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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC


ENGENHARIA DE ENERGIA

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UMA TURBINA FRANCIS

WILKER GOULART

SANTO ANDRÉ-SP
2018
2

WILKER GOULART

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UMA TURBINA FRANCIS

Trabalho de Graduação apresentado ao Centro de


Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas,
CECS, da Universidade Federal do ABC, como requisito
parcial para a obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia de Energia.

Orientadora: Cristina Autuori Tomazeti

SANTO ANDRÉ-SP
2018
3

WILKER GOULART

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UMA TURBINA FRANCIS

Esse trabalho de graduação foi julgado e


aprovado para a obtenção do grau de
Engenheiro de Energia no curso de Graduação
em Engenharia de Energia da Universidade
Federal do ABC.

Santo André – SP, 24 de abril de 2018

BANCA EXAMINADORA

____________________________________
Profª Drª Cristina Autuori Tomazeti
Orientadora – UFABC

____________________________________
Profº Drº Antônio Garrido Gallego
UFABC

____________________________________
Profª Drª Juliana Tófano de Campos Leite
UFABC
4

“Se fracassar, ao menos que fracasse ousando


grandes feitos, de modo que a sua postura não
seja nunca a dessas almas frias e tímidas que
não conhecem nem a vitória nem a derrota. ”
(Theodore Roosevelt)
5

RESUMO

Este trabalho de graduação tem por objetivo dimensionar preliminarmente os principais componentes de uma
turbina do tipo Francis, tais como rotor, caixa espiral, distribuidor, pré-distribuidor e tubo de sucção. A partir de
determinados dados de projeto, tais como queda e vazão, verificou-se a aplicabilidade do algoritmo proposto por
Zulcy de Souza, em seu livro “Projeto de Máquinas de Fluxo – Tomo III – Turbinas Hidráulicas com Rotores
Francis”, e obteve-se o pré-dimensionamento dos componentes supracitados. Salienta-se que o algoritmo trata de
um primeiro traçado para os componentes, sendo que estes dados poderão servir como dados de entrada para
programas de modelagem computacional. Como resultado, utilizando ferramentas de desenho assistido por
computador (CAD), obteve-se o traçado de um rotor, por meio de sua projeção horizontal e vertical, com
aproximadamente 8,6 MW, além do perfil de suas 18 pás, através da segmentação em 7 linhas de corrente.
Ademais, para os outros componentes, obteve-se o perfil, características, quantidades e dimensões das aletas do
distribuidor e pré-distribuidor; o traçado do caminho hidráulico da espiral e suas principais dimensões; e as
principais dimensões do tubo de sucção para determinada geometria. Por conseguinte, definiu-se o caminho
hidráulico de todo o escoamento, também chamado de limites físicos do escoamento, em um rotor do tipo Francis,
que serve de ponto de partida para o dimensionamento básico da turbina projetada preliminarmente.

Palavras-chave: Dimensionamento preliminar turbina Francis. Pré-dimensionamento turbina Francis; Turbinas


Hidráulicas;
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ABSTRACT

Este trabalho de graduação tem por objetivo dimensionar preliminarmente os principais componentes de uma
turbina do tipo Francis, tais como rotor, caixa espiral, distribuidor, pré-distribuidor e tubo de sucção. A partir de
determinados dados de projeto, tais como queda e vazão, verificou-se a aplicabilidade do algoritmo proposto por
Zulcy de Souza, em seu livro “Projeto de Máquinas de Fluxo – Tomo III – Turbinas Hidráulicas com Rotores
Francis”, e obteve-se o pré-dimensionamento dos componentes supracitados. Salienta-se que o algoritmo trata de
um primeiro traçado para os componentes, sendo que estes dados poderão servir como dados de entrada para
programas de modelagem computacional. Como resultado, utilizando ferramentas de desenho assistir por
computador (CAD), obteve-se o traçado de um rotor, por meio de sua projeção horizontal e vertical, com
aproximadamente 8,6 MW, além do perfil de suas 18 pás, através da segmentação em 7 linhas de corrente.
Ademais, para os outros componentes, obteve-se o perfil, características, quantidades e dimensões das aletas do
distribuidor e pré-distribuidor; o traçado do caminho hidráulico da espiral e suas principais dimensões; e as
principais dimensões do tubo de sucção para determinada geometria. Por conseguinte, definiu-se o caminho
hidráulico de todo o escoamento, também chamado de limites físicos do escoamento, em um rotor do tipo Francis,
que serve de ponto de partida para o dimensionamento básico da turbina projetada preliminarmente.

Palavras-chave: Dimensionamento preliminar turbina Francis. Pré-dimensionamento turbina Francis; Turbinas


Hidráulicas;
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Máquinas de fluxo

2.1.1 Máquinas térmicas

2.1.1.1 Máquinas de deslocamento positivo

2.1.1.2 Turbomáquinas térmicas

2.1.1.2.1 Turbomáquinas térmicas operatrizes

2.1.1.2.2 Turbomáquinas térmicas motrizes

2.1.2 Máquinas hidráulicas

2.1.2.1 Máquinas de deslocamento positivo

2.1.2.2 Turbomáquinas hidráulicas

2.1.2.2.1 Turbomáquinas hidráulicas operatrizes

2.1.2.2.2 Turbomáquinas hidráulicas motrizes

2.2 Turbinas hidráulicas

2.2.1 Princípios de funcionamento

2.2.1.1 Turbinas de ação

2.2.1.2 Turbinas de reação

2.2.2 Classificação

2.2.3 Elementos construtivos

2.2.3.1 Distribuidor

2.2.3.2 Receptor

2.2.4 Turbina Francis


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2.3 Pré-dimensionamento de rotores radiais

3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UMA TURBINA FRANCIS

3.1 Considerações sobre o pré-dimensionamento

3.2 Dimensionamento do rotor

3.2.1 Projeção Vertical

3.2.1.1 Coeficiente de Thoma mínimo

3.2.1.2 Estimativa de velocidade específica adimensional

3.2.1.3 Estimativa de vazão recalculada para o distribuidor totalmente aberto

3.2.1.4 Estimativa do número de rotações

3.2.1.5 Número de rotações

3.2.1.6 Velocidade específica adimensional

3.2.1.7 Velocidade Específica

3.2.1.8 Vazão na seção media da projeção

3.2.1.9 Coeficiente de Thoma na seção média

3.2.1.10 Altura máxima de sucção

3.2.1.11 Rendimento interno

3.2.1.12 Vazão pelo rotor

3.2.1.13 Velocidade específica adimensional considerando a nova vazão

3.2.1.14 Diâmetro externo da aresta de saída

3.2.1.15 Altura do distribuidor

3.2.1.16 Diâmetro da aresta de entrada

3.2.1.17 Diâmetro interno da aresta de entrada

3.2.1.18 Diâmetro interno da aresta de saída

3.2.1.19 Diâmetro médio da aresta de entrada


9

3.2.1.20 Diâmetro interno da coroa interna

3.2.1.21 Diâmetro externo da coroa interna

3.2.1.22 Cota das posições L e y

3.2.1.23 Distância projetada na entrada

3.2.1.24 Velocidades teóricas na linha média

3.2.1.25 Potência de eixo máxima

3.2.1.26 Diâmetro de eixo

3.2.1.27 Caminho hidráulico através do rotor

3.2.1.28 Variáveis do caminho hidráulico

3.2.1.29 Número de pás

3.2.2 Projeção horizontal

3.2.3 Traçado inicial das projeções vertical e horizontal das linhas de corrente das
superfícies de pressão e de sucção da pá

3.3 Dimensionamento da espiral

3.4 Dimensionamento do distribuidor

3.4.1 Número e características das aletas

3.5 Dimensionamento do pré-distribuidor

3.6 Dimensionamento do tubo de sucção


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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Máquinas de Fluxo e suas subdivisões

