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A Imperial Desecration Editora acredita piamente no trabalho e na arte. E acredita ainda mais na magia da
fusão das mesmas. Para nós, essa mesma combinação é e será sempre a verdadeira manifestação da
essência do ser humano consciente, em qualquer das suas formas e expressões. Através desta nossa nova
incursão na edição e impressão de obras, como também a divulgação de novos autores, estamos seguros
de servir esse propósito com muita honra. Desejamos-lhe um grande desafio através desta leitura. Muito
obrigado.
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O Inferno que nos congela
O Inferno
que nos
congela
João Pimentel
Joao Pimentel
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O Inferno que nos congela
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O Inferno que nos congela
Por todo o mal presente, a falta e a presença de vida numa vida que já não
vive. Congelado o meu tempo, nunca mais fui o mesmo, perdi tudo, tudo
mesmo, porque é tudo inútil.
A minha falta, falta em tudo, tudo partido e eu sem conseguir alterar o meu
rumo à minha destruição.
Pelo Inferno desta vida, sem calor para mim, eu feito num cubo de gelo,
sem vontade de amar novamente. A minha rejeição, volta a mim, não uma,
mas todas em conjunto. A falta novamente, do amor meu, tão fraco que
não sobreviveu nos vossos corações.
Eu, sozinho, a perder momentos desta vida, vida única, preciosa, todas
com tanta importância e a minha, solitária.
Talvez chore, por parar no tempo, por nunca ser capaz de ser a pessoa certa
para todo o mundo.
20-01-2018
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O Inferno que nos congela
II
Ultimamente, o único calor que passa pelo meu corpo é quando tomo
banho. A minha vida não sente outra forma de algo para aquecer o gelo
que está dentro de mim.
Tempos a tempos, porque tudo isto é demorado, sinto que cada vez há
menos calor a aquecer a minha alma e perco mais tempo na ilusão que é só
a água quente que banha o meu corpo, é a única forma.
Já não parece ser assim uma ilusão, parece demasiado real e isto assusta,
mas com o tempo tento aceitar o meu destino, da alma partida.
Este Inferno que passa no meu corpo arde tanto por fora, mas nunca
aquece o que é necessário, o meu coração.
Hoje, novamente congelado, solitário e perdido na minha vida, no meu
próprio amor.
21-01-2018
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O Inferno que nos congela
III
21-01-2018
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O Inferno que nos congela
IV
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O Inferno que nos congela
22-01-2018
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O Inferno que nos congela
VI
O meu escudo, o meu quarto, longe e cada vez mais perto de tudo aquilo
que tento fugir. Fugir nunca foi a melhor opção, mas aqui estou eu a tentar,
mais do mesmo, de novo, quem sabe se desta vez resulta.
Ninguém bate à minha porta, o barulho é inexistente, só eu e apenas eu,
sabe alguém o que isto é? O presente a viver no passado, sem um futuro
nos olhos, o meu amor, tão difícil de alcançar, tudo tão longe de mim.
Já não caem lágrimas do meu espelho, eu não consigo sentir algo por ti,
por nós, por tudo lá fora. Perdi, no plural inexistente, perdi a força, e eu
queria tanto chorar por alguém, ter uma razão bem lá no fundo.
O Inferno que congelou a minha visão, tudo sem sabor, imóvel, ninguém
vem cá ter, nem mesmo as memórias são positivas, um mar totalmente
congelado, por mim, por todos vós.
24-01-2018
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O Inferno que nos congela
VII
25-01-2018
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O Inferno que nos congela
VIII
25-01-2018
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O Inferno que nos congela
IX
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O Inferno que nos congela
28-01-2018
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O Inferno que nos congela
XI
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O Inferno que nos congela
XII
05-02-2018
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O Inferno que nos congela
XIII
As agulhas inseridas no meu corpo quem sabe o que farão a longo prazo.
O meu corpo, que às vezes, sente leve cada picada, outras vezes sem sentir
algo, de novo a perder a vontade de tudo. As tuas agulhas ainda percorrem
o meu templo, rodeado das dores do nosso passado, parece que ainda estou
preso a ti. Outras vezes, agulhas boas, comigo relaxado, a tirar o que era
nosso, a melhorar os danos no meu espelho.
No teu Inferno, que deixaste em mim, as tuas agulhas todas, ainda, sempre
congeladas, nunca irão sair do meu corpo, quem se pergunta neste
momento por ti, por aquilo que resta?
Os teus pensamentos ainda estão com os meus, que mal fiz para nunca
retirar o que era teu, porque raio nunca consegui mudar, se não há nada
teu, a não ser as memórias de um coração gelado?
