástica. No ginásio poliesportivo,
são realizadas competições tradicionais de futsal, voleibol e bas-
quete. "O Grêmio Náutico Gaúcho tem importância muito grande
para Porto Alegre. Nós possuímos vários profissionais da área da
Educação Física e temos projeto que dá assistência aos menos
A ACADEMIA ATHLÉTICA (CREF 000038-PJ/RS) foi fundada favorecidos através do esporte", conta o presidente Nelson Heck.
em 1992. Em 2004, foi eleita pela Associação das Academias "Então, a nossa preocupação sempre foi esta, servir cada vez
do Rio Grande Sul a melhor academia de Porto Alegre. Em mais e melhor o município de Porto Alegre e os cidadãos".
2005 e 2006, recebeu o mesmo certificado pela revista Veja.
"Estou neste negócio há 30 anos, a academia existe há 22.
Então, acho que é justamente o tempo neste setor que faz a
academia ser diferenciada", avalia o proprietário Rogério
Menegassi (CREF 001080-G/RS). "Sempre nos caracteri-
zamos, desde o primeiro ano, por estarmos voltado para a
saúde, não para a estética. A Athlética é uma academia de
bairro, não é enorme, mas tem este diferencial, de priorizar a
qualidade de vida e o bem-estar das pessoas".

PROFISSIONAL DE ACADEMIA PROFISSIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA


NA EMPRESA E GINÁSTICA LABORAL
ALESSANDRO DE FREITAS GONÇALVES (CREF 005863-G/RS) é
graduado em Educação Física (UFRGS) e pós-graduado em Admi-
nistração e Marketing Esportivo. É também Ergonomista do Traba-
lho e possui MBA em Gestão de Pessoas Estratégicas e Negócios.
Alessandro atua na área de ginástica laboral há doze anos e dirige a
GPA Soluções em Educação e Saúde Corporativa. "Acredito que te-
mos um grande campo a conquistar, pelo desconhecimento das
pessoas da importância deste trabalho", analisa. "Quando ingressei
na área, queria um caminho corporativo, diferente de academia e
MAURO SÉRGIO BATALHA DE OLIVEIRA (CREF 010206-G/RS)
de escola. Uma das coisas que pesaram muito foi a possibilidade de
é formado em Educação Física pela UPF e possui especialização
ter contratos longos, que profissionalmente é mais interessante".
em Treinamento Esportivo. Em contato com academias desde os
quinze anos, Mauro foi aluno, estagiário e professor da Simbiose
Sport & Wellness, em Passo Fundo. Com dezoito anos de atuação
no estabelecimento, é hoje sócio da empresa. "Um amigo me
convidou para fazer academia. Eu não conhecia, achava um mun-
do muito diferente e distante do meu. Mas comecei a frequentar,
achei o ambiente maravilhoso e isto me entusiasmou. Depois,
percebi que tinha vocação", relembra. "O profissional de acade-
mia tem que se especializar, fazer pós-graduação e cursos. Só
assim vai poder ajudar efetivamente a comunidade".

08 CREF2/RS em Revista
PROFISSIONAL DE ESCOLA PROFISSIONAL DE ESPORTE
RADICAL E DE AVENTURA
LUÍS LEANDRO GRASSEL (CREF 009564-G/RS) é formado pela
UNISC e pós-graduado em Administração e Marketing Esporti-
vo. Atuou como promotor de lazer no SESI de 2008 a 2011 e é
proprietário da L&E Eventos, empresa de eventos esportivos.
Luís é o professor responsável pela elaboração da Ementa da
Disciplina de Esportes de Aventura da UNISC. Em 2012 e 2013,
realizou o Campeonato Gaúcho de Corrida de Aventura e o Cir-
cuito Trilhas e Montanhas. "Os esportes na natureza têm condi-
LAERTE CAMARGO MORAES (CREF 002084-G/RS) é formado pe- ções de crescer. O turismo de aventura utiliza bastante destes
lo IPA e possui pós-graduação em Treinamento Físico e em Ciências esportes para se promover. mas quem menos está atuando lá é
do Esporte. Iniciou sua carreira profissional no Colégio Americano e o profissional de Educação Física. Temos muito que evoluir".
no Colégio São Manoel. Na rede pública, Laerte passou por diver-
sas escolas municipais e estaduais. Hoje é professor da Escola Mu-
nicipal Doutor Liberato Salzano Viera da Cunha, em Porto Alegre.
"O profissional de Educação Física tem papel fundamental para os
alunos das escolas. É responsável pela formação do corpo e pelos
aspectos cognitivos, psicomotores e afetivos. Sem estes três pila-
res, não há educação", avalia. "A máquina humana é administrada
por profissional que se chama profissional de Educação Física. Por
isto, é importante que esteja presente desde as séries iniciais".

PROFISSIONAL DE LUTAS PROFISSIONAL DE PARADESPORTO


E ATIVIDADE ADAPTADA
CLÁUDIA DA ROSA ROMERO (CREF 016205-G/RS) é formada
pelo IPA e possui pós-graduação em Administração e Marketing. É
professora das séries iniciais em Novo Hamburgo e técnica despor-
tiva da FUNDERGS. Atua como treinadora de atletismo paralímpico
e com as modalidades de bocha paralímpica e goalball. Em 2013,
montou as primeiras equipes de goalball do Estado, que partici-
param das Paralimpíadas Escolares em São Paulo. "É importante
incentivar e fazer as crianças saberem que são capazes. Elas têm
potencialidades e trabalhamos com isto. No momento em que elas
ANA MARIA NAPPI (CREF 000900-G/RS) é formada em Educa-
descobrem que têm condições de praticar esporte, o desenvolvi-
ção Física pela UFRGS e pós-graduada em Ciências do Esporte.
mento da modalidade melhora o convívio social e a autoestima".
Faixa preta em Judô, é professora de Educação Física no municí-
pio de Esteio desde 1996. Já integrou a equipe de organização
das competições promovidas pela Federação Gaúcha de Judô e
foi professora substituta da Unisinos e da UFRGS. Atua também
nas escolinhas esportivas do Colégio Anchieta. "Muitas crianças
chegam para aprender a lutar e usam a expressão 'bater no
colega'. Sabemos que não é para isto que existe o judô", explica.
"Então, o trabalho do profissional de Educação Física é justa-
mente este, conscientizar os pais e as crianças de que a luta
serve, na verdade, para desenvolver o potencial dos alunos".

CREF2/RS em Revista 09
TROFÉU DESTAQUE

PROFISSIONAL DE PESQUISA PROFISSIONAL DE RECREAÇÃO


ANA ELEONORA SEBRÃO ASSIS (CREF 000239-G/RS) é
graduada pela UFRGS. Ingressou na recreação pública em 1992 e
em 1996 iniciou o Projeto Graxaim, que levava a recreação às
crianças da periferia sem acesso à Educação Infantil. No mesmo
período, Ana esteve à frente do projeto que criou o ônibus Brinca-
lhão, brinquedoteca itinerante que segue em atividade até hoje.
"O Brincalhão foi inspirado em ônibus da USP, que levava profis-
sionais de todos os cursos da universidade para fazer mutirão de
assistência à saúde e limpeza nas comunidades. Vimos aquilo e
ANDRÉ LUIZ LOPES (CREF 008061-G/RS) é formado pela ULBRA e pensamos: por que não fazer um ônibus só de brinquedo?", con-
especialista em Fisiologia do Exercício. Possui mestrado e douto- ta. "Brincar está dentro da gente, mas às vezes não conseguimos
rado pelo programa de Ciências do Movimento Humano da UFRGS. deixar sair. Quem trabalha com recreação, ainda brinca".
É professor da Univates e instrutor da Sociedade Internacional para
o Avanço da Cineantropometria. "No Brasil, a pesquisa é pouco es-
timulada. É bem difícil de se trabalhar, mas fazemos isto com muito
esforço, dedicação e correndo atrás de recursos para brigar com as
pesquisas realizadas lá fora", revela. "Na Educação Física, temos o
marco da regulamentação. Isto fez com que nos enxergassem de
maneira diferente e que a qualidade da nossa pesquisa ficasse
equivalente às outras profissões. Trabalhamos hoje em laborató-
rios de alta tecnologia e fazemos publicações de alto nível".

