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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL

DISCIPLINA

ACONSELHAMENTO
PASTORAL CRISTÃO
Introdução

Por vezes os pastores e conselheiros deparam com situações críticas nas


quais é preciso discernimento claro para distinguir entre doença somática,
psicossomática, ou alucinação mental. Existem ainda os problemas familiares
com os quais terá que lidar freqüentemente. Para isso é importante que o
conselheiro possua alguns conhecimentos básicos sobre o comportamento
humano a fim de melhor diagnosticar as causas do sofrimento e ajudar
corretamente o paciente. Caso assim não aconteça a situação pode agravar-se
por motivo de aconselhamento inadequado e demora no alcance de soluções
benéficas e positivas.

A ideia de que o conselheiro deve depender exclusivamente de conhecimentos


bíblicos e do Espírito Santo não tem fundamento, pois, o próprio Senhor Jesus
era conhecedor excelente das causas do comportamento humano e usou esse
conhecimento para ajudar as pessoas. Tomemos por exemplo a entrevista com
a mulher samaritana relatada em João no capítulo quatro. E, observe-se o
resultado. Jesus confrontou a mulher com o seu comportamento e conduziu-a à
transformação pela mente.

Por conseguinte, para cumprir a sua missão com eficiência, o conselheiro


cristão deve possuir conhecimentos básicos a respeito do comportamento
humano para discernir corretamente sobre o estado do paciente. Deve contar
com suficientes conhecimentos bíblicos para aconselhar segundo o plano de
Deus em cada caso. E, carece da assistência do Espírito Santo para receber
sensibilidade e orientação no tratamento de problemas distintos. Jesus disse
que Ele nos conduziria em toda a verdade. Com estas bases o conselheiro
pode ministrar a cada pessoa de acordo com a sua necessidade específica.
Por este motivo, tentamos expor alguns princípios para facilitar o diagnóstico
do sofrimento e poder aconselhar corretamente , de modo a obter resultados
positivos.
O Propósito do Aconselhamento Cristão

Para que propósito Deus presenteou a igreja com o pastor (do qual aconselhar
é uma função principal)? A resposta está em Efésios 4:12 onde encontramos a
frase “... para o aperfeiçoamento dos santos.” Aqui é usado o termo
katartismon que não é encontrado em nenhum outro lugar do NT, apesar de
verbos similares serem encontrados em outros versos (Mt 4:21, “consertando
alguma coisa”; Hebreus 11:3, “trazendo o universo no início à sua forma e
ordem desejada.”; e Gálatas 6:1, “restaurar a vida espiritual de uma pessoa
que caiu”)

O VALOR DO ACONSELHAMENTO PARA O CONSELHEIRO

Ao aconselhar, o pastor não apenas cumpre uma tarefa atinente ao seu


ministério. Ele se capacita para o ministério pastoral, no trato com o rebanho.
Descobre suas necessidades, vê as carências do povo e assim diagnostica seu
estágio espiritual, como também vê por onde deve andar no ensino do púlpito.
O gabinete pastoral é um termômetro que indica algumas enfermidades da
igreja, e assinala para o pastor o que ele deve pregar, se deseja a terapia que
vem da Palavra de Deus.

Uma ressalva deve ser feita, no entanto: o gabinete pastoral não vai ao púlpito.
O que se ouve no gabinete morre no gabinete, mas o que se trata no gabinete
sinaliza áreas que devem ser abordadas pelo púlpito. Se constantemente o
pastor está administrando crises conjugais, isto é sinal de que precisa pregar
mais sobre família. Se casos de mundanismo e baixa espiritualidade causam
os problemas que surgem no gabinete, o obreiro descobrirá que a igreja está
precisando de santificação. Precisamos reconhecer o fato de que somos
pastores e não terapeutas seculares, e que lidamos com igreja e não com uma
clínica psicológica. Lamentavelmente, muitos pastores estão deixando a Bíblia,
substituindo-a por ensinos de psicólogos seculares, sem temor a Deus, e
caindo no mesmo equívoco de tantos conselheiros não cristãos, o de pensar
que nossa tarefa é tornar as pessoas aliviadas de seus fardos, e se sentirem
bem consigo mesmas. Nossa principal tarefa como conselheiros não é aliviar o
fardo das pessoas, mas orientá-las dentro dos princípios da Bíblia. Vivendo os
valores da Palavra de Deus as pessoas terão o alívio que o Espírito Santo dá.

Nossa tarefa, portanto, não é de ajudar os pecadores a viverem bem com seus
pecados, mas “anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27). Assim fazendo,
cumprimos nossa missão, ajudamos as pessoas e formatamos o povo de Deus
dentro da Palavra de Deus. O aconselhamento ajuda o obreiro a cumprir sua
missão, que é a de levar o povo do Senhor à maturidade: “Desse modo todos
nós chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de
Deus. E assim seremos pessoas maduras e alcançaremos a altura espiritual de
Cristo. Então não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e
empurrados por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. Essas
pessoas inventam mentiras e, por meio delas, levam outros para caminhos
errados” (Ef 4.13-14). E, secundariamente, ajuda o obreiro a conhecer o tipo de
alimento que seu rebanho necessita.

O conselheiro precisa estar atento para o fato de muitas pessoas o procurarão


buscando confirmação de suas atitudes, e querendo apenas apoio e
compreensão. Nem sempre desejarão mexer na causa fundamental do
problema. O conselheiro deve ser compreensivo, mas nunca conivente com o
erro e com o pecado.

O PERFIL E ATRIBUTOS DO CONSELHEIRO BÍBLICO

Muitos aspectos do perfil do conselheiro poderiam ser alistados aqui, mas


ressaltemos os principais à nossa tarefa de líderes cristãos.

O primeiro é respeito. Por vezes a pessoa chega e abre o seu coração,


contando-nos um pecado que julgamos ser escabroso (e às vezes é mesmo).
Então ficamos chocados com a revelação e mostramos à pessoa que não
esperávamos aquilo da parte dela. Ou ela nos ataca ou ataca alguém da igreja.
O conselheiro, muitas vezes, é machucado pelo aconselhando. Qual deve ser a
reação numa circunstância dessas? Ele alista quatro possíveis respostas do
conselheiro, e entre elas duas bem curiosas. O conselheiro poderá dizer: “Você
não sabe nada; pior que você não há nenhum” ou “Os crentes têm suas falhas,
mas as falhas dos não crentes são piores”. Diz Kaller: “Esta reação não
facilitará a continuação da conversa, mas é o início de uma discussão”.

Respeito significa valorizar a pessoa, não a vendo como uma coitadinha ou


uma leprosa moral ou espiritual. É vê-la como sendo uma pessoa, imagem e
semelhança de Deus, valiosa aos olhos do Senhor, que no momento passa por
uma crise e veio lhe pedir ajuda. Não esfregue sal e pimenta nas feridas dela.
Respeite seu desabafo, suas atitudes, e sua postura. Isto é diferente de aceitar
um comportamento errado. É respeitar a pessoa que está querendo ajuda
como pessoa. Não é um traste. Lembremos que Paulo recomendou que
apoiássemos aqueles que estão fracos.

O segundo deles é empatia. A palavra vem da mesma raiz de “simpatia” e de


“antipatia”. Simpatia é sentir na mesma direção, sentir com. Antipatia é sentir
contra. Sobre empatia, o prefixo grego en nos esclarece: é “sentir dentro”,
“sentir como se fosse a pessoa”. A simpatia pode ser entendida como uma
ternura, mas a empatia é uma profunda compaixão que nos faz colocar-nos no
lugar daquela pessoa.Deus foi empático conosco, na pessoa de Jesus.
Empatia tem a ver com compaixão.

O Salvador era profundamente empático, porque era profundamente


compassivo: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam
desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36). E este é
um conselho bíblico para todos os cristãos: “Alegrai-vos com os que se
alegram; chorai com os que choram” (Rm 12.15). Somos exortados a
experimentar e partilhar os sentimentos dos irmãos.

