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COMANDOS ELÉTRICOS Prof.: José Kleber C.

Oliveira

COMANDO, CONTROLE E PROTEÇÃO DE CIRCUITOS.

Objetivo: Iniciar o estudo dos principais componentes utilizados no comando, controle e proteção
dos circuitos, desenvolvendo uma linha de raciocínio nesse sentido utilizando as opções ofertadas
pelos diversos componentes.

INTRODUÇÃO

Os circuitos elétricos são dotados de dispositivos que permitem:

1. A interrupção da passagem da corrente por seccionamento - são os aparelhos de manobra - que


compreendem interruptores, chaves-facas, contatores, disjuntores(*), etc..., permitindo ou não a
passagem da corrente para operação ou manutenção;

2. A proteção contra curto-circuito, subtensão, sobretensão, falta de fase ou sobrecarga - são os


dispositivos de proteção destinados a exercer uma ou mais funções de proteção em um sistema ou
equipamento elétrico. A proteção provoca em geral, uma manobra, seja executada pelo próprio
dispositivo de proteção (por exemplo, um fusível), seja por intermédio de um dispositivo de
manobra, acionado pela proteção, como por exemplo, um contator acionado por um relé de
sobrecarga.
Existem ainda, chaves que podem ser comandadas à distância (chaves magnéticas). A chave
magnética pode ser definida como uma unidade na qual as operações de ligar e desligar um circuito são
realizadas por excitação eletromagnética. Possuem uma bobina operacional que, quando excitada,
opera magneticamente mudando o estado dos contatos e retendo-os nessa posição enquanto existir
fluxo de corrente através da bobina.
O comando das chaves magnéticas pode ser feito pela ação manual sobre um botão na mesma
chave ou automaticamente, pela atuação da corrente de um circuito, onde se acha, por exemplo, um
indicador de nível, um pressostato, um termostato ou outro tipo qualquer de sensor que ligue ou
desligue o circuito.
(*) - os disjuntores são dispositivos de proteção também utilizados como de manobra. Podem
interromper correntes de curto-circuito até determinado valor especificado em um tempo determinado.

capítulo 1

1.0 - Dispositivos de Comando e Controle dos Circuitos


1.1 - O Contator (Contactor)
O contator é um aparelho elétrico que, uma vez acionado, conecta a linha com o motor,
intervém em toda a sua instalação para a partida, comando e frenagem, podendo ser comandado por
botoeira, fim-de-curso, chave-bóia, pressostato, termostato, etc. Para aplicação em motores, sua seleção
implica em algumas características como potência do motor, corrente, tensão e outras características de
trabalho como conjugado resistente, inversões de rotação, ambiente de trabalho, etc.
Apresenta diversas vantagens como ligação a qualquer distância, elevado número de ligações,
vida mecânica elevada, pequeno espaço para montagem, garantia de contato imediato, entre outras.

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1.1.1 - Conceito
Dispositivo de manobra mecânico de operação não manual, que tem uma única posição de
repouso e é capaz de conduzir e interromper correntes, sob condições normais, do circuito ou sob
condições de sobrecarga previstas.
1.1.2 - Partes de um Contator
O contator é formado pelas seguintes partes:

a) contatos principais;
b) contatos auxiliares;
c) circuito eletromagnético;
d) sistema de sôpro;
e) suporte ou estrutura do aparelho.

A seguir será feita uma explanação detalhada das partes que compõem um contator:

a) Contatos Principais - Os contatos principais têm a finalidade de permitir ou não a passagem de


corrente da fonte de alimentação até a carga.
Os contatos principais do contator podem ser unipolares, bipolares, tripolares, etc. Tanto os
contatos principais como os auxiliares são constituídos de uma parte fixa no suporte ou estrutura do
aparelho (contatos fixos) e outra móvel, vinculada à ação mecânica da parte móvel do circuito
magnético (contatos móveis).
Os contatos são fabricados de prata-cádmio, prata-paládio ou prata-níquel, constituindo-se este
último de propriedades importantes como elevadas resistências elétrica e mecânica ao desgaste, à
corrosão e à oxidação, pouca resistência no ponto de contato, não tendendo à pega ou solda.

b) Contatos Auxiliares - São os que têm por finalidade o comando do circuito e sua sinalização. Os
contatos auxiliares podem estar abertos (contatos abertos - NA) ou fechados (contatos fechados - NF),
estando em repouso o contator ele estará conduzindo corrente se for um (NF) e não conduzindo se for
um (NA).
O número de contatos auxiliares do contator depende do tipo de contator selecionado, embora
em alguns casos, determinados fabricantes forneçam blocos de contatos auxiliares que são
incorporados mecanicamente ao contator.

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c) Circuito Eletromagnético - O circuito eletromagnético pode operar com correntes contínua ou


alternada e consta essencialmente de três partes: o núcleo, a armadura e a bobina.

O núcleo, em forma de E, constitui geralmente a parte fixa do circuito e possui a bobina na sua
parte central. Quando a bobina é atravessada pela corrente elétrica, é gerado um campo
eletromagnético que atrai a parte móvel (armadura), onde os contatos móveis se situam. O movimento
gerado une os contatos fixos com os móveis, que antes estavam abertos e abre os que estavam
fechados. Os contatores utilizados para corrente alternada têm seu núcleo e armadura formados por
várias chapas de aço-silício isoladas entre si, com fim de diminuir as perdas por correntes de Foucault;
já aqueles designados para trabalhar com corrente contínua, possuem o núcleo e a armadura formados
por blocos inteiriços de aço doce, já que não existindo variação de fluxo, não haverão correntes
induzidas e, por consequência, aquecimento.
A intensidade de corrente absorvida pela bobina no instante de sua ligação é elevada por não
existir no circuito nada mais que a resistência do condutor e por ter reatância mínima (circuito
magnético aberto, ou seja, grande entreferro). Ao fechar-se o circuito magnético, eleva-se a impedância
da bobina, reduzindo-se a corrente à sua intensidade nominal.
A tensão de operação que alimenta a bobina poderá ser a mesma que a da linha (fase + fase) ou
preferencialmente inferior (fase + neutro) ou reduzida por transformador ou fornecida por outra fonte
de alimentação.
Além disso, a bobina é calculada de tal forma que permita uma variação em sua tensão de
alimentação da ordem de 85 a 110 % da nominal.