Figura 2.2 – Compressor parafuso rotativo

Figura 2.3 – Esquema de motor alternativo

Figura 2.4 – Turbo Compressores

Figura 2.5 – Turbina a Vapor

Figura 2.6 – Turbina a Gás

Figura 2.7 – Bombas de deslocamento positivo

Figura 2.8 – Bomba hidrodinâmica com rotor radial

Figura 2.9 – Exemplos de turbinas eólicas

Figura 2.10 – Tipos de turbina em função da queda líquida e vazão

Figura 2.11 – Variação das pressões e velocidades da água em turbinas de ação e turbinas de
reação

Figura 2.12 – Esquemático de turbina Pelton de um jato

Figura 2.13 – Turbina Pelton de um jato

Figura 2.14 – Rotor de uma turbina Turgo

Figura 2.15 – Principais componentes de uma turbina Michell-Banki convencional

Figura 2.16 – Turbina Francis

Figura 2.17 – Turbina Kaplan

Figura 2.18 – Turbina Bulbo

Figura 2.19 – Elemento distribuidor turbina de ação

Figura 2.20 – Elemento distribuidor turbina de reação

Figura 2.21 – Tipos de rotores em turbinas hidráulicas


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Figura 2.22 – Evolução histórica das turbinas do tipo Francis produzidas pela Voith Hydro

Figura 2.23 – Francis Lenta, Normal e Rápida da esquerda para a direita

Figura 3.1 – Modelo da superfície média de pá do rotor de THF rebatida no plano vertical

Figura 3.2 – Turbina não-afogada e turbina afogada

Figura 3.3 – Coeficiente de cavitação de rotores Francis

Figura 3.4 – Adaptação do traçado preliminar

Figura 3.5 – Segmentação da aresta de entrada

Figura 3.6 – Curva formada pela função 𝒌𝒋 = 𝒇(𝒔𝒋 )

Figura 3.7 – Caminho Hidráulico da projeção vertical da superfície média da pá

Figura 3.8 – Traçado preliminar da projeção horizontal de linha de corrente (coroa interna)

Figura 3.9 – Características do perfil Göttingen – 428

Figura 3.10 – Características geométricas do caminho hidráulico da caixa espiral

Figura 3.11 – Diâmetros e características dos componentes de uma turbina Francis

Figura 3.12 – Modelo de Aleta do Distribuidor

Figura 3.13 – Componentes do caminho hidráulico do pré-distribuidor e do distribuidor

Figura 3.14 – Geometria básica tipo I de tubos de sucção

Figura 3.15 – Geometria básica tipo II de tubos de sucção

Figura 3.16 – Geometria básica tipo III de tubos de sucção

Figura 4.1 – Traçado preliminar das dimensões do rotor Francis

Figura 4.2 – Primeira projeção da superfície média da pá do rotor Francis

Figura 4.3 – Superfície média da pá do rotor Francis

Figura 4.4 – Dimensões do centro de gravidade da superfície média da pá do rotor Francis

Figura 4.5 – Obtenção dos diâmetros dos segmentos da aresta de entrada


12

Figura 4.6 – Valores de 𝑘𝑗 em função de 𝑠𝑗

Figura 4.7 – Tubos de corrente da aresta de entrada

Figura 4.8 – Caminho hidráulico das arestas de entrada de saída e seus respectivos ângulos 𝜉𝑗
e 𝜃𝑗

Figura 4.9 – Verdadeira Grandeza das linhas de corrente

Figura 4.10 – Caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal

Figura 4.11 - raios das seções transversais 180º e 360º

Figura 4.12 – Traçado preliminar do tubo de sucção


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 1 – Contribuições à Hidraulica

Tabela 2.1 – Classificação segundo a trajetória do fluído

Tabela 3.1 – Dados de entrada para se obter a projeção vertical e horizontal do rotor Francis

Tabela 3.2 – Características do perfil Göttingen – 428

Tabela 4.1 – Dados de entrada do projeto

Tabela 4.2 – Características e dimensões preliminares do Rotor Francis

Tabela 4.3 – Traçado da coroa interna

Tabela 4.4 – Traçado da cinta externa

Tabela 4.5 – Aresta de entrada da pá

Tabela 4.6 – Valores do tubo de corrente médio da aresta de entrada e referência (𝑘𝑐 )

Tabela 4.7 – Valores dos tubos de corrente I e II da aresta de entrada

Tabela 4.8 – Valores dos tubos de corrente da aresta de saída

Tabela 4.9 – Resultados aresta de entrada da pá

Tabela 4.10 – Resultados aresta de saída da pá

Tabela 4.11 - Traçado das linhas de corrente das superfícies de pressão e sucção da pá

Tabela 4.12 - Raios do caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal e os raios
das seções transversais correspondentes

Tabela 4.13 – Dimensões, ângulos, características e número de aletas do distribuidor

Tabela 4.14 – Aleta do Distribuidor

Tabela 4.15 – Dimensões principais do tubo de sucção


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LISTA DE SÍMBOLOS

𝜌 Massa específica

𝑛𝑞𝐴 Rotação específica

𝑐𝑚 Velocidade meridional na linha de corrente média

𝐻 Queda nominal

𝑛 Rotação

𝑄1/1 Vazão com o distribuidor completamente aberto

𝑄𝑚𝑖𝑛 Vazão mínima

𝑄 Vazão nominal

𝐻𝑚𝑖𝑛 Queda mínima

𝐻𝑠𝑢𝑚𝑎𝑥 Altura de sucção máxima

𝑧𝑏 Altura correspondente ao nível mínimo em relação ao ponto médio do rotor

𝜂𝑣 Eficiência Volumétrica

𝜂𝑚 Eficiência Mecânica

𝑓𝑒𝑚 Fator de estrangulamento médio

𝐻𝑠𝑢 Altura de sucção (ou suspensão)

𝐻𝐴 Altura correspondente à pressão atmosférica

𝐻𝑣 Altura correspondente à pressão de vapor

𝜎𝑇ℎ𝑜𝑚𝑎 Coeficiente de Thoma

𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎_𝑚𝑖𝑛 Coeficiente de Thoma mínimo

𝑄𝑟1/1 Vazão recalculada para o distribuidor totalmente aberto

𝑛𝑞𝐴𝑟 Velocidade específica adimensional


1/1
15

𝑛𝑞𝑟 Velocidade específica


1/1

𝑄𝑚 Vazão na seção média da projeção

𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎_𝑚 Coeficiente de Thoma na seção média

𝜂𝑖 Rendimento interno

𝑄𝑟 Vazão pelo rotor

𝑛𝑞𝐴𝑟 Velocidade específica adimensional considerando a nova vazão

𝐷5𝑒 Diâmetro externo da aresta de saída

𝑏0 Altura do distribuidor

𝐷4𝑒 Diâmetro externo da aresta de entrada

𝐷4𝑖 Diâmetro interno da aresta de entrada

𝐷5𝑖 Diâmetro interno da aresta de saída

𝐷4𝑚 Diâmetro médio da aresta de entrada

𝐷3𝑖 Diâmetro interno da coroa interna

𝐷3𝑒 Diâmetro externo da coroa interna

𝐿𝑖 Cota da posição L interno

𝐿𝑒 Cota da posição L externo

𝐿5𝑒 Cota da posição do diâmetro externo da aresta de saída

𝑦5𝑒 Distância da cota de referência externa ao ponto 5𝑒 da cinta externa

𝑦𝑒𝑚 Distância da cota de referência externa à maior distância da cinta externa

yij Distância da cota de referência interna aos pontos j da coroa interna

yej Distância da cota de referência externa aos pontos j da cinta externa

𝐿4𝑒 Comprimento do arco externo da pá do rotor Francis (4𝑒 − 5𝑒 )

𝐿4𝑖 Comprimento do arco interno da pá do rotor Francis (4𝑖 − 5𝑖 )

