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VOLUME VIII

NúMERO 43

JANEIRO

FEVEREIRO

1971

A. Miehe

A. Franke

F. Chermont
SUMARIO
M. Gerez
O INJETOR DE SINAIS ( ,,) .................. 13
Engs. A CONVERSAO DE )5(48Ç1&,$ EM APARELHOS
M. Cavallini  ................................ 17
T. Hajnal O QUE 92&ÇDEVE CONHECER SôBRE SATÉLITES
L. Kliass DE COMUNICAÇÕES ( ,,) . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
A. J . Pereira CADERNO IBRAPE: RADIO CONTRôLE (I) . . . . . . 25
D. Gomes 7ESTE SEUS CONHECIMENTOS EM ELETRôNICA 33
ESTADO SóLIDO (I) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
G. L. Volkart
FONTE DE ALIMENTAÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Fotolabor
O CONSÊRTO DO Hl FI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Escolas Profissionais
RELATóRIO ESPECIAL: VôE COM ÊLES . . . . . . . . 45
Salesianas
INTRODUÇAO AOS CIRCUITOS LóGICOS (VI) . . 52
R. da Moóca . 766
A COMPRA DE UM TELEVISOR USADO . . . . . . . . . . 57
São Paulo
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Os artigos assinados são de exclusivo responsabilidade de seus autores.
C.P. 30.869 ~ vedado o reprodução dos textos e dos Ilustrações publicados nesta revisto,

São Paulo· Brasil solvo mediante autorização por escrito do redoção.

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Cr$ 15,00, aérea · registrada, Cr$ ' 20,5€!; ASS,~NATURA 2 ANOS : r.eg1strada, Cr$
28,00; aérea registrada , Cr$ 39,00; ASSINATURA 3 ANOS : reg1strada , Cr$ 39,00 ,
aéreo registrada, Cr$ 55,00 .
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CALIBRADOR DE VOLTAGEM
CAIXA DE SUBSTITUIÇÃO DE CONDENSADORES
CONVERSOR ESTÁTICO DE VOLTAGEM
DÉCADA DE CONDENSADORES
DÉCADA DE RESISTÊNCIAS
ELIMINADOR DE BATERIA
FONTE DE ALIMENTAÇÃO REGULADA
GERADOR DE ÁUDIO
FONTE REGULADA DE VOLTAGEM VARIÁVEL
GERADOR DE ALINHAMENTO DE TV
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revista ELETRoNICA
12 43 JANEIRO- FEVEREIRO 1 9 7 1
CAPA:
6e5*,2
$0e5,&2

BOGGIO

oinjefor esinais
PARTE II

Em nosso número anterior descrevemos os. Vamos supor que, no instante em que se acione
principais usos e aplicações dos injetores de sinais. a chave que liga a alimentação, surja um pulso,
Em se tratando de um aparelho simples, barato de digamos positivo, na base de T,. Tratando-se de um
fácil montagem, além de grande utilidade, UHVROYH transistor NPN, teremos, como consequência do pul-
mos oferecer a todos os leitores a possibilidade de so positivo na base de T,, uma condução maior do
possuírem o seu. Damos pois, neste artigo, a descri- transistor, aumentando, pois, a corrente de coletor
ção da montagem, que, já simples em si, fica ainda do mesmo. :l!ste aumento na corrente do coletor
mais fácil com o emprêgo de circuito impresso. provoca um aumento na corrente através do resistor
Nós também fornecemos êsse circuito impresso. de carga de coletor, R, . Com isso, aumenta a queda .
Você precisa apenas comprar dois transistores, seis de tensão sôbre êsse resistor provocando redução -·
resistores e cinco capacitares, algumas miudezas e ... na tensão de coletor de T,. Essa redução é transfe-
rida à base de T, , através do capacitar de acopla-
mãos à obra . mento C,.
Reduzindo-se a tensão na base de T,, diminuirá
O CIRCUITO a condução do transistor, caindo a corrente de co-
A figura 1 mostra o circuito esquemático do letor; isto reduzirá a queda de tensão sôbre R. e
nosso injetor de sinais . Como pode ser verificado provocará, consequentemente, um aumento na ten~ão
de coletor (de T,) .
nada mais é que um multivibrador astável. Veja-
mos, com alguns detalhes, o que vem a ser o fun- :l!ste aumento por sua vez, é transferido à base
cionamento de um multivibrador astável. de T, por meio de C,, provocando um nôvo aumen-

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FIG. 1
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revistn ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 13
to na tensão dessa base. O processo todo irá se Os resistores usados por nós nos protótipos eram de
repetir, com grande rapidez, até que T, fique sa- 1/ 4 watt e seu corpo (sem os fios> possuía comprimento
aproximado de 1 cm .
turado (conduzindo fortemente) e T,, cortado (não
conduzindo) . 5 capãcitores cerâmicos de 2,2 nF, "pin-up" ou
disco.
Nesse instante, o circuito fica momentâneamen- Qualquer tipo de capacitar dêste valor pode ser usado;
te no estado descrito (T, saturado e T, cortado) . A usamos do tipo "pin-up" porque são pequenos e práticos .
carga do capacitar C, começa, então, a diminuir Entretanto, os "discos" ou de outros formatos podem ser
usados. desde que caibam no espaço disponível.
pois êle se descarrega através de R, . Aumenta co~
O valor 2,2 nF é a mesma coisa que 2200 pF ou 0,0022 J.LF
isto, o potencial da base de T,, provocando um au- ou .0022 J.L
mento da respectiva corrente de coletor, redução na
tensão da base de T,, etc, etc., de modo semelhante Solda de baixo ponto de fuião, própria para
a_o q~e sucedeu anteriormente, só que, desta vez, T, circuitos impressos .
~1car~ ~ortado e T, saturado . Êsses ciclos repetem-se
mdeftrudamente, enquanto estiver ligada a alimenta-
ção . O resultado será uma tensão com forma de Preparo do circuito impresso
onda retangular, nos coletores dos dois transistores. Destaque a chapinha de circuito impresso cola-
Como as polaridades dos sinais nos dois cole- da sôbre a capa da revista. Limpe cuidadosamente
tores são opostas, teremos entre êles, o dôbro da a face que esteve colada, eliminando quaisquer resí-
amplitude que obteríamos entre coletor e emissor de duos de cola, principalmente dos furos (use um
c_ada u~ dêles. Foi esta a solução que escolhemos, alfinete para a limpeza dêstes) . Use água para a
l•gando a massa o coletor de T, (ponto D) e retirando limpeza da chapa. Não remova a camada de verniz
o sinal do coletor de T, (ponto B). que recobre a outra face (onde está a película de
cobre) pois êste facilita a soldagem e evita a oxida-
Em poucas palavras, eis as funções dos vários ção . Se por um acidente, o verniz for retirado,
componentes: recupere, aplicando uma camada de solução de álcool
R, e R, são os resistores de coletor com breu.
R, e R. servem para levar, em cada ciclo,
uma das bases a um potencial po- Instruções para soldagem
sitivo .
R, e Rs limitam as correntes de base As soldagens em circuitos impressos, devem ser
C, e C, acoplam os transistores entre sí executadas com a máxima rapidez e empregando a
C, e C, aguçam a forma da onda, tornan- quantidade de calor estritamente necessária para
do-a mais quadrada , o que signifi- propiciar uma conexão perfeita .
ca maior número de harmónicos. Ao efetuar a soldagem, utilize soldador de pon-
c, acopla o injetor ao circuito em ta fina, com dissipação inferior a 50 W, e solda de
teste baixo ponto de fusão, própria para circuito impresso.
T, e T, são os transistores osciladores. O Nunca empregue fluxo ("pasta") ao soldar. A utiliza-
tipo que utilizamos, BF184 é NPN , ção de um ferro de soldar inadequado, provocará a
próprio para altas frequências. queima dos componentes podendo ai nda soltar o fi-
Podem ser usados outros tipos, como por exem- lete de cobre da chapa fenólica.
plo, AF114, AF115, AF116 ou AF117·, mas, neste As partes a serem soldadas devem estar perfei-
caso, será necessário inverter a polaridade da ba tamente limpas. A ponta do ferro de soldar, pre-
teria (A negativo, C positivo) . A razão pela qual viamente estanhada, deve ser limpa com um trapo
preferimos o tipo BF184 é que, nas experiências rea- antes de cada soldagem . Coloque um pouco de solda
lizadas, fàcilmente conse11uimos alcançar a faixa de na ponta do ferro, o que facilitará a transferência de
frequências de TV, o que não foi possível com os calor, aumentando a rapidez da soldagem . Encoste a
outros . ponta do ferro de soldar na conexão (fig . 2A), apli-
que solda no ponto a ser soldado e não na ponta do
A MONTAGEM ferro de soldar (fig. 2B), mantendo nesta posição
A' parte dÓ circuito da Fig . I desenhada no até que a solda derreta e envolva a conexão (fig. 2C).
interior do retângulo tracejado corresponde ao cir- Use apenas a quantidade de solda necessária e evite
cuito imp~esso que o leitor encontra colado à capa aquecer desnecessàriamente a placa de fiação im-
desta revista. Descreveremos primeiramente esta pressa. Retire primeiro a solda e depois o ferro .
parte . Não mova os terminais até que a solda solidifique
completamente. Puxe levemente o terminal, para cer-
tificar-se de que a soldagem está firme . Verifique
O MATERIAL o aspecto da solda. Se parecer com a fig. 2D te-
4 terminais para circuito impresso, (que po- remos uma boa aderência ao terminal, porém mau
derão ser substituídos por pedaços de 7 mm cantata no filete , devido a um aquecimento insufi·
de fio nu D.0 18) ciente deste ou sujeira neste, caso o verniz tenha sido
2 resistores de 8,2kn, 1/4 W, 10% removido. Se parecer com a fig. 2E, teremos uma
2 resistores de 220 k!l, 1/4 W, 10% boa aderência ao filete, todavia um mau cantata
2 resistores de 33 k!l, 1/4W, 10% com o terminal, devido a um aquecimento insuficien-
te do terminal ou sujeira neste . A soldagem correta,
. . Os valõr~s acima indicados são padronizados e será deverá parecer com a figura 2F .
facil encontra-los nas casas do ramos. A dissipação indicada
de 1/4 W é muito maior que a realmente necessária qu~ A seguir corte o excesso de terminal (fig. 2G)
nem atinge 1/10 W; assim qualquer res!stor de valor c~rreto
e_ de tamanl_lO pequeno, entre 1/10 e 1/2 W, pode ser adqui- com um alicate de corte, sempre em seguida a cada
rido . Os codigos de cõres correspondentes são : soldagem.
8,2 kfl : cinza ( 8) , vermelho ( 2) e vermelho ( 00)
220 kfl : vermelho ( 2) , vermelho ( 2) e amarelo ( 0000) Seguindo-se estas recomendações, cada soldagem
33 kfl : laranja (3) laranja (31 e laranja (000) não levará mais de 2 segundos .

14 43 revista ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
TERMINAL DO
COM~ONENTE

c
a b

FIG. 2

d e

~LICATE DE CDRT~: .

~ g

No caso da soldagem dos transistores, devemos Os resistores serão montados verticalmente .


tomar precauções especiais, utilizando um alicate de Para tal dobre seús terminais como na figura 3B .
bico, como dissipador de calor, no terminal do Os capacitares serão montados verticalmente .
transistor, como vemos na figura 2H. O elástico Todavia, a distância de seus terminais é a mesma
serve como 3." mão já que uma segura o soldador no circuito impresso, bastando encaixar o capacitar
e outra a solda.
nesta (fig . 3C) . ·
Preparação dos componentes Os transistores serão montados verticalmerite.
Na figura 3D temos o aspecto do transistor BF184
Lixe os fios terminais dos componentes, com visto por baixo. Como não iremos utilizar a blind!!•
uma lixa fina, apenas o suficiente para que fiquem gem "S", deveremos cortar êste terminal a uns ~
limpos. Não retire a camada de estanho que re- milímetros do 6orpo do transistor, ficando este peda-
veste êstes fios (fig. 3A) . cinho ··de fio sem ligação alguma . ·

a b
FIG. 3

S (BLINDAGEM)
CORTAR

c d

teYista ELETRôN ICA


IANEIRO..FEVEREIRO 197 1 43 15
O circu i to impresso que acompanha êste art igo é

um oferecimento conjunto de
REVISTA ELETRÚNICA
ELETROCOMP e
CIA. QU[MICA INDUSTRIAL DE- LAMINADOS .
....

FIG. 4

Montagem do circuito antena de rádio, etc . Se ouvirmos um apito no


alto-falante, o injetor estará funcionando .
Olhando a chapinha contra a luz, com a face Para evitar futura oxidação das soldas, aplique
não cobreada voltada para nossos olhos, veremos à parte cobreada e soldada uma camada de solução
por transparência as ligações em película de cobre, de álcool com breu.
existentes do outro lado. A Fig. 4 mostra essas
ligações, tal como serão vistas neste caso; mostra No próximo número daremos detalhes de cons-
. também as posições das peças para a montagem trução de caixas, pontas de prova diversas, etc .
correta . Todavia, para que o leitor já possa ir dando suas
"injetadas", sugerimos a improvisação de uma caixa,
Encaixe C, , C, , C, , C, e Cs soldando-os vista na figura 5.
Encaixe R, , R, , R, , R. , Rs , R, soldando-os Para tal , consiga um tubo de alumínio com
Nestes componentes, não há necessidade de ob- tampa, do tipo usado para remédios, de tamanho
servar polaridades . suficiente para conter o circuito e duas pilhas pe-
Encaixe os fios terminais dos transistores T, e T,. quenas ou se preferir, apenas o suficiente para o
Identifique primeiramente, os fios E, B e C dos tran- circuito, deixando as pilhas externamente num por-
sistores, examinando a figura 3D . Afaste entre sí, ta-pilhas .
por aproximadamente 1 cm, as extremidades dos Tome um parafuso de latão de uns 3 mm de
três fios e encaixe-os nos furos correspondentes diâmetro por 6 cm de comprimento e atarrache uma
(convém marcar antes os furos com E B e C, a porca . Afie a ponta do parafuso até ficar semelhante
lapis) . Não tenha :eceio de perder mais alguns a uma ponta de prova . Desatarrache a porca , re-
minutos verificando se realmente os fios estão in- fazendo assim a rosca "machucada " no momento de
troduzidos corretamente . afiar a ponta.
Após o I ~rmino da montagem, ligue duas pi- Solde na cabeça do parafuso um pedaço de fio
lhas em série nos terminais A-C (positivo em A e flexível n.o 22 e de comprimento 2 cm maior que o
negativo em C) . Ligue o terminal D no chassi e comprimento do tubo .
o terminal B a um ponto vivo de um amplificador, (Cont. na pág. 40)

FIG. 5

16 43 revista ELETRõN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
Aconversão
de freqüência
em aparelhos
de SSB LOUIS FACEN

Desde há alguns anos, o interêsse entre os ra vações da melhor forma possível, não somente no
dioamadores pela transmissão em SSB tem aumentado sistema SSB, mas também nos circuitos transistori-
bastante. No entanto, poucos são os equipamentos de zados, para ficar sempre "na crista da onda" .
construção caseira em uso, empregando êste pro- Existem certas diferenças fundamentais entre AM
cesso de transmissão . Parece até que SSB é um e SSB e uma delas é a conversão de frequência, que
" bicho de sete cabeças" . A principal culpada é, a vamos analisar aqui. Nos transmissores de AM e
nosso ver, a falta de literatura especializada a res- FM , a frequência do oscilador e excitador é modifi.
peito destes equipamentos . Em consequência, mui tos cada por dobradores e triplicadores de frequência.
PY's que construíram seus próprios transmissôres Em SSB, êste processo não pode ser adotado e é ·
de AM, estão com receio de fazer o mesmo para necessário empregar a heterodinação para obter mo-
SSB . Cada um deveria procurar se adaptar às i no- dificações na frequência.

p
SSB
455kHz
~SSB
~ 6,5MHz

100k

250V

r
1.000pF 10pF 10pF 1.000pF

=6955kHz
68k 68k
R
~ =6045kHz

Fig. 1
Conversor equilibrado, con
22pF
mudança da faixa lateral

revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 19 7 1 43 17
Para sinais pequenos, costuma-se usar o mesmo A figura 1 mostra o circuito de um sistema dês-
método que nos receptores, podendo inclusive ser - tes, que pode ser adotado em conjunto com um fil-
empregadas as válvulas conversaras como 6BE6, tro mecânico Collins do tipo F455-FB-21, o qual
ECH81, 6X8, etc. Sempre antes de começar a exe- funciona em 455kHz. Esta frequência é muito baixa
cução prática de um conversor, deve ser analisado para que se possa efetuar a conversão diretamente
onde vão cair os harmónicos dos sinais de entrada, nas faixas dos radioamadores; é, necessárió primei-
para evitar interferências e sinais espúrios na saída ramente aumentá-la . No nosso caso, aumentamo-la
do transmissor, que poderiam ser irradiados e inter- para 6,5 MHz e, ao mesmo tempo, através de uma
ferir em outros serviços. Também é importante o
lado da faixa em que deve funcionar o oscilador. chave, 'é possível selecionar a banda lateral superior
Assim, ao construir um excitador de SSB em 4 MHz, ou inferior. Durante esta modificação, a frequência
que transmita a banda lateral superior, e permanece constante em 6,5 MHz, ao contrário do
querendo trabalhar em 20 metros (14 MHz), que acontece nos transmissores que selecionam cristais
na banda lateral superior, o oscilador deve diferentes no circuito oscilador, antes do filtro, e mo-
estar em 10 MHz (10 MHz + 4 MHz 14 dulador balanceado, para poder trabalhar na faixa
MHz) e não em 18 MHz (18 MHz - 4 MHz = lateral inferior ou superior. Nesta última versão para
14 MHz) . Por outro lado, querendo transmitir na mudança da banda lateral, muda-se também a fre-
faixa de 40 metros, onde se usa a banda lateral quência de transmissão em 2 ou 3 kHz, conforme a
inferior, o oscilador deve estar em 11 MHz (11 MHz largura da banda passante do filtro empregado .
- 4MHz = 7MHz).
Dessa maneira, podemos verifiçar que a mu- Tendo em vista a baixa frequência, 455 kHz,
dança da banda lateral pode ser feita durante a o circuito não pode ser do tipo convencional, como
conversão de frequência e não é necessário mo- é usado em receptores, porque seria gerado um gran-
dificar a supressão de um lado para outro, no ex- de número de harmónicos . Desta maneira, empre-
citador . Geralmente, a grande maioria dos exci- ga-se na conversão de frequências baixas, o
tadores que usam filtro a cristal, não tem uma banda conversor equilibrado, no qual são eliminadas tôdas
passante absolutamente simétrica (não tem "perfor- as· frequências com exceção, da frequência de saída
mance" igual nos dois lados da curva do filtro) desejada e para a qual esta sintonizado o tanque de
sendo a seletividade lateral de um dos lados sem- saída . O oscilador é do tipo Pierce, que é preferido
pre melhor que a do outro . Pode-se pois analisar, pela sua simplicidade e possui a vantagem de não
num excitador, qual das duas bandas laterais onde necessitar circuitos sintonizados . l!ste tipo de os-
tem "transmissão" melhor e usá-lo somente dêsse cilador não pode ser empregado indiscriminada-
lado. Conforme as necessidades de transmitir na mente, pois gera um grande número de harmónicos .
banda inferior ou superior, pode-se efetuar a mo- No nosso caso, o emprêgo do conversor equilibrado
dificação na própria conversão . permite o seu uso sem maiores inconvenientes .