Não somos profissionais que atendem a pessoa, ouvem-na sem experimentar


emoção alguma (algumas vezes bocejando de indiferença), e depois apenas
perguntam: “Sim, o que você pensa em fazer sobre isso?”. Somos pessoas que
amam a Deus, que amam o povo de Deus e que servem a Deus servindo a seu
povo. E mostramos nosso amor a Deus no amor ao seu povo. Empatia é mais
uma postura que adotamos que um sentimento que experimentamos. É sentir
com a pessoa. A frieza ou a indiferença é mortal no trabalho do conselheiro.
O terceiro é sobriedade. O Novo Testamento faz várias referências à
sobriedade. Nós é que pouco mencionamos esta virtude cristã. Há líderes que
amam holofotes ou são pouco discretos. Têm grande necessidade de atenção.
Jesus exortou à discrição na vida espiritual, quando deixou recomendações
sobre a oração e o jejum. Sobriedade tem a ver com discrição. Não se faz
alarde de que estamos ajudando alguém. O trabalho do conselheiro é um
trabalho de bastidores, que se faz nos bastidores, e não em público.

Uma das tarefas do conselheiro é ajudar a pessoa a ser madura e tomar


decisões por si, orientada pelo Espírito Santo. Outra tarefa é levantar a pessoa.
Neste sentido, expô-la em público, como alguém tutelado, é prejudicial. Somos
conselheiros e não pais de criancinhas travessas que devem ser chamadas à
atenção.

O quarto é sigilo. O que um conselheiro ouve deve morrer com ele. Ele não
passa para frente nem mesmo com pessoas interessadas no assunto. Se
quiser saber, que meu indagador lhe pergunte. Lembre-se que comentar o que
lhe foi dito em confiança acabará não apenas com sua atividade, mas com seu
caráter.

E você terá traído quem confiou em você. Poucas coisas são tão ruins para um
pastor ou para um conselheiro que ser conhecido como fofoqueiro, como
alguém que passa para frente coisas que ouviu em confidência. Há pastores
que contam de púlpito experiências de gabinete. Não citam o nome da pessoa,
mas deixam pistas claras de quem sejam. Isto é muito ruim.

Um conselheiro deve ser sigiloso. Por isso que deve ser uma pessoa que cuide
de sua vida espiritual e se fortaleça, sempre, com o Grande Conselheiro, Deus.
É a vinha dele que ele deve guardar.

O quinto é capacitação. Já tangenciamos este aspecto anteriormente. Trata-se


da capacitação para o serviço a desempenhar e da capacitação espiritual para
poder desempenhar o serviço. O obreiro cristão em geral e o conselheiro em
particular sempre devem querer crescer. Adquirir livros, ouvir palestras, fazer
cursos, tudo isso ajuda muito o conselheiro. Mas o preparo espiritual nunca
pode ser negligenciado.
Um dos aspectos mais importantes na vida do conselheiro ao ajudar alguém
em crise: “Orar por si mesmo e colocar-se nas mãos de Deus para prestar uma
ajuda afetiva” . Desempenhamos uma atividade espiritual e nunca podemos
nos esquecer disso. A autoridade espiritual que vem da comunhão com Deus e
da submissão à sua Palavra é sempre notada na vida de quem a tem. E quem
a tem não precisa alardear.

O sexto é desprendimento. Isso significa que o conselheiro não deve levar


vantagem na tarefa de aconselhar. Por vezes, o conselheiro é profissional, um
psicólogo ou outro tipo de terapeuta. Neste caso, ele cobrará consultas. O levar
vantagem, neste contexto, significa que o conselheiro não usa as informações
que recebe, nem antes nem depois do processo de aconselhamento.
Suponhamos que o conselheiro seja o pastor ou o líder de um trabalho. Um
irmão o procura e lhe revela um problema e pede ajuda.

Não será justo o conselheiro divulgar publicamente uma possível incapacidade


da pessoa para o exercício de uma função para a qual ela vier a ser indicada.
Evidentemente que se for um caso grave, como uma pessoa que tenha
tendências pedófilas sendo indicada para cuidar de crianças, o conselheiro
precisará agir. Mas isso exige cautela. A questão principal é de ordem pessoal:
não levar vantagem. Não impugnar a pessoa para um cargo ou função porque
tem outro nome que é seu preferido ou porque o ambiciona, etc. Deve se
lembrar também que Cristo pode transformar uma vida e que um pecado que
uma pessoa cometeu no passado não será, necessariamente, cometido outra
vez pela pessoa.

Aconselhamento pastoral na pós-modernidade

O aconselhamento precisa estar atrelado ao contexto e à cultura, o que não


significa que deva adotar seus valores e padrões e, sim, estar atento às
demandas que se levantam em cada época e aos temores que se apresentam.
Como destaca Ronaldo SathlerRosa (2004), as culturas orientam padrões
relacionais, valores, modelam costumes e a personalidade, além de serem
responsáveis por atribuição de sentido ao mundo. Um conselheiro que busca
ser relevante necessita conhecer os elementos que se destacam, a fim de
buscar questionamentos e respostas para enfrentá-los. O final do século XX e
o século XXI trazem mudanças para a prática do aconselhamento e, não
somente para ela, mas também para outras esferas. Eles trazem
transformações nas esferas econômica, política, tecnológica, como também
social e religiosa. Enrique Rojas (1996) destaca quatro valores desse contexto
que denominamos de pós-moderno: hedonismo, relativismo, consumismo e
permissividade. Esses elementos afetam a maneira de as pessoas se
relacionarem umas com as outras e também orientam suas ações, seus
pensamentos e sua ética. O autocentramento dificulta o contato das pessoas
umas com as outras ou se utilizam pessoas para se conseguir o que se
pretende, como se fossem objetos. Os valores são relativos e quase tudo é
possível na sociedade do consumo, da velocidade e da mídia. Ronaldo Sathler-
Rosa (2004) aponta outros elementos marcantes de nossa época:
impermanência, valorização das sensações, alterações nas relações de
trabalho, competitividade exacerbada.

Conforme Libânio (2002), vivencia-se nesse novo milênio o fim dos valores,
dos ideais e das instituições defendidas pelo Ocidente como família, revolução,
Estado, produção, consciência, sujeito, ciência, santidade, razão, ser humano,
Deus; e valorização de temas menores, como: desejo, loucura, sexualidade,
primitivo, lúdico, poesia, a crença como busca psicológica (autoajuda). Quanto
à religião, além do surgimento de novas instituições religiosas, há a retomada
do interesse pela mística e o crescimento do fundamentalismo e do trânsito
religioso.

O psicólogo José Paulo Giovanetti (2004) define a religiosidade pós-moderna


como motivada pelo desejo ou pela busca de satisfação das necessidades
subjetivas. Essa religiosidade valoriza a vivência e a experiência pessoal em
detrimento da tradição de uma instituição religiosa. Ou, como menciona Gilles
Lipovetsky (1983), vive-se sob o advento do homo psychologicus, em busca de
seu ser e do seu bem-estar, buscando a felicidade privada como resultado da
soma de uma lógica social individualista e uma lógica terapêutica e psicológica.
Essas constantes mudanças a que as pessoas são expostas geram
ambivalência que ameaça sua integridade psíquica e surgem: insegurança
quanto aos valores; incerteza quanto ao futuro; desilusão em relação aos
projetos de vida; desconfiança nas utopias.

Para Henri Nouwen (2001, p.20), o ser humano pósmoderno “perdeu a fé


natural nas possibilidades da tecnologia e está pesarosamente ciente de que
as mesmas forças que lhe permitem criar novos estilos de vida carregam em si
o potencial para a autodestruição”. Percebe-se como vítima da tecnologia e
falta-lhe sentido de continuidade, seu sistema de valores é instável e
experimenta, com freqüência, a apatia em que sua “mente está cismando com
os potenciais suicidas do seu próprio mundo”.