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Ao ser ligada a bobina à corrente alternada, cada vez que o fluxo for zero, a armadura tende a se
separar do núcleo com uma freqüência dupla da freqüência da rede (120 vêzes por segundo). Esse
tempo é muito curto para que haja uma separação definitiva entre a armadura e o núcleo, mas é
suficiente para originar um ruído e uma vibração que, de forma continuada, danificará o contator. Para
contornar esse inconveniente colocam-se nas colunas laterais do núcleo duas espiras denominadas
shunt, que têm por função fornecer um fluxo a circuito magnético quando a bobina não o produzir.

d) Sistema de Sôpro - A ação de desligar um sistema de comutação é sempre acompanhada pela


formação de um arco voltaico. Para que as peças em contato não sejam danificadas nessa operação
deve-se reduzir o arco ou eliminá-lo o mais rápido possível. Com o início do afastamento das peças
que estavam em contato na operação de desligamento a corrente passa a circular de um ponto ao outro
através de uma estreita área de contato. A corrente que passa por essa pequena área aquece
intensamente o material dos contatos, provocando fusão e posterior vaporização. A conexão é então
desfeita e a corrente circula através do arco voltaico. O arco vai aumentando à medida que os contatos
vão se afastando até uma distância que atingindo 2 mm, provoca os pontos de nascente dos arcos nas
peças de contato. Apenas com o aumento da distância entre as peças de contato é que o arco sofre um
deslocamento e, com auxílio do seu próprio campo magnético, é empurrado para fora das peças de
contato, aumentando o seu comprimento. Com o aumento do comprimento, a queda de tensão no arco
torna-se maior. Para diminuir esse problema são utilizados vários sistemas de extinção de arcos, como
bobina de sôpro, câmara cerâmica de extinção ou câmara com lâminas de interrupção simples ou
interrupção dupla.

e) Suporte do Contator - Os contatos principais e auxiliares, juntamente com o circuito eletromagnético


fixam-se em um suporte com os terminais correspondentes ao seu emprêgo e ligação, e são
introduzidos em uma caixa de material isolante e não higroscópico, com fim de evitar introdução de
sujeira e corpos estranhos.

1.1.3 - Seleção de um Contator

Para eleição de um contator com fim de acionar determinada carga é necessário o pleno
conhecimento dos seguintes ítens:

a) tipo da corrente (alternada ou contínua);


b) tensões de alimentação da bobina e de serviço;
c) frequência da tensão de alimentação da bobina;
d) posição de montagem do contator;
e) expectativa da vida mecânica do contator;
f) expectativa da vida elétrica dos contatos;

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g) corrente nominal da carga;


h) categoria de emprêgo;
i) potência da carga;
j) tipo da carga
k) tipo de motor utilizado.

1.1.4 - Categorias de Emprêgo.

As categorias de emprêgo (AC1, AC2, AC3 e AC4) em corrente alternada caracterizam o tipo
de utilização dos contatores e disjuntores conforme a carga, condições de serviço e tipos de motores
utilizados. Assim têm-se:

AC1 - Cargas fracamente indutivas ou não indutivas exemplo: fornos a resistência;


AC2a - Partida de motores de anéis sem frenagem por contra-corrente;
AC2b- Partida de motores de anéis com frenagem por contra-corrente;
AC3 - Partida de motores de indução tipo gaiola, com funcionamento normal (bombas, ventiladores,
etc...)
AC4 - Partida de motores de indução tipo gaiola, com manobras intermitentes, frenagem por contra-
corrente e reversão.
AC5a – Chaveamento de controle de lâmpadas de descargas elétricas;
AC5b – Chaveamento de lâmpadas incandescentes;
AC6a – Chaveamento de transformadores;
AC6b - Chaveamento banco de capacitores.

Todas essas informações são essenciais na seleção de contatores e disjuntores e os fabricantes


fornecem catálogos de seus produtos que facilitam a escolha, conforme pode ser visto a seguir:

CONTATORES (A) E (B) SOB CONDIÇÕES NORMAIS DE SERVIÇO

Tensão de serviço: até 660 Volts alternada;


Freqüência: 50 ou 60 Hertz;
Montagem em superfícies verticais;
tipo A qualquer inclinação na vertical;
tipo B inclinação máxima admissível : 22,5 graus na vertical
Vida mecânica tipo A-20 a A-21 25 x 10 6 a 30 x 10 6 manobras;
tipo A-22 a B-34 10 x 10 6 a 15 x 10 6 manobras;
Vida elétrica dos contatos: depende essencialmente da corrente de desligamento.

Tabela 1.1

Tamanho 0 1 2 4 6 8 10 12 14
Tipo A-20 A-21 A-22 A-24 A-26 A-28 A-30 B-32 B-34
Corrente Nominal (A) 9 16 32 85 140 200 250 400 630
220 V (kW) 7,5 11 17 38 60 83 114 152 240
AC-1 380 V (kW) 13 19,5 29,5 66 105 144 195 262 415
440 V (kW) 15 23 34 78 128 165 228 304 472

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AC-2 220 V (CV) 3 5,5 11,5 30 50 75 102 156 258


e 380 V (CV) 5,5 10 20 50 75 125 180 272 442
AC-3 440 V (CV) 6 10 20 60 100 150 199 309 514
220 V (CV) 1 2,7 5,8 13,4 21 28 42 51 62
AC-4 380 V (CV) 1,9 4,7 10,2 23 37 50 75 88 108
440 V (CV) 2,1 5,5 11,7 26 42 57 86 102 125
Fusíveis DIAZED ou
NH retardados com 16 25 50 125 200 300 350 500 630
In = (A)
Consumo da bobina
- na ligação (VA) 50 65 100 300 650 900 1150 2700 4200
- em serviço (VA) 8 8 18 30 50 65 75 230 330
Contatos auxiliares
- fechadores 1 1 2 2 2 2 4 4 4
- abridores - 1 2 2 2 2 2 2 2
Corrente nominal até
380 V (em A) 6 10 5 5 5 5 5 5 5

EXEMPLO :
Para acionar um motor tipo gaiola de esquilo, de 16 CV em 380 V, que trabalha como
ventilador (logo, pertence à categoria de emprêgo AC-3), o contator adequado será o de tamanho 2,
tipo A-22. Esse contator tem corrente nominal de 32 Ampères e possui dois contatos auxiliares
abridores e dois fechadores. A máxima corrente permissível nesses contatos é de 5 Ampères e sua
bobina consome 100 VA na ligação e 18 VA em regime. Os fusíveis adequados para protegerem o
circuito principal são do tipo DIAZED ou NH retardados de 50 Ampères.

