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Correção das Fichas

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 4

GRUPO I (Cenários de resposta)

1. 1.1 Para a expressão da relação de causa e efeito entre o divino e o humano no verso contribuem: o carácter
sintético da afirmação e a construção assindética da frase (justaposição de três orações coordenadas, sem
serem articuladas por uma conjunção); a gradação existente nos três momentos da afirmação, expressa
nas formas verbais «quer», «sonha» e «nasce»; o carácter axiomático da afirmação (note-se o valor
durativo do presente do indicativo em que se encontram as formas verbais), sugerindo uma verdade
universal e irrefutável; a estrutura ritmada da frase, evidenciando os elementos enumerados; a construção
trilógica da afirmação, salientando os três elementos («Deus», «homem» e «obra») e os três momentos
(«quer», «sonha» e «nasce») que presidem à realização de algo grandioso — evocando o simbolismo do
número três, associado à perfeição e ao divino (é pela vontade de Deus que se materializa a obra perfeita,
divina).

2. 2.1 Deus desejou a ligação entre continentes e os povos do Planeta («que a terra fosse toda uma, / Que o mar
unisse, já não separasse», vv. 2-3). Para tal, «[s]agrou» (v. 4) o Infante D. Henrique — verbo importante
(ocorrendo duas vezes no texto), com uma conotação religiosa, que remete para a dimensão sagrada da
missão das Descobertas e para o carácter predestinado do Infante e pode aludir ao promontório de Sagres,
associado ao Infante D. Henrique. Por vontade divina, o Infante foi o grande impulsionador dos
Descobrimentos, «desvendando a espuma» (v. 4) — isto é, descobrindo os mares —, fazendo com que
essa «espuma» («orla branca») fosse «de ilha em continente» (v. 5) — ou seja, alargando o espaço
conhecido. Com efeito, o Infante foi uma figura da universalidade ao permitir, pela conquista do mar, o
conhecimento do mundo e a comunicação entre os povos («E viu-se a terra inteira, de repente, / Surgir,
redonda, do azul profundo.», vv. 7-8).

3. Depois de a obra desejada por Deus se ter concretizado, o Império desmoronou-se (ideia que, abruptamente,
interrompe o tom eufórico do poema). Falta, agora, «cumprir-se» o desígnio de Portugal. No verso que fecha
o poema, iniciado pela apóstrofe «Senhor», como numa prece, o sujeito poético lança um apelo a Deus: que
se cumpra o destino mítico de Portugal, isto é, que se funde um novo império, o Quinto Império, agora de
cariz espiritual, que pela vontade de Deus pode ser concretizado.

4. 4.1 A função didática e edificante da narrativa está patente no comportamento de Jorge de Albuquerque
Coelho. Quando os ventos fortes obrigam a aliviar a carga da nau, é a caixa do comandante, «na qual ele
trazia os seus vestidos e outros objetos de importância», a primeira a ser deitada ao mar.
O protagonista constitui igualmente um exemplo porque, quando todos desanimam e perdem a esperança,
procura incentivar os seus companheiros e revela coragem e capacidade de liderança: «vendo-os assim,
começou a falar-lhes para lhes dar ânimo, e ordenou a alguns que buscassem meio com que se pudesse
enfim governar a nau».

5. 5.1 A força destruidora da natureza é evidenciada pela presença de vários recursos expressivos: a
personificação do vento («soprasse em fúria», «açoitando»), que sugere um intuito destruidor; a
enumeração das ações dos ventos fortíssimos, com um impacto na nau, nas nuvens e no mar, associada à
utilização expressiva do gerúndio («zunindo, «turbilhonando», «rendilhando» e «açoitando»), a realçar a
continuidade dos estragos; a onomatopeia «zunindo», que sugere sensações sonoras; a metáfora visual
«rendilhando espumas», que expressa a turbulência das ondas; o animismo em «vagalhões roncantes»,
com o uso do aumentativo, sugerindo sensações visuais e sonoras.

