Professional Documents
Culture Documents
Livro 1
SARA SHEPARD
Sinopse
Assim que Seneca Frazier vê o post no site Casos Arquivados sobre Helena Kelly,
ela fica viciada. O desaparecimento de alto nível de Helena cinco anos antes é o que
originalmente deixou Seneca viciada em crimes de verdade. É a razão pela qual ela
é um membro do site em primeiro lugar. Então, quando Maddy Wright, sua melhor
amiga do site dos CA, convida Seneca a passar as férias da primavera em Connecticut
analizando casos arquivados, ela imediatamente faz as malas.
Mas no momento em que ela sai do trem badalado e glamouroso de Dexby, as
coisas começam a dar errado. Maddy não é nada como ela esperava e a irmã de
Helena, Aerin Kelly, parece completamente hostil e totalmente desinteressada em
ajudar com sua investigação de assassinato. Mas quando Brett, outro super usuário
do site, se junta a Seneca e Maddy em Dexby, Aerin começa a se juntar a eles. A
polícia deve ter perdido algo e alguém em Dexby tem definitivamente a informação
que estiveram mantendo em segredo.
Enquanto Seneca, Brett, Maddy e Aerin começam a desvendar os segredos
obscuros e traições chocantes sobre as pessoas mais próximas a eles, eles parecem estar
na trilha do assassino, finalmente.
Mas em algum lugar perto o assassino está observando... pronto para fazer o
que for preciso para se certificar de que a verdade permaneça enterrada.
Antes
CAIXA DE MENSAGENS
Abaixo havia uma captura de tela de uma postagem escrita horas antes
por alguém chamada AKellyReal. O estômago de Seneca revirou diante do
nome no título do tópico: Helena Kelly. Sim, Maddy. Tenho todos os detalhes
desse caso memorizado.
Mas ela não podia dizer isso a Maddy. Ela mexeu os dedos sobre o
teclado.
A
e
erin Kelly afundou em um incômodo assento de vime no pátio
de sol de sua amiga Tori, cruzando as pernas provocativamente,
encarando o cara ao
Owen. Merda. Definitivamente era Owen.
lado dela. Oliver. Não,
Viajei para Dexby para verificar as coisas. Este caso é uma furada. Voltando
para casa no trem das 19:00.
***
Cinco minutos depois, todos eles estavam sentados na lanchonete ao
lado da Pousada Restful. Era um daqueles estabelecimentos antiquados
construídos dentro de um reboque de aço inoxidável, as cabines feitas de
vinil laranja, o menu eram cartazes acima do balcão e o lugar tinha uma
jukebox que só tocava clássicos. Algumas pessoas se sentavam em
banquinhos, segurando grossas canecas de café. A garçonete, uma mulher
com olheiras e um porte cansado, deu-lhes um sorriso cheio de tiques
enquanto eles entravam. Um sentimento assustador cutucou Seneca, mas
ela provavelmente ainda estava abalada com a emboscada na estação.
— Ok. — Aerin se sentou e olhou para todos eles. — Contem-me
as suas grandes teorias.
Brett olhou de um lado para o outro ao redor da lanchonete, tomou
um gole de água e limpou a garganta um pouco dramaticamente. — Você
sabia que Helena escreveu sua dedicatória do anuário em código skip?
Aerin franziu a testa. — O que é isso?
— Os jovens na minha antiga escola sabiam que seus pais ficavam
monitorando as suas contas de Twitter o tempo todo, então eles postavam
algo que parecia totalmente inofensivo, mas se você soubesse como ler em
códigos, entendia que aquela mensagem queria dizer outra coisa
completamente diferente. Normalmente, os códigos eram sobre quem
estava pegando quem, ou se alguém tinha comprimidos, ou se havia alguma
festa acontecendo no bosque naquela noite.
Seneca riu. — Você sabe disso porque você já foi a um monte de
festas na floresta?
— Quem me dera — disse Brett. — Eu era um perdedor na
escola. Nenhum de vocês teria falado comigo naquela época,
especialmente você.
Ele lançou a Aerin o que claramente deveria ser um olhar
encantador. Ela zombou. — Como você sabe se eu sou popular?
— Ah, garota, você aparenta isso. — Brett sorriu. — Aposto que
todo mundo quer sair com você.
— Você também quer? — Aerin perguntou desafiadoramente, mas
também com um toque de flerte. Ela de repente se comportava bem
diferente daquela menina que Seneca havia conhecido na porta de sua casa
ainda hoje.
Brett acenou com a mão. — De jeito nenhum, cara. Eu sei quando
algo está fora do meu alcance.
— De volta a história — Seneca prosseguiu impacientemente.
— De volta a história — disse Brett. — Eu acho que a dedicatória de
Helena continha um código skip também. — Ele lhes passou uma xerox
de uma página do anuário da Windemere-Carruthers, o mesmo que Seneca
tinha visto online. Ali estava a dedicatória de Helena: Eu vou sentir a sua
falta Becky-bee, o amar é forte, você vai ficar bem para sempre, Kaylee, xoxo minhas
queridas, LOL Samurai esgrima tarde da noite.
— Fui até a biblioteca pública esta tarde, eles têm anuários escolares
em arquivo. Eu queria encontrar a cópia física para me certificar de que a
imagem online que estávamos olhando não tinha sido alterada sem querer
quando foi digitalizada — Brett apontou para cada palavra. — Então, isso
parece uma mensagem intima para algumas amigas, piadas, ou o que quer
que seja, certo? Mas se você pular e só ler algumas palavras, a mensagem
diz algo totalmente diferente.
Seneca olhou e leu em voz alta. — Eu vou... amar... você... para
sempre... meu... Samurai... noite. — Ela olhou para cima e fez uma careta. —
Ok…
— Eu estou pensando que ela queria dizer Samurai Knight, com
um K, e apenas não pôde encontrar como expressar essa última palavra.
— Você acha que Kevin é o seu Samurai Knight? — Seneca pensou
em Kevin Larssen, o namorado de Helena. Ela costumava manter um
recorte com a foto dele em sua mesa em casa junto com outros materiais
sobre o caso de Helena. Ele tinha a pele pálida e cabelos claros
ondulados. Mas aquilo era provavelmente muito literal para uma
interpretação.
Aerin também não parecia convencida. — Houve uma vez que todos
nós assistimos Saw. Ele escondeu os olhos com medo durante todo o
filme. Isso não parece coisa de samurai para mim.
— Garota, eu me escondi naquele filme, também — Brett disse
timidamente. Ele cutucou Seneca alegremente após haver deixado escapar
o que estava em sua mente, parecendo não se importar com o quão tolo
ele pudesse parecer. Ela sempre se surpreendia com pessoas assim, já que
ela costumava fazer exatamente o oposto, escolhendo cada palavra e gesto
após uma análise cuidadosa.
Brett abriu a página do Facebook de Kevin, que Seneca já conhecia
bem. Ela checava aquela página regularmente, em busca de quaisquer
referências sobre Helena, embora a maioria das publicações de Kevin
fossem sobre um clube do qual ele fazia parte, a Juventude de Connecticut.
Hoje, a página de Kevin era toda sobre política; em sua imagem
principal, ele estava em um pódio dando um discurso para o Conselho de
Educação de Connecticut. Havia outra foto dele apertando a mão de Joe
Biden.
— Ele está concorrendo para o senado estadual, então ele tentou
apagar suas mensagens do ensino médio — disse Brett. — Mas há maneiras
de recuperar esse tipo de coisa se você sabe exatamente o que está
buscando e consegue entender bem de computadores. E se você conseguir
entrar em sua página antiga...
— ...você consegue ver que ele conversou com Helena no chat do
Facebook — Seneca interrompeu, lembrando de repente. — Helena o
chamava de apelidos. Sr. Man, Gatinho, mas nunca de Samurai Knight.
Brett levantou uma sobrancelha. — Você pesquisou também. Eu
sabia que estava lidando com uma sabe-tudo.
Seneca apertou os lábios. Talvez fosse melhor deixar o grupo
acreditar em suas próprias teorias para que não notassem que talvez ela
também tivesse estado um pouco obcecada com tudo isso.
— De qualquer forma — ela apressou-se, — você está pensando que
Helena está se referindo a alguém ao usar o código skip? Um japonês,
talvez?
Maddox colocou as mãos atrás da cabeça, revelando uma faixa de pele
nua acima de seus jeans. Seneca desviou o olhar.
— Ou talvez seja alguma piada aleatória entre os dois. — Ele limpou
a garganta. — Sua irmã gostava de piadas.
A cabeça de Aerin se levantou bruscamente. — Como é
que você sabe?
Ele sentou-se reto. — Nós conversamos, às vezes. Ela era legal.
Os olhos de Aerin brilharam. — Na verdade, como sabemos que não
foi você quem fez algo com a minha irmã?
Seneca arregalou os olhos. Uau.
A expressão relaxada de Maddox desapareceu.
— Como assim? — Aparentemente, ele não conseguia manter a calma
sempre.
— Você tinha acesso a minha casa. E você provavelmente sentia uma
coisa pela minha irmã... então ela falou com você, tipo, uma vez? Oh, você
é legal agora, mas naquela época você não era. Naquela época, você era...
— Aerin — Brett interrompeu. — Eu realmente não acho que
Maddy faria mal a ninguém.
— Sim, eu concordo... — disse Seneca. Ela duvidava que Maddox
conseguisse esconder seus instintos assassinos tão habilmente. Além disso,
por que o assassino de Helena iria querer resolver seu assassinato?
— Eu tenho um álibi — Maddox disse sombriamente. — Eu estava
com a minha mãe. Ela me arrastou para fora da cidade naquele dia para
olhar vestidos de casamento.
Por sua expressão, ele estava claramente magoado.
— Ok, ok — Aerin disse, emburrada. — Todo mundo já pode parar
de olhar para mim desse jeito, ok? Eu tinha que perguntar. — Ela olhou
para Brett. — Então Helena poderia ter tido um namorado secreto, é o
que você está tentando dizer? Como é que vamos descobrir quem é?
Brett estava tamborilando sobre a mesa.
— A sua irmã... tinha amigos japoneses? Ela estava interessada em
qualquer coisa japonesa? Você chegou a notar algum tipo de mudança?
Aerin apertou sua mandíbula. — Provavelmente três japoneses vivem
em Dexby, no máximo, e eles administram o sushi bar daqui. E adivinhe,
a minha irmã odiava sushi, então você está latindo para a árvore errada.
Ela se levantou como se estivesse indo embora. Seneca a agarrou pelo
braço. — Bem, eu tenho uma pergunta para você. — Aerin estancou. —
Eu estou querendo saber por que você demorou dez minutos para
encontrar uma bolsa.
Aerin arregalou os olhos. — Como é?
— Em suas entrevistas sobre o seu último dia com Helena, você disse
que entrou para buscar uma bolsa para a boneca de neve e voltou para fora
dez minutos depois. Cinco minutos já é muito tempo, Aerin. Suas
entrevistas também dizem que você estava ansiosa por passar um tempo
com Helena; que não tinham mantido muito contato por um longo período
de tempo. Se você estava tão ansiosa para passar o tempo com a sua irmã,
por que você iria perder tempo longe dela?
Aerin sentou-se novamente, pegou um guardanapo do dispensador e
começou a rasgá-lo em pedaços. — Eu não entendo por que isso importa.
Seneca cruzou os braços sobre o peito. — Eu acho que importa
muito. O que você estava fazendo?
Aerin apertou os olhos fechados. Os únicos sons eram o tilintar dos
talheres. — Eu estava fuçando no quarto de Helena, ok? Ela me mandou
para lá. Eu só queria ver o que havia lá.
Seneca assentiu, satisfeita. — Você encontrou alguma coisa
interessante?
Aerin sacudiu a cabeça. — Não...
Seu olhar disparou para o lado. Seneca poderia dizer que ela estava
pensando em alguma coisa, mas ela decidiu deixar para lá antes de
perguntar.
— Aconteceu alguma coisa antes de você entrar? — Maddox
perguntou.
Aerin pensou por um tempo. — Houve uma coisa. Eu disse a Helena
que sentia falta dela, e ela disse: Nós nos falaremos mais, mas algumas coisas
terão que continuar em segredo.
Maddox pareceu intrigado. — E que coisas ela queria manter em
segredo?
— Eu não sei. E, além disso, ela nunca me contou nada
importante. — Uma expressão de dor cruzou o rosto de Aerin. Então ela
se levantou. — Está tarde. Vamos voltar a nos encontrar amanhã.
Ela pendurou a bolsa no ombro, deu alguns passos, e depois parou e
girou.
— Espera. Origami é japonês, não é?
— Sim — Seneca disse, inclinando a cabeça. — Por quê?
— Havia um origami no quarto dela, quando eu fui lá. Achei
estranho.
Seneca sabia que Aerin estava pensando em alguma coisa. — Será que
a polícia o recolheu?
— Eu o peguei antes de entrarem em seu quarto. Eu senti que eu
precisava protegê-lo de alguma forma.
— Você ainda o tem? — Maddox perguntou.
Os olhos de Aerin se apertaram. — Sim.
— Você pode trazê-lo para nós? — Seneca perguntou.
Aerin piscou. Seu lábio inferior tremeu. — Sim — ela sussurrou. —
Ok.
— Ótimo — Seneca apertou as mãos. — Bem, escuta. Já nos
encontramos aqui e agora precisamos nos encontrar novamente amanhã
pela manhã. Você escolhe o local.
Aerin pensou por um momento. — Le Dexby Patisserie — ela disse.
— Às nove. Vejo vocês lá, então.
Ela se virou para a porta. Todos os demais permaneceram onde
estavam. Finalmente, Maddox se levantou também e disse: — Um
origami? — ele perguntou. — Você realmente acha que significa alguma
coisa?
Seneca deu de ombros. — É o que ela precisava ouvir por agora. E na
verdade, nunca se sabe. — Ela pegou sua bolsa. — Vejo vocês mais
tarde. Prazer em conhecê-lo, Brett.
Ela caminhou em direção à porta. Maddox correu e a seguiu. A meio
caminho da rampa de acesso para o estacionamento ele a chamou: — Para
onde você está indo?
Seneca apontou para a pousada. — Reservar um quarto ali.
Maddox estudou a fachada da pousada. Seneca esperava que ele não
fosse comentar o fato de que várias lâmpadas estavam queimadas e que os
arbustos ao redor pareciam assustadores. Então ele mudou de assunto.
— Eu não fiz nada para Helena, você sabe.
— Eu sei. Eu não acho que Aerin realmente quis dizer isso.
Ele balançou a cabeça, parecendo aliviado por sua resposta. — Você
ainda pode ficar comigo, se quiser.
Seneca deu de ombros. — Eu estarei bem aqui.
A casa de Maddox provavelmente seria mais confortável do que a
pousada, mas ela realmente não queria estar todo o tempo ao redor tendo
que vê-lo jogar Madden NFL. Além disso, ela precisava estar
completamente sozinha para que pudesse repassar tudo o que tinham
descoberto naquele dia, sem distração.
Seu cérebro se iluminou e ela se lembrou de um e-mail que ele enviou
sobre seus livros favoritos.
Cem Anos de Solidão de Márquez. Submundo de DeLillo. O Leão, a
Feiticeira e o Guarda-Roupa. Aqueles eram alguns de seus favoritos,
também. Ele realmente leu aqueles livros?
Em seguida, ela teve outro pensamento. — De qualquer forma, agora
você não tem que colocar Austin & Ally no mudo.