DRIVER\
Fie- 2
.------......--.-tl----4
100pF \
Clrcul.to.l conversores do tipo também asado nos receptores

o o
Cristal o o
+250V SSB 10-BOm
MBz - -+Faixa 9MHz

2
5,5 = BOm
= 40m t
5
6
- 20m
= 15m
50pF
9,5- 10 10m 100pF 100k
t----tf--e 7MHz
0,01
470(}

250V
I

22k

T50pF

VFO
2MHz

a b

18 43 revista ELETRON ICA


JANEIRO..FEVEREIRO 197 1
Nos circuitos onde são usados conversores con- com exceção da de 10 metros, que é coberta em
vencionais, do tipo usado em recepção, deve-se em- diversas etapas (ou então, apenas parcialmente).
pregar osciladores dotados de circuitos seletivos na Quando se trata de fazer uma conversão com
saída, para evitar problemas . Harmônicos especial- frequências mais elevadas podemos usar o circuito
mente persistentes ou muito próximos da frequên- comum do tipo recepção . A fig. 2 mostra dois des-
cia de saída têm de ser eliminados com "armadi- tes circuitos, normalmente encontrados nos recepto-
lhas", para evitar batimentos e irradiação espúria res. No lugar da válvula 6BE6 pode-se empregar a
do transmissor. 6BA7, quando se necessita um ganho maior, porque
Nos conversores equilibrados, para máxima si- a transcondutância de conversão da 6BA 7 é bem
metria, os enrolamentos das bobinas do circuito tan- mais alta .
que de entrada e de saída devem ser do tipo bifilar A válvula 6BA7 é relativamente difícil de en-
e podem ser sintonizados por permeabilidade (nu- contrar, e seu preço é bastante alto, recomendando-
cleos de ferro) . A montagem mecânica do circuito se assim para ganhos maiores, realizar a conversão
também deve ser a mais simétrica possível, para com vál~ulas pentodos, conforme ilustra a Fig . 2B .
resultar um certo equilíbrio das capacidades resi- O ganho obtido neste circuito com uma 6CB6 é
duais. Quando a frequência do oscilador e variável, comparável ao proporcionado pela conversara
o circuito de saída deve ter uma banda passante de 6BA7. Para uma amplificação ainda maior, pode-se,
acôrdo com a variação de frequência . Nas frequên- de acôrdo com experiências realizadas pelo autor,
cias altas, consegue-se a largura da banda passante usar uma 6AH6 no mesmo circuito; esta válvula
com relativa facilidade, mas nas frequências mais tem uma transcondutância muito elevada.
baixas somos obrigados a · empregar dupla sintonia
ou então a sintonia com capacidades muito peque- Como se pode verificar no circuito, a ampli-
nas. Quando o ganho global é muito bom pode-se tude da tensão injetada pode ser regulada mediante
também amortecer os circuitos ressonantes com re- um trimmer, para atingir um ponto ótimo de ope-
sistores ligados em paralelo, a fim de obter uma ração. Geralmente, na mud~nça. de transmissão
largura satisfatória. para recepção, a conversara ftca moperante, para
evitar interferências na recepção. Isto é alcançado
Na maioria· dos casos é necessária uma largura através da interrupção do circuito de catodo à mas-
de 500kHz, que serve para cobrir tódas as faixas, sa, ou então através da polarização até o corte .

r-------------~-------e-15V

SSB 9MHz
47k •c---- f1+f2•14MHz

f1 1L...et1-f2•35MHz Fig. 3
I ' Conversores translstorlzados de baixo nf yel
I '--+---'I

0,04 -15
0,04
22on

0,04
47k I
OSC. 5 a 5,5MHz
f2 o
9MHz:•--i-----4o(
SSB
15pF

b
revista ELETRõNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 19
8298 2. 614 6
(CONV)

r-~ 21MHz
2 • SOpF
~NT
21MHz

RFC

0-2 50Ma0
10k

~PARA
~14MHz
VR-150 100pF:
14MHz
50k

I
..___ DIVISOR
4 00 V

Fig. 4
Convesor de alto nível

Um ganho elevado no conversor é na maioria o excitador e VFO a transistores, enquanto o "dri-


dos casos benvindo, porque assim os estágios sub- ver" e o amplificador de potência (talvez já exis-
sequentes trabalham mais folgados. evitando assim tentes) seriam a válvulas . Também existem tipos
o perigo de regeneração, a qual caracteriza os es- de transistores que trabalham com tensões superio-
tágios de altíssimo ganho . Nos conversores. no en- res a 100 volts, como por exemplo o BF 178; êstes
tanto, as oscilações parasíticas são uma raridade. transistores são especialmente benvindos nos circui-
porque os circuitos de entrada e saída trabalham tos .híbridos e podem ser alimentados a partir de
em frequências diferentes . uma válvula estabilizadora VR I05 .
A figura 3 mostra a versão transistorizada dos Finalmente , vamos considerar os conversores de
conversores . Na maioria dos casos, é empregado o alto nível. l:stes são usados quando já se possui
circuito mostrado na Fig . 3A . Os circuitos também um transmissor completo de SSB em uma ou mais
mostram a conveniência de um sinal de SSB em faixas e se deseja trabalhar em outra faixa não in-
9 MHz, o qual em conjunto com um VFO ajustável corporada no transmissor. Muitos transmissores
de 5 a 5,5 MHz, pode sair tanto em 80 como em comerciais não incluem as faixas de 5, 10 ou 15
20 metros, pela simples sintonia do circuito LC do metros . Se queremos. com êstes transmissores, tra-
coletor, numa ou noutra frequência. No circuito da balhar numa desta~ faixas . poderemos fazê-lo através
Fig . 3A, os sinais entram ambos pela base, a exem- do conversor de alto nível .
plo do que sucede no circuito valvular com a 6CB6 .
Ao contrário, no circuito da Fig ., 38, a injeção do A Fig. 4 mostra o esquema de um conversor
sinal do oscilador se processa através do emissor . dêste tipo, com o qual um transmissor que trabalhe
em 14 MHz pode operar na faixa de 21 MHz . A
Pràticamente todos os transistores modernos de potência de saída é de aproximadamente 15 a 20
alta frequência, podem ser usados nestes circuitos . watts. No lugar da válvula 8298 podem ser usadas
Deve-se escolher os tipos com fatôres beta maiores . também duas 807 ou 6146; neste caso, a tensão ·na
a fim de obter um bom rendimento . Especialmente grade de blindagem, que depende da relação dos
bem funcionam nestes serviços os transistores de valôres dos dois resistores no divisor de tensão , de-
fabricação nacional lançados ultimamente para apli- ve ser experimentalmente reajustada para má ximo
cação na amplificação do sinal de vídeo em televi- desempenho .
sores: além de terem uma dissipação por volta de
1 W, trabalham com alto ganho até frequências de Podemos observar, de um modo geral, que a
VHF . técnica empregada em SSB assemelha-se mais à
técnica usada em receptores; assim aquêles que es-
l:stes transistores servem perfeitamente para ex- tão acostumados a "avermelhar" a chave de fenda
citar as válvulas; dessa forma , se alguém quizer dentro da bobina do tanque final das 813, vão ter
levar o assunto para o campo híbrido , pode fazer de aprender a lidar com sinais pequenos ...

20 43 revista ELETRõNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
o que você deve
conhecer
sôbre

SATÉLITES
DE
comunlcAcõEs
-
CONCLUSÃO

COMO E EFETUADO O Logo, é necessano um foguete sadíssimo foguete do solo e ven-


LANÇAMENTO DE UM ca paz de vencer a ntrnção da Ter- cer a atração terrestre . Esgotado
SATHITE ra, na subida, e ao mesmo tempo o combustível do primeiro está-
ntingir 28.800 km. Contudo. lem- gio, êste é abandonado e o
bremos que os foguetes funcio- segundo entra em funciona-
Por enquanto, mostraremos ape- nam à base da ação e da reação mento . Como sua carga útil (ago-
nas a operação básica para a co- (Lei de Newton) , ou seja, são ra é só o terceiro estágio e o
locação de um satélite (de qunl- movimentados em sentido oposto satélite) é menor, necessita de
quer tipo) em órbita terrestre. ao da saída dos gases pela cauda. menos combustível; êle imprime
Suponhnmos um projétil dispara- E a velocidade do veículo não mais velocidade ao conjunto. Es-
do horizontalmente, do alto de pode ser maior que a dos gases gotado seu combustível, êle é
uma montanha . Devido à fôrça ex pelidos . Ora , nem mesmo o po- expelido e o terceiro estágio passa
de gravidade, êle acaba por ser deroso Saturno - que levou a a funcionar . f.le necessita de
desviado de seu caminho horizon- Apollo ao espaço - tem uma ainda menos combustível - sua
tal ; descreve uma curva para bai- velocidade de escape dos gases carga útil é somente o pequeno
xo e cai ao solo. Quanto maior de 28.800 km/h. Por isto são satélite - e imprime mais veloci-
a velocidade de lançamento , ma is usados foguetes de vários estágios. dade. Atingido o valor crítico de
longe irá cair . Se ela fôr superior escape, é aberto o compartimento
a um certo valor crítico, o pro- O primeiro tem como carga-útil •
da frente e o satélite está livre
jétil percorrerá um trajeto tão o segundo e terceiro estágios e no espaço, movendo-se com velo-
longo que será capaz de dar uma mais o satélite. Para termos uma cidade suficiente para que êle fi-
volta em tórno da Terra, che- idéia, a distribuição de pêso para que dando voltas em tôrno da
gando ao ponto de onde foi lan- cada estágio é de . aproximada- Terra. Evidentemente, sua altitu-
cado . E com uma velocidade mente, 80% para o combustível, de deve ser tal que êle fique
igual à ele lançamento, continuan- IS % para a carcaça e somente mais alto que o limite superior
do assim a dar voltas em tôrno 5% para a carga útil! O primeiro da atmosfera , pois caso contrário
de nosso planeta . Aquêle valor estágio é o que leva mais com- o atrito com o ar irá destruí-lo .
cri tico de velocidade é conhecido bustível - porque sua çarga útiJ
como velocidade de escape do é mais pesada que a dos demai s As principais características da
campo gravitacional terrestre. e também êle precisa tirar o pe- órbita são o ângulo de inclinação
Qualquer corpo lançado da Terra , relativamente ao equador, o pe-
ao atingir a velocidade de 28.800 ( • ) Carga útil é tudo aquilo que o ríodo de rotação - tempo gasto
km/h, passará a girar em órbita estágio deve transportar (ou melhor , para uma volta completa em tôr-
empurrar) . Por exemplo, a carga útil
terrestre . Assim são lançados os do primeiro estágio é tudo aquilo que no da Terra - o apogeu e o pe-
satélites . está acima dêle . rigeu , que são, respectivamente,

revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 19 7 1 43 21
crono . Há portantq, necessidade
de correções, de tempos em tem-
pos, através do acionamento dos
jatinhos de orientação . Não obs-
tante as correções, o satélite sofre
um lento escorregamento para o
sul do equador . Ao atingir cinco
gráus de latitude sul, não mais
poderá operar . Por êste motivo,
na prática, a posição inicial é fi-
xada não em um plano rigida-
mente equatorial, mas sim um
pouco ao norte do equador, para
que o tempo de escorregamento
não diminua em muito a vida útil
do satélite .
· O satélite possui movimento de
rotaçiío (spin) . Como a antena
de transmissão e recepção não é
omnidirecional (portanto, deve
estar sempre apontada para a Ter-
ra), ela sofre uma rotação com
mesma velocidade e sentido opos-
PERIGEU, PONTO MAIS
to (de-spin) .
PRO XIMO DA TERRA

A ESTAÇÃO BRASILEIRA DE
ITABORAf
Para a descrição de uma esta-
ção, nada melhor que tomarmos
os pontos mais afastado e mais ao norte do equador, é necessário como base a brasileira, localizada
próximo da Terra. uma curva à esquerda . A altitu- no município fluminense de lta-
O ângulo de inclinação é esco- de, conforme sabemos, é de boraí, distrito de Tanguá .
lhido em função da cobertura 36.500 km, mas ninguém faz o Ela possui uma gigantesca an-
geográfica desejada . Comunica- lançamento em um só etapa, tena tipo Cassegrain contendo um
ções com regiões polares não são fazendo com que o foguete vá refletor parabólico de 30 m de
possíveis se a órbita fôr equato- até lá. Por essa razão, é usado diâmetro. O conjunto é suportado
rial. O período do satélite guar- um veículo suficiente para colo- por urna tôrre de concreto, cm
da uma relação com a altitude, cá-lo no perigeu de apenas 230 cujo tôpo, logo abaixo da antena,
assunto que já discutimos quando km de uma órbita elíptica. Esta há um compartimento onde estão
mencionamos os satélites síncro- é bastante alongada, pois seu apo- os sistemas que devem estar pró-
nos. A escolha do perigeu é bas- geu é da ordem de 36.500, ou se- ximos da antena . Como, por
tante importante; êle deve ser ja, a altitude em que o satélite exemplo, os amplificadores de
baixo, pois é neste ponto que o deverá ficar. Assim, no instante entrada para recepção e seu carís-
último estágio solta o satélite - em que êle é colocado em órbita, simo sistema de refrigeração .
a fim de que as despesas de lan- a 230 km de altitude, começa a No térreo e no subsolo estão os
çamento sejam as menores possí- descrever a citada órbita, viajan- transmissôres de alta potência e
veis, já que quanto mais alto o do em direção ao apogeu. Lá os sistemas de contrôle dos motô-
ponto a ser atingido, mais caro chegando, tem sua velocidade sig- res da antena. Da base da tôrre
é o foguete . Por outro lado, o nificativamente aumentada, com saem os guias de onda e os cabos
perigeu não pode ser muito baixo, o auxílio de um motor a jato, de comando para o edifício de
da ordem de 150 km ou menos, acionado remotamente de Terra . contrôle da estação, onde estão
pois naquele ponto o satélite ain- Tal aeréscimo leva a iniciar uma os demais equipamentos .
da encontra uma apreciável resis- órbita circular; como isto aconte-
ceu quando êle estava a cêrca de Você olha para antena; ela pa-
tência do ar, que o fará descer rece estar parada. Mas na ver-
gradualmente em direção à Terra, 36.500 km de altitude, agora só
restam as correções finais. Que dade está continuamente procu-
levando-o à destruição . rando o apontamento ótimo para
têm a finalidade de leva-lo para
o ponto da órbita em que deve o satélite . Para term.:>s uma idéia,
COMO O SATeLITE ficar estar:ionado, o que é feito o apontamento deve ser mantido
SINCRONO e COLOCADO acionando-se remotamente os ja- com uma precisão de um centé-
EM óRBITA tinhos de orientação, de modo a simo de gráu! Embora só com um
Enquanto que as operações há variar a altitude, como já descre- desvio de 0,070 a conexão com
pouco descritas são suficientes vemos 1mteriormentc . Ao chegar o satélite seja perdida . As corre-
para a colocação de um satélite ao ponto de parada sua altitude ções de posição eventualmente
não-síncrono em órbita, no caso é controlada para exatamente necessárias podem ser feitas por
do síncrono tudo o que descreve- 36.500 km e êle estaciona . contrôles manuais ou automáticos.
mos é apenas o início . Como êle Na verdade, é pràticamente A estação está integrada ao Sis-
deve ficar em um plano equdto- impossível colocar-se um satélite tema Nacional de Telecomunica-
rial, e a base de lançamento (Ca- em órbita perfeitamente circular e ções conforme descrevemos a
bo Kennedy) fica a 28 1/2 gráus em movimento perfeitamente sín- seguir .

12 41 revista ELETRõNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
No caso de transmissão do comunicações via Satélites - o vida útil, o Score silenciou por
Brasil para outros países, os sinais lntelsat (lnternational Telecomu- motivo de exaustão de suas ba-
telefôn icos e de TV, qualquer que nications Satellite Consortium) . terias.
seja o local do território nacional Trata-se de uma emprêsa inter- Depois foi a vêz do Echo, o
onde tenham origem, são trafega- nacional de telecomunicações, primeiro satélite passivo, lançado
dos - via Sistema Nacional - fundada em 1964, e que tem , em 1960 pela NASA. Ainda no
para a Central de Trânsito Inter- atualmente, 69 acionistas . A re- mesmo ano, o Exército ameri-
nacional, na Guanabara . Dali presentação de um país, ou grupo cano colocou em órbita o Courier
vão para o Terminal do Livra- de nações, é garantida desde que 1-B, repetidor ativo semelhante ao
mento, ainda na cidade do Rio de sejam suhscritos, no mínimo, Score. Retransmitiu 118 milhões
Janeiro, de onde são enviados 1,5% das ações (exatamente a de palavras dmante seus dezoito
para a estação de Tanguá, atra- quota do Brasil) . Pequenos paí- dias de atividade . Foi silenciado
vés de um enlace de micro-ondas ses reúnem-se em grupos para por uma falha nas baterias de
(7 GHz) _ Para chegarem a Tan- poderen:. alcançar esta quota . bordo .
guá, os sinais são refletidos por
um espelho passivo- situado no Ao lntel sat cabe realizar o pla- Em 1962 foi lançado pela NA-
môrro do Barbosão, a cinco qui- nejamento dos sistemas de cornu- SA o Telstar, desenvolvido pela
lômetros da estação - e final- u.icações internacionais via satéli te Bell System, a qual, juntamente
mente chegam a uma pequena contrat:'lr serviços das indústrias com a American Telephone and
antena parabólica, instalada no no que diz respeito ao projeto, Telegraph (ATT), é que financiou
tôpo do edifício de contrôle. desenvolvimento e fabricação dos tudo . Pela primeira vêz, emprêsas
Uma vêz recebidos, são devida- satélites e cquipfl mentos associa- paTticulares investiam dinheiro
mente processados, e depois mo- dos . Também é encarregado de em satélites de comunicações -
dulam a portad,ora de transmissão, providênciar os lançamentos jun- as iniciativas anteriores haviam
que está na faix a de 6 GHz . to à NASA e cuidar do chamado corrido por conta do Govêrno
No caso de TV, a portadora é segmento espacial, o qual se re- dos EUA . O Telstar era mais
outra mas está na mesma faixa . fere ao satélite e ao equipamento elaborado, e seu sistema de re-
Em ~eguida a uma pré-amplifi- necessário para o seu rastreamen- transmissão possuia largura de
cação, são encaminhados aos to, contrôle e comando. Para tan- faixa suficiente para um canal
transmissôres - estão na base to, o lntelsat possui estações, des- de TV . E na noite de 10 de junho
da antena - de potência superior tinadas a controlar o correto posi- de 1962, foi realizada a primeira
a 8 kW, de onde passam à an- cionamen to dos sa télites. Em transmissão de TV entre EUA e
tena, também através de guias têrmos de divisão de responsabi- Europa .
de onda . lidades o lotelsat é responsáve} O Telstar continuou prestando
por tudo que está er.tre as an- serviços (telefonia e TV) até o
O sinal transmitido vai ao saté- tenas das estações terrestres .
lite, onde um transladador ativo dia 21 de fevereiro de 1963, quan-
Estas, por sua vêz, não estão sob do então saiu do ar . Teve urna
desloca a frequência das porta- a responsabilidade do Intelsat,
doras da faixa de 6 GHz para a vida útil no espaço bastante atri-
mas dos países onde estão loca- bulada, tendo apresentado defei-
de 4 GHz, re-irradiando para a lizadas . Assim, por exemplo, a
Terra . tos em diversas ocasiões, quando
ele Tanguá foi construída e é foi consertado mediante comandos
Vejamos ngora o que acontece mantida pela Embrdtel. No mo- especiais transmitidos pelo Con-
quando Tanguá recebe sinai s mento em que o 3inal deixa um a
transmitidos de outro país . Os trôle de Terra .
estação terrestre, a responsabili-
sina is, em 4 GHz, recebidos do dade pela qualidade fica a cargo Depois foi a vêz do Telstar II ,
satélite, entram através da antena ; do Intelsat, até que êle chegue à mais aprimorado - cada satélite
indo logo para aquêles amplifi- antena da estação receptora, em lançado, com ou sem sucesso, en-
cadores de baixo ruído, especial- outro pais . Do que diz respeito sina muita coisa àqueles que estão
mente refrigerados . Para termos à receita proveniente de uma cu.idando do seguinte - e um
uma idéia, o fator de ruído é transmissão, o dinheiro arrecada- apogeu duas vêzes maior do que
de somente 0,2 dB e a temperatu- do é rateado entre o lntelsat e o de seu antecessor, o que permi-
ra de resfriamento é de - 23S .•C! as emprêsas de comunicações dos te um aumento de 2,5 vêzes do
O ganho é de 40 dB . Há sempre países envolvidos - no Brasil seu tempo de vôo sôbre o Atlân-
um an1plificador de reserva, que é a Embratel, na Itália é a Te- tico.
em caso de falha no primeiro, lespazio nos EUA é o Comsat , Seguiu-se O Relay I, desenvol-
entra em operação autornàtica- e assim por diante . vid0 pela RCA sob contrato da
mente, em menos de 200 mili-se- NASA . Lançado em 1962, tam-
gundosl Depois os sinais são bém 3presentou problemas de
ainda mais amplificados e en- UMA BREVE HISTóRIA DOS
iados para o edifício de contrôle SATELITES COMUNICAÇõES funcionamento no sistema eletrô-
da estação . Onde são convenien- nico, os quais, porém não vieram
temente processados e enviados O primeiro satélite de comuni- a comprometer sua vida útil.
(enlace de micro-ondas de 7 MHz) cações foi o Score, lançado em Aliás, o Relay operou dois anos
para a Central de Trânsito Inter- 195~ pel0 Exército dos EUA .
além do tempo previsto . As li-
nacional, na Guanabara, seguindo Possuia um único canal telefôni- ções das aventuras anteriores ha-
co e era do tipo com-retardo viam sido aprendidas . E as trans-
o trajeto inverso daquele descri- missões de TV entre EUA e
to para o caso de transmissão . (store-and-forward) . Em urna de
suas passagens sôbre os EUA, Emopa eram cada vêz mais fre-
recebeu e gravou uma mensagem quêntes . Em 1964, o Relay II foi
O QUE Jõ O INTELSA T? colocado em órbita .
do então presidente Eisenhower;
As comunicações internacionais depois retransmitiu-a para a Eu- Todos êstes satélites eram do
\'ln satélites são controladas pelo ropa, quando sobrevoou o Velho tipo baixa ou média altitude .
Cousórcio Internacional de Tele- Continente . Após doze dias de Sob o ponto de vista comercial,

,revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVERE I RO 19 71 43 23
foram simples experiências, Ja do sôbre o Atlântico, logo en- nado sôbre outro ponto da Terra:
que o tempo de cobertura era trando em operação comercial. wa posição foi alterada , de mod o
limitado pela altitude . Um sis- Depois foi o Lani-Bird, que ficou que a parte congelada ficasse di-
tema global necessitaria de inú- sôbre o Pacífico. retarnente exposta aos raios so-
meros satélites em órbita . Tecni- A série lntelsat II - satélites lares . Derretido o gêlo, o III-F2
camente falando, constituíram-se com maior capacidade de canais voltou a falar e foi então deslo-
em excelentes experiências pois - começou com o pé esquerdo . cado para o local sôbre o Atlân-
as Lições aprendidas são incon- O primeiro perdeu-;;e; es tava des- ti co em que estava quando ficara
táveis . Graças a êles , a tecnologi a tinado a cobrir o Atlântico. O dereituoso . Assim. êle foi conser-
dos satélites de comunicações segundo foi bem •;ucedido tPací- tado no espaço .
progrediu significativamente em fico). O terceiro foi estacionado Em janeiro dêste ano foi lan-
tão poucos anos, chegando ao ,õbre o Pacífico e quarto sôbrc çado e estacionado sôbre o
excelente nível atual . Foram os o Oceânia lndico. Finalmente, Atlântico o III-F6 ; o que permi-
percursores dos síncronos. havia um satélite para cada uma tiu o uso de duas retransmissões
O primeiro satélite síncrono das três regiões; pela primeira simultâno::as de TV . Com vista;
(Syncorn I) foi lançado em 14 vêz, estava funcionando um sis- à Copa do Mundo, já que, ao
de fevereiro de 1963 mas foi tema global de comunicações via mesmo tempo, um jôgo foi trans-
perdido logo no início da mano- satélites . mitido para a Europa e outro
bra de circularização da órbita . Para variar, a série lntelsat III para a América do Sul .
Seguiu-se o Syncorn II, que após ( 1.200 canais telefônicos e um de Contudo, o I I I-F2 já havia si-
inúmeros imprevistos antes do TV) também começou mal . Mas lenciado uma vêz e poderia re-
lançamento, foi finalmente esta- não tardou para que as coisas petir a dose; passou a ser sus-
cionado sôbre o Oceâno Atlân- melhorassem: o segundo lntelsat peito . Assim. o I ntelsat houve
tico . Pela primeira vêz, Europll III (del)orninado III-F2) foi es- por bem substituí-lo pelo III-F7.
e EUA puderam comunicar-se t::~cionado sôbre o Atlântico, recentemente lançado . Pouco de-
via satélite durante as 24 horas seguindo-se o III-F3 (Pacífico) e pois o II I-F8 foi estacionado sô-
do dia . Quase dezoito meses o III-F4 (lndico). Agora, cada bre o Oceâno fndico substituindo
depois o Syncom III foi estacio- uma das regiões estava coberta o III-F4 , o qual, desde o ano
nado sôbre o Pacífico . Permitiu por dois satélites síncronos. Tudo passado vinha operando com uma
a transmissão pela TV dos Jogos pronto para a complexa rêde de perda de potência da ordem de
Olímpicos, do Japão para os comunicações necessária à missão 20%, devido a um defeito no
EUA. Apollo 11 , e eis que o III-F2 transponder .
Antes, em 1962, já havia sido (Atlântico) silênciou de repente . O III-F8 encerrou a sene ln-
criada, nos EUA, urna emprêsa A cobertura do Atlântico ficou telsat III. A próxima (lntelsat
destinada aos serviços de comuni- então a cargo do lntelsat II, que IV) terá início êste ano . Se-
cações via satélites: a Comsat - lá estava de reserva. e do Early rão oito satélites de alta capa-
(Communications Satellite Corpo- Bird, que foi re-ativado. A A poli o cidade de canais . Dois irão para
ration) . Posteriormente , com 11 não foi prejudicada . o Atlântico, dois para o Pacífico
instituição do lntelsat, a Cornsat Posteriormente, uma tentativa c um para o lndico. Os demais
passou a representar os EUA na- de colocação de um ~ubstituto do ri carão de reserva.
yuele grupo internacional . I II-F2 fracassou por completo. Vemos, portanto, que cada um a
Os Syncoms foram iniciativa da O III-F5 perdeu-se durante as das três regiões conta com diver-
NASA; mas a partir de então o manobras de inserção em órbita sos satélites síncronos . Basta um
estabelecimento e manutenção do síncrono. para cada zona . Em geral, o que
sistema global passou para a res- Após exaustivas investigações, está funcionando é o que chegou
ponsabilidade da Cornsat, e pos- concluiu-se que a causa do silên- mais recentemente . Os demais fi-
teriormente do lntelsat. cio do III-F2 teria sido o conge- cam desativados e guardados para
Chegou então a vêz do Pássaro lamento do motor que faz girar entrarem em ação em casos de
Madrugador (Early-Bird), mais a antena (de-spin). Mediante co- defeito, do que está em uso, ou
tarde re-batizado corno lntelsat I . mandos de Terra, o satélite foi de aumento excessivo de dem an-
Lançado em 1965 foi estaciona- retirado de onde estava e estacio- da dos canais.