PROFISSIONAL DE SAÚDE PROFISSIONAL TÉCNICO DESPORTIVO


ALEXANDRE ALVES TEIXEIRA (CREF 000786-G/RS) é for-
mado pelo IPA e em 1993 e 1994 participou do Curso de Mestre
d'Armas da Escola de Educação Física do Exército. É professor de
esgrima do Grêmio Náutico União desde 1991. Como técnico da
seleção brasileira, participou dos Jogos Pan-americanos de
Winnipeg, Santo Domingo, Rio de Janeiro e Guadalajara. Ale-
xandre também treinou a equipe brasileira em três Olimpíadas:
Sydney, Pequim, e Londres. Desde 2004, também é técnico de
atletas em cadeiras de rodas. "Como treinador, gostaria que
todo atleta que se esforça e que abdica da família pudesse
MARIANA CARNEIRO BOOS (CREF 009364-G/RS) se formou
participar de uma Olimpíada. Lá ele tem estímulo, vê que todo o
pela ULBRA, em 2006, e iniciou Especialização em Biomecânica,
esforço vale a pena".
na UFRGS, no mesmo ano. Em 2012, graduou-se também em
Fisioterapia e concluiu em 2013 especialização em Fisioterapia
Traumato Ortopédica. Além de professora da i9 Academia, em
Novo Hamburgo, Mariana atua como personal trainer e tem con-
sultório. Para ela, as duas formações se complementam no dia a
dia de trabalho. "Exerço melhor a Educação Física com a ajuda da
Fisioterapia e certamente sou uma fisioterapeuta melhor devido
à Educação Física", analisa. "A área da saúde demanda aperfei-
çoamento sempre. Nós, profissionais de Educação Física, temos
contribuído muito com as outras profissões".

10 CREF2/RS em Revista
CREF2/RS 15 ANOS

CREF2/RS COMEMORA
15 ANOS
No dia 9 de novembro, Parque da
Redenção será palco da festa que vai
reunir Conselho e sociedade em extensa
programação cultural

N
o ano em que completa 15 anos, lorizar ao máximo a imagem do profissio- SELO COMEMORATIVO
o CREF2/RS irá comemorar a nal de Educação Física", explica Viana. "Por
data com evento ao ar livre, no isto, optamos por manter as características Em outubro, mês em que comemora ofi-
dia 9 de novembro, no Parque da Reden- do Dia do Profissional de Educação Física e cialmente 15 anos de sua instalação, por
ção, em Porto Alegre. A festa, inspirada no incrementar com atividades pertinentes meio da Resolução CONFEF nº 011/1999, o
evento promovido em 2013 para celebrar aos 15 anos de Conselho", completa. CREF2/RS lançou selo comemorativo para
o Dia do Profissional de Educação Física, marcar a data. Com tiragem de duas mil
em 1º de setembro, foi redesenhada pela Para Eneida Feix, a escolha da Redenção impressões, a peça foi ideia também da
Comissão Temporária de 15 Anos, formada como palco do evento representa o encon- Comissão Temporária e "é forma de rec-
por Carlos Cimino (CREF 001691-G/RS), tro da alegria e do exercício físico. "O Par- onhecer o trabalho do Conselho". "Além
Cláudio Franzen (CREF 003304-G/RS), que é um ícone da cidade, local em que as disto, acaba sendo peça de valor para
Eneida Feix (CREF 002116-G/RS), Luciane pessoas se reúnem para lazer e para a colecionadores, já que há apenas quanti-
Citadin (CREF 000100-G/RS) e Sérgio Viana prática de atividade física", explica. Além dade limitada em circulação", analisa a
(CREF 008122-G/RS). disto, o ambiente da Redenção será pano presidente Carmen Masson.
de fundo, no final da tarde, para grande
Com atendimento ao público, no qual fun- show de encerramento, com a banda Du- PROGRAMAÇÃO
cionários do CREF2/RS realizarão avalia- blê, conhecida em todo o Estado, pelo seu
9h às 12h
ções antropométricas e concederão infor- repertório vibrante e pelas releituras de
mações sobre a prática de atividade física, grandes clássicos do pop, de diferentes
Aulas de ginástica e
a festa de 15 anos terá ainda espaço para épocas. "A Dublê tem a cara dos profissio- apresentações
que outros conselhos da saúde possam nais de Educação Física", avalia Franzen.
9h às 14h
prestar o mesmo tipo de serviço. Além "Eles possuem anos de trabalho e foram
Atendimento à população
disto, o evento conta em sua programação indicados por vários membros do Con-
com aulas de ginástica, demonstração de selho, pelo seu trabalho diversificado e 18h30min
modalidades esportivas e atividades lú- eclético. Acho que é o tipo de música que
Encerramento com a
dicas para crianças, proporcionadas pelo nossos profissionais adorariam ouvir em
Banda Dublê
Ônibus Brincalhão. "O que queremos é va- uma festa".

CREF2/RS em Revista 11
FISCALIZAÇÃO

CONSELHO SE APROXIMA
DOS PROFISSIONAIS
Novo projeto promove encontros
periódicos da Fiscalização,
Jurídico e Comissão de Ética com
registrados de todo o Estado

P
ara se aproximar e orientar os projeto, em que outras regiões do Estado atividades de forma regular. No entanto, o
profissionais de Educação Física, o também serão contempladas com a ativi- documento não isenta o estabelecimento
CREF2/RS iniciou em outubro o dade. As inscrições para o Conexão CREF das ações fiscalizatórias posteriores. Em
Conexão CREF, em que realiza encontros serão abertas na página do CREF2/RS e os caso de reincidência, o acionamento judi-
periódicos dos departamentos de Fisca- interessados poderão enviar previamente cial é imediato.
lização e Jurídico, bem como da sua seus questionamentos e tópicos de in-
Comissão de Ética, com os registrados no teresse para serem abordados nas DENÚNCIAS
Conselho. Em caráter ainda experimental, apresentações.
as primeiras atividades do projeto foram O CREF2/RS está à disposição para receber
realizadas nos dias 11 de outubro, em TERMOS DE COOPERAÇÃO e averiguar irregularidades praticadas por
Porto Alegre; e 23 de outubro, em Caxias Pessoa Física ou Jurídica em exercício ilegal
do Sul. O DEFOR vem realizando, ao longo deste ou irregular da profissão. As denúncias
ano, audiências para assinatura de Termos podem ser encaminhadas das seguintes
Para Fernanda Rodrigues (CREF 009604- de Cooperação. O documento é o último formas: correio eletrônico, pelo e-mail
G/RS), coordenadora do Departamento de passo do processo administrativo de contato@crefrs.org.br, por correspondên-
Fiscalização e Orientação (DEFOR), o Cone- fiscalização e tem como objetivo evitar cia, fax ou entregue pessoalmente. Além
xão CREF permite levar ao conhecimento reincidências. Nos casos em que não há destas opções, é possível enviar denúncia
dos profissionais e estabelecimentos o pa- irregularidades ou ocorre regularização no por formulário específico disponível na
pel da Fiscalização, bem como seus proce- prazo previsto, o processo é encerrado. Os página do Conselho.
dimentos, diminuindo assim o número de demais casos que permanecem em aberto
autuações. "Os encontros vão fortalecer o são enviados à Comissão de Fiscalização e Com o correto preenchimento das infor-
trabalho do Conselho e valorizar o à Plenária para julgamento. mações, a denúncia pode ser devidamente
profissional de Educação Física, além de averiguada e as irregularidades identifica-
abrir espaço para esclarecimento de dúvi- Como destaca a coordenadora do DEFOR, das. Quanto antes cheguem as denúncias,
das e discussões de ideias", comenta. o objetivo da assinatura "é evitar a aplica- melhor será para todos, sociedade e
ção de multas e acionamentos por via profissionais de Educação Física. O DEFOR
Em 2014, o Conselho ainda realiza outros judicial". O Termo de Cooperação é acordo esclarece ainda que todas as informações
dois pilotos, em Pelotas e Santa Maria, entre estabelecimento e CREF2/RS, em que sobre o denunciante são mantidas sob
para elaboração do planejamento 2015 do o primeiro se compromete em manter as absoluto sigilo.