Nouwen descreve essa geração como órfã, interiorizada e convulsiva e


destaca três possibilidades para lidar com os conflitos suscitados por esse
tempo: o caminho místico, ou a valorização de experiências sobrenaturais com
Deus, o caminho revolucionário, ou a luta por melhorias sociais, e o caminho
cristão, que integra conversão e revolução como transformadores do mundo.

O caminho cristão continua sendo a possibilidade para lidar com os conflitos da


pós-modernidade. O aconselhamento é parte desse caminho. As igrejas
também são envolvidas pelo individualismo e demais valores pós-modernos.
Entretanto, como agentes do Reino de Deus, cabe a elas resgatar no ser
humano o seu senso de pertencimento, acolher, ser instrumento para que as
pessoas saibam conviver consigo mesmas e com os outros.

E como faz isso? Acolhendo, consolando, fortalecendo, aconselhando. Antes


de subir aos céus, o Senhor Jesus mostrou aos discípulos que a Igreja deveria
anunciá-lo e continuar Sua obra de curar (física e emocionalmente) de libertar
os oprimidos pelo diabo, de ensinar o evangelho do Reino (At 10:38). Paulo, na
carta aos Romanos, mostra qual deve ser o papel da Igreja (Rm 12:9-21; Rm
15:1-7): amor, serviço, acolhimento, solidariedade, suporte, consolo. Como
promover cura, restauração, consciência, respeito, dignidade e como ser
relevante no contexto pós-moderno? Essas são algumas questões a que o
aconselhamento pastoral busca responder. Em igrejas envolvidas pela cultura
da subjetividade, do consumo, do relativismo, da permissividade, da
velocidade, da instabilidade, como essa prática de cuidado pastoral pode se
tornar relevante? A pós-modernidade questiona o sentido de ser igreja. Itamar
Schlender menciona que, nesse contexto, a igreja local precisa ter um caráter
pós-individualista, valorizando a pessoa no interior da comunidade; ser pós-
racionalista, dando espaço para o encontro pessoal com Cristo; ser pós-
dualista, contemplando as pessoas em sua inteireza.11 Para isso, segundo
Ronaldo Satler Rosa (2004), a igreja precisa se relacionar com a vida pública,
em vez de se recolher em um pietismo individualista. As crises da teologia
devem receber atenção: fim da inocência da teologia, fim da teologia como
sistema que desconsidera os pobres, atenção ao mundo policêntrico
culturalmente. Aconselhar, na pós-modernidade, significa assumir-se como
comunidade terapêutica, que é aquela que promove cura, saúde ou bem-estar,
que está a serviço de outros, sem com que se atenha à lógica maniqueísta de
libertação de demônios. Sidnei Noé (2003) destaca que comunidade
terapêutica é aquela que se coloca a serviço dos outros, que sabe conviver
com a pluralidade e a diferença, ou seja, que assume um caráter diaconal. Ou,
no dizer de Sathler-Rosa (2004), que adota uma ação pastoral com redes de
cooperação, divulgação de informações, educação teológicopastoral, liturgia.

O EQUILÍBRIO DE UM LÍDER VERDADEIRO

O líder eclesiástico deve ter autoridade para aconselhar e uma firme


personalidade para não ser levado pelas emoções. É preciso ter também
domínio próprio para incorrer em faltas que venha desabonar sua conduta,
contradizendo seus conselhos. Já imaginou um conselheiro pessimista?
Dizendo que não há mais esperança, ou solução para o problema? Ou um
conselheiro que confessa está vivendo a mesma situação do aconselhado?! A
igreja tem mandamento para que cada um dos seus membros venha a se
reconhecer a grande capacidade do seu líder. Confira: 1ª Tessalonicenses 5:
12,13.
LIDERANÇA NA PERSPECTIVA CRISTÃ.

1. Liderança com base bíblica. A liderança na perspectiva bíblica também


envolve influência. O líder cristão, pois é aquele que foi escolhido e capacitado
para influenciar pessoas para fazerem a obra do Senhor, com disposição e
alegria.

2. Características da liderança cristã. Vejamos algumas características da


liderança cristã:

Procede de Deus. A base de toda liderança é o próprio Deus. Não há


autoridade que não foi constituída por ele (Rm 13.1), seja por sua vontade
permissiva ou determinativa. Essa é razão pela qual Paulo diz que os liderados
devem reconhecer aqueles que presidem/lideram (v. 12).

Deve ser exercida na dependência do Senhor. A liderança cristã difere da


liderança secular na medida em que deve ser exercida exclusivamente dentro
da orientação e dependência do Senhor. Moisés é um exemplo desse tipo de
liderança.

É vocacionada e voluntária. A liderança cristã não se resume ao cargo. Ela


provém de uma vocação; ou seja, o chamado divino (1 Co 7.20). Quando
alguém sem vocação é posto em cargo de liderança, a obra perece.

Requer dedicação, zelo e compromisso. A liderança bíblica exige trabalho,


cuidado e comprometimento (Ec 9.12; 2Co 11.2). Paulo disse que aquele que
preside/lidera, deve fazer com cuidado (Rm 12.8)

PRINCÍPIOS PARA LIDERANÇA CRISTÃ

1. Princípio do líder servo. Esse é o ponto central da liderança na perspectiva


bíblica. Líder é aquele que serve (Mt 23.11). A humildade é fundamental ao
líder cristão (Fp 2.3). Ser autêntico e não arrogante.
2. Princípio do exemplo. John Maxwell chama esse princípio de Lei da
Imagem. O melhor presente que um líder pode dar é o bom exemplo. Não
adianta falar, se não fazer. As pessoas compram o líder, depois a visão. A
grande maioria das pessoas são conduzidas pelo exemplo de seus líderes.
Josué aprendeu com o exemplo de Moisés; Eliseu, com Elias; os discípulos
com Jesus; Timóteo, com Paulo. “Sede exemplo para os fieis” (1Tm 4.12).

3. Princípio da comunicação. Uma boa liderança e trabalho em equipe precisa


de comunicação. O líder deve passar aos seus líderes suas ideias e projetos.
Mas, também deve ouvir as ideias dos liderados (Mc 4.9).

4. Princípio da motivação e do encorajamento. Líder é aquele que motiva e


encoraja os seus liderados para uma determinada tarefa. Neemias encorajou o
povo a reedificar o muros de Jerusalém (Ne 2.17). Davi deu forças e esperança
a um grupo de homens de perspectiva de vida (1 Sm 22).

5. Princípio do propósito e do planejamento. O líder precisa dar um sentido de


trabalho aos seus liderados, assim como planejar as suas atividades.

6. Princípio da formação de novos líderes. O verdadeiro líder forma novos


líderes (2Tm 2.2). Jesus recrutou, formou e enviou os seus discípulos.

7. Princípio do amor. A liderança cristã é dirigida pelo amor. O amor é sofredor,


é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se
ensoberbece; Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não
se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade
(1Co 13.4-6).

A IMPORTÂNCIA DO ACONSELHAMENTO NA VIDA DO LÍDER


ECLESIÁSTICO

A realidade pastoral e de liderança eclesiástica, demonstra o quão árduas


podem ser estas vocações. Entende-se que os vocacionados amam o
chamado por Deus para cuidar do rebanho. Os pastores apesar do cansaço,
não deixam de exercer o seu serviço com as pessoas. A exemplo disto, se
pode citar que em qualquer outro tipo de profissão há hora para início e fim em
suas atividades profissionais, férias e dias de descanso.

Ao contrário os pastores não negam ajuda quando solicitados em sua hora de


descanso, como telefonemas na madrugada e etc. Por isso pressupõe-se e
urge a necessidade do cuidado com estado físico e emocional destes.

