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P rezado leitor,
Você tem em mãos uma edição que, além do conteúdo técnico e do debate de ideias,
traz um componente de emoção e sentimento. Nos 80 anos do DAER, casa dos técnicos
que compõem a Sudaer e a Secdaer, abordamos um pouco da história do órgão que se
transformou em referência no setor rodoviário e a visão de diferentes gerações sobre sua
trajetória e seu futuro.
Como tema técnico central deste número da Revista Estradas, apresentamos diversas
abordagens sobre a Reciclagem de Pavimentos. Você poderá acompanhar relatos
sobre pesquisas relacionadas a questões como avaliação das propriedades de misturas
asfálticas recicladas; avaliação da inserção de material fresado em misturas recicladas;
deformabilidade das misturas recicladas; reciclagem profunda de pavimentos, entre
outros.
Os técnicos do Departamento estão presentes com artigos sobre o novo SICRO; análise
de intersecção modificada para melhoria na segurança viária e o poder de polícia do DAER.
Estão na seção Pratas da Casa, onde você pode constatar que o aperfeiçoamento técnico
e a busca pelo conhecimento são características dos profissionais do Departamento.
Além disso, trazemos uma Prévia relatando o trabalho de pesquisa do Novo Método
de Dimensionamento de Pavimentos, que deve entrar em vigor a partir de 2018 e
que abordaremos com maior profundidade em nosso próximo número. A nova seção
Inovação traz um artigo com as pesquisas sobre asfalto auto cicatrizável, desenvolvidas
por pesquisadores da Holanda e do Chile.
Boa leitura!
www.sudaer.com.br
2
REVISTA ESTRADAS Mensagem dos Presidentes
ISSN 1807-426X SUDAER SECDAER 4
sumário
Ano 16 - N° 22- Novembro 2017
Prata da Casa
SUDAER Novo Sicro: novas tecnologias e análises quanto a transição do sistema referencial
PRESIDENTE do DAER para sistema referencial do DNIT 25
Eng. Paulo Ricardo Aquino de Campos Velho
Análise de interseção modificada na ERS-122 Km 76 com objetivo de obter
VICE-PRESIDENTE
melhorias na segurança viária 35
Eng. Josani Carbonera Pereira
SECRETÁRIO Poder de Polícia do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem 40
Eng.Cláudio Eduardo Machado
TESOUREIRO Artigos
Eng. Luciano Dornelles
Avaliação da inserção de materail fresado em misturas asfálticas recicladas à
SECDAER quente 45
PRESIDENTE
Eng. Laércio Toralles Pinto da Silva Avaliação das propriedades de resiliência, deformabilidade, coesão e adesão
VICE-PRESIDENTE de misturas asfálticas recicladas mornas com uso de ligantes convencionais e
Eng. Ana Paula Pestana Cardoso modificados por polímero 53
SECRETÁRIA
Eng. Sônia Maria Bortoluzzi
Reciclagem profunda de pavimentos: determinação da resistência à flexão e
TESOUREIRA
deformação na ruptura de baes BGTC recicladas 60
Eng. Alessandra Ribeiro da Silva
Análise de misturas asfálticas recicladas a frio para emprego em camadas de base
e sub base de pavimentos 66
Recomendação Técnica
Adaptação em usinas de asfalto para reciclagem a quente ou morna
de materialfresado (RAP) 110
Agenda 117
No Rio Grande do Sul 85% da movimentação de cargas profissionais de nível superior, mantendo a tradição de estimular
passa pelas rodovias. No transporte de passageiros este número e desenvolver ações que possibilitem o desenvolvimento e
sobe para aproximadamente 90%. Estes dados demostram a aperfeiçoamento técnico e científico de seus associados.
extrema importância do modal rodoviário para a sociedade E nessa perspectiva, a Revista Estradas representa uma
gaúcha e o papel do Departamento Autônomo de Estradas de das mais importantes e relevantes ações para alcançar esse
Rodagem - DAER na gestão de mais de 10 mil quilômetros de objetivo. A publicação se constituiu ao longo dos anos em
rodovias estaduais. referência na área de conhecimento voltada à tecnologia de
Completar 80 anos é motivo de comemoração. O DAER pavimentação, conservação rodoviária e mobilidade. A cada
tem se dedicado ao longo deste período, por meio de seus ano, seu lançamento é aguardado com expectativa pelos
servidores, a vencer os desafios que a sociedade lhe confere. profissionais que atuam no mercado de trabalho e por aqueles
Atende diferentes demandas de conservação, melhoramentos que propagam a importância da pesquisa acadêmica nas
e ampliação da malha rodoviária. Além disso, é responsável universidades. A publicação é uma demonstração eloquente do
pela gestão e fiscalização do transporte coletivo intermunicipal, que é possível fazer quando se reúnem esforços de diferentes
garantindo sua qualidade e segurança. esferas da sociedade atuando em prol de um objetivo comum.
Essa caminhada de protagonismo voltada para o A SUDAER e a SECDAER agradecem de forma muito especial
desenvolvimento do Rio Grande do Sul também teve reflexos aos profissionais que com sua dedicação e entusiasmo tornaram
na organização interna da autarquia através da criação de esta publicação possível. Nosso reconhecimento também à
suas associações. Assim, em 15 de abril de 1961, foi fundada Comissão Editorial e aos pesquisadores que nos honraram com
a Sociedade dos Técnicos Universitários do DAER/RS, SUDAER o envio de seus trabalhos e relatos.
e alguns anos depois, em 15 de setembro de 1986, surgiu a Chegar a esta edição da Revista Estradas, comemorando
Sociedade dos Engenheiros Civis do DAER/RS, SECDAER. Com os 80 anos do DAER, significa olhar para trás e sentir orgulho
isso, 56 dos 80 anos da autarquia contam com a organização dos do que foi feito e olhar para frente e saber que se tem muito
seus profissionais. a realizar. Como servidores, temos uma grande satisfação e
A Sudaer e Secdaer estão ligadas umbilicalmente estímulo para a continuidade dessa missão. Que venham mais
à Autarquia Rodoviária Estadual e congregam diversos 80 anos!
reportagem
Francisco Canabarro
Editor da Revista Estradas
Há 80 anos as estradas de rodagem no Rio Grande do a Diretoria de Viação Terrestre, dotado de dinamismo e
Sul não passavam, em sua grande maioria, de precários contemplado com recursos de relativa consistência, o DAER
caminhos, muitos deles antigas trilhas de carretas, com escassos começou a cumprir a tarefa que lhe foi destinada.
melhoramentos. Uma simples viagem de poucas dezenas Mesmo com as dificuldades enfrentadas por um órgão
de quilômetros transformava-se em verdadeira epopeia. O recém-criado, acentuadas pela 2ª guerra mundial que, de 1939 a
desenvolvimento do Rio Grande do Sul era barrado por uma 1945, fez sentir seus reflexos no país e no RS, em 1949 os 420km
estrutura viária extremamente deficiente. trafegáveis o anos todo multiplicaram-se em mais de 6.300km.
A rede rodoviária do estado em 1937 contava com 500 As melhorias se sucediam: rampas particularmente íngremes
km de rodovias concluídas e 3.500km de caminhos rurais. eram suavizadas, curvas apertadas tinham seus raios ampliados,
Esta quilometragem pouco significava para o transporte no trechos demasiado estreitos se alargavam.
estado. Além de constituída por redes desarticuladas, estava em A primeira estrada foi construída em 1942 e ligava Pelotas a
completo abandono quanto à conservação, somente 420 km Rio Grande, com 52 km era pavimentada com cimento. Em 1949
ofereciam condições de tráfego durante todo o ano. foi criada a Seção de Construção e Reparação de Estruturas, que
No VI Congresso Nacional de Estradas de Rodagem realizado passou a projetar, construir e reparar pontes e outras obras de
no Rio de Janeiro, em 1936, o Rio Grande do Sul ficou em arte. A importância deste setor fica clara quando se sabe que
penúltimo lugar em extensão da rede rodoviária entre os estados até 1937 existiam 11 travessias por balsa de Uruguaiana a Porto
brasileiros. A repercussão deste fato junto à sociedade gaúcha Alegre. Em 1952, destas 11, apenas três ainda eram feitas por
fez crescer o apoio da opinião pública a iniciativa da Sociedade balsa. Seis já possuíam pontes definitivas, incluindo a ponte Gal.
de Engenharia, apoiada pela Escola de Engenharia, da criação de Osório, sobre o rio Ibicuí, com 506,80m de extensão.
um Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem. O final da década de 50, início dos anos 60 marcaram o
Em 11 de agosto de 1937, o movimento alcançava seu surgimento da indústria automobilística e a vontade do país de
objetivo. Naquela data, com a promulgação da Lei nº 750, o crescer e recuperar o tempo perdido. No setor rodoviário, já não
governador José Antônio Flores da Cunha declarava extinta a bastavam estradas apenas transitáveis. Tornava-se obrigatório
Diretoria de Viação Terrestre da Secretaria das Obras Públicas e livrar-se da lama, acabar com a poeira, encurtar distâncias e
criava o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem. Em reduzir tempos de percurso. Começava a era da pavimentação,
21 de fevereiro de 1938, decreto do Interventor José Maurício do aperfeiçoamento dos traçados, da otimização das
Cardoso regulamentava a atividade do novo órgão. Em 23 de características técnicas das rodovias. Em 1957 o DAER iniciava a
fevereiro ocorria a sua instalação oficial. Surgia o DAER. Sem implantação de seu Laboratório de Pesquisas, estrutura essencial
a rigidez de estrutura e funcionamento que caracterizavam para os novos tempos.
Ingressou no DAER
em abril de 1981. Luciano Faustino
da Silva
Recém-formado, fiquei sabendo que o DAER abrira 20 vagas
Engenheiro.
para Contador. Naquela época o DAER tinha autonomia para
realizar as provas e contratar. Fui aprovado e comecei a trabalhar
Ingressou no DAER
no Grupo de Controle e Análise que controlava as taxas de em 2012.
manutenção e fiscalização das rodoviárias e empresas de ônibus. Diretor de
A natureza do meu trabalho fazia com que viajasse muito Infraestrutura
para as Regionais, que nos davam suporte para fiscalizar as
Rodoviária
estações rodoviárias. E, nesta época, anos 80, o DAER ainda
realizava muita coisa por administração direta. Lembro que Iniciei em Lajeado, como superintendente regional adjunto
em 1983 foi feita a última grande compra de equipamentos, de 2012 a 2015. Em 2015 assumi como Superintendente e em
máquinas e caminhões, para as Regionais. Então, nesta época abril de 2016 foi convidado pelo Secretário Pedo Westphalen
as Regionais estavam em plena atividade. Já havia alguma para assumir a Diretoria de Infraestrutura Rodoviária.
coisa de terceirização, alguns contratos, mas as regionais ainda O DAER é uma instituição que completa 80 anos em 2017.
conservavam e construíam. A simples existência por 80 anos já traz toda uma história, uma
No âmbito da Superintendência de Finanças o DAER tinha bagagem. O Brasil vive uma transição gigantesca, e precisamos
autonomia para decidir os pagamentos. A Secretaria de Fazenda incluir o DAER neste contexto histórico. Houve a época em que
liberava os recursos e a Superintendência definia o cronograma de o Estado assumiu a responsabilidade de ser o grande executor,
pagamentos, tinha autonomia para gerir os recursos. fazer as obras necessárias e entregá-las para a sociedade, e
Meu pai foi motorista da Superintendência de Projetos e este era o contexto histórico no surgimento do DAER. Então, o
através dele acompanhei muito da história do DAER. A SEP era Departamento iniciou sua trajetória construindo estradas, com
na área da construção rodoviária, essa transição está levando mais experiência, que conhece a região, conhece o tipo de
o DAER, digo levando porque a transição ainda está em trabalho que está sendo executado. E existe a colaboração
andamento, a se tornar um gestor de contratos. entre os técnicos do Departamento na disseminação deste
Neste período em que estou no Departamento, e podemos conhecimento.
dizer que nas últimas duas décadas, é a fase mais crítica. Por Para que este processo de transição aconteça de maneira
que o DAER ainda guarda um resquício do Órgão construtor, efetiva e correta, o DAER gestor de contratos precisa levar para
ainda temos equipes e equipamentos próprios que atuam as empresas esse conhecimento e exigir delas que mantenham a
nas rodovias, mais na questão de conservação, em pontos cultura técnica que o DAER desenvolveu. As nossas boas práticas
específicos em que nossos contratos ficam sem cobertura, e de execução de obras, de fiscalização. De maneira que eles
já existe o DAER gestor, que contrata um projeto, aprova, orça, ajustem seus processos para que se tenha uma obra executada
licita, fiscaliza e paga. Que hoje representa o maior volume de com a melhor qualidade, no menor tempo possível, com bom
investimentos. uso dos materiais, para que eles também tenham o resultado
Eu vivenciei isso na prática quando trabalhei na Regional. financeiro que precisam. Então, para que essa transição não seja
Resolvi problemas em campo com pessoal e equipamentos prejudicial ao DAER, precisamos disso: manter o conhecimento
do Departamento e fiscalizei obras contratadas. E eu senti que aqui dentro e passarmos esse conhecimento através da exigência
existe no DAER uma grande preocupação em não perder a das boas práticas por parte das contratadas. Isso se faz através
das especificações técnicas. O conhecimento do DAER tem que
ser transcrito e atualizado nestas especificações, para que as
novas gerações se utilizem desses instrumentos para perpetuar
este legado técnico.
O DAER foi modelo nacional na de recursos para manter bem excelentes quadros técnicos de
implantação de rodovias e pontes, conservada a malha viária, acabou tradicionais empresas de construção
aportando as últimas inovações se consolidando e culminando e supervisão das estradas do Estado,
tecnológicas que se iam criando no com a criação da Empresa Gaúcha muitas delas criadas ou dirigidas por
mundo, tendo formado um modelar de Rodovias-EGR, levando a que, esses engenheiros.
corpo técnico dedicado à dura e provavelmente esta empresa Consolidada a modernização
nobre missão de conceber, construir fique incumbida da manutenção e da sua gestão e superadas algumas
e manter a imensa, embora ainda duplicação das rodovias de maior dissenções político-ideológicas
insuficiente, malha rodoviária do VDM, deixando ao DAER a missão de internas, o DAER deverá voltar a ter
Rio Grande do Sul indispensável à construir estradas novas e cuidar da a grande proeminência que já teve
mobilidade das pessoas, à circulação manutenção do restante da malha na condução da solução do crucial
da sua produção primária e industrial pavimentada e de toda a imensa desafio de propiciar e manter uma
e a um vigoroso e sustentável malha ainda não pavimentada, o adequada malha rodoviária de que o
desenvolvimento econômico do que continua sendo um grande e desenvolvimento do Rio Grande não
Estado. importante desafio. pode prescindir.