12 CREF2/RS em Revista
CAPA

A GRAVIDADE DA

MALIN GERING
OBESIDADE INFANTIL
A condição é considerada pela Organização
Mundial de Saúde um dos maiores problemas da
atualidade. O combate ao sedentarismo é um
dos caminhos para reverter o problema

A
obesidade é considerada hoje infantil. No Brasil, em 1989, 4,1% dos me- game do que de atividade ao ar livre. "O
uma epidemia. De acordo com ninos de 5 a 9 anos foram classificados exercício físico ficou em segundo plano,
pesquisa publicada pela revista como obesos, segundo pesquisa realizada porque faltam espaços apropriados, há
científica Lancet, em maio deste ano, apro- pelo IBGE. Os dados do mesmo estudo, fei- violência e falta de segurança. Além disto,
ximadamente 2,1 bilhões de pessoas estão to em 2008 e 2009, apontaram que 16,6% os pais não têm tempo para levar os filhos
acima do peso no mundo inteiro. O núme- desta população apresentava o mesmo para brincar", explica Fabiani da Silveira
ro, que pouco parece servir de alerta, não problema. O índice registrou, portanto, (CREF 002949-G/RS), professor de Educa-
para de crescer e já é motivo de preocu- que a obesidade infantil aumentou 300% ção Física dos colégios Farroupilha e Sino-
pação entre os cientistas. Se em 1980 eram só nos últimos 20 anos. Por quê? dal do Salvador, ambos em Porto Alegre. "A
"apenas" 875 milhões de indivíduos nesta atividade física deve andar paralela às de-
faixa, a instituição norte-americana Natio- "A obesidade é o distúrbio mais comum na mandas diárias, como a escola. Uma não
nal Survey Data prevê, que em 2030, infância hoje e, na minha opinião, o fato de exclui a outra, muito pelo contrário. O estu-
51,1% da população do planeta – por- ter aumentado tanto nos últimos anos está do e o exercício físico são fundamentais
centagem estimada em cerca de 4 bilhões associado às mudanças no estilo de vida para a formação de nossas crianças".
de seres humanos – será formada por da população", avalia Rafael Gambino
pessoas com excesso de peso. (CREF 009460-G/RS), professor de Educa- ATIVIDADE FÍSICA
ção Física da Prefeitura Municipal de Esteio NO AMBIENTE ESCOLAR
"A obesidade está relacionada com as e mestre em Ciências do Movimento Hu-
maiores pandemias modernas, como de- mano. "A má alimentação e o consumo A rotina apressada dos pais passa para a
pressão, alguns tipos de câncer, diabetes e exagerado de alimentos hipercalóricos, as- escola parte da responsabilidade de incen-
doenças cardiovasculares", salienta Amé- sociada às rotinas apressadas das famílias, tivar a prática de atividade física e de tor-
lio Matos, médico do Instituto de Diabetes são fatores responsáveis pelo excesso de nar isto frequente no dia a dia das crianças.
e Endocrinologia do Rio de Janeiro, no peso e colaboram para agravar o proble- "O professor de Educação Física tem que
documentário "Muito Além do Peso" (ver ma", completa. mostrar que exercício é importante para a
quadro da página 16). Se os números vida toda. A base da saúde está relacio-
atuais e a perspectiva para o futuro já são E não é só isso. As crianças deixaram de nada a ter hábitos saudáveis", explica Luiz
motivo de atenção entre os adultos, o brincar como antigamente e praticar espor- Fernando Kruel (CREF 002211-G/RS), pro-
quadro se torna ainda mais preocupante tes. Para elas, hoje em dia, o lazer é muito fessor da Universidade Federal do Rio
quando é avaliada apenas a população mais sinônimo de computador e video- Grande do Sul e coordenador do Grupo de

CREF2/RS em Revista 13
CAPA
Pesquisa em Atividades Aquáticas e Terres- ser o ponto central deste processo, dei- era antes considerada doença apenas de
tres (GPAT). "O único profissional da área xando claro para o aluno os benefícios da idosos, passou a ser vista, pela primeira
da saúde que atua regularmente junto às prática esportiva a favor da saúde e contra vez, também entre as crianças. "Nós come-
crianças em idade escolar é o profissional os problemas ocasio- çamos a achar alguns
de Educação Física. Muitos não se dão nados pelo sedenta- dados alarmantes.
As crianças passaram
conta disto", reforça. rismo e pela obesida- Além de hipertensos,
de", salienta Bettega a apresentar doenças a concentração de
Para muitas crianças, a aula de Educação Lopes (CREF 020725- insulina no sangue
que eram comuns
Física acaba sendo o único momento da G/RS), pesquisador e ficava em 22,5 mg/dL,
semana em que é praticado algum tipo de mestre em Fisiologia. só em adultos quando o normal é de
exercício. Por isto, "o professor deve esti- "O papel da Educação aproximadamente 10
mular o interesse do aluno com aulas Física é estimular nas crianças o gosto pela mg/dL. Isto sobrecarrega o pâncreas de
dinâmicas, intensidades adequadas e, prática, de formas e maneiras diversas, maneira assustadora, levando ao que po-
principalmente, promovendo a inclusão contemplando o maior número de estí- demos classificar como diabetes tipo 2".
das crianças com sobrepeso e obesidade mulos diferentes. A vida saudável e
nas aulas", defende Adriane Vanni (CREF equilibrada decorre da boa iniciação que, Os números apresentados relataram pro-
003918-G/RS), docente do curso de Edu- basicamente, começa na escola com o pro- blema de saúde muito grave. A criança
cação Física da URI – Campus Erechim. fissional da área", complementa Silveira. obesa, já hipertensa, começa a ter resis-
Kruel vai além e mostra que a situação é tência à insulina, o que passa a configurar
ainda mais complexa. "Para as crianças, a DOENÇAS DE ADULTOS quadro de síndrome metabólica na ado-
obesidade pode ser só um problema lescência. Das crianças analisadas pelo
estético e social, mas no contexto escolar O GPAT, em trabalho feito em 2009, avaliou GPAT, 51% já tinham três ou mais fatores
atrapalha muito. Os estudos mostram que a evolução de crianças com sobrepeso, de de risco. Se o ponto de corte é diminuído
compromete o desempenho em aula e elas sete a dez anos de idade, da rede muni- para um, a taxa passa a ser superior a 90%.
acabam sendo marginalizadas. A questão cipal de Porto Alegre. O índice piorou com "A gente não vê ninguém tratando isto.
do bullying é muito presente e precisa ser o passar do tempo, quando a amostra atin- Nem na escola, que seria responsabilidade
bem administrada em aula", explica. giu a faixa de 11 a 14 anos. "Elas saíram da da Secretaria de Educação, nem nos postos
infância e foram para a adolescência em de saúde", critica Kruel. "O que seria ideal?
Por esta perspectiva, o profissional de Edu- quadro muito preocupante. O nível de obe- O trabalho conjunto para reverter este qua-
cação Física é mais do que apenas o profes- sidade, que era 25%, passou a ser 50%", dro. Percebemos que estas crianças são
sor responsável pela disciplina. "Ele deve relata Kruel. A síndrome metabólica, que sedentárias e que a aula de Educação Fí-
CARLA ORNELAS