Capítulo 2

2.0 - Dispositivos de Proteção dos Circuitos.


Quando ocorrer um curto-circuito, o dispositivo de proteção deverá interromper a corrente antes
que os efeitos térmicos e mecânicos da mesma possam tornar-se perigosos aos condutores, terminais e
equipamentos. Em instalações de grande carga e nas de alta tensão, deve ser calculada a corrente de
curto-circuito nos pontos importantes da rede.
O tempo de interrupção das correntes resultantes de um curto-circuito que se produz em
qualquer ponto de um circuito deve ser inferior ao tempo que levaria a temperatura dos condutores para
atingir o limite máximo admissível.
O tempo necessário para que uma corrente de curto-circuito de duração inferior a 5 ms, eleve a
temperatura dos condutores até a temperatura limite para sua isolação pode ser calculado pela
expressão :
k 2  s2
ti  t  2 [2.1]
I cc

onde : t - duração da corrente de curto-circuito ( 2s );


s - seção transversal dos condutores ( mm );
Icc- valor da corrente de curto-circuito ( A );
k = 115 para condutores de cabo isolado com PVC e emendas soldadas a estanho;
143 idem, isolado com polietileno reticulado ou etileno-propileno;
76 para condutores de alumínio isolados com PVC;
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94 para condutores de alumínio isolados com polietileno reticulado
ou etileno-propileno.

Os dispositivos empregados na proteção contra curto-circuito são os fusíveis e os disjuntores


termo-magnéticos.

2.1 - Fusíveis

2.1.1 - Conceitos.
O fusível é um dispositivo de proteção destinado a interromper a corrente de curto-circuito pela
fusão do elo-fusível. A fusão do elo dá-se devido a efeitos térmicos da corrente de sobrecarga ou de
curto-circuito.
Chama-se corrente de curto-circuito àquela que é passível de ocorrer no local de instalação de
um dispositivo de manobra, quando os terminais estão curto-circuitados. A corrente de curto-circuito
pode ser calculada pela equação a seguir, com I em Ampères e Es em Volts :

105  kVA transf .


I cc  [2.2]
E s  3   % z
Exemplo : Em uma estação elevatória deverá ser instalado um transformador de 750 kVA,
13 800/380 V, com impedância de 5 % para alimentar determinada carga. Calcular a corrente de curto-
circuito do sistema.

100.000  750
I cc   22,79 kA
380  3  5

Um dispositivo fusível é um dispositivo de proteção que, pela fusão de uma parte


especificamente projetada e dimensionada, abre o circuito no qual se acha inserido e interrompe a
corrente, quando esta excede um valor especificado durante um tempo determinado. O elemento
fusível, o "ponto fraco" do circuito é um condutor de pequena seção transversal que sofre, devido a sua
alta resistência, um aquecimento maior que os outros condutores durante a passagem de corrente. Para
a relação adequada entre a seção do elemento fusível e a do condutor protegido, ocorrerá a fusão do
material do elemento, quando o condutor atingir uma temperatura próxima da máxima admissível.
Os dispositivos fusíveis compreendem no caso mais geral, as diversas partes componentes
indicadas a seguir:

BASE - Parte fixa de um dispositivo fusível provida de terminais de ligação com o sistema.
Compreende todas as partes necessárias à isolação.
TAMPA - Parte móvel de um dispositivo fusível destinada a conter o fusível, não incluindo este.
PORTA-FUSÍVEL - Combinação de uma base com a respectiva tampa.
FUSÍVEL - Parte de um dispositivo fusível incluindo o elemento fusível e que requer substituição
por um outro fusível, após operação do dispositivo e antes que este possa ser posto
novamente em serviço.
INDICADOR - Parte de um dispositivo fusível destinado a indicar que o dispositivo operou.
PERCUSSOR - Dispositivo mecânico que faz parte do dispositivo fusível e que é liberado durante a
operação do dispositivo fusível, satisfazendo as exigências específicas com relação à
sua força de deslocamento. Um percussor pode ser usado com o objetivo de
sinalização indicação ou disparo de outro equipamento.
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O dispositivo fusível é um fio ou lâmina, geralmente de cobre, ouro,
prata, estanho, zinco ou liga, colocado no interior do corpo fusível, em geral de porcelana, esteatite ou
papelão, hermeticamente fechado. Alguns fusíveis possuem um indicador que permite verificar se o
dispositivo fusível operou ou não; ele é composto por um fio, por exemplo, de aço, ligado em paralelo
com o elemento fusível e que libera uma mola após operação. Essa mola atua sobre uma plaqueta ou
botão, ou mesmo um parafuso, preso na tampa do corpo.

A maioria dos fusíveis contém em seu interior, envolvendo por completo o elemento fusível,
material granulado extintor; para isso utiliza-se em geral, areia de quartzo de granulometria adequada.
O material granulado extintor tem por finalidade o esfriamento do material vaporizado, a absorção do
vapor metálico condensado e a extinção do arco que poderia manter-se no vapor metálico condutor. Se
o vapor metálico criado no instante do curto-circuito mantivesse a corrente do curto-circuito, não só a
carga se danificaria como o próprio fusível poderia explodir devido às altas pressões desenvolvidas
decorrentes da vaporização da liga fusível e da elevada temperatura.

O elemento fusível pode ter diversas formas. Em função da corrente nominal do fusível, ele
compõe-se de um ou mais fios ou lâminas em paralelo, com trechos de seção reduzida. No elemento
fusível ainda existe um elemento adicional, um ponto de solda, cuja temperatura de fusão é bem menor
que a do elemento.

