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Até que ponto importar-se com os outros?

A tensão ética no interior das ciências sociais

1 Imagem: Mão solteira, com vários filhos, negra, pobre, marido presidiário, crianças
em situação de risco (prostituição, drogas, violência, trabalho infantil)
Questão: até que ponto importar-se com ela?
Resposta: código de ética profissional dos Assistentes sociais, Lei orgânica da
Assistência social e estatutos específicos (ECA, SAIF, Estatuto do idoso, etc.)
Sob análise: Política Nacional de Assistência social (2004)

Marcelo Freixo (Professor de História e pesquisador da ONG Justiça Global): Tráfico


nada tem de revolucionário. “O tráfico é uma empresa capitalista das mais eficientes e
completamente adaptada à realidade neoliberal que se instalou no Brasil na década de
1990. [...] Não tem nada de revolucionário ou transformador no tráfico. Além de ter
essas características capitalistas, ele é absolutamente opressor e se estabelece na favela
através da construção de uma política de terror, onde jovens pobres matam jovens
esfarrapados diante de facções que representam o que a opinião pública entende por
crime organizado.”

Há lugar para a ética nas ciências humanas, já que, enquanto ciências, estabelecem
procedimentos técnicos específicos a partir da compreensão científica da sociedade? A
ética estaria apenas na obrigação do Assistente social em observar as regras de sua
profissão, mas não seria uma questão em jogo na própria formulação das políticas
sociais.

É impossível definir a ética na assistência social enquanto justiça social, voltada a uma
espécie de acerto de conta em relação à situação passada, a partir de normas “objetivas”.
A objetividade do social se dá na esfera das representações coletivas, nos projetos. É
preciso pensar em termos de projetos. Isso significa repor o papel dos ideais de
sociedade, só que agora de maneira franca, não disfarçada de “ciência social”. A
objetividade das ciências sociais está ligada à relação entre os princípios e a realidade
social. A formulação dos idéia é um problema ético.

Galileu: A filosofia está escrita nesse grandioso livro que se mantém continuamente aberto
perante os nossos olhos (quero dizer, o Universo), mas não se pode entendê-lo se
primeiramente não se cuida de entender a língua e conhecer os caracteres em que está
escrito. Está escrito em linguagem matemática, e os caracteres são triângulos, círculos e outras
figuras geométricas, sem as quais é impossível entender humanamente alguma palavra; sem
estes meios é dar volta em vão num obscuro labirinto". Galileu Galilei, O Ensaiador, IV.

Hobbes: um mecanicismo social: o bem do indivíduo obriga o “reconhecimento” do outro, na


forma da concessão de poder a um terceiro.

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