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Universidade de Pernambuco – UPE

Nome: Ana Karla da Silva Martins


Cadeira: Teoria da Literatura II
Professora: Maria Aparecida Brandão

DIREÇÃO

Michael Radford

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Anna Pavignano, Furio Furio Scarpelli, Giacomo Furio Scarpelli, Michael
Radford
Produção: Gaetano Daniele, Mario Cecchi Gori, Vittorio Cecchi Gori
Fotografia: Franco di Giacomo
Trilha Sonora: Luis Enriquez Bacalov

ELENCO

Linda Moretti, Maria Grazia Cucinotta, Massimo Troisi, Philippe Noiret, Renato Scarpa

Ano: 1994
País: Itália

A beleza agridoce em “O Carteiro e o Poeta”

A obra “O Carteiro e o Poeta”, tradução brasileira do (Il Postino – 1994),


dirigido por Michael Radford. A narrativa começa com uma incrível trilha sonora de
Luis Bacalov, que nos leva a sinergia das mais diferentes emoções que vai desde a
retomadas de antigo valores morais, como também aborda as desigualdades sociais. O
protagonista intitulado de Mario Ruoppolo é um carteiro emocionalmente inseguro nas
suas opiniões e passa parte dos seus dias apenas observando o tempo passar. Possui
uma pai que é pescador que não entende bem o que o filho fala, já que o mesmo é meio
desengonçando para se expressar verbalmente. Mas a vida de Mario tem uma
reviravolta quando ele conhece o poeta Pablo Neruda, interpretado por Philippe Noiret,
em um cinejornal. Este encontro transforma a vida do carteiro que vivia isoladamente
na ilha pesqueira de Capri, toda a cena do encontro acontece diante do jogo de câmeras
que mostra Mario pequeno em relação ao gigante poeta enaltecido em todo o mundo e
que agora estava na sua região.

A forma como Mario consegue o emprego de carteiro, é uma das cenas mais
irreverentes do filme, ele adentra ao local com a sua inseparável bicicleta, as câmeras
dão mais prioridade a mesma, e pode se notar que o futuro carteiro toma essa decisão
repentina com o intuito de garantir sua contratação. Após esse episódio, ele explica ao
seu futuro chefe que é a pessoa certa para o cargo, mas nota-se que o mesmo não
sabe ler e escrever muito bem. Mario fica a contragosto quando é informando que ele
só irá trabalhar para uma pessoa, demonstra que tem mais conhecimentos que os
demais moradores da região, que na sua grande maioria são analfabetos. Mas logo a
desapontamento transforma-se em entusiasmo, descobre que irá entregar cartas à Pablo
Neruda, um dos poetas mais respeitados da época, além do carteiro possuir uma enorme
admiração pelo artista. Ele é orientado pelo seu chefe a falar pouco com Neruda
portando-se apenas como um prestador de serviços.

À primeira vista, o carteiro fica deslumbrado com o romantismo entre Neruda e


sua esposa, tal cena era idealizada por Mário no seu íntimo, que tinha o poeta como
um romântico. Após presenciar o gesto de carinho entre os dois apaixonados, o sorriso
do carteiro fica evidente nas telas e a gorjeta que recebe do poeta é irrelevante, já que
o mesmo tinha presenciado algo muito mais gratificante e que vivia apenas nas suas
crenças. O imaginário de Mario cria diálogos entre ele e o poeta, as histórias inventadas
na sua mente propõe que após a entrega da cartas, ambos mantivessem uma
conversação, como se fossem velhos amigos, mas na realidade nada disso acontece. Há
apenas a coleta da assinatura do destinatário e um muito obrigado.

Após efetuar a segunda entrega de cartas, Mario toma iniciativa para falar com
Neruda, de maneira um pouco desajeitada, o que leva o público a gostar da sua
inocência e divertir-se com ela. Assim, ele oferece serviços além dos esperados da sua
função ao estrangeiro e deixa explícito que pode fazer extras a qualquer momento. Com
o intuito de aprender como Neruda utiliza a mágica de seduzir as mulheres através das
palavras, o carteiro começa a visitar o poeta para tentar conseguir um autógrafo no seu
livro, assim demonstrará a todos que são amigos, além de usar tal façanha para
conquistar o público feminino. Mas, para seu descontentamento, a dedicatória no seu
livro é pequena e não consta seu nome.

Apesar de Mario de não entender todas as metáforas que Neruda utiliza nas suas
composições, o carteiro tenta compreender o poder da palavras e põe em prática o que
aprendeu com o poeta, através de diálogos sutis, onde ambos os personagens discorrem
sobre o tema. Há cenas em que o foco da câmera é o jovem aprendiz de poeta , em pé,
declamando poemas para o poeta que admira tanto. Neruda deixa claro que a poesia
não precisa ser explicada, mas sim sentida e apreciada. Após inúmero encontros com o
poeta, o carteiro decide contar ao pai tudo o que estava aprendendo sobre poemas,
mas o velho que sempre viveu uma única realidade, não demonstra interesse nas
conquistas intelectuais do filho. Desta forma, pode-se entender que a cultura tem o
poder de alterar a natureza do homem, como também libertá-lo da realidade na qual se
encontra.

O filme vai além dos encontros casuais entre um humilde carteiro e um dos
poetas mais respeitados e aclamados do mundo, contém teor politico- histórico, já que
Neruda ficou exilado na Itália, em uma pequena ilha chamada Capri, durante a ditadura
no Chile. A trama cinematográfica é uma obra prima agridoce para ser apreciada a
qualquer época do ano.

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