ELEITO NÕVO SUPERINTENDENTE DA ORGANIZAÇAO


PHILIPS BRASILEIRA
No dia 8 de janeiro, o Sr. C. J. van der Klugt foi eleito Diretor Superintendente da Orga-
nização Philips Brasileira, em substituição ao Dr. J. W . G . Offergelt que dirigiu, durante 6
anos, os destinos da Emprêsa no Brasil. A transmissão do cargo têve lugar no Escritório
Central da Philips e contou com a presença dos membros da Diretoria da Organização.
O Sr. C. T- van der Klugt é casado com O. Johanna A. Maria van der Klugt e tem quatro
filhos. Em 1968 passou a fazer parte da Diretoria da Philips Brasileira, corno Diretor Co-
mercial. Anteriormente havia ocupado cargos de direção na Philips Holanda, Chile e Uru-
guai.
J. W. G. Offergelt, doutor em Ciências Econôrnicas e autor de várias obras sôbre proble-
mas monetários, exerceu a função de conselheiro em assuntos financeiros da Philips Holan-
desa, de 1950 a 1956, quando veio para o Brasil como Diretor Financeiro da Organização,
cargo que desempenhou até ser eleito Superintendente em 1964 .

24 43 revista ELETRôNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
N.• 001

RADIO-CONTRÔLE
PARTE I

FEVEREIRO 1971

INTRODUÇÃO

Com a regulamentação da " Faixa de Cidadão" Os equipamentos de rádio-contrôle foram enqua-


(27 MHz) , pode-se agora operar dentro desta faixa drados como "SERVIÇO DE CLASSE O", tendo si-
de frequências, desde que sejam cumpridas as exi- do destinados para essas funções os canais 3 O, 7 D,
gências estipuladas pelo Ministério das Comunicações, 11 D, 15 D e 19 O, cujas frequências são as seguin-
através do DENTEL - (Departamento Nacional de tes: 26,995 MHz, 27,045 MHz, 27,095 MHz, . .. . .. . . .
Telecomunicações). (Vide Revista Eletrônica n.o 38 27,145 MHz e 27,195 MHz. Assim, fica claro que na
- março-abril 1970). construção do equipamento, o cristal do transmissor,
ou jôgo de cristais transmissor-receptor devem ser
escolhidos de forma a poder operar-se dentro de um
dos canais apresentados acima.
Neste primeiro artigo, focalizaremos o transmis-
sor e um receptor super-regenerativo; no próximo nú-
mero, será visto um receptor super-heterodino e o
"circuito atuador".
O circuito do transmissor usa quatro transisto-
res de silício, é controlado a cristal, e fornece
100 mW de potência de RF modulado em amplitude
por dois tons de áudio. Seu consumo é de 50 mA sob
tensão de alimentação 12 V (C. C).
O primeiro receptor é do tipo super-regenerativo
e utiliza 3 transistores de silício, um dêles funcionan-
do como amplificador de RF. A sensibilidade dêste
rece~tor é_ de aproxiii_Jadamente 10 (..LV, e seu consu-
mo e de J mA sob alimentação 9 V (C . C) .
~ste receptor tem estabilidade
relativamente baixa, o que o tor-
na pouco indicado para ser apli-
cado em sistema de telecoman-
do de maior responsabilidade.
porém, em brinquedos. nauti-mo-
delismo e noutras aplicações
mais simples. funciona satisfat0-
riamente.

- 1-
O segundo é do tipo superheterodino e foi cons-
truido com 5 transistores, 1 díodo e bobinas de FI
comerciais. Seu oscilador local é controlado a cris-
tal, sua sensibilidade é 71J.V e a largura de faixa da
etapa de FI é 3,5 kHz. O fator de mérito do CAV é
melhor que 50 dB e o consumo é 8 mA sob alimenta- tons de áudio foram usadas bobinas do tipo "pot-co-
ção de 9V (C .C). re ", de fabricação nacional. ~ste circuito original-
O circuito que converte os tons de áudio em mente controla o sentido de rotação de um pequeno
informações C . C . (o qual convencionamos chamar motor C . C., porém, poderá atua r outros dispositivos,
de atuador) usa 4 transistores: 2 de silício e 2 de como relês, etc. O consumo dêste circuito é 200 mA
germanio; nos circuitos tanques que sintonizam os e a alimentação é de 9 V (C . C.).

A - O TRANSMISSOR

Frequência de operação: 27 MHz, controlada a cristal


Modulação em amplitude: 70% aproximadamente
Tons de áudio modulantes: I kHz e !,7kHz
Potência de saída de RF (na carga) : toOmW
Atenuação de 2.• harmônica (54 MHz) : 42dB
Consumo de corrente total : 50 mA
Consumo de corrente (estágio final): 45mA
Tensão de alimentação: 12V (C . C . )

O diagrama esquemático do circuito aparece na O sistema irradiante do transmissor usa uma an-
Fig. 1 e o primeiro estágio a ser analisado é o osci- tena telescópica com uma bobina compensadora (ver
lador de RF, que, sendo controlado a cristal, oscila Fig. 8), sendo esta antena ligada ao amplificador de
na frequência da portadora a ser transmitida. No co- potência T, através do filtro composto por L,, Ls, L,,
letor de T,, o circuito tanque composto por L, C. é C12, Cn, C,., e C,s, que garante uma atenuação de
sintonizado por volta de 27 MHz, a fim de forçar 42 dB para o 2.• harmônico (54 MHz) .
o oscilador a oscilar no 3." sobretom do cristal, fre· Por meio da chave CH, pode-se substituir a an-
quência esta indicada em seu invólucro. A polariza- tena pela lâmpada pilôto LP, que serve para indicar
ção C.C. de T, usa um divisor resistivo na base Ru se o transmissor está funcionando, além de servir de
e Ru e um resistor no emissor, R, •. O sinal gerado referência na hora da calibração.
pelo oscilador, é transferido para a base de T, através O oscilador dos tons de áudio usa um transistor
do capacitar C,o . BC 108 (T,) e tem em seu elo de realimentação um
O transistor T,, polarizado através do choque Lz, filtro "duplo T", constituído por C, Cz, c., R,, Rz, R,,
de forma a operar em classe C, é o amplificador de R. e R, . A frequência de oscilação 1 kHz pode ser
potência de RF. Seu coletor é ligado ao circuito mo- ajustada por intermédio do "trim-pot", que é ligado
dulador por intermédio do choque de RF L,, caben- em série com a chave CH, e em 1,7 kHz por meio do
do ao resistor Ru limitar a corrente do emissor. "trim-pot" Rz, que é ligado em série com CHz.

- 2 -
@) @
R8 R9.
tOk 27k

c s c
BCIOB BFIB5
BCI77 BCt77
---r2 BSX20

o----e + t2V
Ch4

Ct7 B
~ ANTENA
tOn Ch3

LPt

u u

_j _ _ _ _L - __ _j

TI T2 T3 T4 RESISTORES EM OHMS
c ~.~ 5,5_ 6 ,~
~
TABELA DE CONDENSADORES EM FARAOS
o TENSÕES CC
-E -º'~
B H,4 3
o t2 2,5 0,5

FIG. 1

O capacitar C, Liga o estágio de áudio ao circui- A blindagem entre as bobinas L,, L, e L. foi fei-
to modulador, qu e foi construído com um transistor ta com uma tira de fôlha de Flandres, 160 mm
de silício PNP (T,) para melhor adaptar-se à concep- X 25 mm , dobrada conforme mostra a Fig. 3.
ção do circuito do amplificador de RF. Assim , sen- Para construção do transmissor, foram utiliza-
do, a corrente que circula através de T, é a mesma das duas antenas telescópias comuns de rádios tran-
que passa por T, . P.ode-se concluir daí que, varian- sistorizados, fàcilmente encontradas na praça. As
do a tensão na base de T,, varia-se também no cole- duas antenas (A e B) foram cortadas para serem
tor de T, resultando daí a modulação em amplitu- adaptadas às condições do circuito (ver detalhe "a"
de, que, no caso, é por volta de 70% . da Fig. 8) e, entre elas foi colocada uma boliina com-
O consumo de corrente de todo o circuito é pensadora (L,) , cuja posição de montagem pode ser
50 mA , sendo 45 mA aquêle do estágio final (T,) . vista no detalhe "b" da Fig. 8. · A bobina foi en-
rolada em um bastão confeccionado com material
Os níveis de tensão C . A . podem ser observados " PVC" (ver detalhe "c" da Fig. 9) e fixada entre
no diagrama de blocos da Fig. 2. as antenas através de parafusos de 3,96 mm de diâ-

CONSTRUÇÃO

O transmissor, assim como todos os


outros circuitos apresentados foram osc ..
montados em placas de fiação impres- DE AUDI O
sa. Todos os componentes do trans- 12 TON S) AN TENA
missor, menos as chaves (CH~, CH,, 3V
CH, e CH,) foram montados em uma

T
(1kHl OU 1,7kH z)
pllica tamanho 120 mm x 65 mm (ver
figura 3) .
As bobinas são de fácil construção e
a fôrma usada ("Solhar") foi cortada
(ver Fig. 4) para reduzir a altura da
os c
CON TRO L ADO
A CR ISTAL
(27MHz )
I FILTRO
DE ANT ENA

montagem. Os choques L, e L, foram 4 V ( 27 MH z)


enrolados em tubos de material fenóli-
co de 6 mm de diâmetro, sendo que
foi usado fio rígido de 0 = 0,9 mm
(A WG 18) para os terminais (ver Fig.
5 e Fig. 6 . FIG. 2

-3-
FIG. 3
P/0 PO"lTO A DE CM

BLINDAGEM

metro por .20 mm de comprimento. O contacto elé- Indutância: L..1n = 0,3 !!H
trico entre a bobina e as antenas foi feito através de
duas arruelas de metal, de 7 mm de diâmetro. L.... = 0,6(.LH
Núcleo R. Sontag E-6313 R 28 RF
BOBINAS O = 140 em 27 MHz

As bobinas L~o L., L; e L. foram enroladas em L e Ls - :Bõbinas de .filtro de antena .


fôrmas "Solbarn, de 7 mm de diâmetro e cortadas
conforme indicado na F~g·. 4--. Construção:
5 espiras de fio esmaltado 0 = 0,510 mm
(A WG 24), espaçadas entre si de um diâmetro
L1 - Bobina do Ci!'çuitg oscilador. do fio.
•C onstrução: Indutância: mln· = 0,2 (.LH
6 espiras de f io esmaltado .0 = 0,510 mm L .... = 0,4(.LH
(AWG 24), 1espaçadas entre si d e um diâmetro Núcleo R. Sontag E-6313 R 28 RF
do fio . O = 150 em 27 MHz

- 4· -
LFURO , . tmm
r ENROLAMENTO

Jr~r
OOBRARO--~ ~~6mm
FIO C/ALICATE ~
l i~'
\_FURO 1• tmm ~ ~ TERMINAIS
FIG. 4 FIG. 5 FIG. 6 FIG. 7

L, - Bobina do filtro de antena. L, - Choque do circuito de saída.

Construção: Construção:
3,5 espiras de fio e.smaltado 0 =
0,510 mm 65 espiras de fio esmaltado 0 0,203 mm =
(AWG 24), espaçadas entre si de um diâmetro (AWG 32) , enroladas em tubo de material fenó-
do fio . lico, como é mostrado na Fig. 5.
Os terminais foram feitos com fio rígido
Indutância: 0,15{lH 0 =
0,9 mm (A WG 18), e fixados no tubo, con-
forme o desenho da Fig. 6.
Esta bobina tem nócleo de ar.
O =150 em 27 MHz Indutância: 10 {lH

PARAFUSO FIXADO
NA ÚLTIMA SECÇÃO
FIG. 8

7l'/ I
~m~ I ~
I. 540mm
1- "Omm -1
ANTENA
0 ANTENA @
o) DIMENSÕES DAS ANTENAS TELESCÓPICAS A e B

BOBI NA COMPENSADORA
I

~--------,~7JO/IIIII f-1 _ __,....-----Q


COMPR IMENTO TOTAL DA ANTENA "~ . 250mm

b) COLOCAÇÃO DA BOBIN A CO MPENSADORA ENTRE


AS ANTENAS A e B

/ ARRU ELAS DE METAL ( (11 ?mm I

3,96 mm
'FUROS COM ROSCA P/ FIXAÇÃO BOBINA COMPLETA
DA BOBINA NAS ANTENAS (A e Bl L "30 ESP FIO ES MALT (1!"0,57mm (AWG-231

DIMENSÕES DO BASTÃO DE "PVC" c iDETALHES DE CONSTRUÇÃO


DA BOBINA CO MPENSADORA DA BOBINA COMPENSADORA

-5
L, - Choque do circuito de saída. 1.") Ligar a chave CH, para a posição C, ou se-
ja para a Lâmpada pilôto.
Construção: 2.") Ajustar L,, L, e L, para o máximo brilho
40 espiras de fio esmaltado 0 = 0,203 mm na lâmpada.
(AWG 32) , enroladas em tubo de material fen6- Quanto aos tons de áudio, inicialmente os resis-
lico, conforme mostrado no desenho da Fig. 7. tores ajustáveis R, e R, devem ter seus cursos na
A montagem dos terminais é idêntica à do cho- posição central, pois um ajuste fino das frequências
que L,. dos tons poderá ser feito quando todo conjunto
Indutância: 4 J..LH (transmissor, receptor e circuito atuador) estiver fun-
cionando.
AJUSTES
A lâmpada pilôto LP, servirá sempre de referên-
O ajuste do transmissor é feito com auxílio da cia quando se quiser saber se o transmissor está fun-
lâmpada pilôto LP,. Procede-se da seguinte forma : cionando.

LISTAS DE MATERIAIS

Resistores (todos de carbono, 1/2 watt, I0%) Cu- 100 pF cerâmico tubular 500V
R, "Trim-pot " - 4,7 k!l Lin . C,. - 100 pF 500V
R, " - 1 k!1 Lin. c., - to nF cerâmico "pin-up " 500V
R, 150 !1
R. 27 k!1 Transistores
R, 27 k!1
R, 330 k!l T, - BC 108 - Oscilador de áudio
R, 4,7 k!l T, - BC 177 - Modulador
R, IOk!l T, - BF185 - Oscilador de RF
R, 27 k!l T, - BSX20 - Salda de RF
R,,- 680 !1
Ru - 560 !1
Ru- 5,6k!l Cristal de Quartzo
Ru- 2,2k!l
R,.- 330 !1 Frequência conforme indicado na Introdução, tama-
Ru- 10 !1 nho HC-18U

Capacitares Diversos
c, lO nF poliester ~etalizado 250V Lâmpada Pilôto - 6 V- 50 mA-- Philips 7121 -D
c, 10 nF 250V I soquête de rôsca p/ lâmpada pilôto
c, IOOnF 250V
c, 22nF 250V CH, - interruptor de botão tipo "campainha"
c, 100 nF 250V CHz - interruptor de botão tipo "campainha"
c, 125 nF eletrolítico 16V CH, - chave tipo "H"
c, 4,7 nF cerâmico "pin-up" 125 v
c. 68pF cerâmico tubular 500V CH, - interruptor simples
c, 22pF 500V 2 dissipadores (p/ transistores T, e T,) tipo HT-18 -
CIO- 39 pF 500V "Amplitec"
Cu - lO nF cerâmico "pin-up " 125V Placa para fiação impressa 120 mm X 65 mm
c,. - 100pF cerâmico tubular 500V
Cu- 180pF " 500V Tira de fôlha de Flandres (lata) para blindagem .
c,. - IOOpF 500V 160mm X 25mm

B- RECEPTOR SUPER REGENERATIVO

Frequência de operação: 27MHz


Sensibilidade: lO J..LV para I V de áudio
(aproximadamente)
Tensão de saída de áudio : I V (no coletor de T,)
Consumo de corrente : 5mA
Tensão de alimentação : 9V (C . C.)

O circuito do receptor super-regenerativo (Fig. No primeiro estágio (amplificador de RF) , a bo-


9) emprega 3 transistores de silício: amplificador bina L,-L, acopla a antena ao receptor. A polariza-
de RF, I circuito de regeneração e I amplificador ção C . C . de T, é feita pelo divisor resistivo na ba-
de áudio. se, R, e R, e um resistor no emissor, R,. O sinal re-

- 6-
BFIB5 BF IB5 BCI7 7
TI T2 T3
BCI77 r-----~~-----.-----.-----.----~~---.+9V
E B

@ c
BF185
B E

Q"
s c
LI

R5
Ik L5

TABEL A DE TENSÕES CC
TI T2 I T3 RESISTORES EM OHMS
c 8 8~ CAPACITORES EM FARADS
B I 7,__3_
FIG. 9
1, 4 -I
E I o 8

cebido é amplificado por T, e transferido para o es- BOBINAS


tágio de regeneração através de L, primário do trans-
formador L,-L, As bobinas L,, L, e L,, L foram enroladas em
fôrmas de bobinas "Solhar " de 7 mm de diâmetro,
O circuito de regeneração é convencional, com cortadas como as usadas no transmissor (ver Fig. 4).
frequência de oscilação (por volta de 27 MHz) con-
trolada pelo tanque L-C, ligado ao coletor de T,. O L, e L, - Bobina de entrada do circuito
capacitar C, faz com que a base de T, fique ligada à amplificador de RF.
massa para RF. O choque L,, ligado ao emissor de
T ,, tem em paralelo consigo Rs para que seu "O" Construção :
seja amortecido . A realimentação necessária para que
o circuito oscile é feita através de C, ligado entre Primário (L,): 2 espiras de fio esmaltado 0 =
cole to r e emissor de T, . Com o resistor ajustável R, = 0,405 mm (AWG 26) Secundário (L,) : 7 es-
(" trim-pot") , pode-se variar a polarização C . C . da piras de fi o esmaltado 0 =
0,405 mm (A W G
base de T, e, com isto, ajustar a frequência de 26) O s enrolamentos foram montados conforme
interrupção ("Ouench") . figura 11 . ··
O sinal de áudio é retirado no ponto " A" indi-
cado no circuito, e os componentes R,, C, e C, Indutância : L, (secundário)
compõem o filtro de RF. Lmln = 0,8(-1H
O amplificador de áudio foi montado com um Lm-. =
1,8(-1H
tr!)nsistor de silício T, PNP para melhor adaptação O = 85 em 27 MH;
ao circuito anterior.
A sensibilidade do receptor é por volta de L, e L, - Bobina do circuito de regeneração :
lO (-1V , .sendo que, para êsse nível de sinal na antena , Sua construção e características são idênticas às da
a tensão de áudio na saída é por volta de 1 V. bobina L,jL,.
O consumo de corrente é 5 mA e a tensão de ali-
mentação 9 V (C . C . ). L, - Choque do circuito de regeneração .
Construção:
CONSTRUÇÃO
A placa de fiação impressa dêste receptor (Fig. 75 espiras de fio esmaltado 0 =
0,102 mm
10) mede 120 mm X 30 mm. As bobinas L, - L, e (A WG 38), enroladas em tubo fenólico , figura
L, - L, foram enroladas em fôrmas de bobina "So- 12.
lhar" , também cortadas para diminuir as dimensões. A montagem dos terminais é idêntica à dos choques
O choque L, foi enrolado em tubo de material fenó- de transmissor (ver fig 6) .
lico , como também os choques usados no transmis-
sor : Indutância : 15 1-1H
A blindagem entre as bobinas L, - L, e L, - L,,
como feito nos outros circuitos , foi confeccionada AJUSTES
com uma tira de fôlha de flandres de 80 mm X Os instrumentos usados para o ajuste dêste re-
25 mm, e dobrado de acôrdo com as indicações da ceptor são, um gerador de RF modulado e um os-
Fig . 10. ciloscópio. O procedimento é o seguinte :

-7 -
1[§]
FIG. 10

l
ANTE N/\
I

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AI INnt.r.ClF M

7 ESPIRASi
SEC.
l
____l3mm
----r.
- lmm FIG. 11 2.•) Ligar o osciloscópio à saída da áudio e
2ESPIRAS ~ ajustar L, - k . L, - L, e finalmente R., para o me-
PRIM. lhor sinal no osciloscópio.

7,5mm ~=@~lO mm O ajuste dêste receptor também pode ser reali-


zado sem a ajuda de instrumentos. Neste caso, de-
TERMINAIS/ u~ENROLAMENTO FIG. 12 ve-se ligar um fone de alta impedância à saída de
áudio, procedendo como descrito a seguir. Liga-se o
f6mm
transmissor, fazendo-o emitir um sinal modulado por
1.") Com o gerador de RF produzindo a fre- qualquer dos dois tons de áudio (1kHz ou 1,7kHz);
quência de recepção com nível de 20 J..LV aproximada- à distância de uns 10 metros do receptor. Ajusta-se
mente o modulado a 30% por um tom de áudio, L, - k e L, - L, e, finalmente R., para máxima in-
injetar seu sinal na antena do receptor . tensidade do apito no fone .