sica não é adaptada para que têm obe-


sidade", complementa.

Para Kruel, o que é preciso diminuir são os


problemas causados pelo sedentarismo,
pois não há dúvidas de que os fatores de
risco podem ser amenizados com atividade
física. "A importância do profissional de
Educação Física é muito grande, princi-
palmente daquele que atua na escola",
explica. "O que a gente vê é a criança obesa
que, por causa do bullying e de outras
coisas, abandona a atividade física e passa
a ser ainda mais sedentária. Nós tivemos
conquista muito grande, principalmente
Hipertensão é apontada como uma das consequências da obesidade infantil em Porto Alegre, quando foi aprovada lei

14 CREF2/RS em Revista
EXCESSO DE PESO ATIVIDADE FÍSICA EM IDADE ESCOLAR
1974-1975 INATIVAS 2012 2009
1989 20,5%
5,8%
2008-2009
14,2%
4,8%
10,8%
PRATICAM EXERCÍCIO UMA HORA POR DIA OU MAIS
5,6%
3,2% 33%
2,3%

43,1%
5 A 9 ANOS 10 A 19 ANOS
Fonte: IBGE Fonte: IBGE/PENSE

municipal que obriga a presença do profis- tas. "O que mais assusta é a oferta inade- POSSÍVEIS SAÍDAS
sional de Educação Física nas séries ini- quada e precoce de doces, guloseimas e
ciais. Nós temos agora que dar um passo alimentos com alto teor de sódio e gordu- Há diversas alternativas para amenizar –
adiante e oferecer formação adequada e ra, como salgadinhos, bolachas recheadas ou até mesmo solucionar – o problema da
especializada para este profissional, para e sucos artificiais", analisa Ana Carolina obesidade infantil no país. "Acredito, que o
que ele saiba lidar com isto". Terrazan (CRN2 8330), nutricionista da Clí- primeiro passo, antes de tudo, é pensar-
nica Nutriossoma e especialista em Nutri- mos de que forma isto pode ser contido,
Por mais que a criança passe boa parte do ção Infantil. "Em muitos casos, as famílias para não nos depararmos mais com esta
dia na escola, a responsabilidade pelo demoram a entender que a alimentação realidade que a cada dia é mais frequente",
combate à obesidade precisa ser estendida correta desde o princípio, ou seja, desde a explica Lopes. O estímulo da prática espor-
aos pais, que devem se portar como exem- gestação, é fundamental para a saúde da tiva é consenso entre todos profissionais
plo. "Os adultos têm que, com urgência, criança", complementa. de Educação Física. "Não só em casa, mas
rever suas posturas frente a estas questões também nas escolas, como forma de insti-
básicas que fazem parte da formação ini- A nutricionista Camila Vargas (CRN2 8264) tuir hábitos e costumes mais sudáveis, co-
cial das crianças", analisa Silveira. "Preve- acredita que o ambiente escolar pode cola- mo forma de prevenção aos inúmeros pro-
nir é a palavra-chave. Oferecer estrutura borar também blemas que são consequência do
básica, como boa alimentação e acompa- de outra ma- A melhor forma de sedentarismo", complementa.
nhamento médico, além de espaço para neira no con-
brincadeiras, convívio social e exercício fí- trole da obesi- lidar com obesidade Além disto, o combate à obesi-
sico, é contribuição fundamental que deve dade infantil. é estimular a prática dade não pode começar apenas
vir de casa. A família é a base para a mu- "A escola po- quando o aparecimento de do-
dança no estilo de vida. A criança que vive deria inserir a de exercício físico enças cardiovasculares, como a
em ambiente onde todos agem de forma disciplina de hipertensão, se torna quadro
desregulada e desregrada tende a se in- Educação Nutricional desde as séries ini- irreversível. "A questão que penso ser mais
cluir nesta rotina", complementa Gambino. ciais. Trabalhos educativos que envolvam pertinente é: 'como prevenir?'", alerta Sil-
o tripé nutrição, saúde e doença podem veira. "As nossas crianças necessitam de
ALIMENTAÇÃO conscientizar e elucidar a importância de muito mais atenção em todos os aspectos,
se manter bons hábitos alimentares", de- afinal, elas não são responsáveis por elas
Não é só o sedentarismo que preocupa os fende. "É possível criar formas de incen- mesmas", complementa. A opinião é com-
pesquisadores e profissionais de Educação tivar isto, buscando envolver a criança no partilhada por Gambino. "A principal pre-
Física. A alimentação das crianças também contexto da alimentação saudável, sempre venção é a manutenção do peso que, no
tem sido objeto de estudo de nutricionis- associando à atividade física". caso das crianças, deve se dar com

CREF2/RS em Revista 15
CAPA
alimentação adequada associada à prática Outra coisa que deve mudar é a percepção rar que a sua vontade será a mesma de seu
de atividade física regular. As crianças pre- de que atividade física para fazer efeito filho. Os profissionais de Educação Física
cisam se movimentar". precisa ser difícil. "A criança obesa não tem devem oferecer aos alunos a mais diversifi-
que sofrer", determina Kruel. "Se o profis- cada oportunidade de movimentos.
Para Ana Carolina, é possível criar formas sional de Educação Física souber dosar a Quando a criança optar por uma, de forma
de incentivar a boa alimentação entre os carga do exercício, é possível ter atividade espontânea, não tenho dúvidas de que ela
pais. "Informação é sempre a melhor estra- eficiente sem sofrimento". Para Kruel, o ca- dará continuidade".
tégia, e mostrar os resultados também é minho seria procurar atividades de baixo
importante. Os familiares gostam de ver impacto e prazerosas. "Apesar de muitos já O último alerta fica para os pais. "Os adul-
que o esforço e as mudanças fizeram dife- serem adolescentes, eles querem algo lú- tos estão atrás das demandas do momen-
rença", explica. A conscientização dos pais dico, que não seja aquela coisa monótona to. Muitos acreditam que estar numa boa
é importante também na visão de Kruel, já de ir para a academia. Ou seja, tem que ser escola, que ensine uma língua estrangeira,
que muitos não enxergam o problema dos uma atividade que eles se sintam brincan- já é suficiente para a formação básica. Nós,
filhos. "Em nossa pesquisa, das 213 mães do", conclui. profissionais de Educação Física, sabemos
que tinham filhos obesos, só 50 os viam que isto é importante, mas só parte do con-
nesta condição. Muitas os classificaram Para Gambino, é importante também que texto todo", comenta Silveira. "A prática de
como normal ou abaixo do peso", revela. todas as crianças tenham a oportunidade atividade física formativa e saudável, o
"Os adultos, geralmente, têm dificuldade de experimentar várias modalidades. "Ela investimento em alimentação correta e o
de aceitar que a criança precisa emagrecer. precisa explorar todos os jogos e esportes. acompanhamento devem ser feitos. As ins-
Nós temos notado isto. Em alguns casos, A criança necessita ser estimulada até que tituições responsáveis pelo trabalho com
só a criança querer não é suficiente. Ela consiga se identificar e optar pela que mais crianças necessitam desenvolver projetos
não possui tanta independência para sa- desperta interesse", avalia. Para a aderên- para que os pais percebam que toda esta
ber o que é certo e o que é errado e decidir cia, a criança tem que sentir vontade e não formação de base será fundamental para o
o que ela vai ou não fazer". ser obrigada. "Os pais não podem conside- futuro longe da obesidade".