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GRUPO II

1. (C) 2. (D) 3. (C) 4. (D) 5. (B) 6. (A) 7. (A)

8. Modificador apositivo do nome.

9. Coesão interfrásica.

10. Oração subordinada adverbial concessiva.

GRUPO III

Construção de um texto de opinião que respeite o tema, a estrutura e os limites propostos. Devem respeitar-se as
principais características do género textual em causa:
 explicitação do ponto de vista;
 clareza e pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos e dos respetivos exemplos;
 discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

FICHA DE COMPREENSÃO DO ORAL 4

(Duração do debate: 13 minutos [00:15 -13:20])

Transcrição:

Fátima Campos Ferreira: Boa noite! Que tempo é este em que vivemos? Em Portugal, iniciou-se um novo ciclo
político. Mas há outros sinais que vêm da Europa e do mundo. Desde logo, está a decorrer em França uma
conferência sobre o clima, que atrai, que está a juntar, em Paris, líderes de mais de cento e cinquenta
países. Há também o agravamento da ameaça terrorista em toda a Europa, e não só. Portanto, só aqui,
temos vários sinais dos tempos que vamos hoje tratar, debater, com um conjunto de pensadores da
sociedade portuguesa. Começo pelo Professor Carvalho Rodrigues. Eu disse há pouco que, em Portugal,
se está a iniciar um novo ciclo político… Mas nós, quando olhamos e pensamos o nosso tempo, temos de o
ver de forma integrada, um retrato integrado, não só do caso português, mas também do que se passa no
resto do mundo. E porque o caso português, nos últimos tempos, foi diferente do habitual, daquilo que foram
os últimos anos no País, a minha primeira pergunta é: como é que o senhor entende a crispação que o País
viveu e por que caminhos é que acha que vai a sociedade portuguesa a partir de agora?
Fernando Carvalho Rodrigues (físico): Sabe que, cada vez que há um império, quando todas as possibilidades
se esgotam, muda de ciclo. Sempre foi assim. E a crispação resulta de uma coisa que vem logo no Génesis,
2,7: «Se comeres da árvore do conhecimento do bem e do mal, por certo, perecerás.» Que é uma coisa
curiosa, a árvore do conhecimento. Eu, primeiro, julgava que era só do conhecimento; depois, o Padre
Stilwell é que me mostrou que era do conhecimento do bem e do mal. Quem se arvora em conhecer o bem
e o mal faz este mundo de hoje, que é aquele que faz as guerras, que é… as verdades. As pessoas, os
humanos, nós somos terríveis, porque guerras económicas nunca houve… Há umas estaladas… Agora,
guerra, guerra, guerra, é por verdade. Isso os humanos, nós, por verdades, vamos até aos últimos limites.
De modo que aqueles debates onde há vozes sobre vozes, os olhos como dardos e a jugular a bater não
são debates: são combates, porque cada um tem a sua verdade.
Fátima Campos Ferreira: Mas não é habitual que essas verdades sejam, de alguma forma, tão distintivas nas
sociedades e causem tanta crispação, como foi o caso aqui nos últimos meses.
Fernando Carvalho Rodrigues: Quando surgem, surgem conflitos que… Agora que se sabe que é assim… Não,
não pode continuar assim. É um novo meio de encarar outras possibilidades. Havia umas possibilidades.
Essas esgotaram-se. Agora há outras possibilidades.
Fátima Campos Ferreira: Portanto, antevê um ciclo de apaziguamento a partir daqui.

