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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

MÓDULO 5 – PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

Prezado capacitando,
Estamos ingressando no Módulo 5 do Curso de Capacitação para Elaboração de Planos
Municipais de Saneamento Básico, na modalidade à distância. De início, gostaríamos de
lhe dirigir algumas perguntas.
Você lembra os temas que foram estudados nos Módulos anteriores? Consegue perceber a
sequência e relação entre os Módulos? Observe nos quadros abaixo e entenda o
desenvolvimento do curso até este momento.

 Surgimento e evolução das ações de saneamento no


Módulo 1 – O Saneamento Básico Brasil e no mundo;
 Aspectos legais do Saneamento Básico;
no Brasil: Aspectos Fundamentais
 Lei Federal nº 11.445/07, seu principal objetivo e
diretrizes.

 O processo de planejamento formal;


Módulo 2 – Fundamentos para a  Os elementos a serem considerados na elaboração
elaboração de Planos de do Plano de Saneamento Básico;
Saneamento Básico  Processo e as etapas de elaboração do Plano de
Saneamento Básico.

Módulo 3 – A Participação Social


 A participação social vinculada ao planejamento
na elaboração do Plano Municipal
das ações de saneamento básico.
de Saneamento Básico

 Estudos que conduzirão ao diagnóstico do


Módulo 4 – Estudos para a saneamento básico do município;
elaboração do diagnóstico  Variáveis que devem ser contempladas na
elaboração do Plano de Saneamento Básico.

Os quadros acima nos permitem dizer que, para elaborar um Plano de Saneamento Básico,
é preciso entender o histórico, a importância e os aspectos legais que regem esse tema
(Módulo 1). Posteriormente, faz-se o exercício de planejar a elaboração do Plano,
buscando novos elementos e revendo outros que devem ser considerados (Módulo 2).
Estruturado o processo de planejamento, passa-se a delinear a estratégia de mobilização
social que será adotada (Módulo 3). Cumpridas essas etapas, parte-se para a elaboração
do diagnóstico do Plano de Saneamento Básico (Módulo 4).

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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

No Módulo 5 são apresentadas as etapas importantes a serem contempladas para a


elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, que são os objetivos, cenários,
metas, investimentos, diretrizes e estratégias, programas, projetos e ações.
Esta etapa merece especial atenção de todos os atores sociais responsáveis pela
elaboração do Plano, já que a partir desta é deliberado o rumo do saneamento no
município.
Ao final deste módulo, esperamos que você esteja apto a:
 compreender como os elementos tratados neste curso se interligam para a
consecução de um plano de saneamento;
 acompanhar, fiscalizar e intervir proativamente durante a elaboração do plano de
saneamento básico do município;
 propor programas, projetos, ações que estejam relacionados e condizentes com a
realidade local, bem como com os objetivos, cenários, metas, investimentos,
diretrizes e estratégias para o saneamento básico de seu município.

Capacitando,
Assista ao vídeo Apresentação do Módulo 5.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5
2. OBJETIVOS DO PLANO DE SANEAMENTO ........................................................................... 6
3. CENÁRIOS .......................................................................................................................... 6
4. METAS............................................................................................................................. 11
5. NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS ................................................................................. 15
6. DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS .............................................................................................. 17
7. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES .................................................................................... 20
8. PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A ESTRUTURAÇÃO DE DIRETRIZES, PROGRAMAS,
PROJETOS E AÇÕES ................................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 34

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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

1. INTRODUÇÃO
O Plano de Saneamento Básico propriamente dito é constituído pelos programas, projetos e
ações, que contemplam as modificações, ampliações e melhorias a serem propostas para os
quatro componentes do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de
resíduos sólidos e manejo de águas pluviais. A eficiência, eficácia e efetividade destas propostas
dependem de uma análise integrada do diagnóstico, do prognóstico, dos recursos disponíveis, da
integração com outras áreas e setores, da legislação, dos interesses e necessidades municipais. A
Universalização deve configurar a grande diretriz para o sistema como um todo, sendo que de
acordo com as características locais, as propostas que serão apontadas pelo Plano, irão
sistematizar o rumo que será dado ao saneamento básico no município. Serão os objetivos, metas,
investimentos, diretrizes, estratégias, programas, projetos e ações, bem como o cronograma, que
permitirão esta organização das propostas do plano, para que sejam as mais práticas possíveis,
permitindo que o município de fato faça a sua parte, contribuindo para a melhoria da qualidade de
vida local, o que invariavelmente também irá contribuir para o sistema de saneamento do País
como um todo.
Mas o que são objetivos, metas, investimentos, diretrizes, estratégias e programas,
projetos e ações?

OBJETIVOS: são enunciados resumidos do que de fato se deseja alcançar com cada projeto, ou
seja, objetivo é o que responde a questão: o que se pretende alcançar?
METAS: são os parâmetros que irão balizar o alcance dos objetivos. As metas declaram o quanto
de fato queremos, como e/ou quando faremos, ou seja, é o elemento que permite inferir
parâmetros de medição ao alcance dos objetivos.
INVESTIMENTOS: são os recursos financeiros necessários para a implementação e execução dos
objetivos e metas almejados.
DIRETRIZES: são instruções que orientam, guiam, direcionam ou norteiam os elementos a serem
planejados. As diretrizes propostas são subdivididas sob dois enfoques: gerais e específicas. As
gerais são aquelas relacionadas com o sistema de saneamento como um todo, enquanto as
específica referem-se a cada um dos quatro setores do saneamento básico.
ESTRATÉGIAS: “caminho, ou maneira, ou ação formulada e adequada para alcançar,
preferencialmente de maneira diferenciada e inovadora, as metas, os desafios e os objetivos
estabelecidos” (OLIVEIRA, 2012).
PROGRAMAS: “é o conjunto de projetos homogêneos quanto a seu objetivo maior” (OLIVEIRA,
2012).
PROJETOS: “é um trabalho com datas de início e término previamente estabelecidas, coordenador
responsável, resultado final predeterminado e no qual são alocados os recursos necessários para
seu desenvolvimento” (OLIVEIRA, 2012).

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

AÇÕES: caracteriza-se pela ação propriamente dita, ou seja, quem, como e de que forma serão
realizadas as atividades.
2. OBJETIVOS DO PLANO DE SANEAMENTO
Todo o processo de planejamento envolve a definição de objetivos, que devem estar em
consonância com os pressupostos sob os quais o Plano será elaborado.
Para definir os rumos do saneamento no município, inicialmente é primordial que sejam definidos
estes objetivos que, por sua vez, devem estar alinhados aos princípios fundamentais citados no
art. 2º da Lei 11.445/07, que são: universalização, equidade, integralidade, intersetorialidade,
sustentabilidade, participação e controle social.
Dentre estes fundamentos, destaca-se a universalização como sendo o principal elemento a ser
bem caracterizado pelos objetivos em todos os setores do saneamento. Segundo a Lei nº
11.445/07, o Plano Municipal de Saneamento Básico deve definir os “objetivos e metas de curto,
médio e longo prazo para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas,
observando a compatibilidade com os demais planos setoriais” (inciso II do art. 19).
Para orientar a definição do objetivo geral, sugere-se a seguinte questão:
 O que queremos ou precisamos alcançar/desenvolver na área do saneamento no nosso
município?

3. CENÁRIOS
Conforme você já viu no Módulo 2, a etapa de prognóstico é fundamental ao processo de
planejamento, visto que é a partir dela que o plano propriamente dito será formulado. Essa etapa
possibilita que o gestor analise a atual situação do município, identifique o cenário futuro
desejável e proponha ações para que os objetivos sejam alcançados.
É recomendável que sejam elaborados diferentes cenários futuros, considerando distintas
possibilidades. Através destes elementos é que o município terá condições de traçar estratégias
convenientes para que se cumpram os objetivos.

Segundo Santos (2004, p. 52), os cenários futuros representam simulações de diferentes


situações, prognósticos das condições [...] em um tempo mais ou menos próximo. Nada
mais são do que quadros hipotéticos de um futuro plausível. Podem ser usados para
auxiliar o planejador a identificar o que poderia acontecer se determinados eventos
ocorressem ou certos planos ou políticas fossem introduzidas.

Todos os cenários a serem propostos devem considerar as diretrizes, os objetivos e as metas


estabelecidas pela Política Municipal de Saneamento Básico e os princípios básicos citados na Lei
n° 11.445/07. A elaboração de cenários futuros deverá combinar informações relativas à atual

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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

situação do saneamento básico no município, oriunda do diagnóstico, com a previsão de


crescimento populacional, além de indicadores como, por exemplo, inflação, taxa de juros,
Produto Interno Bruto (PIB), evolução tecnológica, legislação, eleições, crescimento demográfico,
saúde e globalização.
O cruzamento dessas informações possibilita a avaliação da necessidade de ampliação e/ou
modificação dos atuais sistemas utilizados, considerando o incremento (ou declínio) da população.
Como exemplos de análises quantitativas, podemos citar o consumo per capita de água, a geração
per capita de efluentes, a quantidade de pessoas atendidas pelo sistema de coleta de resíduos
sólidos, o número de pessoas afetadas por eventos de inundação urbana, etc.
Além de possibilitar análises quantitativas, a elaboração de cenários futuros também deverá
permitir a análise qualitativa do sistema. Citam-se como exemplos de análises qualitativas a
qualidade da água distribuída à população, a eficiência dos sistemas coletivos de tratamento de
efluentes, o nível de contentamento da população frente à atual gestão de resíduos sólidos, a
condição de entupimento do sistema de microdrenagem municipal, etc.
Os cenários podem ser propostos com base em diferentes enfoques. Normalmente, são utilizadas
três situações distintas, embora o número de proposições e a natureza destas sejam de livre
escolha:
 um cenário futuro otimista, no qual a participação social é considerada, a expansão
urbana ocorre conforme diretrizes estabelecidas, o incremento populacional é mínimo,
a necessidade de adequações dos sistemas de saneamento básico é mínima, etc.;
 um cenário futuro pessimista, no qual a participação social não é considerada, a
expansão urbana ocorre de forma desordenada, sem considerar as diretrizes
estabelecidas, o incremento populacional é máximo, há grande necessidade de
adequação dos sistemas de saneamento básico, etc.;
 um cenário futuro intermediário, que seria uma mescla do cenário otimista e do
pessimista.