2.1.2 - Operação

Na figura a seguir, para simplificação, é mostrado apenas o elemento fusível em série com os
condutores do circuito. O condutor e o elemento são percorridos por uma corrente I, que os aquece
assumindo a temperatura do condutor, um valor constante. Devido à alta resistência do elemento
fusível, este sofre um aquecimento maior 2, que é transferido para o meio adjacente, principalmente
por meio das conexões com os condutores. A baixa capacidade de condução de calor resulta em uma
alta temperatura no ponto médio do elemento fusível.
A temperatura decresce desde o ponto médio até as extremidades do elemento fusível conforme
mostra a próxima figura. Os pontos de conexão não estão submetidos à mesma temperatura do ponto
médio, mas possuem uma temperatura maior que a dos condutores (1). A temperatura (A) não deve
ultrapassar um determinado valor para não prejudicar a vida útil da isolação dos condutores; esse valor
é limitado por Norma. A corrente que pode percorrer o fusível permanentemente sem que esse valor
limite seja ultrapassado é definida como corrente nominal de um fusível. A passagem de uma
corrente superior à nominal resulta na elevação da temperatura ao longo do fusível. Enquanto o pico de
temperatura, max, com uma certa margem de segurança, permanece abaixo da temperatura de fusão
do elemento fusível, s, o fusível permanece intacto ( Fig.- 2.4 ).
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As Normas de fusíveis definem para diversos tipos e para diferentes faixas de correntes
nominais, o tempo convencional ( tc ), a corrente convencional de não fusão ( Inf ) e a corrente
convencional de fusão ( If ), essas duas dadas em função da corrente nominal ( In ).
Tabela 2.1

Corrente Nominal In em Ampères Tempo Convencional em horas

In 63 1
63  In 160 2
160 In 400 3
400In 4

As Tabelas 2.2 e 2.3 dão os valores das correntes convencionais de fusão ( If ) e de não
fusão ( Inf ) :

Tabela 2.2
Correntes Convencionais de não fusão ( Inf ) e de fusão ( If ) para fusíveis tipo g1 e g2 (uso industrial)

Corrente Nominal In (A) g1 g2


Inf If Inf If
In  4 1,5 In 2,1 In 1,2 In 1,6 In
4  In  10 1,5 In 1,9 In 1,2 In 1,6 In
10  In  25 1,4 In 1,75 In 1,2 In 1,6 In
25  In  100 1,3 In 1,6 In 1,2 In 1,6 In
100  In  1000 1,2 In 1,6 In 1,2 In 1,6 In

Tabela 2.3
Correntes Convencionais de não fusão ( Inf ) e de fusão ( If ) para fusíveis tipo g1 e g2 (uso doméstico)
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Fusíveis tipo Corrente Nominal Inf If


(In) A
g1 In  4 1,5 In 2,1 In
g1 4  In  10 1,5 In 1,9 In
g1 10  In 25 1,4 In 1,75 In
g1 25  In 100 1,3 In 1,6 In
g2 3 a 13 1,6 In 1,9 In

A classe funcional “g” designa fusíveis de faixa completa, que podem conduzir continuamente
correntes até, no mínimo sua corrente nominal, e podem interromper desde a corrente mínima de fusão
até a capacidade nominal de interrupção. São denominados fusíveis de uso geral e a eles pertencem os
tipos “g1” (destinados às tensões de 220, 380, 500 e 660 VCA) e “g2” (utilizados nas tensões de 120,
208, 240, 277, 415, 480 e 600 VCA). Os fusíveis “GL” são destinados à proteção de fios e cabos, os
“gR” à proteção de semicondutores e os “gB” e “gTr” à proteção de instalações de mineração e
transformadores, respectivamente.
A classe funcional “a” designa fusíveis de faixa parcial que podem conduzir correntes até, no
mínimo, sua corrente nominal, e podem interromper desde um determinado múltiplo de sua corrente
nominal até a capacidade de interrupção. Os fusíveis de retaguarda tipo “aM” destinam-se à proteção
de dispositivos de manobra, enquanto os “aR” são aplicados a semicondutores.
Seja por exemplo, um fusível industrial tipo g1, para o qual In = 160 A. Para essa corrente,
segundo a Tabela 2.1, o tempo convencional será:

tc = 2 horas. ( Segundo a Tabela 2.2 , vem : )

Inf = 1,2 x In = 1,2 x 160 = 192 Ampères


If = 1,6 x In = 1,6 x 160 = 256 Ampères

Ele deverá conduzir 192 Ampères por duas horas, sem fundir. Quando a corrente se torna maior
que 192 A (Inf), para o tempo tc, a temperatura no ponto de solda do elo fusível atinge o valor de fusão
s e o fusível atua. No exemplo dado, com 256 Ampères o fusível deverá atuar dentro de duas horas.
Se o fusível for percorrido por uma corrente muito superior à nominal, 10 vêzes, por exemplo,
os trechos de seção reduzida das lâminas sofrerão fusão antes dos pontos de solda, em virtude da alta
densidade de corrente. Se a corrente for ainda mais elevada, 50 vêzes, por exemplo, e o tempo de fusão
igual ou menor a 5 (ms), os trechos de seção reduzida do elemento fusível serão levados à temperatura
de fusão antes que a energia calorífica possa fluir para as partes adjacentes.

Após a fusão o elemento fusível está interrompido, porém a corrente que o levou à fusão não é
interrompida instantaneamente, sendo mantida pela fonte e pela indutância do circuito. Ela circula
através do arco voltaico formado no ponto de interrupção do elemento fusível, como mostra a figura a
seguir:

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O arco, que é estreitamente envolvido pelo elemento extintor, vaporiza o elemento fusível. O
vapor do metal, sob alta pressão, é empurrado contra a areia, onde grande parte do arco é extinta. A
areia retira a energia calorífica do arco provocando então sua total extinção. Após o processo resta um
material sinterizado misturado com vapor do elemento fusível.

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Nos fusíveis limitadores de corrente, devido às elevadas sobrecorrentes que ocorrem em um


curto-circuito, a fusão pode dar-se antes de 5 ms, isto é, no primeiro quarto de ciclo da corrente
senoidal.

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Nessas condições a corrente de curto-circuito não atinge seu valor de crista,[ Is ], limitando-se
ao valor correspondente à corrente de corte [Ic], conforme mostra a figura 2.7.
Devido à ação limitadora, esses fusíveis possuem elevada capacidade de interrupção, uma vez
que, na verdade, irão interromper apenas uma fração da corrente de curto-circuito.
A corrente de corte é um valor máximo (instantâneo) da corrente durante a operação de
interrupção, quando o dispositivo de manobra opera de tal modo que não é atingido o valor de crista da
corrente presumida de curto-circuito.