𝑐⃗ Velocidade absoluta
16

𝑤
⃗⃗⃗ Velocidade relativa

𝑢
⃗⃗ Velocidade tangencial

𝑢4𝑚 Velocidade tangencial na linha média do rotor

𝑐𝑢4𝑚 Componente da velocidade absoluta na direção tangencial na linha média do


rotor

𝛽4𝑚 Ângulo entrada do fluido na linha média do rotor

𝑃𝑒_𝑚𝑎𝑥 Potência de eixo máxima

𝑔 Gravidade

𝑑 Diâmetro do eixo

𝑟𝑒 Raio externo de adaptação da cinta externa

𝑟𝑖 Raio interno de adaptação da coroa interna

𝑠 Comprimento da aresta de entrada

Δ𝑠 Variação do comprimento da aresta de entrada

𝐷𝑗 Distância da referência externa aos segmentos da aresta de entrada


𝑐𝑚 𝑚
Velocidade meridional na linha média


𝑐𝑚 4𝑖
Velocidade meridional em 4𝑖

𝑠𝑗 Comprimento dos j segmentos da aresta de entrada

𝑘𝑗 Fator de ajuste das velocidades meridionais para os j segmentos

𝑠𝑚 Comprimento da aresta de entrada onde ocorre a metade de área da função 𝑘𝑗 =


𝑓(𝑠𝑗 )

𝑘𝑚 Fator de ajuste das velocidades meridionais para 𝑠𝑚 e 𝐷𝑚

𝐷𝑚 Distância da referência externa à 𝑠𝑚

𝑏𝑚 Diâmetro do tubo de corrente 𝑚

𝑘𝑐 𝑘 de referência
17

𝑠𝐼 Comprimento da aresta de entrada de 4𝑖 à linha de corrente 𝐼

𝐷𝐼 Distância da referência externa à linha de corrente 𝐼

𝑏𝐼 Diâmetro do tubo de corrente 𝐼


𝑐𝑚 𝐼
Velocidade meridional na linha de corrente 𝐼

𝑘𝐼 Fator de ajuste das velocidades meridionais para 𝑠𝐼 e 𝐷𝐼

𝑠𝐼𝐼 Comprimento da aresta de entrada de 4𝑖 à linha de corrente 𝐼𝐼

𝐷𝐼𝐼 Distância da referência externa à linha de corrente 𝐼𝐼

𝑏𝐼𝐼 Diâmetro do tubo de corrente 𝐼𝐼


𝑐𝑚 𝐼𝐼
Velocidade meridional na linha de corrente 𝐼𝐼

𝑘𝐼𝐼 Fator de ajuste das velocidades meridionais para 𝑠𝐼𝐼 e 𝐷𝐼𝐼

𝐷𝑒𝑗 Distâncias da referência externa aos j pontos da aresta de entrada

𝑠𝑒𝑗 Comprimentos de 4𝑖 aos j pontos da aresta de entrada

𝜃𝑒𝑗 Ângulos entre as tangentes às linhas de corrente e os respectivos j pontos da


aresta de entrada

𝜉𝑒𝑗 Ângulos entre as tangentes às linhas de corrente e as correspondentes paralelas


ao eixo dos j pontos da aresta de entrada

𝐷𝑠𝑗 Distâncias da referência externa aos j pontos da aresta de saída

𝑠𝑠𝑗 Comprimento da aresta de saída de 5𝑖 aos j pontos da aresta de saída

𝜃𝑠𝑗 Ângulos entre as tangentes às linhas de corrente e os respectivos j pontos da


aresta de saída

𝜉𝑠𝑗 Ângulos entre as tangentes às linhas de corrente e as correspondentes paralelas


ao eixo dos j pontos da aresta de saída


𝑐𝑚 𝑒𝑗
Velocidades meridionais dos j pontos da aresta de entrada

𝑠𝑒 Comprimento total da aresta de entrada

𝑢𝑒𝑗 Velocidade tangencial dos j pontos na aresta de entrada


18

𝑐𝑢𝑒𝑗 Componente da velocidade absoluta na direção tangencial dos j pontos da aresta


de entrada


𝛽𝑒𝑗 Ângulos entre as velocidades tangenciais e relativas, não considerando o
estrangulamento dos j pontos da aresta de entrada

𝑡𝑒𝑗 Passo dos j pontos da aresta de entrada

𝑧𝑟 Número de pás

𝑒𝑒𝑗 Estrangulamento dos j pontos da aresta de entrada

𝑏𝐺 𝑚 Comprimento da linha equipotencial que passa por G, centro de gravidade da pá

𝑓𝑒𝑒𝑗 Fator de estrangulamento dos j pontos da aresta de entrada

𝑐𝑚𝑒𝑗 Velocidades meridionais dos j pontos da aresta de entrada, considerando os j


fatores de estrangulamento

𝛽𝑒𝑗 Ângulo entre as velocidades tangencial e relativa dos j pontos da aresta de


entrada, considerando o estrangulamento

𝛽ℎ𝑒𝑗 Ângulos na projeção horizontal dos j pontos da aresta de entrada


𝑐𝑚 𝑠𝑗
Velocidades meridionais dos j pontos da aresta de saída


𝑐𝑚 5𝑖
Velocidade meridional em 5𝑖

𝑠𝑠 Comprimento total da aresta de saída

𝑢𝑠𝑗 Velocidade tangencial dos j pontos na aresta de saída

𝑐𝑢𝑠𝑗 Componente da velocidade absoluta na direção tangencial dos j pontos da aresta


de saída


𝛽𝑠𝑗 Ângulos entre as velocidades tangenciais e relativas, não considerando o
estrangulamento dos j pontos da aresta de saída

𝑡𝑠𝑗 Passo dos j pontos da aresta de saída

𝑒𝑠𝑗 Estrangulamento dos j pontos da aresta de saída

𝑓𝑒𝑠𝑗 Fator de estrangulamento dos j pontos da aresta de saída


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𝑐𝑚𝑠𝑗 Velocidades meridionais dos j pontos da aresta de saída, considerando os j


fatores de estrangulamento

𝛽𝑠𝑗 Ângulo entre as velocidades tangencial e relativa dos j pontos da aresta de saída,
considerando o estrangulamento

𝛽ℎ𝑠𝑗 Ângulos na projeção horizontal dos j pontos da aresta de saída

𝑟𝐺𝑗 Raio do centro de gravidade da linha de corrente média

𝐿𝐺𝑗 Comprimento da linha de corrente média

𝑆𝐽 Momentos elásticos das j linhas de corrente rebatidas no plano vertical

𝜓𝑗∗ Coeficiente empírico de correção do desvio na saída das pás do rotor

𝛽𝑟𝑗 Ângulos das pás do rotor dos j pontos da aresta de saída, considerando o desvio
oriundo de seu número finito

𝛽𝑟ℎ𝑗 Ângulos na projeção horizontal dos j pontos da aresta de saída, considerando o


desvio oriundo de seu número finito

𝑧𝑟1 Intervalo inferior do número de pás do rotor Francis

𝑧𝑟2 Intervalo superior do número de pás do rotor Francis

𝑋𝑖 (%) Percentual do comprimento total das linhas em verdadeira grandeza

𝑦𝑠 Cota superior da largura da pá

𝑦𝑖 Cota inferior da largura da pá

𝑒max𝑗 Espessura máxima de cada perfil j em verdadeira grandeza

𝑓𝑗 Fator de correção de cada perfil j em verdadeira grandeza devido aos traços


verticais radiais dos cortes


𝑒𝑚𝑎𝑥 Espessura corrigida de cada perfil j em verdadeira grandeza

𝐿1𝑗 Verdadeira grandeza da linha média para cada perfil j com aumento de 1% para
que a espessura na saída seja igual ou superior a 2,0 mm