Ao mesmo tempo, Maddox desabafou: — Pelo menos amanhã de
manhã eu posso gargarejar.
Eles pararam e trocaram um olhar. Seneca sorriu. Durante um de seus
bate-papos, Maddox tinha dito a ela que para adormecer, ele precisava
assistir ao Disney Channel antes. Ela confessou a ele que o som de
gargarejo era um dos piores ruídos de todos. Ela não conseguia acreditar
que ele se lembrava disso. Estranhamente, ele estava sorrindo para ela
como se também não pudesse acreditar que ela ainda se lembrava daquilo
também.
Ela percebeu que já estava encarando Maddox por muito tempo. Este
ar fresco de Dexby estava mexendo com seu cérebro. — Vejo você amanhã
— ela disse afetadamente.
E, em seguida, dando-lhe um aceno, ela girou nos calcanhares e
caminhou rumo ao hotel.
Capítulo 7
Traduzido por Ann
***
— Dá uma olhada nisso — Thomas sussurrou, destravando uma
Ferrari 458 Spider vermelha rebaixada. Aerin só sabia de todos esses
detalhes porque Thomas tinha acabado de sussurrar a mesma coisa cerca de
seis vezes. O carro estava estacionado na parte de trás do estacionamento
do country club; o único outro veículo perto dele era o carrinho de golfe
do zelador.
O proprietário do carro, o Sr. Levine, gostava de estacionar longe,
Thomas explicou, para ter certeza de que nada arranharia seu carro.
Thomas deslizou no assento de couro bege do motorista e agarrou o
volante, fazendo sons de motor acelerando como um menino de três anos
de idade. Aerin riu. — Desde quando policiais roubam carros?
— Eu não estou roubando. — Thomas balançou as chaves. — Mas
não há nenhuma regra sobre nós nos sentarmos e passarmos um tempo
dentro dela. Posso dizer ao Sr. Levine que nós estamos aqui apenas para
ter certeza de que nada vai arranhar o carro dele. — Ele deu um tapinha
no banco do passageiro. — Vamos lá.
Aerin gostava de como Thomas burlava as regras. Ela caminhou para
o outro lado do veículo e se aconchegou no banco do passageiro, que tinha
uma imagem de um garanhão costurado bem no topo. Até mesmo o cinto
de segurança do carro era o típico cinto de carros de corrida, um cinto de
cinco pontos que protegia cada parte dela.
— Essa coisa tem 549 cavalos de potência — Thomas disse
reverentemente. — Ele vai de zero a sessenta em uns três segundos. Eu
mataria para ter um.
Aerin riu. — Eu acho que você está na linha de trabalho errada para
ter acesso a isso, policial.
Ele suspirou. — Eu sei. Mas há sempre a loteria. Ou se casar com
alguém muito rica.
— Verdade. — Aerin tinha medo de tocar em qualquer coisa no
carro; tudo era couro demais e coisas caras. Nem mesmo o seu pai nunca
tinha tido um carro como aquele.
Eles caíram em um silêncio e olharam para o campo de golfe. O sol
se punha sobre as colinas verdes, e um solitário carrinho de kart estava
largado no caminho. Aerin espiou Thomas, mas ele parecia totalmente
confortável com aquele silêncio. Era bom, pelo menos dessa vez.
Depois de um tempo, ela limpou sua garganta. — Eu estou realmente
gostando dessa coisa.
Thomas passou o dedo ao longo da costura no volante. — Engraçado
você falar isso, considerando que pessoas ricas dão brotoeja em você.
— Urticária.
— Certo.
Aerin suspirou. — Eu estou investigando a morte da minha irmã, na
verdade. — Ela olhou para ele, refletindo se deveria contar a ele sobre o
grupo dos Casos Arquivados, mas provavelmente seria besteira
dizer. Todos em Dexby talvez já sabiam.
Thomas a olhou intrigado. — Você já descobriu alguma coisa?
— Eu suspeito de Kevin Larssen. Seu álibi sobre o fim de semana em
que Helena desapareceu é um pouco esquisito. Não há fotos do evento,
mas um relatório diz que ele não apareceu para um discurso que ele
supostamente deveria ter dado.
Um olhar duro atravessou o rosto de Thomas. — Hum.
Aerin endireitou a coluna. — Hum o quê?
Thomas olhou para a meia distância. Com o sol brilhando sobre os
ângulos de seu rosto, ele se tornou alarmante bonito, seus olhos grandes
azuis resplandeciam. Ele tinha um corte de cabelo bem raspado, que
acentuava suas pequenas orelhas e uma pequena cicatriz na testa. Aerin
poderia facilmente se curvar e beijar aquele garoto. Ela imaginou isso por
um segundo, seu coração batendo rápido. Ele se sentiria muito melhor
beijando ela do que falando sobre Helena, com certeza.
Mas antes que ela se inclinasse para tomar a iniciativa, Thomas limpou
a garganta. — Eu só estou pensando em algo que li no arquivo de Helena
sobre ele. — Ele parecia envergonhado. — Depois que eu encontrei você
dias atrás, eu decidi olhar de novo aqueles arquivos.
— O que você viu?
Thomas sorriu desculpando-se. — Eu não posso te dizer.
— Você pode pelo menos me dizer se ele é culpado?
Ele não encarou o seu olhar. — Eu não sei.
— Como você não sabe?
— Eu sinto muito. Eu não deveria ter sequer tocado no assunto.
Ele deu de ombros e ela se deu conta na hora: Thomas, como um
policial, tinha acesso a um monte de coisas. O que mais havia naqueles
arquivos confidenciais?
Thomas se virou para ela. — Quer sair comigo algum dia?
Aerin olhou para ele. — O quê?
Seus olhos brilharam. — Eu tenho certeza que eu poderia encontrar
um bom lugar que serve creme de milho.
— Ha, ha. — Aerin não podia acreditar que ele se lembrava disso. Ela
apontou para os comandos do carro, tomando a decisão de mudar o rumo
das coisas. — Dá partida nisso. Só por um minuto.
Thomas recuou. — De jeito nenhum!
— Vamos — Aerin brincou. — Você poderá dizer ao Sr. Levine que
estávamos apenas se certificando de que ele ainda estava funcionando
direito.
Thomas mordeu o lábio inferior. — E se alguém ver?
— Se você estivesse realmente preocupado com isso, não estaríamos
sentados aqui, não é?
Thomas tocou o botão de arranque para a ignição, mas não
pressionou. — Medroso — disse Aerin, inclinando-se na direção dele. Seu
ombro pressionou contra seu peito. Ela podia sentir seu doce aroma de
shampoo frutado — ela tinha quase certeza de que era Herbal Essences.
Ela apertou o dedo sobre o botão e o carro rugiu à vida com tanto
entusiasmo que ambos saltaram. Todos os tipos de luzes se acenderam
e alertas brilhavam através de uma tela central. O rádio começou a tocar
alto e uma canção de Led Zeppelin ecoava através das caixas de som.
Thomas apertou o acelerador. O carro rosnou. Ele apertou de novo,
e a agulha do velocímetro saltou. Eles trocaram um sorriso
maroto. Coloque na marcha ré, Aerin sussurrou sobre a música alta.
A mão de Thomas avançou em direção a alavanca da marcha quando
algo chamou sua atenção pelo retrovisor. Com um gesto rápido, ele
apertou o botão da ignição, desligando o carro. Aerin girou. Um carro de
polícia estava se aproximando devagar pela estrada principal, paralela ao
country club.
— Abaixe-se — Thomas sussurrou, pressionando-a para baixo nos
assentos.
Aerin fez o que lhe foi dito, a mão dele quente em seu ombro, mal
ousando se mover até que o carro se mantivesse a uma boa distância. Então
ela explodiu em risadas.
— E eu estava começando a respeitá-lo como um oficial da lei — ela
sussurrou.
Eles empurraram abertas as portas e desajeitadamente saíram. Pouco
antes de Thomas seguir rumo ao estacionamento, ele lançou para Aerin um
último olhar. — Estou falando sério sobre termos um encontro.
Aerin deu de ombros. — Talvez quando você se tornar
verdadeiramente um menino mau — ela disse, batendo as mãos no capô
do carro. Então ela se foi, balançando os quadris exageradamente. Ela
esperava que Thomas estivesse assistindo.
Logo que Aerin voltou para o hall de entrada, Brett e Maddox saíram
caminhando em sua direção. Brett parou e a encarou. — Nós estávamos
procurando você! — ele sussurrou. — Você viu Kevin?
— Uh, não — Aerin gesticulou. — Mas eu vi a noiva dele chorando.
Maddox puxou Aerin para o hall de entrada. — Nós quase
conseguimos fazer Kevin admitir alguma coisa, mas então ele nos
despistou. Quando voltamos para o salão, ele estava saindo, ele se foi.
Seneca e Madison se aproximaram deles, também. Os meninos
falaram a todos sobre os comentários de Kevin sobre as coisas em seu
relacionamento com Helena não serem reais.
— O que vocês acham que isso significa? — Madison perguntou.
— Eu não sei — disse Maddox. — Talvez ele estivesse falando sobre
o amor, como o seu amor por ela era real, mas o amor dela por ele não
era. Isso poderia indicar que ela estava saindo com outra pessoa.
Neste momento eles estavam no fim do corredor. Maddox espiou em
uma área menor onde um bando de caras se reuniram em torno de um jogo
de hóquei, depois outra sala de jantar, e, em seguida, uma sala enorme com
um piano e uma harpa. Kevin não estava em nenhum lugar. Mais lugares
vazios: um tinha um monte de troféus de caça, outro tinha uma mesa de
bilhar, um outro estava cheio de livros de capa dura e cadeiras de leitura. O
corredor estava escuro logo no final — um dos lustres de teto grandes
parecia estar com algumas lâmpadas faltando. Aerin olhou inquieta para o
brilho da placa de saída no final do corredor. — Vamos voltar para a sala
de jantar — ela sugeriu.
Mas então, quando ela se virou, acabou trombando em alguém alto e
sólido.
— Opa — ela disse, apoiando-se na parede.
Quando ela olhou nos olhos do homem à sua frente, seus nervos
estalaram sob sua pele.
Kevin. Ali estava ele.
Capítulo 15
Traduzido por Ann
***
Depois de um passeio esburacado de táxi tão rápido que eles
provavelmente poderiam ter ido andando, o grupo parou na rua Twenty-
sixth em Chelsea. Uma rajada de vento soprava na rua. Os altos edifícios
de concreto se erguiam de lado a lado, alguns com cartazes impressos e
propagandas de bandas. O Hudson brilhava no final do quarteirão. Um
percurso para corrida corria paralelamente ao rio, com gente andando de
bicicleta e caminhando. Parecia tão tranquilo aqui. Não um lugar onde um
assassino passava seus dias.
Ontem à noite, eles decidiram se concentrar em Loren primeiro. A
mensagem ameaçadora no telefone o colocou no topo da lista. Depois dele,
eles se concentrariam em rastrear Greg, o guitarrista. Eles procuraram
pelo número de telefone de Loren no Google, mas nenhum resultado
apareceu. Depois de ouvir a mensagem de Loren uma dúzia de vezes, eles
determinaram que ele estava dizendo a palavra Kiko. Eles haviam
procurado por combinações em Nova York, e havia uma dúzia de anúncios
para empresas chamadas Kiko na cidade: uma loja que vendia maquiagem
de qualidade profissional; um abrigo de animais; um lugar em Chinatown
que, na medida em que puderam adivinhar, vendia carne de cabra; um
atacadista de acessórios sem fio. Finalmente, Brett encontrou uma menção
de uma Galeria de Arte Kiko em Chelsea. De acordo com o site, o lugar
era especializado em arte asiática dos séculos XX e XXI. — Arte asiática
— disse Seneca, sua animação aumentando. — Como os origamis. Como
Samurai. — E Kevin havia dito que o namorado secreto de Helena era
culto. Se Loren for esse cara, então talvez Kiko fosse seu ponto de
encontro. Talvez ele brigaram por causa de alguma coisa. Talvez Helena
lhe disse que ela queria acabar com o seu encontro amoroso. Talvez ele
tenha viajado para Connecticut e a pegado na floresta naquele dia nevado.
No meio da fachada, a palavra Kiko estava gravada de forma
translúcida em uma janela frontal de um prédio. Dentro havia uma sala de
aparência escassa; uma escultura parecida com uma bolha sobre uma
madeira clara estava em cima de um pedestal na parte de trás. Uma mulher
asiática inclinava-se friamente contra um balcão.
— Como vamos passar por ela? — disse Aerin pelo canto da boca.
Em sua pesquisa sobre Kiko, eles descobriram que a galeria era semi-
privada, apenas aberta a compradores sérios. Para passar pelas portas, você
tinha que assinar um livro de visitas. Eles tinham esperança que Loren
tenha assinado... e talvez tenha deixado um endereço. O problema era ter
acesso ao livro de visitas. Eles inventaram algumas idéias na noite passada
— eles eram investigadores particulares; eles eram assistentes pessoais de
Loren cuidando de seus impostos e queriam saber quando ele havia visitado
ali pela última vez; eles eram de uma revista de arte e queriam detalhes
sobre quem estava interessado nas peças da galeria. Nada parecia certo.
Um caminhão de lixo rugiu ruidosamente pela rua. Seneca trocou de
um pé para o outro. Brett olhou para a menina japonesa na janela da galeria,
depois cutucou Madison. — Você fala com ela.
— Por que eu? — Madison cutucou o seu peito.
— As crianças asiáticas não se juntam? Você poderia dizer algo a ela
em chinês, talvez. Faça algum kung fu. Nós com certeza entraríamos.
— Brett! — Seneca repreendeu, meio provocando, meio
horrorizada.
Madison parecia confusa. — Eu sou Koreana.
— Oh. — Brett pareceu ficar branco. — Merda, garota. Desculpe.
— Então ele estalou os dedos. — Eu já sei. Eu sei como vamos entrar. Sou
um investidor. E eu sou de L.A... não, de Vegas. Sou ridiculamente rico e
também ridiculamente inseguro.
Aerin inclinou a cabeça para ele. — De onde você tira essas coisas?
Maddox esfregou as mãos. — E você é um daqueles caras que só quer
comprar arte se estiver na moda e se todos os outros estiverem
comprando, também. Então você está pronto para gastar algum dinheiro,
mas você quer ver o livro de visitas para garantir que outros compradores
também estão interessados. Porque se for um grupo de sem nomes nesta
lista, você não vai comprar.
Brett levantou a mão para bater na mão de Maddox. — Cara, eu gosto
do jeito que você pensa.
Aerin começou a rir. — Vocês são loucos.
— O quê? — Brett inclinou a cabeça. — É um plano perfeito.
— Como vocês dois vão fazer com que eles acreditem que são
colecionadores de arte bilionários? — Seneca riu também. — Você não
está realmente vestido como parte...
— Podemos dar-lhe um papel, também — ofereceu Maddox.
— Sim! — Brett iluminou-se. — Você pode ser minha parceira de
negócios, Seneca. E Aerin — ele se virou para ela, — você pode ser minha
namorada.
Aerin fez beicinho. — Que tal eu ser sua namorada e outra parceira
de negócios?
— Posso ser uma modelo herdeira que você pegou ao longo do
caminho? — perguntou Madison, excitada.
Seneca revirou os ombros e atravessou a rua. — Eu tenho outra ideia.
— Ei! — Brett a chamou. — Ainda não estamos prontos! Nós nem
temos nomes!
Seneca tocou para entrar, depois abriu a porta de vidro para a galeria.
A sala estava tão gelada que ela imediatamente sentiu o desejo de tremer.
