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INFARTO DO VENTRÍCULO
DIREITO
Anatomia
A artéria coronária direita (ACD) origina-se do seio da aorta direito da
parte ascendente da aorta e passa para o lado direito do tronco pulmonar,
seguindo no sulco coronário. Próximo de sua origem, a ACD geralmente
emite um ramo do nó sinoatrial, que supre o nó AS. A ACD então desce
no sulco coronário e emite o ramo marginal direito, que supre a margem
direita do coração. Após emitir este ramo, a ACD vira para a esquerda e
continua no sulco coronário até a face posterior do coração. Na cruz do
coração – a junção de septos e paredes das quatro câmaras cardíacas-, a
ACD dá origem ao ramo do nó atrioventricular, que supre o nó AV. Os
nós SA e AV fazem parte do complexo estimulante do coração. 19
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Etiologia
A principal causa de IAM de VD é a oclusão proximal da coronária
direita. Entretanto, também pode ocorrer pela oclusão distal da artéria
coronária direita, que resulta em área isquêmica menor do que no
primeiro caso (5 versus 15 gramas)7, pela oclusão da artéria descendente
anterior esquerda, que também cursa com área de necrose menor (7%
versus 28%), porém de parede anterior do VD.7,10
Fisiopatologia
A oclusão da artéria coronária direita proximal resulta em disfunção da
parede livre do ventrículo direito que se torna discinética e isquêmica e é
altamente deletéria para a performance biventricular. A diminuição da
função sistólica do ventrículo direito leva a uma redução do fluxo
transpulmonar da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo e
subseqüente depressão global do débito cardíaco. O ventrículo direito
isquêmico é rígido, dilatado e volume-dependente, resultando em uma
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Diagnóstico
O diagnóstico do comprometimento do ventrículo direito em um infarto
agudo do miocárdio deve ser feito de forma precoce e precisamente, pois
devido a sua patofisiologia as condutas diferem daquelas propostas para
o infarto exclusivo do ventrículo esquerdo. Na suspeita a investigação
deve ser feita prontamente, pois o ventrículo direito apresenta uma
capacidade de recuperar a função rapidamente, tornando os exames mais
confiáveis se realizados logo após a apresentação do evento.7,8,10,23,24,25
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Apresentação Clínica
A apresentação clássica do infarto de ventrículo direito: hipotensão,
estase jugular e pulmões limpos. A associação dessa tríade com um
infarto de parede inferior é praticamente patognomônica de infarto de
ventrículo direito. 25 Embora bastante específica, a tríade de Cohn
apresenta sensibilidade menor do que 25%.
No entanto deve-se tomar cuidado já que esses sinais podem não estar
presentes se houver hipovolemia, e tornarem-se aparentes apenas após
infusão de volume.
Eletrocardiograma
Nos pacientes que apresentam isquemia de parede inferior (evidenciado
nas derivações II, III e aVF) devem ser realizadas as derivações
precordias direitas (V3R, V4R principalmente) para investigação do
acometimento do ventrículo direito também.29
Ecocardiograma
O ecocardiograma apresenta limitações na avaliação do ventrículo
direito, pois esse não é bem visualizado e a interpretação da função do
ventrículo direito pode ser alterada por processos pulmonares como,
tromboembolismo pulmonar ou doença pulmonar obstrutiva.
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Tratamento
Pacientes que apresentem dor torácica que sugiram isquemia miocárdica
devem ser encaminhados rapidamente a uma sala de emergência, onde
deverão ser executadas algumas metas já nos primeiros 10 minutos: 1)
Acesso venoso e monitorização cardíaca. 2) Anamnese e exame físico
direcionado. 3) Verificação dos sinais vitais. 4) Realização de exames
laboratoriais iniciais. 5) Verificação das contra-indicações absolutas e
relativas para possível terapia trombolítica. 6) Realização e interpretação
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Complicações
As complicações do infarto do miocárdio estão relacionadas a fatores
miocárdios, incluindo tamanho, extensão transmural e localização do
infarto, e a fatores coronários como magnitude e gravidade da doença
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Caso Clínico
Paciente C.J.C. de 78 anos, sexo feminino, dá entrada no Pronto Socorro
Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O
doente tem antecedentes de hipertensão arterial sistêmica (HAS),
diabetes mellitus (DM), dislipidemia (DLP) e neoplasia de orofaringe
com traqueostomia prévia. Vem acompanhada por familiares, com
história de vômitos há 3 dias, sem febre, sem diarréia, referindo tonturas
giratórias, mal estar e fraqueza. Nega dor torácica.
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Bibliografia
1- Thygesen K, Alpert JS, White HD, Jaffe AS, Apple FS, Galvani M,
Katus HA e cols. Universal definition of myocardial infarction:
Kristian Thygesen, Joseph S. Alpert and Harvey D. White on
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10-Cabin HS, Clubb KS, Wackers FJ, Zaret BL. Right ventricular
myocardial infarction with anterior wall left ventricular infarction:
an autopsy study. Am Heart J Jan;113(1):16-23, 1987
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19-Moore KL, Dalley AF. Tórax. In: Moore KL, Dalley AF. Anatomia
orientada para clínica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
p.136-47, 2007
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55- Mehta SR, Eikelboom JW, Natarajan MK, e cols. Impact of right
ventricular involvement on mortality and morbidity in patients
with inferior myocardial infarction. J. Am. Coll. Cardiol., 37:37,
2001
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Figura 1: ECG apresentando supra-desnivelamento de segmento ST nas derivações inferiores (II, III e aVF)
associado a supra desnivelamento ST nas precordiais direitas.
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