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Fernando Carvalho Rodrigues: Se não houver, haverá a jugular que rebenta… Aquelas pessoas que vêm para
aqui debater, que… os olhos parecem dardos, e a jugular a bater, a bater… Pode ser que lhe dê uma
apoplexia.
Fátima Campos Ferreira: Mas essas verdades são…
Fernando Carvalho Rodrigues: Bem, é a árvore do conhecimento do bem e do mal. Porque nós podemos
perecer por causa do conhecimento. O conhecimento nem é bom nem é mau. Mas não é neutro. Aliás, uma
das maneiras por que se vê a sociedade a evoluir é o conhecimento. É cada vez maior. Eu estou à frente de
um enormíssimo cientista português do século XX e XXI, que é o meu amigo Filipe Duarte Santos, que
conheço há um tempo que não vou mencionar, e ele vai-me ajudar a fazer isto, que é… À medida que o
conhecimento da humanidade foi crescendo, quantos de nós são necessários para acabar com a
humanidade? Chamamos-lhe coeficiente de extinção. Durante milénios, para matar a humanidade toda, era
preciso a humanidade toda contra toda. Quando começamos a descobrir os materiais eufemisticamente
chamados energéticos, que são os explosivos, um décimo da humanidade dá para acabar com toda…
Quando descobrimos e conhecemos a linguagem física da matéria, fizemos as armas nucleares. […] Nós
hoje sabemos fazer armas químicas poderosíssimas. Nós hoje sabemos a linguagem química da vida. Ainda
não sabemos a linguagem física da vida. Mas a química sabemos. Se derem ao Filipe Duarte um bocado de
dinheiro e mais cem pessoas que ele escolha a dedo, ele faz uns vírus que são capazes de matar aí um
bocado de gente… De modo que o número de pessoas que é necessário para acabar connosco é cada vez
menor.
Fátima Campos Ferreira: E acaba cada vez com mais…
Fernando Carvalho Rodrigues: O Padre Stilwell mostrou-me isto. […] «Mas o conhecimento pode ser assim tão
mau?» [pergunta dirigida por Carvalho Rodrigues ao Padre Stilwell] Não, não, o conhecimento é excelente.
É o conhecimento do bem e do mal, com absoluta certeza, é isto que gera os terrorismos que a gente tem
visto, é isto que gera…
Fátima Campos Ferreira: Mas agora estávamos a falar da crispação na sociedade portuguesa.
Fernando Carvalho Rodrigues: Mas tem a mesma natureza. Eu sei a verdade. Eu, com trinta anos, vou resolver
os problemas do País. […] Este confronto de ter a certeza de que é assim…
Fátima Campos Ferreira: É inerente à condição humana, certamente. Eu vou começar pelo cientista que
conhece desde sempre, o Professor Filipe Duarte Santos. E a pergunta, Filipe, é a mesma: como é que o
senhor entendeu a crispação dos últimos meses em Portugal e o que é que perspetiva, em função de um
futuro próximo?
Filipe Duarte Santos (geofísico): Eu tenho talvez uma compreensão mais suave do que se está a passar. Eu
penso que é uma nova oportunidade. É um ciclo político que se fecha. Portugal estava numa situação muito
difícil. Eu diria mesmo impossível, do ponto de vista financeiro… A dívida cresceu muitíssimo desde 2006
até 2011. Portanto, estávamos numa situação de pré-bancarrota, numa situação bastante grave, e, de facto,
o governo anterior teve a capacidade de pôr as contas em ordem… terá feito outras coisas que não terão
sido as melhores… Evidentemente que foi um sacrifício dramático para muitos portugueses. E agora temos
um novo ciclo. O que me parece é que nós todos devíamos pensar melhor em como libertar o País deste
constrangimento, que é uma dívida gigantesca, que alguém terá de pagar… não pondo a hipótese de não
pagar a dívida… Pedir para adiar o pagamento é uma coisa que, na Europa, parece não funcionar… Muitas
das coisas que se fazem em Portugal, que são daquelas imediatas, como manter os hospitais a funcionar,
as escolas a funcionar, as universidades… por exemplo, o meu setor, o da ciência e o do ambiente… são
dinheiros que vêm de fora. Portanto, temos uma soberania mitigada, e eu não vejo na sociedade portuguesa
um esforço de nos focarmos sobre como é que nos vamos tornar sustentáveis.
Fátima Campos Ferreira: E esse é, para si, o maior problema?
Filipe Duarte Santos: Esse, para mim, é o maior problema. Quer dizer, há diferentes pontos de vista, mas depois
perdemo-nos muito nessa tal crispação, nesse tal confronto, que me parece, por vezes, um pouco estéril. Há
aqui outra coisa que é importante, que é a ambição do poder. A ambição do poder é determinante nos
políticos. Bom, vamos ver, vamos confiar, vamos dar, enfim, o benefício da dúvida.

