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As 10 melhores técnicas de estudo, segundo a ciência

Um estudo publicado em janeiro de 2013 na revista científica Psychological Science


in the Public Interest avaliou dez comuns técnicas de estudo para classificar quais
possuem de fato a melhor utilidade.
O resultado do paper (íntegra aqui) traz algumas surpresas para o estudante.
Técnicas de estudo bastante populares no Brasil, como resumir, grifar, utilizar mnemônicos, visualizar
imagens para apreensão de textos e reler conteúdos foram classificadas como as de utilidade mais baixa.
Três técnicas de estudo foram encaradas como de utilidade moderada: interrogação elaborativa, auto-
explicação e estudo intercalado.

E as duas que obtiveram o mais alto grau de utilidade na aprendizagem foram as técnicas de teste prático
e prática distribuída.

É a ciência desaprovando boa parte das minhas técnicas de estudo, muito baseado em resumos, grifos,
mnemônicos e mapas mentais. Por outro lado, foi confirmada a impressão que eu tinha de que a realização
de exercícios em doses cavalares era extremamente efetiva para o estudo para concursos públicos.
Se você quer uma visão mais detalhada de como funciona o aprendizado, recomendo fortemente que leia o
livro Os 7 Pilares do Aprendizado, de Paulo Ribeiro, que já escreveu aqui no Mude.nu como a ciência pode
melhorar o seu aprendizado.
Antes de prosseguir, lembre-se de que o ranking reflete os resultados da pesquisa, porém cada pessoa tem
suas próprias técnicas de estudo e nada está escrito em pedra. Dito isto, falemos agora sobre as dez técnicas
de estudo, das piores para as melhores.

1. Grifar, a de menor utilidade entre as técnicas de estudo


Técnicas de estudo: Grifar
Tão fácil quanto ineficiente.
Prepara-se para dar um descanso ao seu grifador amarelo. O estudo aponta que a técnica de apenas grifar
partes importantes de um texto é pouco efetiva pelos mesmos motivos pelos quais é tão popular:
praticamente não requer esforço.
Ao fazer um grifo, seu cérebro não está organizando, criando ou conectando conhecimentos. Então, grifar só
pode ter alguma (pouca) utilidade quando combinada com outras técnicas.
2. Releitura (utilidade: baixa)
Técnicas de estudo: Estudo com releitura
Deixa eu ler pela quinta vez…

Reler um conteúdo, em regra, é menos efetivo do que as demais técnicas apresentadas. O estudo, no
entanto, mostrou que determinados tipos de leitura (massive rereading) podem ser melhores do que
resumos ou grifos, se aplicados no mesmo período de tempo. A dica é reler imediatamente depois de ler,
por diversas vezes.
3. Mnemônicos (utilidade: baixa)
Técnicas de estudo: Mnemônicos
Remember, remember, SoCiDiVaPlu.
Segundo o dicionário Houaiss, mnemônico é algo relativo à memória; que serve para desenvolver a memória
e facilitar a memorização (diz-se de técnica, exercício etc.); fácil de ser lembrado; de fácil memorização.
Em apostilas e sites de concursos públicos, é muito comum ver o uso de mnemônicos com as primeiras letras
ou sílabas, como SoCiDiVaPlu para decorar os fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º da
Constituição).
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O estudo da Psychological Science in the Public Interest mostrou que os mnemônicos só são efetivos quando
as palavras-chaves são importantes e quando o material estudado inclui palavras-chaves fáceis de
memorizar.
Assuntos que não se adaptam bem a geração de palavras-chaves não conseguiram ser bem aprendidos com
o uso de mnemônicos. Então, utilize-os em casos específicos e pouco tempo antes de teste.

4. Visualização (utilidade: baixa)


Técnicas de estudo com mindmap.
Exemplo de mapa mental.
Os pesquisadores pediram que estudantes imaginassem figuras enquanto liam textos. O resultado positivo
foi apenas em relação a memorização de frases. Em relação a textos mais longos, a técnica mostrou-se
pouco efetiva.
Surpreendentemente (ao menos para mim), a transformação das imagens mentais em desenhos também
não demonstrou aumentar a aprendizagem e ainda trouxe o inconveniente de limitar os benefícios da
imaginação.
Isso não invalida completamente o uso de mapas mentais para estudos, já que esses consistem além de
desenho a conexão de ideias e conceitos.
De qualquer maneira, o resultado do estudo é que a visualização não é uma técnica efetiva para provas que
exijam conhecimentos inferidos de textos.