PARA ASSISTIR: MUITO ALÉM DO PESO

DIVULGAÇÃO
O documentário "Muito Além do Peso" foi lançado em novembro de 2012,
com objetivo de criar amplo debate sobre a qualidade da alimentação das
crianças brasileiras e os efeitos da comunicação dirigida a elas. O filme,
dirigido por Estela Renner, é reflexo do trabalho do Instituto Alana,
organização sem fins lucrativos que busca sensibilizar e mobilizar a
sociedade sobre os problemas decorrentes do consumismo na infância. "O
documentário mostra que as crianças desconhecem o que é alimentação
saudável, e que aprendem a comer de forma equivocada desde muito cedo",
conta a nutricionista Camila Vargas.

A obra mergulha no tema da obesidade infantil ao explicar porque 33% das


crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem a
indústria alimentícia, a publicidade, o governo e a sociedade de modo geral.
Com histórias reais e chocantes, de crianças com menos de dez anos que já
apresentam quadros graves de diabetes, hipertensão e colesterol, o filme
promove interessante discussão sobre o tema, dando voz a especialistas do
mundo todo. "Quando se fala de obesidade infantil, vemos que as crianças
não brincam mais na rua, elas ficam só com seus polegares em iPhones e
iPods. Elas não se exercitam mais", comenta William Dietz, um dos entrevistados pelo documentário. Ele é diretor da
Divisão de Nutrição, Atividade Física e Obesidade do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos.

"Muito Além do Peso" pode ser assistido pela página www.muitoalemdopeso.com.br. O filme tem download gratuito no mesmo link

16 CREF2/RS em Revista
ENSAIO

EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRAL:


QUANTO, COMO E POR QUÊ?
André Luiz Lopes
CREF 008061-G/RS
Giovani dos Santos Cunha Adaptado do capítulo do livro “Saberes da educação física: construção a
CREF 006684-G/RS partir de experiências de pesquisa, ensino e extensão”, Editora UNIVATES

INTRODUÇÃO ção Física. Es-


sas mudanças
massa
A Educação Física tem um papel impor- sociais aliadas adiposa
tante no desenvolvimento tanto da apti- à violência ur- massa
muscular depressão
dão física quanto na formação psicossocial bana, aumento massa
do indivíduo, desenvolvendo um ser pen- do custo de vi- óssea

sante e atuante, capaz de transmitir e da, do acesso à Benefícios desempenho


força Exercício cognitivo
adquirir conhecimentos, ou seja, um ser tecnologia (te- saúde
integral. A infância é a base para as apren- levisão, video- mental
dizagens humanas e diversos estudos têm game, compu- resistência
demonstrado que os estímulos recebidos tador),do trans- cardiorrespiratória

nesse período parecem ter impacto sobre a porte público e


vida adulta, englobando o desenvolvi- da alimentação Figura 1: Benefícios do exercício. = aumento; = redução. Fonte: do autor(s).
mento cognitivo, motor e comunicativo, rica em gordura
aspectos socioemocionais relacionados à (fast food) vêm influenciando negativa- tor e psicossocial. Nesse sentido, necessi-
saúde e à prática de atividade física mente o comportamento motor de crianças tamos compreender o que é uma criança, e
(HALLAL et al., 2006). e adolescentes e contribuindo para um a partir disso, direcionarmos a educação
estilo de vida sedentário. integral. A Figura 2 (página 18) resume
A atividade física regular, também chama- nosso pensamento sobre criança.
da de exercício físico, melhora as funções Atualmente, o sedentarismo é apontado
orgânicas, promovendo saúde e reduzindo como uma das principais causas para de- A Organização Mundial da Saúde (OMS)
os riscos de desenvolvimento de doenças senvolvimento de diversas doenças que estima que mais de 42 milhões crianças
crônicas. A aptidão física é outro aspecto matam milhões de pessoas todo o ano. O menores de cinco anos de idade estavam
que pode contribuir para o aumento da desenvolvimento dessas doenças ocorre acima do peso em todo o mundo no ano de
prevalência da atividade física, composta em longo prazo, podendo iniciar durante a 2010. Obviamente, esses dados demons-
por cinco componentes (aptidão cardior- idade pré-escolar (3-5 anos) e até mesmo tram que existe uma epidemia de obesi-
respiratória, flexibilidade, força muscular, durante a gestação (HALLAL et al., 2006). dade infantil e é papel da Educação Física
resistência muscular e composição corpo- A obesidade é uma epidemia global, pois (escolar) identificar as causas e as possíveis
ral) que são importantes para a promoção 1,46 bilhão de pessoas estão com sobre- soluções para combater esse problema de
da saúde e qualidade de vida (TIMMONS et peso e 502 milhões com obesidade e, além saúde pública mundial. No Brasil, a preva-
al., 2012a). A Figura 1 resume os principais disso, estima-se que 25% das crianças lência de obesidade em crianças com me-
efeitos do exercício físico. possuem sobrepeso e/ou obesidade. nos de cinco anos de idade é de 5% e esse
valor tem aumentando 0,5% a cada ano.
Entretanto, a redução dos espaços físicos Curiosa e espantosamente, a infância con- Para crianças e adolescentes com idades
destinados à prática da atividade física figura o período em que menos conhece- entre 5-17 anos, a prevalência de sobre-
confinou a maioria das brincadeiras de rua mos o impacto da atividade física sobre a peso e ou obesidade pode alcançar valores
ao pátio das escolas ou às aulas de Educa- saúde, crescimento, desenvolvimento mo- entre 35 e 40% .