Os programas, projetos e ações, que são elementos estruturantes da etapa de prognóstico, serão
desenvolvidos somente para o cenário escolhido, buscando minimizar os impactos negativos e
potencializar os impactos positivos.
Para facilitar sua compreensão, vamos agora apresentar um exemplo. A combinação da
informação da projeção populacional de um dado município (Figura 1), com a projeção do
consumo per capita de água tratada e a avaliação dos cenários projetados (Quadro 1), embasará a
elaboração das propostas de ação.
Na
Figura 2 são apresentados os resultados da estimativa para o consumo de água tratada pela
população, para os três cenários elaborados: otimista, intermediário e pessimista. Para chegar a
este valor multiplicou-se o tamanho da população e estimativa de crescimento da mesma, pelo
consumo médio de 150 litros por habitante por dia.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Figura 1 - Gráfico de projeção populacional para os três cenários adotados

Figura 2 – Gráfico de projeção de consumo de água tratada para 2035 para os três cenários adotados,
considerando o crescimento da população com consumo médio de 150 l/h/d

Depois de elaborados faz-se a avaliação dos cenários. Uma breve descrição dos cenários está
apresentada no Quadro 1.

Quadro 1 - Avaliação dos cenários projetados


CENÁRIO OTIMISTA CENÁRIO INTERMEDIÁRIO CENÁRIO PESSIMISTA

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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

O atual sistema de abastecimento O atual sistema de abastecimento O atual sistema de abastecimento


necessita de pequenas adequações necessita de adequações e necessita de adequações e
ao longo do tempo para suprir a ampliações ao longo do tempo ampliações ao longo do tempo
demanda de água potável. para suprir a demanda de água para suprir a demanda de água
Mantendo-se as ações projetadas, potável. O atual sistema somente potável. O atual sistema somente
há garantia de abastecimento até suprirá a demanda de água potável suprirá a demanda de água potável
2035. até 2022. até 2016.

Todos os cenários, conforme você observou no Quadro 1, demandarão necessidades e ações para
adequação do sistema de abastecimento público. O cenário otimista, por exemplo, talvez
demande apenas a implementação de um programa de redução de perdas, enquanto que o
cenário pessimista poderá demandar a necessidade de construção de um novo barramento para
captação de água, associado também a um programa de redução de perdas.
Importante dizer que a finalidade dos cenários estratégicos não é apenas predizer como será o
futuro, mas principalmente proporcionar condições para que os responsáveis pela gestão
municipal entendam melhor quais são e como se comportam as tendências atuais, bem como
identificar previamente quais serão as consequências destas tendências em longo prazo
(OLIVEIRA, 2012).
Sendo assim, a utilização de cenários pode ser utilizada tanto como ferramenta de debate para
melhor compreensão do meio externo que afeta nossas ações, como forma de enfocar um
resultado, atuando então para se precaver quanto às alterações externas.
Para que seja possível escolher entre esses cenários futuros aquele que estará mais próximo do
cenário real, é necessário conversar novamente com quem mais conhece os problemas locais: a
população. Cabe aqui, tanto para elaboração de novos cenários com base em demandas da
população, quanto para escolha destes, mobilizar a sociedade a fim de que ela, assim como no
diagnóstico, auxilie na definição do cenário futuro e nas consequentes diretrizes de ação.
No Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) os cenários foram elaborados com base na
evolução mais recente dos indicadores macroeconômicos e socioambientais, tendo sido
consultados 80 especialistas, em duas rodadas, empregando a técnica do Método Delphi1. Ao final,
com uma análise cruzada entre a situação possível de cada indicador ao longo do tempo, foram
estabelecidos três cenários, denominados Cenário 1, Cenário 2 e Cenário 3, conforme pode ser
visto na
Figura 2. Neste planejamento, de nível estratégico e nacional, definiu-se como referência para a
política de saneamento básico do País o Cenário 1. Este cenário indica um futuro possível e, até
certo ponto, desejável, constituindo o ambiente para o qual se desenvolve o planejamento e suas
diretrizes, estratégias, metas, investimentos e procedimentos de caráter político-institucional
vislumbrados como necessários para alcançar o planejado.

1
Método Delphi: envolve a aplicação de questionários que devem ser respondidos sem que haja interação direta dos componentes
do grupo questionado. As questões são feitas de forma sequencial e os resultados são tabulados. Ocorrendo consenso entre as
respostas, o processo finaliza. Não ocorrendo, as divergências são representadas aos questionados que podem reformular, ou
melhor, debater seus pontos de vista. Desta maneira, são feitas consultas sucessivas até a identificação dos pontos conflitantes e
obtenção do consenso (SANTOS, 2004, p. 161).
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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

“O Cenário 1 projeta o Brasil em 2030 como um país saudável e sustentável, com maior taxa de
crescimento econômico (4,0%) compatível com uma relação dívida/PIB decrescente, com forte
integração externa e mercado interno em expansão, com significativos avanços do Estado na gestão
de suas políticas e ações, com crescimento do patamar dos investimentos do setor público e do setor
privado, com expressiva melhoria dos indicadores sociais, com redução das desigualdades urbanas e
regionais e recuperação da qualidade do meio ambiente.”

Quadro 2: Comparação qualitativa de indicadores macroeconômicos e socioambientais nos Cenários 1, 2 e 3


VARIÁVEIS CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3
Elevado crescimento, sem Menor crescimento mundial, Menor crescimento mundial,
QUADRO gerar pressões inflacionárias, menor expansão da taxa de menor expansão da taxa de
MACROECONÔMICO com uma relação dívida/PIB investimento e maior pressão investimento e maior pressão
decrescente. inflacionária. inflacionária.
Declínio rápido do Declínio gradual do Declínio gradual do
FINANÇAS PÚBLICAS endividamento (relação endividamento (relação endividamento (relação
dívida/PIB) dívida/PIB) dívida/PIB)
Redução do papel do estado Redução do papel do estado
Provedor dos serviços com a maior participação do com a maior participação do
PAPEL DO ESTADO públicos e condutor das setor privado na prestação de setor privado na prestação de
políticas públicas essenciais serviços de funções serviços de funções
essenciais essenciais
Manutenção do atual Manutenção do atual
CAPACIDADE Crescimento do patamar dos
patamar dos investimentos patamar dos investimentos
investimentos públicos
DE INVESTIMENTO públicos federais, distribuídos públicos federais, distribuídos
federais submetidos ao
PÚBLICO parcialmente com critérios de parcialmente com critérios de
controle social
planejamento planejamento
CARGA TRIBUTÁRIA E Pequena redução dos Pequena redução dos
Redução significativa
ENCARGOS SOCIAIS encargos encargos
TAXA DE INVESTIMENTO Alta Moderada Moderada
CRESCIMENTO ECONÔMICO Alto (4,0% a.a.) Médio (3,0% a.a.) Médio (3,0% a.a.)
INFLAÇÃO Baixa e controlada Baixa e controlada Baixa e controlada
CAPACIDADE DE GESTÃO
Ampla Ampla Limitada
PÚBLICA
NÍVEL DE ESCOLARIDADE Crescimento rápido Crescimento médio Crescimento médio
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Moderada e ampla Moderada e seletiva Baixa e seletiva
Presença relevante das Presença modesta das fontes Presença tímida das fontes
MATRIZ ENERGÉTICA
fontes renováveis renováveis renováveis
Moderação das pressões
Leve redução da degradação Persistência da degradação
QUALIDADE AMBIENTAL antrópicas e recuperação de
ambiental ambiental
áreas degradadas
POBREZA E DESIGUALDADES Redução significativa e
Gradual redução da pobreza Gradual redução da pobreza
SOCIAIS estrutural
VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE Diminuição significativa Redução gradual da violência Redução gradual da violência

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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

Declínio gradual e consistente Pequena redução da Pequena redução da


DESIGUALDADES REGIONAIS
da concentração regional concentração regional concentração regional
Desenvolvimento de políticas Desenvolvimento de políticas
Modelo inadequado de
DESENVOLVIMENTO URBANO adequadas para os grandes adequadas para os grandes
crescimento urbano
centros urbanos centros urbanos
Adoção de estratégias de Adoção de estratégias de
conservação de mananciais e conservação de mananciais e
ACESSO AOS RECURSOS de mecanismos de de mecanismos de Desigualdade no acesso aos
HÍDRICOS desenvolvimento limpo, com desenvolvimento limpo, com recursos hídricos
ampliação das condições de ampliação das condições de
acesso a esses recursos acesso a esses recursos
Fonte: Plano Nacional de Saneamento Básico (2014)

A concepção de cenários, adotada no Plansab, visa à “descrição de um futuro possível, imaginável


ou desejável, a partir de hipóteses ou possíveis perspectivas de eventos, com características de
narrativas, capazes de uma translação da situação de origem até a situação futura.
Preferencialmente, os cenários de planejamento devem ser divergentes entre si, desenhando
futuros distintos. O processo de construção de cenários promove assim uma reflexão sobre as
alternativas de futuro e, ao reduzir as diferenças de percepção entre os diversos atores
interessados, melhora a tomada de decisões estratégicas por parte dos gestores. Dessa forma,
gerenciar as incertezas – e não predizer o futuro – torna-se questão fundamental no processo de
tomada de decisão dos administradores, constituindo-se, os cenários, apenas em um referencial
para o planejamento de longo prazo” (BRASIL, 2014b).

Para saber mais:


Informações adicionais sobre os cenários estudados para o país podem ser consultadas na proposta
do Plano Nacional de Saneamento Básico - Plansab. Acesse o Plano através do link:
<http://www.cidades.gov.br/index.php/apresentacao-plansab.html>

ATENÇÃO
Os cenários construídos para o Plansab (BRASIL, 2014b) podem servir como referência a ser
adotada pelo seu município na elaboração do Plano de Saneamento Básico, sempre com o
foco sobre a realidade local e a melhoria da qualidade de vida da população.