Os únicos sons no espaço eram os dedos da mulher enquanto batiam em
um teclado e os sapatos de Seneca conforme eles batiam no chão de
madeira. Finalmente, a mulher parou de digitar e encarou Seneca. Ela era
mais nova do que Seneca pensou, vestindo um top preto fosco de aparência
complicada e uma calça de couro sobre as pernas mais finas que Seneca já
viu. Havia uma cópia da Cosmo na sua bolsa. Seneca olhou para a tela do
computador. Ela estava olhando o OkCupid.
— Posso ajudá-la? — a recepcionista perguntou, seu tom zangado.
— Oi. — Seneca tentou ignorar seu coração batendo forte. — Eu
deveria encontrar alguém aqui, e ele disse que ele é um comprador da sua
galeria. Existe alguma maneira de confirmar alguma coisa sobre ele?
O olhar da menina voltou ao teclado. — Eu sinto muito. Os registros
dos nossos clientes são privados.
Seneca achou que ela diria isso. Ela se inclinou confiantemente. — Eu
o conheci em um site de namoro para pessoas ricas, e ele se gabou de ter
muito dinheiro. Como um avião próprio. Eu só quero ver se ele está sendo
verdadeiro antes de conhecê-lo. — Ela sorriu calorosamente e
confiantemente. — Você não quer que eu seja enganada, não é?
A menina passou a língua pelos dentes. Um relógio fazia tic-tac acima
delas. — Não posso te prometer nada. Qual o nome dele?
— Loren... alguma coisa. Soletra-se L-O-R-E-N. Ainda não sei seu
sobrenome, então não consegui pesquisar no Google.
A assistente soltou uma risada truncada. — Posso dizer-lhe agora que
não temos nenhum cliente chamado Loren, mas conheço Loren. Loren
Jablonski: ele trabalha aqui... como segurança. — Ela balançou a cabeça.
— Ele te contou tudo isso?
A mente de Seneca estava girando, mas ela tentou duramente se
manter no personagem. — Sim, sim — ela balbuciou, fingindo surpresa.
— Ele é um segurança? Ele não tem um avião privado?
— Eu duvido.
Seneca zombou. — Uau. Isso é simplesmente... uau. Obrigada pela
sua ajuda. — Ela se moveu para sair, mas depois voltou. — Eu quero expô-
lo, mas eu certamente não vou aparecer no nosso encontro neste fim de
semana. Ele estará aqui amanhã?
A menina clicou em algo no computador. — Ele estará aqui amanhã
de manhã.
— E você não vai dizer a ele que vou aparecer?
A menina lhe deu um olhar de piedade. — De jeito nenhum.
Quando Seneca abriu a porta para a rua, ela gesticulou para a bolha no
meio da sala. — O que isso deveria ser, afinal?
A menina sorriu. — Representa o poder silencioso e duro como aço
da essência feminina.
Seneca sorriu. É isso aí.
Todos estavam olhando para ela enquanto ela atravessava a rua. Brett
correu para ela. — O que ela te disse? Você disse que nós éramos
investidores?
— Loren é um segurança, seu sobrenome é Jablonski, ele estará lá
amanhã de manhã e ele não sabe que viremos — disse Seneca com
confiança, evitando um táxi apressado. — De nada!
Madison soltou um assobio baixo e apreciativo. Maddox e Aerin
trocaram um olhar impressionado. — Você arrasou — murmurou Brett.
Boom, pensou Seneca triunfante. Ocasionalmente, era divertido acabar
com o plano de todos.
Capítulo 20
Traduzido por Napoleana
A erin não se sentiu tão mal depois da festa selvagem que ela foi no
ano passado, onde ela e Anderson Keyes beberam de cabeça pra
baixo de um barril, ou depois das repetidas vezes que ela e Brad
Westerfield beberam Jäger e assistiram aos fogos de artifícios no Quatro
de Julho, ou mesmo depois da horrível gripe que ela contraiu no inverno
passado, cinco dias na cama atormentados por febris sonhos de Helena se
afogando sob pilhas de neve. Por que ela bebeu tantos copos de
champanhe? Por que ela continuou a beber até depois de ter vomitado? O
que havia de errado com ela?
No entanto, ela conseguiu levantar a sua bunda na manhã de sexta-
feira — os chuveiros a jato definitivamente ajudaram — colocou suas
roupas do dia anterior e seguiu os outros para o Central Park South. Era
antes das 9 horas. Eles queriam pegar Loren assim que ele começasse a
trabalhar.
Esse era o único ponto brilhante na mente de Aerin. Tudo isso pode
acabar hoje. Loren pode ser a resposta. Embora Aerin não tivesse nenhuma
prova sólida, ela simplesmente achava que Greg Fine não era o quebra-
cabeça final — ele agiu como se estivesse nervoso e inseguro na noite
passada. Ela não conseguia imaginar Helena se apaixonando por ele — e
mais do que isso, ela não podia imaginar esse cara trabalhando esse tipo de
raiva para assassinar alguém. Claro, as pessoas eram diferentes quando
bebiam — sua estoica amiga Tori chorava por pessoas famintas na África
depois de um número demais de drinques, por exemplo. Ainda assim,
Greg parecia ainda mais passivo do que Kevin.
Mas ela esperava que Loren fosse uma história completamente
diferente.
Brett ficou na fila de sanduíches de ovos, e quando ele entregou a
Aerin o dela, ele encontrou seu olhar por um momento. — Será que você
poderia manter isso? Não me interprete mal, seu vômito é realmente sexy,
mas esta é minha última camisa limpa.
— Vou me certificar de vomitar em outra pessoa da próxima vez,
garotão — Aerin rosnou. Ela tinha uma vaga lembrança de vomitar em
todo o colo de Brett na noite passada, mas ele foi tão doce sobre isso,
limpando os dois no banheiro, mandando todos irem embora, mesmo que
Madison continuasse a bater na porta do quarto dizendo repetidamente que
ela tinha que fazer xixi. Ele caminhou pelo resto da festa sem camisa, e ela
se lembrou de tomar uma dose do abdome dele mais tarde... e depois de
desmaiar no chão da cozinha, apenas para acordar esta manhã com uma
pilha de baba. Que classe.
Seneca encolheu os ombros. — Você se sente bem esta manhã?
Brett se voltou para o porteiro do hotel e pediu para ele chamar um
táxi. Quando uma minivan amarela brilhante estacionou na calçada,
Maddox agarrou o braço dele. — Talvez não devêssemos fazer isso.
— Oi? — Brett franziu a testa.
— Cara, eu fui assaltado ontem à noite — gemeu Maddox. — Eu
sinto que é um mau presságio.
O estômago de Aerin se contraiu. Aparentemente, enquanto ela
estava dormindo, um policial de Nova York chegou na porta com Maddox
depois de falar com ele sobre a pessoa que o roubou. A assustava que
assaltos ainda aconteciam. A cidade não deveria ser realmente segura?
Brett afastou a preocupação dele. — Vamos ficar bem, irmão.
Prometo.
Eles entraram no taxi minivan. Seneca sentou no banco de trás. —
Madison e Aerin, sentem-se comigo. — Aerin fez o que ela pediu, mas ela
sentiu que não era um pedido de vamos ser amigas, mas como se ela não
quisesse se sentar com alguém em particular. Maddox? Alguma coisa
aconteceu entre eles?
— Vinte e Seis e Décima Primeira — Brett disse ao motorista de taxi.
O taxi foi para o centro da cidade, ficando preso no trânsito da Times
Square e depois manobrou para o rio. Na rua Vinte e Seis, Brett entregou
algum dinheiro e todos saíram. Para as orelhas sensíveis de Aerin, os sons
da construção nas proximidades eram quase ensurdecedores. Ela olhou
para a Galeria Kiko. As luzes estavam apagadas, uma grade de metal puxada
para baixo sobre as janelas e a porta.
Madison balançou as borlas em seu chapéu. Maddox continuava
olhando de um lado para outro na rua. Brett jogou a embalagem de seu
sanduíche de ovos em uma lata de lixo.
— Aquele é ele — sibilou Seneca.
Alguém emergiu da esquina. Era um homem de vinte e poucos anos
vestindo uma camisa preta e Ray-Bans. Ele tinha cabelos longos, uma cara
redonda, um corpo corpulento e a pele cheia de buracos. Havia manchas
de suor sob seus braços. Mesmo do outro lado da rua, Aerin podia ouvi-lo
respirar alto. Ele parecia o tipo de cara que tinha cabelo nas costas.
O cara parou na frente da galeria e tirou uma chave. Um cigarro
apagado caiu de sua boca. Seneca cravou as unhas no braço de Aerin. —
Acha que ele e Helena sairiam?
Aerin enrugou o nariz. Não havia como Helena viajar secretamente
para a cidade por esse cara.
Seneca pareceu pegar essa vibração também. — Então, quem é ele?
— ela sussurrou.
— Há apenas uma maneira de descobrir — Brett atravessou a rua,
evitando por pouco um mensageiro em uma bicicleta. — Você é Loren?
O cara olhou para cima. Seus olhos estavam vermelhos. — Quem
quer saber?
O ovo no estômago de Aerin coalhou. Era a mesma voz grave na
mensagem de voz de Helena.
— Estou procurando por alguém — disse Brett. — O nome dela é
Helena Kelly. Ela desapareceu em dezembro, cinco anos atrás. Eu acho
que você a conheceu.
Loren coçou o queixo peludo. — O nome não significa nada para
mim.
Seneca trocou um olhar com Aerin, então começou a atravessar a rua
também. — Bem, ela conheceu você. Ela tinha seu nome no telefone dela.
E em janeiro do próximo ano, você deixou uma mensagem no telefone
dela. Então ela apareceu morta.
Loren enrugou o nariz. Não havia sinal de culpa no seu rosto, mas
talvez ele fosse um bom mentiroso. Ele acendeu o cigarro entre seus lábios.
— Vocês são policiais? Vocês têm que me dizer se vocês são.
Brett sacudiu a cabeça. Loren relaxou um pouco. — O que essa
mensagem dizia? — ele perguntou.
Com as mãos tremendo, Aerin pegou no bolso o celular de Helena.
Depois de colocar sua senha, ela colocou o celular no alto-falante e
caminhou em direção ao grupo. De perto, a pele de Loren cheirava
surpreendentemente a hortelã. Sua voz irritada explodiu novamente na
mensagem, dando a ela calafrios. Depois que terminou a gravação, Loren
olhou para a rua, em seguida, na direção do rio a oeste. — Ela
provavelmente era uma das minhas clientes — ele disse em voz baixa. —
Eu trabalho em um serviço de entrega.
— Um serviço de entrega de quê? — perguntou Aerin.
— Depende do que você quer. Algumas pessoas querem
comprimidos. Algumas pessoas querem maconha. Algumas pessoas
querem strippers. Eu sou como uma loja que vende tudo.
O estômago de Aerin girou. Strippers? — Talvez você tenha deixado
essa mensagem por engano?
— Não uma mensagem como essa. — Loren tinha um sorriso
grosseiro.
Aerin procurou uma foto de Helena no celular. Era uma do dia de
Ação de Graças antes dela desaparecer. Helena estava sentada à mesa, o
peru meio comido, o rosto virado para a câmera, seus traços delicados e
graciosos suavizados pela luz das velas. — Esta era ela.
Loren fez um som de cacarejo com a língua enquanto a estudava. —
Ok, sim. Ela era uma cliente. Eu entregava duas vezes por semana.
— Entregava o quê? — perguntou Aerin, então levantou a mão. —
Na verdade, não responda. Não quero saber.
Madison esfregou a mandíbula. — Se você entregava a ela duas vezes
por semana, isso significaria que ela teria que ter um endereço na cidade,
certo?
Loren jogou o cigarro na sarjeta. — Eu não entrego nas esquinas.
Seneca parecia animada. — Você se lembra do endereço de Helena?
Loren riu. A risada rapidamente se transformou em tosse, que durou
vários segundos. Ele enxugou os olhos. — Isso pode ser uma surpresa, mas
às vezes eu experimento meus produtos. Minha memória é uma merda...
não me lembro da semana passada.
— Bem, você mantém uma lista de clientes? — Seneca perguntou.
Loren começou a tossir novamente. — Não sou um consultório
médico, querida.
— Sabe, não estou acreditando nisso — murmurou Brett. — Não
consegue lembrar um endereço, não tem registro dos clientes e aqui há um
telefonema muito pessoal.
— Ela provavelmente me devia dinheiro. Essa é a única vez que eu
ligo para os clientes, quando não pagam suas contas.
Maddox se aproximou de Loren. — Sabe o que eu penso? Você foi
onde Helena estava hospedada e tentou pressioná-la. Mas talvez ela não
tivesse o dinheiro. Talvez isso tenha deixado você ainda mais irritado.
Talvez as coisas tenham saído de controle...
Loren estufou o peito. — Eu poderia ligar para os policiais agora
mesmo. Esta é uma propriedade particular.
— Mas você não vai — Brett sorriu triunfantemente. — Porque
então eles vão descobrir sobre você. E você não gostaria disso.
Houve uma breve encarada. Loren soltou fumaça. — Você está
tentando seriamente dizer que eu fiz algo com essa garota? — Ele começou
a rir. — Pense no que você acabou de dizer. Helene, Helena, seja qual for
o nome dela, desapareceu em dezembro cinco anos atrás, certo? E estamos
assumindo que ela também foi morta por aí, também? Se vocês tivessem
feito sua pesquisa, vocês saberiam que eu quebrei minhas duas pernas, uma
delas em quatro lugares diferentes, em dezembro... eu estava fazendo uma
incrível acrobacia que meio que deu errado no final.
Ele tirou um iPhone do bolso, pressionou a tela algumas vezes e
mostrou ao grupo um vídeo. A data era 16 de dezembro, cinco anos atrás.
Um garoto corpulento que parecia exatamente com Loren fez uma
cambalhota em uma jogada de futebol. Ele pousou diretamente em um
grande barril azul cheio de Gatorade, e então a coisa caiu e rolou por uma
enorme colina diretamente para onde uma banda de ensino médio estava
praticando em um campo. Loren e o barril derrubaram vários trompetistas
tão fáceis quanto pinos de boliche. O câmera aplaudiu em segundo plano.
Loren se arrastou para longe do barril, gritando de agonia.
Madison olhou para ele. — Você estava drogado?
— Absolutamente — Loren riu. — A publicação virou viral. Estava
em todo o Facebook, até mesmo no programa Today! Então, eu pergunto
a vocês, um cara com um grande maldito gesso nas duas pernas pode matar
uma mosca, muito menos uma menina? — Então algo mais pareceu
ocorrer a ele. — Além disso, se vocês acham que ela foi morta em
dezembro, por que eu ligaria para ela em janeiro? — Ele revirou os olhos.
— Vocês são amadores totais.
O vento uivou nos ouvidos de Aerin. Em algum lugar ao longe, um
coro de buzinas explodiu. Loren girou e abriu a porta da galeria. Ele
entrou, trancou e deu-lhes um aceno prolongado por trás do vidro, com
os olhos zombadores.
Brett correu para a porta e bateu com uma palma. — Espere! Você
sabe se ela tinha namorado, então? Com quem ela estava hospedada em
Nova York? — Loren caminhou para a parte de trás da galeria sem
responder.
Brett girou de volta e encarou o grupo. — Droga. Como perdemos
isso? Ele disse que estava em todo o Facebook!
Seneca tinha as mãos sobre os olhos dela. — Facebook.