Onde: Fadigas:
a = 3 a 3,5x10-3 e b = -0,20.
Para o subleito pode-se estimar o Módulo de Resiliência (MR)
pelas expressões:
Brita – Cimento (BGTC)
Ou
Solo - Cimento
prévia
quimicamente, sendo que na década 1980eram empíricos, na irregularidades superficiais (International Roughness
.
adoção do M – E nos EUA:
O método é conhecido como Mechanistic – Empirical
O processo de análise representou mudança radical de
Procedure Design Guide (MEPDG).
.
como os pavimentos são projetados.
Engloba num mesmo software o dimensionamento de
Implantação exige recursos para ser bem-sucedida e
pavimentos asfálticos (flexíveis) e de concreto de cimento portland
.
mudança nos órgãos.
(rígidos), novos e reabilitados. Para pavimentos asfálticos são
O Guia não é um “livro de receitas” que pode ser
.
utilizados quatro critérios de ruptura:
aplicado por engenheiros inexperientes: o usuário deve ter
deformação permanente (afundamento de trilha de roda
.
compreensão do comportamento do pavimento.
.
- ATR),
Implantação do M-E exige estreita coordenação entre
trinca por fadiga de baixo para cima, base-topo (bottom-
o conhecimento dos materiais, do tráfego, de construção, banco
up) e de cima para baixo, topo - base (top-down),
de dados e critérios de projeto.
3.4 Alemanha
Figura 9 – Ensaios indicados para obter os parâmetros das misturas Figura 11 - Esquema do pavimento asfáltico típico e bulbo de tensões
asfálticas na Alemanha. (SAPEM, 2014)
3.6 Austrália
pelo pioneirismo:
a) Solos e britas
Com o ensaio triaxial de carga repetida definem-se:
- Módulo de resiliência (parcela elástica) - Banco de dados
O programa de cálculo de tensões-deformações que está Figura 32 – Características de um material de base do programa de
sendo utilizado baseia-se no sistema desenvolvido por Franco dimensionamento desenvolvido por Franco e atualizado para o DNIT
(2007) e tem sido atualizado e melhorado com a contribuição de
vários pesquisadores da COPPE, do CENPES e da RTA. Nas Figuras
30 a 35 apresentam-se as principais telas do programa que tanto
pode verificar se uma dada estrutura satisfaz aos critérios quanto
pode modificar a espessura de uma delas até dimensionar ou
seja atender a todos os critérios propostos pelo órgão. Na Figura
36 mostra-se uma tela do programa de retroanálise que foi
desenvolvido por Franco para permitir fazer o projeto de reforço
por método M-E.
Referências Bibliográficas
prata da casa
SISTEMA REFERENCIAL DO DAER
PARA SISTEMA REFERENCIAL DO
DNIT
Eliane dos Santos
Engenheira Civil DAER/RS.
Na evolução da engenharia de custos, definida como gerenciar os custos para aprimorar o orçamento de uma obra, e consequente obtenção de preços
exequíveis, o novo SICRO do DNIT veio para revolucionar a metodologia de cálculo dos custos nas obras de infraestrutura, em conformidade com a Lei
8.666/93. Aspectos tão desejados pelas empreiteiras foram observados, que são: remuneração das obras, em função da influência da chuva, e a demora
da conclusão de uma etapa da obra, devido a influência do tráfego. Assim como, as questões tão desejados pelos órgãos de controle, tais como: BDI
diferenciado para cada tipo de obra, retirada da administração local do BDI e canteiro de obra alocado na planilha de custos (sendo possível a medição)
são algumas das mudanças que vieram para melhor apurar o custo de uma obra. Para o DAER, que apesar de algumas pequenas evoluções em sua
metodologia de cálculo, ainda está aquém de um estudo amplo e profundo como do DNIT, reverencia essa nova metodologia, considerando alguns
aspectos salutares, como composições de preços unitários alinhados às determinações do Tribunal de Contas da União - TCU e, consequentemente,
aos demais órgãos de controles. Bem como, a publicação do referencial de preços com mais frequência, do que atualmente ocorre, e uma pesquisa
de preços referendada pela Fundação Getúlio Vargas - FGV. Entretanto, para transição dessa nova metodologia acarretará um envolvimento de todo o
Departamento, pois essas e outras alterações implementadas pelo novo SICRO não ocorrerão, somente, nas composições de custos, mas, também, em
conceitos, especificações de serviços (medição, produção e consumos) e na fiscalização dos mesmos.
insumos significativos no orçamento de uma obra específica que e Carga em função das aferições em campo e das alterações
podem ter um custo mais apurado, bem como as composições metodológicas.
podem ser adaptadas de acordo com o projeto que será licitado. A parcela referente ao custo horário dos juros de oportunidade
O DNIT, ainda salienta que “a utilização indiscriminada dos preços de capital que é definido como a remuneração do valor monetário
divulgados pelo Sistema de Custos Referenciais de Obras - SICRO, do equipamento, por hora trabalhada, em reais, era, no SICRO 2,
sem o devido tratamento que a elaboração de um orçamento para remetida ao BDI. Na nova metodologia ela está agregada ao custo
contratação de obras públicas requer, independentemente do nível horário do equipamento, onde a taxa de juros deve incidir sobre o
de detalhamento do projeto, constitui grave erro para a correta valor médio do investimento em equipamento, durante sua vida
formação dos preços das obras de infraestrutura de transportes. útil. O valor da taxa de juro é de 6% ao ano, que se mostra, segundo
” Convergindo com a mesma temática, o Decreto 7.983/2013 em o DNIT, ajustada e compatível na análise dos rendimentos nas
seu artigo 4º diz que: “o custo global de referência dos serviços aplicações da caderneta de poupança.
e obras de infraestrutura de transportes será obtido a partir das Abaixo, destaca-se, o cálculo do custo produtivo e improdutivo
composições dos custos unitários previstas no projeto que integra do novo SICRO, sendo que metodologia do cálculo de cada parcela
o edital de licitação, menores ou iguais aos seus correspondentes está no Manual do novo SICRO.
nos custos unitários de referência do Sistema de Custos Referenciais
de Obras - SICRO, cuja manutenção e divulgação caberá ao
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT,
excetuados os itens caracterizados como montagem industrial
ou que não possam ser considerados como de infraestrutura de
transportes” .
2. NOVAS METODOLOGIAS
As inovações realizadas no Manual de Custos do novo SICRO
são muito significativas e alteram desde procedimentos e conceitos
comumente utilizados, como também, incluem inéditos métodos
de cálculo. Esses novos procedimentos e metodologias serão
apresentados, aqui, sucintamente, para se ter a noção da suas
abrangências.
Onde:
pesquisa deve ser realizada com cuidado devido à variedade de “A confecção das composições de custos é baseada em
preços entre as regiões de um Estado para outro; premissas obtidas a partir de informações técnicas, especificações
b) metodologia de pesquisa por família de materiais: de serviços, manuais, catálogos, observações de campo
chamadas de famílias homogêneas que são grupos cadastrados eprocedimentos executivos que atentem para critérios técnicos de
e organizados, antecipadamente, de acordo com sua forma de racionalidade, de eficiência e de economicidade” .
confecção e o tipo de material, onde define-se o “insumo líder”, No novo SICRO, quanto às composições de custos, as principais
relacionando-o com os demais insumos membros, facilitando assim inovações foram:
as cotações de preços;
c) e os custos da indenização do superficiário referente à a) apresentação das composições de custos, no Referencial
exploração de material de jazida, que “durante a fase de elaboração divulgado pelo DNIT, sem a parcela do BDI, considerando assim,
do projeto, deve-se atentar para a previsão dos custos associados todos os serviços principais, mas podem ser consideradas auxiliares
à remuneração do superficiário, detentor de posse das áreas quando utilizadas num orçamento específico;
potencialmente utilizáveis para exploração ou extração direta de b) a parcela improdutiva do equipamento, somente será
materiais de jazida” . considerada remunerada, quando fizer parte da patrulha do serviço
(conjunto de equipamentos por tipo e quantidade);
2.1.4 Transportes c) retirada da motoniveladora das composições dos serviços
de escavação, carga e transporte em rodovias pavimentadas;
O novo SICRO orienta para as operações de deslocamentos dos d) retirada do insumo Encarregado das composições de
insumos, o critério do menor custo é o que deve ser considerado. serviços, alocando-o na Administração Local, ainda como custo
Das inovações destacam-se: direto;
e) retirada do percentual de ferramentas que incidia sobre
a) as novas alocações em composições específicas, na o total da mão de obra. As ferramentas foram realocadas para os
parcela de transporte, tanto nos serviços de terraplenagem (com encargos adicionais da mão de obra, fazendo parte do cálculo
caminhão e motoscraper), da Produção de Equipe Mecânica – PEM, desse encargo, juntamente, com a alimentação, transporte e
bem como, nos serviços de transportes de insumos (com caminhão equipamentos de proteção;
basculante e caminhão carroceria com guindauto) - tempos fixos de f) criação do Fator de Influência de Chuvas – FIC, que
carga, descarga e manobras dos equipamentos transportadores. deverá ser aplicado diretamente sobre o custo unitário de execução
b) eliminação, nas composições de custos, da diferenciação dos serviços (mão de obra e equipamento) que sofram influência
entre transporte local e comercial. Após significativas observações, de chuva em sua produção. O FIC é um fator criado, a partir de
constatou-se que a distância do transporte local tem aumentado estudos das condições climáticas regionais, onde foi possível
em relação a distância comercial, equiparando-se uma com a outra. verificar o tratamento da série histórica de centenas de estações
Além disto, foi observado, pelo CENTRAN, que houve ocorrências pluviométricas do país. Ele foi criado com objetivo de prever a
de altas velocidades nos transportes locais, nos anos de 2008 e influência da chuva e de outras condições climáticas desfavoráveis
2009. Também, foi observado, que no entorno da obra, o transporte sobre a eficiência dos equipamentos e a produção das equipes
comercial, sofre interferência do tráfego, e essa interferência é mecânicas e de mão de obra, remunerando, somente, os serviços
contemplada no novo SICRO. Assim, considera-se a metodologia que sofrem essa influência;
de preço estimado por meio do cálculo dos custos de transportes g) criação do Fator de Interferência de Tráfego – FIT, é o fator
em função da Distância Média de Transporte – DMT, que consiste que remunera a redução de produção dos serviços de uma obra em
na estimativa do preço unitário, através do valor de aquisição do decorrência do volume de tráfego, principalmente, nos entornos
insumo (oriundo da fabricação e/ou fornecimento) acrescido do dos centros urbanos. É aplicado sobre o custo unitário de execução
custo do frete da origem até o local da utilização do insumo. de alguns serviços (mão de obra e equipamentos), além dos serviços
da parcela da CPRB. O menor valor global obtido nos orçamentos referencial para o custo das áreas edificadas continua sendo o custo
deverá ser utilizado como referência para licitação de obras de médio da construção civil do Sistema de Preços Custos e Índices -
infraestrutura, cabendo aos responsáveis dar ampla publicidade a SINAPI, extraído diretamente do site do IBGE.
respeito da condição adotada para elaboração dos orçamentos nos Através de elementos mínimos para projeto e o orçamento
termos de referência e nos editais de licitação ” . de um canteiro, como: a) cronograma físico da obra – estabelece a
Assim, o SICRO definiu valores referenciais de BDI, de acordo duração da obra e também, define os materiais para a construção
com a natureza e porte das obras, compartimentando-as em: do canteiro; b) histograma de mão de obra – é necessário para
construção e restauração rodoviária, conservação rodoviária, definir as dimensões dos alojamentos, refeitórios, e etc, através da
construção de Obras de Artes Especiais, recuperação, reforço e quantidade e distribuição no tempo. Na falta dessa ferramenta, o
alargamentos de Obras de Arte Especiais, alocando-as cada uma SICRO definiu o valor 1,33 para utilização desse dimensionamento;
delas em: pequenas, médias e grandes porte de obras. Ver Tabela 7. c) histograma de equipamentos – para dimensionar as instalações
Estabeleceu, também, que para serviços não constantes no de apoio tais como oficinas e pátios; d) estabelecimento do plano
SICRO 2, onde o custo total da execução do serviço for definido de ataque: se haverá ou não instalações de usinas, pedreiras, pátios
por meio de cotações de pesquisa de mercado, e, também para de pré-moldados; e e) determinação da infraestrutura do canteiro:
a aquisição e transportes de produtos asfálticos, o BDI a ser água, esgoto, telefonia, mobiliário, etc, começa-se a elaborar o custo
considerado é o chamado de BDI diferenciado, cujo valor é 15%, no do canteiro de obras.
caso de preços sem desoneração. Para obras cujo preço unitário seja A partir disto, o novo SICRO apresenta modelos referenciais
com desoneração o valor passa a ser de 21,24%. para o dimensionamento de um canteiro, onde se caracteriza em
4. Referências Bibliográficas:
DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES - Manual de Custos De Infraestrutura de Transportes.
Metodologias e Conceitos. Volume 1.[Brasília], [2017].
PESSOA JR, Elci - Impactos do Novo SICRO nas Obras Rodoviárias –
[2017].
DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES - Manual de Custos De Infraestrutura de Transportes.
Canteiros de Obra. Volume 7.[Brasília], [2017].
DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES - Manual de Custos De Infraestrutura de Transportes.
Administração Local. Volume 8.[Brasília], [2017].
______. Acórdão 2622/2013. Administrativo. Entidade: Tribunal de
Contas da União. Interessado: Tribunal de Contas da União. Relator:
Marcos Bemquerer Costa. [S.I.]. Disponível em <https://contas.tcu.gov.
br/portaltextual/MostraDocumento?qn=1&doc=2&dpp=20&p=0>.
Acesso em: 10 fev. 2014.
VIÁRIA
prata da casa
Luís Fernando Finamor,
Engenheiro Civil
DAER /RS
Larri Rivoire,
Professor
Uniritter
INDRODUÇÃO
Uma parte significativa e crescente de acidentes ocorre em Identificadas as causas, e os tipos de intervenções para alcançar
trechos onde a rodovia passa por área que sofreu desenvolvimento os objetivos almejados e estimados, a etapa seguinte reside
urbano desordenado. Nestes trechos encontra-se uma mistura na seleção daqueles locais que apresentam, preliminarmente,
de tráfego de passagem e tráfego local, com a participação melhores perspectivas de retorno econômico, em vista da
significativa de veículos pesados de carga, ônibus, bicicletas, e escassez de recursos humanos e materiais para desenvolvimento
pedestres atravessando a pista ao longo de toda sua extensão. de projetos para todos os locais que efetivamente tenham sido
Normalmente nessas travessias problemáticas encontram-se declarados críticos. E por fim, selecionados os locais para efetivo
também acessos e interseções com características inadequadas, em tratamento, devem ser desenvolvidos os projetos necessários para
condições precárias de operação e sem ordenamento de tráfego. essa situação.