LISTA DE MATERIAL
Resistores (todos de carbono, 1/2 watt, 10%;) c. - 22nF- poliester ~etalizado 250V
c,- 22nF- 250V
R, 4,7kn CIO- lOnF- 250V
R. 22kn C"- lOOJ..LF- eletrolítico 6,4V
R. 560 n C,z- 125J..LF- 16V
R. 560 n C" - lOJ..LF- 16V
R, 1 kn
R. "trim-pot", 470 kn - lin Transistores
R, 1 kn
R. 2,2 kn T, - BF185 - Amplificador de RF
R, 2,2kn Tz - BF185 - Circuito de regeneração
RIO- 560 n T, - BC177 - Amplificador de áudio

Capacitares Diversos

cerâmico "pin-up" 125V Placa para fiação impressa 120 mm X 30 mm


C, - 3,3nF- Tira de fôlha de Flandres (lata) para blindagem
C, - 22pF- cerâmico tubular 500V
500V 80mm X 25 mm
C, - 220pF- cerâmico ,"pin-up"
c, - 3,3nF- 125 v
c, - 22pF- cerâmico tubular 500V Em nosso pró:idmo caderno descreveremos o secundo re·
c, - 470pF- cerâmico "pin-up" 500V ceptor (superheterodlno) e o circuito atuador, além do
c, - 22pF- cerâmico tubular 500V ajuste final do conjunto transmissor·r-ptor-atuador.

-8-
SllRGIO AMilRICO BOGGIO

0@ffi0
CB®ffilli®CB~[U)@ffiÜ®0
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RESPOSTAS NA PÁGINA 67

40 43 45
O elétron possui carga: Ao testarmos a isolação de +B Um bom solvente para depois
com um ôhmetro devemos: das soldas em circuitos impres-
a) negativa'
a) ligar o receptor e colocar sos , a fim de limpar os excessos
b) positiva de fluxo proveniente da solda é:
c) neutra o ôhmetro em paralelo
com o primeiro capacitar a) querosene
d) negativa ou positiva eletrolí tico de fi! tro
b) água
b) desligar o receptor, curto- ~ c) alcooh
41 circuitar momentâneamen-
te os capacitares de filtro , d) percloreto de ferro
A impedância de um circuito e depois ligar o ôhmetro
LC série é, na frequência de res- em paralelo com os capa- 46
sonância: citares
c) ligar o receptor e colocar Em um transistor de tipo
a) máxima o ôhmetro em série com o BCI07 podemos dizer que se tra-
b) mínima - catodo da válvula retifica- ta de transistor de:
c) constante dora e primeiro capacitar
eletrolítico de filtro _ a) germânio para áudio
d) nenhuma das anteriores é
certa d) desligar o receptor, colo- b) silício para áudio·
car uma ponta de teste do c) germânio para alta fre-
42 ôhmetro no chassi e com quência
a outra medir a isolação d) silício para alta-frequência
dos diversos pontos de
O capacitar utilizado entre o estágio de +B-
estágio de saída transistorizado 47
e alto-falante serve:
44
a) bloquear a componente do Temos um amplificador de
sinal entregue ao alto-fa- áudio entregando uma potência
Quando um TV apresenta
lante de 10 W . Qual a potência en-
somente barra horizontal branca tregue por êle num nível de -3
b) ajustar a resposta em fre- no centro da tela, o estágio de-
quência, bloqueando o ex feituoso mais provável é:
dB?
cesso de graves a) SW
a) Amplificador de vídeo
c) evitar o deslocamento do b) 3,3 w
ponto de repouso do alto-• b) Varredura horizontal
c) 20W
falante c) Muito Alta Tensão
(M.A.T.) d) 7,6 w
d) nenhuma das anteriores é
certa . d) Varredura vertical · (Cont. na pág. 38)

revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 33
SI: RGIO A M I:RICO BOGGIO

Iremos, nesta série de artigos que ora iniciamos , é o á tomo de oxigênio . Por conseguinte, um a mo-
apresentar o estudo dos semicondutores, componen- lécul a de água deve conter três átomos .
tes e circuitos à base dêstes . No final de cada artigo
o leitor encontrará um questionário que deverá res- Conceituamos ass im o que é á tomo e o que é
molécula; mas, em que consiste o á tomo?
ponder, a fim de auxiliar a compreensão da maté-
ria descrita . Inicialmente iremos formar o conceito Suponhamos um ga roto rod ando uma pedra.
de átomo, utilizando um seu modêlo cl ássico . prêsa por um fio , em tôrno de sua mão (fig. 1) .
Podemos dizer q ue a pedra descre verá um a circu n-
Mas, o que é o átomo? Tomemos um pedaço
de fio de cobre por exemplo . Dividamo-lo ao meio ,
tomemos uma das metades e a dividimos ao meio .
repetindo êste processo milhares de vêzes . Iremos
chegar depois de certo número de divisões a uma
partícula que , se fôr dividida, as du as partes res-
tantes não terão mais a característica do cobre ini-
cial . (Por características entendemos o ponto de
fusão, condução da eletricidade e do calor, etc . ) .
Assim a esta menor parte de cobre, que ainda tem
tudo de cobre, chamados de á tomo de cobre .

Para termos uma idéia do tamanho de um


átomo de cobre vejamos a seguinte comparação :
Ampliemos uma gota de chuva de 2 . 000.000.000
vêzes e ela terá o tamanho da Terra, se ampliarmos
o átomo de cobre do mesmo número de vêzes êle
terá as dimensões de uma bola de futebol .
São conhecidos cêrca de 102 tipos de átom os,
como por exemplo, hidrogê nio, oxigênio, ferro, co-
bre, etc .
Com êstes tipos básicos (átomos) conseguem-se FIG. 1
todos os materiais encontrados na natureza . Por
exemplo, a água . Não existe átomo de águ a, pois
ela é composta de átomos de hidrogénio e oxi- ferência em tôrno da mão graças à fôrça que o
génio . ga roto aplica à pedra através do fio . Se trocás-
semos o fio por um elás tico e o garoto fôsse im-
Se formos dividindo a água em inúmeras partes, primindo maior rotação à pedra, essa iria descrever
chegamos a mesma partícula que ainda é água, circunferências cada vez maiores em tôrno da mão.
denominada molécula d'água, pois é uma reunião De fato , quando aplicamos maior rotação, estamos
de átomos. Assim, se tomarmos 2 átomos de hi- aumentando a velocidade da pedra e ·em consequên-
drogénio e unirmos a um átomo de oxigênio, te- cia aumentamos sua energia. Devido a isto ela terá
remos uma molécula d'água . tendência de se afastar da ·mão . No caso do fio ,
aumentaria a fôrça transmitida pelo fio, mas não
Uma molécula é a menor partícula que pode a distância, visto que o fio não pode esticar . Com
existir de uma substância composta e que possui o elástico, ao aumentar a fôrça, êle estica. deixand o
tôdas as propriedade desta substância . Em outras a pedra rodar mais longe da mão do garôto .
palavras, uma molécula de água nunca poderá ser
"construída" com menos de duas partes de hidra- Imaginemos agora dois corpos, existindo entre
gênio e uma parte de oxigênio . êles uma fôrça , mas não tão materializada, como a
que existia através do fio entre a mão e a pedra .
A menor parte possível do hidrogénio que aind a Uma fôrça tal como existe entre dois imãs ou entre
seja hidrogénio é o átomo de hidrogénio; e a menor sêres . E ponto pacífico, que desde a criação de
parte possível de oxigênio que ainda seja oxigênio Adão e Eva, sêres diferentes se atraem e . sêres

34 43 revista ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
iguais se repelem . Assim pensemos em dois corpos 29 protons e 29 eletrons, e que perde um elétron
A e B (fig. 2) , sendo A com uma certa propriedade ficando com apenas 28 elétrons . No balanço de car-
(sexo) que denominaremos de carga positiva e o gas de átomo teremo~ , (+29) + (-28) = +I, que
outro, B com a propriedade oposta (sexo oposto) que êste átomo apresenta uma carga positiva, igual à
denominaremos de carga negativa . Se deixarmos carga de um proton . A êste átomo de. cobre que
êstes corpos livres no espaço (por exemplo: uma já não é mais neutro, denominamos de ION PO-
SITIVO de cobre . Assim, ion positivo é um átomo

00
A B que perdeu um ou mais elétrons .
Suponhamos que o nosso átomo de cobre neu-
tro (29 proton e 29 elétrons) ganhe um elétron fi-
cando com 30 elétrons . No balanço de cargas do
átomo teremos, (+29) + (-30) = + 1, que kte
átomo apresenta uma carga negativa, igual à carga
de um elétron. A êste. átomo de cobre que já não
FIG. 2 é mais neutro, denominamos de ION NEGATIVO
de cobre . Assim ion negativo é um átomo que
ganhou um ou mais elétrons .
mesa onde não haja atrito entre corpos e mesa),
teremos que os corpos se aproximarão devido a Existem na natureza átomos que perdem elé-
fôrça de atração entre êles, que arrastará um corpo trons fàcilmente, isto é, alguns elétrons estão fra-
em direção ao outro, tendendo a aproximá-los . camente ligados ao átomo .
Façamos com que o corpo B gire em tôrno de A Tais tipos de átomos têm grande tendência de
(fig . 3) assim como a pedra girava em tôrno da se tornarem ions positivos. Um exemplo é o átomo
mão do garoto . Teremos numa situação de equilí- de sódio Na . Existem também tipos de átomos
brio, o corpo B girando em torno de A, a uma de- "ávidos " por elétrons, tendo êstes grande tendência
terminada distância de A . Isto, porque havendo de se tornarem ions negativos . Um exemplo é o
rotação haverá uma fôrça tendendo a afastar um átomo de cloro Cl .
Tomemos um átomo de sódio e um átomo de
cloro inicialmente neutros (figura 4) . Juntemos êstes
átomos . Ràpidamente o átomo de cloro "rouba "
um elétron do átomo de sódio. Temos agora, um
ion positivo de sódio e um ion negativo de cloro .

FIG. 3

corpo do outro. Porém . e'<iste a fôrça de atração


entre êles por possuírem cargas opostas. Ha-
verá então uma posição de equilíbrio entre fôrça.
de atração devido a oposição de cargas, e fôrça FIG. 4
devido a rotação . Esta situação de equilíbrio é
semelhante à do garoto rodando a pedra em tôrno Devido terem cargas opostas. êstes ions se atrairão
da mão com um elástico. ficando juntos até que uma perturbação os separe.
Estas idéias se aplicam ao átomo, pois êste é Assim conseguimos formar um composto denomi-
bàsicamente constituído de um núcleo com cargas nado cloreto de sódio (Na Cl) ou como é mais
positivas denominadas prótons e orbitando (giran- conhecido o sal de cozinha. ~ste tipo de ligação
do) em tôrno do núcleo, partículas com carga ne- entre os átomos é o que denominamos de ligação
gativa denominadas elétrons . A composição do IóNICA ou ELETROVALENTE .
átomo difere em cada espécie de matéria . Por exem- Existem casos de união de átomos iguais, por
plo, o hidrogênio apresenta a constituição mais sim- exemplo, a união de átomos de hidrogênio H. Não
ples: apenas um elétron e um próton . No cobre há sentido de se falar que um átomo "rouba" o
giram 29 elétrons à volta do núcleo composto de elétron do outro permanentemente, pois êstes são
29 prótons . iguais . Podemos pensar como cada átomo empres-
Percebemos que em qualquer átomo o número tando e " tomando emprestado" · o eletron do outro
de cargas positivas (protons) é igual ao número de (fig. 5) isto é, os átomos compartilham dos elétrons
cargas negativas (elétrons) . Assim o átomo diz-se entre si. A êste tipo de ligação denominamos CO-
neutro, isto é, o total de cargas é nulo pois se VALENTE .
tivermos 5 protons e 5 elétrons, a carga total será São os compostos químicos formados bàsica-
(+5) + (-5) = O. Convém frizar que o átomo mente por átomos unidos por uma dessas ligações
está neutro em relação ao exterior, pois dentro dêle descritas . Além dos elétrons que participam da
já não encontramos esta neutralidade . ligação, podem aparecer elétrons livres, que como o
Pode acontecer de um :ítomo perder um ou próprio nome diz, podem se movimentar fàcilmente
mais elétrons. Suponhamos um átomo de cobre com no composto. E: a quantidade dêsses elétrons que

reYista ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 I 43 35
00
- 213•c

I \ ELETRONS

FIG. 5

vai determinar se um material é bom ou mau con-


dutor elétrico . Um bom condutor, por exemplo
cobre, deve possuir grande quantidade de elétrons
Livres enquanto que um bom isolante como mica,
deve possuir pouquíssimos elétrons livres . Os semi-
condutores estão numa situação intermediária entre
condutor e isolante .
a
Os semicondutores apresentam uma estrutura
cristalina. Seus átomos estão distribuídos de acôr- 2o•c
do com um padrão definido, formando o que cha-
mamos de rêde cristalina. Quando usados em
transistores, os semicondutores são produzidos sob
a forma de um cristal único.
O germânio e da mesma maneira o silício tem a
mesma estrutura cristalina que o carbono. O dia-
mante é a forma cristalizada do carbono . A estruturr.
do diamante é ilustrada na figura 6. Um número
elevado de cubos, convenientemente espaçados e

ELETRON

b
FIG. 7
FIG. 6

orientados, formam a rêde cristalina . A característica ( -273"C - figura 7a) tôdas .as ligações estarão
essencial da rêde é que cada átomo está ligado a qua- completas . Quando se eleva a temperatura (fig. 7b)
tro outros vizinhos . alguns dos eletrons da ligação covalente adquirem
energia térmica suficiente para se tornarem livres .
f.stes átomos estão ligados por covalência e as Notemos que no local onde existia um elétron ,
fôrças ·que mantém a estrutura do cristal são re- aparece uma região positiva que denominamos
presentadas pelas Ligações de cada átomo com seus LACUNA ou BURACO . Assim a lacuna pode por
quatro vizinhos mais próximos. Cada um dos qua- extensão ser representada por uma partícula se-
tro eletrons de ligação (valência) é compartilhado melhante ao elétron, sômente que agora, a sua car-
com um do átomo vizinho, de modo que dois áto- ga é positiva.
mos adjacentes compartilhem os dois eletrons . A
figura 7a mostra esta ligação covalente, estando O semicondutor puro quando a zero graus ab-
planificada a rêde cristalina, por facilidade de re· solutos (-273"C) é um isolante perfeito, pois não
presentação em du as dimensões . possui portadores de carga livre . Quando aquece-
mos êste semicondutor aparecem portadores livres ,
A rêde cristalina como aparece ilustrado, é per- eletrons e lacunas . Logo o semicondutor começa a
feita e nunca se verifica na prática . Se um cristal poder conduzir corrente elétrica deixando de ser
perfeito estiver à temperatura zero absoluto isolante.

36 43 revista ELETRõNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 19 7 1
Na figura 7b, o número de elétrons e lacunas
é necessàriamente igual, uma vez que lacunas e
elétrons são produzidos aos pares. Entretanto, po-
dem ser adicionadas impurezas adequadas ao ger-
mânio, tornando as lacunas mais numerosas que os
elétrons ou vice-versa .
Os átomos dos semicondutores (germânio ou
silício) possuem 4 elétrons para ligação covalente.
Se conseguirmos átomos pentavalentes, isto é, que
possuem 5 elétrons para ligação, e infiltrarmos al-
guns desses átomos na rêde cristalina do semicon-
dutor puro, teremos que quatro elétrons do novo
átomo tornarão ligações covalentes com os átomos
do semicondutor. O quinto elétrons permanece li-
vre e a tua como um portador de corrente negativa .
A figura 8 mostra um átomo de arsenio As
rodeado por quatro átomos de germânio . O ar-
senio é um átomo pentavalente . O cristal de ger-
mânio composto somente de átomos de germânio FIG. 9
é dito cristal semicondutor puro ou semicondutor
de elétrons livres dá uma característica de corren-
te Negativa ao semicondutor e por isso êle passa
a se chamar semicondutor tipo N . Convém notar
que êsses elétrons são livres, porém a cada um dê-
les pertence um próton no átomo de impureza, logo
o cristal impuro é eletricamente neutro.
Existem átomos de impureza trivalente, isto é,
possuem 3 elétrons para ligação . O átomo de im-
pureza compensa a falta de seu quarto elétron ,
aceitando um outro de uma região próxima da rêde,
criando-se assim uma lacuna .
Na figura 9 temos um átomo de índio que é
trivalente, introduzido na rêde do germânio. Ao
cristal assim formado, damos o nome de semicon-
dutor tipo P, pois êsse excesso de lacunas ("elétrons "
positivos) livres dão uma característica de corrente
Positiva ao semicondutor . Da mesma forma que
no tipo N, o cristal tipo P é também eletricamente
FIG. 8 neutro .
Notamos nas ·figuras 8 e 9 que o elétron ou
intrínseco. Ao adicionarmos uma impureza (dopa- a lacuna livre não se encontram. junto ao átomo
gem) ao semicondutor puro, êle torna-se um semi- de impureza responsável· por êsse elétron ou la-
condutor impuro ou semicondutor extrínseco . No cuna. O que ocorre, é que por êles (elétrons ou
caso acima a impureza foi pentavalente, sobrando lacunas) serem livres, podem migrar por todo o
um elétron a cada átomo de impureza . f.sse excesso cristal .

QUESTIONARIO

I - O núcleo de um átomo é 5 - A lacuna é: b) porque os elétrons es-


formado de : a) um próton tão em rotação em tôr-
a) próton b) ausência de um próton no do núcleo
b) lacuna c) um elétron c) pois não há interação
c) elétron d) ausência de um elétron entre elétron e núcleo
d) n.d.a. (nenhum dos 6 Entre um próton e elétron d) n . d.a .
anteriores) existe: 9 - Um átomo com 40 prótons
2 O próton possui carga: a) atração e 40 elétrons é:
a) negativa b) nada de notável a) lon positivo
b) neutra c) repulsão b) átomo neutro
c) positiva d) n . d . a. c) ion negativo
d) n.d.a. 7 Entre elétrons ou entre d) n . d . a .
3 A lacuna possue carga: prótons existe: 10 - Um átomo com 30 prótons
a) negativa a) atração e 31 elétrons é:
b) neutra b) nada de notável a) ion positivo
c) positiva c) repulsão b) átomo neutro
d) n.d.a . d) n . d . a. c) ion negativo
4 - O elétron possue carga: 8 - Num átomo os elétrons d) n.d.a .
a) negativa não "caem " sôbre o nú- 11 Um átomo com 28 próton s
b) neutra cleo: e 27 elétrons é:
c) positiva a) devido a fôrça de re- a) ion positivo
d) n . d . a. pulsão entre êles b) átomo neutro

revista ELETRôNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 37
c) ion negativo a) três elétrons para liga· 18 - No semicondutor tipo N.
d) n.d . a . ção o número de elétrons livres
b) quatro elétrons para li· é:
12 - A ligação iônica é: gação a) maior que o de lacunas
a) a umao de átomos. c) cinco elétrons para li
quando êstes compar- gação b) igual ao de lacunas
tilham de alguns elé- d) n.d . a . c) menor que o de lacunas
trons em comum . I5 - Um semicondutor é com· d) nada se pode afirmar
b) a umao de átomos , posto de átomos:
quando uns "roubam " 19 - No semicondutor tipo P,
a) trivalentes o número de elétrons li-
permanentemente elé· b) tetravalentes (quatro-
trons dos outros . vres é:
elétrons de ligação)
c) a união de moléculas c) pentavalentes a) maior que o de lacunas
d) n . d . a . d) n . d . a . b) igual ao de lacunas
16 - Os semicondutores intrín- c) menor que o de lacunas
13 - A ligação covalente é:
secos e extrínsecos são d) nada se pode afirmar
a) a umao de átomos,
quando êstes comparti- respectivamente cristais:
a) puro, puro 20 - Para se formarem cristais
lham de alguns elétrons tipo P e tipo N são ne-
em comum b) puro, impuro
c) impuro, puro cessárias respectivamente
b) a umao de átomos, d) impuro, impuro impurezas de átomos:
quando uns "roubam" a) trivalente e pentava·
permanentemente elé- 17 - No semicondutor intrínse- lente
trons dos outros co, o número de elétrons
livres é: b) trivalentes e trivalentes
c) a união de moléculas
a) mais que o de lacunas c) pentavalentes e triva-
d) n.d.a . lentes
b) igual ao de lacunas
(4 - Um átomo trivalente pos- c) menor que o de lacunas d) pentavalentes e penta-
sui: d) nada se pode afirmar valentes .