𝑓𝑝𝑗 Fator de engrossamento ou afinamento dos j perfis


20

𝑋𝑖 Comprimento i em função da porcentagem de cada perfil j

𝑒𝑝𝑖 Espessura de cada ponto i do perfil j

Δ𝑦𝑚𝑎𝑥 Máxima variação entre o yi e ys

Δ𝑦 Variação entre o yi e ys

𝑅𝑒𝜃 Raios do caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal em


𝑗

função dos j ângulos 𝜃 da espiral

𝐷𝑜 Distância do centro da turbina ao fim do distribuidor

𝜃𝑗 j ângulos da segmentação do caminho hidráulico da seção transversal em corte


longitudinal da espiral

𝐴𝑒 Relação de grau por metro da caixa espiral

𝑅𝑒𝑠𝜃 Raios das seções transversais correspondentes aos j raios do caminho hidráulico
𝑗

da seção transversal em corte longitudinal

𝐷𝐸∅ Diâmetro de entrada da caixa espiral

𝐷𝑒∅ Diâmetro em 𝜃 = 3600

𝐿𝑖𝑛 Comprimento de entrada entre 𝐷𝐸∅ e 𝐷𝑒∅

𝜃𝑖𝑛 Ângulo de 𝐿𝑖𝑛 em relação à horizontal

𝑐𝐸 Velocidade de entrada do fluido na caixa espiral

𝑧𝑑 Número de aletas do distribuidor

𝑡𝑑 Passo das aletas do distribuidor

𝐿 Comprimento total do perfil da aleta do distribuidor

𝐿𝑑 Comprimento útil da aleta do distribuidor

𝐿𝑑𝑠 Comprimento da aleta do distribuidor desde sua ponta (crista) até o centro de
giro 𝑑𝑑

𝑘𝑒 Coeficiente de equilíbrio

𝐿𝑑𝑖 Comprimento da aleta do distribuidor desde seu eixo de giro até a causa
21

𝐷𝑑 Diâmetro do centro de giro da aleta do distribuidor

𝜎𝑓𝑎𝑑 Tensão na aleta do distribuidor

𝑒 max Espessura máxima do perfil do distribuidor


𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙

𝐿𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 Comprimento do perfil do distribuidor

𝑓𝑒 Fator de engrossamento ou afinamento do perfil do distribuidor

𝑒𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 Espessura do perfil do distribuidor

𝑘𝑒𝑠 Vórtice potencial da espiral

𝑘𝑟 Vórtice potencial do rotor

𝛼𝑑𝑒 Ângulo de entrada das aletas do distribuidor

𝛼𝑑𝑠 Ângulo de saída das aletas do distribuidor

𝑧𝑝𝑟𝑒 Número de aletas do pré-distriuidor

𝑇 Relação entre a cota base do tubo de sucção e o eixo do distribuidor menos o


diâmetro 𝐷6

𝐷6 Diâmetro da cinta externa

h6−8 Altura do tubo de sucção

R es360o Raio da seção transversal correspondente ao raio do caminho hidráulico da seção


transversal em corte longitudinal para 𝜃 = 3600

𝑎8 Altura do ponto 8 do tubo de sucção

𝑎𝑠 Altura do ponto de saída do tubo de sucção

𝑏𝑠 Largura do ponto de saída do tubo de sucção

𝐿𝑠𝑢𝑐çã𝑜 Comprimento do centro da turbina ao ponto de saída do tubo de sucção

𝐷7 Diâmetro do cone do tubo de sucção

𝐿67 Comprimento do cone do tubo de sucção

𝜃67 Ângulo entre 𝐿67 e sua vertical


22

𝜃8 Ângulo entre a horizontal e a parte inferior do comprimento 𝐿8𝑠 do tubo de


sucção

𝜃𝑠 Ângulo entre a horizontal e a parte superior do comprimento 𝐿8𝑠 do tubo de


sucção

𝐿8𝑠 Comprimento do duto de saída do tubo de sucção


23

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Mataix (1986) a mecânica de fluidos moderna nasceu com Prandtl, que
nas primeiras décadas do século XX elaborou a síntese entre a hidráulica prática e a
hidrodinâmica teórica.
Matemáticos geniais do século XVII como Bernoulli, Clairaut, D'Alembert, Lagrange e
Euler elaboraram, com o nascimento do cálculo diferencial e integral, uma síntese
hidrodinâmica perfeita, mas sem grandes resultados práticos importantes. Por outro lado, a
hidráulica prática foi desenvolvida através de uma grande quantidade de fórmulas empíricas de
acordo com as construções hidráulicas, sem se preocupar de relacionar a alguma base teórica.
Excepcionalmente, um cientista chamado Reynolds buscou e encontrou base experimental as
suas teorias e um técnico chamado Froude buscou base física a seus experimentos. Mas Prandtl
fez a síntese de todas as investigações teóricas e práticas de ambos.
A tabela 1.1 tem por objetivo mencionar alguns dos cientistas mais importantes e suas
respectivas contribuições à hidráulica.

Tabela 1-1 – Contribuições à Hidraulica

(continua)
Ano de Nascimento e
Nome Contribuição à Hidráulica
Morte

Arquimedes 287-212 a.C. Lei de Arquimedes (Princípio da Impulsão)

Equação da continuidade; Estudos sobre configurações


Leonardo da Vinci 1452-1519
de fluxo; Sugestão de desenhos de máquinas hidráulicas.
Saída de um líquido por um orifício; Relação entre altura
Torricelli 1608-1647
e pressão atmosférica.
Lei de Pascal (fundamental nas transmissões e controles
Pascal 1623-1662
hidráulicos)

Newton 1642-1726 Lei da viscosidade dinâmica; Semelhança de modelos.

Bernoulli 1700-1782 Teorema de Bernoulli

Equações diferencias do movimento do fluido perfeito;


Euler 1707-1783 Formulação do teorema de Bernoulli; Teorema
fundamental das turbo-máquinas
Equação diferencial da continuidade; Paradoxo de
D'Alembert 1717-1783
D'Alembert.
24

Tabela 1-2 – Contribuições à Hidraulica

(conclusão)
Ano de Nascimento e
Nome Contribuição a Hidráulica
Morte

Fórmula de Chézy da velocidade média da corrente em


Chézy 1718-1798
um canal; Semelhança de modelos de canais

Lagrange 1736-1813 Função potencial e função de corrente

Venturi 1746-1822 Fluxo em bocais e contrações; Medidor de Venturi

Fourneyron 1802-1867 Desenho da primeira turbina hidráulica prática

Perdas de carga em tubos capilares: Equação de


Poiseuille 1799-1869
Poiseuille
Fórmula das perdas de carga em tubos; Equações de
Weisbach 1806-1871
vertedores.

Froude 1810-1879 Lei da semelhança de Froude

Navier 1785-1836
Equações diferencias de Navier-Stokes do movimento
dos fluidos viscosos
Stokes 1819-1903

Distinção entre fluxo laminar e turbulento; Número de


Reynolds 1842-1912
Reynolds.

Bazin 1829-1917 Estudos de vertedouros

Estudos do golpe de ariete; Perfís aerodinâmicos de


Joukowski 1847-1921
Joukowski
Primeira teoria de sustentação; Causa do arraste
Lanchester 1868-1945
induzido.
Teoria da camada limite; Fundador da mecânica de
Prandtl 1875-1953
fluidos moderna

Por fim, com intuito de facilitar o dimensionamento básico de uma turbina do tipo
Francis, Souza (2011) propôs um algoritmo para realizar um dimensionamento preliminar de
todos seus componentes, que estabelece, em primeira aproximação, os limites físicos do
escoamento, também chamado caminho hidráulico do escoamento.
25

1.1. Escopo do Trabalho

O escopo de trabalho abrange o dimensionamento preliminar (ou pré-dimensionamento)


de todos os componentes de uma turbina do tipo Francis, tais como a coroa interna, a cinta
externa e as pás do rotor; o caminho hidráulico da caixa espiral, as aletas do distribuidor e do
pré-distribuidor, bem como suas características, dimensões e quantidades; e, por fim, o tubo de
sucção.
26

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Devido ao fato da presente monografia abordar conceitos de máquinas de fluxo


hidráulicas, faz-se necessário a apresentação dos principais conceitos e definições para alcançar
o objetivo proposto, focando, exclusivamente, no subgrupo das turbinas hidráulicas e
explorando seus princípios de funcionamento, classificações, tipos e principais elementos
construtivos.