Os pastores precisam recarregar suas energias, ou seja, sua bateria. Garry


Collins, afirma que o cuidar de pessoas como: ouvir, orientar e ensinar causa
certo desgaste emocional, levando em conta que durante o aconselhamento o
pastor deva desenvolver a empatia. Se ele não reabastecer-se, certamente, há
certo tempo terá um colapso, visto que o pastor é um conselheiro em tempo
integral. “Ninguém consegue fazer tudo, e ninguém consegue dar
indefinidamente.

Tentar fazer isso é um dos motivos do esgotamento físico e da aridez espiritual.


Para evitar que isso aconteça, precisamos recarregar as baterias” (COLLINS,
2004, p.668). Portanto é importante refletir sobre a instrumentalidade do
aconselhamento e as questões que ele pode tratar e garantir apoio à vida dos
líderes eclesiásticos e pastores.

O aconselhamento é importante por ser um instrumento que ajuda o líder


eclesiástico a desabafar as suas queixas e ao mesmo tempo ter alguém que
possa direcioná-lo, ou até mesmo confrontá-lo no sentido de ajudar a enxergar
suas deficiências e dificuldades. O aconselhamento para os líderes e pastores
se instrumentaliza e tem importância como uma válvula de escape, alguém
com quem ele possa desabafar; ser ele mesmo e confidenciar suas limitações,
desejos, frustrações, sonhos, culpas e medos sem a preocupação de ser
julgado e até mesmo ser mal visto.

Ter o direito de ser “humano” como qualquer outra pessoa. Assim, o


aconselhamento é essencial para tratar pastores e líderes em suas
necessidades mais profundas.
AS CRISES NO ACONSELHAMENTO

Á medida que avançamos na vida, a maioria de nós tem um comportamento


bastante consistente. Como é natural, todos experimentamos altos e baixos
espirituais e temos às vezes de aplicar um esforço extra para tratar de
emergências ou problemas inesperados, mas ao nos aproximarmos da idade
adulta, cada um de nós desenvolve um repertório de soluções de problemas
baseado em sua personalidade, treinamento e experiências passadas. Usamos
repetidamente essas técnicas e conseguimos assim enfrentar com sucesso os
desafios da vida. Surgem, porém, às vezes, situações mais graves que
ameaçam nosso equilíbrio psicológico. Essas situações, ou acontecimentos da
nossa existência são também chamados de crises. Elas podem ser esperadas
ou inesperadas, reais ou imaginárias, factuais (como quando um ente querido
morre) ou potenciais (como quando parece que um ente querido possa vir a
morrer logo).

INTERVENÇÃO NAS CRISES

O aconselhamento em situações críticas tem vários objetivos: ajudar a pessoa


a enfrentar eficazmente a situação difícil e voltar ao seu nível comum de
comportamento; diminuir a ansiedade, apreensão e outros tipos de insegurança
que possam persistir depois de ter passado a crise; ensinar técnicas para a
solução de crises, a fim de que a pessoa fique melhor preparada para
antecipar e tratar das crises futuras; e considerar os ensinos bíblicos sobre as
crises, a fim de que a pessoa aprenda com as mesmas e cresça como
resultado dessa experiência.

Ao ajudar as pessoas a enfrentarem as suas crises, as diferenças entre os


indivíduos precisam ser reconhecidas. Ao manter essas diferenças em mente,
o conselheiro pode ajudar de diversos modos.

1-Fazer Contato As pessoas em crise nem sempre procuram a ajuda de um


conselheiro. Na maioria das vezes somos nós que devemos nos aproximar
delas, mostrando cordialidade, compreensão e interesse genuínos.
2-Reduzir a Ansiedade Os modos calmos e descontraídos do conselheiro
podem ajudar a reduzir a ansiedade do aconselhado, especialmente quando
esta calma é acompanhada de segurança. Ouça com paciência e atentamente
enquanto o aconselhado descreve a sua situação.

3-Focalizar os Problemas Em épocas de crise é fácil ser vencido pelo que


parece um amontoado de fatos e problemas confusos. Ajude o aconselhado a
decidir quais as questões específicas que devem ser enfrentadas e os
problemas a serem resolvidos.

4-Avaliar os Recursos A disposição do conselheiro em prestar ajuda é um


recurso importante para o aconselha do em crise, mas existem outros. Os
recursos espirituais incluem a presença interior e a orientação do Espírito
Santo. Os recursos pessoais incluem as habilidades e capacidade intelectual
do aconselhado, sua experiência passada e motivação. Os recursos
interpessoais referem-se a pessoais, - amigos, família, comunidade e membros
da igreja que queiram prestar serviço; estes, no geral seriam realmente de
auxílio caso tivessem conhecimento da necessidade. Os recursos adicionais
podem incluir dinheiro e outros auxílios tangíveis de que se possa dispor,
período de tempo que resta antes da tomada de decisões, assim como ajuda
legal, médica, psicológica, financeira, educacional e outras oferecidas pela
comunidade.

5-Planejar a Intervenção- Depois de avaliar o problema e considerar os


recursos disponíveis, é interessante decidir sobre um curso de ação que
pergunte especificamente: "O que faremos agora?". O conselheiro e o
aconselhado devem examinar juntos os fatos apresentados e fazer uma lista
dos vários cursos de ação alternativos.

6-Encorajar - Ação Certas pessoas são capazes de decidir qual a melhor


atitude a tomar e depois ficam com medo de prosseguir com o plano. O
conselheiro deve, portanto, encorajar o aconselhado a agir, avaliar o seu
progresso, e modificar os planos e atos sempre que a experiência indicar a
sabedoria desta atitude.
7-Instilar Esperança- Em todo aconselhamento é mais provável haver melhora
quando é transmitido ao aconselhado um senso realista de esperança para o
futuro. A esperança traz alívio ao sofrimento, baseado numa crença de que as
coisas serão melhores no futuro. A esperança nos ajuda a evitar o desespero e
liberta a energia para enfrentar a situação de crise.

8-Interferir no Ambiente- Ás vezes é necessário modificar o ambiente do


aconselhado - encorajando outros a orar, dar dinheiro ou suprimentos, fornecer
ajuda prática, ou assistir de qualquer outra forma a pessoa em crise.

9-Acompanhamento -O aconselhamento em tempos de crise é, no geral, de


curta duração. Depois de uma ou duas sessões o aconselhado volta à rotina da
vida e não continua com a terapia. Mesmo quando o aconselhamento não é
mais necessário, tal interesse de "acompanhamento" pode encorajar o
aconselhado e fazê-lo lembrar-se de que alguém ainda se importa com ele.

ACONSELHANDO NOS VÁRIOS CICLOS DA VIDA

A vida tem várias fases e cada uma com os seus problemas característicos.
Chamamos a estas fases as estações da vida. Em todo o tempo o conselheiro
é procurado e tem uma missão importante a cumprir. No casamento, no
nascimento dos filhos, na adolescência, na doença, no funeral, etc., o
conselheiro cristão deve estar presente para guiar e confortar os necessitados,
O casamento é uma das transições mais difíceis na vida.

Os cônjuges têm de deixar os pais e juntarem-se no mesmo ninho. Além disso


trazem todas as características dos seus antepassados. Por conseguinte há
necessidade de negociar com ambas as partes e fazer acertos neste aspecto
de forma a aproximar um do outro. É também necessário ajudar a especificar o
papel de cada um segundo o modelo bíblico.

E, ainda, estimular a prática da comunicação eficaz a fim de evitarem a


provocação de tensões.

A educação das crianças é fator fundamental para que haja uma família íntegra
e sã. Geralmente, os filhos são o reflexo dos seus pais. Eles carregam as
alegrias, tristezas, discórdias , problemas que deixam marcas para a vida.O
conselheiro tem de alertar os pais que as crianças têm sentimentos e
necessidades várias, tais como: Aceitação, significado, segurança, elogios,
disciplina, e fé em Deus. Adolescência e juventude é o período da vida das
grandes transformações.