RESPOSTAS
~,
2 4 12

3 6 7
• • • • • • • •
8 9 lO 14 16 17 18 19 20

I j li 13 15
a
• o
b
c
•• • • • • •
d

TESTE SEUS CONHECIMENTOS DE
ELETRôNICA
(Cont. da pág. 33)

48 49 51
Temos um pedaço de fio de No circuito da figura 49T te-
100 íl de resistência. Dobramos mos 3 resistores de 60 n. A resis- Em um rádio cuja fiação se-
êste fio ao meio juntando seus tência total entre A e B é: gue código de côres, a ligação
a) 20n feita com fio azul é ligação de:
extremos. A nova resistência
b) 6on
entre os novos extremos (meio
do fio é união dos extremos an-
c) gon a) +B
teriores) será:
d) t8on b) placa
c) catado
50 d) filamento
a) 100 n
b) 75!l Um transformador tem seu
primário ligado a uma rede de
c) son 444 V. Seu secundário fornece
d) 25!l uma tensão de 20 V a um resis-
tor de 5 n . Sabendo-se que o
RESPOSTAS

I~
rendimento em potência do trans-
formador é de 90%, a corrente NA
es drenada pelo primário é:

~I a) 0,2 A PAGINA 67
b) 0,18 A
c) 4A
FIG. 49T d) 3,6 A

revista ELETRõNICA
38 43 JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
W®~lf~ [ID~ ~~~[t'TI~If~~~®
~~m ~~~relnog t~ngigforizadog
IOSÊ CARLOS TELLES
lbrape S/ A
Lab de Apl icaçõe,·

Quando resolvemos brindar nos-


sos leitores com a inclusão, em
nosso número 39, de uma placa
de circuito impresso para ~
montagem de uma fonte de ali-
mentação estabilizada, sabíamos
que tal medida seria bem rece-
bida.
Jamais imagmamos, porém.
que o sucesso sería tão retum-
bante: em poucos dias todos os
exemplares distribuídos às ban-
cas de jornais e revistas esgota-
ram-se. Muita gente por aí ficou
sem o seu exemplar. FIG. 1
Não ficou, porém limitado pe-
las nossas fronteiras o êxito do
despretencioso circuito. Mesmo
"lá fora" a repercussão foi ines-
perada: a revista francêsa "Toute
L'Eiectronique" , uma das mais
categorizadas da Europa, resu-
miu nosso artigo na sua seção Lista de materiais 1 cabo de alimentação com plugue
dedicada à imprensa especializa- (para ligaçlio de salda)
da do exterior. Isso para nós é 1 transformador de fôrça Tr1): parafusos e porcas diversas. distan-
ciadores isolados (tubinhos de feno-
sem dúvida honroso, pois, não é Primário: 110/ 220 V ou 110 + 110 V llte ou plastico, 5 mm de compri-
qualquer artigo de qul\lquer re- Secundário: 18 V, com derivação mento, 4 mm de diâmetro Interno.
vista que tem méritos suficientes ceuntral, 500m A 1 placa de circuito impresso
para conquistar o direito de apa-
(Por exemplo: Wilkason 1059, ou 116<1 1 transisor de germanio PNP AC128
recer, resumido, naquele presti-
gioso órgão da imprensa especia- ou 6785; Watson 11059) 2 diodos de silício BY 126 ou BYX 10
lizada rrancesa. l aleta de refrigeração para AC 1211 1 diodo Zener (D,)
No Artigo publicado, havíamos l chave liga-desliga 1 resistor de carbono, 1/. W, 10% (R 1 )
previsto três versões, com um l cordão de fôrço com plugue para 1 capacitor eletrolítlco, 16 V de trn·
mesmo circuito (Fig. 1), apenas ligação à rede. são de trabalho (C 1 )
com alteração de três componen-
tes. As tensões são de 6, 7,5 e
9V .
Acontece que existem muitos
receptores a pilhas alimentados
por 4,5 V (3 pilhas) e 3 V (2 pi-
lhas) cujos proprietários também Valôres de D, R, e C,
gostariam de se aproveitar do cir-
cuito publicado c da placa en-
viada (Fig. 2). Assim, dado o 6V 7,5V 9V
número de consultas recebidas,
resolvemos realizar as experiên-
cias necessárias para o aprovei-
tamento ainda mais amplo da
placa, estendendo os valôres de
32 c,
I

li
BZY88/C6V2
2200
250 J..LF
Bzy88/C7V5
180
640J..LF
o
Bzy88/C9V2
t5on
640J..LF
tensões desde 3 até 9 V.

revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 19 7 1 43 39
03
c -c::=:Jr

..-:1'
CATODO
8

ALETA DE REFRIGERAÇÃO

As únicas alterações estão, na absolutamente o funcionamento R, e do diodo Zener D, , con·


tensão fornecida pelo transforma- do transformador; apenas, impe- forme a tabela a seguir .
dor, em R, e em D, . O restante de que as fontes para 3 e 4,5 V
do material é o mesmo que para sejam usados nas localidades on- Os resultados obtidos com
as outras fontes. de a rêde é de 220 V, pois não essas fontes são plenamente sa-
se deve ligar o primário à tensão tisfatórios . O "ripple" (tensão de
de 220 V, sob pena de danificar ondulação) máximo medido foi
TRANSFORMADOR outros componentes nas fontes de 0,05 '!( na fonte de 4,5 V e de
de de 3 e 4,5 V. 0,002% na fonte de 3 V . As
correntes maxunas fornecidas
O transformador deve fornecer são de 200 mA (4,5 V) e 300 mA
2x4,5 V no secundário. Como OUTROS COMPONENTES (3 V), valôres amplamente sufi-
não encontramos no comércio um cientes para alimentar os apare-
transformador desses, utilizamos No restante do circuito, é su- lhos com essas tensões de ali-
os tipos recomendados para ficiente a substituição do resistor mentaç:'ío.
as fontes de tensão mais elevada .
Esses transformadores forne-
cem 2 x 9 V. Para obter o valor
de 2 x 4,5 V, recorremos ao arti· 4,5V 3V
fício de utilizar o primário de I I
220 V ligando-o porém, à rêde
de 110 V . Como nêste caso, o
primário recebe a metade a ten- R, (1/2 W) 82!1 180 .n
são para a qual foi enrolado, o
secundário somente fornecerá a D, BZY88-C4V7 BZY88-C3V3
metade do valor especificado, ou
seja, 4,5 V. Isto não prejudica

INJETOR DE SINAIS
(Cont. da pág. 18)

Abra um orifício no fundo do tubo de diâmetro Solde o fio da carcaça no pino D do circuito .
um pouco maior que o do parafuso.
Fixe o parafuso no fundo do tubo, com a parte Solde o fio do parafuso afiado ao pino B do
afiada para fora, tomando o cuidado de isolar por circuito .
meio de arruelas de fibra e um pedaço de espagueti,
o parafuso do tubo . Solde dois pedaços de fio n.• 22 flexível de
uns 40 cm, vermelho em A e preto em C .
Faça um orifício lateral no tubo, fixando por
meio de um parafuso, internamente, um pedaço de Faça um orifício na tampa do tubo passe os
fio n.• 22 flexível de comprimento 2 cm maior que fios , introduza o circuito no tubo e feche-o .
o tubo e externamente um pedaço de uns 10 cm de
fio n.• 22 preto. f.stes dois fios deverão estar em Ligue o fio vermelho através de um interruptor
contato elétrico com a carcaça, pois servirão de ao polo positivo do porta-pilhas e o fio preto ao
terra . Ao fio prêto externo do tubo, fixe uma garra negativo.
jacaré .
Forre o tubo internamente com um cartão ou Reafirmamos que esta é uma solução de impro-
espuma de borracha ou plástico, para servir de iso- viso . No próximo artigo teremos inúmeras soluções
lante . mais sofisticadas .

40 43 revista ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
lli1Jllll11'
o eo!V~tRTO oo !!1- FL ::;;.--"""'"

"ALFA"

Certa dmanh-a recebi um tele:


fonema Além d as ferram ~em também fazer parte d
deve-se levar d' entas comuns pertences" a serem 1evados . os
me pa e um cl'Iente, ped' d
ra consertar ID o- tr;chos para at';:~sos outros ape~
~e alta-fidelidade um aparelho deste gênero. U e~ a chamados Guardei
. tud o na m 1
mformações f . Segundo as cóp'ICO e uma IAm diSCO estrobos ue1 um ta' XI. para · a' eta e pe·
g
cliente trat ornecidas pelo fluorescent ampada neon ( - reguês p Ir a casa d
c e portátil) ou f · aramos d' o
lh ' ava,se de ar a rota - para ver·r· residência f' lante de Um a
o estereofônico "F' um apare- e çao e sua I 1- d ma De .
toca-discos " G Isher" com m toca-discos AI regularidade o anunciado . I pois de ter si-
a arrard"
os equipame ' associado las e agu.lhas s~ gumas cápsu- patrão, sr. V ie a empregada, o
me a ter, veio
"C rowncorder" ntos ' toca-fitas f~zer testes com bress~lentes para e me convidou receber-
" K ardon ". e rec eptor de FM sao peças de al:aratlvos, porque sarnas logo para a a entrar . Pas·
1
zes só pai avras onãpreço e às ve- A ca . Por todo I sa a de músi-
0 ugar h ·
Quando pe rgul)tei o 0
freguês · F'10 "h' convencem grossos e pesado ~via tapetes
tecia
. com êste e . que acon· paralelo · para a s 1eldado" e f'10 to estava revestido s cortmas . O te-
mformado qUipamento f . aparelhos e d as ca
entreligação d os tudo indicando com Eucatex
t d que nenh ' UI . · · uma • ·
a os a~arelhos . um dos ci· C Iversos d.ISCOS que IX as acúst'ICaS cita, que é uma acustica per-
D f
curei sabe rseodf funcionava
' · p ro- ~ bem e está você conhe- damentais para das coisas fun·
cera devido a m e cito aconte· VIr (de acostumado dade . uma boa sonori·
. preferência a OU·
rante a I'Impeza· udança ou d u-
nAegativa. Mand .. a resposta foi
d 1sco de f A
darão a f requencias) que
. azer um · 1
também
~m
o BJU· Os aparelhos
força na tomad ei olhar se havia I CIO d o aparelho · )U gam ento cor- d~s num móvel :sstav~m monta·
a e f .. Zla parte d pecial, que f
que um aba. . UI· mformado T em teste
d' e uma b' a-
tomad a acendiaJUr hgado à mesma ambém um . Iscoteca. De 1blioteca e
Tomei nota d o nom
e avisei
normalmente ·
e e enderê-
zene para "
óleo leve de des~ngripar"
pouco de qu
peçaero-
havia uma caixaamb.os os lados
refletor d e cant acustica
( . do t'Ipo·
0 lá . para Iubnficaçã
. maquina de costura s e
ria
Ç que logo mais esta- undo da I o Fig. 1) N
f . sa a estava .. 0o
correias e rold o. Breu par qu~ mdicava que um p1ano,
que palmem
. aanas
. d e borrachaa guem da famíli a' pelo menos ai-
Para aquAI ma s correias• sob
ss1m como algu- der de mu' S!Ca
. parecia ent en
mados a consertar
e es que esC á ~o acostu- ressalentes d e-
podemos e I r diO e TV
e se arecer '
m alta-fidelidad _que serviços
mente diferentes e sao completa-
de consertos e' . Para ·êste tipo
'd neces • ·
VI_ o musical" e sano um "ou-
psicologia • porque um . bocado d e
que você- d etesta o dtipo de som
tar uma d as sete po e repre sen-
mundo para maravilhas d
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me a exper'A 1enc1a d 0 nte e confor-
.
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mao do freguA mudar a opi'
f eI'IZ ilusã es·. deiXe-o
. na -
discute . o, porque gôsto não sua se
Disposlç- Fie. 1
ao dos aparelhos e alto·falantes

revista ELET
JANEIRO-FEV
EREIRO
RONICA
197 1 43 41
Comecei a tirar as ferramentas motor para o prato . Duas das verti a pos1çao do " plugue" na
da mala e o Sr. Valter ajudou-me quatro molas que mantêm o toca- tomada de fôrça, o que melho-
a desencostar o pesado móvel da discos "flutuante" (pai-a evitar rou um pouco a situação, mas o
parede para eu poder verificar microfonia) estavam bastante fe- ronco ainda continuava bastante
o cabo de fôrça desde a tomada chadas; estiquei-as, para que tô- incômodo . Como o zumbido de-
até os aparelhos. No meio ha- das tivessem o mesmo compri- saparecia com o contrôle de vo-
via uma emenda e era justamente mento. lu\lle fechado, conclui que a
aí que o cabo estava interrompi- captação somente poderia se
do . Liguei o ferro de soldar e Observei ainda, que o braço dar no pré-amplificador.
soldei os fios; depois isolei tudo era muito pesado, do tipo "ma-
com fita isolante . Terminado o tador" de discos . Encurtei um Retirei a tampa do pré-ampli-
consêrto, conetamos o plugue na pouco a mola que regula a pres- ficador e logo deparei com um
tomada e experimentamos ligar são do braço (ou seja, da agu- potenciômetro ligado aos fila-
os aparelhos. Tudo acendia e pa- lha) sôbre o disco. Exi.stem ba- mentos das válvulas: era o con-
recia que o serviço já estava ter- lanças especiais para êste ajuste. trôle de zumbido . Ao tentar ca-
minadu . que está geralmente em tôrno de librá-lo, êle não ajustava. O mí-
5 gramas. Caso não se possua nimo, que não era absolutamen-
Colocamos um disco para veri- uma balança destas, pode-se ad- te satisfatório, ocorria quando o
ficar a qualidade do som. · A quirir uma noção aproximada contrôle estava todo avançado
minha primeira impressão não do pêso, levantando em alguma para a esquerda. Tentei trocar
foi nada boa , porque o som pa- loja, os braços de diversos toea- a válvula pré-amplificadora, uma
recia vir de uma dessas vitroli- discos novos, que foram ajusta- 12AX7, a única localizada antes
nhas portáteis e quando se au- dos na fábrica. Depois desta re- do contrôle de volume. Depois
mentava o volume ficava distor- visão, instalei o cambiador no- desta troca, pude calibrar um
cido. A parada automática do vamente na sua gaveta. mínimo bem acentuado e, com
toca-discos também não funcio· todo o volume aberto, somente
nava. Perguntei ao sr. V alter há se notava um leve "sôpro" nos
quanto tempo êle já possuía os alto-falantes . A válvula antiga,
Resolvi fazer uma revisão por aparelhos. Fiquei sabendo que com fuga entre filamento e ca-
etapas e pedi ao sr . V alter que desde que os adquirira, havia 5 todo, não permitira um ajuste
me arranjasse duas latas de altu- anos, aquêle era o primeiro con~ perfeito .
ra igual a um espêlho . Enquanto sêrto. Calculei que os capacita-
êle foi buscar tudo isso, retirei res de acoplamento já deviam Batendo levemente na válvula
o toca-discos do móvel. Colo- estar com fuga, e que o som fa- nova, escutei as batidas no al-
cando-o em cima da mesa, come- nhoso e baixo volume deveriam to-falante; em outras palavras, a
cei a verificar a agulha e sua ser consequência disto . válvula era miCrofônica, mas o
centralização. Com um pincel defeito não era muito acentuado
macio, retirei todo o acúmulo de Desaparafusei a tampa do e não chegava a perturbar; assim ,
pó. fundo do amplificador e consta- resolví deixá-Ia no pré-amplifica-
tei, com o múltimetro, que a dor. Aproveitei enquanto êle es-
Quando chegaram as latas, tensão nas grades das válvulas tava aberto, para pingar (com um
apoiei o toca-discos em cima de- de saída era positiva. Contei. um conta-gôtas) um pouco de tetra-
las e coloquei o espelho em bai- total de oito capacitares de pa- cloreto de carbono em todos os
xo do mecanismo . Com uma ex- pel em baixo do chassi e resolvi potenciômetros, a fim de "silen-
tensão, liguei-o à fôrça e obser- trocá-los todos por capacitares a ciá-los". A seguir, fechei de nô-
vei o· movimento das alavancas óleo, novos (Nos climas tropicais vo o pré-amplificador.
no espelho, durante o funciona- como o nosso, a maioria dos ca-
mento . Diversas peças pareciam pacitares importados de tipo co-
meio "endurecidas". Pinguei ne- mum , fica com fuga depois de Tudo parecia estar em ordem.
las um pouco de querozene mas. pouco tempo e somente os espe- agora . . Coloquei um disco de
mesmo assim , não funcionou a ciais a óleo herméticamente fe- concêrto de violinos para ana-
parada automática . Instintiva- chados e os cerâmicos não são lisar a agulha e os " tweeters " e
mente, fui dar mais uma olhade- afetados pela umidade). Após notei um certo grau de distar-
la na gaveta de onde havia reti- esta troca, notei um grande au- cão . Para tirar a dúvida de onde
rado o toca-discos e achei uma mento do volume e uma sensível provinha a distorção, liguei por
mola caída no fundo . Depois de melhoria na qualidade . um momento o "tuner" de FM .
analisar por diversas vêzes o Também aqui a distorção estava
presente, o que indicava que
funcionamento, reconheci o lugar Com o toca-discos parado e a
provinha dos falantes. Depois de
de onde havia caído a molinha; agulha sôbre o disco, fiz um tes-
examiná-los mais de perto , ex-
recoloquei-a e o toca-discos vol- te de microfonia. Esta ocorria
quando o contrôle de volume pliquei ao sr . V alter que, pelo
tou a funcionar corretamente .
ficava um póuco além da meta- fato dos tweeters estarem aco-
A roda de borracha de tração plados somente através de capa-
de do curso. Mudei um pouco a
estava muito lisa; enquanto gi- citares, manifestava-se distorção:
posiçiio das caixas acústicas , re-
rava passei nela, de leve, uma li- para evitá-la, seria preciso ins-
solvendo o problema .
xa fina, para que sua superfície talar um divisor de frequência .
ficasse um pouco mais áspera, O grande aumento do volu- O sr. Valter, que é um grande
assegurando assim , melhor tra- me, em consequência da troca audiófilo, concordou logo em
ção . As borrachas de passagem dos capacitares, trouxe consigo instalar um equipamento destes
que suportam o motor achavam- um nôvo problema, que era um no seu aparelho. Devido ao ins-
se ainda em bom estado; muitas nível de zumbido extremamente trumental necessário para a
vêzes, costumam ressecar e alto, principalmente ao ser avan- confecção de um divisor dêstes,
transferir vibrações (rumble) do çado o contrôle de graves. I n- era necessário retornar à oficina.

revista ELETRôNICA
42 43 JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
Assim, despedi-me para voltar
e terminar o consêrto no dia se-

r--11
guinte. Chegando à oficina, co-
mecei a verificar os diversos es-
TWEETER 16fl
quemas de divisores de frequên-
2m H 1,2mH ~ (2.000Hz PARA CIMA)
cias de dois canais para alto-fa-
lantes de 16 ohms . A Fig . 2
mostra o circuito que achei mais
adequado para o meu caso . Com
papelão e cola fabriquei dois
carretéis, de acôrdo com o de-
senho da Fig . 3, para enrolar as
~ WOOFER 16fl
bobinas de 1,2 e 2 mH . Co-
mecei a enrolá-los com fio n.• 16
~ (2.000 Hz PARA BAIXO)
e, de vez em quando, media a
indutância na ponte, sem cortar
o fio . Para a bobina de 1,2 mH
(ATENUAÇAO 12dB/ OITAVA) foram necessários 180 espiras e
("C ROSSOVER"•2000Hz) para a de 2 mH , 230 espiras .
Não encontrei os capacitares com
Fig. 2
os valôres especificados . Assim
Esquema escolhido para o divisor de frequências no lugar de 3 !J,F, liguei
dois de 8 ~J.F em série (re-
sultando 4 !J,F) e no lugar de
5 ~J.F, liguei dois de 10 ~J.F , tam-
bém em série. A ligação foi
feita contra-polarizada, isto é,
CARRETE IS
a polaridade de u.n dos capaci-
DE PAPEL tares de cada série, invertida em
relação à do outro .
Para fazer os ensaios, liguei
tudo à saída de um amplificador
usando em lugar dos alto-falan-
tes, resistores de 16 n confec-
E
E cionados com fio níquel-cromo.
o Em paralelo com cada um des-
5? tes resistores, liguei um voltíme-
tro para c. a . e introduzi o sinal
de um gerador de audiofrequên-
cia na entrada do amplificador
(Fig . 4) . Ao variar a frequência
do gerador, a indicação dos vol-
tímetros variava de acôrdo com
o diagrama da figura 5 .
230 ESPIRAS FIO N~16 180 ESPIRAS FIO N ~ 16
(2mH) (1,2mH)

Fig. 3
Os dois carreteis para o enrolamento das bobinas

16fl
GERADOR AMPLIFICADOR
SAÍDA 16 fl
DE AÚDIO LINEAR

(SAÍDA CONSTANTE)

Fig. 4
Disposição usada para o levantamento da curva
de resposta o circuito

revista ELETRôNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 43
primeira classe em minha casa,
15 de modo que tenho um ouvido
-RESPOSTA
"calibrado" e posso fazer um
ct 00 TWEETER perfeito julgamento da qualida-
.9 de sonóra dos aparelhos: o som
ct10
Ul RESPOSTA l que eu escutava era realmente
DO WOOFER

r
C/)
lj bom.
Experimentamos também o
5
receptor FM, que estava em or-
dem, embora captasse apenas
uma única estação . Expliquei ao
sr. Valter que, com uma boa
--t antena omnidirecional para FM ,
Fig. 5 ou então uma antena de TV
Divisor de frequência com atenuação de 12 dB/oltava para os canais baixos, êle pode-
ria captar diversas outras esta-
firmemente os divisores de fre- ções. Ele me disse que em futu-
Em 2000 Hz a leitura dos dois
quências em seu fundo . ro próximo, iria mandar instalar
instrumentos era igual e, portan-
uma antena destas .
to, a "frequência de cruzamento"
era de 2000 Hz; aí, o "woofer" Finalmente, chegou o "grande Para finalizar, experimentamos
e o "tweeter" trabalham com momento" e resolvemos confron- também o toca-fitas, Crowncor-
potências iguais . Os resultados tar a teoria com a prática . Toca- der, que parecia estar "nôvo em
eram satisfatórios. mos vários discos: o som estava fôlha" . ~le é do tipo transisto-
perfeito e à altura do equipa- rizado e estava funcionando em
Montei dois dêstes conjuntos mento , que tem, realmente, um plena forma . Dentro em breve,
em caixinhas de madeira com- desempenho excepcional. Meu tais aparelhos passarão a substi-
pensada (caixas metálicas pode- cliente elogiou o meu trabalho; tuir os toca-discos e a troca de
riam alterar a indutância das bo- na sua opinião, o aparelho era, agulhas e o chiado acabarão de
binas) . agora melhor do que quando nô- vez; somente vai ser necessário
vo . O divisor de frequência ha- uma limpeza na cabeça magné-
No outro dia, voltei à residên- via virtualmente eliminado a dis- tica, de vez em quando.
cia do meu freguês para ins- torção existente desde a aquisição
talar o resultado das minhas do aparêlho. Com a ajuda do sr. Valter,
"pesquisas". O sr. V alter já recolocamos o móvel em seu lu-
me esperava e estava ansioso por Durante a última década, ouvi gar, junto à parede e, depois de
ouvir os resultados . Abri as os mais diversos aparelhos de acertar a conta, despedí-me dêle
duas caixas acústicas e parafusei HJFI e inclusive, tenho um de e voltei para casa satisfeito .

O BRASIL EXPORTA COMPONENTES ELETRôNICOS

A MIALBRAS S/ A Indústria e Comércio de Materiais Eletrônicos, comprovando o avan-


ço da indústria brasileira, continua em escala ascendente nas suas exportações de capacita-
res para rádio, televisão e telecomunicações.
Os primeiros ensaios para exportar foram feitos em fins de 1968 e o faturamento foi
de apenas US$ 15 mil, porém em 1969 passou para US$ 145 mil e em 1970 subiu à US$ 240
mil, tendo já assegurado neste início de 1971, exportações no valor de US$ 320 mil dólares
para Estados Unidos, Itália, Espanha, México, Uruguai, Argentina, Chile e Africa do Sul,
que são os principais mercados atingidos.
Trata-se da mais atualizada indústria de capacitares cerâmicos e polistirol dentro do
mercado da ALAIC.

44 43 revista ELETRON ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
relatária
espeEial .
QUANDO ESTA EDIÇAO ESTIVER NAS RUAS, A APOLL0-14
JÁ TERÁ VOLTADO À TERRA, SOB O COMANDO DE ALLAN
B. SHEPPARD, O PRIMEIRO AMERICANO QUE SUBIU AO
ESPAÇO (5/5/1961 ). JUNTO COM ~LE FORAM DOIS
ESTREANTES. ESTA REPORTAGEM MOSTRA OS PRINCIPAIS
DETALHES DE UMA VIAGEM À LUA, EM "REPRISE". CONHEÇA
CABO KENNEDY, ACOMPANHE TODAS AS MANOBRAS, VEJA
A APOLLO E O MóDULO LUNAR ...