— Por que ninguém procurou para ver se ele tinha uma página? —
Aerin gritou.
Maddox apontou para Seneca. — Você não o encontrou na noite
passada? Eu pensei que você estava verificando.
Seneca olhou para ele. — Eu estava verificando, mas então você falou,
Você não precisa trabalhar o tempo todo! Pegue uma bebida! — Ela usou uma
voz imbecil e zombeteira, e seus olhos arregalados.
Maddox pressionou a mão no peito. — Então agora é minha culpa?
— Ok, ok, vamos nos acalmar. — Brett começou a andar. — Então
Loren não é nosso cara. Mas conseguimos tirar algo dele. Helena tinha um
endereço aqui. Isso é muita coisa!
— Ou então ela estava apenas vindo para a cidade de Nova York
regularmente porque ela não conseguia comprar drogas em Dexby — disse
Maddox.
— Você pode conseguir drogas em Dexby facilmente — apontou
Madison. — Quero dizer, a menos que ela estivesse com uma droga muito
louca...
— Ela não estava indo para a cidade de Dexby. — Aerin odiava até
mesmo dizer isso. — Mesmo que ela pegasse droga dele, Loren disse que
ele entregava duas vezes por semana. O que significa que ela teria estado
em Nova York duas vezes por semana. Eu a vi todos os dias naquele ano,
exceto quando ela fez aquele programa de verão aqui. Ela também não
poderia ter faltado a escola, seu registro de presença era perfeito. Eu sei
porque a maldita direção lhe enviou um prêmio póstumo. Ainda está em
seu quadro de avisos com todo o resto de suas porcarias porque minha mãe
está muito triste para tirar tudo isso. — Ela endireitou seus ombros. —
Loren deve ter pensado que ela era outra pessoa.
— Ou... — Seneca limpou a garganta. — Talvez Loren descobriu
alguma coisa. Talvez Helena não tenha morrido no último dia em que você
a viu, em dezembro. Talvez ela tenha vindo para cá, morado na cidade por
um tempo... em janeiro. Foi quando Loren entregou a ela. Quero dizer,
talvez ele entregou algumas vezes antes daquele dia de dezembro, também,
como quando ela estava no programa de verão, caso contrário ele não teria
conseguido o seu número de seu telefone. Mas a maior parte de suas
entregas, duas vezes por semana, talvez fossem no final de dezembro, para
o começo de janeiro.
O vento mudou e a cidade cheirava bruscamente a lixo. Aerin olhou
para Seneca. — Do que você está falando? Um minuto, Helena estava no
quintal comigo. No minuto seguinte, ela se foi. Alguém a levou, assassinou-
a. — Ela piscou. — Ela não fugiu.
Seneca não parecia tão segura. — No último dia em que você a viu,
ela mandou você entrar para pegar uma bolsa. Por que ela mesma não
pegou?
Aerin piscou, confundida com a pergunta. — Eu não sei.
— Ela pode ter enviando você para dentro porque isso daria tempo
para ela fugir.
A mandíbula de Aerin caiu. — Mas ela não pegou seu telefone. Ou
qualquer roupa.
— Talvez este cara de Nova York tivesse um esconderijo para ela.
Havia um som correndo nas orelhas de Aerin. — Ok, mesmo que seja
verdade, porque Helena iria querer passar por toda a charada de construir
um boneco de neve? Por que ela não encontrou outro momento quando
nenhum de nós estivesse em casa e fugisse?
— Talvez eles tenham marcado uma hora antes. Talvez ela não
previsse que você estivesse por perto.
— Oh, então eu era apenas um aborrecimento que tinha que ser
afastado?
Seneca beliscou a ponta do nariz. — Não sei, Aerin. Eu não a
conhecia. Talvez você não a conhecia, também.
Aerin ofegou. Parecia que Seneca a tinha perfurado. Ela olhou para os
outros. — Vocês acham que ela está errada, certo?
Madison arrastou os pés. Brett enfiou as mãos nos bolsos.
— Certo? — Aerin gritou, sua garganta apertada.
— Ela não está necessariamente errada, mas ela não deveria ter falado
isso para você desse jeito — disse Maddox.
Seneca virou-se para ele, com as sobrancelhas franzidas. — Como é?
— Qual é, Seneca — disse Maddox gentilmente. — Tenha alguma
compaixão.
— Concordo — disse Brett.
Seneca gemeu. — Talvez a princesa Aerin devesse ser um pouco
menos sensível. Quero dizer, estamos investigando um caso de assassinato.
Ela esperava que tudo fosse filhotinhos e arco-íris? — Aerin olhou para ela,
abrindo a boca para dar uma resposta irritada.
Maddox a cortou. — Ei. Só porque você está com raiva de que você
esqueceu de procurar Loren no Facebook, não significa que você precise
descontar em Aerin.
Seneca parecia que ia explodir. — Por que você não procurou a
página, Maddox? Por que sempre deve ser eu procurando essas merdas?
Por que eu sou a única trabalhando aqui?
— Ei. — A voz de Brett rachou. — Todos estamos trabalhando.
— Sim, Seneca — Madison gritou.
Seneca apontou para Brett. — Na verdade, você parece mais
interessado em flertar com Aerin. E Madison? Você é legal, mas eu não sei
por que você está aqui. Para se aproximar de seu irmão? Você não devia
perder o seu tempo.
— Seneca — disse Aerin, cansada. Toda a raiva de repente drenou
de seu corpo, até que tudo que ela podia sentir era cansaço. — Seja legal.
Seneca virou-se para ela. — Por que você está defendendo Maddox?
Ele acha que você é uma vadia. — Aerin piscou e, chocada consigo mesma,
sentiu lágrimas se aproximando. Ela engoliu rapidamente.
Maddox parecia mortificado. — Não, eu não acho!
— Ah, por favor — disse Seneca. — Você disse isso várias vezes.
Brett cruzou os braços sobre o peito. — Vamos respirar, pessoal.
Todos se acalmem.
— Cala a boca, Brett! — gritou Seneca.
A testa de Brett franziu. — Seneca — Havia um aviso em sua voz. —
Estou falando sério. Acalme-se.
— O que você vai fazer comigo? — Seneca zombou, colocando as
mãos nos quadris.
— Você precisa relaxar, Seneca — ordenou Maddox. — Dar um
tempo.
Ela se virou e olhou para ele. — Vou fazer uma pausa, tudo bem. Por
que não? Eu não estou chegando a lugar nenhum com você. Você é apenas
uma distração para mim. Eu estou melhor sozinha.
Ela virou-se e começou a caminhar em direção ao rio. Madison
começou a persegui-la, mas Maddox pegou seu braço e balançou a cabeça.
— Ela não vai te ouvir agora — ele disse, com tristeza em sua voz. —
Apenas deixe-a ir.
Eles ficaram em silêncio por um momento. Maddox olhou para Aerin.
— Eu realmente não acho que você seja uma vadia — ele falou.
Aerin respirou profundamente, ainda lutando contra lágrimas. O
estresse da estranha briga a deixou toda errada, enchendo-a de uma
autoconsciência inesperada. Ela realmente não se importava que Maddy
Wright pensasse que ela era uma vadia, ou talvez ela se importasse. Ela não
se importava de que Seneca tivesse dito aquela coisa sobre sua irmã ou
tivesse assustado todos eles, ou talvez ela tenha se importado. Tudo o que
ela sabia era que ela se sentia ainda mais perdida do que nunca. — Talvez
Seneca esteja certa em alguma coisa — ela disse calmamente. — Talvez
devêssemos acabar isso.
— O quê? — Brett gritou atrás dela. — Aerin, não! Estamos tão
perto!
— Não, não estamos — A voz de Aerin se quebrou. — Nós não
chegamos a lugar nenhum. Não sabemos de nada.
Como Seneca, ela começou a andar, embora ela tenha escolhido a
direção oposta, em direção ao meio da cidade. Felizmente, ninguém do
pequeno grupo perseguiu-a. Ela odiava o quanto eles sabiam sobre ela,
como a sua roupa suja, as inseguranças e as imperfeições da sua família
estavam na frente e no centro. Ela desprezou a ideia de descobrir coisas
ainda mais horríveis sobre sua irmã.
A revelação de Seneca voltou. Aerin odiava pensar isso, mas... Seneca
poderia estar certa? Helena poderia ter vivido... e estado bem... por
semanas? Meses? Ela estava aqui em Nova York no final de dezembro. No
Natal, no Ano Novo. Ela pensou em seus pais, em Aerin? Ela assistiu seu
grupo de busca nas notícias noturnas? Riu dos pedidos frenéticos de seus
pais para que quem a sequestrou a devolvesse com segurança? Como se
fosse uma piada?
Era muito horrível para considerar.
Ela atravessou a rua, passando por um carro com janelas tingidas.
Enquanto ela olhava através do para-brisa, um rosto borrado olhava para
ela, parando-a repentinamente. Parecia que a pessoa a observava.
Aerin olhou por cima do ombro dela. Não havia uma alma nesse
quarteirão. O vento soprava na esquina. Grades de metal sobre lojas
fechadas sacudiam. Embalagens de doces vazias sopravam em uma valeta.
Uma sombra se moveu dentro do carro para abrir a porta do
motorista. O coração de Aerin parou e ela afastou-se da calçada e começou
a correr, mas seu passo estava hesitante e ineficiente por causa de seu sapato
alto. Ela ouviu passos atrás dela e soltou um grito indefeso. Seu tornozelo
virou-se, e ela tropeçou, quase cambaleando para a calçada. Lutando para
manter o equilíbrio, ela correu pela esquina para uma avenida mais
movimentada. As pessoas se moviam para lá e para cá. Um comerciante
que pendurava bolsas em uma estante do lado de fora lhe lançou um olhar
estranho.
Você está sendo ridícula, ela disse a si mesma, respirando e expirando.
Ninguém está atrás de você. Ninguém se importa.
E, de fato, quando ela olhou ao virar da esquina, o carro suspeito
desapareceu do ponto do estacionamento. Talvez nunca tenha estado lá.
Capítulo 23
Traduzido por Napoleana
***
O Sr. Frazier olhou para Seneca friamente sobre seus óculos. Sua boca
uma linha dura. Seus ombros estavam tensos. Seneca sentiu-se enorme no
meio do estacionamento. Ela desejava que ela pudesse se derreter em uma
poça e escorrer para dentro do bueiro.
— Como você me encontrou? — ela finalmente perguntou, quando
seu pai não falou.
O Sr. Frazier soltou uma risada cáustica. — É uma história engraçada.
— As palavras saíram como pequenas bolas de fogo. Seneca não estava
certa de ter visto ele tão irritado. — Veja, tudo começou esta manhã,
quando recebi uma cobrança da biblioteca da U de M dizendo que você
tinha algumas multas. Eu paguei, de nada, mas, em seguida, entrei na sua
conta de cartão de crédito para ter certeza de que você estava pagando suas
outras contas.
Seneca piscou. — Você tem acesso ao meu cartão?
— Eu co-assinei para você, Seneca. Claro que tenho acesso. Eu
encontrei uma cobrança de um caixa eletrônico de uma Pousada em
Dexby, Connecticut. E eu penso, Uh-oh, o cartão de Seneca foi roubado. É
melhor eu ligar para ela. Então eu ligo várias vezes, mas você não atende.
O estômago de Seneca afundou. Ela estava tão de ressaca — e tão
louca por causa de Maddox — que ela ignorou o telefone por toda a
manhã. Opa.
— Então eu liguei para o número que você me deu de Annie — seu
pai continuou.
Seneca fechou os olhos. Não.
— Foi tão estranho — disse o Sr. Frazier, sua voz ficando cada vez
mais aguda. — Uma mulher da limpeza atendeu e ela disse que a família
Sipowitz estava no Maine para as férias de primavera. — Ele estava
tremendo agora. — Então eu entrei no carro e dirigi até Delaware. Eu não
sabia para onde ir. A meio caminho, lembrei-me do Encontre Meu iPhone,
e graças a Deus fui eu quem configurou seu ID na nuvem antes de mandar
você para a faculdade. Dizia que você estava na cidade de Nova York. Então
começou a se mover de novo, e descobri para onde deveria me dirigir. O
pequeno ponto azul chegou a parar, surpresa, surpresa, Dexby. — Ele
arqueou as costas e olhou para as árvores. — O subúrbio de Connecticut.
Não é um lugar ruim para fugir, eu acho.
Seneca manteve o olhar no chão. — Eu não fugi.
Seu pai parecia que queria bater em alguma coisa. — Todos os tipos
de cenários horríveis me vieram à mente, Seneca. Eu pensei que alguém a
tivesse sequestrado. Pensei que estivesse morta. Isso trouxe muitas
lembranças, deixe-me dizer-lhe. Não são boas.
— Desculpa — sussurrou Seneca. — Eu deveria ter explicado,
mas...
— Seneca, você deveria dizer a ele a verdade.
Madison estava ao lado dela. Ela agarrou a mão de Seneca e a
balançou. Então ela se virou para o pai de Seneca. — Olá, Sr. Frazier. É
um prazer conhecê-lo.
Seneca olhou para Madison, confusa. O Sr. Frazier também olhou. —
E você é...?
— Annie — Madison estendeu os braços.
Seneca viu quando seu pai olhou para a menina asiática vestida de rosa
e usando um lindo chapéu da Hello Kitty em sua cabeça. — Annie de
Delaware? — ele disse com descrença.
— Minha família está no Maine, mas eu vou ficar com amigos aqui —
Madison chilreou. — Seneca estava preocupada que você não quisesse que
ela estivesse tão longe de você. Eu realmente sinto muito. Eu apenas sentia
muita saudade dela. Eu realmente queria vê-la.
Ela passou um braço pelo cotovelo de Seneca e puxou-a com força.
Seneca tentou ficar de boca aberta para ela. Como ela inventou isso tão
rápido? E isso funcionaria? Seu pai nunca conheceu Annie afinal, apenas
ouviu tudo sobre ela.
O olhar do Sr. Frazier saltou de garota para garota. — Você é Annie?
— Uh-hum. — Madison sorriu.
— Annie Sipowitz?
Madison piscou muito rápido. — Eu sou adotada.
O que era verdadeiro, tecnicamente, mas sua pausa havia sido longa
demais... o jogo estava acabado. O pai de Seneca resmungou. — Entre no
carro — ele exigiu para Seneca, apontando para o Explorer.
— E as minhas coisas? — Seneca gritou. — Está na casa dela. — Ela
apontou para Madison.
O Sr. Frazier apontou o queixo para o Explorer novamente. — Ela
pode enviar de volta. Eu providenciarei isso. Eu quero você neste carro
agora mesmo.
Seneca engoliu em seco. Pela primeira vez, ela olhou para o resto do
grupo. Brett parecia arrasado. Os olhos de Madison estavam grandes e
solenes. Até mesmo Maddox parecia conflituoso. No entanto, ninguém
deu um passo à frente para dar outra desculpa. Mas, no entanto, o que eles
poderiam dizer?
O Sr. Frazier sentou no banco do motorista e virou a ignição. Seneca
deslizou ao lado dele, olhando para as mãos dela. Eles passaram pela
pousada, que ainda estava fechada. Algumas paredes estavam escurecidas
por causa do fogo. Teria sido um incêndio criminoso? Alguém estava
avisando eles, ou foi apenas uma coincidência?
Seus pensamentos voltaram para Loren. De quem era o endereço que
Helena estava dando para as entregas? De um namorado secreto? Há
quanto tempo ela ficou na cidade antes que alguém a matasse?
Buzz.