É a mudança física, emocional, intelectual, sexual e social. Há, portanto,


necessidade de ajudar o jovem a adaptar-se à sua nova situação através de
informações corretas e conselhos para superar as crises próprias da idade.
Doença e luto são fases da vida que trazem interrogações, tristezas, dor,
insegurança e desânimo.

O conselheiro cristão deve inspirar fé, esperança e consolação, usando trechos


bíblicos apropriados para cada caso. Além disto, promete que vai orar a Deus
pelo assunto.

A Missão, os Fundamentos Bíblicos e a Unicidade da Poimênica e do


Aconselhamento Pastoral.

O texto inicia com uma citação de Paul E. Johnson falando da inconstância da


humanidade e da sociedade como o meio onde acontece o trabalho da
poimênica, fazendo uma ponte com a última parte do capítulo anterior onde fala
das placas em movimento. Para falar da missão da poimênica Clinibell define
mais uma vez o seu sentido como “uma resposta à necessidade que cada
pessoa tem de calor, sustento, apoio e cuidado”. Quanto ao aconselhamento
pastoral sua missão é ser uma continuação da poimênica reparando o seu
trabalho de uma forma mais específica no tratamento de pessoas que
procuram ajuda em meio a suas crises.

O ministério do aconselhamento pastoral tem sua contribuição ímpar para a


cura e libertação de vidas. Além do conhecimento de técnicas terapêuticas o/a
pastor/a conta com um arsenal de conhecimentos bíblicos que são úteis no
aconselhamento. É possível fazer teologia através da poimênica e do
aconselhamento com insights de exemplos bíblicos de pessoas que passaram
por situações semelhantes ao/à aconselhando/a e outros textos que servem de
inspiração em momentos de angústia.

A Bíblia é um livro que fala de Deus para o ser humano pode e deve ser usada
no aconselhamento por que:

A Bíblia é fonte do imaginário ocidental (judaico-cristão) por isso comunicam de


forma eficaz na sua linguagem quanto aos valores, costumes e a própria
herança histórica e religiosa;

O diálogo com insights bíblicos ajuda o/a conselheiro/a ter atitudes e


consciência de cura e crescimento; Principalmente se as histórias da Bíblia
fazem parte das verdades consagradas na mente da pessoa, o uso de
imagens bíblicas pode avivar de forma criativa essa esperança na mentes
dessas pessoas;

A Bíblia tem uma concepção de integralidade maior do que a cultura atual e até
mesmo que as ciências atuais. Conceitos bíblicos podem ser utilizados para
criticar, corrigir e enriquecer esta falta de concepção da integralidade humana.

Devido à fragmentação dos conhecimentos humanos em diversas


especialidades nas quais visam aprofundamento específico de uma área, o
mundo sofre de miopia e não consegue observar-se na sua integralidade. Os
paradigmas bíblicos presentes em personagens judaico-cristãos são
instrumentos para a reconstrução da auto-imagem e consciência de si mesmo.

A PSICOTERAPIA E ACONSELHAMENTO

A psicoterapia visa ajudar o cliente a obter melhor compreensão de si mesmo


para orientá-lo na solução de seus problemas vitais. Pôr este motivo, alguns
autores consideram o aconselhamento psicológico como psicoterapia, inclusive
Carl Rogers.
O aconselhamento é usado em meios educacionais, sociais, espirituais e
emocionais.
A psicoterapia é usada nos meios psicológicos e clínicos, pôr psicólogos
clínicos, psicanalistas clínicos e psiquiatras.
Ambos representam uma série de contatos com o cliente, visando uma
mudança de atitude ou de comportamento.
Existem pessoas como Strang que tem dificuldades em diferenciar
aconselhamento, de psicoterapia. Pois ambos pretendem ajudar o cliente a
obter um nível mais elevado de desenvolvimento pessoal e social.

Williason e Tyler, fazem diferença entre aconselhamento e psicoterapia, a


saber:

1. O aconselhamento visa ajudar o cliente, na tomada de uma decisão, e


envolve, muitas vezes, informações objetivas que permitem o cliente utilizar
melhor seus recursos pessoais.

2. A psicoterapia atua em nível mais profundo, e tem como finalidade, ajudar o


cliente desajustado ou neurótico, a reestruturar sua personalidade.

Psicanálise e psicologia na prática do aconselhamento pastoral –


contribuições e diferenças

Importa que o conselheiro use da melhor forma possível as descobertas


freudianas sobre o aparelho psíquico. Ao saber ouvir e falar, e dotado do
conhecimento que possibilite ao aconselhando sentir-se acolhido, e ao mesmo
tempo impulsionado para a cura, o conselheiro cristão não deve temer a
ciência psicanalítica.

Como outros terapeutas que atuam nas ciências psicológicas e mentais, ele
deve encarar o fato de que o desconhecimento técnico psicológico é a maior
causa de fracassos em gabinetes pastorais, porque de alguma forma
perpetuou-se o mito de que doenças mentais são doenças não orgânicas,
produzidas por falta de algum componente químico necessário ao corpo
humano, ou mais arcaicamente como manifestações de entidades do mal, que
se apoderam de corpos, mentes e saberes com o fim único de literalmente
infernizar o homem em vida.

Procuramos, para tanto, traçar um paralelo entre psicanálise, psicologia e


aconselhamento pastoral, servindo-nos do trabalho de estudiosos tanto da área
das ciências psicológicas quanto da teologia, como Freud, Scheefer, Rizzuto,
Foucault, Augé, Garcia Rúbio, Aletti, Tillich, Morano, Browning, Schneider-
Harpprecht, Lothar Carlos Hoch e Boff, dentre outros. Essa composição de
diferentes áreas objetiva o alcance do entrelaçamento das diferentes correntes
terapêuticas que visam à audição de aconselhandos, crentes ou não.

A prática do aconselhamento pastoral utilizando a psicanálise.

Mais um recurso a favor do aconselhando na prática do aconselhamento


pastoral os limites com o método psicanalítico devem estar bem claros para o
conselheiro cristão.

O entendimento desses limites sem preconceitos fossilizados e tradições


ultrapassadas pode contribuir no atendimento ao aconselhando, possibilitando-
lhe atendimento equilibrado e cristão. Não é pelo fato de Freud se dizer ateu
que toda a sua pesquisa sobre o inconsciente deva ser desvalorizada. Sua
seriedade, cientificamente comprovada em grande parte de sua clínica, tornou
o material adquirido e registrado um tesouro precioso para gerações futuras.

Ao ler Freud, entenderemos a responsabilidade que pairava sobre o pai da


psicanálise ao falar de assuntos ligados ao inconsciente, à psique humana e à
possibilidade de as mais diversas doenças se desenvolverem a partir da má
orientação educacional, social e, por que não dizer, religiosa.

PSICOLOGIA OU ACONSELHAMENTO BÍBLICO

A Psicologia Secular, que se baseia principalmente nos ensinamentos de


Sigmund Freud, Carl Jung e Carl Rogers, não se encaixa bem com os
aconselhamentos bíblicos. O mesmo deve ser analisado quanto ao chamado
“Aconselhamento Cristão”, que tem a Psicologia Secular como sua base e não
a Bíblia. Isto não quer dizer que alguém chamado de cristão não possa ser um
conselheiro bíblico, mas a tendência dos conselheiros Cristãos é se utilizar da
Psicologia Secular como o seu modo de ação.

A Psicologia é definida como uma disciplina acadêmica que envolve o estudo


científico dos processos mentais e de comportamento, bem como a aplicação
desse conhecimento para as várias esferas da atividade humana.

A Psicologia é humanista por natureza e o Humanismo afirma o valor e a


dignidade de todos os povos com base na capacidade de determinar certo e
errado através das qualidades humanas universais, especialmente a
racionalidade. Humanismo rejeita a fé que não se baseia na razão, assim como
o sobrenatural e a Bíblia.