4. METAS
As metas declaram o quanto queremos, como e/ou quando faremos, ou seja, é o elemento que
permite inferir parâmetros de medição ao alcance dos objetivos. Devem ser pensadas de forma a
contemplar os quatro componentes do saneamento e a gestão do sistema como um todo. Além
disso, devem ser apresentadas para todo o território e também para unidades menores, a critério
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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

de cada município, tais como regiões administrativas, comunidades rurais, bacias hidrográficas,
distritos e sede, dentre outros.
As metas devem estar vinculadas aos objetivos já apresentados. Os objetivos são enunciados
resumidos do que de fato se deseja alcançar com cada projeto, enquanto que as metas são os
parâmetros que irão balizar o alcance desses objetivos. Ou seja, objetivo é o que responde a uma
questão do tipo: o que queremos alcançar ou fazer? Já a meta declara o quanto de fato queremos,
como e/ou quando faremos, ou seja, é o elemento que permite inferir parâmetros de medição ao
alcance dos objetivos. De forma comparativa podemos pensar em um jogo de arco e flecha, onde
o objetivo simplesmente é o de acertar um alvo. Agora, para este objetivo, é possível estabelecer
uma meta, como, por exemplo, a de acertar esse alvo exatamente em seu centro com no máximo
5 tentativas, em um tempo não superior a 20 minutos.
O estabelecimento de metas consiste em um processo sistemático, onde todas as partes
envolvidas discutem e concordam acerca das metas a serem atingidas, bem como se estas estão
sendo cumpridas e se continuam sendo viáveis dentro dos cenários atuais. Nesse processo, uma
meta pontual, como por exemplo, a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto, deve
estar de acordo com as metas globais, como o aumento dos índices de esgoto tratado no
município.
Uma característica importante sobre as metas é que devem ser claras e mensuráveis, ou seja,
fornecendo condições para que sejam realizadas as medições sobre seu atendimento total ou
parcial. Assim, apenas “construir uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)” não fornece
subsídios suficientes para que seja elaborado um plano de ação. Uma meta mais coerente seria a
“construção de uma ETE capaz de tratar 50 % do esgoto produzido na região norte da cidade, em
um prazo de 4 anos”. Essa meta deixa claro o objetivo a ser atingido, como quantificá-lo e o
horizonte temporal para cumpri-lo, possibilitando o debate de como isto será realizado.
No Plansab foram estabelecidas metas de curto, médio e longo prazo – 2018, 2029 e 2033,
respectivamente – com base em 23 indicadores selecionados, apresentados no Quadro 3.
Para esses indicadores foram estabelecidas metas progressivas de expansão e qualidade dos
serviços, para as cinco macrorregiões e para o País.

Quadro 3 - Indicadores selecionados para as metas do Plansab


(1)
Indicador DESCRIÇÃO
Número de domicílios urbanos e rurais abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização
A1
interna / Total de domicílios [PNAD 2001-2008; Censo 2000]
Número de domicílios urbanos abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna /
A2
Total de domicílios urbanos [PNAD 2001-2008; Censo 2000]
Número de domicílios rurais abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna /
A3
Total de domicílios rurais [PNAD 2001-2008; Censo 2000]
Número de municípios com amostras de coliformes totais na água distribuída em desacordo com o padrão de
A4 potabilidade (Portaria nº 2.914/11) no ano / Número total de municípios com controle de coliformes totais na água
distribuída no ano
Número de economias ativas atingidas por paralisações e por interrupções sistemáticas no abastecimento de água no
A5
mês / Número total de economias ativas [SNIS 2010]
Índice de perdas na distribuição de água (Vol. de água disponibilizado - Vol. de água consumido) / Vol. de água
A6
disponibilizado) [SNIS 2010]

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MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

A7 Número de prestadoras que cobram pelo serviço de abastecimento de água / Total de prestadores [PNSB 2008]
Número de domicílios urbanos e rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários
E1
/ Total de domicílios [Censo 2010]
Número de domicílios urbanos servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários / Total
E2
de domicílios urbanos [Censo 2010]
Número de domicílios rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários / Total de
E3
domicílios rurais [Censo 2010]
E4 Índice de tratamento de esgoto coletado (Volume de esgoto coletado tratado / Volume de esgoto coletado) [PNSB 2008]
Número de domicílios (urbanos e rurais) com renda até três salários mínimos mensais que possuem unidades
E5
hidrossanitárias / Total de domicílios com renda até 3 salários mínimos mensais [Censo 2010]
Número de prestadoras de serviço que cobram pelos serviços de esgotamento sanitário / Total de prestadoras [PNSB
E6
2008]
Número de domicílios urbanos atendidos por coleta direta (porta-a-porta) de resíduos sólidos / Total de domicílios
R1
urbanos [Censo 2010]
Número de domicílios rurais atendidos por coleta direta (porta-a-porta) e indireta de resíduos sólidos/Total de domicílios
R2
rurais [Censo 2010]
R3 Número de municípios com presença de lixão/vazadouro de resíduos sólidos / Total de municípios [PNSB 2008]
R4 Número de municípios com coleta seletiva de RSD / Total de municípios [PNSB 2008]
R5 Número de municípios que cobram taxa de resíduos sólidos / Total de municípios [PNSB 2008] (2)
Número de municípios com inundações e/ou alagamentos na área urbana nos últimos cinco anos/Total de municípios
D1
[PNSB 2008]
Número de municípios com estrutura única para tratar da política de saneamento básico / Total de municípios [Munic
G1
2011]
Número de municípios com Plano de Saneamento Básico (abrange os serviços de abastecimento de água, esgotamento
G2 sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas) / Total de
municípios [Munic 2011]
Número de municípios com serviços públicos de saneamento básico fiscalizados e regulados / Total de municípios
G3
[Estimativa] (3)
Número de municípios com instância de controle social das ações e serviços de saneamento básico (órgãos colegiados) /
G4
Total de municípios [Munic 2011]
(1)
As informações entre colchetes referem-se às fontes para os valores iniciais do indicador
(2)
Trata-se de indicador construído a partir da PNSB. Gestões deverão ser realizadas junto ao IBGE para que as informações a
serem futuramente levantadas se alinhem ao previsto no PNRS e contribuam para a substituição do indicador para: “municípios
com cobrança por serviços de RSU, sem vinculação com o IPTU”.
(3)
Os valores foram estimados e não baseados nos sistemas de informação, em função da limitação que apresentam para a
estimativa dessa linha de base: a Munic aborda a regulação e fiscalização indicando se há “definição do órgão responsável pela
regulação e fiscalização”, não implicando que os serviços estejam sendo efetivamente regulados e fiscalizados. A base de
informações dos levantamentos da Abar, por sua vez, não contemplam o universo dos municípios.
Legenda

Indicadores de abastecimento de água


Indicadores de esgotamento sanitário
Indicadores de manejo dos resíduos sólidos
Indicador de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas
Indicadores da gestão dos serviços de saneamento básico
Fonte: Plansab (2014).

Quadro 4 - Metas para o saneamento básico nas macrorregiões e no País (em %)


INDICADOR ANO BRASIL N NE SE S CO
A1. % de domicílios urbanos e rurais 2010 90 71 79 96 98 94
abastecidos por rede de distribuição e por 2018 93 79 85 98 99 96

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

poço ou nascente com canalização interna 2023 95 84 89 99 99 98


2033 99 94 97 100 100 100
2010 95 82 91 97 98 96
A2. % de domicílios urbanos abastecidos por
2018 99 96 98 99 100 99
rede de distribuição e por poço ou nascente
2023 100 100 100 100 100 100
com canalização interna
2033 100 100 100 100 100 100
2010 61 38 42 85 94 79
A3. % de domicílios rurais abastecidos por
2018 67 43 53 91 96 88
rede de distribuição e por poço ou nascente
2023 71 46 60 95 98 93
com canalização interna
2033 80 52 74 100 100 100
A4. % de análises de coliformes totais na 2018
água distribuída em desacordo com o 2023
(1)
padrão de potabilidade (Portaria nº
2033
2.914/11)
2010 31 100 85 23 9 8
A5. % de economias ativas atingidas por
2018 29 86 73 20 8 8
paralisações e interrupções sistemáticas no
2023 27 77 65 18 8 7
abastecimento de água
2033 25 60 50 14 7 6
2010 39 51 51 34 35 34
A6. % do índice de perdas na distribuição de 2018 36 45 44 33 33 32
água 2023 34 41 41 32 32 31
2033 31 33 33 29 29 29
2008 94 85 90 95 99 96
A7. % de serviços de abastecimento de água 2018 96 92 95 99 100 99
que cobram tarifa 2023 98 95 97 100 100 100
2033 100 100 100 100 100 100
2010 67 33 45 87 72 52
E1. % de domicílios urbanos e rurais
2018 76 52 59 90 81 63
servidos por rede coletora ou fossa séptica
2023 81 63 68 92 87 70
para os excretas ou esgotos sanitários
2033 92 87 85 96 99 84
2010 75 41 57 91 78 56
E2. % de domicílios urbanos servidos por
2018 82 56 66 94 84 69
rede coletora ou fossa séptica para os
2023 85 68 73 95 88 77
excretas ou esgotos sanitários
2033 93 89 86 98 96 92
2010 17 8 11 27 31 13
E3. % de domicílios rurais servidos por rede
2018 35 24 28 49 46 40
coletora ou fossa séptica para os excretas
2023 46 34 39 64 55 53
ou esgotos sanitários
2033 69 55 61 93 75 74
2008 53 62 66 46 59 90
2018 69 75 77 63 73 92
E4. % de tratamento de esgoto coletado
2023 77 81 82 72 80 93
2033 93 94 93 90 94 96
2010 89 70 81 98 97 97
E5. % de domicílios urbanos e rurais com
2018 93 82 89 99 98 98
renda até três salários mínimos mensais que
2023 96 89 93 99 99 99
possuem unidades hidrossanitárias
2033 100 100 100 100 100 100
2008 49 48 31 53 51 86
E6. % de serviços de esgotamento sanitário 2018 65 62 51 70 69 90
que cobram tarifa 2023 73 70 61 78 77 92
2033 90 84 81 95 95 96
2010 90 84 80 93 96 92
R1. % de domicílios urbanos atendidos por 2018 94 90 88 99 99 95
(2)
coleta direta de resíduos sólidos 2023 97 94 93 100 100 97
2033 100 100 100 100 100 100
2010 27 14 19 41 46 19
R2. % de domicílios rurais atendidos por 2018 42 28 33 58 62 37
coleta direta e indireta de resíduos sólidos 2023 51 37 42 69 71 49
2033 70 55 60 92 91 72