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Fátima Campos Ferreira: Dulce Maria Cardoso, do seu posto de observação da sociedade, concorda com esta
afirmação — o País facilmente se crispa, facilmente tem boas verdades, e sai ao combate por elas, mas,
em contrapartida, não é capaz de encontrar uma estratégia para si próprio? Entende-o dessa maneira?
Dulce Maria Cardoso (escritora): Sim e não. Acho que, a partir de 1974/1975, quando perdemos o chamado
império colonial, nós ficámos, de alguma forma, órfãos, e nunca fizemos esse trabalho. Nunca fizemos um
trabalho de pensarmos como éramos enquanto povo, como passámos a ser…
Fátima Campos Ferreira: Nós vimos na Europa essa substituição, não é?
Dulce Maria Cardoso: Exatamente. Quisemos compensar, de alguma forma, essa pequenez, que não nos é
natural, porque em termos genéticos, enquanto povo… Eu, por exemplo, cresci a saber que Portugal não
era um país pequeno, que ia do Minho a Timor… E isso, de alguma maneira, molda-nos. E, de repente,
fomos amputados… É claro que o império nunca deveria ter existido. Isto não é uma conversa a favor…
Não é uma conversa conservadora. Mas a verdade é que depositámos grandes esperanças na Europa.
Eu, por exemplo, estive na faculdade, quando entrámos na então CEE, na União Europeia, havia uma
grande esperança, e de repente o sonho europeu também falhou. E, portanto, nós estamos, de alguma
maneira, sós e finalmente confinados à nossa pequenez. Esta questão de que o Professor falou, do bem e
do mal, é uma questão que sempre existiu. O que acontece agora, talvez pelo [facto de o] conhecimento
ser mais rápido, mais facilmente veiculado, há muitas ideias musculadas de bem e de mal. E, enquanto eu
era mais nova, era claramente identificado o que era o bem e o que era o mal, sendo que uns achavam
que o bem era o comunismo e outros achavam que o bem era o capitalismo, mas era identificado, neste
momento nós temos muitas propostas e estamos constantemente a avistá-las. E, portanto, isto, se não
cria um conflito declarado, cria um conflito latente. E acho que essa crispação vem desse conflito latente,
que nós sabemos que, mais cedo ou mais tarde, se vai declarar. E, depois, em relação a Portugal, há
questões que não podemos menosprezar, que são práticas. Nós temos uma democracia recente —
também não é assim tão recente já, porque qualquer dia temos mais tempo de democracia do que de
ditadura —, mas temos hábitos terríveis, como, por exemplo, uma corrupção, uma ineficácia de justiça,
uma ineficácia de garantia, e que, portanto, também provoca no cidadão aquela ideia de que não vale a
pena agir. Tudo isto junto faz com que… Não sabemos bem onde estamos e, quando falamos sobre o
assunto, naturalmente nos crispamos.

1. (A) V
(B) F — Depois de se referir ao tema do debate, Fátima Campos Ferreira interpela Carvalho Rodrigues,
o primeiro interveniente, sem mencionar, então, os restantes participantes no debate.
(C) F — Fátima Campos Ferreira menciona o nome deste participante no debate, mas não se refere ao
PoSat-1.
(D) F — Segundo o Professor Carvalho Rodrigues, a crispação que existe atualmente tem que ver com
o conhecimento do bem e do mal. Os homens acham que conhecem o bem e o mal, entrando em
combates por aquilo que acham que é a verdade.
(E) F — Quando se refere ao «coeficiente de extinção», Carvalho Rodrigues alude ao facto de cada vez
menos pessoas serem necessárias para extinguir a humanidade.
(F) V
(G) V
(H) F — Para Dulce Maria Cardoso, o grande problema de Portugal, atualmente, tem que ver com o
facto de, pela primeira vez, depois de um império colonial que durou vários séculos e depois de
goradas as esperanças que tínhamos por fazermos parte da União Europeia, estarmos confinados a
uma pequenez que não nos é natural.
(I) V

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FICHA DE COMPREENSÃO DA LEITURA 4

1. 1.1 (C); 1.2 (D); 1.3 (A); 1.4 (D); 1.5 (D); 1.6 (C); 1.7 (A).

FICHA DE ESCRITA 4

O texto deve respeitar o tema proposto (estrutura formal e simbólica da Mensagem), o género textual
indicado (texto expositivo) e o limite indicado (130 a 170 palavras). Deverão ser referidos os seguintes
tópicos:
 Conjunto de quarenta e quatro poemas divididos em três partes: «Brasão» (sobre os fundadores da
Nação e do império marítimo e os mártires da Pátria), «Mar Português» (sobre os protagonistas e os
acontecimentos mais importantes dos Descobrimentos) e «O Encoberto» (sobre os símbolos associados
ao Quinto Império, as figuras que profetizaram a vinda do Encoberto e os momentos que antecedem a
chegada deste);
 Estrutura tripartida que é a expressão poética dos três momentos da evolução do Império Português —
nascimento da Nação e da epopeia marítima, revelação e domínio dos mares pelos Portugueses,
decadência da Nação e possibilidade de ressurreição —, de acordo com o ciclo da vida
(nascimento/realização/morte), anunciando o Quinto Império, de natureza espiritual, moral e
civilizacional;
 Significado simbólico da tripartição do livro (cuja epígrafe inicial remete, desde logo, para uma dimensão
simbólica): o número três como elemento associado à perfeição e ao divino.

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