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Como a indústria do cigarro

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GGNa pós-verdade Domingo, 12/03/17  Cadastre-se   Login

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POLÍTICA

Como a indústria do cigarro usou a pós­
verdade
DOM, 12/03/2017 - 09:41
ATUALIZADO EM 12/03/2017 - 11:58

Mundo vive “era da ignorância”, e não a do conhecimento; antídoto estaria em incentivar
curiosidade científica entre pessoas 

CLIPPING DO DIA

Ver conteúdo 11

FORA DE PAUTA

Ver conteúdo 13

MULTIMÍDIA DO DIA
 
Ver conteúdo 1
Jornal GGN ­ A pós­verdade, termo para definir que os fatos objetivos têm menos importância do
que as emoções e crenças pessoais, tomou proporções assustadoras em todos os âmbitos da
informação, seja em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. 
 
O fenômeno ocorre, muito provavelmente, facilitado pelas redes sociais, dado seu processo
acelerado de produção, reprodução e compartilhamento de ideias. No artigo a seguir, o repórter E ganhe dinheiro com o seu
Tim Harford, do Finantial Times, traz novas informações sobre o tema, com avaliações de negócio
especialistas que acompanham o avançou da pós­verdade desde as décadas passadas. 
  Coloque anúncios em seu site com
Para Robert Proctor, historiador na Universidade Stanford, por exemplo, a humanidade globalizada o AdSense
vive hoje a "era da ignorância", um verdadeiro contrassenso à era da informação iniciada na década
de 1980 e que, teoricamente, ainda estaria em vigor. APRENDA MAIS

 
Mas nem tudo está perdido, apesar de a tarefa para reverter esse quadro não ser nada fácil, pois
estaria em ampliar a curiosidade das pessoas sobre o conhecimento científico. Estudos apontaram ÚLTIMOS CONTEÚDOS GGN
que, indivíduos cientificamente curiosos se dispõem mais a assistir documentários científicos do
que propagandas focadas sobre celebridades.  POLÍTICA
 
A lava jato e a criminalização da
"Como se poderia prever, existe uma correlação entre conhecimentos científicos e curiosidade
relação público/privado
científica, mas as duas medidas são distintas, (...) embora o raciocínio politicamente motivado
pese mais que o conhecimento científico, ele 'parece ser negado pela curiosidade científica'" CIDADANIA
  Cofecon critica falas de Temer no Dia
Folha de S.Paulo  da Mulher
 
Na era da pós­verdade, os fatos precisam de defensores CULTURA
  Lista de Livros: O sofrimento de Deus
TIM HARFORD (parte I), de Slavoj Žižek e Boris
TIM HARFORD (parte I), de Slavoj Žižek e Boris
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
DO "FINANCIAL TIMES" Gunjević
 
Pouco antes do Natal de 1953, os líderes das maiores empresas americanas de cigarros se
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reuniram com John Hill, fundador e executivo­chefe de uma das maiores firmas americanas de A CIA e a crise política brasileira, por
relações públicas, a Hill & Knowlton. Apesar do ambiente luxuoso –o Plaza Hotel, dando para o Janio de Freitas
Central Park, em Nova York–, o clima era de crise.
  CULTURA
Cientistas estavam publicando evidências sólidas de um vínculo entre o tabagismo e o câncer. Do A fronteira final: neoliberalismo vai ao
ponto de vista das empresas de cigarros, o mais preocupante era que "The Reader's Digest", a espaço com Elon Musk
publicação mais lida do mundo, já tinha divulgado essa evidência em um artigo publicado em
1952, "Cancer by the Carton" (O câncer em maços). Escrevendo em 1954, o jornalista Alistair POLÍTICA
Cooke previu que a publicação do próximo grande estudo científico sobre tabagismo e câncer Líder MST promete ir as ruas contra
poderia acabar com a indústria de cigarros. reforma da Previdência

  VER TODOS
Isso não aconteceu. O guru de relações públicas John Hill apresentou um plano –que, visto em
retrospectiva, foi tremendamente eficaz. Apesar de seu produto ser viciante e letal, a indústria do
cigarro conseguiu evitar a regulamentação, litígios na Justiça e a ideia que muitos fumantes
tinham havia décadas que seus produtos eram mortíferos.
 
A grande indústria do tabaco foi tão hábil em adiar o dia da prestação de contas que a tática que
-40%
ela adotou vem sendo imitada desde então. Além disso, inspirou um setor crescente do mundo
acadêmico que estuda como esse truque foi realizado.
 
