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Diatópicas e Diastráticas

Concebendo-se que nenhuma língua natural humana é um sistema em si mesmo homogêneo e


invariável, onde a diversidade é uma propriedade funcional e inerente aos sistemas linguísticos
(Camacho, 2006). Essas variações ocorrem em especial nos níveis fonológicos, sintáticos e
lexicais.

Ao longo do surgimento da sociolinguística diversas formulações foram feitas para


compreender como as variações agiam, dentre elas, podemos citar as três dimensões de Bright
(dimensão do emissor, do receptor e da situação ou contexto) e a formula de Hymes que a
descreve como ‘’ quem diz, o que, a quem, onde e como’’ (Preti, 1994). Das opções que
existem para especificar as variantes linguísticas, nos dedicaremos as demarcações definidas
como: diatópica ou geográfica, diastrática ou social e as variações estilísticas ou diafásicas.

A variação geográfica ou diatópica refere-se as diferenças linguísticas ocorridas em


determinada região ou espaço físico, surgindo assim a definição regionalismos, provenientes
dos falares locais, comumente chamados de , dialetos, as quais sugerem um nivelamento
hipotético de uma linguagem comum. A língua portuguesa é bem diferente quando falada no
Brasil ou em Portugal, é algumas serão as similaridades do português falado em Angola. Por
exemplo, Portugal utiliza a expressão bolseiro, enquanto, no Brasil usamos a expressão
bolsista. As diferenças entre pronúncias e palavras utilizadas em cada região do país também
fica evidente, sendo a mandioca na região sudeste e macaxeira na região nordeste.

Com esses diferentes falares dentro de um país ou de uma mesma língua, outra característica
surge, a urbana e a rural, sendo a primeira marcada por características relativamente comuns,
por influência midiática, cultural e escolar, enquanto a segunda preservaria características
devido ao seu isolamento e até conservadorismo.

Dentro das características relativas ao campo diatópico outras surgem, aquelas ligadas a
identidade dos falantes, a organização sociocultural da comunidade de fala, a esses traços
estão relacionados os aspectos sociais ou diastráticos, as quais, dividem-se em:

Idade: Observa-se no falar com muitas gírias dos adolescentes, em contraposição a um falar
adulto com menos observâncias. O linguajar infantil também demonstram características
particulares, porém, dependendo do ambiente, pode-se notar pouca variação entre as idades
e os falares.

Sexo: Profundamente marcado por tabus sociais, ao que se espera que uma mulher ou
homem diga, por isso, certas linguagens ditas obscenas ou mais vulgares não são encontradas
na fala da mulher, a qual utiliza-se de diminutivos ( coitadinho, queridinho) durante seu falar.
Porém, essa variação vem diminuindo, especialmente nos grandes centros urbanos e devido as
influências da mídia.

Raça ou cultura: Relaciona-se com variações linguísticas ligadas a etnologia, verificado em


círculos sociais com grande número de imigrantes.

Profissão: Linguagem técnica ou especializada, em que o falante utilizam um vocabulário


condizente com sua profissão.
Posição Social: Status social ou o que se espera dele. Como linguajar mais culto ou formal de
um político ou o mais jovial e cheio de gírias de um vendedor ambulante.

Grau de escolaridade: Marcada por extremos tendo de um lado, negações duplas e de palavras
mais populares e do outro lado a economia das palavras e o uso de formas cultas, pois, quanto
maior a escolaridade, maior será o domínio da língua e suas opções quanto a usa-lo.

Local em que reside: Revela-se por diferenças relativas a bairros ou regiões de uma mesma
metrópole, sendo essas diferenças acentuadas no vocabulário, expressiva na fonologia e
diminuta na morfossintaxe.

O conjunto de variantes acima citados ocorrem em uníssono, com algumas características mais
ou menos marcantes conforme a situação social em que a pessoa esta no momento. Mas,
pode-se perceber a presença de uma linguagem, a qual teria um papel específico, tais
linguagens seriam linguagem culta ou padrão e a linguagem popular ou subpadrão, possuindo
a primeira um maior prestígio, diretamente ligada aos ideais de comunicação e a escolaridade
enquanto a segundo observa-se em diálogos de obras literárias e comunicações cotidianas.
Possuindo como características variedade da construção da frase, organização gramatical
cuidada da frase entre outras. A linguagem popular ou subpadrão caracteriza-se pela
economia nas marcas de gênero, número e grau, falta de correlação verbal entre os tempos,
simplificação gramatical com uso de bordões.

Outras variáveis apresentam-se além das citadas, existem as chamadas situacionais ou


estilísticas, onde fatores como o local, o grau de intimidade, o tema e o estado emocional dos
falantes fazem com que os falantes adequem sua fala a situação, sendo que essa é uma
escolha que é feita com base no repertório linguístico, os domínios e sutilezas que o falante
possui sobre a língua, de forma mais ou menos consciente, ocorrendo nisso os diferentes
falares observados pela mesma pessoa em um ambiente empregatício e em uma roda de
amigos, sua fala indo da linguagem padrão à popular, conforme a maior aceitação ou
expectativa da ocasião.

Bibliografia:

ALKMIN, Tania. Sociolinguística: parte 1. In: MUSSALIN, FERNANDA &


BENTES, ANNA CHRISTINA (2001) (orgs.) Introdução à Linguística: Domínios e
Fronteiras. Volumes 1 . São Paulo: Cortez Editora. p.21-47.

CAMACHO, Roberto Gomes. Sociolinguística: parte 1. In: MUSSALIN,


FERNANDA & BENTES, ANNA CHRISTINA (2001) (orgs.) Introdução à
Linguística: Domínios e Fronteiras. Volumes 1 . São Paulo: Cortez Editora.
p.50-75.

PRETI, Dino. Sociolinguística: níveis de linguagem. São Paulo: Edusp,


2003.p.170.

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