Em geral os acidentes que ocorrem nessas travessias Entre as rodovias avaliadas, foi realizada pela Superintendência
urbanas resultam de uma multiplicidade de fatores contribuintes de Estudos e Projetos uma análise para o entroncamento de acesso
abrangendo: volumes de veículos e/ou pedestres excessivos em a Monte Bérico, km 76 da ERS-122, que por suas características
relação à capacidade da via, comportamento inadequado de geométricas e de ocupação apresenta maior vulnerabilidade
pedestres e de condutores de veículos, condições operacionais a acidentes. Da verificação da quantidade e a gravidade dos
insatisfatórias dos veículos em circulação, e deficiências do projeto acidentes, verificou-se a necessidade de elaborar um projeto com
viário. providências emergenciais para aumento de segurança viária e
Para minimizar acidentes e diminuir a sua gravidade, é minimizar o risco de acidentes na interseção (figura1).
necessário o desenvolvimento de um programa de estudo de Figura 1 - Imagem de satélite do acesso a Monte Bérico
segurança viária, com monitoramento de tráfego.
O propósito desses procedimentos é identificar os locais
onde ocorrem acidentes com maior frequência, para os quais seja
possível a adoção de algum tipo de melhoria capaz de reduzir a
quantidade ou a gravidade dessas ocorrências.
A abordagem começa com a identificação dos locais críticos
em termos de acidentes de trânsito, enfatizando-se a severidade
dessas ocorrências. Posteriormente, a identificação dos fatores que
efetivamente contribuíram para o desfecho dessas ocorrências,
ou seja, na investigação dos fatores contribuintes - diagnóstico. Fonte: (Google Earth –Abril/2014)
a mesma.
1.1.1 Elementos Geométricos
apresentam uma frequência de acidentes excepcionalmente A interseção do tipo “rótula aberta”, que abrange toda rotatória,
elevada, se comparada com as demais interseções ou trechos não teria condições de atender ao elevado número de conversões
entre interseções da malha viária. realizadas naqueles pontos, representando um alto risco de
A identificação dos pontos críticos refere-se a análise acidentes no local.
dos fatores condicionantes das ocorrências em cada ponto Por ser um trecho em pista simples com relevo montanhoso,
identificado. São realizadas vistorias in loco objetivando a foi observada uma deficiência de visibilidade em relação ao sentido
confirmação do diagnóstico prévio, avaliação dos fatores de oposto de tráfego, pela própria geometria do trecho e traçado da
risco e comportamento dos usuários; proposição de melhorias e rodovia, o que implica ao usuário dificuldade em realizar manobras
estimativa dos custos e benefícios econômicos das alternativas de forma segura.
propostas; programação e execução de projeto e obras e Por essas características os condutores realizam ultrapassagens
finalmente acompanhamento das melhorias implantadas. e /ou conversões forçadas e inseguras, geralmente resultando em
Numa etapa inicial são demarcados os fluxos de circulação acidentes de trânsito.
de veículos e pedestres e identificados os pontos de conflito. Nos locais onde há a presença de 3ª faixa de tráfego, destinadas
Para facilitar, os pontos foram assinalados nas fotos com o a veículos lentos, muitas vezes, os condutores também utilizam os
seu respectivo número. No cruzamento da Rua Valentino acostamentos para fazerem as manobras ou ultrapassagens.
Venturim com a rodovia, tem-se o primeiro ponto de conflito, e Notou-se também a dificuldade de veículos mais longos, de
no cruzamento da Av. Luiz Amalcabúrio com a ERS-122, tem- presença constante na rodovia, em realizar curvas mais acentuadas
se o segundo ponto, sendo que os dois foram analisados em sem invadir a outra faixa, ou ainda a faixa de sentido oposto,
conjunto (figura 2). denotando uma incompatibilidade entre frota passante e geometria
Os pontos 3 e 4 apontam os cruzamentos analisados sobre a do trecho.
rodovia e no ponto 5, tem-se o cruzamento da Av. Jacob Luchesi Constatou-se ainda a presença de acessos irregulares à via
com a rodovia ERS-122, na saída do Motel (figura 3). principal, onde não existia definição de ruas laterais, as quais se
referentes a geometria
da interseção, por ser um
tratamento a curto prazo, foram
muito pequenas, pois este tipo
de procedimento requer mais
tempo para implantação.
1.2.2 Melhorias na
Sinalização Horizontal e Vertical
O reforço de sinalização
consiste na implantação de
placas de regulamentação
de velocidade, placas de
advertência principalmente
Fonte: (DAER/RS – Data do Projeto: Maio/2014)
para advertir sobre a
implantação de semáforos na
rodovia, além das placas indicativas informando as localidades
próximas. Foi indicado ainda a revitalização e a implantação
dos veículos no sentido descendente da rampa, em níveis desejáveis, E em novembro de 2014, ocorreram as obras de tratamento de
acompanhado de sinalização específica. Esta manutenção da segurança viária com a implantação do reforço de sinalização e dos
velocidade se dá através da sensação de confinamento do condutor semáforos. Na figura 8 tem-se imagem do local atualmente, onde
pela implantação de tachões, formando um “trilho de roda” pelo qual se verifica o acesso à empresa devidamente fechado, sinalização
o veículo deve se deslocar. Este procedimento se encontra em fase vertical e horizontal assim como os semáforos implantados
de testes e ainda não foi regulamentado, porém tem demonstrado conforme projeto.
bons resultados. Figura 8 – Imagem do local atualmente
Foi indicada ainda no projeto a implantação de canteiros
fictícios com o uso de tachões e supertachões, delimitando canteiros
laterais, para disciplinamento dos movimentos de conversão,
além de marcas viárias (zebrados) com a finalidade de servir como
canalizadores de fluxo.
Foi criado um canteiro divisor com tachões e pintura na
interseção da rodovia com a Av. Luiz Amalcabúrio, com o uso
de defensa metálica, desta forma, na saída existente na Av. Luiz
Amalcabúrio foram instaladas defensas metálicas, evitando-se
o acesso direto a rodovia Canteiro criado na saída da Av. Luiz
1.2.4 Análise das melhorias (antes e depois)
Amalcabúrio.
No detalhe abaixo mostra a disposição na qual o tachão e o Para auxiliar na definição dos locais com necessidade de estudos
supertachão foram projetados para impedir que algum veículo específicos foram coletados e tabulados os dados de acidentes na
utilizasse a área destinada ao canteiro para manobras (figura 6). rodovia.
Fonte: (elaborado pelo autor, baseado nos dados fornecidos pela CRBM) Fonte: (elaborado pelo autor, baseado nos dados fornecidos pela CRBM)
1 INTRODUÇÃO
A investigação do tema quanto
à compreensão do poder de polícia
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens possui uma administrativa exercido pelo DAER, suas
grande abrangência no Estado do Rio Grande do Sul, haja vista a reais atribuições em face do interesse
malha rodoviária e a trafegabilidade de milhões de usuários que
público, da segurança e da ordem.
utilizam os serviços da Autarquia para suprir suas necessidades. Em
certa medida, atribui-se às autoridades o poder de sanção com a Contempla, tal estudo, o ramo do Direito
finalidade de orientar a conduta de cidadãos comuns. Assim, o Estado Administrativo, Direito Constitucional e
possui a faculdade de reprimir, não de forma absoluta e ilimitada,
demais leis infraconstitucionais utilizadas
sujeitando-se aos limites jurídicos, as liberdades individuais, sempre
asseguradas as prerrogativas na Constituição. O art.78, parágrafo pela Autarquia na condução dos atos da
único, do CTN faz referência às características do poder de polícia, relação intercorrente do Estado com os
que somadas, compõe a noção de exercício regular. A polícia particulares. A pesquisa foi no sentido
administrativa manifesta-se através de normatização condicionando
de agrupar dados devido à carência de
certos atos a regulação estatal. Ocorre que os atos fiscalizadores da
Administração Pública previamente se acautelam de possíveis danos dispositivos publicados que pudessem
que podem advir da ação de particulares. Portanto, as multas são esclarecer essa temática, uma vez que o
sanções que visam intimidar o cumprimento da norma e ressarcir Departamento possui outras atribuições
a Administração de algum prejuízo que a ação ou inação tenha
além da manutenção dos programas
causado. O DAER tem a função de vistoriar os veículos de transporte
intermunicipal de passageiros com o intuito de aferir as condições de de construção rodoviária, uma vez que
trafegabilidade e garantir a segurança dos usuários, prevenindo riscos a fiscalização nas rodovias do Estado
e possíveis acidentes. Da mesma forma, a fiscalização ao transporte
do Rio Grande do Sul realizada pelo
de cargas deve seguir um padrão com à marcação exata de peso
para prevenção de possíveis prejuízos a terceiros, como lentidão na Departamento Autônomo de Estradas
trafegabilidade nas rodovias, e o desgaste provocado no pavimento de Rodagens tem finalidade preventiva
das rodovias, bem como pontes e viadutos. A ideia imperativa de e denota particularidades no que tange
vedação de um comportamento está ligada à polícia administrativa,
a intervenção das liberdades dos direitos
no qual o Comando Rodoviário da Brigada Militar está inserido, uma
vez que, através de Convênio de Cooperação Técnica com o DAER, individuais em benefício da segurança e
possui delegação de poder para tanto. O objetivo principal é agilizar do interesse público.
os atendimentos e intervenções às demandas da comunidade.
2 O PODER DE
POLÍCIA NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
US$ 200 milhões o valor imobilizado no concedida a terceiros e executada por ao baixo custo inicial de implantação,
setor (patrimônio). No transporte especial empresas privadas que são operadoras grande flexibilidade e integração
existem 3.072 empresas cadastradas, do Sistema de Transporte Coletivo nacional, devido à extensão da malha
operando serviços de fretamento e Intermunicipal de Passageiros de rodoviária e a confiabilidade nos prazo de
turismo, possuindo uma frota de 8.600 Longo Curso, fiscalizado pelo Governo entrega de mercadorias. Todavia, a busca
veículos, com idade média de 13 anos. do Estado, através do Departamento por redução de custos e a constante
Além disso, a Equipe de Autônomo de Estradas de Rodagem otimização do transporte, faz com que
Planejamento de Linhas emite de 850 (DAER). Desta forma, as linhas oferecidas as empresas alterem a configuração da
a mil Ordens de Serviços, documentos para transporte de passageiros no frota, aumentando, assim, a capacidade
através dos quais, permitem que seja Estado do Rio Grande do Sul propiciam de carga dos veículos. Esta situação
autorizada a implantação ou modificação acesso equânime aos usuários, para acentua o desgaste nas rodovias, uma
dos serviços em determinadas linhas, a tanto, cabe ao Departamento gerenciar vez que compromete a durabilidade
fim de adequá-los às necessidades dos e coordenar essas atividades, inclusive dos pavimentos e das obras de arte
usuários. Da mesma forma, são fornecidas no que tange a política tarifária. Por isso, especiais, tais como pontes e viadutos,
autorizações para operações especiais é responsável pelo cálculo das tarifas, além de interferir diretamente na fluidez
programadas pelas empresas. Essas zelando pelo equilíbrio econômico e na segurança do tráfego pela limitação
operações são executadas em datas financeiro do sistema, visando garantir de velocidade e das possibilidades de
específicas, a fim de atender alterações do controle, bem como, a observância ultrapassagem vinculadas à presença
que advenham de demandas que possam à legislação vigente. Nesse contexto, destes veículos.
ocorrer em função de feriados e eventos o combate à clandestinidade de O Poder Público do Rio Grande
regionais. A gestão do transporte coletivo transporte de passageiros, merece uma do Sul atua nesta área através do
rodoviário intermunicipal é feita pelo fiscalização redobrada, pois os usuários Departamento de Autônomo de Estradas
Departamento Autônomo de Estradas incautos, visando, apenas o baixo de Rodagem e o Comando Rodoviário
de Rodagem, criado a partir da Lei custo, ficam a mercê da precariedade da Brigada Militar, através de fiscalização
Estadual nº 750 de 11 de agosto de 1937 da condução oferecida, sem qualquer do transporte desde o condutor do
e vinculado à Secretaria dos Transportes, garantia de segurança ou qualidade veículo, passando pelo transportador
órgão responsável pelas políticas setoriais de serviços. O transporte pirata de e o embarcador. Dessa forma, o
desse segmento do Estado. Outrossim, passageiros não contempla pagamento embarcador é responsável pela infração
além de gestor, o DAER tem também de impostos, obediência à legislação quando for único e o peso declarado no
a atribuição de Poder Concedente trabalhista, tampouco, preocupa-se documento fiscal for inferior ao aferido,
dos contratos de concessão das linhas com superlotação, uma vez que retira conforme descrito no Código Brasileiro
regulares e estações rodoviárias. passageiros do Sistema nos horários de de Trânsito. Neste caso, o transportador
O Sistema de Transporte Coletivo maior demanda. teria aprovado, de boa-fé, a declaração
Rodoviário Intermunicipal constitui-se de A constante manutenção do Sistema, falsa. Contudo, se o peso declarado for
(dados de 2015): contínuas avaliações e fiscalização, em superior ao limite legal (sem tolerância), o
certa medida, são ações que demonstram transportador e embarcador respondem
• 1255 linhas regulares e 383 a importância econômica e a função solidariamente pela multa.
secções; social que esse seguimento do Estado Nesse sentido, a Resolução 258/07
• 195 linhas temporárias (Plano possui, proporcionando aos usuários tornou mais rigorosa as normas de
Verão); bem-estar e segurança no que tange o controle de peso por eixo, uma vez que,
transporte coletivo intermunicipal. fixou em 5% a tolerância tanto no peso
nº 9.503,97 (CTB), tendo em vista o interesse e a conveniência A polícia administrativa tem a incumbência de regular e
administrativa. No desempenho das atribuições delegadas, os orientar a conduta dos particulares, todavia, a existência da
militares estaduais, subordinados ao CRBM, denominam-se de liberdade individual e da restrição estatal estão relacionadas
agentes de trânsito por delegação. Não obstante, a competência à necessidade de respeitar essa liberdade e garantir a ordem
para julgar a consistência dos autos de infração de trânsito e social. O fundamento principal é a predominância do interesse
aplicar a penalidade cabível, nos moldes do art. 281 do Código público sobre o particular, com esse propósito, o DAER cumpre
de Trânsito Brasileiro, permanecerá do Diretor-Geral do DAER, a função fiscalizatória junto aos transportadores de cargas,
a quem competirá exercer o poder jurisdicional de autoridade aos veículos de transporte intermunicipal de passageiros, bem
de trânsito, em obediência ao disposto no art. 16, inciso II, do como, conveniado ao Comando Rodoviário da Brigada Militar. A
Decreto Estadual nº 47.199/2010. prevenção de atos prejudiciais a terceiros ou ações criminosas
As multas são a modalidade sancionadora mais comum; estão sujeitos às sanções estatais que são puníveis através
visa, coercitivamente, limitar ações que sejam contra a lei e de multas ou intervenções policiais, diante disso, assegurar a
ressarcir à Administração Pública por prejuízos causados por trafegabilidade de milhões de usuários e preservar a malha
ação ou inação causada pelo administrado. Podem se renovar rodoviária são os principais objetivos do DAER.
