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Resumo: A motivação no trabalho tem sido uma das dimensões mais referenciadas nos
vários contextos de intervenção dos psicólogos e encontra-se em muitos estudos associada
à componente da produtividade organizacional. Nesse contexto e no âmbito do Mestrado
de Psicologia Social e Organizacional, na disciplina de Métodos Estatísticos, foi realizado
um estudo sobre a motivação no trabalho em contexto académico. Para tal recorremos a
um inquérito por questionário efetuado a 35 indivíduos professores/formadores, de ambos
os sexos, do Instituto Superior de Línguas e Administração. Os dados obtidos foram
tratados através do programa SPSS. Das variáveis em estudo, apenas os diferentes níveis
de habilitação académica diferem na motivação. De acordo com os resultados apurados, a
instituição pode ajustar as habilitações dos colaboradores à função a desempenhar na
organização, gerindo de forma equilibrada as expectativas da organização.
Palavras-chave: Motivação, trabalho, organizações.
Introdução
A motivação tem sido alvo de diversas investigações em relação à sua definição
(Vallerand, Pelletier & Koestner, 2008). O que vai ao encontro da perspetiva que a
interesses percebida entre os indivíduos permite aceitar que as pessoas não fazem as
mesmas coisas pelas mesmas razões. É dentro dessa diversidade que se encontra a
1997).
(2000), após uma investigação, concluiu que a motivação induz alterações intensas que
docentes e, nesse âmbito, pode ajudar a implementar estratégias para levar ao posto de
trabalho apenas aqueles que estão devidamente motivados e modificar falsas
expectativas.
contexto de trabalho. Nesse âmbito foram propostos alguns modelos teóricos que
serviram, mais tarde, de base para a construção de uma escala de motivação no trabalho,
forma abriu um conjunto de novas possibilidades aos técnicos que avaliam a motivação
funções, (ii) -identidade e (iii) -significado das tarefas, (iv) - autonomia e (v) -
“feedback”.
importância atribuída às tarefas, bem como considerar que as mesmas contribuem para
uma maior satisfação no trabalho através da motivação intrínseca. Por outro lado,
crescimento da sua responsabilidade pelo trabalho. Caso não haja autonomia, deixa de
haver ligação entre performance e os esforços, neste caso, o feedback pode ser usado
e Meyer (1990), criaram um modelo que reúne três correntes que dominaram as
afetiva contempla uma forte crença na aceitação dos valores e objetivos da organização.
que estão associados à sua saída da empresa (Allen & Meyer, 1991).
acreditam que é certo e moral desenvolvê-los. A perceção dos indivíduos acerca de uma
ação em concreto deriva das suas pressões normativas. Isto é, da cultura da empresa e
envolvimento.
mulheres (51,4%).
participantes apenas exerce nesta instituição há menos de 5 anos. Apenas 5,7% dos
(2006), composto por uma escala tipo Likert. No estudo aqui apresentado apenas foram
usados 10 itens da escala, que permitem fazer uma avaliação bi-fatorial. O primeiro
para o Envolvimento. Foi utilizado o IBM SPSS-20, para Microsoft Windows, por
como o consentimento informado. Foi criada uma base de dados IBM SPSSS
resultados.
Resultados
Hipótese alternativa (H1) - A variável motivação não segue uma distribuição normal.
Quadro 1.
Diferenças entre sexos para a variável motivação
Género
Masculino Feminino p
M DP M DP
Motivação 39.18 5.30 36.72 5.01 0.885 *
* p < 0.05;
idade.
Quadro 2.
Diferenças entre grupos etários para a variável motivaçaõ
Grupos Idades
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4_ p
M DP M DP M DP M DP
Motivação 34.25 3.20 36.25 5.47 41.38 5.12 39.86 2.79 0.339*
* p > 0.05;
Grupo 1: Idade < = 25; Grupo 2: Idade 26-35; Grupo 3: Idade 36-45; Grupo 4: Idade 46-55
Foi realizado um teste One Way ANOVA, para 4 grupos independentes (quadro
2) para analisar se a motivação variava em função dos grupos etários. Os resultados não
Quadro 3.
Diferenças entre habilitação para a variável motivação
Habilitações
Licenciatura Mestrado Doutoramento p
M DP M DP M DP
Habilitações 34.58 3.93 42.00 3.24 41.82 3.84 .000 *
* p < 0.05
Foi realizado um teste One Way ANOVA, para 3 grupos independentes (quadro
Quadro 4.
Diferenças entre habilitação para a variável motivação
Grupos de antiguidade
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 p
M DP M DP M DP M DP
Motivação 38.17 5.04 34.00 5.40 42.75 2.50 37.00 4.24 0.068*
* p < 0.05;
Grupo 1: <5; Grupo 2: 6-14; Grupo 3: 15-20; Grupo 4: >20
Foi realizado um teste One Way ANOVA, para 4 grupos independentes (quadro
nula (Ho).
0.000.
Conclusões
deste estudo. Assim, relativamente à diferença entre sexos para a variável motivação, os
licenciatura.
académico.
Em estudos futuros sobre este tema, fica a sugestão para se optar por uma
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