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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
PRODUÇÃO EM COMUNICAÇÃO E CULTURA
DISCIPLINA: PROGRAMAÇÃO VISUAL
DOCENTE: HELOÍSA GERBASI

IAN CASTRO DE SOUZA

RELATO
APRESENTAÇÃO DE BÁRBARA TÉRCIA

Salvador
2008.1
O bêabá do design: o que é fundamental para o encaminhamento de um projeto?

Ian Castro de Souza*

Qual é o primeiro passo a ser dado quando um projeto de diagramação editorial cai em suas mãos?
Bem, essa é a pergunta que Bárbara Tércia, designer gráfica formada pela Escola de Comunicação e Arte
da Universidade de São Paulo, tentou, com êxito, responder em uma aula ministrada especialmente para
a disciplina Programação Visual.
Antes de responder esta ou qualquer outra pergunta, se faz necessário definir o termo “diagramar”.
Diagramar, ou paginar, é o ato de distribuir elementos gráficos em um determinado espaço. O conceito é
aplicado hoje não só a impressos (como panfletos, cartazes, jornais, revistas e livros), mas a qualquer
mídia na qual o apelo visual seja fundamental, como a internet e a televisão.
Após este esclarecimento primeiro, podemos agora partir para o primeiro passo a ser dado em um
projeto de diagramação: obter todos os textos e imagens a serem diagramados. Obviamente, o dever se
produzir estes materiais, fundamentais para o projeto, não é do designer, mas é preciso averiguar a
qualidade deles para assegurar-se da qualidade final do seu trabalho – não adianta uma diagramação
extremamente bem executada se existem erros de português nos escritos ou as fotos estão com resolução
pequena (ou simplesmente são desinteressantes). Rapidamente, a designer destacou de maneira simplista
os dois tipos de imagem que existem nos meios digitais: a fotografia (bitmap) e a ilustração – ressaltando
ainda que, no segundo tipo, podemos encontrar ainda duas subcategorias: a ilustração escaneada, que tem
propriedades semelhantes a uma fotografia, e a vetorizada, que é desenhada matematicamente, o que
garante sua qualidade seja qual for o tamanho em que ela se encontre.
O segundo passo é a aplicação do briefing no cliente. Mas, o que é o briefing? Ele é uma ferramenta
que possibilita a passagem de informações do cliente para o designer de forma sistematizada – digamos
que seria uma maneira de formalizar, ou melhor, normatizar o processo criativo. E por que é necessário
impor uma espécie de organização (mesmo que reduzida) a algo tão caótico como a criação?
Simplesmente porque um briefing devidamente aplicado pode poupar (re)trabalho e evitar uma série de
problemas durante o desenvolvimento do projeto. O documento denominado briefing contém a descrição
detalhada do produto para o qual o projeto está sendo feito: suas características, seus objetivos, o perfil do
seu público-alvo, sua imagem no mercado, seus problemas e outras informações imprescindíveis para
iniciar o processo de planejamento gráfico – baseado num objetivo, que pode ser desde buscar
confluência do design com a realidade do produto até galgar soluções para a aceitação deste produto,
*
Graduando em Comunicação Social com habilitação em Produção em Comunicação e Cultura.

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identificando suas deficiências e re-pensando seu apelo ao consumo. A definição do público-alvo, um
dos componentes do briefing, é essencial para a criação do projeto. A partir dela, determinam-se também
elementos básicos como tamanho do papel, tamanho da letra, a possibilidade (ou não) de maior
exploração das imagens e formas, entre outros. Para exemplificar a vital importância do público na
formatação do projeto, Bárbara utilizou a revista Piauí, cujo formato ergonômico do papel e tamanho
diminuto das letras são próprios, respectivamente, da sua situação de consumo e da faixa etária do seu
público-alvo – segundo ela, a revista é feita para ser lida demoradamente, com maior apoio e nas mais
diversas posições (como sentado ou deitado), hábitos típicos de jovens, principais consumidores da
publicação.
Em posse dessas informações, o terceiro passo é pensar no formato do projeto. Para tanto, é necessário
levar em conta aspectos (contidos no briefing), como a distribuição do produto, seu volume de conteúdo,
diferencial ante a concorrência e, principalmente, a usabilidade (caráter prático) e a situação á qual serve
– para tanto, recorre-se, mais uma vez, ao exemplo da Piauí, que tem seu formato próprio para sua
situação de consumo, que seria diferente se a publicação se caracterizasse como um guia cultural.
Existem duas famílias primordiais de papel: a A (mais usada) e a B. Quando um projeto é dimensionado
com base nos tamanhos derivados dessas famílias (como A4 e A3, bastante comuns) o aproveitamento
do papel é máximo, evitando assim desperdício de material e custos desnecessários com seu corte.
O planejamento gráfico em si é o quarto passo a ser efetuado. É preciso, primeiramente, fazer um
rascunho do projeto (a mão), organizando idéias e elementos do design num papel – já com o formato
definitivo. A diagramação de uma publicação deve constituir e, posteriormente, seguir determinações que
a conferem unicidade – seu diferencial (gráfico) quando comparada a qualquer outro produto de mesma
espécie – e mantenham uma identidade em todas as suas edições. É imprescindível ter internalizado que
os elementos da composição gráfica devem servir às informações que esta, como um todo, tem como
objetivo transmitir – a atenção deve ser direcionada ao texto e, no máximo, às imagens, não à
composição gráfica em si. Dentre os fundamentos da diagramação é necessário prezar sempre pela a
hierarquia tipográfica e a legibilidade, responsáveis pela fluidez do fluxo das informações baseada numa
organização dos elementos visuais que torna a leitura mais fácil e compreensível.
Não há então mais passos, pois, a partir de agora, é preciso apenas usar sua criatividade e sua
habilidade em programas de editoração gráfica, o que nenhuma aula ou apresentação pode ensinar.

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