Portanto, a Psicologia é a forma do homem tentar compreender e reparar o seu


lado espiritual, sem qualquer referência ou reconhecimento do espiritual. A
Bíblia declara que a humanidade teve um início diferente do que qualquer outra
coisa criada. O homem foi feito à imagem de Deus e Deus soprou no homem (e
só no homem) o fôlego da vida, transformando o homem em uma alma viva.
(Gênesis 1:26; 2:7)

Na sua essência, a Bíblia trata da espiritualidade do homem, da sua queda em


pecado no Jardim do Éden às consequências que se seguiram, particularmente
no que diz respeito à relação do homem com Deus. Assim, é o resultado da
queda ? o pecado ? que nos separa de Deus e que exige um Redentor para
restaurar essa relação.

A Psicologia Secular, por outro lado, baseia-se na idéia de que o homem é


basicamente bom e a resposta para seus problemas reside dentro de si
mesmo. Com a ajuda do psicoterapeuta, e muitas vezes do conselheiro
Cristão, o paciente se aprofunda no labirinto da sua própria mente e emoções e
“lida com todos eles” a fim de sair do outro lado de uma forma mais saudável,
por ter descoberto a causa das suas dificuldades.

A Bíblia, no entanto, pinta um quadro muito diferente da condição do homem.


Ele está “mortos nos vossos delitos e pecados” (Efésios 2:1) e “enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?”
(Jeremias 17:9). Ele é a vítima do que é chamado de “depravação total”. Para
mergulhar em uma mente que está à procura da saúde mental é um exercício
de futilidade, muito semelhante a tentar encontrar uma rosa crescendo no
fundo de uma fossa.

O homem foi criado inocente, mas ele pecou contra Deus. Esse pecado mudou
o primeiro homem, Adão, e todos os que vieram depois dele. O resultado foi
morte física e espiritual. (Gênesis 2:17, 5: 5; Romanos 5:12, Efésios 2:1)

A resposta para os problemas espirituais do homem é nascer de novo, quer


dizer, estar espiritualmente vivo (João 3:3, 6-7; 1 Pedro 1:23). O homem nasce
de novo ao confiar em Jesus Cristo, que significa compreender que Ele é único
Filho de Deus e o Deus Filho (João 3:16, João 1:1-3). Significa entender e
acreditar que Jesus pagou pelos nossos pecados quando morreu na cruz, e
que Deus demonstrou ter aceitado Cristo como um sacrifício por nós ao
ressuscitar Jesus dentre os mortos (Romanos 4:24-25).

Conselheiros bíblicos, ao contrário de Psicoterapeutas e muitos “Conselheiros


Cristãos”, enxergam a Bíblia – e só a Bíblia – como a fonte de uma abordagem
abrangente e detalhada para compreender e aconselhar pessoas (2 Timóteo
3:15-17; 2 Pedro 1:4). Aconselhamento Bíblico tem como objetivo deixar com
que Deus fale por Si mesmo através da Sua Palavra, assim como aprender a
manejar a Palavra da Verdade corretamente (2 Timóteo 2:15). Aconselhamento
Bíblico segue a Bíblia e procura ministrar o amor do Deus verdadeiro e vivo,
amor este que lida com o pecado e produz obediência (1 João).

Psicoterapia e muito do aconselhamento Cristão são baseados em


necessidades. As necessidades de autoestima, de amor, de aceitação e de
importância tendem a dominar. Acredita-se que se essas necessidades forem
satisfeitas, as pessoas serão felizes, gentis e morais; se não forem satisfeitas,
as pessoas vão ser miseráveis, odiosas e imorais.

A Escritura ensina que é Deus, e não nós, quem muda os nossos desejos e
que a verdadeira felicidade só pode ser encontrada através do desejo por Deus
e de viver uma vida que Lhe agrada. Se as pessoas almejam a autoestima,
amor e significado, elas vão ser felizes se recebem o que querem e miseráveis
se não.

Uma coisa é certa: elas continuarão sendo focalizadas em si mesmas em


ambos os casos. Por outro lado, se as pessoas desejam a Deus, o Seu reino,
Sua sabedoria e a glória da ressurreição, elas serão realmente satisfeitas,
alegres, obedientes e bons servos de Deus.

Embora psicoterapeutas seculares tentem ajudar o paciente a encontrar dentro


de si mesmo o poder para satisfazer suas próprias necessidades, para a
maioria dos psicólogos cristãos, Jesus Cristo é quem tem o poder para cuidar
das necessidades e das feridas do psiquismo. O paciente é apenas convidado
a perceber o quanto ele é amado por Deus, e a cruz demonstra apenas como
ele é precioso para Deus, a fim de aumentar sua autoestima e para satisfazer a
sua necessidade de ser amado.

Mas na Bíblia, no entanto, Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus crucificado no


lugar dos pecadores. O amor de Deus realmente acaba com a busca
incessante da autoestima. Ele produz, em vez disso, uma grande e grata
estima pelo Filho de Deus, o Cordeiro digno de louvor, o qual nos amou e deu
a Sua vida por nós. O amor de Deus não atende às nossas luxúrias de ser
amado como nós somos. Ele acaba com esse desejo enganador a fim de nos
amar apesar de quem realmente somos e para nos ensinar a amar a Deus e ao
próximo (1 João 4:7-5:3).

Quando uma pessoa pecaminosa procura por um psicólogo secular ou um


conselheiro cristão a fim de satisfazer suas necessidades ou para alcançar
felicidade, autoestima e satisfação, ele vai inevitavelmente sair desse
aconselhamento se sentindo vazio. Jesus disse que temos que morrer para nós
mesmos e nascer de novo. Quando nos aproximamos d’Ele, devemos ter a
intenção de colocar de lado a velha natureza, não só consertá-la, e de nos
vestir da nova natureza, a natureza que vive para Cristo e que procura servir a
Ele e a outras pessoas por amor ao que Ele fez.
PSICANÁLISE E TEOLOGIA

Perceber a relação entre psicanálise e teologia pode contribuir para a


melhor qualidade da escuta durante a sessão de aconselhamento pastoral,
pois os dois métodos terapêuticos estão interessados em eliminar ou, pelo
menos, minimizar o mal-estar do aconselhando. Foi isso que Pfister descobriu
e registrou em uma carta enviada a Freud , no dia 18 de fevereiro de1909,
expressando sua alegria: “Foi para mim uma grande satisfação saber, através de
sua comunicação, que entendi corretamente a tarefa da psicanálise, de ser, no
fundo, um método de cura de almas”.

Observamos então que teologia e psicanálise estão imbuídas de um


sentimento que tem como princípio dignificar o ser humano, tratando-o de tal
forma que os desconfortos e angústias não sejam relegados a um plano
irrelevante na composição da qualidade de vida do homem.

Quando tratamos a audição psicanalítica desenvolvida por Freud como


instrumento à disposição do conselheiro cristão, não incorremos na
ingenuidade de aceitar toda a
teoria psicanalítica freudiana como isenta de aspectos antagônicos a essa fé. A
o contrário, porentendermos que o modelo de terapia estudado e desenvolvido
por Freud contribui para a qualidade do trabalho do conselheiro cristão, e que a
escuta e a habilidade para lidar com as mais variadas demandas do gabinete
pastoral podem ser subsidiadas pela técnica psicanalítica freudiana é que
buscamos o aporte da psicanálise.

Saber ouvir é, portanto, primordial tanto para analistas quanto para


conselheiros. O que seria, então, para o conselheiro cristão, praticar a audição
considerando a psicanálise como possibilidade? Segundo Mario Aletti, saber
escutar deve estar isento de qualquer parcialidade
possível. E é essa neutralidade que permitirá ao conselheiro escutar com maior
clareza o aconselhando por meio de um discurso muitas vezes obscuro para
este. A análise daverbalização do aconselhando exige do conselheiro o
entendimento da diferença entre dois verbos: ouvir e escutar.