06-02-2018
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O Inferno que nos congela
XIV
As flores: as que te dei, aquelas que nunca te dei e as outras que tanto
querias, mas que eu não via a necessidade dentro de mim, eram inúteis.
O teu coração, sem flores de quem quer que seja, como aquelas que
procurei, perto e longe de ti, onde estão?
Perdidas, talvez nunca mais irão ter alguma cor, como o nosso amor. O que
foi, e agora o que é.
Perdemos tudo, não ficou nada colorido de nós. Agora ficam os meus
textos e a minha dor, mas nunca saberás. Como este Inferno congelou
todas as flores que te dei e as outras que ficaram para trás, congeladas no
tempo, e acima de tudo, na memória do teu coração.
14-02-2018
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O Inferno que nos congela
XV
14-02-2018
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O Inferno que nos congela
XVI
Quando é que podemos falar de amor se nenhum dos dois corações bate
um pelo outro, se não há momentos que estão no mesmo patamar?
Perdemos o que o amor significa, perdemos tudo. E ainda sem querer, eu
escrevo por ti e por ti que nunca exististe dentro de mim como era suposto,
como eu nunca fui especial como os outros.
Agora quem fala mais de amor, no dia do amor, no dia da união, no dia de
tudo no plural.
Mas escrevo algo, que não tem nada destes valores, nada deste amor, tudo
tão vazio, o teu coração sempre vazio, o meu esquecido.
Neste momento nada resta, no dia em que tudo devia de estar presente,
todo o nosso amor.
14-02-2018
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O Inferno que nos congela
XVII
16-02-2018
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O Inferno que nos congela
XVIII
Estou a imaginar como seria todo este passado se nenhum de nós tivesse
tocado no coração de ambos.
Haveria piores erros que os meus, ou então mais amor do outro lado?
O que seria do teu nome que tenho na minha cabeça, o que seria do meu
nome no teu coração? Seríamos mais felizes? Menos problemas nas nossas
vidas?
As questões aumentam, mas em nenhuma delas exijo uma resposta correta,
ou até mesmo que haja uma resposta.
Agora, o que está feito, vai continuar da maneira que está.
No final, valeu tudo a pena, agora espero que algum dia respondas à
primeira pergunta de todas.
16-02-2018
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O Inferno que nos congela
XIX
16-02-2018
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O Inferno que nos congela
XX
Este bar, o bar em que devia de haver todas as conversas, com tudo de
bom, juntos aqui. Agora não passa de um bar solitário, só comigo e
pergunto-me por onde andas, o que fazes hoje e o que devíamos fazer
amanhã. As conversas com o caderno e esta saída solitária. Mas já aceito
tudo isto com normalidade. Já perdi muito tempo a chorar por isto.
Agora o meu dia mudou, as coisas tiveram de se alterar, a nossa vida já
não existe e fico sempre contente por ti, estejas onde estejas.
O caminho é para a frente, faz o que tens de fazer, eu faço o meu papel de
perder tempo sozinho, para um dia crescer com alguém.
16-02-2018
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O Inferno que nos congela
XXI
Há quem diga que os nossos sonhos têm um significado, até mais que isso,
que podem tornar-se realidade.
Ultimamente está sempre alguém nos meus sonhos, estás tu, nos bons e
nos maus. Porém, cada vez que sonho lembro-me menos daquilo que se
passou, de certa forma parece que está tudo a esgotar-se.
Um dia espero ter essa resposta, sobre o que fazes tu aqui dentro, quando
nós os dois devíamos estar em linhas diferentes.
Isto terá de significar algo, mas no consciente eu quero ver outro alguém,
não quero mais estas caras, todas elas fora de mim. Talvez com o tempo
tenho as respostas, quem sabe? Desde que todos nós estejamos a ir no
caminho correto, eu fico feliz. O passado está comigo, talvez só para
empurrar os meus pensamentos, para algo melhor.
18-02-2018
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O Inferno que nos congela
XXII
Sei porque fugiste de mim, sei exatamente esse medo que eu tinha aos teus
olhos. Sei bem que a tua alegria, nunca será por uma razão minha. Sei que
agora, a tua vida é melhor, já colheste tantas flores desse teu lindo jardim.
Sei que o nosso amor era verdadeiro, mas infelizmente falhámos, sem
culpa de ambas as partes. Lá no fundo, era a nossa forma de ser que não se
completava, era algo que ia além das nossas possibilidades.