A A

VOE COM ELES


BENVINDOS A CABO KENNEDY móvel de serviço. Então, têm inicio as operações
de alimentação de combustrvel do foguete, da cá-
De um modo geral, costumamos fazer refe- psula e do módulo, e os testes finais.
rências simplesmente a Cabo Kennedy (ex cabo
Canaveral), mas na verdade as instalações da NASA Durante tõdas as fases do programa, os dados
também ocupam a vizinha ilha de Merritt. No coletados na tôrre móvel de lançamento são reme-
Cabo estão localizadas apenas as rampas de lan- tidos ao MSOB e ao LCC. l:stes, por sua vêz,
çamento e os setOres de apOio e contrOle, cons- estão em permanente contacto com a Central de
tituindo o chamado Centro de Misseis do Atl&nti- Informações (CIF). onde tôdas as informações re-
co. Na Ilha de Merritt vamos encontrar o Centro cebidas são examinadas por um numeroso grupo
Espacial Kennedy, cujos ediflcios principais são o de especialistas . Uma seleção dêstes dados é
MSOB ( Manned Spacecraft Operations Bulldlng - transmitida para Houston , onde está o Centro de
Operações de Naves Tripuladas), o CIF (Central Naves Tripuladas ( MSC - Manned Spacecraft
lnformatlons Faclllty - Centrai de Informações). Center) que coordena e comanda a missão. ln-
o VAB (Vehicle Assembling Building - Montagem cluldos no circuito também estão o Centro George
dos Veiculas) e o LCC ( Launch Control Center - Marshall de Vôos Espaciais, responsável pelo fo-
Centro de ContrOle de Lançamento) . guete Saturno, o Centro Espacial Goddard e as
instalações de Huntsville.
Os três vefculos principais - foguete Satur-
no, nave Apollo e Módulo Lunar - são fornecidos
pelos respectivos fabricantes parcialmente monta- COMEÇA A CONTAGEM REGRESSIVA
dos . A montagem final é feita no Centro Especial
Kennedy. A nave Apollo e o Módulo Lunar (ML) Agora, estamos assistindo à contagem regres·
são montadas no MSOB, dai sendo transferidos siva. No prédio do LCC, próximo à Sala de Dis·
para o VAB, onde já deram entrada os três está- paro, um computador envia as instruções corres-
gios do Saturno. Neste prédio está alojada a tOrre pondentes a cada teste para outro computador,
móvel de lançamento, onde é efetuada a monta- localizado na tôrre móvel de lançamento. l:ste
gem final e são realizados os testes. Os dados faz as verificações solicitadas e analisa os resulta-
referentes à Apollo e ao ML são transmitidos para dos. Se algo não confere com seu programa, êle
a central de contrOle do MSOB e aquêles relativos alerta o computador do Centro de Contrôle, o
ao foguete são enviados para o LCC. qual analisa a informação e, conforme o caso, au-
toriza a prosseguir ou avisa o controlador ao qual
Encerrada a fase de montagem , a tôrre móvel está afeta a supervisão da unidade avariada . !:ste,
de lançamento é transportada (a 2 km/h I ) para informado através de um painel localizado à sua
a área de lançamento, levando consigo os três vei- frente, decide de qual a medida a ser tomada ,
culas. Ao chegar à área , ela é conectada à tOrre providenciando o reparo . Caso o problema seja

45
revista ELETRôN ICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43
ENTRADA DAS PARTES DO FOGUETE E DOS MÓDULOS [TI SALA DE CONTRÔLE DO MÓDULO DE COMANDO E SERVIÇO

0 CONTRÔLE DE ENTRADA IT:i SALA DE CONTRÔLE DE DISPARO

e COMPUTADOR
~ SALA DE CONTRÔLE DO CENTRO DE INFORMAÇÕES

ITJ SALA DE CONTfÔLE DO MÓDULO LUNAR MSOB MANNED SPACECRAFT OPERATIONS BUILDING

VAB VEHICLE ASSEMBLY BUILOING

LCC LAUNCH CONTROL CENTER

CIF CENTRAL INFORMATIONS FACILITY

COMUNICAÇÕES VIA CABOS

COMUNICAÇÕES VIA RÁDIO

..
TÔRRE MÓVEL
DE SERVIÇO
TÔRRE MÓVEL
DE LANÇAMENTO

I A
I
I L
I yI___L_
_
II
I_____ _

VAB

complexo, e ~aja a necessidade de uma decisão possui cinco motores . Proporciona um empuxo
importante, a solução será solicitada aos engenhei- de 680 .000 kg e aumenta a velocidade de 9.500
ros do Centro de Informações, os quais estão em km/h para 25.000 km/h .
permanente estado de alerta , acompanhando tôda O terceiro estágio ( S-4B) é o mais modesto.
a contagem, e dispõem de computadores. Mas sua missão é importantíssima - como vere-
Tudo está correndo bem; malgrado uma ou mos mais adiante - pois dêle depende a injeção
outra interrupção da contagem regressiva, porém da Apollo em trajetória trans-lunar.
sem maiores consequências.
TRES . . . DOIS . . . UM . . . ZERO!
Na tôrre de lançamento está o gigantesco Sa-
turno-5 com a Apollo e o ML em seu tôpo. O A contagem regressiva chega aos seis segun-
conjunto têm cêrca de 120 metros de altura e dos , quando então tem inicio a sequência da igni-
engloba nada menos que seis milhões de peças, ção. Cinco . . . quatro. . . três. . . dois ... um ...
das quais pouco mais de um milhão formam o zero. Todos seguram a respiração. Em meio a
módulo lunar. um ensurdecedor estrondo, o Saturno-5 começa a
deixar a Terra. No primeiro segundo parece es-
tar parado; vagarosamente, vai se movimentando,
AQUI ESTA O SATURN0-5
sua base envolta em um mar de chamas e fuma-
O foguete Saturno-5 possui três estágios de ça. Subindo na vertical, agora já está longe; é
propulsão e uma unidade de instrumentos desti- apenas um ponto no céu.
nada a comandar tôdas as operações envolvidas. Fazem dois minutos e meio que êle deixou
O primeiro estágio, designado como S-lC, é o solo; êste curto intervalo de tempo foi suficien-
considerado o mais potente foguete existente no te para que fôssem percorridos 90 km. Mas a
mundo. Sua tarefa consiste em fazer todo o pe- altitude é rle 61 km . pois " trajetória não é reta,
sado conjunto sair do chão, vencendo a atração e sim parabólica . A velocidade é de 9.500 km/h .
da gravidade, e acelerando-o para atingir uma ve- O primeiro estágio já consumiu todo o seu prope-
locidade da ordem de 9.500 km/h . Sendo o es- lente. e oortanto não tem mais utilidade , sendo
tágio inferior do foguete, a carga que êle deve abandonado. Cairá no Oceano Atlântico.
levantar e conduzir é constituída pelo segundo e Ao mesmo tempo, são acionados os motores
terceiro estágios, pela nave Apollo e pelo ML. Por do segundo estágio. Mais seis minutos apenas,
isto, é necessário que êle proporcione um eleva- e a velocidade atinge 25.000 km/h, o foguete che-
dlssimo empuxo (cêrca de 3.400.000 kg). o que gando a uma altitude de 182 km . O segundo
é conseguido graças aos seus cinco motôres mo- estágio também está esgotado, sendo abandonado.
vidos a querosene e oxigênio Iiquido. Imediatamente, o terceiro ·estágio é acionado,
O segundo estágio ( S-2), movido a hidrogê- porém apenas durante um curto intervalo de· tem-
nio lfquldo, mede 26 m de comprimento, tambéw po. O suficiente para aumentar a velocidade para

46 43 revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
28 .000 km/h, valor êste necessano para que um tar o tempo para conhecer melhor os veiculas
corpo permaneça girando em órbita terrestre. onde estão os astronautas.

A ORBITA DE TRANSFERENCIA A APOLLO POR FORA E POR DENTRO

Vemos, portanto, que o foguete não parte Ja A nave, também designada Módulo de (.o-
Terra diretamente para a Lua . Inicialmente, o mando e Serviço ( MCS l. Apollo é constitu Ida de
conjunto formado pelo terceiro estágio do Satur- duas partes principais: a cabine pressurizada,
no, pela Apollo e pelo ML dá algumas voltas em onde estão os astronautas, e o módulo de serviço,
tôrno da Terra, descrevendo uma órbita denomi- que abriga a maioria dos equipamentos, bem como
nada órbita de estacionamento, ou de transferên- o motor de propulsão.
cia. O módulo de comando, ou centro de contrô-
Tal procedimento tem dupla finalidade. Em le, apesar de compacto, oferece um certo confôr-
primeiro lugar, permite aos astronautas e ao pes- to aos astronautas . 10 uma mistura de escritório
soal de Terra realizarem uma verificação geral de sala de estar, dormitório, cozinha, banheiro, ca-
todos os si stemas, ainda nas proximidades do nos- bine de ~ornando, laboratório e estação de rádio.
so planeta; se algo foi danificado durante o lan- As paredes são cobertas com painéis de instrumen-
çamento, será mais fácil o retôrno . Er:n segundo tos e racks de equ ipamentos.
lugar, a utilização da órbita de transferência per- Durante o vôo, a temperatura da cabine é
mite que o lançamento de Terra seja realizado mantida em tôrno de 25°C e a atmosfera é cons-
independentemente da posição da base em relação titufda principalmente de oxigênio, porém com
à Lua. Se assim não fôsse, o instante do disparo traços de nitrogênio. Isto porque, no lançamento
teria que ser cuidadosamente programado para ela é constitufda de 40% de oxigênio e 60% de
que o foguete deixasse o solo e seguisse direta- nitrogênio, por medida de segurança em caso de
mente para a Lua. incêndio * . Além do mais , a presença de nitro-
Agora , a segunda volta em tôrno da Terra gênio, mesmo r.eduzida - como quando em vôo
está em vias de ser completada . Feitas as veri- - tem a vantagem de proteger os glóbulos ver-
ficações, o contrôle da missão, em Houston, au- melhos do sangue dos astronautas.
toriza os astronautas a prosseguirem a viagem. O A nave Apollo é pilotada por dois sistemas
terceiro estágio do Saturno dispara pela segunda interligados : o de curso e navegação e o de esta-
vez, elevando a velocidade para aproximadamente bilização e contrôle . O primeiro cuida da rota
40.000 km/h, a chamada velocidade de escape, e o segundo é responsável pela atitude. As mu-
suficiente para um corpo sair de órbita terrestre . danças e correções são feitas mediante o aclona-
mento dos Jatos de orientação rdoze no módulo
A TERRA VAI FICANDO PARA TRÁS de comando e dezesseis no módulo de servico) .
As grandes manobras utilizam o motor principal
O instante exato do disparo é bastante critico, da nave, como no caso das correções de meio
sendo controlado pela já mencionada unidade de curso, da inieção em órbita lunar e no inicio da
instrumentos do Saturno. Do seu perfeito funcio- viagem de volta . após o engate do ML. quando a
namento depende a injeção da Apollo na trajetó- nave dei xa a órbita lunar e entra na trajetória de
ria correta para a Lua. O ~egundo disparo dura retôrno .
cinco minutos, após os quais é atingida a veloci- A viagem prosseque sem maiores problemas.
dade de escape e a altitude passa a ser de 300 km . Já foram realizadas as correções de meio curso.
O ve iculo já está na trajetória trans-lunar . Os astronautas fizeram transmissões de TV para ..
O conjunto é formado pelo terceiro estágio a Terra. Também inspecionaram o interior do•_
do Saturno acoplado ao ML e êste à Apollo, onde Módulo Lunar (há um túnel que comunica a
estão os astronautas . Obedecendo a 11m sinal da Apollo ao ML).
unidade de instrumentos, o nariz do invólucro que
abriga o conjunto é aberto e expele a Apollo.
OS ANJOS DA GUARDA DE HOUSTON
Esta, então, efetua sua primeira manobra no
espaço, com o aux flio de seus jatos de or ientação. Os sinais de telemetria e rastreio são inicial -
Afasta-se, gira 180° e aprox ima-se novamente do mente injetados num computador (há sempre
veiculo, até ficar a uma distância de metros. O outro. em stand-by) . Ele separa as informações
nariz aberto do veiculo deixa expôsto o Módulo em dois aruoos - dados de funcionamento dos
Lunar. Agora , de frente para o ML. os astronau- sistemas de bordo e de trajetória - encaminhan-
tas inspecionam-no visualmente, certificando-se de do-se aos paineis localizados nas mesas dos con-
que tudo está em ordem para a manobra de en- troladores . Estes últimos verificam se as in-
gate. formações conferem com aquelas previstas nos
Orientada por um preciso sistema eletrônico, planos de vôo. cada controlador tendo a seu en-
a Apollo se aproxima do ML, sendo assim reali7a- cargo determinados grupos de dados .
da outra manobra critica da missão. Uma vez
realizado o enqate, os astronautas acionam os ja-
tinhos da Apollo, afastando-se do terceiro estágio
do Saturno. Este, por sua vez, como está em (*) Duran te muito tempo os americanos usaram
trajetória lunar e· não deve ir para a Lua, tem atmosfera de oxigênio puro em suas naves tripuladas
Até que ocorreu o acidente em que morreram carbonl·
seu rumo mudado, entrando em órbita solar. zados os astronautas Grissom, White e Chaffee -~ vanc.'o
Aqui , na verdade, tem início a longa viagem realizavam um vôo simulado na Apollo 1. O ln<êndio
foi provocado por um curto ci rcuito e o fogo alastro·J-
para o nosso satélite natural. Quatro milhões de se instântaneamente por causa da atmosfera de ox i-
quilómetros a serem percorridos. Vamos aprovei · gênio puro .

revista ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 47
RASTREIO TELEMETR. ção, para saberem do resultado de uma delicada
manobra que está sendo efetuada . O conjunto
gira 180° (o ML passa a ficar atrás da Apollo)
e os motores do Módulo de Comando e Serviço
são acionados, para que a velocidade seja reduzida.
Retomando o contacto-rádio com a Terra, é efe-
tuada a primeira volta em tôrno da Lua, e têm
infcio as manobras de circularização da órbita . A
velocidade vai sendo reduzida, a altitude é de ape-
nas 110 km, a Apollo-ML dão treze voltas em tOr-
no da Lua. Agora, sobrevoando a face oculta,
realizam outra crftica manobra. Nova inversão
de 180° (o ML passa a ficar na frente) e as duas
naves são desengatadas .
Ambas passam a usar seus próprios equipa-
mentos de comunicações - fonia , TV e dados -
operando na banda S (recepção em 2.1O1,8 MHz
e transmissão em 2.282 .5 MHz) nas ligações com
as estações terrestres . Ao mesmo tempo, o ML e
a Apollo comunicam-se entre si através de um
enlace de VHF , também usado pela Apollo para
a transmissão de trens de pulsos codificados, que,
após respondidos pelo ML permitem a determina-
ção precisa da distância entre os dois engenhos.
Quando estão do outro lado da Lua , os dados do
ML são recebidos em VHF pela Apollo, onde são
armazenados juntamente com os recolhidos dos
prQprios instrumentos desta última. Restabeleci·
do o contacto com a Terra, os dados são trans-
mitidos pela Apollo (em 2.282,5 MHz) a uma
velocidade superior em 32 vêzes àquela com que
foram armazenados .
Em outras palavras, as informações colhidas
durante meia hora são transmitidas em aproxi-
madamente um minuto!

VAMOS PASSAR PARA O MODULO LUNAR .

Sendo uma nave tripulada destinada a ope-


rar exclusivamente no espaço - ao contrário da
Em caso positivo, não há intervenção. Se
Apollo, ela não retorna à Terra - o Módulo Lu-
fOr constatada qualquer discrepância, o controla-
nar ( ML) não necessita da elaborada proteção
dor sqlicita ao computador que forneça, em outro
térmica que permite à Apollo o reingresso na at-
painel, as alternativas que se apresentam à elimi-
mosfera.
nação da anormalidade. Os controladores estão
em permanente contacto com os supervisores de Com vistas a uma substancial economia de
grupo (funcionamento ou trajetória) e êstes re- pêso, o ML foi projetado tão leve quanto possl-
portam-se diretamente ao diretor de vOo, a quem vel. Suas paredes são tão finas que podem ser
cabe tomar as der··'íes. Quando necessário, êle con- fàcilmente atravessadas com um l~pis . Trata-se
sulta um grupo de engenheiros especializados. Es- de uma nave extremamente frágil - para as con-
colhida uma alternativa, o computador é informa- dições terrestres - e acomoda apenas uma !ri-
do e encaminha os dados ao transmissor. população de dois astronautas.
As comunicações em fonia são feitas por ln- Bàsicamente, o ML é constitu (do de duas se-
term~io do capcom, um astronauta em Terra que ções. O estágio de subida, onde ficam alojados
está em permanente contacto com a tripulação. os tripulantes, e o de descida, que é abandonado
Os dados referentes ao estado de saúde dos na Lua, após servir de rampa de lançamento para
tripulantes são processados segundo o mesmo o primeiro quando da viagem de regresso .
prindpio, sempre sob a supervisão de uma equi- No que diz respeito aos comandos, o ML
pe médica, cujo chefe pode contactar os astronau- assemelha-se bastante a uma aeronave. Pode ser
tas a qualquer Instante. dirigido automática ou manualmente, possui dis-
positivo para a partida, aceleração, freagem e
AGORA A LUA ESTÁ LOGO ALf corte dos motores, assim como para navegação,
manobras, comunicações e monitoração dos fun-
O conjunto Apollo-ML começa a circundá-la, cionamentos de todos os sistemas. Muitos dos
a uma velocidade de 9.000 km/h, logo entrando paineis de comando são duplos, os da esquerda
na região em que as comunicações com a Terra destinados ao comandante e os da direita ao co-
estão bloqueadas. Os astronautas estão sobre- -pilôto. As partes principais da cabine de co-
voando a face oculta do satélite. Lá na Terra, mando do ML estão ilustradas na figüra anexa,
todos aguardam nervosos o relnfcio da comunica- tal como se segue.

48 43 revista ELETRoN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
1 - Painel de informações visuais e teclado para a Intro- O computador de bordo é o principal equipa-
dução de dados e instruções no computador. mento do ML, cabendo a êle dirigir as operações
2 - Alavanca de comando de orientação. durante quase todo o tempo da missão. No que
3 - Alavanca de comando para aceleração ou !reagem. executa, assemelha-se, em parte, ao computador_
de um sistema de pilôto automático para aeronave,
4 - Painel do comandante.
pois também manipula dados referentes à atitude
5 - Comandos do radar, contrõles de iluminação da cabi- em relação aos três eixos. Quanto ao resto, além
ne e lâmpadas indicadora de contacto lunar. Esta lâmpada,
de côr azul, acende no instante em que os sensores - presos de ser muito mais complexo, processa sinais pro-
aos pés do ML - tocam o solo da Lua . venientes de outras fontes , não encontradas nas
6 - Painel de contrôle do sistema de propulsão principal aeronaves, e também controla os motores (de
(quantidade de combustlvel consumido, temperatura, pressão,
etc, dos motores de subida e de descida, e de apresentação de
descida, de subida e de orientação) . Tal como
dados, como altitude em relação ao solo lunar, velocidade de acontece com o computador de pilôto automático
descida, potência dos motores e variações da atitude do ML de uma aeronave, o do ML também aceita ordens
mm respeito aos seus três eixos . da tripulação e pode ser desconectado a qualquer
7 - Painel de contrõle dos motores de comando de orien- instante, quando então a pilotagem passa a ser
tação (idêntico ao correspondente aos motores de subida e de
descida - veja item anterior) e de apresentação de dados de manual.
temperatura e pressão da cabine, assim como de informações
sObre o sistema de navegação (repetição daqueles mostrados O sistema de navegação alimenta o com-
no painel do comandante).
putador com sinais fornecidos pelos radares de
8 - Comandos do sistema de pressurização dos reservató-
rios e comandos do sistema de comunicações em fonia.
pouso e de encontro, pelo telescópio (via astro-
nautas e painel do computador) e pelo sub-siste-
9 - Comandos dos sistemas de comunicações em fonia , de
llelemetria e de posicionamento das antenas. ma de navegação inerciai) .
10 - Painel de contrôle do sistema elétrico e dos sistemas
do alimentação dos motores de desc ida e de subida . Os radares de pouso e de encontro informam
com precisão a posição do ML relativamente ao
11 - Porta .
solo lunar e à nave Apollo (ou mais precisamen-
12- Equipamentos diversos (câmeras lanternas , etc . ) e
alimentos . te, ao MCS, o módulo de comando e serviço). O
telescópio encarrega-se da localização do ML em
13 - Postigos das janelas, destinados à proteção dos tri-
pulantes contra a claridade escessiva da luz solar. relação às estrêlas. Estas três unidades não são
necessárias durante todo o perfodo de duração da
15 - Porta de comunicações com a nave principal.
viagem (os radares são mesmo indispensáveis
16 - Telescópio. somente durante a descida e o encontro com o
17 - Câmera de TV. MCS, respectivamente) . Mas permitem ao com -

re vista ELETRóNICA
J ANEIRO-FEVEREIRO 1 97 1 43 49
COMPUTADOR DE VÕO

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PilÕi --
y

W
I
CO MPUTADOR
P/ TRÁS
PIBAIXO

putador, ou aos tripulantes, uma verificação con- sensores * pendurados nos pés do ML tocam o
tfnua dos dados fornecidos pela central de nave- solo, e imediatamente são acesas as luzes de con-
gação inerciai, para posterior realização de even- tacto lunar no painel· da nave. Os motores são
tuais correções . desligados . Mais alguns centfmetros de descida
e os pés do ML tocam o solo Lunar.
Os sinais são enviados não só ao computa-
dor corn.o também a dois conjuntos de instrumen- Imediatamente, os dois astronautas fazem um
tos - um para cada tripulante . Assim, cons- teste geral em todos os sistemas da nave, a fim
tantemente informado sôbre as condições do ML, de verificarem se a operação de pouso ocasionou
o computador compara os dados recebidos com algum dano. Tudo está OK e, informado dos re-
aquêles constantes em sua programação e, caso sultados, o contrôle da missão, em Houston , au-
seja necessário qualquer correção, comanda di- toriza a permanência em solo lunar. Caso algu-
retamente os motores envolvidos na operação e ma anormalidade houvesse sido constatada - va-
Informa aos tripulantes os resultados da correção. samento de propelente ou queda de pressão na
cabine, por exemplo - o retôrno teria sido ime-
Os tripulantes também podem introduzir da-
diato .
dos no computador e efetuar manobras de corre-
ção e comando. Dispõem de duas manetes de Finalmente, vestidos os trajes espaciais, os
comando, cada uma podendo ser movimentada se- dois astronautas descem para o solo lunar e co-
gundo três eixos . Permitem comanc!ar não só a meçam a fase de atividade extra-vefcular.
orientação como também o deslocamento do ML . UM SUPER-REDUNDANTE SISTEMA DE

ENTRADA EM ÓRBITA DE DESCIDA COMUNICAÇOES

A 14° volta começará daqui a pouco. O con- Em cada mochila está um conjunto de equi -
trôle de Hounston autoriz!l o ML a executar a ope- pamentos de comunicações ( EVCS - Extra Veh i·
raçãço DOI ( Descent Orbit lnsertion - Entrada cu lar Communications System) que pesa apenas
em órbita de Descida) . Já se passaram nove mi- 3 kg (na Lua) . Possu i dois transceptores de
nutos e o ML está atrás da Lua . Seu jato é ado- VHF (em AM). além de um transmissor, ou de
nado, a velocidade vai diminuindo e êle começa um receptor de VHF (em FM), cada equipamento
a descer, enquanto que a Apollo prossegue na transmitindo e recebendo não só comunicações em
órbita circular. Mais uma hora , e as duas naves fonia como também dados referentes às condições
retomam contacto com Houston . O ML ficará de saúde e dos trajes dos astronautas .
em contacto com a Terra (micro-ondas , banda S)
Ass im sendo, a mochila provida de trans-
e com a Apollo através do enlace já mencionado
missor de FM envia sinais em FM (279 MHz) para
e também de um terceiro, via Terra. ·
a outra , dotado de um receptor de FM , onde é
A uma altitude de 16 km tem inicio a ope- feita à conversão para AM e posterior transmis-
ração PDI ( Power Descent lgnition), quando são são ( 259,7 MHz ou 296,8 MHz) para o ML. Ao
ligados os motores de descida. A velocidade va i mesmo tempo, cada astronauta pode comunicar-
sendo cada vez mais reduzida . Estamos a se em AM com o ML. A conexão entre o ML e
12 .800 m; o ML manobra mudando sua atitude , a Terra é realizada em micro-ondas (banda S). o
de modo que os pés fiquem para baixo, assumin- sinal sendo transmitido e recebido não só atra-
do, ass im, a posição de pouso. Aos 160 m de vés da antena do ML como também de uma an-
altura , os astronautas passam a manobrar ma- tena instalada em solo lunar pelos astronautas . Ao
nualmente, procurando o melhor local para o
pouso , tal como se fôsse um helicóptero. A ra-
zão de descida é de um metro por segundo. Os (*) Hastes de 1,5 m de comprimento.

revista ELETRONICA
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mesmo tempo, o ML troca os mesmos sinais com ao colega que havia permanecido n ~ Apollo. Mais
a Apollo, através de um enlace de VHF, e tam- uma verificação geral enquanto o conjunto Apol-
bém através de um enlace em micro-ondas (ban- lo-tML descreve duas órbitas. Agora o ML é
da S) segundo o trajeto de ida-e-volta ML desconectado e abandonado no espaço. Enquanto
Terra - Apollo. IÔ graças a esta ligação, via passa pela face oculta da Lua, a Apollo tem seu
Terra, que o ML e a Apollo ficam conectados du- motor acionado, o suficiente para colocá-la em
rante a maior parte do tempo, pois o enlace di- uma trajetória trans-terrestre .
reto só funciona durante uma pequena fração do 'A 9 .900 km/h , começa a longa viagem de
tempo em que a Apollo sobrevôa a parte visfvel volta. Os astronautas repousam; as manobras fi -
da Lua . na is exigirão o máximo de atenção.