14
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

2008 51 86 89 19 16 73
R3. % de municípios com presença de 2018 0 0 0 0 0 0
lixão/vazadouro de resíduos sólidos 2023 0 0 0 0 0 0
2033 0 0 0 0 0 0
2008 18 5 5 25 38 7
R4. % de municípios com coleta seletiva de 2018 28 12 14 36 48 15
RSD 2023 33 15 18 42 53 19
2033 43 22 28 53 63 27
2008 11 9 5 15 15 12
R5. % de municípios que cobram taxa de 2018 39 30 26 49 49 34
resíduos sólidos 2023 52 40 36 66 66 45
2033 80 61 56 100 100 67
2008 41 33 36 51 43 26
D1. % de municípios com inundações e/ou
2018 -- -- -- -- -- --
alagamentos ocorridos na área urbana, nos
(3) 2023 -- -- -- -- -- --
últimos cinco anos
2033 11 6 5 15 17 5
2011 30 42 19 31 37 46
G1. % de municípios com estrutura única 2018 43 48 32 46 50 51
para tratar da política de saneamento básico 2023 52 52 41 58 60 54
2033 70 60 60 80 80 60
G2. % de municípios com Plano Municipal 2011 5 4 2 6 8 4
de Saneamento Básico (abrange os serviços 2018 32 28 27 36 37 28
de abastecimento de água, esgotamento 2023 51 45 44 57 58 45
sanitário, limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos e drenagem e manejo de 2033 90 80 80 100 100 80
(4)
águas pluviais urbanas)
G3. % de municípios com serviços públicos 2018 30 20 20 40 40 20
de saneamento básico fiscalizados e 2023 50 40 40 60 60 50
regulados 2033 70 60 60 80 80 60
2011 11 8 9 11 11 15
G4. % de municípios com instância de
2018 36 31 32 40 39 36
controle social das ações e serviços de
2023 54 47 48 60 59 50
saneamento básico (órgãos colegiados)
2033 90 80 80 100 100 80
(1) Para o indicador A4 foi prevista a redução dos valores de 2010 em desconformidade com a Portaria nº 2.914/11, do MS, em 15%, 25% e 60%

nos anos 2018, 2023 e 2033, respectivamente.


(2) Para as metas, assume-se a coleta na área urbana (R1) com frequência mínima de três vezes por semana.
(3) O indicador D1 adotado é o único em que se dispõe de série histórica capaz de orientar a projeção de metas. Na avaliação, monitoramento e

revisões do Plano, deverão ser progressivamente incorporados elementos do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres
Naturais.
(4) As metas para os indicadores de gestão referenciam-se no Decreto Presidencial nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº

11.445/2007.

ATENÇÃO
Os indicadores e as metas propostas para o Plansab podem servir como balizadoras para os
municípios, lembrando sempre que devem estar em conformidade com a realidade
diagnosticada.

5. NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS
A partir da definição das metas, pode-se prever os investimentos em obras, recursos humanos,
15
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

equipamentos, ações de emergência e contingência, entre outros investimentos necessários para


alcançá-las.
Conforme contextualização apresentada no Plansab, desde o Plano Nacional de Saneamento
anterior, o de 1971, as principais fontes de investimento disponíveis para o setor de saneamento
básico no Brasil têm sido:
i. recursos dos fundos financiadores (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e Fundo
de Amparo ao Trabalhador - FAT), também denominados de recursos onerosos;
ii. recursos não onerosos, derivados da Lei Orçamentária Anual (LOA), também conhecido
como Orçamento Geral da União (OGU), e de orçamentos dos estados e municípios;
iii. recursos provenientes de empréstimos internacionais, contraídos junto às agências
multilaterais de crédito, tais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o
Banco Mundial (BIRD); e
iv. recursos próprios dos prestadores de serviços, resultantes de superávits de arrecadação”;
v. recursos oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos (Fundos Estaduais de
Recursos Hídricos).
A partir de 2007, o governo federal promoveu a retomada do planejamento e execução de
grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o
seu desenvolvimento acelerado e sustentável, através do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Em 2011, o PAC entrou na sua segunda fase, com o mesmo pensamento estratégico, mais
recursos e mais parcerias com estados e municípios, para a execução de obras estruturantes que
possam melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras. Na área do saneamento este
programa visa aumentar a cobertura de coleta e tratamento de esgoto, a proteção dos
mananciais, a despoluição de cursos d’água e o tratamento de resíduos sólidos, sendo uma
importante fonte de recursos para o saneamento.
Para efeito de distribuição dos recursos em saneamento, o PAC classificou os municípios
brasileiros da seguinte forma:
 GRUPO 1: grandes regiões metropolitanas do país, municípios com mais de 70 mil
habitantes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e acima de 100 mil nas regiões Sul
e Sudeste;
 GRUPO 2: municípios com população entre 50 mil e 70 mil nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste e municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes nas regiões
Sul e Sudeste;
 GRUPO 3: municípios com menos de 50 mil habitantes coordenados pela Funasa.
O documento Panorama do Saneamento Básico no Brasil - Vol VI. (BRASIL 2014a, p.46 e 47), cita
que a priorização dos investimentos deverá obedecer a critérios técnicos, tais como os de caráter
epidemiológico, sanitário e social, cabendo ao governo federal o papel de principal financiador.
Neste sentido, é importante que, tomando por base os cenários, os objetivos e as metas definidas
para a realidade local de cada município, já sejam identificadas as necessidades de investimentos
apontando as prováveis fontes de recursos. Assim, o Plano terá uma maior exequibilidade, de

16
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

acordo com a capacidade de endividamento do município, quando for o caso. Para isto, o Plano se
configura como peça fundamental, demonstrando que o município está organizado em termos de
planejamento e, assim, está apto a se candidatar como tomador dos recursos disponíveis.

6. DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS
As diretrizes gerais do Saneamento Básico constituirão as bases para o funcionamento e
organização municipal ou regional, sendo que o alicerce legal nacional é formado por dois
documentos principais que expressam os elementos essenciais à sua organização:

 Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007: estabelece diretrizes nacionais para o


saneamento básico;
 Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010: regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro
de 2007.

Aliando os princípios fundamentais apresentados na Lei n° 11.445/07, aos resultados dos


diagnósticos e prognósticos, necessidades apontadas pela sociedade, articulação e integração com
outras áreas e legislações existentes, como ocorreu na elaboração dos objetivos, cenários e metas,
já se tem uma boa base para formar as diretrizes gerais para o sistema de saneamento do
município. Por exemplo, com base no princípio citado no inciso VII do art. 2, que trata da
“eficiência e sustentabilidade econômica”, o município, ao detectar no diagnóstico um déficit
atual, ou no prognóstico um déficit futuro nos serviços de saneamento, pode já estabelecer uma
diretriz geral para o seu plano de saneamento, propondo: promoção de um fundo de recursos
destinados a sustentar as ações em saneamento no município. Essa diretriz, mencionada como
exemplo, poderia ensejar a implementação de um projeto para a criação de um fundo municipal
de saneamento, com recursos advindos da própria cobrança pelos serviços, além dos captados em
outras instâncias, e isso faria com que o princípio da sustentabilidade econômica fosse melhor
atendido.
Ainda nos art. 48 e 49 desta lei, ao se tratar especificamente da Política de Saneamento, são
estabelecidas as diretrizes e os objetivos a serem contemplados. Através da adequação destes
itens, às realidades e às necessidades locais, é possível que haja a derivação de diretrizes gerais
para o sistema de saneamento. Por exemplo, no inciso III do art. 48, é citada a diretriz: “estímulo
ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços”, a qual pode derivar em uma diretriz
para o plano municipal que siga essa mesma orientação, propondo algo como: promoção da
descentralização das decisões, da fiscalização e da regulação acerca das ações em saneamento.
É essencial que as diretrizes propostas estejam embasadas em diagnósticos confiáveis e
atualizados, para propor soluções articuladas com os problemas existentes e necessidades de
adequações do município, considerando sempre a previsão de crescimento populacional e as
competências que cabem aos municípios como titulares dos serviços (art. 9º da Lei nº 11.445/07).

17
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

ATENÇÃO
É atribuição dos municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão
ou permissão, os serviços públicos de interesse local, dentre os quais está incluído o
saneamento básico, conforme previsto no art. 30, inciso V da Constituição Federal.

Conforme apresentado no documento Panorama do Saneamento Básico no Brasil – Vol VI (BRASIL,


2014a) a definição das macrodiretrizes e estratégias para o Plansab resultou das proposições
levantadas nos grupos de trabalho e consolidadas na plenária final dos Seminários Regionais
realizados nas cinco macrorregiões do País (Belo Horizonte, Brasília, Recife, Manaus e Porto
Alegre). Adicionalmente, foram sistematizadas diversas propostas construídas no âmbito do
governo federal e de organizações da sociedade civil, em particular, sugestões, recomendações,
contribuições e reflexões advindas dos seguintes grupos:
 Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU);
 Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental (FNSA);
 Compromisso pelo Meio Ambiente e Saneamento Básico dos Ministérios do Meio
Ambiente e das Cidades;
 Grupo de Trabalho Interministerial do Plansab (GTI Plansab);
 Grupo de Acompanhamento do Comitê Técnico de Saneamento Ambiental do Conselho
Nacional das Cidades (GA);
 Câmara Técnica do Plano Nacional de Recursos Hídricos (CTPNRH); e
 Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).
Complementaram o conjunto de elementos de suporte as análises prospectivas integrantes de
documentos como o Estudo da Dimensão Territorial para o Planejamento do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e de demais planos nacionais, como o Plano Nacional de
Habitação (PlanHab) e, em especial, o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Ainda a
coerência entre as diversas proposições, versões preliminares do conjunto de macrodiretrizes e
estratégias foi objeto de discussão e consolidação, em diversas reuniões e oficinas, com técnicos
de diversos órgãos do governo federal e com especialistas convidados do setor.
As macrodiretrizes e estratégias propostas para o Plansab foram organizadas em cinco blocos
temáticos e deverão orientar, em nível geral, a execução do plano e o cumprimento das metas
estabelecidas.
Os 5 blocos temáticos, em que as macrodiretrizes foram agrupadas, bem como a sua abrangência
estão apresentados no Quadro 5.