2.1. Máquinas de fluxo

Segundo Henn (2006), máquinas de fluido (ou fluxo) é o equipamento que promove a
troca de energia entre um sistema mecânico e um fluido, transformando energia mecânica em
energia de fluido ou vice-versa. No primeiro caso, há aumento do nível energético do fluido a
partir do fornecimento de energia mecânica e, por analogia ao gerador elétrico, apenas
substituindo energia elétrica por energia de fluído, costuma-se designar como máquina de fluxo
geradora (ou operatriz). No segundo caso, em que a energia mecânica é produzida a partir da
redução do nível energético do fluido, por analogia ao motor elétrico, a máquina é usualmente
chamada de máquina de fluxo motora (ou motriz).

As máquinas de fluxo motoras e geradoras podem ser classificadas segundo:

 Compressibilidade do fluido de trabalho, ou seja, se há variações bruscas ou não de sua


massa específica durante o processo (mudança de fase). Sendo comumente utilizado o termo
máquinas hidráulicas para máquinas que possuem variações desprezíveis e máquinas
térmicas para máquinas que possuem variações consideráveis em sua massa específica
quando se compara os valores de entrada e saída.

 Estado do fluído de trabalho, ou seja, se o mesmo se encontra confinado ou não. No


primeiro caso, chama-se de máquinas de deslocamento positivo, pois uma quantidade fixa
de fluido é confinada durante sua passagem através da máquina e submetido à troca de
pressão em razão da variação de volume do recipiente em que se encontra contida, isto é, o
fluido é obrigado a mudar seu estado energético pelo deslocamento de uma fronteira em
movimento. Já no segundo caso, denominam-se como turbomáquinas as máquinas de fluxo
na qual o fluido não se encontra confinado em momento algum e sim em um fluxo contínuo
27

através da mesma, submetido a trocas de energia devido aos efeitos dinâmicos do


escoamento.

Na figura 2.1, apresentam-se as máquinas de fluxo com suas respectivas subdivisões de


acordo com os critérios de classificação mencionados acima.

Figura 2.1 - Máquinas de Fluxo e suas subdivisões

2.1.1. Máquinas térmicas

Dentro do universo das máquinas de fluxo, classificam-se as máquinas térmicas como


aquela que o fluído o qual a percorre varia sensivelmente de massa e volume específico (ρ ≠
cte).
Basicamente, dividem-se máquinas térmicas em dois grandes grupos: Máquinas de
deslocamento positivo e Turbomáquinas térmicas.

2.1.1.1. Máquinas de deslocamento positivo

As máquinas de deslocamento positivo também são chamadas de estáticas, já que uma


quantidade fixa de fluido de trabalho é confinada durante o processo submetendo-a a trocas de
pressão em razão da variação do volume, já que neste tipo de máquina ocorre deslocamento de
28

fronteira obrigando-o a mudar seu estado energético. Pode-se exemplificá-la através dos
compressores rotativos, compressores alternativos e motores alternativos.
Na figura 2.2, apresenta-se, como exemplo de máquinas de deslocamento positivo, a
vista em corte de um compressor.

Figura 2.2 - Compressor parafuso rotativo

Fonte: Soluções Industriais

Já na figura 2.3, apresenta-se um esquema de motor alternativo. Esse tipo de máquina


térmica é comum e amplamente utilizado em veículos de transporte pela indústria
automobilística.

Figura 2.3 – Esquema de motor alternativo

Fonte: Giacosa (1970)

2.1.1.2.Turbomáquinas térmicas
29

As turbomáquinas térmicas são máquinas de fluxo que direcionam o fluido da


combustão de determinado combustível (sólido ou líquido) ou de vapor às pás fixas de um
elemento rotativo (rotor). Esse tipo de máquina pode ser classificado segundo o sentido da
conversão de energia:

2.1.1.2.1. Turbomáquinas térmicas operatrizes

As turbomáquinas térmicas operatrizes transformam energia mecânica em energia


térmica devido ao aumento da pressão e da temperatura de um gás, tal como ocorre nos
turbocompressores. Nota-se que os turbocompressores podem ser facilmente encontrados em
alguns carros esportivos e caminhões, sendo basicamente composto por uma turbina e um
compressor acoplado no mesmo eixo conforme apresentado na figura 2.4.

Figura 2.4 - Turbo Compressores

Fonte: BorgWarner Group

2.1.1.2.2. Turbomáquinas térmicas motrizes

As turbomáquinas térmicas motrizes transformam energia térmica em energia mecânica


devido à expansão de um gás ou de vapor transferindo momento a um sistema rotativo. Os
principais exemplos de máquinas térmicas motrizes são:
30

 Turbinas a Vapor

As turbinas a vapor utilizam vapor como fluido de trabalho e seu mecanismo é acionado
pelo escoamento do fluido por palhetas móveis transferindo energia do vapor para a turbina,
transformando-a em energia cinética e, como consequência, em trabalho. Na figura 2.5, pode-
se ver o rotor e as pás de uma turbina a vapor da fabricante Siemens.

Figura 2.5 - Turbina a Vapor

Fonte: Siemens

 Turbina a Gás

Entende-se como turbina a gás o conjunto de três equipamentos: compressor, câmara de


combustão e turbina. Sendo que o termo gás não faz referência ao combustível, e sim ao estado
do fluido de trabalho, ou seja, aos gases da combustão de um determinado combustível,
podendo ser gasoso ou líquido. Na figura 2.6, observa-se a robustez de uma turbina a gás do
mesmo fabricante mencionado acima.
31

Figura 2.6 - Turbina a Gás

Fonte: Siemens

2.1.2. Máquinas hidráulicas

Em máquinas de fluxo, classificam-se as máquinas hidráulicas como sendo aquelas em


que o fluído que a percorre não varia sensivelmente de massa e volume específico (ρ = cte).
Assim como as máquinas térmicas, elas são divididas em Máquinas de Deslocamento
positivo e em Turbomáquinas.

2.1.2.1. Máquinas de Deslocamento Positivo

Assim como nas máquinas térmicas de deslocamento positivo, esse tipo de máquina
hidráulica confina o fluido e lhe transfere energia a partir do deslocamento da fronteira móvel,
alterando-se a razão volumétrica e, consequentemente, o estado energético do fluído confinado.
Diferentemente das máquinas térmicas de deslocamento positivo, o fluido de trabalho
não sofre variações significativas em sua massa específica. Sendo comumente conhecidas como
bombas de deslocamento positivo. Essas bombas podem ser classificadas segundo o modo que
ocorre o deslocamento da fronteira móvel, conforme ilustrado pela figura 2.7.
32

Figura 2.7 - Bombas de deslocamento positivo

Fonte: ServProject

2.1.2.2. Turbomáquinas hidráulicas

As turbomáquinas hidráulicas são máquinas de fluxo que promovem troca entre energia
mecânica e energia do fluido que escoa pela mesma e se dividem em dois grandes grupos, tais
como, de acordo com o sentido da troca de energia, turbomáquinas motrizes e operatrizes.

2.1.2.2.1. Turbomáquinas hidráulicas operatrizes

As turbomáquinas hidráulicas operatrizes se subdividem de acordo com estado físico


do fluido que atravessa o seu rotor. Sendo que as bombas são utilizadas para o escoamento de
fluidos líquidos e os ventiladores para o escoamento de fluidos gasosos.
33

 Bombas

Segundo Carvalho (1999) as turbobombas ou bombas hidrodinâmicas (deslocamento


não-positivo) são aquelas que se caracterizam pela existência de um rotor dotado de palhetas
acionado por uma fonte externa de energia e em contato com o fluido. A ação da força
centrífuga e/ou a força de sustentação produzida pelo escoamento do fluido em torno da palheta
provoca uma depressão na entrada do rotor que aspira fluido e uma sobrepressão na em sua
saída, sendo responsável pelo recalque do fluido. Nesse tipo de bomba o fluido percorre
axialmente o rotor e sua trajetória é bruscamente desviada para a direção radial conforme
apresentado na figura 2.8

Figura 2.8 - Bomba hidrodinâmica com rotor radial

Fonte: Carvalho, 1999.

 Ventiladores

Analogamente ao que ocorre com as bombas citadas acima, a rotação de um rotor dotado
de pás, acionado por um motor, em geral elétrico, permite a transformação da energia mecânica
em energia potencial de pressão e de energia cinética. Devido à energia adquirida, o fluido (gás)
torna-se capaz de escoar vencendo as resistências dos dutos e garantindo a vazão projetada.
(Macintyre, 1983)
34

2.1.2.2.2. Turbomáquinas hidráulicas motrizes

As turbomáquinas motrizes recebem energia do fluído, proveniente normalmente de


quedas d’água ou dos ventos, e transformam-na em energia mecânica através da transferência
da quantidade de movimento do fluido para o rotor em forma de torque e velocidade de rotação.
O perfil hidráulico das pás impacta diretamente nessa transferência e, portanto, em seu
rendimento. As turbomáquinas motrizes são subdividas em turbinas hidráulicas e turbinas
eólicas.

 Turbinas Hidráulicas

As turbinas hidráulicas são as turbomáquinas motrizes que utilizam água como fluido
de trabalho. Mais detalhes serão apresentados no item 2.2 desta monografia.

 Turbinas Eólicas

As turbinas eólicas são as turbomáquinas motrizes que utilizam o ar (vento) como fluido
de trabalho. A figura 2.9, da esquerda para a direita, apresenta exemplos de turbinas eólicas de
pequeno, médio e grande porte.

Figura 2.9 - Exemplos de turbinas eólicas

Fonte: Centro Brasileiro de Energia Eólica (2003)


35

2.2.Turbinas hidráulicas

As primeiras turbinas surgiram na forma de rodas d’água, utilizando somente a energia


cinética dos cursos d’água. Posteriormente, passou-se também a utilizar a energia do peso
d’água, dando início aos aproveitamentos das quedas d’água em 1827. Melhoramentos
substanciais foram realizados nas rodas d’água, dando origem às turbinas atualmente
empregadas nas centrais hidroelétricas.
Os elementos construtivos básicos de uma turbina é o rotor e o distribuidor. Dependendo
da forma que a água atua nas pás do rotor, as turbinas são classificadas em turbinas de ação e
reação. (Meira, 2015; Lara; Baptista, 2010)
Foram desenvolvidos diversos tipos e otimizações de turbinas hidráulicas com o intuito
de melhorar o rendimento na conversão da energia potencial em energia mecânica e, também,
de adaptar-se a particularidade de cada um dos aproveitamentos hidráulicos. Sendo assim,
diversas concepções de turbinas foram desenvolvidas, sendo as principais as do tipo Pelton,
Francis, Kaplan, Bulbo e Hélice. A escolha de cada um desses tipos de turbina está vinculada a
queda líquida e vazão disponível, conforme ilustrado na figura 2.10.

Figura 2.10 - Tipos de turbina em função da queda líquida e vazão

Fonte: Morais (2011)


36

2.2.1. Princípios de funcionamento

O princípio de funcionamento de uma turbina hidráulica está associado à forma que o


fluído (água) atua nas pás do rotor. Portanto, como mencionado acima, as turbinas hidráulicas
são classificadas pelo princípio de funcionamento em turbinas de ação e turbinas de reação
conforme ilustrado na figura 2.11.

Figura 2.11 - Variação das pressões e velocidades da água em turbinas de ação e turbinas de reação

Fonte: Macintyre (1983)

2.2.1.1. Turbinas de ação

Nas turbinas de ação o fluxo é completamente convertido em energia cinética antes de


ser injetado ao rotor. Ou seja, fluxo, através do distribuidor, sem diferença de pressão entre
entrada e saída. Sendo assim, a conversão da energia mecânica se dá através da ação das forças
devido à mudança do vetor velocidade ao atingir as pás do rotor. Dessa forma, o fluxo entra em
contato com as pás com uma pressão próxima a da atmosfera através de jatos espaçados
equidistantes ao redor da borda do rotor. (Arne, 2001)
37

O principal representante do grupo de turbinas de ação é a turbina do tipo Pelton.


Segundo Macintyre (1983), as turbinas Pelton, como todas as outras, possuem um distribuidor
(injetores) e um receptor (rotor). O injetor pode ser definido como um bocal de geometria
apropriada para a condução do fluido de forma a produzir um jato cilíndrico sobre as conchas
(pás) do rotor por meio de uma agulha, denominada agulha de regularização. Geralmente, mais
de um injetor é utilizado de forma que cada jato atinge as pás tangencialmente à circunferência
correspondente ao centro das pás. Na figura 2.12, observa-se um esquemático de uma turbina
Pelton horizontal de um jato.

Figura 2.12 – Esquemático de turbina Pelton de um jato

Fonte: Macintyre (1983)

Já na figura 2.13 pode-se ver claramente a agulha de regularização, do fabricante Voith


Hydro.
38

Figura 2.13 - Turbina Pelton de um jato

Fonte: Voith Hydro (2011)

Outras turbinas de ação menos usuais em hidrogeração são as turbinas do tipo Turgo e
Michell-Banki que são apresentadas nas figuras 2.14 e 2.15 respectivamente.

Figura 2.14 – Rotor de uma turbina Turgo

Fonte: TamarHydro

Figura 2.15 - Principais componentes de uma turbina Michell-Banki convencional

Fonte: Ministério de Minas e Energia (1985)


39

2.2.1.2.Turbinas de reação:

Nas turbinas de reação hidráulica a energia de pressão da água cai desde a entrada do
distribuidor até a saída do receptor, aumentando no difusor e, com isso, gerando uma diferença
de pressão que faz com que o rotor rotacione. Outrossim, devido à ação das forças relacionadas
à mudança no vetor velocidade, transfere-se energia à turbina e, consequentemente, ao eixo do
rotor.
A principal representante do grupo de turbinas de reação é a turbina do tipo Francis que
é essencialmente centrípeta e utiliza o tubo de sucção, proposto inicialmente por Jonval em
1843, para conduzir a água da saída do rotor até o poço. A distribuição da água sobre as pás do
rotor é feita por meio de pás diretrizes/guia, que são controladas externamente através de
servomotores, as quais distribuem simétrica e simultaneamente a água sobre as pás do rotor. O
tubo de sucção permite que a água escoe de forma contínua ao invés de ser descarregada
livremente na atmosfera. Isso implica em ganho na energia cinética na saída do rotor e se
“afogada”, pode-se evita o fenômeno de cavitação: uma das causas de maior relevância para o
declínio da eficiência da turbina. (Meira, 2015; Soares, 2013).
Na figura 2.16, observa-se os principais componentes de uma turbina hidráulica do tipo
Francis, tais como a caixa espiral, pré-distribuidor, distribuidor, rotor, tubo de sucção, etc.

Figura 2.16 - Turbina Francis

Fonte: Voith Hydro


40

Outros tipos de turbina de reação que são largamente utilizadas em projetos de


hidrelétricas são as turbinas do tipo Kaplan e suas variações, tais como Kaplan Bulbo e Kaplan-
S. Nas figuras 2.17 e 2.18, apresentam-se turbinas do tipo Kaplan e Kaplan Bulbo,
respectivamente, do fabricante Voith Hydro.

Figura 2.17 - Turbina Kaplan

Fonte: Voith Hydro (2011)

Figura 2.18 - Turbina Bulbo

Fonte: Voith Hydro


41

2.2.2. Classificação

Segundo Henn (2006), as máquinas de fluxo podem ser classificadas segundo:

 Direção da conversão de energia: Esta classificação divide as máquinas de fluxo em


máquinas de fluxo motor e máquinas de fluxo gerador. As turbinas hidráulicas, objeto
de estudo desta monografia, estão dentro do grupo de máquinas de fluxo motor;

 Forma dos canais entre as pás do rotor: Está subdivisão está atrelado a seu princípio
de funcionamento conforme explicado no subitem 2.2.1.