REFERÊNCIAS JESUS, FELIPE G. DE; FONTENELE, HELIANA B., Excesso de Peso nos
BOLETIM DO DAER. POLÍCIA RODOVIÁRIA DO DAER. ANO XVI Nº 61. Veículos Rodoviários de Carga e seu Efeito no Fator de Equivalência de
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GODOY, VALDEMAR DE. MACHADO VILSON VITÓRIA. O Excesso de Peso Rodoviário Intermunicipal no Rio Grande do Sul. Revista Estradas, ano
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JÚNIOR, JOSÉ CRETELLA. Direito Administrativo do Brasil. Poder de
Polícia. Vol. V. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1961. www.crbm.bm.rs.gov.br/historico. Acesso em: 20/10/2015.
artigos
Deividi da Silva Pereira
Professor - pesquisador – UFSM– RS.
Tatiana Cureau Cervo
Professora - pesquisadora– UFSM – RS. RECICLADAS A QUENTE
Fabio Hirsch
Engenheiro Civil – Triunfo Concepa – RS.
Fernanda Dresch
Professora - pesquisadora – Unicruz – RS.
Há uma grande quantidade de técnicas de reciclagem as quais economicamente viável devido aos crescentes custos com CAP e,
se pode utilizar material asfáltico fresado, onde o desenvolvimento ainda, desencadeada pela crescente consciência com a produção
da reciclagem é muito variável de um país para outro, ou mesmo de materiais de pavimentos rodoviários sustentáveis. Na Europa, é
de região para região. Nos Estados Unidos, os materiais mais permitida a quantidade de RAP regulada por normas nacionais. Por
reciclados são as misturas asfálticas, sendo mais de 80 milhões exemplo, na Suíça, a adição de pavimento asfáltico recuperado em
de toneladas por ano. No Brasil, a técnica da reciclagem dos misturas asfálticas a quente é uma prática comum, onde a norma
pavimentos começou a ganhar destaque apenas no início de permite a utilização de um máximo de 70% de RAP em camadas de
1990, os quais relatam indícios de reciclagem a quente in situ do sub-base e 60% na base (Bressi et al., 2015, Bueche et al., 2015).
revestimento na rodovia Dutra, ganhando impulso a partir dos As misturas asfálticas recicladas a quente contendo elevadas
programas de concessão de rodovias, os quais já haviam sido porcentagens de RAP são cada vez mais comuns, sendo produzidas
iniciados em 1996. Assim, a partir disto, várias concessionárias têm em tambor misturador ligado em paralelo, pré-aquecendo o
utilizado esta técnica para recuperar segmentos de malha que RAP, ou por meio de cilindro de tambor duplo, o qual aquece os
necessitam de acréscimos na sua capacidade estrutural (Trichês et agregados virgens e, em seguida, mistura com RAP à temperatura
al., 2010; Brosseaud, 2011). ambiente. Em Portugal, os estudos e obras efetuados com material
A restauração de pavimentos utilizando a técnica de reciclado são desenvolvidos utilizando uma taxa de até 40% deste
reciclagem consiste em um método bastante promissor quando a agregado recuperado. A prática mais comum, nos Países Baixos, são
superfície reciclada apresenta grau de trincamento acentuado, o as misturas com 50% de material reciclado, onde não é incomum
qual possa ser conduzido ao problema de reflexão de trincas nas pré-aquecer os agregados virgens a 320°C para obter uma
camadas sobrejacentes ou, ainda, que exija espessuras elevadas de temperatura de mistura, no tambor duplo, de 160°C (Bento, 2010;
recapeamento. Além disso, é importante ressaltar que, desde que a Mohajeri et al., 2015).
reciclagem tenha sido considerada a alternativa mais viável para a
restauração, deve ser escolhida a melhor modalidade: a quente ou
a frio (Suzuki et al. 2004; DNIT, 2006). 3 METODOLOGIA
O processo de reciclagem a quente consiste em recuperar
materiais de pavimentação, no qual o pavimento asfáltico existente A partir dos ensaios laboratoriais é possível avaliar a técnica
é removido por intermédio de um equipamento fresador para da reciclagem a quente com relação às propriedades que se
produzir misturas de asfalto, as quais diferem de acordo com a deseja analisar. Foi realizada a análise de rigidez através do
temperatura em que ocorrerá o processo, ou seja, sob condições ensaio de Módulo de Resiliência, bem como a resistência através
de aquecimento dos materiais. As técnicas de reciclagem a quente do ensaio de Resistência à Tração. A verificação da deformação
podem ser classificadas de acordo com o local onde irá acontecer a permanente foi avaliada através do ensaio de Flow Number. Já,
mistura dos materiais: no próprio local onde está sendo executada a adesividade e coesão das misturas foram analisadas através
a obra (in situ) ou através de uma usina estacionária. A reciclagem dos ensaios de Lottman Modificado e Desgaste Cântabro,
a quente no local consiste de um método no qual o pavimento respectivamente.
existente é aquecido e amolecido e, em seguida, escarificado/ Este estudo trata da análise laboratorial das propriedades
moído até uma profundidade especificada. O tipo de usina mais mecânicas e de adesão/coesão de misturas asfálticas recicladas a
empregado para o processo é a drum mixer e o produto final deve quente, tendo por objetivo a análise dos resultados das misturas
atender às especificações de misturas asfálticas a serem aplicadas com adição de fresado nas proporções de 10%, 20% e 30%,
nas camadas desejadas, seja base, binder ou de rolamento. No comparados a uma mistura de referência, a qual não apresenta
entanto, o material fresado não pode ser processado em usinas material reciclado na sua composição.
respectivamente, para as misturas contendo 30% de agregado AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION
reciclado, quando comparados com os valores obtidos nos OFFICIALS, AASHTO TP 79-12: Determining the Dynamic Modulus and
Flow Number for HMA Using the Asphalt Mixture Performance Tester
mesmos ensaios para a mistura de referência. Acredita-se que (AMPT), Washington, D.C., 2005.
estes resultados tenham sido motivados pela presença do
AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION
material fresado, que, por sua vez, age elevando a resistência das OFFICIALS, AASHTO T 283: Standard Method of Test for Resistance
misturas as quais contém esse material na composição. Em um of Compacted Hot Mix Asphalt (HMA) to Moisture-Induced Damage,
Washington, D.C., 2007.
projeto de pavimento, a análise da rigidez com a resistência à
fadiga torna-se relevante. AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION
OFFICIALS, AASHTO M 323-12: Standard Specification for Superpave
artigos
alto potencial de redução de consumo de asfalto, além de ser PIRES, G. M.; SPECHT, L. P.; PINHEIRO, R. J. B.; PEREIRA, D. S.; RENZ, E.
excelente na distribuição de tensões, visto que é um material M., Comportamento mecânico de material fresado após processo de
estabilização granulométrica e química por meio da incorporação de
mais rígido, contribuindo para o projeto estrutural do pavimento. cimento e cinza de casa de arroz moída. Revista Matéria, v. 21, n. 2. Rio
Assim, ao realizar uma análise geral dos resultados, de Janeiro, 2016.
é possível concluir que a adição de material fresado em ROWE, G. M.; BARRY, J.; CRAWFORD, K., Evaluation of a 100% Rap
misturas asfálticas tem comprovada viabilidade técnica, visto Recycling Project in Fort Wayne, Indiana, 8th RILEM International
Symposium on Testing and Characterization of Sustainable and
que os experimentos de laboratório indicaram melhora no Innovative Bituminous Materials. v. 11, 2015.
comportamento destas misturas quando comparadas a misturas
SEGUNDO, I. G. R.; CASTELO BRANCO, V. T. F.; VASCONCELLOS, K.
convencionais.
L.; HOLANDA, A. S., Misturas asfálticas recicladas a quente com
incorporação de elevado percentual de fresado como alternativa para
camada de módulo elevado. Revista Transportes, v. 24, n 4. P. 85-94,
2016. DOI: 10.14295.
As misturas asfálticas com inserção de material reciclado de pavimento, aliadas à tecnologia das misturas mornas, trazem ganhos expressivos,
principalmente, na quantidade de material a ser inserido em novas massas asfálticas, além de atenderem aos preceitos da sustentabilidade. Com
esse intuito, o objetivo da presente pesquisa foi realizar um estudo sobre misturas asfálticas recicladas mornas, estudando misturas convencional à
quente (referência), morna (sem fresado), e morna com 25 e 50% de fresado (em substituição à massa total de agregados virgens), com uso de ligantes
convencional CAP 50/70 e modificado por polímero CAP 60/85. As amostras foram avaliadas quanto às propriedades de resistência, deformabilidade,
adesão e coesão. Os principais resultados apontaram que o desempenho das misturas asfálticas mornas é equivalente às convencionais à quente. Existe
também uma melhora significativa para as misturas com fresado incorporado. Os resultados de adesão e coesão, através do ensaio Lottman modificado,
mostraram-se positivos nas misturas com material reciclado, provavelmente, devido ao fresado utilizado na presente pesquisa dispor de ligante
envelhecido modificado com polímero (CAP 60/85) em sua composição. Quanto às misturas com ligante modificado, é possível afirmar que existe uma
expressiva melhora de desempenho quando comparadas às misturas com ligante convencional, para todas as propriedades estudadas.
diminui o envelhecimento asfáltico, aumenta a possibilidade de se #3/8”, sendo ocupado apenas o passante nessa peneira. Realizou-
transportar as misturas asfálticas a maiores distâncias entre pista e se um procedimento padrão de secagem desse material, o
usina e aplicar em locais de clima frio, além de trazer um grandioso qual foi deixado por 4 horas, na estufa, a 60°C. Esse processo foi
benefício que é a implementação de maiores quantidade de realizado antes de o material ser utilizado nas moldagens, para
material fresado, devido ao menor temperatura de produção das fins de eliminar qualquer umidade. Esse material era aquecido
misturas (MEJÍAS et al. 2012; PROWELL & HURLEY, 2007). até 110°C, durante 2 a 3 horas, antes da confecção dos corpos-
Na busca pela sustentabilidade, a união da tecnologia de-prova, a fim de não ocasionar um maior envelhecimento do
apresentada pelas misturas mornas e a reinserção de maiores material.
quantidades de RAP deu origem as misturas asfálticas recicladas Foram estudadas oito misturas asfálticas, entre misturas
mornas, uma das grandes áreas de estudo do ramo rodoviário na convencionais, assim chamadas as misturas de referência a
atualidade (CENTOFANTE, 2016; GENNESSEAUX, 2015; ZUBARAN, quente, e mornas com e sem adição de fresado, utilizando
2014; OLIVEIRA, 2013; MOGAWER et al., ligantes asfálticos CAP 50/70 e CAP 60/85. A proporção de
2011). Além do mais, ainda como aliado a aumentar cada fresado utilizada foi de 25% e 50%. Para análise da propriedade
vez mais o desempenho e qualidade das misturas asfálticas, há de resistência das misturas asfálticas recicladas mornas foi
incremento do uso de ligantes modificados por polímeros nas realizado o ensaio de Resistência à Tração por Compressão
misturas asfálticas recicladas mornas. Ligantes estes que têm Diametral (RT), a deformabilidade foi avaliada através do ensaio
como objetivo melhorar as características reológicas do asfalto, de Módulo de Resiliência (MR), e para averiguar as propriedades
principalmente em temperaturas extremas (ALMEIDA Jr., 2016; de adesão e coesão foram realizados os ensaios de Lottman
HAJJ et al., 2014). Modificado e Resistência ao Desgaste Cântabro.
A norma utilizada para o ensaio de Resistência à Tração
2. OBJETIVO por Compressão Diametral foi a DNIT - ME 136/2010. O ensaio
consiste na aplicação de uma carga estática de compressão
O objetivo geral da pesquisa foi avaliar o comportamento, distribuída ao longo de duas geratrizes opostas, a fim de se
quanto às propriedades de resistência, deformabilidade, adesão e obter as tensões de tração através do diâmetro horizontal,
coesão de misturas asfálticas recicladas mornas, utilizando ligantes perpendicularmente à carga. Antes de aplicar a carga, o
convencional e modificado, a partir de ensaios em laboratório, corpo-de-prova deve repousar em um compartimento com
analisando, principalmente, a influência do teor de fresado. temperatura controlada de 25°C, durante 24 horas. Foram
moldados e ensaiados corpos-de-prova com 6,3cm de altura e
3. MATERIAIS E MÉTODOS 10cm de diâmetro, aproximadamente, com volume de vazios
de 4±1%, que anteriormente a esse ensaio foram ocupados
Os agregados virgens utilizados foram provenientes do para realização do Módulo de Resiliência das misturas asfálticas
Km 30, da BR-290 (FreeWay/RS), coletados na pedreira da estudadas.
Concessionária Triunfo Concepa, de origem basáltica. O material O ensaio de Módulo de Resiliência foi determinado através
reciclado foi recolhido na fresagem de um trecho do pavimento, das prescrições da norma DNIT - ME 135/2010 e da norma ASTM
localizado no km 72+700, da também BR-290. Foram utilizados os D 4123:1982, na qual se baseia o equipamento utilizado para o
ligantes convencional CAP 50/70 e modificado por polímero CAP ensaio, a UTM - 25. O intuito do ensaio é determinar a capacidade
60/85. O aditivo surfactante para trabalho com misturas mornas que um corpo elástico tem de armazenar energia, quando
foi o Evotherm®, acrescido de 0,5% em função do peso do ligante solicitado a um carregamento e, após, retornar ao seu estado
asfáltico, para ambos os ligantes estudados. inicial. O Módulo de Resiliência é medido a partir da aplicação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sendo:
ε_r = deformação na ruptura (microstrain);
δ = deslocamento vertical no centro da viga com 95% da
carga de ruptura (mm);
H = altura da vigota (mm).