Ela olhou para o telefone dela. Brett tinha enviado mensagens de
texto. Sinto muito que você teve que ir embora. Sem ressentimentos. E então: Eu
sei que Aerin quer que a gente pare, mas eu pensei sobre a palavra no origami. Eu
sinto que isso significa alguma coisa.
Seneca sentiu um salto de gratidão por ele ter mandado a mensagem.
Como o quê? ela enviou de volta.
Não tenho certeza, a mensagem de Brett chegou. Eu achei que você teria
uma ideia.
Seneca moveu-se para escrever de volta, mas seu pai lançou-lhe um
olhar afiado. Uma angústia a cobriu de novo. Se ao menos ela tivesse visto
o Facebook de Loren na noite passada ao invés de beijar Maddox. Sua
cabeça estaria clara nesta manhã; eles podem ter interrogado Loren de
qualquer maneira, mas eles não teriam parecido idiotas sem pistas. Ela
poderia ter convencido Aerin a avançar com a investigação, argumentado
que estavam um passo à frente o tempo todo. Ela teria ouvido o telefone
tocar e atendido a ligação de seu pai e acalmado ele também. Ele não teria
conduzido até aqui em pânico, e ela ainda estaria em Dexby, analisando
essa nova linha do tempo, descobrindo a palavra no papel, descobrindo
tudo.
Isso era culpa dela. Cada pedaço disso.
Ela olhou miseravelmente para fora da janela novamente. Uma
limusine de Recém-casados arrastava-se em frente a eles, a mensagem alegre
na parte de trás irritando-a. Abaixo do Recém-Casados tinha um desenho
descuidado de um coração com uma flecha através dele. Dentro,
presumivelmente, os nomes do casal: Kyle Brandon + Hayley Isaacs. Nas
janelas laterais estava o mesmo coração, mas quem desenhou o objeto não
conseguiu encaixar seus nomes dentro, então simplesmente colocaram
suas iniciais: K.B. + H.I.
Uma luz piscou no cérebro de Seneca. Então outra. Ela pensou em
pequenas letras em outro lugar, depois ofegou. — Pare o carro.
Seu pai resmungou. — Como é?
— Estacione. — O coração de Seneca estava batendo rápido. — Por
favor. Isto é uma emergência.
Seu pai olhou para o outro lado, depois estacionou o carro. — E
então?
— Eu preciso voltar.
— Você o quê?
— Eu preciso voltar. Preciso falar com alguém.
— Você não pode fazer isso por telefone?
Seneca sentiu-se frenética. — Olha, eu sei que não lhe dei muitas
razões para me tratar como uma adulta ultimamente, mas preciso que você
confie em mim sobre isso. Não estou fazendo nada estranho. Eu só preciso
de alguns dias. Então, quando chegar em casa, eu prometo que
conversaremos. Sobre tudo.
O Sr. Frazier olhou para ela. — Eu acabei de dirigir quatro horas e
meia por você.
— Eu sei. Eu vou explicar, eu prometo. Mas você tem que me dar
mais alguns dias.
Ele balançou sua cabeça. — Não. De jeito nenhum. Não a menos que
você me diga o que está fazendo.
Ela beliscou a ponta do nariz. — Eu simplesmente... não posso.
— Desculpa. Então você tem que voltar para casa.
A garganta de Seneca fechou. — Ok. Bem. Uma das pessoas com
quem estou saindo é Aerin Kelly, está bem? A menina cuja irmã foi
sequestrada quando mamãe... — ela parou. — Nos conhecemos online.
Nós somos amigas. Essas outras crianças passaram por isso também. — Ela
olhou para ele. — Estar com eles... ajuda.
O Sr. Frazier pareceu chocado e Seneca sentiu um toque de culpa. Ela
nunca jogou a carta de saída de eu-ainda-estou-confusa-sobre-minha-mãe.
Era uma ótima jogada — e era quase verdade — mas ela resistiu ao
impulso. Ela sabia que se ela dissesse a verdade, ela conseguiria aquele pai
obsessivo, neurótico, envolvido e preocupado; o mesmo que foi atrás de
médico após médico para vê-la, o mesmo que se sentava fora da porta do
seu quarto dia após dia para se certificar de que ela não se matou com o
travesseiro, o mesmo que ligou para ela no ensino médio seis vezes em um
dia para ver se ela estava conseguindo lidar. Ela não podia suportar ser um
fardo. De novo não.
Mas ainda assim, não era uma mentira. Seneca não tinha intenção de
encher Aerin de conversa fiada sobre seus familiares assassinados, mas
apenas saber que Aerin passou por isso — e Brett, também, embora em
menor grau — deu-lhe um conforto constante. A vida de Aerin não tinha
sido fácil, tampouco. Aerin lutou bastante. Aquele halo que Seneca tinha
recusado naquele primeiro dia aqui agora parecia reconfortantemente
reconhecível — talvez fosse bom ter o halo. Talvez fosse bom estar com
raiva, procurando e uma bagunça. E Seneca tinha descoberto tudo isso
apenas conhecendo um pouco de Aerin. Se ela fosse embora agora, se ela
voltasse para sua casa velha e ficasse escondida em seu antigo quarto, ela
temia que ela voltasse para seus velhos hábitos. Ela tinha que continuar
tentando resolver este caso. Era a chave, de alguma forma.
Mais carros passaram. Um semi-caminhão buzinou. O Sr. Frazier
estufou as bochechas e, lentamente, soltou um suspiro. — Como eu
saberei que você está dizendo a verdade?
— Ligue para a mãe de Aerin. Eu estou ficando com aquela garota,
Madison, mas também conheci a Sra. Kelly.
— Por que você não disse que é isso que você estava fazendo em vez
de mentir sobre Annie?
Seneca encolheu os ombros. — Porque eu não queria que você
enlouquecesse.
Ele acariciou o queixo. — O que você achava que eu faria, trancaria
você em casa? Proibiria que você falasse com as pessoas?
Seneca olhou para o painel. Não, papai, pensei que você iria me levar de
volta as terríveis sessões diárias de terapia, ela pensou, mas não disse.
— Existe alguma maneira de você falar com esta Aerin pelo telefone?
Seneca encolheu os ombros. — Ela e eu tivemos uma briga. É por
isso que eu gostaria de voltar. Para pedir desculpas, para ter certeza de que
está tudo bem. — Ela não tinha percebido o quão importante era para ela
até então. Talvez o impulso para ficar não fosse apenas sobre encerrar o
caso de Helena. Era também sobre isso.
O Sr. Frazier olhou fixamente para o volante. Seneca viu quando o
relógio do painel mudou de 3:34 a 3:35 antes dele falar novamente. —
Bem, eu gostaria do número da Sra. Kelly, pelo menos.
— Ok.
— E você pode ter mais dois dias, se essa família ficar com você, mas
é isso. Eu quero você em um trem às 8 da noite no domingo de Páscoa.
Seneca assentiu, emocionada. — Obrigada.
Ele não parecia muito feliz. — Se eu descobrir que algo estranho está
acontecendo, eu vou voltar.
— Nada estranho está acontecendo, eu prometo.
Ele assentiu, então encontrou seu olhar. Seus olhos estavam cheios de
lágrimas, mas seu sorriso era encorajador. — Espero que você encontre o
que você está procurando.
Seneca baixou os olhos. Ocorreu-lhe que ela não tinha contado a pior
parte — a parte da faculdade. Invocando força, ela afastou a preocupação.
Ela só tinha que passar por isso primeiro. Então ela lhe contaria tudo. —
Espero que sim, também — ela sussurrou.
O Sr. Frazier ainda parecia dilacerado quando ele dirigiu novamente,
saiu do lugar e fez um giro em U. Quando começaram a voltar, Seneca viu
a limusine novamente, agora estacionada na parada de descanso do outro
lado da rodovia. Havia aqueles nomes novamente no coração com uma
flecha. Kyle Brandon. Hayley Isaacs.
H.I. HI.
O que mais isso significava?
Capítulo 24
Traduzido por Napoleana
***
Thomas morava em um quarteirão de apartamentos próximo a água
ao lado de um restaurante com os melhores rolos de lagosta em toda
Connecticut. Os prédios foram feitos para parecerem vitorianos, com
janelas, torres e complicados detalhes de modelagem. Os narcisos estavam
começando a florescer nos jardins da frente e o revestimento estava pintado
de amarelo. Um monte de carros estava estacionado no estacionamento e
Aerin percebeu uma moto Norton entre eles. Ela se perguntou se era de
Thomas.
Aerin caminhou até o número quatro e tocou a campainha,
balançando de um pé para o outro em seus saltos finos. Ela olhou para si
mesma, olhando seu suéter apertado, saia tweed curta e as pernas nuas.
Seus cílios estavam grudados por causa de toda o rímel que ela passou, e
seus lábios estavam grudentos com brilho.
A porta se abriu. Thomas estava do outro lado com um jeans que
pendia sobre os seus quadris e uma camiseta cinza que dizia Basquete da
Universidade de Connecticut. Seus olhos se arregalaram. — Oh meu Deus.
Oi.
Aerin ergueu uma garrafa de vinho para o alto. — Quer compartilhar
isso comigo? Talvez nós pudéssemos sentar em um iate no porto e fingir
que é nosso.
O olhar de Thomas saltou da garrafa para o rosto de Aerin. — Me dê
um segundo.
Ele fechou a porta suavemente. Passos retrocederam. Um minuto
depois, ele abriu a porta de novo. Seu cabelo estava penteado e ele trocou
para uma camisa de mangas compridas. Os jeans também eram diferentes
— uma lavagem mais escura, sem buracos nos joelhos — e ele trocara as
meias amareladas que Aerin notara por um par de New Balances. Um
perfume Musky flutuava dele.
Ela escondeu um sorriso.
Thomas abriu mais a porta. — Por que você não entra? Está
congelando aí fora.
O apartamento era pequeno, mas muito limpo — Aerin se perguntou
se ele tinha arrumado rapidamente também. A sala de estar era quase
grande o suficientemente para um sofá de tweed marrom. Havia uma
poltrona La-Z-Boy de algum momento do século passado encostada no
canto. Uma TV quadrada estava em cima de uma caixa. Aerin entrecerrou
os olhos. Ou ela estava mais bêbada do que pensava, ou o jogo de baseball
na tela estava em preto e branco.
— Aqui é... legal — ela disse com incerteza.
— Oh, não minta. — Thomas levou a garrafa de vinho para a cozinha.
— É um buraco total. Mas é legal. Tenho uma visão da água e é legal morar
sozinho.
Aerin olhou ao redor do resto da sala. Havia uma pintura a óleo sobre
o sofá de um deserto. As lâmpadas de ambos os lados não combinavam e
ambas eram feias, penduradas em abajures plissados, do tipo madeira falsa.
Uma manta de crochê com aparência irregular nas cores marrom, amarelo
e laranja pendia na parte de trás da poltrona, e havia várias figuras de
cerâmica do Hallmark na prateleira. Um menino jogava beisebol, outro
carregava uma mochila como se estivesse fugindo, e mais um sorrindo,
mostrando os dois dentes da frente faltando. Isso deu uma pontada em
Aerin. Quando completou seis anos, Helena lhe deu uma figurinha do
Hallmark de uma bailarina. Ela adorava aquela garotinha, mas depois de
Helena ter desaparecido, Aerin a afastou, seu sorriso inocente era muito
difícil de suportar.
— Quem decorou este lugar, sua avó? — ela falou.
— Na verdade, ela decorou. Vivi com meus avós por quinze anos.
Vovó me ajudou a me mudar para cá. Esta é ela.
Aerin olhou para uma foto na parede. Thomas estava sentado com o
braço em volta de uma senhora mais velha em um vestido florido e óculos
grandes. Parecia o tipo de avó alegre que fazia o seu próprio molho para o
espaguete, alimentava gatos vadios e gostava de beber cerveja. Não como
a avó de Aerin, que mal deixava seu condomínio na Flórida e reclamava de
sua vida constantemente para quem quisesse ouvir.
— Você morou com seus avós? — repetiu Aerin.
— Sim.
— Onde estavam seus pais?
Ele abriu o vinho com um estalo. — Eu não estava seguro com eles.
Eles tinham problemas. Têm problemas.
Aerin queria dizer que seus pais eram assim também, embora ela
tivesse a impressão de que seus pais não eram nada como o que ele estava
insinuando. — Você quer dizer drogas?
— Definitivamente. — Thomas pegou duas taças de vinho diferentes.
— De quais tipos?
— Praticamente qualquer coisa disponível.
— Isso... foi difícil para você?
Thomas deu de ombros. — Meus avós são boas pessoas. Eles foram
para os meus jogos de futebol, me ajudaram com a lição de casa, me
levaram para os filmes que eles definitivamente não tinham interesse. Nós
fomos ao Cabo todos os verões. Meu avô também era um policial. Em
Norwalk.
Sua expressão era aberta e imperturbável. Aerin ficou surpresa. Ela
achava que todos que viviam em Dexby — e especialmente aqueles que
frequentaram a Windemere-Carruthers — tiveram vidas fáceis. Ela se
perguntou como era crescer com a situação caótica que era os pais dele.
Thomas parecia estar lidando muito bem.
Ela piscou. Ela estava aqui para procurar maneiras de entrar na
delegacia de polícia, não para se relacionar.
Ela examinou o espaço procurando possibilidades. O casaco de
Thomas pendia em um gancho perto da porta; seus bolsos pareciam cheios.
Havia também uma tigela na cozinha que parecia estar cheia. Mas e se ele
mantivesse as coisas — como chaves, ou um cartão-chave, ou um código
— em lugares estranhos, como seus pais costumavam manter dinheiro
insignificante em um vaso de flores não utilizado na garagem?
Thomas estava olhando para ela como se ele tivesse lhe feito uma
pergunta. — O quê? — ela disse.
Thomas brincava com uma taça de vinho vazia. — Talvez você deva
comer alguma coisa antes de beber mais. Você parece um pouco instável.
Torrada, talvez. Ou um queijo quente?
O pensamento daquilo era esmagadoramente tentador. Quando foi a
última vez que alguém se ofereceu para fazer um queijo quente?
— Diga sim — disse Thomas. — Eu faço o melhor queijo quente
neste complexo de apartamentos.
Aerin não podia deixar de rir. — Não tenho certeza se isso é
impressionante ou não.
Thomas caminhou até ela, pegou suas mãos e a sentou na mesa. Ele
estava tão perto de repente. Ela podia sentir o cheiro da colônia que ele
havia passado. Em qualquer outra situação, ela se inclinaria para frente e o
beijaria com força. Não era que ela não o achasse bonito — de fato, ele era
muito mais bonito do que a maioria dos caras que ela beijava. Doce,
também. E ela sabia que ele era um bom beijador. Isso provavelmente era
parte do problema.
Thomas se afastou e sentou-se na cadeira em frente a ela. — Então, e
quanto a Helena? Você soube de algo novo?
— Não, eu decidi parar. — Sua voz soou alta demais.
— Sério? — Thomas brincou com a rolha de vinho. — Eu estava
esperando que você descobrisse.
Aerin olhou pela janela. Thomas tinha um pequeno pátio em volta
com apenas uma poltrona. — A polícia estava certa. Tudo é apenas um
beco sem saída.
Silêncio. Aerin esperou, esperando que Thomas oferecesse alguma
coisa voluntariamente, um segredo sobre os arquivos. Isso tornaria isso
muito mais fácil. Talvez tenha sido uma ideia terrível vir aqui.
Ela levantou-se da mesa, pensando em outra ideia. — Sabe de uma
coisa, comida pode ser legal, afinal.