Em 1995, Robert Proctor, historiador na Universidade Stanford que estudou a fundo o caso da
indústria de cigarros, cunhou o termo "agnotologia". Trata­se do estudo da produção intencional de
ignorância, e o campo todo começou com as observações feitas por Proctor da indústria de
cigarros.
 
Os fatos relativos ao tabagismo –fatos indiscutíveis, fornecidos por fontes de valor inquestionável–
não foram os vencedores do embate. Os fatos incontestáveis foram contestados. As fontes
inquestionáveis foram questionadas. O que se descobriu é que os fatos são importantes, mas não
garantem a vitória nesse tipo de discussão. -40% -30%
 
A agnotologia nunca foi tão pertinente quanto agora. "Vivemos em uma era de ouro da
ignorância", diz Proctor hoje. "Trump e o 'brexit' fazem parte disso."
 
No plebiscito britânico para decidir se o Reino Unido sairia da União Europeia, o lado favorável à
saída apresentou o argumento falso de que o Reino Unido enviava £ 350 milhões (R$ 1,35
milhões) por semana à UE.
 
Seria difícil imaginar um exemplo anterior na política ocidental moderna de uma campanha que
apresentou como argumento uma mentira tão deslavada, reafirmando­a quando foi refutada por
especialistas independentes e acabando por triunfar.
 
Mas essa proeza seria superada pouco depois por Donald Trump, que alardeou ondas sucessivas de ÚLTIMAS DESTA EDITORIA
mentiras demonstráveis, mas foi recompensado com a Presidência. Os Dicionários Oxford
declararam a "pós­verdade" a palavra do ano de 2016. Os fatos simplesmente pareciam não ter CRISE
mais importância.
A lava jato e a criminalização da
  relação público/privado
A reação instintiva daqueles entre nós (jornalistas, acadêmicos e muitos cidadãos comuns) que
ainda nos importamos com a verdade vem sendo de checar e rechecar os fatos. Organizações de CRISE
"fact­checking", ou verificação de dados, como a Full Fact, no Reino Unido, e a PolitiFact, nos EUA, A CIA e a crise política brasileira, por
avaliam declarações de políticos e jornalistas que chamam a atenção pública. Janio de Freitas
 
Preciso confessar aqui que tenho um viés pessoal favorável a elas: eu mesmo já fui verificador de PREVIDÊNCIA SOCIAL
fatos do programa de rádio "More or Less", da BBC, e frequentemente faço uso de sites de fact­ Líder MST promete ir as ruas contra
checking. Em lugar de apresentar as versões das duas partes em uma história, como faria um reforma da Previdência
jornalista tradicional, esses sites avaliam o que é verdadeiro.
  CRISE
O trabalho de verificação de dados pública e transparente tornou­se um elemento tão importante Vol. 2: “Contra tudo o que está aí... pero
do jornalismo político de hoje que é fácil esquecer que essa atividade existe há apenas uma no mucho” ­ lições da eleição francesa
década. para o Brasil (de 2018?)
 
Também os jornalistas da grande imprensa estão começando a abraçar a ideia de que mentiras ou JUSTIÇA
equívocos devem ser identificados com destaque. Entre Lula e Temer um abismo de 25
  séculos, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Considere o caso de uma reportagem no site da NPR (Rádio Pública Nacional) sobre o discurso que
Donald Trump fez para a CIA em janeiro: "Ele negou falsamente que já tivesse criticado a agência,
inflou falsamente as dimensões da multidão que acompanhara sua posse, na sexta­feira anterior".
 
 
Tem sido uma quebra estimulante com as normas do jornalismo americano, mas a verdade é que o
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
presidente Trump vem sendo uma quebra estimulante com as normas da política americana.
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Também o Facebook contratou verificadores de dados, anunciando medidas contra as reportagens
de "notícias falsas" que ganharam destaque tão grande em sua rede após a eleição. Hoje o
Facebook permite que seus usuários denunciem falsas notícias.
 
O site envia manchetes dúbias a verificadores independentes de fatos, identifica notícias
desacreditadas com tags de "contestado" e possivelmente reduz sua classificação no algoritmo que
decide o que cada usuário vê quando entra no site.
 