CREF2/RS em Revista 17
ENSAIO
nando às crianças um acarreta em acúmulo de lipídeos intrace-
Amor desenvolvimento mo- lular e resistência à insulina (GALGANI et
Ódio
tor e psicossocial ade- al., 2008, AUCOUTIER et al., 2010,
Competição
Desejo
Sexualidade
Esporte quado, podendo pre- CORPELEIJN et al. 2009).
Lúdico
venir o sedentarismo e
o desenvolvimento de As estratégias mais eficientes de preven-
Aprende Identidade doenças na idade adul- ção e tratamento da obesidade são dieta,
Ensina Individual
Interage Social ta. Os mecanismos que suporte psicossocial, educação, modifica-
Criança causam a obesidade ções ambientais, incentivo financeiro e
infantil ainda não fo- exercício físico (GOTMARKER et al., 2011).
ram totalmente eluci- Nesse sentido, os profissionais da Educa-
Constrói Sonha
Destrói Realiza
dados, e nesse senti- ção Física devem favorecer estratégias pa-
do, conhecê-los torna- ra provocar estímulos que levem ao desen-
Brinca se primordial para volvimento de habilidades motoras e ní-
Ser
Imagina
pensante
Fantasia
qualquer estratégia veis de atividade física suficiente de forma
eficiente de combate à prazerosa: como a brincadeira, o jogo e o
Figura 2: Fatores que envolve a formação da Criança. Fonte: do autor(a).
obesidade. A obesida- esporte. Adicionalmente, devem conhecer
de geralmente é cau- os estágios de desenvolvimento de cada
O dado mais relevante é que nos últimos sada por um desequilíbrio entre o consu- fase, as potencialidades físicas e biológicas
10 anos houve um aumento de 300% nes- mo e o gasto energético e não é uma doen- da criança, favorecendo os estímulos a-
ses índices de obesidade e sobrepeso e ça simples, pois é causada por um grupo dequados a cada estágio. Dessa forma, a
cerca de 50% das crianças brasileiras não heterogêneo de condições com múltiplas atividade física e comportamento motor
alcançam as recomendações mínimas de causas. Além disso, a massa corporal é serão mais harmônicos no campo motor,
atividade física. Essas recomendações con- determinada por uma interação entre cognitivo e afetivo-social, levando à inte-
sistem em realizar 300 minutos por sema- genética, ambiente e fatores psicossociais gralidade das potencialidades da criança
na de atividade física com intensidade mo- que atuam por meio de mediadores fisio- (GALLAHUE e OZMUN, 2002).
derada/alta ou pelo menos 60 minutos de lógicos de ingesta e gasto calórico.
atividade física estruturada cinco vezes por CONTEXTUALIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO
semana. No estudo de Barros et al. (2011), Entre esses fatores heterogêneos, pode- FÍSICA ESCOLAR
foram encontrados dois fatores que contri- mos citar o sedentarismo, a prática de ati-
buem para a inatividade física no Brasil, o vidade física insuficiente, alterações no A Educação Física (níveis Infantil, Funda-
turno escolar e a disponibilidade de espaço sistema global de alimentação, diminuição mental, Médio) possui um relevante papel
físico. Curiosamente, o turno escolar inte- dos espaços físicos destinados à prática de educativo sobre o corpo, o movimento e a
gral e a disponibilidade de espaço físico atividade física, aumento do estresse, do cultura corporal, contribuindo para a cons-
são prioridades do governo brasileiro para custo de vida, do acesso à tecnologia, da trução de uma educação integral, não po-
os próximos anos. Assim, uma medida com ingesta de gordura e predisposição gené- dendo ser meramente uma repetição de
o intuito de melhorar a educação brasileira tica (responsável por menos de 2% dos gestos motores. É necessário compreender
pode vir a aumentar a prevalência de obe- casos). Recentemente, a flexibilidade me- os porquês, o quanto e como realizar tais
sidade em escolares. tabólica tem sido proposta como um po- práticas corporais, contextualizando o uni-
tencial mecanismo para o desenvolvimen- verso da criança e do adolescente.
Por esse motivo, a Educação Física tem um to da obesidade. Essa se refere à capacida-
papel crucial para a promoção da saúde e de do organismo de adaptar-se à oxidação Devemos compreender o aluno como par-
do desenvolvimento das crianças, pois de- de substrato em reposta a alterações na te integradora do processo de ensino por
ve apresentar estratégias pedagógicas que disponibilidade de nutrientes. Alterações meio da pesquisa, elaboração de regras,
permitam desenvolver atividades físicas no metabolismo energético induzem a um da avaliação do próprio desempenho, per-
estruturadas que atendam recomendações desequilíbrio metabólico, conhecido como mitindo que o aluno possa compreender
de exercício e atividade física, proporcio- inflexibilidade metabólica, que geralmente de forma contínua e crítica o seu próprio a-

18 CREF2/RS em Revista
prendizado, propondo atividades e intera- recomendações diárias de atividade física REFERÊNCIAS
gindo com o professor, os colegas e a soci- e em caso afirmativo ou negativo, identi- FORD, C.A.; NONNEMAKER, J.M.; WIRTH, K. E. The
Influence of Adolescent Body Mass Index, Physical
edade. Necessita acompanhar a evolução ficar se esta prática influencia a sua saúde. Activity, and Tobacco Use on Blood Pressure and
da sociedade, logo uma nova abordagem Cholesterol in Young Adulthood. Journal of
Adolescent Health, v. 43, p. 576-583, 2008.
baseada nos princípios da cooperação, Por outro lado, para que possamos ofe-
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Understanding
solidariedade, criatividade, autonomia, recer uma Educação Física de qualidade, Motor Development: Infants, Children,
responsabilidade, competitividade devem estamos procurando uma identidade para Adolescents, Adults. 5. ed. McGraw-
HillCompanies. 2002.
superar a busca pelo desempenho voltado a nova Educação Física escolar, que não
GARBER, C. E. et at. American College of Sports
para o esporte competitivo. O desenvolvi- caminha sozinha no campo do conheci- Medicine position stand. Quantity and quality of
mento das habilidades motoras deve satis- mento, sendo necessária uma visão inte- exercise for developing and maintaining
cardiorespiratory, musculoskeletal, and
fazer primeiramente o indivíduo e sua gradora com as demais áreas do conheci- neuromotor fitness in apparently healthy adults:
guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports
saúde e se for o seu desejo, satisfazer o mento. Para que possamos ofertar uma Exerc, v. 43, p. 1334-1359. 2011.
desempenho esportivo. O indivíduo deve educação integral, necessitamos de um HALLAL, P. C. et al. Adolescent physical activity
praticar esporte e atividade física por uma professor integral. Este deve transitar e and health: a systematic review. Sports Med, v. 36,
p. 1019-1030. 2006a.
consciência de saúde e bem-estar, e não viver, compreender, absorver, estudar,
HALLAL, P. C. et al. Prevalence of sedentary
para atender o desejo de pais, treinadores ensinar, estar imerso e atuante em outras lifestyle and associated factors in adolescents 10
ou sociedade. esferas do conhecimento, para podermos to 12 years of age. Cad Saúde Pública, v. 22, n. 6,
p. 1277-1287, 2006b.
compreender o ser ao qual queremos
HILLS, A. P.; KING, N. A.; ARMSTRONG, T. P. The
Resumidamente, a Educação Física deve educar, ensinar, por fim, transmitir co- contribution of physical activity and sedentary
levar em conta o desenvolvimento das es- nhecimentos. A Figura 3 resume a nossa behaviours to the growth and development of
children and adolescents: implications for
feras cognitiva, afetiva, motora e meta- proposta para a Educação Física integral. overweight and obesity. Sports Med, v. 37, p. 533-
545, 2007.
bólica da criança e do adolescente, pois é
ISSURIN, V. B. New horizons for the methodology
exatamente nesse período da vida que te- CONCLUSÃO and physiology of training periodization. Sports
mos condições ideais para desenvolver as Med, v. 40, p. 189-206, 2010.
potencialidades dos indivíduos. É preciso Após revisarmos diversos autores che- JANSSEN, I.; LEBLANC, A.G. Systematic review of
the health benefits of physical activity and fitness
identificar a quantidade de atividade física gamos à conclusão de que é dever moral e in school-aged children and youth. Int J Behav
em indivíduos de idade escolar e pré- ético do Educador Físico estabelecer a pre- Nutr Phys Act, v. 7, p. 40, 2010.

escolar, levando em consideração o seu vo- valência de atividade física para escolares; KELLY, L.A. et al. Low physical activity levels and
high levels of sedentary behaviour are
lume e intensidade, e a partir desses parâ- verificar se essas atividades possuem volu- characteristic of rural Irish primary school children.
metros, verificar se as crianças cumprem as me e intensidade suficientes para a promo- Ir Med J, v. 98, n. 5, p. 138-141, 2005.

