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org/hegel-unificacao-de-ontologia-e-logica
O artigo é sobre Hegel, mas o tópico 1 dá uma boa noção sobre a filosofia
kantiana e o fim da metafísica.
Miguel Duclós
2. Idealistas Alemães
6. Bibliografia Consultada:
6.1. Autores:
KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre
Fradique Morujão.. Ed. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: 2001
______. Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura. Trad. Artur Mourão. Edições 70,
Lisboa, 1988.
HEGEL, F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas, Trad, Paulo Meneses, São Paulo:
1995. Ed. Loyola
______ Fenomenologia do Espírito. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis: Vozes, 1992.
6.2. Comentários
http://www.consciencia.org/logica_hegel_roberto.shtml
http://www.educ.fc.ul.pt/hyper/enciclopedia/cap3p7/romantico.htm
http://www.marxists.org/reference/archive/hegel/help/hegelbio.htm
http://en.wikipedia.org/
http://fr.wikipedia.org/
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_2_9.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40141989000200003&script=sci_arttext
http://plato.stanford.edu
6.4. Anotação das Aula da Profª Maria de Lourdes Borges. UFSC – Segundo
Semestre de 2007
http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente19.shtml
Lições Preliminares
Lição XIX
Mas esse afã de "absoluto", embora não possa ser satisfeito pela
progressividade relativizante do conhecimento humano, representa, todavia,
uma necessidade do conhecimento. O conhecimento aspira a ele, e então esse
absoluto incondicionado se torna para Kant o ideal do conhecimento, o
término ao qual propende o conhecimento, para o qual se dirige, ou como dizia
também Kant: o ideal regulador do conhecimento, que imprime ao
conhecimento um movimento sempre para diante. Esse ideal do conhecimento,
o conhecimento não pode alcançá-lo. Acontece que cada vez que o homem
aumenta seu conhecimento e acredita que vai chegar ao conhecimento
absoluto, defronta-se com novos problemas e não chega nunca a esse absoluto.
Porém esse absoluto, como um ideal ao qual se aspira, é o que dá coluna
vertebral e estrutura formal a todo o ato contínuo do conhecimento. Esta idéia
novíssima na filosofia (que poderíamos expressar dizendo que o absoluto em
Kant deixa de ser atual para tornar-se potencial) é a que muda por completo a
face do conhecimento científico humano, porque então o conhecimento
científico resulta agora não , um ato utópico, mas uma série escalonada e
concatenada de atos susceptíveis de completar-se uns aos outros e, por
conseguinte, susceptíveis de progredir, de progresso. Esta primeira idéia é,
pois, em Kant, fundamental, muito importante.
Todos esses caracteres, que, digo, são comuns aos três filósofos que
sucedem a Kant, mostram-se influenciados ou derivados por essa
transformação que Kant fez no problema da metafísica. Kant deu ao problema
da metafísica a transformação seguinte: a metafísica procurava aquilo que é e
existe "em si". Pois bem, para o pensamento científico nada é ou existe em si,
porque tudo é objeto de conhecimento, objeto pensado para um sujeito
pensante. Porém isto que procurava a metafísica, e que não é "em si" nem
existe "em si", é, todavia, uma idéia reguladora para o conhecimento
discursivo do homem: as matemáticas, a física, a química, a história natural. E
essa idéia reguladora representa o contrário dos objetos do conhecimento
concreto. Se os objetos do conhecimento concreto são relativos, correlativos
ao sujeito, essa outra idéia reguladora representa o absoluto, o completo, o
total, o que não tem condição alguma, o que não necessita condição. Daqui
partem então os sucessores de Kant. E esse absoluto é, para eles, o ponto de
partida, em vez de ser, como em Kant, o ponto de chegada.
Como se vê, esses filósofos não fizeram mais que realizar, cada um a
seu modo e em formas completamente distintas, o esquema geral que
esboçamos no princípio. Todos partiram do absoluto. Não partiram de dados
concretos da experiência, nem tampouco do fato da ciência físico-matemática,
nem do fato da consciência moral; mas partiram do absoluto, intuído
intelectualmente e desenvolvido depois sistemática e construtivamente nesses
fantásticos leques dos sistemas que se abrem ante o leitor, deslumbrando-o
com a beleza extraordinária de sua dedução transcendental.
Este ponto de vista positivista teve que ter uma conseqüência forçosa:
a depressão da filosofia. A filosofia ficou deprimida. Durante a segunda
metade do século XIX a filosofia caminhou miserável, pedindo perdão pela
sua existência, como dizendo aos cientistas: desculpem, eu não tenho culpa;
farei o que puder. Pedia perdão pela sua existência, renunciando aos seus
próprios problemas. De vez em quando algum atrevido que se aventurava a pôr
em dúvida as grandes generalizações de Haeckel, de Ostwald ou de Spencer,
recebia imediatamente um golpe de férula nos dedos: "O senhor é metafísico!"
E ele dizia: "Coitado de mim! Sou um metafísico!" E então sentia-se
acabrunhado e desesperado.
esquema