MAIS LIDAS DA SEMANA
Precisamos de algum consenso em relação aos fatos, senão a situação fica inviável. No entanto,
será que esse destaque repentino aos fatos vai realmente levar a um eleitorado mais bem
Karnal não é “Mago”, como 19
informado, a decisões melhores, a um respeito renovado pela verdade?
Paulo Coelho. É só o bobo do Rei
 
Moro
A história da indústria do cigarro sugere que não. O vínculo entre cigarros e câncer foi confirmado
pelos maiores cientistas médicos do mundo e, em 1964, pelo próprio porta­voz principal dos A CIA e a crise política 7
Estados Unidos em questões de saúde pública. O tema foi coberto por jornalistas experientes, brasileira, por Janio de Freitas
engajados com os valores da objetividade. Mesmo assim, os lobistas do tabaco deram um baile
neles. Entre Lula e Temer um abismo 9
  de 25 séculos, por Fábio de
Nas décadas de 1950 e 1960, os jornalistas tinham uma desculpa para explicar seus tropeços: as Oliveira Ribeiro
táticas adotadas pela indústria de cigarros eram astutas, complexas e novas. Inicialmente a
indústria pareceu estar reagindo bem, prometendo realizar pesquisas de alta qualidade sobre o Como a indústria do cigarro 2

tema. usou a pós­verdade

 
Garantias foram apresentadas ao público de que as melhores cabeças estavam estudando a Soneto de todas as putas, por 2

Manuel Maria Barbosa du
questão. A segunda etapa consistiu em complicar a questão e semear dúvidas: o câncer de pulmão
Bocage
podia ter um sem­número de causas, afinal.
 
Vol. 2: “Contra tudo o que está 0
E o problema real era o câncer de pulmão, e não o cigarro, certo? Na terceira etapa, pesquisas e
aí... pero no mucho” ­ lições da
pareceres sérios foram postos em dúvida. Resultados de autópsias eram descritos como casos
eleição francesa para o Brasil
isolados, estudos epidemiológicos como sendo dados meramente estatísticos, estudos com animais
(de 2018?)
eram descritos como irrelevantes.
 
A fronteira final: neoliberalismo 0
Por último veio a normalização: os fabricantes de cigarros indicavam que a questão do vínculo
vai ao espaço com Elon Musk
entre tabaco e câncer era notícia ultrapassada. Os jornalistas não podiam por acaso encontrar um
tema novo e interessante para tratar? Clipping do dia 11
 
Essas táticas hoje estão fartamente documentadas. Pesquisadores estudaram a fundo as
tendências psicológicas que elas exploram. Assim, deveríamos poder identificar seu ressurgimento
no campo de batalha político.
 
"É como se a equipe do presidente estivesse seguindo o manual de instruções da indústria do
cigarro", diz Jon Christensen, jornalista e hoje professor da Universidade da Califórnia em Los
Angeles, que em 2008 escreveu um estudo notável sobre o modo em que a indústria do cigarro
manipulou a tradição jornalística.
 
Um memorando interno infame da empresa de cigarros Brown & Williamson, redigido no verão de
1969, apresenta o pensamento do setor muito claramente: "A dúvida é nosso produto". Por que?
Porque semear a dúvida "é a melhor maneira de competir com o 'conjunto de fatos' existente na
cabeça do grande público. É também o jeito de se criar uma controvérsia." O mantra do "Big
Tobacco" (a indústria de cigarros): alimentar a controvérsia.
 
Normalmente não é difícil gerar dúvidas, e elas não são desfeitas apenas com fatos. Já deveríamos
ter aprendido essa lição. Hoje estamos sendo obrigados a reaprendê­la.
 
Por mais que seja tentador combater as mentiras com fatos, essa estratégia encerra três
problemas. O primeiro é que uma mentira simples é capaz de derrotar um conjunto complexo de
fatos, simplesmente por ser mais fácil de entender e recordar.
 
Na dúvida, as pessoas muitas vezes tendem a acreditar naquilo que se fixa em sua cabeça. Em
1994 os psicólogos Hollyn Johnson e Colleen Seifert realizaram um experimento em que pessoas
liam um relato de um incêndio em um depósito. O relato mencionava latas de gasolina e de tinta,
mas explicava mais adiante que na verdade não houvera gasolina ou tinta presentes no local.
 
Os sujeitos do experimento, interrogados sobre o que se recordavam do relato, se lembraram da
tinta que na realidade não estivera lá. Mas, solicitados a explicar fatos sobre o incêndio ("por que
houve tanta fumaça?"), elas mencionavam a tinta.
 
Na ausência de uma explicação alternativa, voltavam àquela que já tinham admitido ser errada.
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
Depois de ouvirmos uma alegação falsa, não há mais como "deixar de ouvi­la".
 
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Isso deve nos alertar: é desaconselhável deixar que um processo de mentiras e desmentidos tome
conta do ciclo noticioso. Vários estudos já mostraram que reiterar uma afirmação falsa, mesmo
que seja para desmenti­la, pode fazê­la "colar".
 
O desmentido do mito parece funcionar, mas então nossas memórias se desvanecem e só nos
lembramos do mito. Afinal, foi o mito que foi repetido várias vezes. No esforço para desmentir
uma falsidade, desmentidos intermináveis apenas fortalecem o feitiço da mentira.
 
