Professional Documents
Culture Documents
1
Ian Castro de Souza é planner / redator de mídias digitais da agência Idéia 3 e graduando em Comunicação na
Universidade Federal da Bahia. O blog Intermídias (http://www.intermidias.com.br) é o reflexo da sua prática
profissional com comunicação digital e mídias sociais, além dos estudos que desenvolve sobre as possibilidades que o
ambiente digital traz a prática publicitária.
No ano passado o número de celulares no Brasil já tinha atingido 120,98
milhões, segundo a Anatel. Só na Bahia existem 7,29 milhões de celulares em
operação. A telefonia móvel é uma revolução, isso é inegável. E não só porque
deslocou o alvo das ligações de lugares para pessoas, mas porque um telefone
celular é a materialização da convergência dos meios – aliás, acredito que hoje
realizar ligações é seu último propósito. Um aparelho relativamente simples já é
uma agenda, um rádio, um MP3 player, uma máquina fotográfica, uma
filmadora digital além de armazenar e intercambiar arquivos. Se formos falar
daqueles mais elaborados, também bastante populares, podemos considerá-los
plataformas computacionais portáteis, capazes de fazer praticamente tudo que
um desktop faz, desde permitir formatar textos e navegar confortavelmente na
internet até assistir televisão.
É precisamente aí que entra o Mobile Marketing, que se utiliza de todas as
possibilidades das tecnologias móveis e altamente individualizadas (em especial
da interatividade e da personalização) para estabelecer contato direto com o
consumidor. Mas não me refiro àquelas mensagens SMS incômodas que a sua
operadora em envia para você, eu estou falando de toda uma formatação nova.
Não há sentido em utilizar-se desses novos meios se não explorarmos suas
capacidades por completo; isso seria tão absurdo quanto não admitir que
propagandas para a televisão usassem imagens. A utilização do Bluetooth
Marketing é um ótimo exemplo da modificação desses formatos – até porque
grandes anunciantes já investem neste tipo de interação com o seu público-
alvo. Em Salvador a estratégia já foi adotada pelo Festival de Verão, que
disponibilizou ringtones e papéis de parede, além da grande completa da
programação do evento via bluetooth para os transeuntes nas proximidades de
sua loja no shopping Iguatemi. A campanha, que tinha como objetivo estreitar
o relacionamento com o público interessado, conseguiu admiráveis 1.864
downloads durante seus 14 dias de duração. O Salvador Prime também brincou
com esses novos meios e distribuiu seu folder, com informações bastante
específicas sobre o empreendimento, via bluetooth para aqueles que estavam
próximos ao seu stand de vendas, tendo ao final de 4 meses de campanha
atingido o número de 1.114 downloads. Quantos milhares de panfletos seriam
distribuídos (e posteriormente jogados no lixo) para que o mesmo número de
pessoas interessadas no empreendimento fossem efetivamente atingidas? E
para o Festival de Verão, que tem um público-alvo muito maior e mais
abrangente? Sem nem mesmo pensar em começar um sermão ecologicamente
correto, bem enfadonho e completamente fora de minha área de
conhecimento, eu serei bastante conciso: segmentar a comunicação é seguir as
tendências já estabelecidas pela segmentação dos interesses. Ainda pode-se
considerar que recursos como este rompem várias barreiras árduas para a
publicidade como a da visibilidade e disponibilidade, sem contar o caráter
inovador, visto com bons olhos pelo consumidor. Convenhamos que o celular
roubou o lugar do cachorro como melhor amigo do homem: dar aquela rápida
conferida nele é tão comum, senão mais, quanto olhar o relógio. Até o próprio
SMS, ou o MMS, se utilizado de forma individualizada e não intrusiva, se torna
uma forma na qual é possível estabelecer um contato instantâneo de maneira
diferenciada com o (potencial) cliente.
Os meios de atingir um possível consumidor são muitos, mas se
encontram hoje sub-utilizados pela maneira que esse alcance é buscado – vide
o iPint. O que é o iPint? É um joguinho gratuito e muito simples para iPhones e
iPods Touch, os gadgets do momento, cujo objetivo é fazer um copo de cerveja
chegar ao outro lado do balcão de um bar sem se esborrachar nos obstáculos
do percurso. Seu real objetivo? Marketing. é claro. Patrocinado pela Carling,
uma cervejaria britânica, o jogo é repleto de referências que são a real fonte do
lucro para a Illusion Labs, empresa sueca de software que recebeu o patrocínio
da cervejaria para a feitura do jogo, disponível para download na App Store.
Reitero que o jogo é bastante simples, mas o mérito da Carling foi reconhecer
as diversas formas de interação que os supracitados gadgets proporcionam e
como os usuários estão se apropriando dessas formas, e ainda mais: ver nelas
um meio de dialogar com seu consumidor. A questão aqui é simples: se existem
novos ambientes de comunicação, conseqüentemente existem novas formas de
interagir com eles. Porque insistir em aplicar as mesmas fórmulas obsoletas e
saturadas a novas situações-problema? Ferramentas existem, e de sobra; o que
falta é capital ou criatividade – ou, na pior das hipóteses, ambos.