Essas duas palavras podem parecer sinônimas. Das conotações encontradas


no dicionário Houaiss para os dois termos, destacamos as seguintes: ouvir é
“perceber

(som, palavra) pelo sentido da audição; escutar

Escutar é “estar consciente do que está ouvindo,ficar atento para ouvir, dar
atenção a”.

Portanto, escutar é um ato mais profundo do que simplesmente ouvir, estando


implícito nesse ato que quem escuta está “consciente” do que se diz, o que
nem sempre está claro num gabinete pastoral ou set analítico para o que fala.
Quem fala pode repetir histórias,narrar fatos, exprimir vivências sem, contudo,
perceber o que subjaz ao dito e tem valor importante na conduta e
no comportamento.

O PASTOR PSICANALISTA E O ACONSELHAMENTO PASTORAL

O pastor interessado no estudo da psicanálise e no véu do inconsciente que


ela remove entende que o método psicanalítico não deve influenciar em nada a
suaconduta de conselheiro, já que o conselheiro cristão, mesmo psicanalista, s
abe estabelecer os limites entre a própria prática de aconselhamento pastoral,
que obedece às relações entre fé e prática, e o método psicanalítico
freudiano.A mente humana é um dos mistérios que a ciência não conseguiu
decifrar por completo, mas o método psicanalítico tem contribuído para que o
ser humano possa se encontrar em meio ao turbilhão de conceitos,
descobertas, terapias e manifestações tão antagônicas de religiosidade. Esse
antagonismo relaciona-se aos mais diferentes cultos e formas de organização
que surgiram no último século. Formas que não se limitam sugerir o que fazer,
mas que buscam uniformizar o pensamento e as atitudes das mais variadas
sociedades da dita aldeia global.
Dons Espirituais no Processo de Aconselhamento

Os dons do Espírito Santo também são recursos valiosos para o conselheiro,


particularmente para aqueles que são pentecostais ou carismáticos. Em 1
Coríntios 12:7-12, o apóstolo Paulo define três conjuntos de dons espirituais.
Os dons da mente incluem a palavra da sabedoria, palavra da ciência e o dom
de discernir espíritos. Três dos dons são verbais: variedade de línguas,
interpretação de línguas e profecia. Finalmente, existem os dons de poder: fé,
operação de milagres e dons de curar. Todos estes enriquecem
sobrenaturalmente o aconselhamento. Os capítulos 12-14 da primeira carta aos
Coríntios tratam do uso ordenado desses dons na adoração pública e na vida
privada do crente. Uma compreensão bíblica de como esses dons funcionam
no relacionamento de aconselhamento pode nos capacitar a ser conselheiros
mais eficazes.

Discernimento de Espíritos

Os dons da mente podem aumentar grandemente o processo diagnóstico. Um


clínico treinado desenvolve habilidades em suas percepções visual, auditiva e
tátil quando diagnostica os problemas de uma pessoa. Quando o dom de
discernimento de espíritos se torna parte deste processo, a capacidade
diagnóstica é levada a um patamar superior. A abordagem secular ao
aconselhamento vê a atividade mental atual de uma pessoa como um
desenvolvimento natural da interação entre sua história pessoal, as
circunstâncias atuais da vida e os processos neuroquímicos do cérebro. Não
existe reconhecimento de nenhum impacto espiritual ou sobrenatural neste
processo. Apesar de os conselheiros cristãos reconhecerem o papel importante
desses elementos naturais na atividade mental de uma pessoa, acreditamos
que é principalmente o espírito da pessoa que dirige o processo mental.

O ato de pensar é sempre uma guerra espiritual. Discernimento de Espíritos Os


dons da mente podem aumentar grandemente o processo diagnóstico. Um
clínico treinado desenvolve habilidades em suas percepções visual, auditiva e
tátil quando diagnostica os problemas de uma pessoa.
Quando o dom de discernimento de espíritos se torna parte deste processo, a
capacidade diagnóstica é levada a um patamar superior. A abordagem secular
ao aconselhamento vê a atividade mental atual de uma pessoa como um
desenvolvimento natural da interação entre sua história pessoal, as
circunstâncias atuais da vida e os processos neuroquímicos do cérebro. Não
existe reconhecimento de nenhum impacto espiritual ou sobrenatural neste
processo. Apesar de os conselheiros cristãos reconhecerem o papel importante
desses elementos naturais na atividade mental de uma pessoa, acreditamos
que é principalmente o espírito da pessoa que dirige o processo mental

O ato de pensar é sempre uma guerra espiritual.

Em 1 Coríntios 6:19 e 20, Paulo deixa claro que o propósito do corpo é


manifestar a presença de Deus na terra. Em Romanos capítulos 6 e 7, porém,
Paulo reconhece o papel poderoso do pecado tentando fazer com que nosso
corpo sirva ao mal. Em Romanos 6:16, ele declara o dilema humano: “Não
sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse
mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da
obediência para a justiça?”

Ao mesmo tempo em que vida eterna estimula a mente a entreter desejos,


fantasias e ideias que resultariam em expressão de vida divina, o pecado
estimula a mente a entreter desejos, fantasias e ideias que resultariam em
expressão do mal. A vontade humana se encontra no meio desta batalha.

A vontade determina a expressão da mente ou do espírito à medida que


escolhas são transmitidas através do cérebro para serem expressas no corpo.
Observando as atitudes e o comportamento expressados através do corpo de
uma pessoa, pode-se determinar a influência espiritual que está ganhando na
batalha pela vontade dela.

O dom de discernir espíritos é uma ferramenta valiosa para o conselheiro


cristão para ajudar a entender o status atual da batalha espiritual do
aconselhado. O clínico não deixa de lado suas habilidades neste processo; ao
contrário, o Espírito Santo os amplia.
Avaliando o Aconselhamento Cristão Competente

Para avaliar um aconselhamento Cristão competente o pastor precisa verificar


se o aconselhado alcançou os resultados esperados. É importante verificar o
que você esperava. O que funcionou e o que não funcionou? O aconselhado
progrediu na obtenção de seus objetivos? Você percebe os efeitos de uma vida
transformada e o desenvolvimento de novos e bons hábitos? Você percebe o
fruto do Espírito na vida do aconselhado (Gl 5:16-26)? Você vê o aconselhado
tomando decisões que negam o antigo “eu” e reforçam o novo? Ele evita a
imoralidade, o egocentrismo e os vícios? Ele desenvolve afeição pelos outros,
prazer em viver e serenidade? Existe o desejo de perseverar nas as coisas de
Deus? Existe compaixão em seu coração? Resumindo, o aconselhado ama as
coisas que Deus ama e rejeita as coisas que Deus rejeita? Ele se entristece
com as coisas que entristecem o Espírito Santo? Por causa da sua
dependência no Santo Espírito, o pastor deve esperar progresso sobrenatural
em situações difíceis no aconselhamento.

O aconselhamento Cristão competente depende do Espírito Santo para dar


poder, conforto e discernimento. O pastor é um canal importante através do
qual o Espírito Santo ministra efetivamente às antigas feridas do aconselhado,
provê capacitação para as lutas da vida atual e oferece esperança para um
futuro glorioso.

A Ética Cristã no aconselhamento pastoral

As pessoas necessitam de valores e sentidos sadios para serem sadias. A


epidemia de confusão moral e distorção de valores existentes em nossa
sociedade é a sementeira na qual se criam muitos dos problemas que atingem
as pessoas, levando-as a buscarem aconselhamento e terapia. Muitas pessoas
que procuram assistência pastoral para problemas pessoais sofrem de
consciências distorcidas. Muitas vezes, elas não estão conscientes das raízes
éticas de sua dor. Em nossa sociedade, os líderes cristãos precisam
desenvolver aptidões eficazes para guiar as pessoas através dos valores éticos
centrados na Bíblia Sagrada (Sl 119: 9-16).