L = comprimento entre eixos dos cilindros de apoio (mm);
O cimento utilizado na pesquisa foi adotado como sendo Após 28 dias em câmara úmida, as vigotas foram
o do tipo CP-II E, com classe de resistência à compressão de 32 submetidas aos ensaios de resistência à tração na flexão,
MPa em 28 dias. Trata-se de um cimento composto, com adição seguindo a metodologia adotada para materiais cimentados
de escória granulada de alto-forno (entre 6 e 34%), bem aceito e testados pela Austroads (2008). Um suporte tipo yoke
utilizado em serviços de pavimentação no Brasil. empregado para instrumentação era acoplado junto à linha
A caracterização granulométrica foi realizada na sequência, neutra da vigota que, por fim, recebia um LVDT em uma das
seguindo instruções descritas no método de ensaio DNER-ME faces laterais junto ao centro do corpo de prova. A figura 5
083/98. Foram ensaiadas a base de BGTC e o fresado asfáltico apresenta a configuração do ensaio com a vigota preparada
separadamente para que, a partir dos resultados, pudesse para recebimento da carga.
estimar amostras de cada combinação de mistura para definição
da granulometria final da camada reciclada. Figura 5 – Configuração do ensaio de resistência à tração em viga quatro
Para a determinação da umidade ótima (ω_ót) e da massa pontos
específica aparente seca máxima (γ_smáx) das misturas foram
realizados ensaios de compactação, cujos procedimentos estão
prescritos no método de ensaio DNIT 164/2013-ME. A energia
referente à Modificada de compactação foi utilizada, consistindo
na aplicação de 55 golpes de soquete por camada.
Um total de 15 vigotas foram moldadas em formas metálicas
com seção 100x100x400 mm (figura 3). A compactação dos
corpos prova se deu de forma estática através de uma prensa
hidráulica com capacidade de aplicação de carga de 60 tf (figura
4) para 3 camadas de mesma altura.
Os resultados dos ensaios foram cruzados com as variáveis de dosagem para verificação da influência de cada material na mistura
reciclada. As figuras 6 a 9 apresentam essas relações através de gráficos.
Figura 6 – Relação “teor de cimento x resistência à tração na flexão” Figura 7 – Relação “teor de fresado x resistência à tração na flexão”
REFERÊNCIAS
AUSTROADS. Fatigue performance of cemented materials under
accelerated loading: influence of vertical loading on the performance of
A figura 8 aborda os resultados de deformação na ruptura unbound and cemented materials. Sydney, 2008. AP-T102/08.
AUSTROADS. Cost effective structural treatments for rural highways:
medido nos ensaios em função do teor de cimento e de fresado. cemented materials. Sydney, 2010. AP-T168/10.
Constatou-se altos índices desse parâmetro para as misturas BALBO, J. T. Fatos, mitos e falácias sobre os modelos experimentais de
fadiga. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, n. 32, 2000, Brasília.
com 70% de fresado, possivelmente pela perda de atrito Anais... São Paulo: ABPv, 2000. 391-404.
entre as partículas causado pelo ligante asfáltico presente no BALBO, J. T. Pavimentação asfáltica: materiais, projetos e restauração. São
Paulo: Oficina de Textos, 2007.
material coletado. Misturas com 20% de fresado apresentaram
CERATTI, J. A. P. Estudo do comportamento à fadiga de solos estabilizados
deformações baixas e similares entre si, próximas aos resultados com cimento para utilização em pavimentos. 1991. 314 f. Tese
(Doutorado em Ciências em Engenharia Civil) – Universidade Federal do
obtidos através de materiais virgens cimentados estudado pela
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991.
Austroads (2010). INSTITUTO ESPAÑOL DEL CEMENTO Y SUS APLICACIONES. Reciclado de
Na figura 9 foi possível observar o acréscimo de deformação firmes in situ con cemento. Madrid, 2013. Guía técnica.
JAPAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS. Concrete Library os JSCE n. 3 –
com o aumento do teor de fresado na mistura reciclada. Ao Part III-2 – JSCE-SF4: method of tests for flexural strenght and flexural
ultrapassar o limite indicado pelos documentos técnicos de toughness os steel fiber reinforced concrete. [S. l.], 1984. p. 58-60.
PINTO, S. Estudo do comportamento à fadiga de misturas betuminosas
referência brasileiros (máx. 50% de fresado), as deformações e aplicação na avaliação estrutural de pavimentos. 1991. 478 f. Tese
crescem substancialmente nas misturas com 2% e 6% de (Doutorado em Ciências em Engenharia Civil) – Universidade Federal do
O material fresado não recebe a atenção e importância que merece no Brasil. O reaproveitamento desse material, que apresenta comportamento tão
bom quanto os agregados virgens, quando empregado de maneira correta na composição de camadas de pavimentos novos ou restaurações, é uma
prática largamente utilizada em países europeus e nos Estados Unidos. Além de resolver o passivo ambiental das empresas, o reemprego do fresado
em misturas asfálticas, é uma alternativa sustentável que diminui o consumo de agregados virgens e custos com transporte de fresado e alocação
do mesmo. Este trabalho busca uma alternativa para emprego do material fresado como camada de base na execução de pavimentos novos. Foram
estudadas misturas recicladas a frio compostas de fresado estabilizado granulometricamente com pó-de-pedra e tendo como ligante betuminoso
emulsão asfáltica RL-1C nas proporções de 2% a 5% e de ligante hidráulico CP V ARI de 0% a 1% de cimento. As misturas propostas foram avaliadas
por meio de ensaios de resistência à compressão simples (RCS), ruptura por tração por compressão diametral (RT), módulo de resiliência (MR) e
FlowNumber (FN). Após a realização dos ensaios, observou-se que os valores obtidos demonstram que as misturas com proporção variando de 50%
a 75% de emulsão, em relação ao cimento empregado nas misturas, apresentam melhores resultados. Além disso, as mesmas misturas apresentam
valores de módulo resiliente variando entre 1500 MPa e 3000 MPa (valores muito acima dos recomendados por norma para camadas de base). O ensaio
de FN mostrou que a adição de cimento na mistura melhora os resultados aumentando o número de ciclos, apresentando como melhores as amostras
com 2% e 3% de emulsão. Acredita-se que esta será uma alternativa técnica e economicamente viável para destinação do material fresado gerado em
abundância pelas obras rodoviárias.
1. INTRODUÇÃO
A grande deterioração da malha rodoviária brasileira, para a sociedade. Os procedimentos clássicos de concepção
vivenciada pelos usuários, é oriunda de um conjunto de fatores. de rodovias utilizam variados métodos de construções
Podem-se elencar como componentes desse somatório: as normalmente empregando como agregados os materiais
elevadas solicitações, a idade dos pavimentos, o excesso de virgens. Uma alternativa favorável é a utilização dos resíduos
carga e a falta de manutenção no momento oportuno (DAVID, originados nas técnicas de decapagem do revestimento com o
2006). Ao mesmo tempo as condições ruins das rodovias emprego do próprio material fresado que é gerado em grandes
estão associadas a várias patologias, dentre elas: deformações volumes na manutenção de pavimentos.
permanentes excessivas, fissuras de fadiga, retração térmica Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo
e desagregação. As duas primeiras estão relacionadas com o demonstrar que a utilização do Reclaimed Asphalt Pavement
tráfego e a estrutura do pavimento, enquanto as últimas com as (RAP) para compor camadas de pavimento é viável. Assim
características dos materiais utilizados e as condições climáticas pode-se destinar um tipo de agregado nobre, muitas vezes
atuantes (SPECHT, 2004). desprezado, de forma correta para compor as camadas de um
A melhoria das condições das vias é de extrema importância pavimento sendo utilizado em bases e sub-bases.
Neste item são apresentados os resultados de estabilização Após a realização do ensaio de Compactação utilizou-se as
mecânica do material fresado misturado com pó de pedra, amostras para o ensaio de Índice Suporte Califórnia. Os resultados
emulsão e cimento, nas proporções das misturas avaliadas no dos ensaios de ISC são apresentados na Tabela 3.
estudo. Portanto, foram elaboradas oito misturas, as quais têm
Tabela 3 - Resultados do ensaio de ISC
suas curvas de compactação apresentadas na Figura 2.
Através do ensaio obtiveram-se as umidades ótimas e massa
especifica aparente para cada uma das misturas. As umidades
encontradas através deste ensaio serviram de base para todas
as moldagens do estudo. Vale lembrar que todas as misturas
passaram pelo processo de estabilização granulométrica (mistura
de 70% de fresado e 30% de pó de pedra) e físico-química
(adição de emulsão e cimento).
Figura 2 - Curvas de compactação das misturas propostas
Os resultados obtidos podem ser comparados a solos
grossos, pedregulhosos, do grupo G do Sistema Unificado de
Classificação de Solos ou também A1 e A2 da classificação do TRB
(Transportation Research Board) (DNIT, 2006). Todas as amostras
da pesquisa apresentaram valores superiores 20% (ISC) e expansão
inferior a 1%, parâmetros exigidos para materias utilizados como
sub-base. Os limites para utilização como camada de base são de
no mínimo 60% de ISC e 0,5% de expansão máxima, logo todas as
misturas cimentadas e a 2% 0% poderiam ser utilizadas.
Além disso, o aumento do teor de emulsão reduziu o ISC
Em resumo, a Tabela 2 apresenta as umidades ótimas e a tanto nas misturas com ou sem cimento, e também a incorporação
massa específica aparente seca máxima (γ_(d )máx) para cada de cimento aumentou consideravelmente o ISC das misturas. A
uma das 8 misturas. média do ISC das misturas com cimento foi de 249% maior que a
Tabela 2-Teores ótimos encontrados média das misturas sem cimento.
Pires (2014) encontrou valores para mistura estabilizada
granulometricamente com 70% de fresado e 30% material
virgem entre 68% e 95%. Já Silva (2012) encontrou valores de
45%. Ambos os autores encontraram valores próximos aos
dessa pesquisa. As misturas sem adição de cimento encontraram
resultados mais próximos ao de Silva (2012) e as misturas com
adição de cimento ao máximo encontrado por Pires (2014).
Nota-se que para as misturas sem cimento, conforme se As misturas estabilizadas com a adição de cimento
aumenta o teor de emulsão tem-se um aumento na umidade ótima apresentam os requisitos mínimos para utilização como material
das misturas. Já para as misturas com cimento, obteve-se uma de camada de base granular, segundo o método de projetos
mesma tendência, exceto a mistura 5% 1%. DNER de 1981. Para essa finalidade, o ISC deve ser superior a 80%
Felipe Caleffi
artigos
1. INTRODUÇÃO
4. METODOLOGIA
O software VISSIM foi usado para a modelagem da via,
considerando diferentes condições de tráfego. A seguir apresenta-se
a metodologia utilizada no estudo.
5.1.2 Velocidade
5.2.2 Velocidade
REFERÊNCIAS
Jaelson Budny
Mestre em Engenharia Civil, docente Unipampa
Em virtude da importância de se preservar as matérias primas e reduzir os custos que englobam as obras de pavimentação, torna-se premente o estudo de
técnicas construtivas econômicas e sustentáveis para o meio rodoviário brasileiro. Os materiais provenientes da reciclagem de pavimentação asfáltica têm o
potencial necessário para se tornarem uma importante alternativa construtiva, além de contribuírem na política de sustentabilidade. Neste cenário, o artigo
possui o objetivo de analisar o desempenho mecânico quanto à resistência à tração por compressão diametral do material fresado estabilizado com pó de
pedra, misturado com diferentes aglomerantes (cimento Portland CP-IV e cal hidratada dolomítica CH-II) e adições minerais (sílica da casca de arroz e cinza
volante) para sua utilização como camada de base para pavimentos. Utilizando o compactador Marshall, foram moldadas 10 misturas com diferentes teores
de adição na energia modificada do ensaio Proctor. Os ensaios foram realizados aos 28 dias de cura em corpos de prova com dimensões de altura de 5 cm e
diâmetro de 10 ± 0,2 cm. Os traços contendo 80% material fresado e 20% pó de pedra, estabilizados com 5% de cimento + 5% de sílica e estabilizados com
5% de cal + 10% de sílica apresentaram os melhores resultados. Verificou-se que tanto o cimento como a cal podem ser utilizados como agentes cimentantes
e que as adições minerais melhoram significativamente as propriedades mecânicas, contudo só podem ser utilizadas em conjunto com aglomerantes que
possuem a capacidade de ativar as suas reações pozolânicas. Também, que o estudo das mais variadas adições químicas se justifica, pois independente do
agente cimentante, os resultados foram satisfatórios. Por fim, considerando que o descarte indevido do material fresado é considerado um passivo ambiental, e
que as resistências mecânicas obtidas nos corpos de prova foram superiores às preconizadas tanto na normativa brasileira (DNIT-ES 167/13) como internacional
(WIRTGEN, 2012), conclui-se que os traços analisados apresentam potencial de utilização como material de base de pavimentos.
1. INTRODUÇÃO
O modal rodoviário é qualificado como uma das principais no momento adequado, excesso de cargas e idades elevadas dos
indústrias mundiais, seja do ponto de vista político, militar ou pavimentos.
econômico. No Brasil, este modal é a principal infraestrutura Em 2016, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT,
de transporte para cargas e passageiros, representando 2017) identificou 49.898 km (48,3% da extensão total avaliada)
aproximadamente o transporte de 90% dos passageiros e 60% com algum tipo de problema no pavimento. A melhoria das
das cargas (SPECHT et al., 2012). Este fato leva a uma excessiva condições dessas rodovias é vital para o desenvolvimento da
degradação da malha rodoviária, que ainda está relacionada a economia brasileira. Neste cenário, uma possibilidade favorável à
um conjunto de outros fatores, como: ausência de manutenção disposição final do material fresado é a reciclagem dos materiais
As seguintes conclusões podem ser inferidas a partir dos _____. DNIT-ME 136/2010: Pavimentação asfáltica – Misturas
asfálticas - Determinação da resistência à tração por compressão
resultados obtidos neste trabalho: diametral – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2010, 6 p.
necessitando-se de uma análise econômica e de disponibilidade _____. PCA: Full-Depth Reclamation using Portland Cement: A Study
de material para a devida adequação de projeto da mistura a ser of Long-Term Performance. Illinois, E.U.A, 2007. 60 p.
adotada. SEVERI, A. A., BALBO, J.T. RODOLFO, P.R., SESTINI, V. M., PRIETO, V.
Verificação à fadiga de Revestimentos Asfálticos e Bases Cimentadas
“Programa Pavimentos Asfálticos v. 1.0” Der. 1999. 27 p.
