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RESUMO
Este artigo abordará os obstáculos que dificultam o exercício do trabalho
penitenciário, instituído pela Lei de Execução Penal, considerando os vários tipos
possíveis de trabalhos realizados pelos detentos. Para melhor compreensão do
tema, serão realizadas algumas considerações sobre o trabalho penitenciário, sua
finalidade e o trabalho como direito/dever do preso. Por oportuno, defender-se-á
falta de infraestrutura e de políticas públicas como principais óbices para que o
apenado exerça seu direito ao trabalho.
1 - INTRODUÇÃO
2 Mirabete, Julio Fabbrini. Execução Penal: comentários à Lei nº 7.210 de 11-7-84. 11ª ed. rev. e atual.
São Paulo: Atlas, 2006.
3 NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários a Lei de execução penal: Lei nº 7.210 de 11-7-84. 3ª ed. rev.
e ampl. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 89
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4 Art. 28. Lei 7.210/84: “O trabalho do condenado, como dever social e condição da dignidade humana,
terá finalidade educativa e produtiva.”
5 Regras Mínimas da ONU n.º 71.5: “Será proporcionado treinamento profissional em profissões úteis
aos presos que dele tirarem proveito, especialmente aos presos jovens.”
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6 Art. 6º, Constituição Federal: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistências aos desamparados, na forma
desta Constituição.”
7 Art. 31, LEP:”O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas
aptidões e capacidade.”
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aptidões sejam avaliadas. Decorrido esse prazo, o preso poderá ser transferido para
outra área do estabelecimento desde que verificada a sua habilitação, aptidão,
condição pessoal e as futuras necessidades do recluso.
Os trabalhos desenvolvidos nos estabelecimentos carcerários poderão ser
industrial, agrícola ou intelectual e tem como finalidade a reinserção do condenado.
Em virtude disso, o apenado deve ser orientado no sentido de suas aptidões,
evidenciadas através de estudos da personalidade e de outros exames, levando-se
em conta a profissão ou o ofício que o apenado desempenhava antes de ingressar
no estabelecimento.
O trabalho do apenado será remunerado conforme tabela elaborada pela
administração do estabelecimento e aprovada pelo juiz das Execuções Penais,
observada a qualificação profissional do apenado. Através dessa remuneração é
que será constituído o pecúlio, que se divide em pecúlio disponível e pecúlio
reserva. O pecúlio disponível representa 50% (cinquenta por cento) da remuneração
e será observada a relação das necessidades do apenado para a aquisição de
objetos de uso pessoal e para ajuda ao sustento da família. Caberá a administração
a aquisição desse material e a liberação do valor para ajuda à família será realizada
quando da saída do ente familiar do estabelecimento. O pecúlio reserva será
depositado mensalmente no banco credenciado ao sistema carcerário, em nome do
recluso, em conta poupança, sendo entregue no dia em que for posto em liberdade.8
O trabalho do apenado pode ser aproveitado na construção, reformas dentro
do próprio estabelecimento penal, como expressa o Art. 33 da Lei de Execução
Penal9. Recomenda-se que os serviços dos presos atendam às necessidades
internas do estabelecimento, como por exemplo, nas enfermarias, escolas, cozinhas,
lavanderias, entre outros, como forma de atender as determinações legais e como
um mecanismo para a redução do gasto público, sendo que a remuneração deverá
correr pelo próprio Estado, já que o mesmo dispõe da prestação.
A lei determina que o artesanato deva ser limitado, salvo nas regiões de
turismo.10 O artesanato nessas regiões torna-se potencialmente rentável e
oportuniza ao condenado uma futura qualificação. A lei limita este tipo de trabalho,
8 ROSA, Antonio José Miguel Feu. Execução Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995,
p.137, 138 e 139.
9 Art. 33, parágrafo único, LEP: “Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados
para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal.”
10 Art. 32, § 1º, LEP: “Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica,
salvo nas regiões de turismo.”
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11 Art. 32, § 2º, LEP: “Os maiores de sessenta anos poderão solicitar ocupação adequada à sua
idade.”
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Cabe ressaltar que a LEP é tida como uma norma altamente evoluída e
democrática quando comparada as leis existentes. Sua essência está baseada no
pressuposto de que após iniciado do cumprimento da pena privativa de liberdade
seria vedada a efetiva aplicação de qualquer outro tipo de punição ao apenado, isto
em homenagem ao Princípio da Humanidade.
Contudo, rotineiramente não é isso que acontece, no dia a dia das unidades
prisionais é comum ocorrerem violações às garantias constitucionais e
supraconstitucionais, em especial, as estabelecidas pela LEP. Na prática,
infelizmente, na ocasião em que o apenado ingressa no sistema prisional do país,
além de sua liberdade, ele também perde todos aqueles Direitos individuais
fundamentais que, juridicamente, deixaram de ser suspensos pela sentença
condenatória.
15 LEAL, César Barros. Prisão: crepúsculo de uma era. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. p. 56
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Disponível em http://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-
feira/relatorio-depen-versao-web.pdf. Acesso em 18/03/2018.
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Disponível em: « http://ibase.br/pt/balanco-social/». Acesso em 18/03/2018.
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6 - CONCLUSÃO
espera, adota políticas que fazem com que a iniciativa privada enxerguem os
detentos apenas como mão-de-obra barata e sem qualquer responsabilidade para
com eles, deturpando o real objetivo do trabalho penitenciário, a ressocialização do
cidadão.
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS