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Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2010.
- Porquê África?
Para a autora, teria sido a grande falha do Rift responsável pelas inúmeras
espécies que existiram no continente africano. Os movimentos das placas tectônicas
promoveram climas diferenciados e consequentemente subsistências diferentes,
abrindo possibilidades do aparecimento de variadas espécies. Da perspectiva
arqueológica, a África possibilita condições de fossilização eximias, não sendo por
acaso um dos sítios arqueo-paleontológicos mais ricos (p. 24-5).
- Homo: os primeiros
Inexiste consenso sobre o que é ser homo, mas algumas características em
relação aos pré-humanos são: cérebro grande, dentes molares menos largos e ossos
cranianos mais densos. Segundo Cunha, a diversidade nas espécies sempre foi
comum, sendo nós uma exceção por sermos os únicos hominídeos na atualidade.
Não se tem dados sobre espécies pré-humanas terem desenvolvido alguma
tecnologia, somente quando se chega aos homens é que aparecem as primeiras
ferramentas, acrescentando-se que não há uma relação estritamente determinante
entre a morfologia e a produção tecnológica das espécies homo. Outro ponto
importantíssimo, também ressaltado em vários outros tópicos do texto, é que – a
evolução não é unilinear, sendo mais semelhante às raízes, onde coexistem vários
segmentos e ao mesmo tempo novos segmentos são produzidos, multilinearidade por
excelência (p. 60-3).
- A importância do fogo para sermos como somos.
O fogo foi essencial para que o ser humano se tornasse o que é. A tentativa do
homem em dominar o fogo mostra um grau de autoconsciência e o seu domínio leva
a mudanças estruturais na espécie. O homem passa a alimentar-se apenas de
alimentos cozidos e passa a dormir no chão, sendo o fogo também uma grande arma
contra outros animais. É por ter o fogo como arma que o homem se permitirá
descansar mais, dormir mais, com isso haverá uma expansão da atividade onírica,
crucial para o cérebro, trazendo desse modo transformações na estrutura de sua
mente A mudança na alimentação levará à transformação da mandíbula e arcada
dentária, e o homem não mais sobreviverá se alimentar-se apenas de alimentos crus.
Há uma grande dificuldade em identificar a partir dos vestígios, por exemplo de
incêndios, se eles teriam sido causados por fenômenos naturais ou se seriam fruto da
ação humana. Por fim, apesar de alguns hominídeos conseguirem algum grau de uso
do fogo, será apenas com os neandertais que o fogo será controlado e habilmente
usado (p.86-9).