Fazer um estudo aprofundado das misturas que
apresentaram melhor comportamento mecânico. Pois, percebe-
SILVA, M. R. Utilização de material fresado com adições de cimento
se que mesmo adições químicas não usuais, apresentam
Portland e pó de pedra em camadas de base e sub-base de
resistências semelhantes às combinações tradicionais pavimentos. 2016. 83 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
(estabilização com cimento Portland). em Engenharia Civil) –Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2016.
artigos
Vanderlei Dias da Silva Kamilla Vasconcelos Liedi Légi Bariani Bernucci
Departamento de Engenharia de Transportes EPUSP Departamento de Engenharia de Transportes EPUSP Departamento de Engenharia de Transportes - EPUSP
O ensaio de Flow Number (FN) foi desenvolvido para Tabela 1 - Parâmetros adotados no ensaio de Flow Number para estudo
identificar as características de deformação permanente de de misturas recicladas
misturas asfálticas e vem sendo adotado também para os BSMs,
sendo o material submetido a um carregamento cíclico, sem
confinamento (KIM et al., 2009). De acordo com Witczak et al.
(2002), o ensaio é realizado a uma temperatura específica e com
aplicação de um pulso haversine axial compressivo de carga
repetida com duração de 0,1 s e com um período de repouso de
0,9 s de duração, até atingir 10.000 ciclos de carga ou até a falha da
amostra resultando em 5% de deformação, o que ocorrer primeiro,
utilizando amostras confeccionadas com 100 mm de diâmetro e Após realização do ensaio, os dados de deformação e número
150 mm de altura. O número total de ciclos e o tempo de duração de ciclos são ajustados a um modelo matemático para calcular
do ensaio são dependentes da temperatura e dos níveis de tensão o ciclo no qual a zona terciária começa, caracterizando o FN da
aplicados. O autor descreve que para misturas asfálticas os níveis amostra. Para isso tem sido utilizado o modelo de Francken, que
de tensão cobrem o intervalo entre 69 e 207 kPa. foi determinado em estudo realizado por Biligiri et al. (2007), após
Os resultados do ensaio de FN são normalmente estudar diversos modelos de deformação permanente, como sendo
apresentados num gráfico de deformação permanente o modelo que melhor representa o FN por descrever as três zonas
acumulada versus número de ciclos. A deformação permanente de deformação permanente.
acumulada é dividida em três zona: (i) na primeira, ocorre uma
consolidação inicial da mistura a medida que é carregada; (ii) 3. MATERIAIS E MÉTODOS
na segunda, a taxa de deformação permanente se mantém Foram analisadas amostras de material reciclado estabilizado
constante; e (iii) na terceira, a taxa de deformação permanente com emulsão asfáltica e com espuma de asfalto. A mistura com
aumenta rapidamente, como ilustrado na Figura 2. O FN é emulsão asfáltica foi preparada manualmente e a mistura com
definido como o número de ciclos de carga até o início da zona espuma de asfalto foi preparada com a misturadora WLB 10 S da
terciária (WITCZAK, 2007; COPELAND et al., 2010). marca Wirtgen. Os parâmetros adotados para as misturas estão
descritos na Tabela 2.
Figura 2 - Gráfico do ensaio de FN - deformação permanente acumulada
Tabela 2 - Parâmetros da mistura das amostras de BSMs
versus ciclos de carga
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A B
O ensaio de FN foi conduzido sem confinamento com Os ensaios realizados possibilitaram verificar a vantagem
aplicação de tensão axial de 140 kPa, conforme estudo de Kim quanto ao desempenho mecânico das misturas recicladas a frio
e Lee (2012), que adotaram tal nível de tensão com o objetivo indo além das vantagens ambientais e econômicas do material,
de atingir a zona terciária em um número de ciclos que não com destaque ao material estabilizado com espuma de asfalto,
ultrapassasse os 10.000, adotando uma temperatura de 40°C. que apresentou maior resistência à deformação permanente.
Para observação da tendência a deformação permanente Os resultados de FN evidenciaram o melhor desempenho
das amostras ensaiadas, os dados de deformação axial e do BSM estabilizado com espuma de asfalto, corroborando as
número de ciclos do ensaio de FN coletados foram utilizados diferenças observadas por Muthen (1999) entre os dois processos
para determinação matemática do FN por meio do modelo de de estabilização. A maior deformabilidade da mistura produzida
Francken, conforme descrito anteriormente. com emulsão asfáltica pode ter sido influenciada pela ligação
química ocorrida entre a emulsão asfáltica polimérica e o cimento
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES adicionado (2%), pelo teor de emulsão e sua dispersão na mistura,
ou também pela composição do corpo de prova com 98% de RAP
Os gráficos com a curva de deformação e o FN calculado podendo influenciar no intertravamento do material.
das amostras das misturas recicladas com emulsão asfáltica A pesquisa mostra a importância da caracterização do
e com espuma de asfalto são mostrados nas Figuras 4 e 5, material quanto à deformação permanente. É importante ainda
respectivamente. Pode-se verificar que a mistura com emulsão mencionar a necessidade da realização de ensaios em outras
asfáltica apresentou a ocorrência de FN com valores de 736 e configurações de misturas recicladas a frio. Os teores de cimento e
901, demonstrando a susceptibilidade da mistura com emulsão à asfalto utilizados nas duas misturas investigadas são considerados
deformação permanente. elevados para padrões adotados em misturas recicladas a frio em
As misturas com espuma de asfalto não atingiram o FN até alguns países.
os 10.000 ciclos de carga e também não apresentaram grande
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
variação na taxa de deformação. A partir dos resultados para as
duas amostras testadas, pode-se atribuir que a mistura reciclada ANDRADE, L. R. (2016). Comparação do comportamento de pavimentos
asfálticos com camadas de base granular, tratada com cimento e
com espuma de asfalto apresentou-se com maior resistência à
com estabilizantes asfálticos para tráfego muito pesado. São Paulo:
deformação permanente. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Figura 4 - Gráfico do FN - BSM estabilizado com emulsão asfáltica ASPHALT ACADEMY. (2009). Technical Guideline: Bitumen Stabilized
Materials, A Guideline for Design and Construction of Bitumen Emulsion
and Foamed Bitumen Stabilized Materials. Pretoria, África do Sul.
O objetivo da pesquisa relatada neste artigo foi verificar a influência do teor de cimento, da porcentagem de fresado e do tempo de cura no módulo de
resiliência na compressão diametral (MRD) de pavimentos reciclados com cimento, considerando diferentes materiais de base empregados nas rodovias
brasileiras (brita graduada simples – BGS, brita graduada tratada com cimento – BGTC, solo-cimento – SC e solo laterítico – SL). A partir dos resultados,
constatou-se que todas as variáveis analisadas afetam o comportamento das misturas recicladas, sendo que o teor de cimento elevou a rigidez das
misturas estudadas. Já a adição de fresado asfáltico provocou a redução do MRD das misturas com BGS, BGTC e SC, mas elevou a rigidez das misturas
com SL. Ainda, o tempo de cura aumentou o módulo de resiliência das misturas com BGS, BGTC e SC, porém reduziu para misturas com base de SL. As
misturas com BGS apresentaram os maiores valores de MRD; seguidas das que incluíram BGTC e SC, que exibiram um comportamento similar; sendo as
misturas com SL as que apresentaram menor rigidez.
foram definidos a partir em um projeto de experimentos do tipo agregado virgem (brita 3/8”) para promover a correção
fatorial 2k para as misturas com BGS como material de base, e granulométrica das misturas formadas por 80 e 92,43% de
em um projeto composto de segunda ordem (PCSO) ao estudar solo-cimento. Nas misturas com solo laterítico optou-se por não
os demais materiais, sendo este último realizado no software empregar agregado adicional, já que em algumas delas seria
estatístico Minitab. necessária uma grande quantidade de material complementar
As matrizes experimentais são apresentadas na Tabela 1, para correção das curvas, o que descaracterizaria as misturas,
sendo que os planejamentos experimentais adotados neste dificultando a comparação entre elas e também entre os
artigo são detalhadamente descritos nos trabalhos de Fedrigo diferentes materiais de base.
(2015), Kleinert (2016) e Schreinert (2017). Nas Figuras 1 a 4 são apresentadas as curvas
Quanto ao tempo de cura, os corpos de prova foram granulométricas das misturas estudadas, assim como a faixa
ensaiados aos 3, 7 e 14 dias. Para a moldagem dos mesmos, foi granulométrica ideal para reciclagem com cimento proposta
empregada a energia de compactação Modificada de Proctor, pela Wirtgen (2012). Ressalta-se que apenas na granulometria do
recomendada por Fedrigo (2015), por gerar grande acréscimo na solo laterítico foi utilizado defloculante.
resistência e rigidez da mistura, o que possibilita uma redução do Com base nas curvas granulométricas, observa-se que todas
teor de cimento. as misturas com brita graduada simples, brita graduada tratada
Na análise dos resultados, realizada pelo Minitab, foi com cimento e solo-cimento ficaram enquadradas nas faixas
verificado o valor-p, que é a probabilidade de errar na afirmação propostas pela Wirtgen (2012). Dentre as misturas com solo
de que o fator controlável tem efeito significativo quando na laterítico, verifica-se que apenas aquelas com predominância de
verdade não tem. O efeito para ser significativo precisa ter um material fresado (80 e 92,43%) se condisseram com tais limites,
valor-p inferior a 0,05, de modo que foram retirados dos modelos o que indica que as misturas com porcentagem de fresado entre
todos os termos com valor-p superior a 0,05. 7,57 e 50% são mal graduadas. A Tabela 2 apresenta os valores de
teor de umidade ótimo (ωót) e de peso específico aparente seco
3. RESULTADOS
foram significativos. Já o modelo gerado para misturas com SL elevação do MRD com o aumento da quantidade de material
apresentou um coeficiente de determinação inferior (61,90%), que é fresado asfáltico. Acredita-se que a composição granulométrica
considerado aceitável em decorrência do tamanho da amostra e da das misturas resultou nesse comportamento, já que a
variabilidade de dados encontrados para tal material. predominância do SL fez com que as misturas apresentassem
Com base nos dados provenientes dos modelos, observa-se muitos finos e insuficiência de material graúdo, tornando essas
que os efeitos principais (Fr, Ci e TC) foram significativos para todos mal graduadas. Desta forma, quanto maior a quantidade de
os materiais de base estudados, sendo o teor de cimento a variável fresado asfáltico, maior estabilidade granulométrica e, por
que mais influenciou o módulo de resiliência das misturas com BGS consequência, as misturas apresentaram uma maior rigidez.
e BGTC. Já nas misturas com SC, verificou-se que o teor de cimento O cimento tem grande influência no comportamento
e o tempo de cura apresentaram efeito semelhante. No caso das mecânico da mistura reciclada. Seu acréscimo aumentou a rigidez
misturas com SL, a porcentagem de fresado apresentou maior das misturas independentemente do material de base empregado.
influência nos resultados, seguida pelo teor de cimento. Isso aconteceu devido ao fato de gerar maior quantidade de
Verifica-se uma influência negativa quanto à incorporação do produtos cimentícios, o que ocasiona um número mais elevado de
fresado asfáltico para as misturas com BGS, BGTC e SC. Alguns dos pontos de ligação entre os agregados.
motivos para tal comportamento são: 1) os aglomerados de asfalto Quanto ao tempo de cura, sua influência é positiva para as
e agregados miúdos formam partículas menos resistentes que bases em BGS, BGTC e SC, já que a hidratação do cimento continua
as partículas de agregados naturais, que frente a carregamentos, ocorrendo durante a cura úmida, elevando a rigidez das misturas.
permitem que maiores níveis de deformações aconteçam; 2) o Para o solo laterítico ocorreu o contrário, já que os maiores valores
As seguintes conclusões podem ser inferidas a partir dos ARANHA, A. L. Avaliação laboratorial e de campo da tecnologia
de reciclagem de base com cimento para a reabilitação de
resultados apresentados neste trabalho:
pavimentos. Dissertação (Mestrado em Engenharia – Escola
O teor de cimento foi a variável que apresentou maior Politécnica): Universidade de São Paulo, São Paulo SP, 2013.
influência na rigidez das misturas recicladas com cimento, pois
DELLABIANCA, L. M. A. Estudo do comportamento de material
apresentou coeficiente elevado nos modelos de determinação fresado de revestimento asfáltico visando sua aplicação em
para todos os materiais de base estudados. Sua adição elevou os reciclagem de pavimentos. Tese (Doutorado em Engenharia –
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental): Universidade de
valores de módulo de resiliência, devido à geração de pontos de Brasília, Brasília DF, 2004.
contato entre os grãos e enrijecimento das misturas;
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
A porcentagem de fresado também foi bastante TRANSPORTES. Pavimentação asfáltica – Misturas asfálticas –
artigos
significativa para os quatro materiais de base, sendo que sua Determinação do módulo de resiliência – Método de ensaio: DNIT
135/2010 – ME. Rio de Janeiro, 6 p. 2010.
incorporação aumentou o módulo para as misturas com solo
laterítico, devido às características granulométricas. Para os FEDRIGO, W. Reciclagem de pavimentos com adição de cimento
Portland: Definição das bases para um método de dosagem.
outros materiais de base, verificou-se uma redução do módulo de
Dissertação (Mestrado em Engenharia – Programa de Pós-
resiliência, devido a aspectos relacionados à presença do ligante graduação em Engenharia Civil): Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre RS, 2015.
asfáltico que inibe a formação de pontos de cimentação;
O aumento do tempo de cura reduziu o módulo de KLEINERT, T. R. Reciclagem de pavimentos semirrígidos com
resiliência para misturas com SL e aumentou para misturas com adição de cimento: contribuição ao desenvolvimento de um
método de dosagem. Dissertação (Mestrado em Engenharia –
BGS, BGTC e SC. Tal comportamento pode estar relacionado com o Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil): Universidade
tipo de cura empregado; Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre RS, 2016.
A análise estatística realizada no Minitab foi satisfatória JI, X.; JIANG, Y.; LIU, Y. Evaluation of the mechanical behaviors of
e possibilitou a comparação entre os diferentes materiais de base, cement-stabilized cold recycled mixtures produced by vertical
vibration compaction method. Materials and Structures, 2016, 49
indicando uma maior rigidez para misturas com BGS e uma menor (7), 2257-2270.
rigidez para misturas com SL.