Com isso em mente, pensemos na alegação infame da campanha pelo "brexit": "Mandamos £ 350
milhões por semana à UE". Simples. Memorável. Falso. Mas como rebatê­lo?
 
Um esforço típico nesse sentido do jornal britânico "the Guardian" teve o título "Por que é falsa a
alegação dos £ 350 milhões semanais para a UE feita pelo lado do Voto pela Saída", repetindo a
alegação falsa para então dedicar centenas de palavras a detalhes cansativos e à definição exata do
termo "enviar".
 
Esse tipo de artigo de verificação de fatos tem valor enorme para outros jornalistas que precisam
que os pontos principais sejam detalhados e relacionados. Mas, para o eleitor comum, a
mensagem que provavelmente ficou é: "Não dá para confiar nos políticos, mas parece que
mandamos muito dinheiro à UE". A dúvida foi ótima para a campanha pelo "brexit".
 
Essa é uma vulnerabilidade inata do setor de verificação de dados. Os profissionais da checagem
de fatos têm razão em ser meticulosos, em cobrir todos os detalhes e mostrar como foi seu
raciocínio. Mas é por isso que a checagem de fatos só pode ser uma parte do esforço para fazer
com que a verdade seja ouvida.
 
Andrew Lilico, um defensor da saída britânica da UE, me disse durante a campanha que queria
que os ônibus britânicos tivessem exibido uma cifra mais defensável, como £ 240 milhões (R$ 930
milhões).
 
Mas ele reconhece que o valor falso apresentado foi mais eficaz. "Em termos cínicos de campanha,
o uso da cifra de £ 350 milhões foi perfeito. Criou uma armadilha que atraiu a campanha pela
permanência na UE a repeti­la inúmeras vezes."
 
De fato. Mas não apenas essa campanha –também os jornalistas que investigam a veracidade de
fatos, entre os quais eu me incluo. A declaração falsa foi muito mais poderosa do que uma
declaração verdadeira teria sido, não por envolver uma quantia mais alta, mas porque todo o
mundo ficou falando sobre ela sem parar.
 
Proctor, o historiador da indústria do cigarro e agnotologista, avisa que um efeito semelhante está
acontecendo nos Estados Unidos: "Há o risco de os verificadores de fatos virarem empregadinhos
de Trump, correndo de um lado a outro para verificar as declarações de outros."
 
Há uma segunda razão por que os fatos parecem não merecer o respeito que esperaríamos. Os
fatos podem ser entediantes. O mundo está cheio de coisas às quais prestar atenção, desde a TV­
realidade até nossos filhos, do Instagram de um amigo a uma conta de impostos a pagar. Para que
gastar tempo com alto tão maçante quanto fatos?
 
No ano passado, os pesquisadores Seth Flaxman, Sharad Goel e Justin Rao publicaram um estudo
sobre como as pessoas leem notícias online. Aparentemente, o estudo foi uma investigação sobre a
polarização das fontes de notícias.
 
Os pesquisadores começaram analisando dados de 1,2 milhão de internautas, mas acabaram
estudando apenas 50 mil. Por que? Porque apenas 4% da amostra estudada liam notícias sérias
em volume suficiente para merecer serem incluídos em um estudo dessa natureza (o critério
aplicado era terem lido dez artigos e dois textos de opinião ao longo de três meses).
 
Muitos comentaristas temem que estejamos nos segregando em bolhas ideológicas, expostos
apenas às visões de outros que pensam como nós. Essa preocupação tem certa base. Mas para
96% daqueles internautas, a bolha que vinha ao caso não era liberal ou conservadora, era "as
notícias que se danem".
 
Na guerra das ideias, o tédio e a distração constituem armas poderosas. Um estudo recente de
propaganda política chinesa avaliou as táticas usadas por redatores pagos pró­governo (conhecidos
como "o exército dos 50 cents", devido ao valor que os colaboradores supostamente recebem por
cada post escrito) que difundem comentários nas mídias sociais.
 
Os pesquisadores (Gary King, Jennifer Pan e Margaret Roberts) concluem: "Quase nenhum dos
Os pesquisadores (Gary King, Jennifer Pan e Margaret Roberts) concluem: "Quase nenhum dos
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
posts de 50 cents do governo chinês encerra qualquer tipo de debate ou discussão. Eles parecem
evitar assuntos polêmicos por completo. O objetivo estratégico do regime é distrair e redirecionar
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a atenção do público."
 