 Trajetória do fluído no rotor:

Tabela 2.1 - Classificação segundo a trajetória do fluído

Tipo Trajetória

Fluido percorre trajetória

Radial radial à linha de eixo do


rotor

Fluido percorre o caminho

Axial paralelo à linha de eixo do


rotor

Fluido ataca de forma


Tangencial tangencial o rotor

Fonte: Henn (2006)

2.2.3. Elementos Construtivos

Para todos os tipos de turbinas apresentados, tem-se, no mínimo, os seguintes


componentes:
42

2.2.3.1. Distribuidor:

O elemento distribuidor tem a função de dirigir a fluido com a angulação e a vazão


adequada de forma que não haja choque contra as pás do rotor. A regulação da vazão possibilita
a manutenção da rotação constante durante variações de carga.
Nas turbinas de ação o elemento distribuidor são os bocais injetores e nas turbinas de
reação temos um conjunto de componentes do elemento distribuidor, sendo composto por caixa
espiral, pré-distribuidor (palhetas fixas) e distribuidor (palhetas móveis), conforme
exemplificado nas figuras 2.19 e 2.20, respectivamente.

Figura 2.19 - Elemento distribuidor turbina de ação

Fonte: Voith Hydro

Figura 2.20 - Elemento distribuidor turbina de reação

Fonte: HidroTech
43

2.2.3.2. Receptor

O elemento receptor é chamado de rotor, no qual ocorre a transformação de energia


cinética e/ou de pressão advinda da água em energia mecânica. O rotor tem extrema
importância, pois se busca atingir a máxima conversão de energia no mesmo.
Na figura 2.21, pode-se observar os principais tipos de rotores em turbinas hidráulicas:

Figura 2.21 - Tipos de rotores em turbinas hidráulicas

Fonte: Macintyre (1983)

2.2.4. Turbina Francis

Segundo Carvalho (2011), a turbina Francis é um tipo de turbina hidráulica com fluxo
radial de fora para dentro, concebida por Jean-Victor Poncelet por volta de 1820 e aperfeiçoada
pelo engenheiro norte-americano James Francis em 1849. A primeira turbina construída e
instalada foi fabricada pela empresa alemã Voith Hydro em 1873. Desde então, vem sofrendo
constantes aperfeiçoamentos que garantiram o desenvolvimento e a consolidação deste tipo de
turbina na geração de energia elétrica, conforme apresentado na figura 2.22, em que se pode
observar o aumento de potência e tamanho que ocorreram na evolução histórica da mesma.
44

Figura 2.22 - Evolução histórica das turbinas do tipo Francis produzidas pela Voith Hydro

Fonte: Voith Hydro


45

De acordo com Loreto dos Santos (2013), podemos classificar as turbinas Francis
quanto a sua velocidade específica, conforme representado na figura 2.23.

 Lentas: diâmetro de entrada sensivelmente maior que o de saída


 Normais: diâmetro de entrada e saída iguais.
 Rápidas: diâmetro de entrada menor que o de saída.
 Muito rápidas: bordo de entrada das pás fica muito inclinado até ao eixo, que lhe dá
características de hélice.

Figura 2.23 - Francis Lenta, Normal e Rápida da esquerda para a direita

Fonte: Mazarini e Oliveira (2009)

2.3.Pré-dimensionamento de rotores radiais

Segundo Henn (2006), um roteiro de pré-dimensionamento para o cálculo de rotores


radiais não pretende reduzir o projeto a uma simples receita de bolo, já que há modernos
procedimentos de aplicação de cálculo numérico do fluxo em rotores que permitem resultados
confiáveis e rápidos. Trata-se apenas de um referencial básico e de fácil aplicação para o projeto
de uma máquina de fluxo radial.
Souza (2011), a partir de determinados dados de entrada, equacionou os traçados
preliminares para a turbina Francis. Desse traçado, após determinados ajustes, pode-se obter,
em primeira aproximação, as dimensões e características do rotor, da caixa espiral, das aletas
do pré-distribuidor e do distribuidor e do tubo de sucção. Ademais, através dessas dimensões e
46

dos valores obtidos durante dimensionamento preliminar, pode-se estimar as perdas de energia
e, consequentemente, a eficiência da turbina Francis proposta.
47

3. PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UMA TURBINA FRANCIS

Toda a elaboração do pré-dimensionamento da turbina Francis se baseia no algoritmo


proposto por Zulcy de Souza em “Projetos de Máquinas de Fluxo – Tomo III – Turbinas
Hidráulicas com Rotores tipo Francis”. O pré-dimensionamento visa estabelecer, em primeira
aproximação, os limites físicos do escoamento, denominado caminho hidráulico. Após obter
esse primeiro traçado, o mesmo é complementado com programas de modelagem matemática
computacional.

3.1. Considerações sobre o pré-dimensionamento

De acordo com Souza (2011):

O Estágio atual dos estudos e desenvolvimento das THF – Turbinas Hidráulicas com
rotor do tipo Francis – permite traçar uma primeira projeção vertical rebatida da
superfície média de pá de seu rotor, a partir do uso de expressões em função de rotação
específica 𝑛𝑞𝐴 .
Obtido este primeiro traçado, o mesmo é complementado de modo a se obter um
primeiro estudo cotado das projeções horizontal e vertical da pá com as características
que poderão servir como dados de entrada para os programas de modelagem
matemática/computacional.
Estes programas, sempre em desenvolvimento, atualmente compreendem os Métodos
das Diferenças Finitas, dos Volumes Finitos dos Elementos Finitos, o Computational
Fluid Dinamics – CFD, estes com softwares já disponíveis comercialmente. (2011,
p.33)

Sendo assim, para a realização do dimensionamento preliminar, considera-se, quanto ao


modelo, o algoritmo e seus resultados, que:

1. O modelo da superfície média de pá do rotor de THF rebatida no plano vertical é


representado pela figura 3.1;
2. Os resultados se referem aos pontos limites das arestas de entrada e saída da superfície
média de pá do rotor rebatido em plano vertical, da cinta externa e da coroa interna;
3. Velocidade meridional 𝑐𝑚 (m/s) constante na linha de corrente média, desde a entrada
do escoamento no rotor (ponto 3) até sua saída (ponto 6) da figura 3.1;
48

4. Rotação específica que permita operação com altura H e n = constante, entre 𝑄1/1 –
distribuidor totalmente aberto – e 𝑄𝑚𝑖𝑛 – vazão mínima;
5. Linhas de corrente normais às linhas equipotenciais;
6. Aresta de entrada 4i e 4e é uma linha equipotencial;
7. Distribuição de velocidades meridionais na aresta de entrada observando escoamento
plano potencial em linha curva com raios não concêntricos;
8. Velocidade meridional média constante do ponto 3 até o ponto 6 da figura 3.1;
9. Velocidade meridional na direção axial em toda a aresta de saída igual à velocidade
absoluta do escoamento

Figura 3.1 – Modelo da superfície média de pá do rotor de THF rebatida no plano vertical

Fonte: Souza (2011)

A tabela 3.1 apresenta os dados de entrada necessários para se obter a projeção vertical
e horizontal do rotor Francis:
49

Tabela 3.1 – Dados de entrada para se obter a projeção vertical e horizontal do rotor Francis

Dados de entrada Definição


𝑄 Vazão nominal
𝑄𝑚𝑖𝑛 Vazão mínima
𝐻 Queda nominal
𝐻𝑚𝑖𝑛 Queda mínima
𝐻𝑠𝑢𝑚𝑎𝑥 Altura de sucção máxima
Altura correspondente ao nível mínimo em
𝑧𝑏
relação ao ponto médio do rotor
𝜂𝑣 Eficiência Volumétrica
𝜂𝑚 Eficiência Mecânica
𝑓𝑒𝑚 Fator de estrangulamento médio

3.2. Dimensionamento do rotor

Inicialmente, a partir dos dados de entrada, obtém-se estimativas de determinadas


características de uma máquina hidráulica. Caso essas estimativas estejam dentro das faixas
consideradas pelo algoritmo, dar-se-á prosseguimento ao dimensionamento inicial.