5. Resumos (utilidade: baixa)


Técnicas de estudo com resumo
Vou resumir para você.
Resumir os pontos mais importantes de um texto com as principais ideias sempre foi uma técnica quase
intuitiva de aprendizagem.
O estudo mostrou que os resumos são úteis para provas escritas, mas não para provas objetivas.
Embora tenha sido classificado como de utilidade baixa, a técnica de resumir ainda é mais útil do que grifar e
reler textos. O paper diz que a técnica pode ser uma estratégia efetiva para estudantes que já são hábeis em
produzir resumos.

6. Interrogação elaborativa (utilidade: moderada)


Técnicas de estudo com perguntas
Por que é que a vida é assim?
A técnica de interrogação elaborativa consiste em criar explicações que justifiquem por que determinados
fatos apresentados no texto são verdadeiros.
O estudante devem concentrar-se em perguntas do tipo Por quê? em vez de O quê?.
Seguindo o exemplo que demos pouco antes, em vez de decorar um mnemônico como SoCiDiVaPlu, o ideal
seria perguntar-se por que o Brasil adota a dignidade da pessoa humana como fundamento da República? E
buscar a resposta na origem do estado democrático de Direito e na adoção do princípio da dignidade da
pessoa humana pelas principais democracias ocidentais após a Revolução Francesa.
Note que esse tipo de estudo requer um esforço maior do cérebro, pois concentra-se em compreender as
causas de determinado fato, investigando suas origens.
Falando especificamente de concursos públicos, a interrogação elaborativa é um grande diferencial na hora
de responder redações e questões discursivas.

7. Auto-explicação (utilidade: moderada)


Técnicas de estudo com auxo-explicação
Entendeu, Eu Mesma?
A auto-explicação mostrou-se ser uma técnica útil para aprendizagem de conteúdos mais abstratos. Na
prática, trata-se de ler o conteúdo e explicá-lo com suas próprias palavras para você mesmo.
O estudo mostrou que a técnica é mais efetiva se utilizada durante o aprendizado, e não após o estudo.
8. Estudo intercalado (utilidade: moderada)
Técnicas de estudo intercalado
Vou alternar as matérias, na ordem dessa pequena pilha.
O estudo intercalado é o que chamamos de rotação de matérias em posts anteriores.
A pesquisa procurou saber se era mais efetivo estudar tópicos de uma vez ou intercalando diferentes tipos
de conteúdos de uma maneira mais aleatória.
Os cientistas concluíram que a intercalação tem utilidade maior em aprendizados envolvendo movimentos
físicos e tarefas cognitivas (como ciências exatas).
O principal benefício da intercalação, como já havíamos observado, é fazer com que a pessoa consiga
manter-se mais tempo estudando.

9. Teste prático (utilidade: alta)


Técnicas de estudo com teste objetivo
Simular é o melhor caminho.
Realizar testes práticos sobre o que você está estudando é uma das duas melhores maneiras de
aprendizagem. A pesquisa científica mostrou que realizar testes práticos é até duas vezes mais eficiente do
que outras técnicas.
No caso específico de concursos públicos, a recomendação é fazer toneladas de exercícios de provas
anteriores. Não apenas do cargo para o qual você está estudando, mas qualquer tipo de questão que
encontrar pela frente.
Como já recomendamos anteriormente, a maneira mais fácil de realizar testes é utilizando sistemas
específicos para isso, como o site Questões de Concursos.
10. Prática distribuída (utilidade: alta)
Técnicas de estudo distribuído.
Vou rever o conteúdo a cada 15 dias.
A prática distribuída consiste em distribuir o estudo ao longo do tempo, em vez de concentrar toda a
aprendizagem em um bloco só (a.k.a. na véspera da prova).
Pesquisas mostram que o tempo ótimo de distribuição das sessões de estudo é de 10% a 20% do período
que o conteúdo precisa ser lembrado. Por essa conta, se você quer lembrar algo por cinco anos, você deve
espaçar seu aprendizado a cada seis meses. Se quer lembrar por uma semana, deve estudar uma vez por dia.
A prática distribuída também pode ser interpretada como a distribuição do estudo em pequenos períodos ao
longo do dia, intervalando com períodos de descanso. Por exemplo, uma hora de manhã, uma hora à tarde e
outra hora à noite.
Essa é exatamente a teoria de Tony Schwartz aplicada em técnicas de timebox como a Pomodoro Technique.

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