São definidos pelo I.E.C. dois tipos de aplicações para os dispositivos fusíveis: a industrial e a
doméstica. Na aplicação industrial devem ser utilizados dispositivos cujos fusíveis só sejam
accessíveis a pessoas autorizadas e só por elas possam ser substituídos; os dispositivos não precisam
assegurar necessariamente a não-intercambiabilidade e a proteção contra os contatos acidentais com
partes vivas. Instalações, tais como as de locais de serviço elétrico, à quais leigos não possam ter
acesso, são consideradas como industriais. Para essa aplicação o I.E.C. considera os fusíveis g1, g2 e
aM. Na aplicação doméstica são utilizados dispositivos cujos fusíveis são accessíveis a pessoas não
qualificadas; as normas para instalações domésticas podem exigir, para o dispositivo fusível, a não-
intercambiabilidade e uma construção que inclua proteção contra contatos acidentais com partes vivas.
São consideradas pelo I.E.C. como instalações domésticas as residenciais e similares ( pequenos
escritórios, lojas etc... ) e para esse fim são considerados apenas os fusíveis g1 e g2.

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É importante observar que a tensão nominal do fusível pode ser diferente da referente a do
porta-fusíveis em que deverá ser montado; a tensão nominal do dispositivo fusível é o menor valor de
tensão nominal entre relativos ao fusível e ao porta-fusíveis.
Vamos comparar dois fusíveis, g1 e outro g2 (uso industrial ou doméstico), de mesma corrente
nominal. Seja In = 20 A; para ambos o tempo convencional (Tabela 2.1) será de tc = 1 hora; as
correntes convencionais de não fusão e de fusão serão:

g1 g2

Inf = 1,4 x 20 = 28 A Inf = 1,2 x 20 = 24 A


If = 1,75 x 20 = 35 A If = 1,6 x 20 = 32 A

Vemos que o fusível “g1” poderá poder conduzir 28 Ampères por uma hora sem fundir,
enquanto que o “g2” apenas 24 Ampères; por outro lado, o “g1” com 35 Ampères deverá fundir antes
de 1 hora, valor que corresponde a 32 Ampères para o fusível “g2”.
Partindo do princípio da proteção do operador uma sequência genérica dos elementos
necessários a partida e manobra de motores é mostrada na Figura 1.2. Nela podem-se distinguir os
seguintes elementos:

A) Seccionamento: Só pode ser operado sem carga. Usado durante a manutenção e verificação
do circuito.
B) Proteção contra correntes de curto-circuito: Destina-se a proteção dos condutores do circuito
terminal.
C) Proteção contra correntes de sobrecarga: para proteger as bobinas do enrolamento do motor.
D) Dispositivos de manobra: destinam-se a ligar e desligar o motor de forma segura, ou seja,
sem que haja o contato do operador no circuito de potência, onde circula a maior corrente.

Figura 1.2 – Seqüência genérica para o acionamento de um motor

É importante repetir que no estudo de comandos elétricos é importante ter a sequência

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mostrada na Figura 1.2 em mente, pois ela consiste na orientação básica para o projeto de qualquer
circuito.
Ainda falando em proteção, as manobras (ou partidas de motores) convencionais são
dividas em dois tipos, segundo a norma IEC 60947:

I. Coordenação do tipo 1: Sem risco para as pessoas e instalações, ou seja, desligamento seguro
da corrente de curto-circuito. Porém, podem haver danos ao contator e ao relé de sobrecarga.
II. Coordenação do tipo 2: Sem risco para as pessoas e instalações. Não pode haver danos ao
relé de sobrecarga ou em outras partes, com exceção de leve fusão dos contatos do contator e estes
permitam uma fácil separação sem deformações significativas.
O relé de sobrecarga, os contatores e outros elementos em maiores detalhes nos
capítulos posteriores, bem como a sua aplicação prática em circuitos reais.
Em comandos elétricos trabalhar-se-á bastante com um elemento simples que é o
contato.
A partir do mesmo é que se forma toda lógica de um circuito e também é ele quem dá
ou não a condução de corrente. Basicamente existem dois tipos de contatos, listados a seguir:
 Contato Normalmente Aberto (NA): não há passagem de corrente elétrica na posição de
repouso, como pode ser observado na figura 1.3(a). Desta forma a carga não estará acionada.
 Contato Normalmente Fechado (NF): há passagem de corrente elétrica na posição de repouso,
como pode ser observado na figura 1.3(b). Desta forma a carga estará acionada.

Os citados contatos podem ser associados para atingir uma determinada finalidade, como por
exemplo, fazer com que uma carga seja acionada somente quando dois deles estiverem ligados. As
principais associações entre contatos são descritas a seguir.

Associações de contatos normalmente abertos basicamente existem dois tipos, a associação em


série (Figura 1.4a) e a associação em paralelo (Figura 1.4b).
Quando se fala em associação de contatos é comum montar uma tabela contendo todas as
combinações possíveis entre os contatos, esta é denominada de “Tabela Verdade”. As tabelas 1.1 e 1.2
referem-se às associações em série e paralelo.
Nota-se que na combinação em série a carga estará acionada somente quando os dois contatos
estiverem acionados e por isso é denominada de “função E”. Já na combinação em paralelo qualquer
um dos contatos ligados aciona a carga e por isso é denominada de “função OU”.

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Tabela 1.1 – Associação em série de contatos NA

Associação de contatos normalmente fechados, os contatos NF da mesma forma podem ser


associados em série (Figura 1.5a) e paralelo (Figura 1.5b), as respectivas tabelas verdade são 1.3 e 1.4.
Nota-se que a Tabela 1.3 é exatamente inversa a Tabela 1.2 e portanto a associação em série de
contatos NF é denominada “função não OU”. Da mesma forma a associação em paralelo é chamada de
“função não E”.