Thomas foi até à geladeira. — Eu tenho... merda. Não muito. Um
ovo cozido? Pepperoni? Queijo Cottage?
— Queijo cottage? — Aerin mostrou a língua. — E quanto a
Cheetos?
Thomas olhou para ela da porta da geladeira. — Eu e Chester Cheetah
realmente não nos misturamos.
— Eu vi uma máquina de venda automática aqui perto... — Ela bateu
seus cílios para ele.
Thomas fechou a porta da geladeira. — Eu vou verificar. — Ele
gesticulou para o sofá. — Sente.
Ela fez o que ele lhe disse. Thomas colocou a manta sobre ela — na
verdade, era muito menos irregular do que parecia. Ele puxou até o seu
nariz, e ela riu, então sentiu um pouco de tristeza. Ele estava agradando
ela. Ela não tinha ideia quando alguém tinha feito esse carinho nela.
— Eu volto logo, tudo bem? — disse Thomas. — Não se mova.
A porta se fechou, fazendo as paredes do pequeno lugar tremerem.
Aerin contou até dez. Então ela empurrou a manta para o lado, levantou-
se e ficou no meio da sala, com as pontas de seus dedos mexendo-se. Ela
puxou o casaco dos ganchos primeiro, alcançando os bolsos. Nada. Ela
correu para a cozinha e abriu gavetas e armários, mas tudo que encontrou
foram cardápios, talheres e lixos aleatórios. Seu banheiro, que tinha uma
pequena pia e cheirava a potpourri, não tinha nada de interessante. Seu
quarto continha uma pequena mesa junto à janela. Ela não tinha certeza de
por que ela puxou uma gaveta de baixo, mas dentro havia um iPad com
uma capa preta. Ela abriu e inspecionou os aplicativos. iTunes. Netflix.
Bloco de Notas. Ela clicou no Bloco de Notas e surgiu uma lista. Quando
seus olhos se ajustaram, ela percebeu o que estava olhando. Chase Bank:
XCX1934. Gmail: NorthxNorthwest87. E assim por diante.
Era uma lista de senhas.
Aerin examinou a lista com avidez. Na parte de baixo, havia algo
chamado Base de dados do DP de Dexby.
Bingo.
Havia duas senhas para o site e algum tipo de código-chave para o ID,
era demais para memorizar. Aerin pegou o seu telefone e tirou uma foto
da tela inteira. Enquanto estava de pé, ela viu seu reflexo no espelho sobre
a mesa. Seu rímel estava borrado. Seu batom estava em seus dentes. Sua
camisa tinha se movido e metade do seu sutiã estava aparecendo.
— O que você está fazendo? — ela sussurrou para o reflexo dela.
A chave foi inserida no bloqueio da porta da frente. Em pânico, Aerin
empurrou o iPad de volta para a gaveta e correu de volta para o sofá,
saltando sob a manta bem a tempo.
Thomas entrou na pequena sala de estar, com os braços carregando
um monte de pequenos sacos. — Eles só tinham Cheetos genéricos, e eu
não sabia se você era uma purista sobre ter o verdadeiro, então eu também
peguei Doritos, Fritos, uma mistura de salgadinhos e pretzels. — Ele os
jogou na mesa de café, depois abriu uma garrafa de coca-cereja. — Eu
pensei que você também poderia gostar disso. É sempre o meu favorito
quando eu bebo muito.
A mente de Aerin estava girando. E se Thomas tivesse entrado quando
ela ainda estava olhando o iPad? Isso teria sido um desastre. Ela tinha que
sair daqui. Ela precisava fazer login nesse site agora.
Ela se sentou e lhe deu um sorriso frágil. — Eu me sinto pior do que
pensei. Eu deveria ir para casa.
O rosto de Thomas ficou frustrado. — Você não quer ter o melhor
piquenique de máquina de venda automática de Dexby?
— Não, estou realmente cansada. — Aerin levantou-se sem olhar
para ele. Ela podia sentir a vovó Grove olhando da parede. Desculpe, ok? Ela
gritou silenciosamente para a velha. Agora, eles provavelmente nunca
seriam amigos.
Thomas se afastou para deixá-la chegar à porta. — Eu dirigiria para
você, mas eu tenho apenas a moto, e isso pode fazer você se sentir pior.
Deixe-me chamar um táxi para você.
O táxi chegou dentro de alguns minutos. Thomas embalou os lanches
em uma sacola de plásticos para ela e a ajudou a descer as escadas. Ele se
moveu para entregar ao motorista algumas notas, mas Aerin pegou seu
braço. — Eu pago. Desculpe por ter vindo.
— Eu gostei de você ter vindo. — Thomas deu um tapinha no ombro
dela. — Fique melhor, ok?
No táxi, Aerin observou nervosamente os barcos em direção ao
porto. Uma vez que estavam fora da rua de Thomas, ela digitou o nome
do site DP de Dexby em seu telefone. Com os dedos tremendo, ela digitou
as senhas que tirou da tela na ordem que Thomas as havia listado. Seu
coração bateu forte quando a pequena bolinha girou. E se ela inserisse
incorretamente as senhas? E se os policiais rastreassem seu telefone e
viessem prendê-la?
Mas, então, apareceu uma mensagem. Bem-vindo de volta, T. Grove.
Aerin clicou em um botão que dizia Casos Passados, e então selecionou
o ano em que Helena havia desaparecido. Uma pasta de arquivos intitulado
H. Kelly, Caso #23566 surgiu.
Engolindo com dificuldade, ela abriu. Havia depoimentos, um
relatório de pessoas desaparecidas e informações sobre a decomposição dos
ossos de Helena. Aerin viu uma pasta chamada Sob Suspeita e se lançou
sobre ela. O nome de Kevin Larssen era o primeiro. Dentro da pasta, os
primeiros itens a aparecer eram miniaturas de fotos que Aerin nunca tinha
visto. Ela pressionou cada uma para ampliá-las, depois ofegou. A primeira
era uma foto de Kevin e do senador Gorman em um abraço. Centro de
Conferência de Liderança da Juventude de Connecticut mostrava uma placa atrás
deles. Um carimbo datava 8 de dezembro — o dia em que Helena havia
desaparecido. Outro carimbo sobre a foto dizia Confidencial.
Então, Gorman esteve naquela conferência, e Kevin estava com ele.
Talvez isso explicasse por que ele perdeu o discurso dele, mas também
porque ele insistiu sobre o álibi. Aerin apostou que Gorman pagou os
policiais para manter as fotos escondidas. Ele não gostaria que essa
informação fosse divulgada nos noticiários.
Havia mais fotos de Kevin depois desse fim de semana, também —
indo para a escola, indo para a livraria, jantando com Gorman na cidade.
Os policiais devem tê-lo perseguido obsessivamente, talvez observando se
ele estava fazendo alguma coisa suspeita. Isso foi tranquilizador, pelo
menos — Aerin duvidava que ele pudesse fugir para matar Helena durante
esse tempo. Ela nunca quis que Kevin fosse o culpado, na verdade.
Seu olhar esquadrinhou o resto dos suspeitos. Greg Fine também
estava, mas dentro de seu arquivo havia um relatório sobre a reabilitação
Halcyon Heather, afirmando que ele havia sido um internado desde
novembro desse ano até março. Então ele também estava fora?
O táxi chegou a sua rua e aproximou-se de sua casa. — Chegamos —
disse o motorista quando ele virou para a entrada. — Parece que você tem
um visitante.
A cabeça de Aerin levantou. Uma figura estava sentada em seus
degraus da frente, mas não havia como ser sua mãe. Ela apertou os olhos
com mais força, observando os longos cabelos, o vestido drapeado, as botas
de combate.
Seneca.
Ela empurrou algumas notas para o motorista e correu pela passagem,
sentindo-se surpreendentemente exaltada. Seneca se pôs de pé. — Sinto
muito, Aerin.
— Demorou bastante tempo. — Disse Aerin ao mesmo tempo.
As meninas pararam e sorriram uma para a outra. Então, deixando
um pouco de lastimar, Seneca abraçou Aerin com força. — Eu sou uma
idiota — ela murmurou no ombro de Aerin. — Eu não deveria ter falado
com você daquele jeito. Eu não deveria ter dito aquilo sobre Maddox. Ele
não acha que você é uma vadia, eu juro.
— Eu odiei como todos foram embora tão de repente — disse Aerin
sobre ela. — Eu não quero desistir do caso, eu não deveria ter fugido.
Seneca recuou do abraço. — Você não quer desistir do caso? — ela
perguntou. Aerin balançou a cabeça. — Bem, ótimo. Porque acho que
descobri algo.
A língua de Aerin sentiu-se pesada com o vinho. — Isso é um alívio,
porque todos os suspeitos que pensávamos serem viáveis não são mais
suspeitos.
Seneca estreitou os olhos, mas Aerin não queria explicar naquele
momento. Ela revirou as mãos com impaciência, pedindo para Seneca dizer
o que tinha descoberto. — Aquela mensagem no origami — começou
Seneca. — Não é um OI, são iniciais. HI. Estou achando que é o namorado
secreto, ou o nome que Helena usaria se ela se casasse com o namorado
secreto. E eu estive pensando, e eu encontrei um nome.
Aerin piscou forte. Seu cérebro pareceu lento e desordenado. Ela
pensou nas pessoas na vida de sua irmã — amigos, namorados, tios,
professores. Ela pensou nos caras do country club, pessoas que entraram
no Scoops. Mas não havia muitas pessoas cujo sobrenome começava com
I. Seus olhos se arregalaram. Ela conhecia alguém que tinha exatamente
essas iniciais.
Um arrepio correu por suas costas. Ela tocou no braço de Seneca. —
Heath Ingram?
Seneca concordou. — Foi isso que eu também pensei.
Capítulo 26
Traduzido por Napoleana
***
Vinte minutos depois, Seneca e Aerin voltaram para o hospital da casa
de Aerin com o iPhone de Helena na mão. Embora Seneca tivesse dito aos
outros que esperaria antes de olhar, ela não pôde deixar de percorrer a lista
de chamadas de Helena no carro. Havia toneladas de chamadas para Heath.
Mensagens também. Mas talvez isso fizesse sentido — eles eram amigos.
Além disso, as mensagens eram todas amigáveis e mundanas, a maioria
relatando cena a cena dos episódios de The Walking Dead. Casualmente, ela
olhou o contato de Katie, a velha amiga de Helena, com quem ela brigou.
Havia apenas uma mensagem dela, seis meses antes de Helena desaparecer:
Obrigada por nada. Helena não respondeu. O que isso significava? Mas, no
entanto, talvez não valesse a pena prosseguir nisso — Katie estava limpa.
Ela olhou para Aerin. — Você se lembra de ter visto o nome de Heath
no arquivo de Helena no arquivo da polícia?
— Claro, mas apenas dizia que ele estava no Colorado. A entrevista
foi muito curta, os policiais não o questionaram sobre nada mais. — Aerin
fungou. — Talvez seja porque os Ingram ajudaram a financiar a renovação
de luxo da estação de polícia no mesmo ano.
De volta a emergência, Brett parecia muito mais forte e estava sentado
contra seus travesseiros jogando Candy Crush em seu celular. Depois de
alguns minutos mexendo no dispositivo antigo de Helena, Maddox gemeu.
— Under Wraps não está baixado aqui.
— Você tem certeza? — Seneca perguntou, desapontada.
— Eu procurei em todos os lugares. Verifiquei pastas ocultas dentro
de pastas, sob diferentes nomes de aplicativos...
— Você pode esconder aplicativos em celulares? — A voz de Aerin
se elevou. — Eu não sabia disso.
— Droga — Madison sussurrou em voz baixa. — Isso pareceu tão
promissor.
Então o celular de Seneca tocou. — É MizMaizie. — Ela olhou para
o e-mail. — Não encontrei nenhum registro de Heath Ingram em Nova York ou
Connecticut nas datas em questão — ela leu.
Brett sentou mais alto na cama do hospital. — Sério?
Havia mais. — Há registros de um Heath Ingram que corresponde à sua
idade e descrição vivendo no Colorado há cinco anos. Ele solicitou uma carteira de
motorista do estado do Colorado no dia 1 de janeiro desse ano. Há uma licença de
casamento também. — Ela parou. — Espera, o quê?
Aerin piscou forte. — Heath casou-se com Helena?
— Não. Ele se casou com alguém chamada Caitlynn Drexler. —
Seneca mostrou-lhes a foto em anexo. Era uma menina de cabelos escuros,
com olhos cinzentos e um sorriso suave. Seu cabelo estava preso em
pequenas tranças. Ela também tinha uma margarida grande pintada em sua
bochecha — Seneca não achava que fosse uma tatuagem.
— MizMaizie também fez um relatório sobre ela. Aparentemente, ela
é um membro recrutador da Igreja Espírito Animal. — Seneca olhou para
cima. — Não é um culto que os hippies se juntam, e eles tomam todo o
seu dinheiro? Eu vi uma reportagem de 60 minutos sobre isso há algum
tempo atrás.
Aerin semicerrou os olhos. — Você acha que Heath era parte disso?
— Essa seria uma boa razão para inventar uma história sobre o
snowboard e o Ritz — murmurou Seneca. — Quando Heath voltou para
Dexby, ele imediatamente voltou para casa?
Aerin estalou os dedos. — Talvez ele precisasse. Talvez esta garota
tenha roubado todo o seu dinheiro para o culto.
— Acha que eles ainda são casados? — Seneca percorreu o relatório.
— Não vejo uma anulação...
— Então, Heath não matou Helena? — disse Brett lentamente.
— Não sei — respondeu Seneca. — Talvez não.
Bzz.
A espinha de Seneca se endireitou. Ela achou que era seu celular,
talvez outra mensagem da MizMaizie. Mas era a cama de Maddox que
estava vibrando. Sua respiração ficou presa.
Era o telefone de Helena. Estavam ligando.
Todos olharam para ele como se estivesse possuído. Aerin agarrou-o,
suas mãos tremendo. — É de um número restrito — ela sussurrou.
O telefone tocou novamente. Ninguém se moveu. Finalmente, Brett
sentou-se na cama e agarrou-o. — Alô? — ele disse fracamente no porta-
voz.
Silêncio. Uma ruga formou-se na testa de Brett. Ele piscou uma vez,
duas vezes, e depois disse — Sim. Sim. Ok. Obrigado cara. — Ele desligou
o telefone. — Era Loren.
— Loren o traficante de drogas? — disse Seneca.
Brett assentiu distraidamente. — Ele lembrou o endereço de Helena.
Ele lembrou do nada, ele disse, e ele ainda tinha esse número. — Sua voz
estava espantada e como se estivesse em transe. — Ela recebia entregas no
prédio onde John Lennon foi baleado. Entre a West Seventy-second e o
parque.
Os olhos de Maddox foram de um lado para o outro. — É o Dakota.
Aerin recuou, sua testa franzida. — Não conheço ninguém que more
lá...
— Loren se lembrou de outra coisa — acrescentou Brett. — O nome
na conta não era o de Helena. Era Ingram.
Seneca bateu as mãos. — Então foi Heath!
Maddox afundou no travesseiro. — Como Heath poderia estar no
Colorado e em Nova York?
— Talvez ele tenha ido depois que ele matou Helena — sugeriu
Seneca.
— Ou talvez ele estivesse indo e voltando — disse Brett.
— Não.
Seneca virou-se. Aerin estava de boca aberta perto da porta. — Não
é Heath.
— Mas, Aerin, tem que ser — Seneca pressionou.