18
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

Quadro 5 - Blocos temáticos das macrodiretrizes e suas respectivas abrangências


BLOCO TEMÁTICO DESCRIÇAÕ
Tratam-se de diretrizes fundamentais para a necessária
A) Relativas às ações de coordenação e planejamento consolidação, no plano federal e demais níveis
no setor e às articulações intersetoriais e federados, para assegurar o avanço institucional da
interinstitucionais para efetiva implementação da política nacional de saneamento, com perenidade e
Política Nacional de Saneamento Básico. sustentação ao longo do período de implementação do
Plansab e posteriores.
Referem-se a diretrizes que buscam assegurar o
fortalecimento da prestação dos serviços, em sintonia
B) Relativas à prestação, regulação e fiscalização dos
com os princípios da Lei, bem como do papel do titular, a
serviços de saneamento básico, de forma participativa
partir das atividades de gestão, regulação e fiscalização,
e integrada, com vistas à sua universalização.
na perspectiva da maior eficiência, eficácia e efetividade
do setor.
Tratam-se de diretrizes fundamentais para a necessária
consolidação, no plano federal e demais níveis
C) Relativas ao desenvolvimento tecnológico e ações federados, para assegurar o avanço institucional da
de saneamento básico em áreas especiais. política nacional de saneamento, com perenidade e
sustentação ao longo do período de implementação do
Plansab e posteriores.
São diretrizes fundamentais, que visam, dentre outros
avanços, assegurar fluxo estável de recursos financeiros
D) Relativas ao investimento público e cobrança dos para o setor e mecanismos para sua eficiente utilização e
serviços de saneamento básico. fiscalização, com base no princípio de qualificação dos
gastos públicos e da progressiva priorização de
investimentos em medidas estruturantes.
A elaboração do Plansab baseia-se no pressuposto
central de que seja um planejamento estratégico,
E) Relativas ao monitoramento e avaliação sistemática
portanto acompanhado de contínuo acompanhamento e
do Plansab.
monitoramento, com vistas à sua adaptação aos cenários
que se apresentarem.
Fonte: Plansab (BRASIL, 2014b); Documento: Panorama do Saneamento Básico no Brasil – Vol VI (BRASIL, 2014a).

Das macrodiretrizes elaboradas derivaram-se 137 estratégias, que deverão ser estritamente
observadas na execução da Política Federal de Saneamento Básico, como no cumprimento das
metas estabelecidas, programas, planos e ações durante a vigência do Plansab.

ATENÇÃO
Como foi abordado no diagnóstico, nas diretrizes e estratégias, bem como nas demais
etapas (programas, projetos e ações) devem ser apontadas soluções para o acesso aos
serviços pelos usuários de baixa renda.

19
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

7. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES


A articulação dos programas com o que já foi exposto anteriormente (metas, investimentos,
diretrizes e estratégias), além da compatibilidade entre o Plano de Saneamento Básico, com o
Plano Plurianual, Lei Orçamentaria Anual e outros programas existentes no município, são
fundamentais para que o Plano torne-se coeso e atenda aos anseios da comunidade local. Para
entender melhor esta sequência de atos para a elaboração do Plano observe a Figura 3. Na
visualização da figura, importante reforçar que cada etapa se vincula fortemente uma com a
outra, ou seja, são partes de um todo coeso e não podem ser vistas de forma isolada. Da mesma
forma, é importante também lembrar da necessidade da mobilização social em cada uma destas
etapas, pois sem esta, teremos um plano técnico deslocado da realidade local, e com forte
possibilidade de insucesso na sua implementação.

Figura 3 - Etapas do planejamento


Diagnóstico, prognósticos (cenários),
Vinculados

objetivos e metas

Diretrizes e Estratégias

Vinculados
Programas, projetos e ações

PROGRAMA 1 PROGRAMA 2 PROGRAMA ...

Projeto 1 Projeto 2 Projeto 1 Projeto 1 Projeto 2


Projeto 2

Ações Projeto ... Projeto ... Projeto ...


Ações Ações Ações Ações Ações
1, 2, ... 1, 2, ... 1, 2, ... 1, 2, ...
1, 2, ... 1, 2, ...
Ações Ações Ações
1, 2, ... 1, 2, ... 1, 2, ...

Cronograma

Analisando a Figura 3, observe também que um programa é entendido como um conjunto de


projetos, ou seja, a partir de um programa, serão desdobrados tantos projetos quantos forem
necessários para que o programa seja 100% concluído. Pode até acontecer que um programa
vincule-se a somente um projeto específico que, por si só, garanta a plenitude de sua consecução.
Nos projetos, são previstas ações a serem executadas, para que eles sejam plenamente atendidos
ou concluídos. Assim, são previstas tantas ações quantas forem necessárias para atingir todos os
objetivos e metas previstas para cada ação e ou para cada projeto. Os programas, projetos e ações

20
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

devem ser providos de objetivos e de metas, vinculados a todos os estudos que os precederam.
Conforme a proposta do Plansab (BRASIL, 2014b), os programas devem ser consistentes e
articulados, com estrutura que induza o respeito ao planejamento, uma vez que a ausência de
uma formulação adequada para os programas definitivamente inibe a execução da política do
planejamento desenvolvido. No âmbito do Plansab, a preocupação central está em fazer com que
os diversos agentes executores se reconheçam nos programas e se mantenham motivados a
contribuir para o êxito da política pública de saneamento básico. Outra preocupação é que os
programas garantam materialidade à visão estratégica do Plano assim como, já citado
anteriormente, haja a valorização dos princípios definidos na Lei nº 11.445/07. Outro importante
elemento a ser orientador dos programas é o adequado balanceamento entre medidas
estruturais e medidas estruturantes, com a valorização destas últimas, premissa central para a
lógica dos investimentos planejados no âmbito do Plano Nacional de Saneamento Básico (BRASIL,
2014b).
No Plansab foram previstos três programas para a operacionalização da Política Federal de
Saneamento Básico:
Programa 1: Saneamento básico integrado
Programa 2: Saneamento rural
Programa 3: Saneamento estruturante
A proposta de um número reduzido de programas baseia-se no princípio, da máxima convergência
das ações dos diversos atores institucionais com atuação em saneamento básico, consolidado
durante a elaboração do Plansab. A estratégia de três programas, que se iniciem legitimados pelo
Plano Nacional e se tornem fortes, reconhecidos e, principalmente, perenes, poderá garantir
eficiência e estabilidade na execução da Política.
O Plano Nacional de Saneamento Básico coloca ainda, a importância de definição de critério de
seleção e hierarquização das demandas aos Programas. Os critérios propostos que poderão ser
considerados na seleção dos projetos incluem:
 pertencimento a área ou comunidade eleita para focalização;
 solicitação voltada para área de risco para desastres e intervenção claramente orientada
para a redução desse risco;
 solicitação por consórcio público, por esquema de parcerias entre entes federados ou
outros arranjos institucionais que demonstrem ganhos de escala na gestão e, ou, na
prestação do serviço;
 pedido que considere a integralidade das ações de saneamento básico;
 município com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), com elevados
indicadores de enfermidades evitáveis pelo saneamento e com grave condição de
insalubridade ambiental;
 pedido de medida estrutural articulado com um conjunto coerente de medidas
estruturantes;
 previsão de ações intersetoriais coerentes;

21
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

 pedido que considere a compatibilidade do empreendimento com a disponibilidade hídrica


dos mananciais e com a capacidade de suporte dos corpos receptores, em sintonia com o
planejamento e a gestão dos recursos hídricos;
 existência de instância de controle social, com concepção e estrutura suficientes para
sinalizar para sua capacidade de fiscalização do uso do recurso público;
 alcance mínimo de metas de desempenho operacional previamente estabelecidas;
 existência de iniciativas concretas ou implementação efetiva de programa de redução de
perdas no sistema de abastecimento de água;
 existência de legislação municipal referente a medidas não estruturais relacionadas à
retenção de águas pluviais em lotes;
 adequada operação e manutenção dos empreendimentos anteriormente financiados;
 no caso de recursos onerosos, a capacidade de endividamento do tomador.

Por fim, de acordo com a realidade local de cada município já diagnosticada, com os cenários
propostos, definidas as diretrizes e estratégias, serão propostos os programas, projetos e ações
para buscar as adequações e melhorias desejadas. Importante ainda que estas sejam
acompanhadas de instrumentos que permitam o acompanhamento, avaliando e, quando
necessário, ajustando os rumos das ações. Neste sentido, a elaboração de um cronograma
consolidando todos os programas, projetos e ações, torna-se uma peça essencial. Assim, como
também a elaboração de relatórios periódicos que ilustrem ao gestor o andamento de cada uma
das ações planejadas.
O indicado é que para cada ação, com sua meta específica, haja uma clara identificação da sua
necessidade de ocorrência no tempo, através de um cronograma. Assim, esta peça se torna uma
ferramenta estratégica para o acompanhamento da execução do Plano de Saneamento como um
todo.
Através de relatórios e acompanhamento das ações realizadas no município, o gestor poderá
avaliar ao final de um semestre, por exemplo, se as ações previstas para este período foram
concretizadas e quais as ações que deverão ser postas em prática no próximo semestre. Seguir o
cronograma permitirá que as ações sejam efetivadas em um sequência lógica e que a execução
das metas futuras não sejam comprometidas.

