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Vale Do Iguaçu
Direito Processual Civil I.
3º período.
Unidade 06 – Ação.
A teoria civilista ou imanentista, adotada por Friedrich Carl Von Savigny, no século XIX,
antes da autonomia do direito processual, possuía como foco o direito material, tratando a ação
como um elemento do direito, resultando em entendimento equivocado de que não havia ação
sem direito.1
Imanente é aquilo que faz parte de algo de modo inseparável, enquanto civilista diz
respeito ao direito material. Para tais teorias, a ação seria mera parte, expressão ou efeito da
essência do direito principal discutido no processo.
Muther apontou a distinção entre “direito lesado e ação. Desta, disse, nascem dois
direitos, ambos de natureza pública: o direito do ofendido à tutela jurídica do Estado (dirigido
contra o Estado) e o direito do Estado à eliminação da lesão, contra aquele que a praticou”.
Ainda como direito autônomo em relação ao direito material, a ação passou a passar por
discussões a respeito da qualidade – concreto ou abstrato.
Na Alemanha, Adolph Wach formulou a teoria do direito concreto à tutela jurídica, tendo
como base o fato de que só haveria tutela em caso de decisão favorável ao autor da ação, motivo
pelo qual “a ação seria um direito público e concreto (ou seja, um direito existente nos casos
concretos em que existisse direito subjetivo)”3.
Oskar Von Büllow desenvolveu uma espécie dessa teoria, afirmando que o direito de ação
seria satisfeito apenas pela sentença justa. Giuseppe Chiovenda também aderiu à teoria concreta,
1 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria
Geral do Processo. 24. Ed. São Paulo: MALHEIROS, 2008, p. 268.
2 Idem.
3 Idem.
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Assim, pela teoria do direito concreto, a ação apenas existia quando o pedido
fosse julgado em favor do autor. Se a decisão não fosse favorável, dizia-se que o direito de ação
não foi exercido.
Karl Heinrich Von Degenkolb, na Alemanha, em 1877, criou a teoria da ação como
direito abstrato de agir, pela qual a ação seria o direito de pedir a proteção da jurisdição, isto é, o
direito do qual qualquer um é titular, pois é indiferente se possui ou não razão no pleito
formulado em juízo.5
A teoria da ação como direito abstrato teve diversos seguidores, tais como o húngaro
Alexander Plósz, os italianos Alfredo Rocco – que falava no exercício do direito de ação contra o
Estado – e Franscesco Carnelutti – pregando a ação dirigida contra o juiz, e não contra o Estado
– e o uruguaio Eduardo Juan Couture, entendendo a ação como “categoria constitucional do
direito de petição”6.
Enrico Tullio Liebman formula a teoria denominada como eclética, pois intermediária
entre a concreta e a abstrata. Para Liebman, a ação “em sua extrema abstração e generalidade, não
pode ter nenhuma relevância para o processo, constituindo o simples fundamento ou
pressuposto sobre o qual se baseia a ação em sentido processual”7, considerando exercida a
jurisdição apenas pela decisão do juiz quanto ao mérito, favorável ou não ao requerente.
Desta forma, pela teoria eclética a ação é abstrata, mas condicionada, pois o direito ao
acesso à jurisdição é assegurado constitucionalmente a todos, mas a sentença com análise do
mérito é destinada apenas aos que preenchem as condições da ação: interesse de agir e
legitimidade processual (no Código de Processo Civil de 1973, havia ainda a possibilidade jurídica
do pedido).
4 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria
Geral do Processo. 24. Ed. São Paulo: MALHEIROS, 2008, p. 269.
5 Idem.
6 Ibidem, p. 270.
7 Ibidem, p. 271.
8 Idem.
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A teoria eclética critica a teoria concreta porque entende que direito de ação não é direito
concreto e definido à procedência do pedido, mas também critica a teoria abstrata, levando em
conta que devem ser impostos requisitos (condições da ação) à análise do mérito, impedindo que
o direito à ação se converta em direito à decisão de mérito sem qualquer fundamento ou
requisito.