Astro da TV realidade, Trump conhecem bem o valor de uma distração divertida: basta começar
uma briga com Megyn Kelly, com o "New York Times" ou até com Arnold Schwarzenegger. Por
acaso isso não chama a atenção das pessoas mais que uma discussão sobre a reforma da saúde?
 
A indústria do cigarro também entendeu esse ponto, embora tivesse adotado uma abordagem
mais intelectual à geração de distrações. "Você sabem quem é Stanley Prusiner?", pergunta
Proctor.
 
Prusiner é neurologista. Em 1972 ele era um pesquisador jovem que acabara de entrar em contato
com um paciente com a doença de Creutzfeldt­Jakob. Era uma doença degenerativa pavorosa que
na época se pensava ser causada por um vírus de ação lenta.
 
Após muitos anos de estudo, Prusiner concluiu que a doença era causada, em vez disso, por uma
espécie de proteína de ação irregular. A maioria dos especialistas achou a ideia absurda, e a
carreira de Prusiner começou a afundar. Promoções e dotações para pesquisa foram minguando.
 
Mas Prusiner recebeu financiamento do setor privado que lhe possibilitou levar seu estudo adiante.
Ele acabou sendo justificado de modo espetacular, recebendo o Nobel de Medicina em 1997.
 
Em seu ensaio autobiográfico no site do Prêmio Nobel, Prusiner agradeceu seus benfeitores do
setor privado pelo apoio crucial dado: eram a empresa RJ Reynolds, fabricante dos cigarros Camel.
 
A indústria do cigarro era uma fonte generosa de verbas para pesquisas, e Prusiner não foi o único
cientista a receber dinheiro da indústria e também um prêmio Nobel. Proctor calcula que esse
tenha sido o caso de pelo menos outros dez laureados com o Nobel.
 
Que fique claro: não se tratou de uma tentativa de suborno. Para Proctor, foi algo muito mais sutil.
"A indústria do cigarro foi a maior fonte de financiamento de pesquisas de genética, vírus,
imunologia e poluição aérea", diz Proctor. Ou seja, quase tudo menos o tabaco. "Foi um projeto
maciço de 'pesquisas para desviar a atenção'."
 
Esse financiamento científico ajudou a posicionar a Big Tobacco como uma indústria voltada ao
bem público, mas Proctor acha que a finalidade principal da Big Tobacco foi produzir dados
científicos especulativos novos e interessantes.
 
A doença de Creutzfeldt­Jakob pode ser rara, mas era notícia instigante. Doenças ligadas ao
cigarro, como câncer de pulmão e doenças cardíacas, nem sequer são notícias.
 
O objetivo final dessas distrações é que questões de importância vital tornem­se tão
desinteressantes que ninguém se dê ao trabalho de escrever sobre elas. Proctor descreve isso
como o oposto do terrorismo: o trivialismo.
 
O terrorismo provoca uma reação enorme na mídia; o tabagismo, não. No entanto, segundo os
Centros de Controle de Doenças dos EUA, o tabagismo mata 480 mil americanos por ano –mais de
50 mortes por hora. Raramente os terroristas foram capazes de matar tantos americanos em um
ano inteiro. Mesmo assim, os terroristas conseguem dominar as manchetes, enquanto os
trivialistas as evitam.
 
Hoje os observadores experientes da indústria do cigarro receiam que Trump exerça o mesmo
efeito. No final, a maioria das pessoas começará a simplesmente se entediar com todo seu circo?
Jon Christensen, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, diz: "Acho essa a perspectiva mais
assustadora".
 
Por outro lado, para ele, existe um elemento positivo em tudo isso: é quase impossível que o
presidente dos Estados Unidos deixe de ser notícia. O lobby do tabaco e o governo chinês se
mostraram muito hábeis em desviar as atenções para longe deles. Há razões para crer que isso
será difícil para Trump.
 
PERSUASÃO
 
Existe uma última dificuldade em se tentar persuadir as pessoas, dando­lhes fatos verídicos: a
verdade pode parecer ameaçadora, e ameaçar as pessoas tende a ter efeito inverso ao desejado.
"As pessoas reagem no sentido contrário", diz Jason Reifler, cientista político da Universidade de
Exeter.
 
Esse "efeito inverso" está sendo estudado por vários pesquisadores, incluindo Reifler e seu colega
Esse "efeito inverso" está sendo estudado por vários pesquisadores, incluindo Reifler e seu colega
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
Brendan Nyhan, de Dartmouth.
 
Em um estudo de 2011, Nyhan, Reifler e outros fizeram um ensaio randomizado em que
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informações científicas eram ou não eram mostradas aos pais de crianças pequenas, desmentindo
um vínculo imaginário mas muito temido entre vacinas e autismo.
 