ção do desenvolvi- KELLY, L. A. et al. Tracking physical activity and


sedentary behavior in young children. Pediatr
Filosofia mento motor, saú- Exerc Sci, v. 19, p. 51-60, 2007.
Psicologia Sociologia de e bem-estar; es- MOORE, L. L. et al. Does early physical activity
tabelecer recomen- predict body fat change throughout childhood?
Prev Med, v. 37, n. 1, p. 10-27, 2003.
dações de ativida-
RAMOS, E. et al. Muscle strength and hormonal
Avaliação Física Pedagogia de física específicas levels in adolescents: gender related differences.
Int J Sports Med, v. 19, p. 526-531, 1998.
para a realidade
REILLY, J. J. et al. Total energy expenditure and
sociocultural brasi-
Educação Física Desenvolvimento leira e estabelecer
physical activity in Young Scottish children: mixed
longitudinal study. Lancet, v. 363, p. 211-212,
Biomecânia 2004.
Motor
estratégias peda-
RIDDELL, M. C. et al. Substrate utilization in boys
gógicas para com- during exercise with [13C]-glucose ingestion. Eur J
bater a epidemia de Appl Physiol, v. 83, p. 441-448, 2000.
Aprendizagem
Cinesiologia SANTOS, M. S. et al. Prevalência de barreiras para
Motora obesidade e o
a prática de atividade física em adolescentes. Rev
sedentarismo de Bras Epidemiol, v. 13, n. 1, p. 94-104, 2010.
Treinamento
Fisiologia
Desportivo forma consciente TAYLOR, R. W. et al. Longitudinal study of physical
pelo indivíduo e activity and inactivity in preschoolers: the FLAME
study. Med Sci Sports Exerc, v. 41, p. 96-102,
Figura 3: Proposta de Educação Física Integral. Fonte: do autor (s). pela sociedade. 2009.

CREF2/RS em Revista 19
JURÍDICO

META A SER
ALCANÇADA Da necessidade de Profissional de
Educação Física nas séries iniciais

U
m dos temas mais debatidos na como componente curricular obrigatório da Portanto a Educação Física, comprovada-
área da Educação Física gira em educação básica, devendo ser integrado à mente, “aumenta o nível de concentração,
torno da obrigatoriedade ou não proposta pedagógica de cada escola, visan- melhora a capacidade de aprendizagem e o
de profissional de Educação Física para do a manutenção da saúde, prevenção da rendimento escolar; reduz o comportamento
ministrar a disciplina nas séries iniciais. Isto obesidade e sedentarismo infantil, o que não hiperativo e melhora o controle da agres-
porque inúmeras escolas, municipais, esta- vem sendo observado em muitos estabele- sividade, gasta o excesso de energia natural
duais e mesmo particulares, permitem que o cimentos de ensino do Rio Grande do Sul. da criança, melhora a tolerância pelas regras
professor da turma, em face da unidocência, e pelos outros, aumenta a coesão e coope-
ministre todas as matérias, inclusive a Edu- Enquanto não forem cumpridas as Leis e, ração, contribui na formação de valores e
cação Física. principalmente, enquanto não se garantir atitudes e melhora o humor e a saúde psico-
uma prestação de serviço de qualidade na lógica dos alunos”.
Ocorre que a Educação Física é uma profis- área da Educação Física, estaremos em cons-
são regulamentada, da área da saúde, que tante batalha contra a obesidade em todas Com o advento da Lei Federal nº 9.696/
exige formação específica para a atuação. A as faixas etárias, bem como em combate a i- 1998, dois anos após a publicação da Lei de
Lei Federal 9.696/1998 foi gerada com o fim númeras doenças cardíacas, diabetes e res- Diretrizes e Bases da Educação, a disciplina
de resguardar a sociedade dos danos piratórias, que são facilmente prevenidas de Educação Física somente pode ser minis-
decorrentes da má assistência na prestação com a prática de atividades físicas orienta- trada por profissional com graduação em
dos serviços de saúde. Quanto ao tema saú- das. Além do mais, é sabido que a prática de Educação Física, no caso do magistério, em
de, a Constituição Federal se manifestou da atividades físicas, quando estimulada na in- licenciatura em Educação Física, restando
seguinte forma: fância, torna-se hábito na vida adulta. inadmissível aceitarmos que leigos exerçam
ilegalmente a profissão. Até porque apenas
“Art. 196. A saúde é direito de todos e Conforme pesquisa da Professora Doutora o profissional possui os conhecimentos ne-
dever do Estado, garantido mediante Miria Suzana Burgos, apresentada em pales- cessários e imprescindíveis, como fisiologia,
políticas sociais e econômicas que visem tra ministrada em fórum de debate acerca do cinesiologia, entre outros, para ministrar
à redução do risco de doença e de outros tema “Educação Física nas Séries Iniciais”, uma aula de Educação Física, levando em
agravos e ao acesso universal e igualitá- restou evidenciado que as crianças do 1º ao consideração os aspectos de desenvolvi-
rio às ações e serviços para sua promo- 5º ano que tiveram a disciplina de Educação mento da criança e garantindo que realize
ção, proteção e recuperação. Física ministrada por profissional de Educa- corretamente os movimentos desenvolven-
Art. 197. São de relevância pública as a- ção Física devidamente habilitado apresen- do sua parte motora.
ções e serviços de saúde, cabendo ao Po- tam um aproveitamento evidentemente me-
der Público dispor, nos termos da lei, so- lhor nas demais disciplinas do que as crian- Neste contexto, não podemos confundir
bre sua regulamentação, fiscalização e ças que tiveram apenas professor regente. uma aula de Educação Física, componente
controle, devendo sua execução ser feita curricular obrigatório, com recreação ou mo-
diretamente ou através de terceiros e, Ainda, vários estudos demonstram que a mentos de brincadeiras em uma pracinha ou
também, por pessoa física ou jurídica de realização de aulas de Educação Física bem pátio da escola, na medida em que tais
direito privado.”. elaboradas, por profissional de Educação Fí- momentos não requerem planejamento e
sica, aumentam a produção de neurônios, objetivo, enquanto a aula de Educação Física
Quanto à exigência de cumprimento da Lei aguçando a memória e melhorando a capa- visa desenvolvimento motor da criança e,
de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei pre- cidade de resolver problemas e aprimorar a embora ministrada de maneira lúdica,
viu, em seu artigo 26, § 3, a Educação Física inteligência. apresenta um planejamento bem definido,