KOLIAS, S. The influence of the type of loading and temperature
É importante ressaltar que, devido à grande quantidade on the modulus of elasticity of cement-bound mixes of milled
de material necessária, não foi utilizado um único tipo de fresado bituminous concrete and crushed aggregates. Materials and
Structures. 1996, 29, 543-551.
na composição das misturas com diferentes materiais de base,
sendo este fato desconsiderado quando da análise entre as PUPPALA, A. J.; HOYOS, L. R.; POTTURI, A. K. Resilient moduli
misturas estudadas. response of moderately cement-treated reclaimed asphalt
pavement aggregates. Journal of Material in Civil Engineering,
Ainda, o ensaio de módulo de resiliência na Vol. 23, n7, p. 990-998, 2011.
compressão diametral foi realizado para fins comparativos
SCHREINERT, G. G. Reciclagem de pavimentos com adição de
entre a rigidez das diferentes misturas. Salienta-se que os cimento: comportamento mecânico de misturas contendo
valores de rigidez resultantes se distanciam bastante daqueles fresado asfáltico e solo laterítico. Trabalho de conclusão
(Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
normalmente obtidos por retroanálise de deformações elásticas Porto Alegre RS, 2017.
verificadas em pavimentos reciclados com cimento. Para fins de
TRICHÊS, G. et al. Caracterização do comportamento mecânico
dimensionamento, sugere-se a realização de ensaios flexurais, de misturas recicladas com adição de cimento. In: 42ª REUNIÃO
uma vez que as solicitações impostas e os resultados obtidos se ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 2013, Gramado. Anais... Gramado:
RAPV, 2013.
aproximam mais ao que é observado em campo.
WIRTGEN. Reciclagem a frio: Tecnologia de reciclagem a frio
AGRADECIMENTOS Wirtgen. Windhagen, Alemanha, 2012.
Alvaro Gonzalez
CIMAT, Faculty of Engineering, Universidad del Desarrollo, Santiago, Chile
José Norambuena-Contreras
LabMAT, Department of Civil and Environmental Engineering, University of Bío-Bío, Concepción, Chile
1. INTRODUÇÃO 1. INTRODUCTION
Na última década, um grupo de estudos em Delft tem se
concentrado nos revestimentos asfalticos auto cicatrizáveis. In the past decade, the group in Delft has focussed on
O foco principal foi a mistura asfaltica de textura aberta ou the self-healing of asphalt. The main focus was open graded
mistura asfáltica porosa. Este material é usado especialmente or porous asphalt. This material is used especially in the
na Holanda como camada superior de revestimento de todas Netherlands as top-layer of all the main highways. The reason
as rodovias principais devido ao seu excelente desempenho is its excellent performance in both noise reduction and water
na redução de ruído e drenagem de águas superficiais (ver Fig. drainage (see Fig. 1a). Although porous asphalt has these great
1a). Entretanto, a vida útil das rodovias revestidas com mistura qualities, its service life is much shorter (sometimes only half )
asfáltica porosa é muito mais curta (às vezes, apenas a metade) compared to dense graded asphalt roads. The main damage
quando comparada com rodovias revestidas com misturas mechanism of porous asphalt surface wearing courses is
asfálticas densas. O principal mecanismo de defeito superficial ravelling. This starts with ageing of the bituminous binder by
deste revestimento poroso é a desagregação que inicia com o oxidation, UV-light exposure and temperature cycles. The ageing
envelhecimento do ligante betuminoso por oxidação, exposição results in an increase of the stiffness of the binder, shrinkage
à luz UV e variação de temperatura. O envelhecimento resulta and micro-cracking, and subsequently debonding of the stone-
em um aumento da rigidez da mistura, contração e micro- matrix interface and loss of stones from the surface (see Fig. 1b).
rachaduras, e consequentemente o rompimento da interface Progressive loss of stones finally results in potholes. A review of
da matriz pétreae a perda dos agregados para a superfície (ver the work in Delft and also references to other groups that started
Fig. 1b). A perda progressiva de agregados finalmente resulta similar developments are given in [1]. Basically, two methods
em panelas. Uma revisão do trabalho realizado em Delft e are developed to prevent or stop the ravelling process, which
referências a outros grupos que iniciaram desenvolvimentos are discussed in this article and an outlook is given towards the
similares são dadas no trabalho de Tabakovic e Schlangen (2016) future. Finally, some research about the self-healing asphalt
[1]. Este artigo discute dois métodos desenvolvidos para prevenir developed in others countries have also been included in this
ou interromper o processo de desagregação, e fornece uma article.
visão para o futuro. Finalmente foram incluídas neste artigo.,
algumas pesquisas sobre as misturas asfálticas auto cicatrizáveis
desenvolvidas em outros países .
Figura 1: Asfalto poroso; esquema do mecanismo de degradação e lã de aço adicionada para aumentar a temperatura por indução.
Figure 1: Porous asphalt (a), schematic diagram of ravelling mechanism (b) and steel wool added for increasing temperature by induction (c).
a b c
a b
inovação
O segundo método segue outra abordagem. Em vez de The second method follows another approach. Instead of
aguardar a ocorrência de micro-rachaduras após o envelhecimento, waiting for micro-cracks to occur after ageing, encapsulated
o rejuvenescedor encapsulado é adicionado ao ligante fresco, rejuvenator is added to fresh bitumen, which should be released
que deve ser liberado quando o ligante fica rígido e quebradiço. when the bitumen gets stiff and brittle. The rejuvenator diffuses into
O rejuvenescedor difunde-se no ligante envelhecido e mantêm o the aged bitumen and makes (or keeps) the bitumen flexible and
ligante flexível evitando a desagregação. prevents ravelling.
A Figura 3 mostra diferentes tipos de cápsulas que foram
experimentadas nos últimos anos: partículas de areia porosa (2,5 Fig. 3 shows different types of capsules that have been tried in
mm) com revestimento à base de cimento, cápsulas de pré- the past years: porous sand particles (2.5 mm) with cement based
polímero de MMF (50 μm), cápsulas de alginato (1,7 mm ) e fibras de coating [5], MMF pre-polymer capsules (50 µm) [6], alginate capsules
alginato com bolsas contendo o rejuvenescedor. Todos os tipos de (1.7 mm) [7] and alginate fibres with pockets containing rejuvenator
cápsulas têm seus próprios prós e contras que são descritos pelos [8]. All capsule types have their own pros and cons which are
autores em artigos listados nas referências. described in the respective references.
a b c d
a)García, Schlangen, Van de Ven b) J.F. Su, E. Schlangen c) Xu, Tabaković, Schlangen, Liu d) Tabaković, Post, Cantero,
Ambos os métodos têm um grande potencial de cicatrização Both methods have great potential of healing of asphalt
de revestimentos asfálticos. Os métodos foram desenvolvidos road surfaces. The methods are developed for porous asphalt,
para a mistura asfáltica porosa, no entanto, também podem however, can also be applied to other (dense) asphalt mixes. The
ser aplicados a outras misturas asfálticas densas. A principal main disadvantage of the method with steel wool and induction
desvantagem do método com lã de aço e indução é que o is that ageing of the bitumen still takes place. This means that
envelhecimento do ligante continua ocorrendo. Isso significa the time between treatments will get shorter each time and at
que o tempo entre os tratamentos ficará cada vez mais curto e, some point the bitumen is aged so much that the method will
em algum momento, o ligante envelhece tanto que o método not work anymore.
não funcionará mais.
Figura 4 Esquema que mostra a abordagem combinada de Figure 4: Scheme showing the combined approach of steel
fibras de lã de aço e aquecimento por indução e cápsulas que wool fibres and induction heating and capsules that release
liberam rejuvenescedores após o aquecimento. rejuvenators upon heating.
Esse problema não acontece com os rejuvenescedores This problem will not happen with the encapsulated
encapsulados. Neste caso, a principal desvantagem é a rejuvenators. Here the main disadvantage is the speed of the
velocidade da difusão do rejuvenescedor no ligante envelhecido. diffusion of the rejuvenator into the aged bitumen. This speed
Contudo, esta velocidade aumentará se a temperatura aumentar. will however increase if the temperature increases. The solution
A solução pode ser combinar ambas as técnicas, tal como might be to combine both techniques as presented in the Fig.
apresentado na Figura 4. A indução irá aquecer o ligante e 4. Induction will heat bitumen and repair damage and promote
reparar o dano promovendo a difusão do rejuvenescedor. diffusion of rejuvenator.
5. PESQUISA EM OUTROS PAÍSES: O CASO DO CHILE 5. RESEARCH IN OTHER COUNTRIES: THE CASE OF CHILE
Diferentes grupos de pesquisa e laboratórios em todo Different research groups and laboratories all over the world
o mundo assumiram a idéia de desenvolver um asfalto com have taken up the idea of developing an asphalt that has self-
propriedades auto cicatrizantes. Sabemos que a pesquisa está healing properties. We know that research is being performed in
sendo realizada na Alemanha, Reino Unido, Suíça, Espanha, Germany, UK, Switzerland, Spain, Ireland, Turkey, China, Korea,
Irlanda, Turquia, China, Coréia, EUA e Chile. Os principais grupos USA and Chile. The main research groups in Chile are currently
de pesquisa no Chile são liderados pelo Dr. Álvaro González, da leaded by Dr. Álvaro González, from Universidad del Desarrollo
Universidad del Desarrollo (UDD), e pelo Dr. José Norambuena- (UDD), and by Dr. José Norambuena-Contreras, from Universidad
Contreras, da Universidade do Bío-Bío (UBB). del Bío-Bío (UBB).
a b c
Figura 5: (a) Ensaio de flexão em três pontos, (b) cicatrização Figure 5: (a) Three-point bending test, (b) crack-healing
de trincas da amostra de mistura asfáltica através de of asphalt sample via microwave heating, and (c) healing level
aquecimento por microondas e (c) nível de cicatrização versus versus repeated healing cycles for test samples with various
ciclos de cicatrização repetidos em amostras de ensaio com percentages of fibres [9].
várias porcentagens de fibras.
Fonte: J. Norambuena-Contreras, R. Serpell, G. Valdés Vidal, Source: J. Norambuena-Contreras, R. Serpell, G. Valdés Vidal,
A. González, and E. Schlangen (2016) A. González, and E. Schlangen (2016)
Basicamente, eles usaram misturas asfálticas densas, com Basically, they used dense asphalt mixtures with different
diferentes porcentagens de fibras de lã de aço, para construir percentages of steel wool fibres to build semi-circular asphalt
amostras de ensaio semi-circular (Figura 5a). Eles realizaram test samples (Fig. 5a). They conducted three-point bending
medidas de resistência à flexão em três pontos em dez amostras strength measurements of test samples before and after healing
antes e depois da cura (Figura 5b). A resistência das misturas ten times (Fig. 5b). The strength of the asphalt mixtures after the
de asfalto após os primeiros ciclos de cicatrização foi da first healing cycles was in the order of 80-90% (Fig. 5c), which
ordem de 80-90% (Figura 5c), que diminuiu com os ciclos de decreased with healing cycles to 40-50% for microwave heating
cicatrização para 40-50% com o aquecimento por microondas (J. [10].
Norambuena-Contreras and A. Garcia, 2016).
The researchers also investigated the steel wool fibres spatial
Os pesquisadores também investigaram a distribuição distribution and their influence on the physical and mechanical
espacial das fibras de lã de aço e sua influência nas propriedades properties of asphalt mixtures with crack-healing purposes by
físicas e mecânicas das misturas asfálticas com efeitos de cura microwave radiation. They tested their mechanical properties
de trincas por radiação de microondas. Eles testaram suas such as particle loss resistance in dry and wet conditions, and
propriedades mecânicas, como resistência à perda de partículas stiffness modulus and cracking resistance at four different
em condições secas e úmidas e o módulo de rigidez e a temperatures were evaluated.
resistência ao trincamento a quatro temperaturas diferentes.
Figura 6: (a) imagem de SEM de uma fibra de lã de aço e (b) imagem de Figure 6: (a) SEM image of a steel wool fibre, and (b) CT scan image of the
varredura de TC da distribuição de fibra dentro de amostra de asfalto de fibre distribution inside of self-healing asphalt specimen (box dimensions
auto-regeneração (dimensões da caixa 25x25x12mm). 25x25x12mm) [10].
a b
Fonte: J. Norambuena-Contreras and A. Garcia (2016). Source: J. Norambuena-Contreras, R. Serpell, G. Valdés Vidal, A. González, and E. Schlangen (2016)
Referências
References
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Science, 285-306, 273 (2016). This conference (2017).
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Construction and Building Materials 25 (9), 3746-3752 (2011). asphalt mastic mixtures by rejuvenator encapsulation in alginate
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Healing Materials, Bath, United Kingdom (2011). physical and mechanical properties of asphalt mixtures with
[4] Q. Liu, Induction healing of porous asphalt concrete, PhD- crack-healing purposes by microwave radiation. Construction
thesis Delft University of Technology, The Netherlands (2012). and Building Materials, 127:369-382 (2016).
[5] A. García, E. Schlangen, M. Van de Ven, Properties [10] J. Norambuena-Contreras and A. Garcia. Self-healing of
of capsules containing rejuvenators for their use in asphalt asphalt mixture by microwave and induction heating. Materials
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[6] J.F. Su, E. Schlangen. Synthesis and physicochemical [11] J. Norambuena-Contreras, M. Alvarado, J.L Concha, I.
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rejuvenator applied in asphalt. Chemical engineering journal thermal properties of self-healing asphalt mixtures. 71st RILEM
198, 289-300 (2012). Annual Week & ICACMS 2017, Chennai, India (2017).
relato de experiência
Jamille Freitas Fiuza
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
RECICLAGEM DO
Marcos Couto Correia
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia PAVIMENTO DA
Felipe Freitas Santos de Jesus
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
BR 420/BA
dos diferentes materiais constituintes da existente da BR 420/BA no segmento, O material foi retirado de forma
mistura, de forma a garantir que não haja foram realizadas coletas e preparação manual, com o auxílio de uma picareta
prejuízo estrutural na adoção deste tipo do material para realização dos e uma pá, e preparado conforme a
de solução. ensaios de caracterização, englobando norma DNER-ME 041-94, que apresenta
Este presente trabalho tem como granulometria por peneiramento, limites os procedimentos para a preparação
objetivo caracterizar geotecnicamente de Atterberg, equivalente de areia, de amostras de solo para classificação
e definir a solução a ser adotada para compactação e CBR, seguindo as normas granulométrica, determinação dos
restauração do pavimento existente da técnicas específicas do DNIT. limites de Atterberg, densidade real e
BR-420/BA, através da avaliação de três Foram estudados três diferentes umidade higroscópica para os ensaios
diferentes proposições: a) manutenção materiais: a) material coletado da camada de caracterização geotécnica. Com as
da base existente e execução de de base existente; b) material coletado amostras devidamente preparadas
novo revestimento; b) remoção do na camada de base existente acrescido foram realizados no Laboratório de
revestimento asfáltico existente para bota de 25% de brita corrida (brita corrida Pavimentação da UFRB os seguintes
fora e reciclagem da base existente com com 100% passando na peneira de 1”); ensaios: a) granulometria foi executada
incorporação de 25% de brita corrida; c) material coletado na camada de base conforme norma DNER-ME 080-94; b)
c) reciclagem da base existente com existente, acrescido do revestimento limite de liquidez de acordo com a norma
incorporação do revestimento existente e existente e 25% de brita corrida. A DNER-ME 122-94; c) limite de plasticidade
incorporação de 25% de brita corrida. expectativa inicial foi, a partir dos com base na norma DNER-ME 082-94; d)
resultados obtidos nas três diferentes equivalente de areia seguindo a norma
1.2 MATERIAL E MÉTODOS abordagens, definir destes materiais DNER-ME 054-97; e) compactação e CBR
é o mais técnica e economicamente conforme a norma DNER-ME 049-94.