Figura 1.5 – Associação de contatos NF

Associação em série de contatos NF

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Principais elementos em comandos elétricos, neste capítulo o objetivo é o de conhecer as


ferramentas necessárias à montagem de um painel elétrico. Assim como para trocar uma simples roda
de carrro, quando o pneu fura, necessita-se conhecer as ferramentas próprias, em comandos elétricos,
para entender o funcionamento de um circuito e posteriormente para desenhar o mesmo, necessita-se
conhecer os elementos apropriados. A diferença está no fato de que em grandes painéis existem altas
correntes elétricas que podem levar o operador ou montador a riscos de morte.

Um comentário importante neste ponto é que, via de regra, os circuitos de manobra são
divididos em “comando” e “potência”, possibilitando em primeiro lugar a automação do circuito e em
segundo segurança do operador. Embora não pareça clara esta divisão no presente momento, ela
tornar-se-á comum à medida que o aluno familiariza-se com a disciplina.

Botoeira ou Botão de comando

Quando se fala em ligar um motor, o primeiro elemento que vem a mente é o de uma chave
para ligá-lo. Só que no caso de comandos elétricos a “chave” que liga os motores é diferente de uma
chave usual, destas que se tem em casa para ligar a luz por exemplo.
A diferença principal está no fato de que ao movimentar a “chave residencial” ela vai para uma
posição e permanece nela, mesmo quando se retira a pressão do dedo. Na “chave industrial” ou
botoeira há o retorno para a posição de repouso através de uma mola, como pode ser observado na
Figura 2.1a. O entendimento deste conceito é fundamental para compreender o porque da existência de
um selo no circuito de comando.

Figura 2.1 – (a) Esquema de uma botoeira – (b) Exemplos de botoeiras comerciais

A botoeira faz parte da classe de componentes denominada “elementos de sinais”. Estes são
dispositivos pilotos e nunca são aplicados no acionamento direto de motores.

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A Figura 2.1a mostra o caso de uma botoeira para comutação de 4 pólos. O contato NA
(Normalmente Aberto) pode ser utilizado como botão LIGA e o NF (Normalmente Fechado) como
botão DESLIGA.
Esta é uma forma elementar de intertravamento. Note que o retorno é feito de forma automática
através de mola.
Existem botoeiras com apenas um contato. Estas últimas podem ser do tipo NA ou NF.
Ao substituir o botão manual por um rolete, tem-se a chave fim de curso, muito utilizada em
circuitos pneumáticos e hidráulicos. Este é muito utilizado na movimentação de cargas, acionado no
esbarro de um caixote, engradado, ou qualquer material sólido.
Outros tipos de elementos de sinais são os Termostatos, Pressostatos, as Chaves de Nível e as
chaves de fim de curso (que podem ser roletes).
Todos estes elementos exercem uma ação de controle discreta, ou seja, liga / desliga, como por
exemplo, se a pressão de um sistema atingir um valor máximo, a ação do Pressostato será o de mover
os contatos desligando o sistema. Caso a pressão atinja novamente um valor mínimo o pressostato irá
atuar re-ligando o mesmo.

Relés

Os relés são os elementos fundamentais de manobra de cargas elétricas, pois permitem a


combinação de lógicas no comando, bem como a separação dos circuitos de potência e comando.
Os mais simples constituem-se de uma carcaça com cinco terminais. Os terminais (1) e (2)
correspondem à bobina de excitação. O terminal (3) é o comum de entrada, e os terminais (4) e (5)
correspondem aos contatos normalmente fechado (NF) e normalmente aberto (NA), respectivamente.
Uma característica importante dos relés, como pode ser observada na Figura 2.2a é que a tensão
nos terminais (1) e (2) pode ser por exemplo: de 5 Vcc, 12 Vcc ou 24 Vcc, enquanto simultâneamente
os terminais (3), (4) e (5) podem trabalhar com outros valores de tensão, 110 Vca ou 220 Vca. Ou seja,
não há contato físico entre os terminais de acionamento e os de trabalho.
Este conceito permitiu o surgimento de dois circuitos em um painel elétrico:

 Circuito de comando: neste encontra-se a interface com o operador da máquina ou dispositvo e


portanto, trabalha com baixas correntes (até 10 A) e/ou baixas tensões.
 Circuito de Potência: é o circuito onde se encontram as cargas a serem acionadas, tais como
motores, resistências de aquecimento, entre outras. Neste podem circular correntes elétricas da
ordem de 10 A ou mais, e atingir tensões de até 760 V.

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Figura 2.2 – Diagrama esquemático de um relé

Em um painel de comando, as botoeiras, sinaleiras e controladores diversos ficam no


circuito de comando.

Relé Térmico ou de Sobrecarga

Antigamente a proteção contra corrente de sobrecarga era feita por um elemento separado
denominado de relé térmico. Este elemento é composto por uma junta bimetálica que se dilatava na
presença de uma corrente acima da nominal por um período de tempo longo. Atualmente os disjuntores
englobam esta função.

Disjuntores

Os disjuntores também estão presentes em algumas instalações residenciais, embora sejam


menos comuns do que os fusíveis. Sua aplicação em determinadas vezes interfere com a aplicação dos
fusíveis, pois são elementos que também destinam-se a proteção do circuito contra correntes de curto-
circuito. Em alguns casos, quando há o elemento térmico os disjuntores também podem se destinar a
proteção contra correntes de sobrecarga.
A corrente de sobrecarga pode ser causada por uma súbita elevação na carga mecânica, ou
mesmo pela operação do motor em determinados ambientes fabris, onde a temperatura é elevada.
A vantagem dos disjuntores é que permitem a re-ligação do sistema após a ocorrência da
elevação da corrente, enquanto os fusíveis quando atua devem ser substituídos antes de uma nova
operação.
Para a proteção contra a sobrecarga existe um elemento térmico (bi-metálico). Para a proteção
contra curto-circuito existe um elemento magnético.
O disjuntor precisa ser caracterizado, além dos valores nominais de tensão, corrente e
freqüência, ainda pela sua capacidade de interrupção, pelas demais indicações de temperatura, altitude
segundo a respectiva norma, o agrupamento de disjuntores e outros, que podem influir no seu
dimensionamento.

A Figura 2.5 mostra o aspecto físico dos disjuntores comerciais de três e quatro pólos.