À primeira vista, os fatos eram persuasivos: os pais que tinham acesso aos dados científicos que
desmentiam o mito tiveram menos tendência a pensar que vacinas causem autismo. Mas, mesmo
depois de ser expostos aos fatos e apesar de terem aparentemente acreditado neles, os pais que já
eram céticos em relação a vacinas mostraram tendência menor a dizer que vacinariam seus filhos.
 
O que está acontecendo? "As pessoas aceitam as informações corretoras, mas então as resistem de
outras maneiras", diz Reifler. Uma pessoa que teme a vacinação vai resistir subconscientemente,
lembrando­se de todas as outras razões por que lhe parece que vacinas são uma má ideia. O medo
do autismo pode ir embora, mas os outros medos ficam mais fortes que antes.
 
É fácil ver como isso pode acontecer em uma campanha política. Digamos que você teme que o
Reino Unido seja invadido por imigrantes turcos, porque um membro da campanha pelo "brexit"
lhe disse que a Turquia vai ingressar na UE em breve (mentira). Um verificador de fatos pode
explicar que é improvável que a Turquia ingresse na UE no futuro previsível.
 
A pesquisa de Reifler também sugere que você aceite a ideia de que a Turquia não está prestes a
entrar na UE. Mas você vai se lembrar de muitos outros medos: imigração, perda de controle, a
proximidade da Turquia à guerra da Síria e ao Estado Islâmico, o terrorismo, etc. A mentira
original foi desmentida, mas sua mentira sedutora continua presente.
 
O problema aqui é que, embora nós nos enxerguemos como seres racionais, nossa racionalidade
não evoluiu apenas para solucionar problemas práticos, como construir uma armadilha para
elefantes, mas para nos ajudar a nos orientarmos em situações sociais. Precisamos manter as
outras pessoas do nosso lado.
 
O raciocínio prático em muitos casos não diz respeito tanto a determinar o que é verídico, mas
mais a nos conservarmos na tribo certa.
 
Um sinal de como nossa lógica pode ser tribal foi visto em um estudo de 1954 conduzido pelo
psicólogo Albert Hastorf, de Dartmouth, e sua colega Hadley Cantril, de Princeton. Os dois
examinaram imagens de uma partida de futebol americano entre dois times universitários.
 
Foi uma partida violenta, em que um jogador quebrou a perna. Hastorf e Cantril pediram que os
estudantes contassem as faltas e avaliassem sua gravidade. Os estudantes de Dartmouth
tenderam a minimizar as faltas de Dartmouth, mas relataram todos os erros dos jogadores de
Princeton. Os estudantes de Princeton tiveram o comportamento oposto.
 
A conclusão foi que, apesar de terem assistido às mesmas imagens, os alunos de Dartmouth e
Princeton não assistiram aos mesmos fatos. Cada aluno tinha sua percepção própria, moldada por
suas próprias lealdades tribais. Os psicólogos intitularem seu estudo "They Saw a Game" (Eles
assistiram a uma partida).
 
Um estudo mais recente voltou a essa ideia, agora no contexto de tribos políticas. Os
pesquisadores mostraram imagens de um protesto a estudantes e contaram uma história falsa
sobre o que motivou o protesto.
 
A alguns estudantes foi dito que foi uma manifestação de defensores dos direitos dos gays,
promovida diante de um centro de recrutamento do exército para protestar contra a política de
"não pergunte, não revele" então adotada pelas Forças Armadas. A outros foi dito que era uma
manifestação contra o aborto promovida diante de uma clínica de abortos.
 
Apesar de olharem para as mesmas imagens, os sujeitos do ensaio tiveram visões muito diferentes
do que estava acontecendo nas imagens –visões moldadas por suas lealdades políticas. Os
estudantes liberais foram tolerantes em relação ao comportamento de pessoas que acharam ser
defensores dos direitos dos gays, mas acharam preocupante o que fizeram os manifestantes contra
o aborto.
 
Os estudantes conservadores tiveram a visão oposta. Como no caso de "They Saw a Game", a
discordância não foi sobre os princípios gerais, mas sobre pontos específicos: os manifestantes
gritaram com pessoas do público? Eles bloquearam o acesso ao prédio? Vemos o que queremos ver
–e rejeitamos os fatos que ameaçam nossa visão de quem somos.
 