O estudo foi realizado na rodovia viável para adoção na recuperação do A definição da quantidade de material
federal BR-420/BA, trecho: Entr.BA pavimento da BR-420/BA, no segmento de base e revestimento existentes nas
093(P/Pojuca) - Entr.BR 116/BA-250(B), estudado. misturas, em relação à massa seca total,
subtrecho: Entr.BR101(B) - Entr.BR 116/ Foram coletadas três amostras levou em consideração, dentre outros
BA-250(B), segmento: Km 229,0-km 352,1. do pavimento em pontos espaçados, aspectos, a espessura de cada um no
O volume diário de tráfego no em média, 600 metros um do outro, campo. Entretanto, nas misturas contendo
segmento é de, aproximadamente, 5000 localizados como indicado na Tabela 1. brita corrida, a sua quantidade foi sempre
veículos/ dia, culminando num número Em cada ponto foram coletadas amostras de 25%, também em relação a massa
N de 6,4 x 106 para um horizonte de e medidas as espessuras das camadas seca total da mistura. Nesse caso, os 75%
10 anos, período considerado para de revestimento e base, de forma a restante foram constituídos pelo material
projetos de correções estruturais, como a possibilitar a definição do percentual de da base existente, nas misturas entre
reciclagem do pavimento, por exemplo. cada um nas misturas analisadas. base existente + 25% de brita corrida, e
O trecho experimental escolhido Tabela 1 - Localização dos pontos onde foram por base e revestimento existentes, nas
para o presente estudo está localizado coletadas as amostras. misturas formadas de base existente +
entre as estacas 3905 e 3965, nos km revestimento existente + 25% de brita
307,1 e km 308,30, correspondendo a corrida, respeitando a participação
1200 m de extensão, situado entre os de cada um em função, conforme já
Municípios de Santa Inês/BA e Itaquara/ mencionado, das espessuras medidas
BA. A rodovia, nesse local, possui 8m As sondagens realizadas revelaram no campo. A brita corrida utilizada nas
de largura, sendo 7,0 m de pista de que nas proximidades dos locais de misturas foi adquirida em uma pedreira
rolamento e 0,5 m de acostamento coleta das amostras, o revestimento é do comercial localizada no Município de
em cada lado. Este trecho da rodovia tipo TSD + Micro revestimento e possui Jequié/BA, a mesma que será utilizada na
apresenta-se, numa extensão de 7,2 km, espessura de 3 cm, sobre uma camada obra.
113
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Material da base existente
Os resultados da granulometria por peneiramento, para cada
amostra coletada, estão presentados na Figura 1, juntamente
com seus respectivos enquadramentos nos limites da faixa D
estabelecidos pela norma DNIT 141/2010-ES.
É possível observar que todas as faixas encontradas
estão enquadradas na faixa D, de acordo especificação 2.1 Caracterização da mistura material da base
do DNIT 141/2010-ES, caracterizando-se como materiais existente + 25% de brita corrida
granulometricamente adequados para aplicação em camada de
base de pavimento rodoviário compatível com o nível de tráfego A Figura 2 apresenta as curvas granulométricas das
previsto para a BR-420/BA, nesse segmento analisado (6,4 x 106). misturas de material da base existente + brita corrida, para
O material foi classificado pelo Método de classificação TRB as três amostras coletadas (km 307,1, km 307,6 e km 308,3),
em A-2-6, com IG = 0, tanto no km 307,1 quanto no km 307,6. comparadas às tolerâncias da faixa D, estabelecidas pela norma
No km 308,3, entretanto, foi classificado como A-2, com IG = 1, DNIT 141/2010-ES, que foi a que a de melhor enquadramento
sendo os três materiais considerados como de boa qualidade para para todos os materiais analisados. Observa-se da Figura 2(a)
emprego em camada de base de pavimento rodoviário. que a faixa de trabalho da mistura com o material de base do
Os resultados dos limites de consistência e equivalente de km 307,1, que considera granulometria e tolerâncias, extrapola
areia do material coletado da base são apresentados na Tabela 2. o limite inferior da faixa D, desabilitando a mistura para uso
como base de pavimento rodoviário para o nível de tráfego
Tabela 2 - Caracterização do material coletado da base existente
projetado (6,4 x 106). Quanto as misturas com os materiais
coletados na base do km 307,6 e km 308,3 ambas as faixas de
trabalho se enquadram adequadamente na faixa D do DNIT,
conforme Figura 2(b) e (c).
Após a estabilização granulométrica com adição de 25% de
brita corrida os materiais da base existente, para os três locais
Embora, granulometricamente, os três materiais estejam de coleta, passaram a não apresentar a plasticidade sumarizada
aptos para utilização em camada de base de pavimento rodoviário, na Tabela 2, atendendo as exigências da norma DNIT 141/2010
conforme apresentado na Figura 1, verifica-se, da Tabela 2, que - ES quanto aos limites de consistência para serem empregados
estes foram reprovados, de acordo com as especificações da em pavimentação como camada de base estabilizada
norma DNIT 141/10-ES, pelos limites de consistência (wL > 25% e granulometricamente.
IP > 6%) e, também, pelo equivalente de areia menor que 30%. Figura 2 - Granulometrias das misturas de material da base existente +
Figura 1 - Granulometria dos materiais da base: km 307,1(a), km 307,6(b) brita corrida
e km 308,3(c)
107
para os três pontos analisados, indicando que os materiais são
adequados para utilização como camada de base de pavimento
com base nesses parâmetros.
3. CONCLUSÕES
116
ADAPTAÇÕES EM USINAS DE ASFALTO
PARA RECICLAGEM A QUENTE OU
recomendação técnica
Kamilla L. Vasconcelos
Laboratório de Tecnologia de Pavimentação
Departamento de Engenharia de Transportes – Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo
2. Beneficiamento do RAP
Já em relação ao controle de
umidade, as pilhas poderão ser estocadas
tomando-se alguns cuidados específicos
como, por exemplo, a cobertura do
material. Além disso, deve ser mantida
uma altura de pilhas relativamente
baixa, deixando a superfície de apoio
ligeiramente inclinada, de modo a
favorecer a drenagem de eventual
Figura 1: Fracionamento do RAP. Fonte: Adaptado de Risley,2010
umidade excessiva retida (Risley, 2010).
Outro aspecto que deve ser
levado em consideração é o grau de
homogeneização do RAP em vista das 3.1 Usinas Gravimétricas (baixos bateladas por hora.
diferentes procedências de materiais. O teores de RAP) A incorporação de RAP durante o
teor de CAP do RAP a ser reaproveitado processo de usinagem em usinas do tipo
(considerando a reativação do ligante) gravimétrica pode ser realizada de duas
irá depender da idade do material, das As usinas gravimétricas são maneiras, introduzindo o material a ser
condições climáticas a que ele foi exposto conhecidas por terem a produção reciclado diretamente no misturador ou
etc. da mistura asfáltica por bateladas na entrada inferior do elevador, conforme
devidamente controladas por pesagem. abordado a seguir.
3. Usinagem Os silos frios armazenam os agregados e
por meio de uma correia transportadora 3.1.1 Inserção do RAP no Misturador
migram para um tambor secador para
A mistura asfáltica reciclada a secagem e aquecimento através da O primeiro modelo de misturador
quente ou morna pode ser obtida em energia de um queimador. usado para produzir uma mistura
usinas de asfalto fixas (estacionárias) Após a extração da umidade, asfáltica reciclada de alta qualidade
ou móveis. A seguir, serão um elevador de caneca transporta os foi desenvolvido em Maplewood,
apresentadas as principais adaptações materiais para a parte superior de uma para o Departamento de Transportes
especificamente para usinas fixas, torre de pesagem. Um conjunto de de Minnesota (NAPA,1996). Este
visando a incorporação de material telas vibratórias classifica as partículas modelo ficou conhecido na literatura
fresado no processo de usinagem. na granulometria desejada que internacional como “Minnesota Method”,
Tradicionalmente, para a produção de posteriormente são separadas nos silos traduzido aqui livremente para o “Método
misturas asfálticas são empregados quentes. de Minnesota”, pois provou que misturas
dois tipos de usinas de asfalto: Os materiais são pesados em asfálticas de alta qualidade poderiam ser
gravimétricas e contínuas, ambas balanças individualmente de modo a produzidas com material fresado.
abordadas no presente artigo. As garantir a correta proporção da mistura. Esta técnica consiste na passagemdo
Figuras apresentadas a seguir limitam- O CAP é injetado no misturador para RAP (frio e com baixo teor de umidade)
se a ilustrar apenas as adaptações para homogeneização e o tempo de mistura é pelo funil de pesagem como um material
a inserção do RAP nos equipamentos controlado por um sistema automatizado. adicional, onde a troca de calor ocorre
e não contemplam as questões A mistura é armazenada em um silo por condução com os materiais virgens
relacionadas ao controle de emissões e quente ou descarregada diretamente superaquecidos na caixa de pesagem
demais etapas necessárias ao processo no caminhão que será enviado para a e no misturador ao longo do ciclo de
(incorporação do ligante, retorno de obra. A produção deste tipo de planta mistura a seco.
finos, etc). é determinada pela capacidade de Com este tipo de configuração, onde
b) Tambor Duplo
c) Misturador Contínuo
um dispositivo de multi-estágios remove as partículas no ar e um (via anel ou tambor duplo), ou ainda em um misturador contínuo
filtro final remove a “fumaça azul” (termo dado em inglês como blue ao secador.
smoke). Além disso, para uma mistura final de qualidade, Tanto nas usinas gravimétricas, quanto volumétricas, a
é necessário um maior fracionamento das pilhas de fresado e utilização de altos teores de RAP na mistura final requer um pré-
consistência dos materiais. aquecimento do material de modo a evitar o contato direto da
chama do queimador com o ligante presente no RAP.
Em vista disso, o teor de RAP será função do tempo e forma de
4. Adaptações de Usinas no Brasil
exposição ao calor durante todo o processo de usinagem da nova
No Brasil, existem poucos casos relatados na literatura de mistura. A usina deve estar preparada e adaptada para garantir
aplicação de misturas asfálticas recicladas. Isso deve-se ao fato o aquecimento e homogeneização entre os materiais reciclados,
da falta de exigência por parte dos órgãos governamentais por virgens e possíveis aditivos químicos.
materiais reciclados, e ainda por falta de conscientização dos A incorporação do RAP em misturas asfálticas recicladas não
impactos ambientais causados por obtenção de agregados e está limitada apenas ao tipo de usina. O material fresado requer
ligantes asfálticos novos. alguns cuidados em sua gestão que vão desde o momento da
Uma das primeiras experiências de reciclagens de operação da fresagem, o seu beneficiamento, fracionamento,
material fresado no país ocorreu em 1986, quando a DERSA estocagem, monitoramento das pilhas, controle de granulometria e
(Desenvolvimento Rodoviário S/A) aplicou uma mistura asfáltica principalmente de umidade, até a fase de usinagem.
reciclada com 50% de RAP em uma usina do tipo drum-mixer, no Por fim, recomenda-se o estudo da viabilidade de utilização de
recapeamento da Rodovia Anhanguera. Castro Neto (2000) relata material fresado em misturas asfálticas, sobretudo em programas
que, após 14 anos de serviço, o desempenho do pavimento de manutenção de rodovias que dispõe da previsão do volume
encontrava-se excelente e, em sua dissertação de mestrado, de material fresado a ser gerado, localização das usinas de asfalto,
propôs um método de dosagem de misturas recicladas a quente. distâncias de transporte de materiais e os custos dos insumos de
Gennesseaux (2015) aponta que as misturas asfálticas produção e aplicação de misturas asfálticas. Com uma boa gestão do
recicladas na técnica morna, com altos teores de RAP, ou processo de geração do RAP é possível garantir uma pavimentação
combinando ambas as técnicas, atendem aos níveis de cada vez mais sustentável.
durabilidade requeridos pelas normas. No entanto, ressalta que é
necessário o uso de usinas adaptadas que prevejam a entrada do REFERÊNCIAS
AMMANN – Usinas de asfalto – Catálogo de divulgação. Gravataí, Rio
material longe da chama do secador. Grande do Sul,2012.
ASPHALT INSTITUTE. Asphalt Hot-Mix Recycling. Manual Series n. 20 (MS-
5. Conclusão 20). Second Edition. 1986.
pouco explorada no Brasil. Um dos critérios adotados para aquecer e COPELAND, A. Reclaimed Asphalt Pavement in Asphalt Mixtures: State
dar trabalhabilidade ao RAP é utilizar o excesso de calor proveniente of the Practice. Federal Highway Administration, Report Nº FHWA-
HRT-11-021. Form DOT F 17007.7 (8-72). 2011.
do superaquecimento dos agregados virgens. Assim sendo, é
necessário controlar a temperatura de usinagem para que não ocorra FRANK, B. New Law Permits 100 Percent RAP on Streets. Equipment
Worlds’s Better Roads, Highway Contractor, 2014. Disponível em: <http://
o risco de queima e oxidação do ligante remanescente. raptech.us/library/Highway-Contractor-New-Law.pdf>. Acesso em: 20 Jul.
Dentro deste contexto, tem sido analisado e pesquisado em 2017.
função do tipo de usina, do teor de RAP utilizado e o volume total
KANDHAL, P. S.; MALLICK, R. B. Pavement Recycling Guidelines for State
produzido, o melhor local para se introduzir o RAP na linha de and Local Governments. Federal Highway Administration, Report Nº
produção da mistura reciclada tanto morna, como totalmente a FHWA-SA-98-042. Form DOT F 17007.7 (8-72). 1997.
quente.
A incorporação de RAP em misturas asfálticas recicladas pode RISLEY, K. APAM. Plant Operations. In.: Annual Asphalt Paving Conference,
54th, 2010, Michigan. Disponível em: <http://www.apa-mi.org/docs/
ser realizada tanto em usinas gravimétricas, quanto em usinas PlantOperations.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2017.
abril
18 - 20
Seminário Internacional
sobre Questões Ambientais
em Projetos e Operação de
2018
julho
31 - 03
10ª Conferência
2018
setembro
19 -21
2018