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Como um bom discípulo, Platão foi além do pensamento crítico de seu mestre Sócrates.
Responsável pela primeira sistematização de pensamento filosófico através do diálogo
conhecido como Timeu, estabeleceu a diferença entre o mundo sensível (o mundo
concreto no qual vivemos) e o mundo das ideias (formas), previamente estabelecidos
por Heráclito e Parmênides como verdades opostas e imutáveis, que anulam-se entre si.
Segundo Platão, ambos os mundos existem e se conectam; sendo o mundo sensível uma
cópia imperfeita do mundo das ideias. Apenas através das formas é que se pode
desenvolver o senso crítico e avaliar a essência das coisas, não se pode extrair
conhecimento verdadeiro do mundo dos sentidos, pois é manipulável e imperfeito. Esse
conceito é facilmente exemplificado no mito da caverna, onde o filósofo simboliza a
junção entre as ideias de seus antecedentes, o que ele chama de dialética.
O indivíduo, enquanto na caverna, está sujeito à opinião e/ou manipulação do senso
comum. Ele enxerga as sombras de algo que lhe é apresentado, não necessariamente
verdadeiro, criando dentro de si uma segurança ilusória, um estado de conforto mental,
uma dependência à verdade que lhe fora introduzida como única e absoluta. Na
simbologia de Platão, o indivíduo sai dessa caverna ao filosofar, conflitando esses
conceitos obtidos através do senso comum, buscando sua própria definição. Só é
possível alcançar o mundo das ideias ao vislumbrar a essência de tudo o que há.
Através da alegoria platônica, pode-se afirmar que as mídias estão para a humanidade
como o sol está para o indivíduo na caverna, despejando um fecho de luz que pode guia-
lo até a sapiência. Grande parte da sociedade moderna tem acesso à informação através
das mídias e a cultura de obtenção de informação tem sido revolucionada por elas.
Porém, com o fácil acesso a informação, surge a barreira da linguagem, podendo ser
colocada como a sombra do mundo das ideias que é projetada pela luz do sol,
desvirtuando o que se entende por informação, uma cópia imperfeita.
A linguagem utilizada pelos meios de massa, desvia o receptor da verdade para um
conhecimento manipulado, uma “fake news’’. As grandes manchetes deixaram de
anunciar para iludir, com o propósito de chamar a atenção para o que a matéria poderia
tratar e não pelo que de fato informa. Para entender as mídias e desenvolver o
entendimento do que é, de fato, real, é necessário compreender como funciona o
processo de persuasão da parte de quem informa e pôr em prática à busca constante pelo
conhecimento verdadeiro. A humanidade precisa trabalhar suas técnicas de pesquisa
para driblar o convencimento fútil das massas e alcançar o mundo da verdade.