22
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

Quadro 6 - Síntese do esboço dos Programas previstos no Plansab


CRITÉRIOS DE
ORÇAMENTO
PROGRAMA CONCEPÇÃO OBJETIVO PÚBLICO-ALVO AÇÕES PRIORIZAÇÃO
*
SUGERIDOS
 Existência de Plano
Municipal de
Saneamento Básico
 Existência de Plano
de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos
 Existência de
instâncias de controle
social para fiscalização
Possíveis ações
Financiar do recurso público
em:
medidas  Existência de
 Titulares ou  Áreas
estruturais para consórcios, parcerias
prestadores dos metropolitanas;
cobrir o deficit entre entes federados
Investimento serviços públicos de municípios de
em ou arranjos
em ações abastecimento de médio ou
abastecimento institucionais para a
estruturais água e esgotamento pequeno porte
de água gestão ou prestação
abrangendo, sanitário R$ 212  Favelas e
Programa 1: potável, dos serviços
preferencialm  Municípios e bilhões ocupações
Saneamento esgotamento  Iniciativas que
ente, mais de estados no caso de (recursos espontâneas;
básico sanitário, contemplem a
um manejo de limpeza onerosos e áreas de risco e
integrado limpeza urbana integralidade dos
componente urbana e manejo de não-onerosos) sujeitas a
e manejo de componentes do
do resíduos sólidos e de inundações;
resíduos saneamento
saneamento intervenções de áreas indutoras
sólidos, e  Coordenação única
básico drenagem urbana e do
drenagem e das intervenções
manejo de águas desenvolvimento
manejo das solicitadas
pluviais turístico; bacias
águas pluviais  Existência de
hidrográficas
urbanas programa efetivo de
críticas
redução de perdas no
sistema de
abastecimento de água
 Projetos de medidas
estruturais articulado
com estruturantes
 Municípios com
indicadores críticos de
salubridade ambiental

23
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

CRITÉRIOS DE
ORÇAMENTO
PROGRAMA CONCEPÇÃO OBJETIVO PÚBLICO-ALVO AÇÕES PRIORIZAÇÃO
*
SUGERIDOS
 Existência de Plano
Municipal de
Atendimento Saneamento Básico
da população
 Existência de Plano
rural, povos
de Gestão Integrada de
indígenas e
Resíduos Sólidos
comunidades Financiar
 Existência de
tradicionais, medidas para
instâncias de controle
no conjunto abastecimento
social para fiscalização
das de água  Administrações
Possíveis ações do recurso público
necessidades potável, municipais
para:  Existência de
dos esgotamento  Consórcios ou
 População consórcios, parcerias
componentes sanitário e prestadores de
R$ 22,7 rural entre entes federados
Programa 2: do limpeza urbana serviços públicos
bilhões  Povos ou arranjos
Saneamento saneamento e manejo de  Instâncias de
(recursos não- indígenas institucionais para a
rural básico, resíduos sólidos gestão para o
onerosos)  Quilombolas gestão e prestação dos
integrados e educação saneamento rural
 Reservas serviços
com o ambiental para como cooperativas e
extrativistas  Existência de
Programa o saneamento associações
programa efetivo de
Territórios da em áreas rurais comunitárias
redução de perdas no
Cidadania e e de
sistema de
com o comunidades
abastecimento de água
Programa de tradicionais
Desenvolvime  Projetos de medidas
nto Rural estruturais articulado
Sustentável, com estruturantes
entre outros  Municípios com
indicadores críticos de
salubridade ambiental
 Existência de Plano
Municipal de
Saneamento Básico
 Existência de Plano
de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos
 Existência de
Apoio à gestão instâncias de controle
 Ações
dos serviços social para fiscalização
estruturantes de
com vistas à Financiar do recurso público
apoio à gestão
sustentabilida medidas  Existência de
 Ações
de para o estruturantes  Titulares, consórcios, parcerias
estruturantes de
adequado com vistas à consórcios e outras entre entes federados
apoio à
atendimento melhoria da modalidades de R$ 65 bilhões ou arranjos
prestação de
Programa 3: populacional e gestão e gestão (principalmen institucionais para a
serviços
Saneamento com o olhar prestação de  Prestadores te com gestão e prestação dos
 Ações
estruturante para o serviços e de públicos recursos não- serviços
estruturantes de
território forma a  Gestores onerosos)  Existência de
capacitação e
municipal e qualificar os  Entidades de programa efetivo de
assistência
para a investimentos ensino e pesquisa redução de perdas no
técnica
integralidade em medidas sistema de
 Desenvolvime
das ações de estruturais abastecimento de água
nto científico e
saneamento  Cumprimento de
básico tecnológico
metas locais e
regionais
 Atendimento de
metas de desempenho
operacional
 Municípios com
indicadores críticos de
salubridade ambiental
* Valores referentes a dezembro de 2012. Recursos de agentes federais, conforme disponibilidade orçamentária

24
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

8. PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A ESTRUTURAÇÃO DE DIRETRIZES, PROGRAMAS, PROJETOS E


AÇÕES

Apresenta-se aqui uma proposta que pode servir como exemplo, de acordo com a realidade de
cada município, para o encaminhamento e elaboração de suas diretrizes, programas, projetos e
ações para o Plano Municipal de Saneamento. Esta proposta é a consolidação da metodologia
utilizada pelos autores na elaboração de Planos Ambientais Municipais para localidades com até
30.000 habitantes, situadas na região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, e se encontra
disponível em trabalho publicado por Gimenez, Peresin e Schneider (2011).

ATENÇÃO
Prezado capacitando, a metodologia que está sendo apresentada é apenas uma sugestão.
Você tem liberdade para analisá-la, adequá-la, ou até mesmo substituí-la, caso esta não se
mostre aplicável na elaboração do Plano de Saneamento do seu município.

Primeiramente deve estar claro que será a partir de um diagnóstico, elaborado com a participação
da população do município de forma efetiva, que se garantirá o sucesso das ações planejadas.
Assim, aqui traremos alguns exemplos que refletem uma situação hipotética a fim de ilustrar uma
metodologia possível de ser aplicada na organização do Plano de Saneamento, não
subentendendo-se que seja o suficiente para tal, sem as devidas leituras das realidades locais.
Lembrando-se dos elementos anteriormente já vistos, temos que a partir das diretrizes gerais e
específicas elencadas para o saneamento do município, serão propostos os programas, projetos e
ações respectivos, todos devendo estar vinculados a metas e objetivos claros e factíveis. Na
linguagem do planejamento nas áreas de administração, dizemos que as diretrizes são
desdobradas em tantos programas quantos forem necessários, que os programas, por sua vez são
também desdobrados em tantos projetos quanto forem necessários, e, na mesma linha de
raciocínio, cada projeto são desdobrados em tantas ações quantas forem necessárias.
Assim, esta proposta metodológica parte da codificação de cada diretriz, geral e específica,
proposta para o plano municipal de saneamento, que, serão então desdobradas em seus
respectivos programas e projetos, todos também como uma codificação sequencial. Esta
codificação permitirá, ao fim, a elaboração e vinculação ao cronograma, que servirá de
instrumento de controle para o andamento do plano. Para facilitar o entendimento de como estão
relacionadas às diretrizes, com os programas e projetos, foram elaboradas fichas de programa e
fichas de projeto.
Vamos ver como são propostas estas fichas? Mas antes disso, vamos entender um pouco mais
detalhadamente esta proposta de codificação. Para isto, veja o quadro a seguir onde são
apresentadas as siglas e códigos para as diretrizes, programas e projetos.

25
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

ENTENDENDO A CODIFICAÇÃO

Propõe-se que cada diretriz geral seja codificada sequencialmente com as letras ordenadas
do alfabeto: A, B, C, D, etc. Vinculados às diretrizes gerais, teremos programas, projetos e
ações que intervêm sobre o sistema de saneamento como um todo, e assim sugerimos a
utilização da sigla SS – Sistema de Saneamento. Vinculadas às diretrizes específicas para os
serviços de saneamento, propomos a seguinte codificação para cada setor:

Assim, como exemplos: a primeira diretriz vinculada ao sistema de abastecimento de água


ficaria codificada como “A.AA”; a segunda diretriz referente ao manejo de águas pluviais
ficará codificada como “B.AP” e assim sucessivamente.
Para codificar os programas, propõe-se uma numeração sequencial: 1, 2, 3, etc. Assim, por
exemplo, o programa 3, referente à diretriz C dos serviços de esgotamento sanitário, ficaria
com o código C.ES-3. Já para os projetos, propõe-se a continuidade da sequência numérica
dos programas. Assim, por exemplo, 1.1 representaria o projeto um vinculado ao programa
um, 1.2 seria o projeto 2 vinculado ao programa um, e 4.3 corresponderia ao projeto 3
vinculado ao programa 4.
Desse modo, uma codificação completa do tipo B.RS-3.2 corresponde ao projeto 2, de um
programa 3, de uma diretriz B dos serviços de manejo dos resíduos sólidos.

Para entendermos melhor esta codificação e já exemplificarmos o desdobramento das diretrizes


em programas e dos programas em projetos, vamos ver os quadros a seguir. Nestes quadros
temos exemplos para diretrizes gerais e para diretrizes específicas. Lembrando-se que diretrizes
gerais estamos chamando aquelas que se referem ao sistema de saneamento como um todo, e de
específicas aquelas que se referem a cada um dos setores do saneamento.
Quadro 7 - Exemplos de diretrizes gerais e desdobramento em programas e projetos para o saneamento básico
municipal ou regional
DIRETRIZES GERAIS E DESDOBRAMENTO EM PROGRAMAS E PROJETOS PARA O SANEAMENTO BÁSICO
MUNICIPAL OU REGIONAL

26
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

Diretriz A - Organizar institucional, administrativa e operacionalmente o saneamento básico municipal ou


regional.
 Programa A.SS-1: Institucionalização da política de saneamento
Projeto A.SS-1.1: Elaboração e aprovação da política de saneamento

 Programa A.SS-2: Descentralização do saneamento básico


Projeto A.SS-2.1: Criação e implementação do Conselho Municipal de Saneamento
Projeto A.SS-2.3: Criação e implementação do Fundo Municipal de Saneamento
Diretriz B - Promover a educação sanitária e ambiental
 Programa B.SS-1: Educação ambiental e mobilização social em saneamento básico
Projeto B.SS-1.1: Capacitação dos agentes de saúde no tema de controle de doenças com veiculação
hídrica;
Projeto B.SS-1.2: Mobilização da população para ações na área saneamento (coleta de seletiva).

Perceba que as diretrizes gerais exemplificadas estão embasadas nos pressupostos estabelecidos
pela legislação. Entretanto, é de suma importância verificar a adequação dessas diretrizes com a
realidade local de fato, incluindo e excluindo tópicos que estejam conectados com os anseios do
município ou região, em promover a mudança da realidade em busca de uma melhor qualidade de
vida a sua população.
Agora vamos ver quadros exemplos para as diretrizes específicas, ou seja, contemplando cada um
dos setores do saneamento.