Mas mesmo com tudo isto, o teu jardim deixa-me feliz, sei que o teu lugar
é longe de mim, talvez possa dizer o mesmo de mim, talvez seja dessa
forma que tens as flores mais lindas, tanto dentro, como fora de ti, visto
que eu fui incapaz de satisfazer ambas as partes.
20-02-2018
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O Inferno que nos congela
XXIII
Acredito nesta dualidade da minha alma, sei que é algo para o resto da
vida. Perdi tempo a pensar na tua saída, virei tantas folhas, quem sabe se
cheguei a folhear o nosso livro completo para chegar ao fundo da minha
questão. Perdeste alguém, mas hoje não estás a ver isto como algo
negativo, pelo contrário. É tão complicado lidar com duas caras. Vives
agora só com uma, eu sinto isso, sinto a tua felicidade e isso deixa-me
feliz. Por favor, sê feliz, sê por ti, quem sabe, se podes ser por mim
também.
Aos poucos tento atenuar estes erros, não sei se aos poucos aceito a ideia
da tua solidão, ou vou aprendendo aos poucos, dias, semanas e meses.
O tempo passa e ambos sabemos que o tempo cura tudo, só falta mesmo,
este tempo curar a perca de tempo.
20-02-2018
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O Inferno que nos congela
XXIV
O cinzento que nos cai por cima, num dia azul e onde o sol tenta brilhar. A
tua presença, mesmo sabendo que estás tão longe, tudo o que eras, longe,
sempre longe.
Não vives dentro de mim, isto não me pode congelar mais. O passado tenta
sempre estar presente, as minhas perguntas aumentam e nunca vou
perceber porque estou onde estou. Tu aí estás, aí continuas, no meu
pensamento em grande parte das vezes, mas nada em concreto existe.
Quem acredita no crescimento já passou por ele, de certeza que sim.
Só peço que as outras mãos não escrevam por mim, que nunca mais façam
perguntas, nem podem responder a mais do que está dentro de mim. De
novo, falo de alguém, mas quem diz que tu, tu sem nome, tu em vários
nomes, se és mesmo real.
Uma coisa é certa, o meu coração ainda bate por esse tu.
26-02-2018
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O Inferno que nos congela
XXV
Vivo hoje, neste Inferno que me congela, neste meu mundo sozinho,
aumenta o medo dele, os meus demônios a bater à porta, cada vez com
mais força, quem é que volta para demonstrar o que era amor, o que já não
existe, a culpar o meu ser, a culpar aquilo em que me tornei. Onde está o
teu reflexo no meu espelho, o teu reflexo, algo no meu mundo solitário,
tudo chora dentro de mim, as saudades de um amor matam-me.
O meu quarto a cada dia que passa, fica mais calado, muito mais frio
dentro e fora deste meu corpo. De novo cai no passado, no geral do meu
falhanço como companheiro, sempre sem amor para dar. Agora tomo estes
comprimidos para mudar, para um dia alguém aceitar este meu ser.
01-03-2018
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O Inferno que nos congela
XXVI
01-03-2018
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O Inferno que nos congela
XXVII
Tudo era bonito e nada no fundo nos magoava, mas a idade chega a todos
nós, cada dia que passa, a mudança é inevitável, tudo o que deixei e o que
me deixou, era algo que eu sabia que tinha de acontecer, mas ainda aqui
estou.
Os nossos perdões, eram como o vento, tanto soprava para a direita como
para a esquerda, mas no fim, os nossos corações ainda batiam, um pelo
outro. Agora nunca vou saber o que te resta, não há mais um perdão
possível, a esperança morreu. As culpas vão para quem? Um dia, quem
sabe quando, tenho a tua resposta. O nosso adeus, nenhum espelho perto
um do outro, partidos, não havia mais para ti, nem para mim.
Que cresçam muitas flores no teu jardim.
02-03-2018
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O Inferno que nos congela
XXVIII
Tenho saudades de escrever por amor, por algo nestas folhas que possam
despertar alguns sorrisos, mas com um objetivo de um sorriso particular. O
teu sorriso, só o teu será importante e prometo que vou tentar escrever
sempre a coisa mais bonita deste mundo. Isso será garantido, até lá
veremos.
Continuo com saudades de uma aura quente à minha volta, uma força ao
meu lado, de amor, de carinho, quem sabe uma ajuda na minha escuridão.
Sem saber de nada, aqui estou eu com pedidos, para alguém que ainda não
existe, mas espero um dia ter alguém nos meus braços. Até um dia, meu
amor...
02-03-2018
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O Inferno que nos congela
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