LEVANTAR ACAMPAMENTO! SENHORES PASSAGEIROS, QUEIRAM APERTAR OS


CINTOS, POIS VAMOS DESCER.
Esgotado o perfodo de permanência na Lua, Agora, a Apollo está bem próxima da Terra .
o ML está pronto para a decolagem . Na desola- O campo gravitacional foi responsável por um
da paisagem lunar, há apenas uma nave e dois substancial aumento da velocidade, qu(! agora , é
tripulantes. Ao contrário do lançamento em Terra, de 40.000 km/h . Falta apenas uma m' nobra por
êles não contam com nenhuma equipe de apôio. sinal bastante delicada . Se o ânguld - pa trajetó-
Dada a partida, o ML começa a subir, deixando ria de entrada na atmosfera fôr muito aberto, a
no solo o estágio de descida , que serviu como Apollo será rebatida para o espaço e jamais os
rampa de lançamento. Passados sete minutos de astronautas retornarão . Se o ângulo fôr muito
vôo, os jatos de orientação são acionados, colo- fechado, o impacto será suficiente para destroçar
cando a nave em uma órbita lunar com perigeu a espaço-nave.
de 16 km e apogeu de 83 km. Evidentemente, ela
entra em órbita quando na altitude mais baixa Pouco antes da re-entrada , o módulo de ser-
viço é abandonado . Visto da Terra , o módulo de
(16 km) .
comando, onde estãô os astronautas, parece um
Desde a decolagem , o radar de encontro ~stá cometa viajando no céu . Graças à camada pro-
em permanente contacto com a Apollo. A bordo tetora, a nave avança incolume através da atmos-
das duas naves, os respectivos computadores tra- fera , cujo atrito, caso não houvesse proteção,
balham sem pa rar, acertando as respect ivas rotas . derreteria todo o engenho.
Enquanto descreve sua órbita , o ML sobe; O Instante do Impacto com o mar está imi-
atingido o apogeu ( 83 km) , o motor é ationado, nente. São abertos os paraquedas coloridos , oito,
de modo a alterar a curvatul a da trajetória. O ao todo . Em tôrno da área do pouso, navios.
ML entra em uma trajetória de interceptação com aviões e helicópteros dão as boa s vindas. A
a Apollo. As duas naves estão atrás da Lua ; a Apollo desce suavemente e toca as águas do Ocea-
distância que as separa é cada vez menor . O ra- no. Missão cumprida os astronautas aguardam
dar de encontro comanda o espetácu lo. A an- as manobras de resgate. Depois irão para o va-
siedade é geral e todos só voltam a respirar tran- gão da quarentena. E aqui, prezado leitor, ter-
quilamente quando as duas naves estão novamen- mina seu passeio, pois não seria justo que, de-
te engatadas. pois de abusarmos de sua paciência com êste ar-
Os dois astronautas que estiveram na Lua tigo, fôssemos mandar o amigo para sua qua-
passam através do túnel • e vão fazer companhia rentena ...

revista ELETRONICA
JANEIRO..FEVEREIRO .19 7 1 43 51
lnt_.odução aos

CIRCUITOS LOIICOS SJ!RGIO AMJ!RICO BOGGIO

VI
No artigo anterior pedimos ao leitor para que As si tuações de perigo surgem nas linhas
resolvesse o seguinte problema :
Temos num celeiro, milho, galinha, raposa e 6 O I I O- 1
fazendeiro. Haverá perigo grande quando tivermos onde temos galinha com milho
galinha com milho no celeiro, galinha com raposa
no celeiro. Se o fazendeiro estiver no celeiro não
12 o o- 1
onde temos raposa com galinha
haverá perigo. Pede-se o circuito que acione um
alarme nas situações de perigo : 14 1 o-1
onde temos raposa com galinha com milho
Convencionemos:
Como o alarme só irá funcionar nas situações de
Raposa R o fora do celeiro perigo (P = 1) só nos interessam estas situações
I dentro do celeiro (linhas 6, 12, 14) para a construção do circuito,
pois é evidente que não interessa construir um cir-
Galinha G o fora do celeiro cuito para deixar o alarme parado . Da regra prática
dentro do celeiro vista no artigo anterior temos:
Milho o fora do celeiro 1- As variações em cada linha são ligadas por E
dentro do celeiro 2 - As variações O são negadas
Fazendeiro F o fora do celeiro
3 - As variações não são negadas
dentro do celeiro
4 - Cada linha é ligada por OU
Perigo P o não há perigo - alarme
parado
6 O 1 I O- I
há perigo - alarme tocando

Percebemos que o nosso problema possue 4


variáveis (raposa, galinha, milho, fazendeiro) e um
resultado (perigo). Assim a tabela da verdade deverá
12

14
R' · G · M
I OO-
R·G · M'
110-1
F'

F'
p

p l itens I, 2; 3

possuir 4 colunas para variáveis e uma para perigo . J


O máximo decimal é = 2' - I 15 .
R · G ·M F' = p
R' · G · M F' + R · G · M' · F' +
R G M F p + R · G · M · F' = P (ítem 4)
o o o o o o Passemos agora à simplificação com o auxílio
I o o o I o da álgebra booleana
2 o o I o o Coloquemos F' · G em evidência
3 o o I I o
4 o 1 o o o F' · G (R' · M + R · M' + R · M) = P
5 o I o I o
6 o J I o I
Coloquemos dentro do parêntesis, R em evi·
7 o I 1 I o dência
8 I o o o o + + M)) =
o o o
F' G (R' · M R (M' P
9 I 1
10 I o 1 o o Mas pelo postulado 6, 1\1' + M =
11 1 o 1 I o · I) = P
12 I I o o I F' · G (R' · M + R
13 I I o I o Mas pelo postulado 3. R · R
14 I I I o I
15 1 1 I I o F' · G (R' · M + R) = P

52 43 revista ELETRON ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
Mas pelo teorema 10 (A + A' B) = A + B temos
R+ R'M = R+ M
F' · G (R + M) = P
A equação acima é a forma mais simplificada
para o nosso problema . Passemos dela para o cir-
cuito.

FIG. 55 FIG. 56

1
F G R M

FIG. 57

FIG. 58

revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 53
AUMENTAÇÃO

R F G R M

FIG. 59

F G R M

Lembremos que: um interruptor em sene com o dispositivo de aviso,


tal como vemos na figura 56 .
1 - Variável não negada, interruptor aberto Daremos agora uma sugestão ao leitor interes-
2 - Variável negada - interruptor fechado sado em montar o circuito.
3 - Lógica E - circuito série
4 - Lógica OU - circuito paralelo Na figura 57, temos o circuito utilizando 4
chaves H-H dupla inversora para as variáveis F,
Daí temos o circuito visto na figura 55. Convém G, R, M . Para a indicação utilizaremos lâmpadas .
lembrar q!Je tanto a equação lógica como o circuito No nosso caso, utilizamos lâmpadas pilôto de 6,3 V,
lógico são 'representados no estado O isto é, tôdas logo a alimentação é de 6,3 V .
as variações iguais a zero . Optamos na nossa montagem, por circuito im-
Suporilramos que quiséssemos ainda uma indica- presso . O leitor todavia, poderá montar com fios.
çijo de quando o fazendeiro, raposa, galinha ou mi- Nas figuras 58 e 59 temos a vista completa da
lho estejam no celeiro. Para tal basta colocarmos montagem .

Até o momento, sempre simplificamos as equa- Assim o decimal de 1 O 1 1 O é


ções lógicas, por meio da álgebra Booleana .. Porém
por tal método, poderemos inúmeras vêzes não sim-
plificar totalmente a equação, por termos esquecido
o uso de algum postulado ou teorema . A seguir
apresentaremos um método, para cuja aplicação não
se necessita conhecer os teoremas.
4 + 2 + o 22
Vejamos principalmente alguns detalhes da nu-
meração binária .
Um número binário pode ser transcrito em de- Logo o I O 1 1 O binário é igual ao 22 decimal .
cimal da seguinte forma: Vamos definir agora o que é índice de um número
binário .
fndice de um número binário é a quantidade de
algarismos 1 existente nesse número . Por exemplo:

10
Número binário fndice
oooo o
Lendo-se o número binário da direita para a es- ooo 1 1
querda temos: 'oo 1 o 1
oo 1 1 2
o primeiro digito binário corresponde 2' o1 oo 1
o segundo 2' 2 o1o1 2
o terceiro 2' o1 1o 2
o
4
o1 1 1 3
1 ooo
quarto 2' 8 1
.. 1 oo1 2
o enésimo 2"'' 1 o1 o 2
1 o 1 1 3
A cada potência de 2, multiplicamos pelo corres- 1 1 oo 2
pondente dígito binário (O ou 1) . Somamos os va- 1 1 o 1 3
lôres obtidos em cada dígito e obtemos o corres- 1 1 1 o 3
pondente decimal . 1 1 1 1 4

54 43 revista ELETRoN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
Passemos agora ao método de minimização (sim- Ordenemos estas linhas segundo a ordem crescente
plificação) conhecido por método de Quine - Me dos índices, separando por um traço cada grupo de
Cluskey . índice d iferente.
Suponhamos primeiramente que o nosso pro-
blema tenha a seguinte tabela da verdade . 2 oo I O índice I
A B c o z 3 OO I I
o o o o o o 6 o1 1o
1 o o o 1 o 9 I OO1 índice 2
2 o c 1 o I lO 1 o1 o
3 o o 1 1 I
4 o 1 o o o 7 O1 I I
s o 1 o I o li o1 1
6 o 1 I o I índice 3
7 o 1 I I 1 13 O I
8 I o o o o 14 I O
9 I o o I 1
lO I o 1 o 1 IS I I índice 4
li 1 o 1 1 I
12 I 1 o o o Comparemos a linha de um índice, com a linha do
13 I 1 o I 1 índice seguinte . Se estas linhas diferirem apenas de
14 I 1 1 o I um dígito binário, eliminamos êste dígito, colocando
IS I 1 1 1 1 um traço em seu lugar . Observamos que não se
pode trocar a ordem dos dígitos, pois isto implica
A, B, C, O são as variáveis e Z é o nosso resultado . em trocar as variáveis A, B, C, O .
Vemos pela tabela que irão nos interessar para o Comparemos a linha 2 com a 3:
nossocircuitoaslinhas2.3,6, 7, 9, 10, 11 , 13 , 14, IS.
A equação lógica é:
2
Z = A' · B' · C · O' +
A' · B' · C · O + A' to to t1 ~ diferem somente dêste dílolito
B · C · O ' + A' · B · C · O + A · B' 3 OO I 1
· C' · O + A · B' · C · O' + A · B' · C
· D + A · B · C' · D + A · B · C · O' +
+A · B · C · D Da simplificação destas duas linhas obtemos 11
li nha 2,3
Note o leitor que simplifica r esta equação utilizando
somente álgebra Boolea na é por demais difícil e
2,3 oo1
provàvelmente esqueceríamos de alguma simplifi-
cação . A operação que fizemos corresponde em álie-
Pelo método que estamos descrevendo, devere- bra Booleana
mos tirar da tabela da verdade os nurneros das li- OO I O
2 A'· B' · C · O'
nhas que nos interessam. esc revendo cm notação bi-
nária, ou seja: 3 OO I I A' · B' · C · O

2 oo o A' B' · C · O' A' · B' · C · O = A'


+
3 oo B' · C (0' + 0) = A' · B' · C - 001-
6 O I o - -v->
7 O I I
9 I OO I
10 1 O I O Assim o (-) está representando a variável O elimi-
nada .
li O I I
13 O I Se em uma comparação de linhas tivermos mais
de um dígito diferente não podemos simplificar estas
14 o linhas ou seja :
1S

Encontremos agora o índ ice de cada linha em no-


2
!DI o rl fõl
tação binária 9 Wo~~ IJJ
2 O O I O I
3 O O I I 2 Difere em três dígitos, logo não podemos fazer
6 O I I O 2
7 O I 1 I 3 2,9 -o--
9 I OO I 2
lO I O I O 2 Continua r a comparação :
li 1 O I 1 3
13 1 I O I 3
14 I I I O 3
2 O fOl I O 2,6 l O- I O
6 O W 11f-
15 I I I I 4

revista ELETRõNICA
JANEIRO- FEVEREIRO 197 1 43 55
Aplicando a comparação a tôdas as linhas e ti- Daí podemos eliminar as linhas semelhantes
cando (v) cada linha utilizada, para que no final ficando:
saibamos quais as linhas não simplificadas teremos:
2,3,6,7 O- I -
2 OOIOV 2,3 oo1 2,3,10,1 1 -O I - índice I
2,6 o- 1 o índice 1 2,6,10.14 - - 1 o

3 OOIIv
2,10 - o1o
3,7,11,15 - - I 1
6
9
10

7
. o11ov
1001v
1 O I O V

0111V
3,7
3,1 I
6,7
6,14
o- 1
- o1
o11-
- 1 1 o índice 2
6,7,14 ,15
9,11,13,15
10,11,14,15
-
1
1
1
-
-
1
-
I
-

-
1
l
Comparemos novamente a linha de um índice,
índice 2

11 1 o 1 1 v 9,11 1 o- 1 com a linha do índice seguinte, simplificando as


13 1101V 9,13 1 - o 1
linhas que diferirem apenas de um dígito.
14 1 1 1 o v 10,1 I 1 o 1 -
1 - 1 o

l
10,14 2,3 ,6,7, O- I - V
15 1 1 v 2,3,10,11
2,6,10,14
-O I -
1 o
V
v
7,15 - 1 1 1 2,6,10,14 1 o v
11,15 1 - 1 1 índice 3 3,7,11,15 1 I V
13,15 1 1 - 1 6,7 ,14,15 v
v
- 1 1-
14,15 111- 9,11,13,15 1-- 1
10,11,14,1 '5 I - 1 - V
Comparemos novamente a. linha. de .u.m índice, 2,3,6,7 ,10,11,14,15 1-
com a linha do índice segumte, simplificando as 2,3,10,11,6,7,14,15 1- índice

D
linhas que diferirem apenas de um dígito . 2,6,10,14,3,7,11 ,15 I -

Observações:
2,3 não pode pois temos I - A linha 9,11,13,15 não foi simplificada, lo-
g_ diversas diferenças go esta linha é irredutível fornecendo a lógica:
3,7 o -
AI B c IDI
2,3 I - diferem de um dígito
9,11 ,13,15 IJl- - l!l_ A.D

logo podemos simplificar


6,7 1 - 2 - Obtivemos três linhas iguais, logo só apro-
veitamos uma, 2,3,6,7,10,11 ,14,15 -- I -
2, 3, 6, 7 O- I - 3 - Como chegamos a um único índice, não
temos mais linhas a comparar e simplificar, logo
o método pára nesse instante.
Procedemos a comparação
4 - A linha final 2,3,6,7,10,11 ,14,15 fornece a
2,3 o o v 2,3,6,7 o - I - lógica:
2,6 o- o v 2,3,10,11 o .. 1 -
ABCD l ... c
2,10 - o 1 o v 2,6,3,7 - o 1 - 2,3,6,7,10,11 ,14, 1') -- 1 - I
3,7 o - 1 I v 2,6,10,14 I O
3,11 -o 1 I v 2,10,3,11 - o I - Assim a nossa equação minimizada é
),7 o 1 I - v 2,10,6,14 I O
-----v-----'

índice

6,14 - 1 1 o v 3,7,11,15 1 1
9,11 I O- 1 v 3,11,7,15 I 1
9,13 1 -o 1 v 6,7,14,15 - 1 I -
Pedimos ao leitor que observe a equação inicial
\0,11 1 o 1 - v 6,14,7,15 - 1 1 - com 40 letras e a redução que chegamos através de
um metodo racional. Se fôssemos aplicar diretamen-
\0,14 1- 1 o v 9,11,13,15 1 !
te álgebra Booleana, provàvelmente erraríamos em
alguma passagem ou não minimizaríamos totalmente
7,15 - 1 1 1 v 9,13,11,15 I - - I
por esquecimento de algum teorema.
11,15 1 - 1 1 v 10,11,14,15 1 - 1 -
I - 1 - Observamos que o método de Quine-Me Cluskey
13,15 1 1 - 1 v 10,14,11,15 fornece os têrmos irredutíveis de uma equação .
14,15 1 1 1 - v Algumas vêzes alguns dêsses têrmos podem ser
índice 2 eliminados como veremos futuramente, pelas apli-
cações de outros métodos, após aplicação de Quine-
Me Cluskey.
Observemos que aparecem termos repetidos dois Pedimos ao leitor que faça pelo método exposto
a dois. Ora uma lógica somada com ela mesmo é os problemas anteriores (combustível, temperatura,
a própria lógica : motor; e milho, raposa, galinha , fazendeiro) e observe
que se chega ao mesmo resultado, porém de uma
A · B+ A · B = A · B maneira metodizada .

revista ELETRONICA.
56 43 JANEIRO-FEVEREIRO 197 1
ACOmpra de
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ELEVISORES Phllco llO,OO port.. "{ ucu\at·
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190,00 Wldlvlslon, Emerson, GE, dlv:;-
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I Invictus, et c., desde 180,00, à rua 1 ~ '.,,.geti'• '[\ .,end~· o·

LOUIS FACEN

Há algum tempo, encontrei-me casualmente com um am!go no centro da cidade .


Depois das habituais exclamações de prazer em rever um am1go e de nos assegurarmos
de que ambos íamos bem, assim como as respectivas famílias, etc. etc, fiquei sabendo que
êle estava justamente procurando um televisor usado para comprar. Eu não conheceria
um bom negócio de ocasião, perguntou-me, já que meu ofício me mantinha mais em-
contato com tais coisas?

Como quase sempre acontece em tais situações, naquele momento eu não tinha
conhecimento de que alguém das minhas relações quisesse vender seu televisor . Assim,
fomos à banca mais próxima e compramos um jornal para ver os anúncios .

Entre as dezenas de anúncios que achamos, havia um que oferecia um televisor em


perfeito estado, com "imagem igual à de um cinema", por ter comprado outro nôvo.
(Perguntei a mim mesmo , porque será que o homem comprou um televisor novo, se o
velho estava tão perfeito?) .

Havia também os costumeiros anúncios de revendedores que, na hora da compra


inventam todos os defeitos possíveis e imagináveis para o televisor, para baixar o prêço .
Depois, ao revender o mesmo aparelho, sem fazer qualquer revisão, êle passa a ser uma
das sete maraviJhas do mundo e pode ser adquirido "apenas" pelo dôbro do prêço. O
princ1p10 em que se baseiam os negócios dessa gente é muito simples: nas mãos dos outros,
os aparelhos não valem nada; na sua própria, valem ouro.

Depois desta "meditação filosófica " resolvemos dar preferência a um particular, na


compra do televisor . Assinalamos diversos enderêços, alí pelas proximidades , onde os apa-
relhos eram anunciados por menos de 200 cruzeiros - a importância que meu amigo
tinha no bôlso e que, portanto, não podia ser ultrapassada .

O primeiro enderêço era de um apartamento no quinto andar, a uns cem metros de


onde nos haviamos encontrado; assim, resolvemos dar uma "olhada" por lá . Tratava-se
um prédio de construção antiga e para nosso azar, o elevador não funcionava . Isto sig·
nifica subir cinco andares a pé, sem dúvida uma bela ginástica antes do almôço .

Finalmente, chegamos lá em cima e primeiro paramos um pouco para recuperar o


fôlego; depois dessa indispensável recuperação física tocamos a campanhia . Uma senhora
muito educada nos atendeu e, gentilmente, convidou-nos a entrar . Mostrou-nos o televisor,
de 17 polegadas, importado, e fez questão de contar-nos tôda a sua história , desde a aqui·
sição, nos seus mínimos detalhes . Nessa narrativa, não poupou elogios pelos "relevantes"
serviços prestados pelo herói à família . Cheguei mesmo a achar que, em vez de vender o
aparelho, ela deveria dar-lhe uma medalha.

revista ELETRôNICA
JANEIRO-FEVEREIRO 1 97 1 43 51
Em todo o caso, pedí licença para ligar o "gostosão" . Após algum tempo, apareceu
na tela uma imagem "lavada". Instintivamente, procurei corrigir o defeito, avançando o
contrôle de contraste, mas êste já estava na posição máxima. Parecia que o televisor já
estava cansado de proporcionar alegrias e estava agora dispôsto a aborrecer seu proprie-
tário .