Proteção contra Sobrecorrentes

Conforme dito anteriormente uma sobrecorrente é aquela cujo valor excede o valor nominal de
operação do circuito. Ela pode ser causada por dois fatores:

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 Curto-circuito: quando não existe uma resistência (ou


impedância) significativa entre duas fases com diferenças de potencial. Neste
caso a sobrecorrente excede em muito a corrente nominal.
 Sobrecarga: não existe falha elétrica, mas um aumento da carga.
Excede em algumas vezes o valor nominal e o seu efeito é nocivo após o
funcionamento do circuito por um tempo longo, causando deterioração do
material isolante dos cabos.

A proteção contra sobrecarga é feita através de um elemento bimetálico, como mostra a Figura
14.1. Quando se aumenta a corrente por efeito físico de dissipação da energia (efeito Joule) a junta
bimetálica se deforma abrindo os contatos de passagem da corrente elétrica.
Este elemento pode ser comprado de forma separada, como no caso do relé térmico, ou
modernamente, vem acoplado nos disjuntores, permitindo economia de espaço.

A proteção contra o curto-circuito é feita através de um elemento magnético, que nada mais é
do que uma bobina. A variação brusca da corrente cria um campo magnético que puxa o contato para
baixo, abrindo o contato móvel, como pode ser visualizado na Figura 14.2, de forma esquemática.

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Figura 14.2 – Elemento magnético de um disjuntor termo-magnético

Ao selecionar um disjuntor, algumas características técnicas são importantes, tais como:


 Corrente nominal (In): valor de corrente eficaz que o disjuntor deve conduzir
indefinidamente, sem a elevação da temperatura acima dos limites especificados.
 Tensão nominal (Un): o valor da tensão deve ser igual ou superior a do circuito onde o
disjuntor está instalado
 Capacidade de interrupção (Icn): valor máximo da corrente que o disjuntor pode
interromper. Este valor deve ser igual à corrente presumida de curto circuito no ponto de
instalação do disjuntor.
 Curvas de disparo: Indicam o tempo que o disjuntor leva para interromper à corrente
quando esta ultrapassa o valor da nominal.
Um exemplo é mostrado na Figura 14.3, note que quanto maior a corrente menor o tempo para
a interrupção.

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Figura 14.3 – Exemplo da curva de disparo para um disjuntor

Norma Técnica: Indica a norma na qual o disjuntor foi projetado, as principais são NBR5361,
NBR IEC 60898, NBR IEC 60947-2.

Simbologia gráfica

Até o momento mostrou-se a presença de diversos elementos constituintes de um painel


elétrico. Em um comando, para saber como estes elementos são ligados entre si é necessário consultar
um desenho chamado de esquema elétrico.
No desenho elétrico cada um dos elementos é representado através de um símbolo.
A simbologia é padronizada através das normas NBR, DIN e IEC.
Na Tabela 2.1 apresentam-se alguns símbolos referentes aos elementos estudados nos
parágrafos anteriores.

Tabela 2.1 – Simbologia em comandos elétricos

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Conceitos básicos em manobras de motores

Para ler e compreeender a representação gráfica de um circuito elétrico, é imprescindível


conhecer os componentes básicos dos comandos e também sua finalidade. Alguns destes elementos são
descritos a seguir.

A) Selo
O contato de selo é sempre ligado em paralelo com o contato de fechamento da botoeira. Sua
finalidade é de manter a corrente circulando pelo contator, mesmo após o operador ter retirado o dedo
da botoeira.

B) Selo com dois contatos

Para obter segurança no sistema, poden-se utilizar dois contatos de selo.

C) Intertravamento

Em algumas manobras, onde existem 2 ou mais contatores, para evitar curtos indesejáveis é
necessário o funcionamento simultâneo de um contator. Utiliza-se assim o intertravamento. Neste caso
os contatos devem ficar antes da alimentação da bobina dos contatores.

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E) Intertravamento com dois contatos

Dois contatos de intertravamento, ligados em série, elevam a segurança do sistema. Estes


devem ser usados quando acionando altas cargas com altas correntes.

F) Ligamento condicionado

Um contato NA do contator K2, antes do contator K1, significa que K1 pode ser operado
apenas quando K2 estiver fechado. Assim condiciona-se o funcionamento do contator K1 ao contator
K2.

G) Proteção do sistema

Os relés de proteção contra sobrecarga e as botoeiras de desligamento devem estar sempre em


série.

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H) Intertravamento com botoeiras

O intertravamento também pode ser feito através de botoeiras. Neste caso, para facilidade de
representação, recomenda-se que uma das botoeiras venha indicada com seus contatos invertidos. Não
se recomenda este tipo de ação em motores com cargas pesadas.

I) Esquema Multifiliar

Neste esquema todos os componentes são representados. Os aparelhos são mostrados de acordo
com sua sequência de instalação, obedecendo a construção física dos mesmos.
Não são indicados nos circuitos os valores da circulação de corrente. A posição dos contatos é
feita com o sistema desligado em repouso (sem tensão).
A disposição dos aparelhos pode ser qualquer uma, com a vantagem de que eles são facilmente
reconhecidos, sendo reunidos por trações de contorno, se necessário.

J) Esquema Funcional

Nesta representação também todos os condutores estão representados, não sendo levada em
conta a posição construtiva e a conexão mecânica entre as partes.
O sistema é subdividido de acordo com os circuitos de correntes existentes. Estes circuitos
devem ser representados sempre que possível, por linhas retas, livres de cruzamentos.
A posição dos contatos é desenhada com o sistema desligado (sem tensão).

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A vantagem consiste no fato de que se torna fácil ler os esquemas e respectivas funções, assim
este tipo de representação é o que será adotado neste curso.

J) Recomendações de tensão

Certas normas recomendam que os circuitos de comando sejam alimentados com tensão
máxima de 220 V, admitindo-se excepcionalmente 500 V no caso de acionamento de motor. Neste
último recomenda-se a existência de apenas 1 contator.

Exercícios gerais

1) Descreva quais e quantos componentes são necessários para manobra de dois motores.
Um deve ter partida direta e o outro, partida com reversão. Descreva qual a função de cada
elemento dentro do circuito.

2) Desenhe o acionamento da bobina de um contator K1 através de duas botoneiras ligadas em:


a) série;
b) paralelo.

3) Explique o funcionamento do circuito abaixo. Quais as conseqüências de funcionamento


resultariam se o contato de selo K1 fosse ligado entre o NF K2 e a bobina do contator K1? O
intertravamento apresentado é suficiente?