Quadro 8 - Exemplos de diretrizes específicas e desdobramento em programas e projetos para o sistema de


abastecimento de água
DIRETRIZES ESPECÍFICAS E DESDOBRAMENTO EM PROGRAMAS E PROJETOS PARA O SISTEMA
DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Diretriz A - Garantir a universalização dos serviços de abastecimento de água
 Programa A.AA-1: Redução das perdas no sistema de abastecimento
Projeto A.AA-1.1: Setorização da rede de abastecimento de água
Projeto A.AA-1.2: Substituição de redes antigas e precárias
Projeto A.AA-1.3: Detecção e reparo de trechos com perdas físicas de água no sistema de abastecimento
Projeto A.AA-1.4: Manutenção e substituição dos sistemas de medição
 Programa A.AA-2: Ampliação do sistema de abastecimento de água na zona urbana
Projeto A.AA-2.1: Ampliação da capacidade de reservação
Projeto A.AA-2.2: Adequação da estação de tratamento de água
Projeto A.AA-2.3: Ampliação da cobertura de redes de abastecimento
 Programa A.AA-3: Ampliação do sistema de abastecimento de água na zona rural
Projeto A.AA-3.1: Perfuração de poços
Projeto A.AA-3.2: Ampliação das redes de distribuição
Diretriz B - Adequar a eficiência econômica do sistema com a equidade social
 Programa B.AA-1: Criação de sistema tarifário diferenciado por tipo de consumo
Projeto B.AA-1.1: Atualização do cadastramento das ligações de água e de esgotos
Projeto B.AA-1.2: Implantação de tarifa especial para população de baixa renda com baixo consumo

27
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Quadro 9 - Exemplos de diretrizes específicas e desdobramento em programas e projetos para o sistema de


esgotamento sanitário
DIRETRIZES ESPECÍFICAS E DESDOBRAMENTO EM PROGRAMAS E PROJETOS PARA O SISTEMA DE
ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Diretriz A - Garantir a universalização dos serviços de esgotamento sanitário
 Programa A.ES-1: Ampliação e adequação das redes de esgoto doméstico na zona urbana
Projeto A.ES-1.1: Cadastramento das redes coletoras instaladas
Projeto A.ES-1.2: Projeto de ampliação e separação das redes de esgoto doméstico e pluvial
Projeto A.ES-1.3: Execução do projeto UES-1.2
 Programa A.ES-2: Ampliação da estação de tratamento de esgoto da zona urbana
Projeto A.ES-2.1: Avaliação da necessidade de adequação ou ampliação da estação de tratamento de
esgoto ou estudo de implantação da estação de tratamento de esgoto
Projeto A.ES-2.2: Execução do projeto UES-2.1
 Programa A.ES-3: Implantação de sistemas individuais de tratamento de esgoto nas residências da zona rural
Projeto A.ES-3.1: Incentivo à construção de sistemas de fossa e filtro nas residências rurais.

Quadro 10 - Exemplos de diretrizes específicas e desdobramento em programas e projetos para o gerenciamento de


resíduos sólidos
DIRETRIZES ESPECÍFICAS E DESDOBRAMENTO EM PROGRAMAS E PROJETOS PARA O GERENCIAMENTO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS
Diretriz A - Garantir a universalização dos serviços de gerenciamento dos resíduos sólidos
 Programa A.RS-1: Adequação da coleta, segregação e destinação dos resíduos sólidos
Projeto A.RS-1.1: Ampliação das coletas convencional e seletiva para 100% da área urbana
Projeto A.RS-1.2: Ampliação da frota de caminhões coletores
Projeto A.RS-1.3: Campanha de educação para adequada segregação e destinação dos resíduos sólidos
 Programa A.RS-2: Implantação dos serviços de coleta seletiva na zona rural
Projeto A.RS-2.1: Definição dos pontos de entrega voluntária (PEVs) dos resíduos seletivos
Projeto A.RS-2.2: Implantação dos contêineres para a disposição dos resíduos seletivos
Projeto A.RS-2.3: Campanha de educação ambiental para orientação da população
Diretriz B - Adotar tecnologias apropriadas às peculiaridades locais e regionais
 Programa B.RS-1: Disposição dos resíduos sólidos oriundos da coleta convencional
Projeto B.RS-1.1: Estudo para remediação da área atualmente utilizada para disposição dos resíduos
sólidos oriundos da coleta convencional
Projeto B.RS-1.2: Execução do Projeto TRS-1.1
Projeto B.RS-1.3: Implantação do aterro sanitário

Quadro 11 - Exemplos de diretrizes específicas e desdobramento em programas e projetos para o manejo de águas
pluviais
DIRETRIZES ESPECÍFICAS E DESDOBRAMENTO EM PROGRAMAS E PROJETOS PARA O MANEJO DE ÁGUAS
PLUVIAIS
Diretriz A - Garantir a universalização dos serviços de manejo de águas pluviais

28
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

 Programa A.AP-1: Redução da incidência de zonas de alagamentos em períodos chuvosos


Projeto A.AP-1.1: Manutenção preventiva das bocas de lobo
Projeto A.AP-1.2: Limpeza e dragagem dos arroios
Projeto A.AP-1.3: Readequação da estrutura de drenagem
Projeto A.AP-1.4: Captação e utilização de águas pluviais para fins menos nobres
Projeto A.AP-1.5: Redução do índice construtivo em âmbito de lotes
Projeto A.AP-1.6: Priorização de materiais com menor grau de impermeabilização em vias públicas
Diretriz B - Promover a saúde pública
 Programa B.AP-1: Controle de vetores
Projeto B.AP-1.1: Identificação de locais de acúmulo de água

Visando organizar a apresentação dos programas e projetos de forma a gerar uma ferramenta
para a gestão estratégica do município no setor de saneamento, apresenta-se aqui a proposição
da elaboração de fichas orientadoras. As fichas indicam objetivamente as ações a serem
desenvolvidas para se lograr êxito com a implantação do Plano. São propostos dois tipos de fichas:
 FP1 – aquelas que contemplarão os programas;
 FP2 – aquelas que contemplarão os projetos.
As fichas de programas – FP1 – serão identificadas pelo seu título e por um código localizador,
seguidos de suas justificativas para implantação e respectivos projetos vinculados. Em síntese,
conterão as seguintes informações:
 TÍTULO: campo onde é apresentada a denominação do programa;
 JUSTIFICATIVA: campo onde se argumenta sobre a necessidade e importância do
desenvolvimento do programa;
 CODIFICAÇÃO: campo onde se insere um código identificador do programa,
sugestivamente composto pela sigla desse programa dada pela diretriz adotada e pelo
serviço de saneamento que será alvo dessa iniciativa, além de um ou mais números que
indicam a ordem de execução;
 PROJETOS VINCULADOS: campo onde constam os códigos e títulos dos projetos a serem
desenvolvidos com vistas a cumprir o programa como um todo, sendo que esses códigos já
se vinculam ao código do programa, cada qual seguido de uma numeração exclusiva;
 OBSERVAÇÕES: campo destinado a conter advertências e lembretes que sejam
fundamentais para a execução do programa.
As fichas dos projetos, FP2, vinculam-se com as fichas dos programas e contêm: título do projeto,
sua codificação (sigla), seus objetivos e uma descrição mais detalhada das ações previstas para a
sua consecução. Quanto aos elementos alusivos às metas, apresentam campo para destacar os
resultados esperados, bem como o orçamento previsto e sua data estimada de início e de fim.
Ainda, deve-se indicar nas fichas de projetos quem é ou quem são os responsáveis pelo
andamento das ações e a equipe de trabalho prevista. Juntamente com o orçamento previsto,

29
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

segue informação indicativa da possível fonte de recursos para tais ações.


A seguir, na Figura 4, apresentamos um modelo e exemplo de uma ficha de programa (FP1), que
pode ser adaptada às diversas situações de cada município.

Figura 4 - Modelo e exemplo de ficha de programa (FP1)


PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO DO MUNICÍPIO NONONON
1a Versão – 2012
TÍTULO DO PROGRAMA CODIFICAÇÃO
REDUÇÃO DAS PERDAS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO A.AA-1
JUSTIFICATIVA
OS PROJETOS PROPOSTOS NESTE PROGRAMA VISAM ADEQUAR O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO MUNICÍPIO,
REDUZINDO AS PERDAS DE ÁGUA EM DECORRÊNCIA DE REDES ANTIGAS E PRECÁRIAS, COM O INTUITO DE FORNECER ÁGUA DE
MELHOR QUALIDADE. ESSES PROJETOS ATUARÃO SOBRE AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO MUNICÍPIO NA ÁREA DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA. AS PROPOSTAS BUSCAM GARANTIR A UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
NO MUNICÍPIO TANTO DE FORMA QUANTITATIVA, COMO QUALITATIVA, ACOMPANHANDO SUAS TENDÊNCIAS DE CRESCIMENTO.
PROJETOS VINCULADOS
 Projeto A.AA-1.1: Setorização da rede de abastecimento de água
 Projeto A.AA-1.2: Substituição de redes antigas e precárias
 Projeto A.AA-1.3: Detecção e reparo de trechos com perdas físicas de água no sistema de
abastecimento
 Projeto A.AA-1.4: Manutenção e substituição dos sistemas de medição
Observações

Compreendida a estruturação da FP1, vamos para o modelo da FP2, ficha de projeto, onde na
Figura 5 se apresenta um modelo e exemplo desta estrutura proposta. Na FP2, detalha-se cada um
dos projetos. Ela deve conter todas as informações que o município julgar pertinente para a plena
execução de cada projeto. A ficha aqui apresentada é mero modelo, preenchida a título de
exemplo, sendo que pode ser adaptada e deve ser preenchida de acordo com a realidade de cada
município. Nesta ficha propõe-se que estejam contidas as seguintes informações:
 TÍTULO DO PROJETO: campo onde se indica a denominação do projeto, a mesma que já
consta no programa ao qual o projeto está vinculado.
 CÓDIGO DO PROJETO: campo onde consta a codificação do projeto, também
correspondendo ao código já estabelecido para o projeto vinculado na ficha do programa.
 VINCULADO AO PROGRAMA: campo onde se faz uma chamada ao código e ao programa
ao qual esse projeto específico está vinculado.
 PRIORIDADE DE EXECUÇÃO: campo onde se estabelece um nível de prioridade para cada
projeto específico, podendo ser classificado como: imediato, curto, médio ou longo prazo.
Esse item será importante para compor o cronograma de execução, identificando
temporalmente a ação e seu nível de prioridade. Na definição dos níveis de prioridade,
deve-se considerar que o Plano Municipal de Saneamento Básico é elaborado para um
horizonte de 20 anos, devendo ser revisado em prazo não superior a 4 (quatro) anos,

30
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

anteriormente à elaboração do Plano Plurianual, conforme definido na Lei nº 11.445/07.