Quando chegamos à conclusão à qual queremos chegar, estamos praticando o "raciocínio
motivado". O raciocínio motivado foi um aliado poderoso da indústria do cigarro. Se você é
motivado". O raciocínio motivado foi um aliado poderoso da indústria do cigarro. Se você é
dependente de um produto e muitos cientistas lhe dizem que esse produto é letal, mas o lobby do
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
tabaco lhe diz que são necessários mais estudos, em quem você prefere acreditar?
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O estudo de Jon Christensen sobre a campanha de relações públicas dos fabricantes de cigarros
revelou que a indústria muitas vezes foi retratada positivamente na imprensa porque muitos
jornalistas eram fumantes. Esses jornalistas queriam a todo custo acreditar que seu vício era
benigno, e esse fato os converteu em transmissores ideais da mensagem da indústria do cigarro.
 
Mesmo em um debate poluído pelo raciocínio motivado, poderíamos esperar que os fatos
ajudassem. Mas não é necessariamente assim: quando ouvimos fatos que nos contestam,
amplificamos seletivamente aquilo que nos convém, ignoramos o que não nos convém e
reinterpretamos o que é possível.
 
Mais fatos representam mais combustível no motor do raciocínio motivado. O dramaturgo francês
Molière escreveu: "O bobo erudito é mais tolo que o ignorante". A ciência social moderna concorda
com ele.
 
Numa questão politicamente carregada, como as mudanças climáticas, a impressão que temos é
que fornecer informações científicas precisas deveria promover um consenso. Mas o que acontece é
o oposto, diz Dan Kahan, professor de direito e psicologia em Yale e um dos autores do estudo
sobre as percepções de um protesto político.
 
Ele escreve: "Os grupos com valores opostos frequentemente se polarizam ainda mais, e não
menos, quando são expostos a informações cientificamente validadas".
 
Quando as pessoas procuram a verdade, os fatos ajudam. Mas quando elas raciocinam
seletivamente sobre sua identidade política, os fatos podem ter o efeito inverso ao procurado.
 
PÓS­VERDADES
 
Tudo isso forma um quadro deprimente para aqueles de nós que não queremos habitar um mundo
de pós­verdades. Parece que os fatos não têm força. O esforço de rebater uma mentira deslavada
com um conjunto de fatos complexos frequentemente acaba reforçando a mentira.
 
As verdades importantes muitas vezes são desinteressantes e chatas, e é fácil inventar alegações
novas e que chamam a atenção das pessoas. E oferecer mais fatos às pessoas pode ter o efeito
inverso ao desejado, com esses fatos gerando uma reação defensiva em pessoas que querem muito
conservar sua visão de mundo atual.
 
"É uma realidade tenebrosa", diz Reifler. "Vivemos em tempos tenebrosos e assustadores."
 
Existe alguma solução? É possível que sim.
 
Sabemos que o domínio de conhecimentos científicos pode na realidade ampliar a divergência
entre tribos políticos diferentes sobre questões como a mudança climática –ou seja, que liberais
bem informados e conservadores bem informados divergem mais em suas opiniões do que liberais
e conservadores com pouco conhecimento da verdade científica.
 
Mas um novo estudo de Dan Kahan, Asheley Landrum, Katie Carpenter, Laura Helft e Kathleen
Hall Jamieson explora o papel não do domínio de conhecimentos científicos, mas da curiosidade
científica.
 
Para medir a curiosidade científica, os pesquisadores fizeram aos participantes do estudo
perguntas diversas sobre seus hobbies e interesses. Foi apresentada aos participantes uma seleção
de sites para que lessem e fizessem uma prova de compreensão.
 
Alguns optaram pela ESPN, outros pelo Yahoo Finance, mas os que optaram pelo Science
demonstravam curiosidade científica. As pessoas cientificamente curiosas também se dispunham a
assistir a documentários científicos mais que a programas de fofocas sobre celebridades.
 
Como se poderia prever, existe uma correlação entre conhecimentos científicos e curiosidade
científica, mas as duas medidas são distintas.
 
O que Kahan e seus colegas constataram, para sua surpresa, foi que embora o raciocíno
politicamente motivado pese mais que o conhecimento científico, ele "parece ser negado pela
curiosidade científica".
 
Lembre­se que as pessoas com conhecimentos científicos tinham mais tendência a ser polarizadas
em suas respostas a perguntas científicas politicamente carregadas. Mas isso não acontecia com as
pessoas cientificamente curiosas. A curiosidade aproximava as pessoas de uma maneira que os
meros fatos não faziam.
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
 
Os pesquisadores teorizam que as pessoas curiosas têm uma razão adicional para buscar os fatos:
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"Para sentir o prazer de contemplar insights surpreendentes sobre como funciona o mundo".
 
Então como podemos incentivar a curiosidade? É difícil fazer a reforma dos bancos ou a
reversibilidade do Artigo 50 parecer mais interessantes que futebol, "Game of Thrones" ou
programas de culinária. Mas parece ser isso o que é necessário. "Precisamos incluir as pessoas na
história, em narrativas humanas de ciências, mostrar às pessoas como a ciência funciona", diz
Christensen.
 