As ações declaratórias podem ser positivas – para que a sentença declare (se procedente o
pedido) a existência de algo – ou negativas, com a finalidade de que a sentença declare a
inexistência de determinado direito ou relação jurídica.
Confundida com a ação declaratória, a ação constitutiva possui como principal objetivo
a mudança de um estado jurídico, sendo possível constituir, desconstituir ou modificar uma
relação jurídica.
9 As ações de conhecimento buscam um pronunciamento do juiz sobre quem tem razão no litígio. Trata-se de
atividade eminentemente intelectual, através de pesquisa para reconstruir os fatos narrados e dizer qual lei incidirá
sobre o caso. Para Liebman, nas ações de conhecimento o juiz age como um historiador.
10 Busca-se do juiz uma atuação concreta, requerendo atividades que afetem as condições do mundo físico. A ação
executiva será aplicada para fazer com que o devedor satisfaça o crédito do credor. Se mesmo assim não houver o
pagamento, tomam-se medidas como, por exemplo, a penhora.
11 Busca-se a cognição e a execução reunidas, em uma situação que demanda intervenção jurisdicional urgente.
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As ações mandamentais têm o objetivo de obter sentença que já traga consigo a ordem,
além de também reconhecer o direito à prestação. O juiz ordena o réu a cumprir determinada
prestação, cujo descumprimento pode acarretar em desobediência à autoridade estatal.
A ação executiva lato sensu visa à prolação de sentença apta a determinar a produção de
efeitos no plano dos fatos, como a ação de despejo, que determina de plano todas as providências
para a remoção do inquilino. Tal ação funciona como um título executivo, pois não necessita de
posterior execução, sendo desde o início dotada de “carga executiva”.
Pedido é o que o autor pretende em juízo, e divide-se entre imediato (o pedido de tutela
jurisdicional dirigido ao juiz) e mediato (o pedido pelo denominado “bem da vida”, isto é, o
direito material pretendido, a finalidade concreta da ação, a razão do litígio).
Duas ações são idênticas quando todos os elementos objetivos e subjetivos são os
mesmos.
Litispendência: quando é ajuizada ação idêntica a uma ação em trâmite. Nesse caso, pode o
juízo, de ofício, extinguir a última ação proposta, sem resolução de mérito.
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Coisa Julgada: quando é ajuizada ação idêntica a uma ação que já teve decisão definitiva
proferida, da qual não cabe mais recursos, tratando-se de coisa julgada. Tal questão também deve
ser reconhecida de oficio pelo juiz, que irá extinguir a ação mais nova sem resolução de mérito.
Continência: quando há igualdade entre as partes e causa de pedir, mas no pedido há uma
diferença, como, por exemplo, a segunda ação tem pedido mais amplo e abrange a primeira. É
chamado de continência porque a segunda ação contém a primeira. As ações são reunidas e a que
possui menor abrangência é extinta sem resolução de mérito.
Conexão: igualdade entre o objeto da ação (pedido imediato) ou a causa de pedir remota (fatos).
Nesse caso, as ações serão reunidas e julgadas. Exemplo: acidente de automóvel faz com que as
duas partes, sem saber, entrem com uma ação de indenização em direção ao outro. Mesmos fatos
ou mesma causa de pedir.
(d) Luís José Silva sofre acidente em virtude de ato ilícito praticado por Pedro Rodrigues, que
atravessa sua preferencial. Luís ajuíza ação de indenização por danos materiais e morais em face
de Pedro em virtude das despesas decorrentes do acidente. Dois meses após o ajuizamento de tal
ação, Luís recebe carta de citação pela qual descobre que Pedro também propôs ação de
indenização pelos mesmos fatos, com fundamento similar e postulando danos materiais
referentes aos gastos sofridos em razão do sinistro. Pedro argumenta, em sua ação, que a culpa
pelo acidente foi de Luís.