20 CREF2/RS em Revista
com avaliações dos alunos e evidentes A Lei nº 9.394/96 impõe a Educação Físi- da determinação legal, este pedido tam-
progressos. ca como componente curricular obriga- bém deve ser acolhido.
tório da educação básica, nos seguintes Observo, encerrando o tópico, que, no
Importante referir também que, muitas ve- termos: caso, não há de se cogitar de aplicação
zes, a União, Estados e municípios alegam Art. 26. Os currículos da educação infan- do princípio da reserva do possível que
falta de verbas e orçamento para implemen- til, do ensino fundamental e do ensino possibilite a postergação do cumprimen-
tação da Educação Física em todas as escolas médio devem ter base nacional comum, to da obrigação do réu, pois caberia à
públicas do nosso país, bem como para a a ser complementada, em cada sistema Administração apontar eventual impos-
não implementação de ginásios e condições de ensino e em cada estabelecimento sibilidade material de cumprimento da
para propiciar a prática esportiva. Porém, tal escolar, por uma parte diversificada, obrigação, o que não foi feito.
visão é totalmente restrita, na medida em exigida pelas características regionais e Dispositivo
que a prática de atividades físicas desde a locais da sociedade, da cultura, da eco- Ante o exposto, extingo o processo
tenra idade comprovadamente gera uma di- nomia e dos educandos. (Redação dada sem resolução de mérito, quanto ao
minuição nas doenças e, com isso, redução pela Lei nº 12.796, de 2013) pedido de exigência de registro
nos custos da saúde pública. (...) profissional dos professores já contra-
§ 3º A educação física, integrada à tados, e, quanto ao restante, julgo
Portanto, "a atuação do CREF2/RS visa salva- proposta pedagógica da escola, é parcialmente procedente o pedido, a
guardar os alunos de danos à sua saúde pela componente curricular obrigatório da fim de determinar ao Estado do Rio
prática de atividades físicas orientadas por educação básica, sendo sua prática Grande do Sul que ofereça a disciplina
profissional não habilitado e descompro- facultativa ao aluno: (Redação dada pela de Educação Física como componente
missado com a ética profissional, impõe-se a Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) curricular obrigatório da educação
obrigatoriedade do registro junto ao Con- I - que cumpra jornada de trabalho igual básica“.
selho-réu.(...)”,(Apelação Cível 2009.51. ou superior a seis horas; (Incluído pela
005105-4 TRF2, DJ 19/09/2011). Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) O Conselho Federal de Educação Física,
II - maior de trinta anos de idade; (Incluí- preocupado também com o direito cons-
A Educação Física na escola é “uma das disci- do pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) titucional à saúde e em garantir uma
plinas que introduzem e integram o aluno na III - que estiver prestando serviço militar prestação de serviços de qualidade, ajuizou
cultura corporal de movimento, formando o inicial ou que, em situação similar, esti- processo de nº 0027439-20.2011.4.01.
cidadão qual vai produzi-la, reproduzi-la e ver obrigado à prática da educação físi- 3400 em face da União Federal, o qual
transformá-la, intrumentalizando-o para u- ca; (Incluído pela Lei nº 10.793, de restou procedente, conforme fundamentos
sufruir dos jogos, dos esportes, das danças, 1º.12.2003) que seguem:
das lutas e das ginásticas em benefício do e- IV - amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044,
xercício crítico da cidadania e da melhoria da de 21 de outubro de 1969; (Incluído pela “Pelo exposto, JULGO PROCEDENTES OS
qualidade de vida”. (Parâmetros Curriculares Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) PEDIDOS veiculados na inicial, nos ter-
Nacionais: Educação Física, Secretária de V - (VETADO) (Incluído pela Lei nº mos do art. 269, I, do CPC, para DECLA-
Educação Fundamental, MEC, 1998). 10.793, de 1º.12.2003) RAR a necessidade da presença de um
VI - que tenha prole. (Incluído pela Lei nº Profissional de Educação Física para
No processo movido pelo CREF2/RS em face 10.793, de 1º.12.2003) (grifou-se) ministrar aulas de Educação Física e/ou
do Estado do Rio Grande do Sul, o Excelen- Todavia, segundo o autor, o Estado do recreação ou qualquer outra atividade
tíssimo magistrado assim se manifestou Rio Grande do Sul não vem oferecendo a que envolva exercícios físicos e esportes,
quanto ao tema: Educação Física como componente curri- em conformidade com a Lei nº 9.696/
cular obrigatório da educação básica, 1998 e com a Constituição Federal.”
“Oferecimento da Educação Física em que pese a determinação legal.
na educação básica Em sua contestação (evento 23), o réu Assim, na qualidade de órgão fiscalizador da
O autor também pede que seja determi- optou por não tratar do tema. Sendo as- profissão, é dever dos Conselhos de Fiscali-
nado ao réu que ofereça a disciplina de sim, considerando que é incontroverso zação Profissional, conforme o próprio nome
Educação Física para toda a educação que a disciplina não vem sendo ofere- define, verificar se estão sendo cumpridas as
básica, como componente curricular cida e que o réu não apontou qualquer disposições previstas na Lei nº 9.969/98 que
obrigatório. motivo que justifique o descumprimento regulamentou a atividade.

CREF2/RS em Revista 21
NOTAS
CREF SERRA COMPLETA DOIS ANOS

Primeiro Posto de Atendimento Avançado fora da capital, o CREF Serra comemorou, no


dia 20 de agosto, dois anos de serviços prestados aos profissionais de Educação Física
de Caxias do Sul e região. O vereador Zoraido Silva representou a Câmara Municipal no
evento e falou sobre o grande valor que o CREF Serra tem para a cidade. "Na rede
municipal de Caxias, só temos profissionais registrados. A proximidade com o Con-
selho é suporte fundamental para que possamos trabalhar de forma ainda melhor".

TREINAMENTO CONTÁBIL DO CONFEF


Em busca da excelência e da transparência, o Sistema CONFEF/CREFs investe em
cursos. Em agosto, o Departamento Financeiro recebeu o Treinamento de Contabili-
dade Aplicado ao Setor Público. Para Taís Brandão, coordenadora do departamento,
o curso foi de grande importância para os servidores, pois com a exigência da nova
contabilidade pública ocorreram mudanças e havia a necessidade de conhecer as
alterações. "A parceria com o CONFEF foi excelente, pois pudemos ajustar a migra-
ção do sistema contábil de maneira tranquila e tirando dúvidas", comentou.

SEMANA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA REDENÇÃO

Porto Alegre sediou a Semana da Educação Física, entre os dias 31 de agosto e


5 de setembro. O evento teve grande programação e, na Redenção, o CREF2/RS
teve espaço em que realizou avaliações antropométricas. Fernanda Rodrigues,
coordenadora do DEFOR, salientou a importância do CREF2/RS estar próximo
das pessoas. "Podemos esclarecer o papel que o profissional de Educação Física
tem para a sociedade".

CONSELHOS DA SAÚDE E O FUTURO DAS PROFISSÕES

No dia 12 de setembro, o Fórum-RS promoveu o I Encontro dos Acadêmicos com os Con-


selhos Profissionais da Saúde. O evento, realizado na Câmara Municipal de Porto Alegre,
reuniu estudantes e os respectivos Conselhos para debater o futuro das profissões. "O
profissional é o primeiro fiscal da profissão. Nós temos que mostrar que fazemos a dife-
rença", salientou Carmen Masson em sua palestra. Também foram apresentadas ações
que podem ser feitas em conjunto. "Profissões fortes só se fazem unidas", concluiu.

CREF2/RS NA SEMANA DO IDOSO

O CREF/2RS participou da Semana do Idoso, no dia 28 de setembro, na Redenção. O


evento, promovido pelo SESC-RS, ofereceu diversas atividades para o público da
terceira idade. Além de medir o Índice de Massa Corporal (IMC), a equipe do
CREF2/RS também conversou com o público sobre o perigo do sedentarismo e sobre
a importância da atividade física regular. "Muitas pessoas não sabem que existe um
órgão que tem o objetivo de só permitir que profissionais capacitados estejam no
mercado, por isto contato é muito válido", avaliou Fernanda Rodrigues.

22 CREF2/RS em Revista
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