Nós, jornalistas e analistas políticos, não podemos forçar ninguém a prestar atenção aos fatos.
Precisamos encontrar um jeito de levar as pessoas a querer procurar os fatos. A curiosidade é a
semente da qual podem brotar decisões democráticas sensatas.
 
Parece que ela é uma das únicas curas para o raciocínio politicamente motivado, mas também é a
cura de uma sociedade em que a maioria das pessoas não presta atenção aos jornais impressos ou
de TV porque acha as notícias entediantes ou confusas.
 
O que precisamos hoje é de um Carl Sagan ou David Attenborough da ciência social –alguém que
seja capaz de suscitar um senso de maravilhamento ou fascínio, não apenas com a estrutura do
sistema solar ou a vida dos animais em uma floresta tropical, mas diante do funcionamento de
nossa civilização: saúde, migração, finanças, educação, diplomacia.
 
Nosso candidato para isso teria sido o médico e estatístico sueco Hans Rosling, morto em fevereiro.
Ele atingiu um público surpreendente com algo que, essencialmente, eram simples apresentações
de dados oficiais de organismos como o Banco Mundial.
 
Ele descreveu o que fazia como transmitir os fatos às pessoas: "descrever o mundo". Mas os fatos
precisam de defensores. Eles raramente se defendem sozinhos: precisam de alguém que nos faça
nos importar com eles, que desperte nossa curiosidade em relação a eles. Foi isso o que Rosling
fez.
 
E, diante da possibilidade apocalíptica de um mundo em que os fatos não interessam às pessoas,
esse é um exemplo que precisamos seguir.
 
Tradução de CLARA ALLAIN
 

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A falácia da fé positivista na ciência
dom, 12/03/2017 ­ 11:10

Wilton Cardoso Moreira

Este texto é falacioso e é muito fácil contestá­lo com a realidade dos fatos.

A  classe  média  é  bem  formada  cientificamente.  Quem  passa  nos  concursos  públicos  de  alto  nível
(promotores,  juízes,  auditores  fiscais,  delegados,  gestores  etc)    são  pessoas  inteligentes,
cientificamente  curiosas,  bem  informadas  e  questionadoras.    Empresários  da  nova  geração  são,  em
sua  esmagadora  maioria,  bem  formados  cientificamente,  assim  como  profissões  de  ponta:
profissionais de informática, engenheiros, médicos, advogados etc.

E  todas,  TODAS  ESSAS  CATEGORIAS  E  CLASSES  SOCIAIS  são  majoritariamente  "coxinhas",


consumidores  cegos  do  que  se  chama,  hoje,  de  pós­verdade,  que  nada  mais  é  que  a  velha
manipulação  ideológica  da  informação  em  favor  do  capital.  E  como  não  seriam?  Afinal  foram
formados, desde a
[...] ver mais
Como a indústria do cigarro usou a pós-verdade
http://wiltoncardoso.blogspot.com.br/

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"É como se a equipe do
dom, 12/03/2017 ­ 10:45

Ciro Medeiros
"É como se a equipe do presidente estivesse seguindo o manual de instruções da indústria do cigarro".
No caso do cigarro, era o vício na droga que fazia as pessoas enxergarem apenas o que queriam ver;
No caso do Trump, é o vício em quê que faz as pessoas exergarem apenas o que elas querem ver?

Quanto  a  curiosidade  científica  ­  somente  amor  ao  conhecimento  produz  isto;  seria  interessante
correlacionar  os  dados  de  presença/ausência  de  curiosidade  científica  com  tipos  de  personalidades
HA/HE  (Hierarchy­attenuating/Hierarchy­enhancing)  e,  depois  disto,  fazer  ainda  uma  terceira
correlação entre esses dois fatores e a Dark Triad 

https://www.researchgate.net/publication/223695683_The_role_of_dark_pers...

De novo; no caso do cigarro, era o vício na droga que fazia as
[...] ver mais

LINK PERMANENTE RESPONDER

Texto fundamental. Despertar
dom, 12/03/2017 ­ 10:21

WG

Texto  fundamental.  Despertar  a  curiosidade  em  conhecer  como  o  mundo  funciona  é  essencial.  É
bizarro  ver  que  quase  todo  o  mundo  é  viciado  em  celulares,  mas  não  se  encontra  ninguém  que  tenha
curiosidade em saber como essas máquinas funcionam.  Se nada for feito, a pós­verdade transformará
toda a humanidade em coxinhas­zumbis. 

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