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4) Desenhe um circuito de comando para acionar um motor de indução trifásico, ligado em 220
V, de forma que o operador tenha que utilizar as duas mãos para realizar o acionamento.
5) Desenhe um circuito de comando para um motor de indução trifásico de forma que o
operador possa realizar o ligamento por dois pontos independentes. Para evitar problemas com
sobrecarga deve-se utilizar um relé térmico.
6) Explique o funcionamento dos circuitos abaixo.
A) e B).

Orientações:
Letra A -Tente observar o que acontece quando se liga K1 primeiro que K2 e vice-versa.
Letra B - K1 pode ser ligado antes de K2? Se sim qual chave desliga K1?
Consegue-se ligar K2 após K1? Qual chave deve ser utilizada para desligar K1 após o
ligamento de K2? O contator K2 pode ser desligado de forma independente?

7) Desenhe o circuito de comando para dois motores de forma que o primeiro pode ser ligado
de forma independente e o segundo pode ser ligado apenas se o primeiro estiver ligado.

8) Desafio: Faça um comando para manobrar dois motores de modo que o primeiro pode ser
ligado de forma independente. O segundo pode ser ligado apenas quando o primeiro for ligado, mas
pode se manter ligado mesmo quando se desliga o primeiro motor.

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Simbologia Numérica e Literal

Assim como cada elemento em um comando tem o seu símbolo gráfico específico, também a
numeração dos contatos e denominação literal dos mesmos tem um padrão que deve ser seguido.
Neste capítulo serão apresentados alguns detalhes, para maiores informações deve-se consultar
a norma NBR 5280 ou a IEC 113.2.
A numeração dos contatos que representam terminais de força é feita da seguinte maneira:
 1, 3 e 5 - Circuito de entrada (linha)
 2, 4 e 6 - Circuito de saída (terminal)
Já a numeração dos contatos auxiliares segue o seguinte padrão:
 1 e 2 - Contato normalmente fechado (NF), sendo 1 a entrada e 2 a saída
 3 e 4 - Contato normalmente aberto (NA), sendo 3 a entrada e 4 a saída

Partida direta de Motores

Objetivo: A primeira combinação entre os elementos de comando estudados é a partida direta


de um motor, mostrada na Figura 3.1 abaixo.
O objetivo é o de montar esta partida no laboratório, observando as dificuldades e a lógica de
funcionamento, bem como apresentar o conceito de selo.

Figura 3.1 – Circuitos de comando e potência para uma partida direta de motores

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Componentes: 1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 1
contator (K1), 1 botoeira NF (S0), 01 botoeira NA (S1), 1 Motor trifásico (M1).

Partida direta de Motores com sinalização

Objetivo: Neste laboratório o objetivo é o de consolidar os conceitos introduzindo os elementos


desinalização no comando.

Figura 4.1 – Circuitos de comando e potência para uma partida direta de motores com
sinalização.
Componentes: 1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 1
contator (K1), 1 botoeira NF (S0), 1 botoeira NA (S1), 1 Motor trifásico (M1), 1 lâmpada verde (H1),
1 lâmpada amarela (H2), 1 lâmpada vermelha (H3).

Partida de Motores com reversão

Objetivo: Acionar, de forma automática, um motor com reversão do sentido de rotação,


mostrando algumas similaridades com a partida direta. Introduzir o conceito de “intertravamento”.

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Figura 5.1 – Circuitos de comando e potência para uma partida com reversão

Componentes: 1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 2
contatores (K1 eK2), 1 botoeira NF (S0), 2 botoeiras NA (S1 e S2), 1 Motor trifásico (M1).

Exercício: Desenhar e montar o circuito da sinalização da seguinte maneira: lâmpada verde


indica motor girando no sentido horário, lâmpada amarela no sentido anti-horário e lâmpada vermelha
atuação do relé de sobrecarga.

Nos relés e contatores tem-se A1 e A2 para os terminais da bobina.


Os contatos auxiliares de um contator seguem um tipo especial de numeração pois o número é
composto por dois dígitos, sendo:
 Primeiro dígito: indica o número do contato
 Segundo dígito: indica se o contato é do tipo NF (1 e 2) ou NA (3 e 4)

Com relação à simbologia literal, alguns exemplos são apresentados na Tabela 8.1 a seguir.

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Partida Estrela-Triângulo (Y/Δ)

Objetivo: Demonstrar uma das importantes estratégias para evitar altos picos de corrente
durante a partida de um motor de indução trifásico.

a) Circuito de potência

b) Circuito de comando

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Material utilizado:

1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 3 contatores (K1, K2 e K3), 1 relé térmico
(F1), 1 botoeira (NF), 1 botoeira (NA), 1 relé temporizador (K6).

Comando de prensa com temporizador

Objetivo: Conhecer uma das estratégias para segurança em prensas, evitando que o operador
inutilize uma das botoeiras, trabalhando somente com a outra.

a) Circuito de comando

Os contatores K1 e K2 são auxiliares. O contator de potência, onde será ligado o motor da


prensa é o contator K3. K4 é um temporizador.

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Exercícios:

A) Desenhar e montar o circuito de potência para este comando


B) Explicar com suas palavras o funcionamento do circuito
C) Desenhar e montar a sinalização para este comando

Comando de prensa com seqüência de acionamento

Objetivo: Conhecer outra estratégia no comando de prensas, para evitar também que o operador
inutilize uma das botoeiras de comando.

a) Circuito de comando

Cometários:
K1 - Contator de potência, K2 e K3 - Contatores auxiliares

Exercícios:
A) Desenhar e montar o circuito de potência para este comando
B) Explicar com suas palavras o funcionamento do circuito
C) Desenhar e montar a sinalização para este comando

Exercícios complementares

1- Faça o comando para acionar uma resistência de aquecimento, de modo que após o operador
pressionar a botoeira, a resistência permaneça 10 min ligada, desligando após este tempo.

2- Faça o comando para uma partida com reversão de modo que ao pressionar a botoeira para
reverter a velocidade de rotação haja um tempo de 15s para que o motor efetue a reversão.

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3- Desenhe os contatos referentes as ligações de 380V e 440V para um motor de 12pontas,


utilizando a regra prática.

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