Através das frestas da tampa traseira verifiquei que o televisor era do tipo "rabo
quente" e fabricado com módulos . Os módulos s·ão um tipo rudimentar de circuito in-
tegrado, onde conjuntos de resistores e capacitares são moldados num só bloco. Para
infelicidade geral, estes módulos não podem ser adquiridos no mercado nacional, tornando-se
extremamente difícil consertar um aparelho como o que estávamos examinando .

Quando observei de nôvo o aparelho pela frente, a imagem já estava sem sincronismo .
Agradecemos pela demonstração e explicamos à dona do aparelho que ainda queríamos
ver alguns outros aparelhos antes de tomar a decisão final . O elevador ainda não estava
funcionando e não restou outra alternativa senão descer os cinco andares a pé. Chegamos
à conclusão que o sacrifício não tinha valido a "pena".

Como prox1mo enderêço escolhemos um apartamento localizado no segundo andar:


se porventura o elevador também não estivesse funcionando, a subida não seria tão penosa .
Desta vez, porém, tratava-se de um prédio moderno e pudemos tomar o elevador até o
segundo andar. Após tocar a campainha , fomos atendidos por um senhor de idade, que
nos conduziu até a sala de visitas ; o televisor já estava ligado .

Coloquei a mão em cima da caixa do aparelho; ela estava quente, o que indicava que
o televisor já estava funcionando havia algum tempo. Isto era bom sinal, porque muitos
aparelhos começam a apresentar seus defeitos sàmente depois de esquentar .

Era um televisor nacional de boa marca, fabricado havia aproximadamente cinco ou


seis anos. Verifiquei pela aparência da caixa, que o dono lhe havia dispensado o necessá-
rio cuidado. Uma caixa em mau estado, com sinais de crianças mexendo no aparelho.
geralmente representa um "sinal vermelho" para a compra (já vi meninos girarem o seletor
de canais como se fôsse um ralador de queijo) .

O estado geral do televisor parecia bom e por isso resolvi fazer um teste geral para
ver se meu amigo poderia efetuar a compra tranquilo, sem ter depois, "imprevistos" ou
decepções. Perguntei ao proprietário se êle não usava regulador de voltagem e êle me
respondeu que não era necessário, pois, a tensão no local era estável. Isto é um ótimo
sinal , pois, pesquisas feitas revelam que, nos aparelhos que funcionam em locais onde a
tensão da rede varia muito (em conjunto com reguladores de tensão manuais) a incidência
de defeitos é 50% maior que nos aparelhos alimentados por redes de tensão estável
(portanto, onde se dispensa o _uso de regulador) . Em muitos casos, quando uma das
válvulas de saída nos circuitos de deflexão enfraquece, é simplesmente aumentada (através
do regulador) a tensão de alimentação para corrigir o defeito, o que resulta numa redução
drástica na vida útil de todo o aparelho . Para recuperar um televisor dêstes, muitas vêzes
é necessário trocar de 10 a 15 válvulas; assim, convém observar êste detalhe .

Ao girar o seletor de canais, verifiquei que estava com mau conta to .

Retirei o botão e verifiquei que o seletor era do tipo tambor, que poderia ser fácil-
mente recuperado, ao contrário dos seletores com chave de onda, que exigem a substituição,
implicando numa considerável despesa.

Havia sàmente uma emissora no ar naquele momento (refleti que deveria ter escolhido,
para a compra, um horário em que tôdas as estações estivessem transmitindo, para poder
fazer um julgamento mais perfeito) . Girei o contrôle de sintonia fina do seletor e observei
a imagem . A atuação era suave, o que significava estar a calibração do aparelho ainda
bastante boa. Girando o "knob" do seletor, observei, de canal em canal o "chuvisco" na
tela. Com êste procedimento, pode-se verificar a calibração do seletor de canais, porque, se
em canais adjacentes (exceto entre 6 e 7) houver uma grande diferença no "chuvisco"
isto é .sinal de um seletor descalibrado . A completa àusência de "chuvisco", mesmo com
o contrôle de contraste todo avançado, é característica de falta de sensibilidade do apa·
relho, geralmente causada por válvulas "cansadas".

O televisor estava próximo a uma janela, em lugar bem ventilado, o que era bom
sinal, porque umidade e falta de ventilação adequada encurtam a vida do televisor. Com
o contrôle de volume fechado , encostei o ouvido no alto-falante . Não escutei zumbido
nenhum, indicando que os capacitares eletrolíticos pareciam estar em bom estado.

58 43 revista ELETRõNICA
JANEIRo-FEVEREIRO 197 1
Observei atentamente os parafusos na tampa traseira . Não faltava nenhum e todos
estavam perfeitos; concluí que o aparelho não havia sido entregue a técnicos "relaxados"
ou "fuçado " com ferramentas inadequadas . Existem aparelhos por aí, para os quais é
imprescindível possuir o esquema para poder restaurar os circuitos originais.

Girei o contrôle vertical , até a imagem começar a descer devagar . Durante a descida,
observei a barra de extinção vertical , cuja largura deve ser constante se a linearidade
vertical estiver boa . Convém lembrar aqui que em certos casos, quanto falta linearidade,
esta pode ser corrigida por um simples ajuste no respectivo contrôle; por outro lado,
quando a deficiência é proveniente de uma troca inadequada do "yoke" ou do trans-
formador de saída vertical, num conserto feito no aparelho, a correção pode-se tornar
bastante dispendiosa .

Ajustei também o contrôle horizontal e sintonizei-o de maneira que obtivesse apenas


três barras diagonais na tela. Se estas três barras ficam paradas, isto é bom sinal e
indica um oscilador horizontal de grande estabilidade . Ao mesmo tempo, pela observação
das larguras destas barras, pode-se . ter uma idéia da linearidade horizontal . Sincronizei
novamente o quadro e girei o seletor para o próximo canal, voltando logo a seguir. O
quadro entrava em "lock", o que significa que os circuitos de sincronismo estavam em
ordem .

Para analisar a definição do televisor, que abrange a calibração de RF e FI , como


também a resposta do amplificador de vídeo, ajustei a antena (interna) em cima do
televisor e também os contrôles de sintonia fina e contraste. Num listrado fino da
imagem verifiquei cuidadosamente e considerei satisfatória a definição, tendo em vista a
idade do televisor.

Faltava agora apenas o teste mais importante, antes de começar a contar os "tiradentes"
e isso era o teste do cinescópio. ~sse teste é de grande responsabilidade e importância,
porque representa pràticamente a metade do prêço do aparelho.

O primeiro sintoma do enfraquecimento do cinescópio é a falta de nitidez em áreas


de variação brusca de iluminação da tela, como letreiros, etc . A medida que a situação
piora, o brilho enfraquece e não se consegue mais obter as tonalidades normais pelo ajuste
do contrôle de contraste . Quando a imagem começa a ter aparência prateada ao avançar
o contrôle de brilho, então podemos ter a certeza de que o tubo está vivendo seus
últimos dias . Imagem e varredura intermitentes, também podem ser sinais de um cines-
cópio defeituoso.

Para verificar isto, bati de leve sôbre a caixa, para espanto do proprietário do
televisor, que parecia não estar concordando que seu aparelho "apanhasse". Para tran-
quilizar o homem, avisei logo em seguida ao meu amigo, que poderia comprar o tele-
visor, que eu faria uma pequena revisão na oficina (principalmente no seletor de canais
que a meu ver era o motivo pelo qual o televisor estava à venda). ·

Depois de acertar a parte financeira, pusemos o aparelho num táxi e o levamos à


oficina. Aí verificamos que, realmente, o aparelho estava em bom estado .

O procedimento de teste aqui descrito pode servir de guia na compra de um televisor


usado, para que o comprador possa proteger-se contra prejuízos e aborrecimentos ou
seja, como se diz vulgarmente, para evitar "entrar pelo cano " .

F ocalizamos o embarq ue dos srs . H . P. Vogel e Eduardo de


Almeida , rcspecth•arncnle gerentes de markeling da Sylva nia
e da Empirc, para participa rem do Congresso La tino Ameri·
cano da S ul vania lnlernacional , em Kingslon-Jamaica.

revista ELETRONICA
JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 59
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SeRGIO AMeRICO BOGGIO

No pJ:esente artigo não iremos sinal com amplitude suficiente Caso o defeito não seja válvu-
tratar de um defeito específico para interferir na recepção do la ou transistor deveremos pes-
em rádio ou TV, mas sim de um sinal desejado . quisar os resistores, principal-
problema que assola o técnico, O ruído de efeito "shot", sem- mente aquêles que são percor-
A INTERFER~NCIA. pre presente em válvulas termo- ridos por correntes de maior in-
As interferências podem ser de iônicas, é produzido pelas flu- tensidade tais como resistores de
diversos tipos e causas. Nosso tuações da corrente de placa, as placa, catodo, grade de blinda-
intuito será abranger as mais quais são originadas pela não gem ("screen"), emissor, coletor.
importantes e o maior número uniformidade da emissão, isto é
delas, dando sugestões para so- o número de elétrons emitidos Os capacitares podem produzir
lucioná-las. pelo catodo das válvulas não é ruído quando se inicia uma fuga
Um primeiro tipo de interfe- sempre igual. Essas flutuações através do dielétrico. Assim de-
rência, são os ruídos gerados no dão origem a tensões de ruído, veremos verificar o estado dos
próprio receptor, tais como agi- as quais aparecem na carga de capacitares, principalmente os
tação térmica, efeito "shot", etc. placa da válvula. sujeitos à maior tensão entre seus
O ruído de agitação térmica é Poderemos ter ainda zumbido, terminais . Para melhor testar-
originado pelo contínuo movi- normalmente causado por inter- mos a isolação dos capacitares,
mento caótico de elétrons num ferência de 60 Hz, devido a uma podel?os proceder da seguinte
condutor. ~sse movimento é in- filtragem deficiente, falta de manerra: observarmos a máxima
fluenciado pela temperatura am- blindagem ou fuga em alguma isolação do capacitar, suponha-
biente e é tal que, em cada pe- válvula . ~os 500 V. Ligamos êste capa-
queno período de tempo, o nú- Antes de partirmos para a crtor numa tensão contínua de
mero de elétrons que se move eliminaçãQ do ruído devemos nos valor próximo ao de isolação
numa direção excede ao número certificar se é êle realmente ge- - 300 V a 500 V (+B por exem-
de elétrons que se move na dire- rado no receptor. Para tal co- plo). Ligamos um miliamperí-
ção oposta. locamos os terminais antena e metro em série com o capacitar
Uma vez que êste processo se terra ou antena e chassi em cur- tal como vemos na figura 1 . A
dá de maneira caótica, não pode to, e observamos se a interferên- ligação do miliamperímetro não
ser governado por lei alguma. cia desaparece ou é fortemente deve ser permanente, mas sim
~sse movimento faz com que, atenuada . Se isto acontecer a
durante um pequeno período de interferência é externa, caso con-
tempo, um número desigual ~de trário, deveremos pesquizar o de-
elétrons seja concentrado em di- feito no próprio receptor .
versos pontos do condutor, dan- Se o receptor fôr a válvula
do origem a diferenças de po- deveremos substituir uma por
tenciais. Os valôres dessas ten- uma a partir do estágio de R. F.
sões e correntes são tão peque- e verificar qual delas é respon-
nos que não podem ser medidos sável pelo ruído .
com instrumentos convencionais; Se o receptor fôr a transistor
entretanto, quando aplicados à deveremos substitu ir primeira-
entrada de receptores sensíveis mente os transistores que traba-
ou amplificadores de alto ganho, lham com maior corrente de co-
poderão produzir na saída, um lt'tor. FIG. 1

60 43 revista ELETRôNICA
JAN~lRQ-HV~R~!RQ 1?7 1
2 - Desejando-se colocar no lugar da lâmpada um micro-amperímetro,
bastará apenas substituí-la, ou será necessário modificar o circuito?
No lugar da lâmpada de 6,3 V, pode ser usado xima através do instrumento. Aliás o transistor de
um miliâmperímetro de O a 100 ou O a 500 mA, potência foi incorporado exclusivamente para alimen-
tar a lâmpada e assim baixar o custo do instrumento;
em série com um potenciômetro de fio de 100 ohms, o preço de um mi1i - ou micro-amperímetro resulta
para ajustar a sensibilidade e limitar a corrente má- muito mais alto .

058
"QUIVALDO"
GARANHUNS - PE

1 - "Porque um rádio sintoniza a estação local em 2 ou mais lugares?


Por mais que se ajuste, continua na mesma, apesar de trocar três válvulas
por novas?"
A falta de seletividade de entrada, que pode gido nas bobinas e suas ligações e não tem nada
ser consequência da descalibração, pode provocar o a · ver com as válvulas . Em certos casos pode-se
fenômeno da modulação cruzada com uma emissora tratar também de harmônicos irradiados pelo trans-
forte, geralmente local e esta emissora é captada em missor . Neste caso porém, o defeito se manifesta em
diversos pontos do dia! . :t?.ste defeito deve ser corri- todos os rádios.

2 - "Porque um receptor não quer ajustar nos condensadores ajustáveis,


mesmo que sintonize várias emissoras"?
Quando um rádio não permite a calibração e quando se adapta um jôgo de bobinas que não cor-
tôdas as ligações estiverem corretas, pode ser que a respondem com os componentes associados resultan'
capacidade residual do circuito é excessiva (ligações do disto deficiência na seletividade e sensibilidade
compridas) . O mesmo defeito também pode ocorrer do aparelho, causando os defeitos acima.

059
REINHARD W ALDEMAR KOHLS
CORUPA- SC .

1 - Venho perguntar se no amplificador para os canais baixos usado na


ANTENA COLETIVA (revista n.• 40) pode-se empregar, em lugar da válvula
ECC189, uma 12AU7 ou 12AX7?"
As válvulas 12AX7 e 12AU7 foram desenvolvidas
para a amplificação de audiofrequência e têm ca-
pacidades relativamente grandes e portanto não po-
dem ser usadas no lugar da ECC . 189 .
Caso não encontre esta última, poderá usar a
6BZ7 ou 6BQ7 em seu lugar.

2 - "As bobinas são de fabricação caseira ou comercial?"

As bobinas são de fabricação caseira e devem


ser enroladas conforme as instruções no esquema .
Seus valôres não são muito críticos e pequenas di-
ferenças podem ser compensadas na calibração .

revista ELETRõN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 65
RESPOSTAS aa TESTE VIDE PAG. 33

40 44
(a) O elétron é uma partícula que compõe o átomo. (d) Se temos uma faixa branca horizontal no cen-
Normalmente em um átomo temos diversos elétrons tro da tela, isto é evidência que o feixe eletrônico
ocupando órbitas (níveis de energia) em tôrno de do cinescópio só tem movimento horizontal, isto é,
um núcleo . O núcleo possui carga positiva e os a deflexão (movimento) vertical está parada. Assim
elétrons carga negativa. concluímos que o estágio provàvelmente defeituoso
é a varredura vertical.
41
45
(b) Entende-se por frequência de ressonância de (c) Normalmente após terminarmos a montagem
um circuito, aquela frequência em que êle "gosta" em um circuito impresso, vemos em tôrno das soldas,
de oscilar. Assim uma corda de piano, emite um grandes quantidades de resina (fluxo em excesso de
som que é a frequência de ressonância da corda. solda) . Para remove-las, temos um bom solvente que
Nos circuitos LC série (bobina e capacitor em
série) temos que na frequência de ressonância (que é o alcool.
depende dos valôres de L e C) a "resistência" apre- 46
sentada à corrente alternada (impedância) é mínima,
enquanto que para os LC paralelo é máxima. (b) Os semicondutores cujo código principia por
letras estão geralmente marcados no código europeu
que passamos a descrever .
42 O código de semicondutores consiste de duas ou
três letras seguidas por um grupo de algarismos .
(c) Sabemos que um capacitor bloqueia corrente Os semicondutores destinados a aparelhos re-
contínua e permite a passagem de corrente alternada . ceptores, televisores, etc., constam de duas letras se~
No estágio de saída transistorizado temos tensão guidas por três algarismos (1. grupo).
0
.
contínua e alternada. No alto-falante só podemos ter A designação dos semicondutores destmados a
tensão alternada, logo colocamos em série e com equipamentos industriais e profissionais é constitui-
êste um capacitor. O motivo de não aplicarmos da por três letras e dois algarismos (2. grupo) .
0

tensão contínua no alto-falante, é que esta provo· As letras e algarismos têm o seguinte significado:
caria uma circulação de corrente contínua na bobina Primeira letra: Em ambos os grupos a primeira
móvel, provocando um campo magnético contínuo, letra indica o material semicondutor.
que iria deslocar o cone para dentro ou para fora
(depende do sentido da corrente contínua) do alto- A = Germânio
falante. Este deslocamento do ponto de repouso do B Silício
alto-falante, quando intenso, provoca serias defor- R Material semicondutor para células foto-con-
mações no som . dutivas e geradores Hall
Segunda letra: Esta indica em ambos 'os grupos
43 a construção ou aplicação . Estas letras foram esco-
lhidas, onde possível, em concordância com as le-
(b) No circuito de +B normalmente encontramos tras usadas para válvulas receptoras .
capacitares eletrolíticos de elevada capacidade . Uma A Diodo (exceto diodos túnel, diodos sensíveis
vez ligado o receptor, êstes se carregam, e mesmo à radiação, diodos de potência e diodos Zener)
após algum tempo do desligamento, êles ainda con- C transistor de áudio frequência (exceto transis-
servam sua carga motivo pelo qual muita gente leva tores de potência)
um "tranco" daqueles, mesmo com o receptor des- D transistor de potência para áudio frequência
ligado da tomada. Como o ôhmetro é um instru- E Diodo túnel
mento que não deve receber tensão ou corrente , F = Transistor para altas frequências (exceto tran-
convém não ligá-lo diretamente aos capacitares sem sistores de potência)
antes verificar se os referidos capacitares estão real- H = Indicador de campo
mente descarregados . Para tal desligue o receptor, K Gerador Hall em circuito magnético aberto
coloque em paralelo com os capacitares um resistor (exemplo magnetron ou indicador de sinal)
de aproximadamente 100 n, espere uns lO segundos, L transistor de potência para frequências elevadas,
retire o resistor e curto-circuite os capacitares com M = gerador Hall em circuito magnético fechado
um pedaço de fio . Após isto ligue o ôhmetro, e meça eletricamente energizado (exemplo modulador
a isolação de +B, colocando uma ponta de teste no multiplicador Hall)
chassi e com a outra teste os diversos pontos de P Dispositivos sensíveis à radiação
+B . O motivo de colocarmos primeiro o resistor R Dispositivos para contrôle e comutação com
de 100 n, é para descarregarmos ràpidamente mas características de disparo (exceto os dispositi-
com uma corrente pequena; pois se curto circuitar- vos de potência)
mos logo de início, a corrente que circularia seria S Transistor para comutação (exceto de potência)
muito elevada, danificaria inúmeras vêzes o capacitor, T Dispositivos de potência para contrôle e co-
além do fato que aquela faísca e estalo na cara do mutação com características de disparo .
cliente também, não é muito recomendável . U Transistor de potência para comutação.

revista ELETRôN ICA


JANEIRO-FEVEREIRO 197 1 43 67
Y = Díodo de potência 49
Z = Díodo Zener
(a) Rodemos o resistor CD conforme fig . la dando
Terceira letra e os números :
fig . 1h. Rodemos os resistores AC e DB, conforme
Número de série. Os tipos do 1." grupo são nume- fig . tb dando fig. te. Notemos que os pontos A
rados entre 100 e 999, enquanto que os tipos do _ _!L_--·-- -- -- - - -~---- - - ---
2.• grupo possuem mais uma letra (Y, X ou Z) e 0~ B
números entre 10 e 99.
No nosso exemplo BC107, como temos duas le-
tras e três algarismos trata-se de um tipo não in-
dustrial (t.• grupo). O "B" significa transistor de
A B
)GOn j
silício e o "C" transistor para áudio mas não de
potência.
Çn
,..::.::.:.;-
A c
NOTAS :
(a) Um transistor é de potência quando a resis- a b
tência térmica entre o cristal e o invólucro é igual
ou inferior a 15,0"C/W . O
(b) existe uma classificação antiga de semicondu- A
tores . O código consiste de duas letras seguidas de
dois ou três algarismos . 600 60!l 60!l
LETRAS:
OA- Díodo '----c!----- B
OC - Transistor FIG. 49 R
Algarismos: Número de série . c
47 coincide com D e B coincide com C, logo os três
resistores de 60 n estão em paralelo . Daí conclui-
(a) O ganho de potência em decibel é dado pela mos que a resistência entre A e B é dada por
fórmula: 60il
a.= to log - -
p, RAB =
20 n (vide tl1ste 26)
3
P, RAB 20!1
No nosso caso
a. = - 3 dB 50
P, = 10W
p, (a) A corrente no secundário será de:
3 = 10 l o g - - E 20V
10
p,
= 4A
3 R 5n
log A potência no secundário será de
a
10 10
P = EXI = 20 V X 4 A 80 W =
mas log - - log a - log b Como o rendimento em potência é de 90%, no
pnmano devemos ter um pouco mais de potência.

b
3 Aplicando uma regra de três: _,.
log P, - log 10 Potência primária - - - - - - 100%
10 80W 90%
mas log 10 = I 80 W X 100%
3 potência = 88,8W
= log P, - I 90%
lO A corrente no primário será dada por:
3
= log P, P 88,8W
10
+ I= --- = 0,2A
7 E 444 v
log P,
10 51
log P, 0,7 (b) Não existe uma padronização rígida para côres
Procurando numa tábua de logarítimos, qual o nú- de fio, mas a mais usual em receptores é:
mero cujo logarítimo é 0,7 encontramos Marrom - - filamento
log 5 = 0,7 Vermelho - - +B
Daí concluímos Laranja - - grade auxiliar ou "screen"
p, = 5W Amarelo - - catodo
O amplificador em questão a um nível de - 3 dB Verde - - grade de contrôle
entregará a metade da potência máxima ou seja 5 W . Azul - - placa
Violeta - - ligações gerais sem código especial
48 cinza - - ligações de tensão alternada sem código
especial
(d) Se tomamos metade do fio temos 50 n . Quan- Branco - - Contrôle automático de volume
do juntamos as duas metades temos 50 n em paralelo Preto - - - B, terra
com 50 il O que DOS dá a metade OU seja 25 il . Nu-- Chassi

revista ELETRoN ICA


JANEIRO.FEVEREIRO 197 1 43 69

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