Aerin balançou a cabeça lentamente. Parecia que ela ia vomitar. —
Há outro Ingram, que definitivamente tinha acesso a um lugar em Nova
York. Skip Ingram. Harris Ingram, H.I. — Ela bateu uma mão trêmula
sobre a boca. — Eu acho que Helena estava com o pai de Heath.
Capítulo 29
Traduzido por Napoleana
***
Treze minutos depois, agora completamente molhada, Seneca passou
pelo centro de treinamento. Ela colocou a bicicleta no bicicletário e olhou
ao redor. Havia uma pista de corrida na parte de trás. Ela correu para ela
e examinou os carros no estacionamento. Ninguém estava correndo nos
anéis externos da pista na chuva. Respirando pesadamente, ela ligou
novamente para Maddox. Correio de voz. Ela também tentou Brett,
Madison e Aerin novamente — o mesmo.
Ela andou ao redor, examinando as quadras de tênis, um campo de
esportes vazio e um enorme prédio marcado como Ginásio e Piscina. Ela
correu para ele e empurrou um conjunto de pesadas portas duplas. Elas
abriram, revelando uma pista interna e um monte de arcos de basquete.
Um homem em um turbante disparava bolas nos aros na parte de trás. Uma
senhora mais velha caminhava na pista, falando em seu celular.
Uma placa chamou a atenção de Seneca.
Diretório, ela leu e, em seguida, listou os nomes das pessoas que
trabalhavam na equipe no centro de treinamento. A meio caminho estava
Catherine Markham; seu escritório era a sala 107. Uma placa do outro lado
do ginásio anunciava que os escritórios 105 a 108 eram em um corredor ao
lado do vestiário feminino. Seneca correu, seus sapatos deixando marcas
molhadas no chão da academia. Ela sabia que ela estava sendo absurda, mas
ela não conseguiu parar de imaginar Catherine amarrando Maddox em seu
escritório, tampando sua boca, dizendo que ele havia levado a investigação
longe demais...
O corredor de escritórios estava iluminado por painéis fluorescentes
e cheirava a meias. O chão e as paredes de cimento intensificavam todos os
sons; Seneca podia ouvir cada respiração rouca que ela dava. Finalmente,
no final do corredor, ela notou uma luz debaixo de uma porta. Catherine
Markham, dizia em uma placa de identificação ao lado da maçaneta.
Quando Seneca olhou através do vidro manchado, ela avistou duas formas
difusas lá dentro. Seu estômago ficou nauseado. Tinha que ser Catherine
— Katie — e Maddox.
Ela tentou a maçaneta. Ela virou. Ela abriu a porta e olhou para um
escritório cheio de troféus. As costas de Maddox estavam para ela. Ele
estava parado, não preso e amordaçado, como ela imaginava. Catherine,
que encarava a porta, estava na frente dele. Então Seneca olhou de novo.
Na verdade, ela não estava apenas na frente dele; ela estava beijando-o.
E Maddox a beijava de volta.
Seneca deve ter soltado um pequeno som, porque Catherine ergueu
o olhar e se afastou. — Hum, posso ajudá-la? — ela disse docemente.
Maddox se virou. — Meu Deus. Seneca.
Seneca tentou falar, mas nenhum som saiu. Ela se sentiu grande e
intrusiva na entrada. Ela olhou de novo para as pernas delgadas de
Catherine, seus amplos seios, seu rosto bonito. De repente, fez todo o
sentido. Tara da corrida não era a única menina bonita nesta cidade.
Ela girou e saiu.
— Seneca! — Maddox gritou atrás dela.
— Não se atreva a ir embora, Maddy! — Catherine gritou para ele.
Mas Maddox deve ter ignorado ela, porque Seneca ouviu seus passos atrás
dela.
— Seneca, espere! — ele gritou.
Seneca passou por um carrinho de basquete, pensando em subir nele.
Sua mente girava enquanto ela pisava em um grande selo do estado de
Connecticut no chão do ginásio. Ela ouviu passos, e Maddox pegou seu
braço. Claro, ela não podia superar a estrela das corridas, ela pensou
amargamente. Ela se virou, soltando fumaça. — Não é o que parece —
ele ofegou.
Seneca apenas olhou para ele e puxou seu braço dele. Atrás de
Maddox, Catherine também emergiu do corredor. Suas mãos estavam em
seus quadris e seu rosto estava vermelho.
Maddox olhou nervosamente para Catherine, mas continuou. — Nós
tínhamos... uma coisa, eu acho — ele disse. — Mas eu estava tentando
dizer a ela que não estou interessado. Eu gosto de você. Mas então ela iria
revogar minha bolsa de estudos da faculdade se eu terminasse com ela.
Seneca olhou para ele. — Você está tentando me fazer sentir pena de
você?
— Não! — gritou Maddox. — Absolutamente não! Eu disse a ela que
não me importava, que Oregon não valia a pena. — Ele olhou para
Catherine. — Eu também disse que eu poderia denunciar seu
comportamento inadequado para o chefe dela do centro de treinamento.
Eu tenho muitas mensagens dela que são bastante longe do profissional.
Catherine resmungou. — Como se eu tivesse medo de você.
— Eu simplesmente vou embora — disse Seneca através dos dentes.
A última coisa que ela queria testemunhar era a briga dos amantes.
— Não! — Maddox virou de volta para Seneca. — Eu disse a ela tudo
isso e eu estava pronto para ir embora, mas então ela simplesmente... me
beijou de novo. Foi o que você viu.
Seneca sentiu uma sensação e baixou o olhar. De alguma forma,
durante a última parte, ele agarrou suas mãos. Uma hora atrás, a visão de
seus dedos entrelaçados a encantaria, mas agora a enchiam de desgosto.
Ela se afastou. Ela sentia-se sufocada nesse ginásio, ecoando no seu
próprio corpo. — Na verdade, eu só vim porque estava preocupada com
o fato de ela te machucar, Maddox — ela disse suavemente e alto, sem se
importar que Catherine ouvisse. — Você sabia que ela era a rival de Helena
no colégio? Catherine a odiava.
Maddox piscou. Ele se virou e olhou para Catherine, que franziu a
testa e deu um passo para trás.
— O que você estava fazendo, me espionando? — Catherine falou.
Seneca a ignorou, concentrando-se em Maddox. — Mas não acho que
ela está nos machucando, não é? Você parece bem. Melhor do que bem. —
E então, com um sorriso rígido, ela se virou e caminhou calmamente em
direção à saída. — Até mais.
Maddox correu para ela. — Espere! Você está brava comigo?
O primeiro instinto de Seneca foi gritar, mas ela usou todos os seus
melhores truques e conseguiu se recompor. — Não — ela disse, falhando.
— É a sua vida, Maddox. Eu sou apenas sua amiga online. Você não precisa
se explicar para mim.
Maddox ficou de boca aberta. Tanto faz, pensou Seneca. Enquanto ele
acreditasse na sua mentira, ela não se importava.
Lá fora, o crepúsculo havia caído e a chuva parou. Os únicos sons eram
os passos de Seneca no pavimento molhado. Quando alguém agarrou seu
braço, ela atacou, assumindo que era Maddox novamente.
— Uou! — Brett se materializou na frente dela. — Devagar!
— O que você está fazendo aqui? — Seneca gritou, seu coração na
garganta.
— Você me ligou. Disse que você estava indo para a pista de corrida,
Maddox está com problemas? — Ele olhou para a porta, então para a
expressão que Seneca imaginou que estava no seu rosto. — Ele está bem?
— Ele está bem — disse Seneca com frieza. — Muito bem.
Ela caminhou até as quadras de tênis, iluminada por grandes
holofotes, depois se jogou no chão, olhando fixamente para as redes. A
porta do centro de treinamento abriu e Maddox saiu e olhou em volta.
Seneca encolheu os ombros e escondeu o rosto, rezando para que ele não
a visse. Depois de um momento, Maddox se foi.
Brett deslizou ao lado de Seneca, seu olhar na forma de Maddox
correndo. — Que idiota.
Seneca apertou os dentes. — Não vale a pena discutir.
Brett bateu nos seus joelhos. — Ok — ele disse gentilmente. —
Entendi.
Sua súbita pena era demais para suportar, e Seneca sentiu uma onda
de tristeza e desespero. — Não importa, de qualquer maneira — ela disse
bruscamente. — Eu vou para casa esta noite. Eu estava planejando ir
embora em um trem em poucas horas. — Não era verdade: ela na verdade
estava escrevendo uma mensagem para seu pai para conseguir um ou dois
dias mais. Ela estava feliz por não ter enviado.
— Bem, não deixe Maddox nublar o que descobrimos — disse Brett.
— Nós pegamos um assassino, lembra? Isso é muito grande. Aposto que
mudamos a vida de Aerin. — Então um olhar pensativo passou por seu
rosto. — E se pudéssemos ajudá-la com sua mãe, hein?
Seneca sentiu uma exasperação. Ele realmente ia trazer sua mãe à tona
agora? Mas, no entanto, talvez fosse melhor do que falar sobre Maddox. E,
de certa forma, Brett também estava certo.
— Realmente sinto muito novamente sobre ter emboscado você com
tudo isso no café — prosseguiu Brett. — Eu só queria me conectar com
alguém que passou pelo mesmo, sabe? Mas foi egoísta. Se você quisesse
falar sobre isso, você teria falado sobre isso. Eu entendo isso agora.
Sobre a luz, os machucados de Brett em sua mandíbula pareciam ainda
pior, roxos e inchados. Seneca empurrou um dedo em uma das ligações da
corrente na cerca. Ela nunca perguntou a Brett como ele conseguiu superar
a morte de sua avó. Sua indiferença parecia insensível — talvez ela fosse a
egoísta.
— Você pensa muito na sua avó? — ela perguntou.
Brett puxou o capuz para baixo. — Bastante. E você? Na sua mãe?
— Bem, sim. Claro.
— Você sabe o que eu adoraria? — Brett olhou para as silhuetas das
árvores. — Mais um dia com ela. Apenas um dia normal, nada especial.
Teríamos café da manhã, eu iria com ela para sua poderosa caminhada, e
sairíamos para ver os cavalos. Nós leríamos o jornal, eu a observaria
tricotar, qualquer coisa.
Seneca riu levemente. — Sua elegante avó tricotava?
— Eu apenas quis dizer isso como um exemplo genérico — disse
Brett rapidamente. — Mas você me entendeu. Apenas mais um dia para
abraçá-la, dizer que eu a amo, toda essa merda. Eu trocaria isso por
qualquer coisa.
Seneca sentiu lágrimas nos olhos dela. Ela fantasiou sobre o dia que
ela teria com a mãe também. Comum seria bom. Elas poderiam falar sobre
nada. Assistir a um show de prêmios. Dobrar a roupa. Ela faria para sua
mãe seu jantar favorito — linguine com molho de molusco.
Brett se encostou na rede com um barulho. — Eles alguma vez
descobriram alguma coisa sobre o assassino de sua mãe? Eu não acompanhei
seu caso.
Seneca balançou a cabeça. — Nada. Nada estranho estava
acontecendo na minha casa, até mesmo meu pai confirmou isso. Minha
mãe não estava recebendo telefonemas estranhos, e não havia indícios de
que alguém a seguisse. Ela nem sequer estava agindo de forma diferente,
como se ela tivesse com medo de alguém. Foi só... sem sentido. — Ela
expirou. — Sem significado.
Brett apontou para o colar com o P. — Mas pelo menos você
conseguiu isso de volta para lembrar dela, certo?
Os dedos de Seneca se fecharam ao redor do colar. — Isso é o que eu
digo a mim mesma.
Lentamente, tentativamente, ela deixou as memórias de sua mãe
inundar sua mente, particularmente aquela última lembrança dela no
necrotério. Ela estava com um lençol da cintura para baixo, mas Seneca
ainda podia dizer que partes de sua mãe não estavam ali embaixo, não
mantidas como um esqueleto normal. Alguns meses atrás, quando ela
entrou pela primeira vez nos Casos Arquivados, ela finalmente leu o
relatório forense da sua mãe. A coisa era tão chocante, que ela nunca
conseguiu retornar ao arquivo de sua mãe. Entre outras coisas, o relatório
dizia que alguns dos ossos mais baixos de sua mãe haviam sido bastante
quebrados — estilhaçados, o médico legista havia escrito. Presumivelmente
de um ato de violência.
Ela soltou um gemido na parte de trás da garganta, a dor era demais.
— Tudo bem — disse Brett suavemente, puxando-a para um abraço. —
Tudo vai ficar bem.
O abraço era reconfortante, mas Seneca ainda sentia uma saudade
vazia e insatisfeita. Havia uma omissão em seu cérebro, algo que não estava
certo, mas provavelmente era a confusão de tudo o que aconteceu hoje, o
impulso e a atração de muitas emoções. Também era frustrante perceber
que, por mais que ela gostasse de Brett, ela desejava que o abraço fosse de
outra pessoa. Ela olhou para o caminho que Maddox havia tomado para
casa. Pare de desejar que ele estivesse aqui, ela pensou com raiva.
Ela tinha que superar ele.
Capítulo 33
Traduzido por Napoleana
***
Madison era ainda mais paranóica do que Aerin, então ela agarrou a
mão de Aerin e a levou através de uma trilha na floresta atrás da
propriedade dos Morgenthau. A chuva finalmente estava parando, mas as
árvores e as plantas estavam cobertas de orvalho e cheiravam a mofo. Aerin
podia sentir a parte de baixo de seu vestido ficar encharcada de lama, mas
ela realmente não se importava.
Ela contou a Madison o que ela descobriu. — Eu pensei sobre o
aplicativo Under Wraps. Helena não baixou no celular dela, ela baixou no
meu.
Madison moveu seu peso. — Por que ela faria isso?
— Porque a polícia não procuraria no meu celular por pistas sobre
ela. Ela poderia se comunicar com o Sr. Ingram e ninguém saberia. Helena
sempre estava perdendo seu celular, ou fingindo perder, de qualquer
maneira. Ela sempre estava pegando emprestado o meu para fazer
pequenas coisas, como verificar o tempo ou enviar uma mensagem. Agora
que penso nisso, acontecia diariamente. Mas ela não estava apenas
observando o clima, ela estava no Under Wraps, conversando com o Sr.
Ingram.
— Ok — Madison falou. — Mas por que você nunca notou o
aplicativo?
— Porque provavelmente estava escondido em uma pasta, como
Maddox disse. Mas agora, eu fui à App Store e tentei baixá-lo. A Apple me
disse que já estava na minha nuvem, o que significa que alguém já comprou
para mim, em um celular antigo. Eu definitivamente nunca comprei. Deve
ter sido Helena. — Ela tocou na tela para ligar novamente. — Estou
baixando ele no celular agora. Eu preciso que você me mostre como usá-
lo, no entanto.
— Claro — disse Madison, parecendo impressionada.
Poucos segundos depois, o ícone do Under Wraps, um U e W
misturados, apareceu na tela. Com os dedos trêmulos, Aerin clicou nele.
Bem-vinda Novamente, SamuraiGirl0930. Esse deve ter sido o nome de
usuário de Helena.
Uma solicitação de senha apareceu. Os dedos de Aerin pairaram sobre
o teclado. — Skip? — ela disse em voz alta, digitando. Errado, apareceu
em letras vermelhas no aplicativo. Ela tentou Scoops, a banda que Helena
gostava, e até Kevin. E então, com seu estômago revirando, ela digitou
HelenaIngram. Bem-vinda, disse uma mensagem.
— Conseguimos — ela sussurrou.