Para a definição de prazos viáveis de execução, devem ser ponderadas, ainda, as questões
relativas aos recursos disponíveis e aos que serão demandados pelo projeto, incluindo os
financeiros, de materiais e mão de obra. A prioridade de execução pode considerar a
seguinte sugestão de prazos: ações imediatas ou emergenciais – até 3 anos; curto prazo – 4
a 8 anos; médio prazo – entre 9 e 12 anos; e longo prazo – entre 13 e 20 anos.
 OBJETIVO(S): campo onde se explicita o que se almeja com a execução do projeto; os
objetivos devem estar vinculados com o programa de origem e, consequentemente, com
as diretrizes que o geraram.
 AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS: campo onde se descrevem etapas ou atividades
previstas para serem desenvolvidas, com vistas a atingir o objetivo do projeto.
Preferencialmente, essas atividades são colocadas em uma ordenação sequencial lógica
para a consecução do projeto como um todo.
 RESULTADOS ESPERADOS: campo onde se apresenta, de forma prática e objetiva, a
quantificação e/ou qualificação no que diz respeito aos resultados a serem atingidos, em
termos sociais, econômicos, sanitários, de saúde ou ambientais. Esses são os elementos
vinculados às metas do projeto, em face dos objetivos já enunciados e do prazo de
execução previsto, de modo que se caracterize mais concretamente o que se espera
alcançar com a execução plena do projeto.
 INDICADORES: campo onde são citados os indicadores que servirão como referência para
avaliação dos objetivos e metas de cada projeto.
 RESPONSÁVEL (IS): campo onde se identifica o cargo do responsável ou dos responsáveis
pela coordenação e/ou controle de execução do projeto. Entende-se como mais adequado
o preenchimento com o cargo e não com o nome, tendo em vista que o projeto não é uma
ação pessoal, e também pela garantia de que será executado mesmo que ocorram
mudanças no corpo administrativo ou técnico da prefeitura municipal. Sugere-se que
sejam, preferencialmente, cargos do 1º até o 3º escalão da prefeitura a compor esse item.
 EQUIPE DE TRABALHO: campo onde constam os nomes e cargos da equipe responsável
pela execução ou pelo acompanhamento da execução das ações do projeto. Essa equipe
será coordenada pelo responsável anteriormente citado.
 ORÇAMENTO: campo onde se faz uma previsão dos recursos financeiros para a plena
execução do projeto, tendo presente que esses valores devem suprir despesas com
material, pessoal, deslocamento, construção civil, entre outros, os quais serão
determinados conforme a característica do projeto.
 ORIGEM DOS RECURSOS: campo onde se faz, também, uma previsão das possíveis fontes
de recursos, sejam estes próprios, de órgãos de fomento, financiados, das concessionárias,
do fundo municipal, entre outros.
 INÍCIO E CONCLUSÃO: campo onde se apresenta uma previsão para os períodos de início e
de conclusão do projeto. Esses prazos correspondem às metas do projeto em termos de
tempo de execução. São vinculados ao cronograma de execução, dentro da respectiva
31
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

prioridade de execução.
 OBSERVAÇÕES: campo onde podem ser expressas informações importantes para a
execução do projeto.

Figura 5 - Modelo e exemplo de ficha de projeto (FP2)


PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO DO MUNICÍPIO NONONONO
1a Versão – 2012
TÍTULO DO PROJETO CÓDIGO DO PROJETO
SUBSTITUIÇÃO DE REDES ANTIGAS E PRECÁRIAS A.AA-1.2
VINCULADO AO PROGRAMA
A.AA-1: REDUÇÃO DE PERDAS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO
PRIORIDADE DE EXECUÇÃO
IMEDIATO
OBJETIVO(S)
DETECÇÃO, REPARO E/OU SUBSTITUIÇÃO DAS REDES ANTIGAS E PRECÁRIAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA, RESPONSÁVEIS POR
PERDAS NO SISTEMA, ASSIM COMO PELO COMPROMETIMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA À POPULAÇÃO.

AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS


 Realizar levantamentos de identificação das redes mais antigas e em situação precária, avaliando suas
condições de uso e necessidade de substituição.
 Organizar um cronograma de substituição das redes antigas e precárias com base no cenário geral da rede
de distribuição do município.
 Priorizar a substituição de redes em arruamentos com previsão de implantação de pavimentação, evitando
que seja necessário desfazer posteriormente a pavimentação para consertos ou substituição dessas redes
antigas e/ou precárias.
 Considerar e avaliar a possibilidade de estabelecer parceria(s) com empresa(s) concessionária(s), objetivando a
substituição da rede, agilizando serviços como fechamento e sinalização de valas, desvio de trânsito,
repavimentação, comunicação às comunidades afetadas, etc., na tentativa de minimizar, tanto quanto possível,
os impactos sobre a população do município.
RESULTADOS ESPERADOS
SUBSTITUIÇÃO DE 100% DAS REDES DETECTADAS COMO ANTIGAS E PRECÁRIAS. POR MEIO DESSA SUBSTITUIÇÃO, ESPERA-SE A
REDUÇÃO DAS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO E DAS PERDAS NOS PONTOS DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO COM MAIOR INCIDÊNCIA DE
CONSERTOS.
INDICADORES
Eficácia: O projeto foi concluído no prazo previsto?
Eficiência: Os custos foram condizentes com o orçamento?
Efetividade: As ações realizadas atenderam a expectativa de adequação de 100% da rede de distribuição de
água, reduzindo as perdas de 80% para 20%?
RESPONSÁVEL(EIS)
PREFEITURA MUNICIPAL E SECRETARIA DE OBRAS
EQUIPE DE TRABALHO
ENGENHEIRO CIVIL E TÉCNICOS DA SECRETARIA DE OBRAS
ORIGEM DO
ORÇAMENTO R$ 100.000,00 Recursos da concessionária
RECURSO
INÍCIO 1º semestre de 2014 CONCLUSÃO 2º semestre de 2015
Observações
Considerar como redes “antigas” prioritariamente as, ainda, existentes em materiais distintos do PVC ou PEAD,
tais como em ferro fundido, fibrocimento, etc. Além dessas, redes em PVC com mais de 15 anos de operação e
com frequente incidência de consertos também devem ser consideradas para substituição.

32
MÓDULO 5 - PLANEJANDO O FUTURO DO SANEAMENTO

Por fim, temos a proposição do cronograma, como sendo uma peça fundamental para orientar o
acompanhamento e fiscalização da execução das ações, dos projetos e dos programas previstos
pelo Plano Municipal de Saneamento Básico. A palavra “cronograma” vem do grego kronos e
grama, que significam, respectivamente, “tempo” e “medida”. Assim, cronograma significa “a
medida do tempo”, ou seja, é o instrumento que contribui para verificarmos o andamento das
ações ao longo do tempo.
Nos planos de saneamento, o cronograma geral tem por objetivo facilitar o acompanhamento do
gestor quanto às ações previstas para a efetivação de todos os programas e projetos.
Através de relatórios e acompanhamento das ações realizadas no município, o gestor poderá
avaliar ao final de um semestre, por exemplo, se as ações previstas para este período foram
realizadas e quais as ações que deverão ser realizadas no próximo semestre. Seguir o cronograma
permitirá que as ações sejam realizadas em um sequência lógica e que a execução das metas
futuras não sejam comprometidas.
O cronograma caracteriza-se por ser uma planilha onde constam todos os programas e projetos,
os períodos em que deverão ser executados e as respectivas prioridades. As codificações adotadas
nas fichas de programas (FP1) e de projetos (FP2) serão adotadas diretamente no cronograma,
como forma de ajudar na organização das informações e criar um sistema que agilize e facilite a
busca indexada para avaliar o andamento das ações. Um exemplo de cronograma pode ser visto
no Quadro .
Quadro 12 - Exemplo de cronograma
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
PRIORIDADE DE
PROGRAMAS PROJETOS
EXECUÇÃO 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
sem sem sem sem sem sem sem sem sem sem sem sem sem sem
A.AA-1.1
Setorização da rede
IMEDIATO
de abastecimento
REDUÇÃO DE PERDAS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO

de água
A.AA-1.2
Substituição de CURTO
redes antigas e PERMANENTE
precárias
A.AA-1.3
A.AA-1

Detecção e reparo
de trechos com IMEDIATO
perdas físicas de PERMANENTE
água no sistema de
abastecimento
A.AA-1.4
Manutenção e
substituição dos MÉDIO
sistemas de
medição
A.AA-2.1
AMPLIAÇÃO DO SISTEMA

ÁGUA NA ZONA URBANA


DE ABASTECIMENTO DE

Ampliação da
MÉDIO
capacidade de
A.AA-2

reservação
A.AA-2.2
Adequação da
MÉDIO
estação de
tratamento de água

33
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

A.AA-2.3
Ampliação da
CURTO
cobertura de redes
de abastecimento

O Quadro 12 representa somente um trecho de um cronograma, preenchido com base no


exemplo do programa A.AA, referente à diretriz “A – Garantir a universalização dos serviços de
abastecimento de água no município”, e seus projetos correspondentes já utilizados para
preencher os modelos das fichas FP1 e FP2. Esse cronograma, para se tornar completo, deve
contemplar todos os programas criados pelo plano de saneamento (sentido vertical do quadro),
bem como suas ações, no horizonte de 20 anos previsto para o planejamento dos sistemas de
saneamento (sentido horizontal do quadro).
O cronograma deve compor um cartaz ou um painel de dimensões suficientes para congregar
todos os programas, projetos e ações, bem como todo o horizonte de planejamento. Dessa forma,
ele servirá para as lideranças municipais avaliarem periodicamente como estão os andamentos
das ações que compõem cada projeto. Para isso, as fichas vinculadas a esse cronograma se
constituiriam em instrumentos práticos de verificação desse andamento.

Caro capacitando!
Neste módulo, tratamos das etapas de formulação dos objetivos, cenários, metas,
investimentos, diretrizes e estratégias, além dos programas, projetos e ações. São etapas
fundamentais para definir o rumo do saneamento a ser dado ao município. Em cada etapa
foi descrita a metodologia e as propostas apresentadas no Plano Nacional de Saneamento
Básico . Ao final do módulo foi descrita uma proposta metodológica para a estruturação de
programas, projetos, ações e cronograma, que poderá ser adequada para a realidade de
cada município.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010. Regulamenta a Lei no 11.445, de 5 de janeiro
de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências.
DOU, Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/Decreto/D7217.htm>. Acesso em: 10 dez. 2010.
______. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
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