Ajudar as pessoas a avaliar seus valores e seu estilo de vida, de cura e


restauração, constitui o cerne do processo de maturação. A Igreja é chamada a
ser uma comunidade de orientação e formação moral.
O papel dos líderes é ajudar a criar os valores normativos de conduta e
contribuir com o amadurecimento da congregação através do aconselhamento.
A sabedoria bíblica sobre valores éticos e saúde moral constituem-se uma
parte inestimável dos subsídios referentes ao processo de tomada de decisões
no aconselhamento. É triste, mas é verdade que, "na estrutura e no rítmo da
vida de modernas congregações, não há lugar onde se esperar uma discussão
séria sobre o estado de nossa alma" (Ez 34:4; Pv 24:11,12).

A culpa gerada por alienação do próximo é uma forma de problema humano


com que o ministério pastoral tem tido uma familiaridade mais longa e
profunda. Em parte por insistir em que relacionamentos humanos rompidos
implicam uma ruptura no relacionamento do homem com seu Criador (Is 59:2).

O ministério local deve tratar a necessidade humana de reconciliação com


muita seriedade (Ec 12:13). A função de reconciliar, combinada com a de curar
é a melhor esperança para uma igreja que anseia por uma maior
transformação (2ª Co 5:18,19).

Infelizmente, muitos conselheiros cristãos não levam a culpa tão a sério quanto
justificam seus efeitos destrutivos. Ao rejeitar o moralismo legalista como
destrutivo e não-cristão, os líderes devem descobrir quais os métodos eficazes
para resolver o problema da culpa e ajudar as ovelhas a desenvolver
consciências sadias e construtivas (Sl 32:1-11; Hb 13:17). É imperativo que
assim façam, pois um sentimento de culpa segue muitos crentes como uma
sombra, quer ele o saiba, quer não. A culpa é, certamente, o fator cruscial nos
problemas de muitas das pessoas que procuram ajuda pastoral (Sl 51:1-10).

As igrejas têm a responsabilidade de cuidar dos crentes, de fazê-los discípulos,


alimentá-los com a Palavra e protegê-los: "Olhai, pois, por vós, e por todo o
rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes
a igreja de Deus, que Ele resgatou com seu próprio sangue" (At 20:28). Deste
modo, o aconselhamento deve fazer sempre parte do exercício ministerial.

Aconselhamento Espiritual Como e por que fazer jejum?


Quando buscamos a Deus com jejum e oração, não mudamos a mente de
Deus, mas a nossa. O jejum nos faz mais aptos para receber, do que faz Deus
mais pronto a conceder.

Temos exemplos vívidos do poder que advém do jejum, na vida de homens


como Moisés que jejuou 40 dias (Êxodos 34:28), Esdras – 3 dias (Esdras 10:6),
Elias – 40 dias (1 Reis 19:8), Daniel – 21 dias (Daniel 10:3), Paulo – 3 dias
(Atos 9:9), Cristo – 40 dias (Lucas 4:2). Quando estas pessoas passavam dias
sem se alimentarem, ou noites gastas em oração, voltavam desses períodos
mais fortalecidos do que antes, mais dispostos do que se tivessem gasto estas
horas dormindo. Eles foram verdadeiramente sustentados pela companhia do
Senhor.

Contudo, há vários pontos sobre o jejum que devemos considerar, para que
tenhamos uma visão completa e coerente sobre esta importante prática do
viver cristão.

Primeiramente, devemos compreender quais são os objetivos do jejum. De


acordo com a orientação e exemplos conhecidos da Palavra de Deus,
descobrimos os seguintes objetivos:

1º Ter a mente desimpedida da sobrecarga que o processo digestivo exige,


para facilitar a comunhão, a meditação e a reflexão com Deus.

2º Mostrar a Deus e provar para nós mesmos, que aquilo que pedimos, ou as
vitórias que almejamos, são realmente de suma importância para nós. Muitas
vezes não sabemos exatamente o que queremos, e num período de jejum,
nossa mente se abre, ouvimos o nosso próprio coração e a voz de Deus, que
nos convence da necessidade ou não, daquilo que desejamos.

3º Separar um momento especial que nos desligue do trivial e secular, e nos


coloque numa atmosfera mais intensamente espiritual.

4º Adquirir mais disciplina e controle sobre nossos desejos e nossa vontade.


Quando dominamos nosso apetite, assumimos um domínio saudável sobre
nossa vontade, colocando-a em submissão à vontade divina.
5º Conceder ao sistema digestivo uma pausa para descanso. Muitas
enfermidades podem ser evitadas e até curadas, com um período saudável de
abstenção de alimentos.

6º Acima de tudo, nos colocar num íntimo e intensivo contato com Deus.
Quando perturbado pela tentação, quando em necessidade de vencer um
pecado acariciado, ou um hábito por anos arraigado, quando diante de uma
grande provação, ou uma importante decisão, nada poderá ser mais efetivo em
nossa vida do que estar bem perto de Jesus através do jejum e oração.

Agora, quanto à duração do jejum, não podemos estabelecer o mesmo tempo


para todas as pessoas, pois o mesmo depende da constituição e do estado
físico de cada um. Existem então alguns fatores que devemos levar em
consideração, antes de estabelecermos um período de jejum que seja mais
adequado com a nossa realidade.

1º O estado de saúde. Para que o jejum tenha o efeito desejado, a pessoa tem
que estar bem fisicamente, pois caso contrário vai debilitar tanto a pessoa, que
ela não terá disposição para comungar com Deus.

2º A constituição física. Nem todos podem suportar um jejum de 24 horas,


devido sua estrutura física. Uma pessoa muito magra, desnutrida, ou mal
desenvolvida não pode passar por um período longo sem se alimentar.

3º A atividade física. Uma pessoa que exerce um trabalho braçal, tem


necessidade alimentícia diferente de uma pessoa de vida sedentária.

Levando tudo isto em consideração, podemos então estabelecer os motivos e a


duração do jejum, obedecendo os critérios acima mencionados. Sendo assim,
a duração do jejum pode ser de 24, 12, ou até de 6 horas, e pode ser também
de total abstenção de alimentos sólidos ou líquidos, como pode também ser de
abstenção parcial tanto de líquidos quanto de sólidos.

Certas pessoas podem ficar em total abstenção e mesmo assim não perder
sua disposição mental e física. Outros já não conseguem ter a concentração e
disposição necessárias, devido o despreparo do seu corpo ou a fraqueza que o
jejum total pode provocar nelas. Neste caso, ela pode tanto diminuir o tempo do
jejum, como pode se alimentar com algo bem leve como, frutas, sucos ou
algum tipo de alimento que não sobrecarregue o organismo e ao mesmo tempo
alimente, ainda que levemente.

“Pode não ser requerida a completa abstinência de alimento, mas devem


comer parcamente, do alimento mais simples”. (CSRA 188-9)

Outro ponto a considerar é o costume da pessoa em relação ao jejum. Se a


pessoa nunca jejuou, ela pode começar com um jejum de tempo reduzido, ou
de abstenção parcial, e paulatinamente ir estendendo a duração e a abstenção
de alimentos, de acordo com a sua realidade, até chegar à compreensão do
seu limite.

Devemos sempre nos lembrar que a forma e a duração do jejum, só podem ser
estabelecidos pela própria pessoa, sem jamais ser legislado e imposto por
outros. Também não é preciso que seja anunciado publicamente por palavras,
nem por um rosto abatido e triste, pois esta é uma experiência particular entre
Deus e o adorador. Sendo assim, o jejum deve trazer alegria, confiança e
entusiasmo na vida daquele que participa desta experiência maravilhosa com
seu Criador (Mateus 6:16-18).

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