Uma música alegre tocou, então uma tela de navegação apareceu.
Uma barra no lado direito mostrava ícones para Mensagens Recebidas,
Mensagens Enviadas, Escrever Nova e Diga ao Mundo. Madison clicou em
Mensagens enviadas. — Vamos ver o que ela estava falando.
Um monte de arquivos carregou. As postagens lembravam Aerin do
Instagram: primeiro uma imagem, depois uma legenda. Madison
percorreu a mensagem mais antiga no final da lista e abriu. Uma selfie de
Helena sentada em sua cama apareceu — a decoração do quarto
exatamente como estava agora. Aerin estendeu a mão para tocar a imagem
na tela. Helena parecia tão viva.
Não posso acreditar que estou realmente pensando em fazer isso, dizia a
legenda. Nada mais. Madison tocou um botão que dizia Mais informações.
Os dados surgiram na tela. — Apenas uma conta recebeu esta mensagem
— explicou Madison. — HAR1972.
— Você acha que é Ingram? — Aerin sussurrou.
— Quem mais poderia ser?
Havia um nó na garganta de Aerin enquanto ela rolava através de mais
mensagens de Helena. Na próxima, Helena tirou uma foto de si mesma no
espelho do banheiro. Ela estava usando um top e um short de ginástica que
mostrava suas longas pernas. Tudo o que penso é em você, dizia a legenda —
novamente, apenas para essa conta. As outras descreviam como ela sonhava
com ele à noite, como ela estava animada que eles estavam juntos, ou como
tudo em que ela pensava era no último encontro deles.
— Estas são do verão e do outono — informou Madison, verificando
os horários. Então ela clicou em uma mensagem no meio da lista. Era outra
selfie de Helena mais uma vez sentada em sua cama, vestindo um suéter
roxo familiar, um sobretudo branco e aquele famoso fedora marrom. Ela
tinha um olhar determinado em seus olhos. Estou pronta, a legenda dizia.
— Este é o dia em que ela desapareceu — murmurou Madison.
Mas não era a última mensagem que Helena enviou. A seguir, havia
uma imagem de uma rosa vermelha com as palavras Com saudades de você. A
data era de uma semana depois. Então veio uma foto de um gatinho
batendo em um relógio acompanhado de Contando os minutos até você voltar.
18 de dezembro. Aerin suspirou. Então, Seneca tinha razão. Helena ainda
estava viva depois daquele dia fatídico em dezembro.
Doces em bastões nas cores vermelha e branca serviam de fundo para
Feliz natal para nós; a data em que a mensagem foi enviada foi 26 de
dezembro. Aerin mordiscou os lábios. Natal. Havia algumas mensagens,
também, que não foram enviadas para a conta de Ingram — não foram
enviadas para ninguém. Você está aí? uma dizia. E, Não pense que não estou
pensando em você. E então, Sinto sua falta, Aerie. Mas não se preocupe. Volto em
breve. 2 de fevereiro, para ser exata — Dia da Marmota!
O coração de Aerin parou. Helena às vezes a chamava de Aerie. Então
ela estava tentando falar com ela através disso? E Skip tinha falado a verdade
— eles realmente iriam voltar para Dexby? Ele realmente deixaria sua
esposa?
A única missiva que mostrava uma foto de Helena depois que ela
desapareceu era a última na lista. Era um close do rosto de Helena, os olhos
arregalados, os lábios erguidos fazendo beicinho, os cabelos mais longos e
desgrenhados. Era difícil dizer onde ela estava — a foto estava fortemente
filtrada, o fundo borrado — mas ela parecia triste, não com medo. Tudo
vai ficar bem. Ela foi para o Sr. Ingram.
Madison apontou para isso. — O que vai ficar bem?
— Não sei — murmurou Aerin.
Madison saiu das mensagens enviadas e clicou em Mensagens Recebidas
na barra de navegação. Toneladas de imagens carregaram a partir da mesma
conta HAR1972. Nenhuma delas eram selfies do Sr. Ingram — graças a
Deus; Aerin pensou que não poderia suportar ver o rosto dele — em vez
disso, as mensagens eram sobrepostas sobre fundos simples ou imagens. A
primeira mensagem foi no início do verão nesse mesmo ano. Estou tão feliz
também, ele escreveu. A próxima: Você estava tão bonita esta tarde. A
seguinte: Pensando em você. Aerin se contorceu. Helena se apaixonou por
isso?
Quando se aproximou da data do desaparecimento de Helena, o Sr.
Ingram escreveu coisas como, Eu sei que isso é difícil para você. Eu apoiarei
qualquer coisa que você escolher. E, Eu vou amar você para sempre. E, Estou tão
entusiasmado com o nosso futuro.
Madison fez um som como se estivesse fungando. — Isso não soa
como um homem que planeja matar sua namorada.
— Verdade — murmurou Aerin. Ela continuou rolando. No início
de janeiro, quatro semanas depois de Helena ter desaparecido, ele
escreveu, Estou pronto para deixá-la. Ela olhou para cima. — Marissa? —
Ela tentou lembrar-se da atitude de Marissa durante essa época — ela
poderia saber?
— Olha isso — disse Madison, deslizando. A próxima mensagem era
datada em 24 de janeiro. Não havia imagem, apenas uma tela em branco.
Na legenda, o Sr. Ingram havia escrito, Estou preocupado com ela. Com medo
dela fazer algo louco.
24 de janeiro foi a data em que Helena escreveu. Tudo vai ficar bem.
Aerin clicou de volta nas mensagens escritas por Helena, mas a do dia 24
foi a última. — Você acha que foi quando ela...?
Madison levantou as sobrancelhas. — Foi quando Loren ligou para
ela, também. Se ele está falando a verdade, ela não estava atendendo ele.
Algo poderia ter acontecido com ela.
Aerin clicou de volta nas mensagens recebidas de Helena, esperando
não ver mais mensagens do Sr. Ingram, mas sua próxima mensagem para
Helena era em 30 de janeiro. Por favor, volte. Havia outra no dia 2 de
fevereiro. Hoje deveria ser o dia. Por que você está fazendo isso? 6 de fevereiro:
Eu sempre vou te amar. Onde quer que você tenha ido, seja lá o que você precisa
fazer, está tudo bem. 8 de fevereiro: Diga-me onde você está. Estou preocupado.
Aerin agarrou seu joelho. — Do que ele está falando? Por que ele não
sabe onde ela está?
— Ela poderia ter fugido do Dakota? — perguntou Madison. —
Fugido da cidade?
— Foi encontrado sangue no apartamento, lembra? Os detetives
estão bastante seguros de que vai combinar com o tipo dela. — Mas Aerin
entendeu sua pergunta. — Por que Ingram escreveu para Helena se ele
sabia que ela estava morta? Talvez ele estivesse cobrindo seus rastros no
caso dos policiais descobrirem?
Madison enrugou o nariz. — Em um aplicativo super secreto?
— Então, qual a outra opção? Que ele realmente não sabia onde ela
estava?
Os olhos de Madison se arregalaram. — Você acha que ela tinha uma
chave do apartamento dele na cidade?
— Quem? — perguntou Aerin. — Helena?
Madison balançou a cabeça. Ela procurou a mensagem anterior do Sr.
Ingram novamente: Estou preocupada com ela. Com medo dela fazer algo louco.
Quando Aerin encontrou o olhar de Madison, um silêncio frio e silencioso
se instalou dentro dela, uma sensação torturante de incerteza
desaparecendo. — Marissa — ela sussurrou.
Madison acenou com a cabeça, então olhou para o Morgenthau Estate.
A cor foi drenada do seu rosto. — Falando do diabo — ela sussurrou,
gesticulando para uma limusine na entrada. Uma porta se abriu, e Aerin
observou enquanto uma mulher magra, de cabelos pretos, vestindo um
longo vestido de renda e cheia de diamantes saiu e posou para fotos.
Puta merda, pensou Aerin. Aquela vadia estava aqui.
Capítulo 34
Traduzido por Napoleana
***
Dez minutos depois, eles estavam na mansão Morgenthau, que estava
iluminada dramaticamente por uma série de refletores brancos. No topo
da colina, a primeira coisa que Maddox viu foi um grupo de pessoas girando
e posando em um tapete vermelho. Flashs instantaneamente surgiram. O
fotógrafo instruía as pessoas a girar à esquerda ou à direita. Maddox ergueu
o pescoço, se perguntando se era realmente alguém famoso — muitos
jogadores do Rangers viviam dessa maneira, assim como alguns atores,
CEOs notáveis e escritores famosos. Mas tudo o que ele viu foram crianças
e adultos que ele reconhecia em torno de Dexby.
Houve uma batida na janela. Madison abriu a porta, depois girou e
entrou na casa. — Eu tentei todos os quartos principais — ela gritou por
cima do ombro. — Mas esse lugar é como um labirinto. Há uma parte
traseira, o andar de cima...
— Você acha que devemos chamar a polícia? — perguntou Maddox.
— E se algo acontecer com a Aerin?
Seneca balançou a cabeça. — Marissa pode ver os carros da polícia e
fugir antes que possamos provar que é ela. Eu digo para esperarmos até
que seja absolutamente necessário.
Eles entraram no salão de baile principal, que estava bombando de
pessoas com vestidos e ternos extravagantes. Maddox sentiu-se meio
ridículo de jeans e camisa, mas, no entanto, todos pareciam tão abafados e
ridículos com seus ternos também. Madison deu uma volta em um
corredor que se abriu para outra sala de festas que estava ainda mais lotada
com os convidados. Foram colocadas mesas longas ao longo dos lados da
sala com itens para o leilão silencioso em exibição. Entre algumas das coisas
a serem oferecidas, havia uma viagem ao redor do mundo com todos os
gastos pagos, um colar de diamantes no valor de US$ 24.000, uso ilimitado
de uma limusine Rolls-Royce (com motorista) por seis meses e um ano de
fornecimento de leite materno de uma mulher que comia apenas produtos
orgânicos cultivados localmente.
Madison estava se movendo mais rápido agora, rodeando corpos,
encontrando buracos entre grupos, passando por itens de leilões
inestimáveis. Maddox via garotas loiras e mais garotas loiras, mas nunca
Aerin. Seu estômago começou a formar um nó. E se Marissa a levou para
algum lugar? E se ela estivesse ferida? O que todos esses convidados
pensariam se soubessem que uma assassina estava no meio deles?
Em outra sala, uma multidão começou a rugir. O barulho da multidão
no espaço principal ficou mais alto. As luzes diminuíram e a música tecno
começou a tocar. — Todos sejam bem-vindos ao nosso Leilão de Caridade
Anual da Páscoa — uma voz surgiu por um alto-falante.
Eles passaram por uma sala com homens fumando charutos, alguns
caras brincando na piscina, um espaço escuro onde um casal bebia vinho.
Madison segurou a bainha de seu vestido e subiu um conjunto de escadas
que levavam a outro andar de salas de festas. Em uma, os convidados se
alinhavam em um longo divã, conversando. Em outra, um grupo de caras
estavam reunidos em torno de um simulador de golfe, se revezando com
um taco. Este andar mostrava o salão de baile lá embaixo; Maddox olhou
para as dezenas de cabeças abaixo dele. Uma trombeta brilhante usada por
um dos membros da banda no canto captou a luz por um momento,
lançando uma luz estranha e cegante.
Eles começaram a andar por um corredor escuro. No meio do
corredor, Madison parou e inclinou a cabeça. Maddox mal conseguia ouvir
o barulho da multidão, mas achava que ele ouviu a voz alta e divertida de
Aerin. Seneca avançou e olhou através de uma porta aberta. Maddox ficou
na ponta dos pés atrás dela e também olhou. Dentro havia um enorme
banheiro de mármore com três pias e uma porta separava o lavatório. O
reflexo de Marissa apareceu em um espelho redondo na parede. Ela estava
de pé sobre Aerin, com os olhos arregalados. Não estava claro o que estava
acontecendo.
Maddox pulou de volta para as sombras antes que Marissa o visse. O
grupo trocou olhares. — Merda — Seneca murmurou, suas bochechas
brilhavam vermelhas.
Madison olhou para Maddox. — Agora podemos chamar a polícia?
Até mesmo Brett, o Sr. Sem Polícia, não discutiu. Maddox pegou o
celular e discou 9-1-1. — Qual é a sua emergência? — Uma voz falou na
outra extremidade.
Maddox recuou. A voz era muito alta, e a sua ficaria cada vez mais
alta. Não havia como Marissa não ouvir. — Hum — ele sussurrou. —
Estou na festa do Coelhinho da Páscoa e preciso de ajuda.
— O quê? — a atendente gritou. — Onde?
Maddox ainda podia ouvir a atendente fazendo perguntas, mas ele não
ousou falar com ela. Ele olhou impotente para a tela. Talvez ele pudesse
enviar uma mensagem para a atendente no 9-1-1? Enviar um código
Morse?
Agora Marissa estava falando. — Realmente é um choque — ela falou
afetadamente, aproximando-se de Aerin. — Não consigo imaginar o que
você e sua mãe estão passando, querida. Eu tenho chorado, eu tenho
orado...
E então ela se inclinou para frente e abraçou Aerin apertado. Aerin
ficou lá como uma barra de metal, com os braços rígidos em seus lados,
uma veia em seu pescoço sobressaindo. Maddox olhou para Seneca e
levantou as sobrancelhas. Talvez isso não tenha sido tão ruim. Parecia que
elas apenas encontraram uma com a outra. Talvez Aerin ainda não tivesse
dito nada.
Marissa se afastou e olhou para Aerin na distância de um braço. — Eu
ouvi dizer que sua mãe está aqui esta noite, isso é verdade? — Aerin só
podia assentir catatonicamente. Marissa apertou uma mão no peito. — Eu
adoraria falar com ela, querida. Preciso dizer a ela... algumas coisas. Mas
ela não atende as minhas ligações.
Um olhar estranho e firme apareceu no rosto de Aerin. Ela ergueu a
cabeça para olhar Marissa diretamente nos olhos. — Talvez minha mãe não
queira conversar com você porque ela sabe que você é uma maldita
mentirosa.
Maddox engasgou. Madison estremeceu.
Marissa afastou a mão dela. — Como é? — As palavras saíram
estranguladas.
Aerin estreitou os olhos. Seu corpo inteiro estava tremendo. — Eu
sei o que você fez com Helena. Eu sei quem você é.
— Aerin — disse Seneca, disparando para o banheiro e agarrando o
braço dela. — Hum, temos de ir.
Aerin se afastou de Seneca. Marissa virou-se, olhando para todos
enquanto eles se aglomeravam no banheiro. Uma ruga de reconhecimento
se formou em sua testa, e antes que Maddox pudesse se mover, Marissa
atacou, enviando-o para o lado de uma pia. Ela fechou a porta e ficou na
frente dela, desligando a luz. Brett berrou, Seneca gritou e houve o som
de vidro quebrando. Maddox abriu caminho até a porta, lutando para
voltar a acender a luz. Um espelho estava espalhado no chão, pedaços
espalhados por toda parte.
Um caco na mão de Marissa acendeu a luz. Seus braços magros
estavam envolvidos em torno de Aerin em um quase abraço, um pedaço
de espelho quebrado pressionado na jugular de Aerin. Ela olhou para o
grupo congelado, um olhar furioso em seu rosto.
— Façam tudo o que eu digo — ela sussurrou com a voz rouca, mas
com firmeza. — Ou a sua amiga estará morta.
Capítulo 35
Traduzido por Napoleana
Continua...
Próximo livro: Follow Me