3.2.1. Projeção vertical

Este subitem tem por finalidade demonstrar todas as etapas de cálculos e decisões para
se obter a projeção vertical de um rotor Francis.

3.2.1.1. Coeficiente de Thoma mínimo

No projeto de uma turbina hidráulica de reação, segundo Loreto dos Santos (2013),
deve-se dar muita importância à altura de sucção (ou suspensão - 𝐻𝑠𝑢 ) que pode ser definida
como a distância entre o centro da turbina e o nível de jusante. Para que se evite a cavitação, a
altura de sucção deve ser tal que a pressão estática na saída do rotor seja maior ou igual à pressão
de vaporização da água. Por conseguinte, para cada tipo de turbina e ambiente na qual ela é
operada, define-se um coeficiente de cavitação (coeficiente de Thoma).
50

𝐻𝑠𝑢 ≤ 𝐻𝐴 − 𝐻𝑣 − 𝜎𝑇ℎ𝑜𝑚𝑎 . 𝐻 (3.1)

A figura 3.2 representa o esquemático das possibilidades de instalação de uma turbina


de reação, sendo possível que ela esteja “afogada” ou “não-afogada”.

Figura 3.2 – Turbina não-afogada e turbina afogada

Fonte: Souza (2011)

Quando a altura de sucção é a máxima (𝐻𝑠𝑢_𝑚𝑎𝑥 ), obtém-se o valor mínimo do


coeficiente de Thoma, que garante a não cavitação durante as possíveis condições de operação.
Segundo Souza (2011), a equação pode ser reescrita, considerando seus valores médios
mínimos, através da seguinte equação.

𝐻𝑠𝑢_𝑚𝑎𝑥 = 10 − 0,0012. 𝑧𝑏 − 𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎_𝑚𝑖𝑛 . 𝐻 (3.2)

Dessarte, para o cálculo do coeficiente de Thoma mínimo, tem-se:

(10− 0,0012.𝑧𝑏 −𝐻𝑠𝑢_𝑚𝑎𝑥 )


𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎_𝑚𝑖𝑛 = (3.3)
𝐻
51

3.2.1.2. Estimativa de velocidade específica adimensional

A estimativa de velocidade específica adimensional define, basicamente, como primeira


aproximação, o tipo de turbina hidráulica ser utilizada. Souza (2011), para esse algoritmo,
define que os valores da velocidade específica adimensional devem estar entre 50 e 400. Caso
esteja fora deste intervalo, deve-se alterar, se possível, a altura de sucção máxima (ℎ𝑠𝑢_𝑚𝑎𝑥 ),
recalculando até que resulte no intervalo. Caso não seja possível alterar a altura de sucção
máxima, deve-se considerar outros tipos de turbinas.

𝑛𝑞𝐴 = 627,7√𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎_𝑚𝑖𝑛 − 0,0311 (3.4)

3.2.1.3. Estimativa de vazão recalculada para o distribuidor totalmente aberto

A estimativa de vazão recalculada com o distribuidor complemente aberto leva em


consideração a eficiência volumétrica, sendo assim, tem-se:

𝑄𝑟1/1 = 𝜂𝑣 . 𝑄 (3.5)

3.2.1.4. Estimativa do número de rotações

A partir das estimativas de velocidade específica adimensional e de vazão recalculada


para o distribuidor completamente aberto e dos dados de projeto, pode-se obter a estimativa do
número de rotação por minuto da máquina:

𝑛𝑞𝐴 .𝐻 0,75
𝑛= (3.6)
3.𝑄𝑟0,5
1/1

3.2.1.5. Número de rotações

Segundo Souza (2011), para encontrar o número de rotações, deve-se dividir 3600 pela
estimativa do número de rotações (𝑧𝑝 = 3600⁄𝑛). Caso o resultado seja um número inteiro,
𝑧𝑝 = 𝑧𝑝𝑟 e 𝑛 = 𝑛𝑟 . Caso seja fracionário, deve-se continuar com o número inteiro
imediatamente superior dessa divisão, recalculando a rotação.
52

3600
𝑛𝑟 = (3.7)
𝑧𝑝𝑟

3.2.1.6. Velocidade específica adimensional

A partir do número de rotações calculado, da estimativa de vazão com o distribuidor


completamente aberto e da queda nominal, pode-se obter a velocidade específica adimensional
da máquina, conforme a seguinte equação:

𝑄𝑟0,5
1/1
𝑛𝑞𝐴𝑟 = 3. 𝑛𝑟 . 𝐻 0,75 (3.8)
1/1

3.2.1.7. Velocidade específica

A velocidade específica é dada pela equação:

𝑛𝑞𝐴𝑟
1/1
𝑛𝑞𝑟 = (3.9)
1/1 3

3.2.1.8. Vazão na seção média da projeção

De acordo com Souza (2011), a vazão na seção média da projeção é dada pela seguinte
equação que deve atender a condição de ser maior que a vazão mínima. Senão, deve-se alterar
os dados iniciais, recomeçando o algoritmo.

𝑄𝑚 = (0,248 + 2,714. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 − 3,403. 10−6 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 2


) . 𝑄𝑟1/1 (3.10)
1/1 1/1

3.2.1.9. Coeficiente de Thoma na seção média

Para Souza (2011), a partir de dados empíricos obtidos na literatura, conforme ilustra a
figura 3.3, o coeficiente de cavitação de rotores Francis em função da velocidade específica
pode ser expressado pela seguinte equação:
53

Figura 3.3 – Coeficiente de cavitação de rotores Francis

Fonte: Souza (2011)

𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎_𝑚 = 0,00311 + 2,5381. 10−6 . 𝑛𝑞 2𝐴 (3.11)


𝑟1/1

3.2.1.10. Altura máxima de sucção

A altura de sucção máxima dos dados de entrada está relacionada, exclusivamente, às


características do aproveitamento hidroelétrico. Por isso, faz-se necessário o cálculo da altura
máxima de sucção em função do coeficiente de Thoma na seção média, que está diretamente
relacionado com as características da máquina a ser escolhida, visto que o coeficiente é uma
função da velocidade específica adimensional.

ℎ𝑠𝑢𝑚 = 10 − 0,00122. 𝑧𝑏 − 𝜎𝑡ℎ𝑜𝑚𝑎𝑚 . 𝐻 (3.12)

3.2.1.11. Rendimento interno

O rendimento interno do rotor pode ser expressado em função da velocidade específica


adimensional, através da seguinte equação empírica:

2 3
𝜂𝑖 = √0,7183 + 5,566.10−3 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 − 6,5417. 10−5 . 𝑛𝑞𝐴𝑟1
+ 2,0919. 10−7 . 𝑛𝑞𝐴𝑟1/1
(3.13)
1/1
1
54

3.2.1.12. Vazão pelo rotor

A vazão que efetivamente passa pelo rotor, segundo Souza (2011), pode ser expressada
através da equação 3.13:

𝑄𝑟 = 0,731. (1 + 0,01. √𝑛𝑞𝐴𝑟 ) . 𝑄𝑟1/1 (3.14)


1/1

3.2.1.13. Velocidade específica adimensional considerando a nova vazão

A partir da vazão do rotor, deve-se recalcular a velocidade específica adimensional, a


fim de refinar os valores obtidos anteriormente.

𝑄 0,5
𝑟
𝑛𝑞𝐴𝑟 = 3. 𝑛𝑟 . 𝐻 0,75 (3.15)

3.2.1.14. Diâmetro externo da aresta de saída

Com os valores obtidos anteriormente, inicia-se, efetivamente, o dimensionamento


inicial da projeção vertical. O diâmetro externo da aresta de saída (𝐷5𝑒 ) é dado pela equação:

𝐻 0,5 𝑄 0,5
𝑟
𝐷5𝑒 = 24,786. + 0,685. 𝐻 0,25 (3.16)
𝑛𝑟

3.2.1.15. Altura do distribuidor

A altura do distribuidor (𝑏0 ) pode ser obtida através de:

𝑏0 = (0,168. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 − 0,018. 10−4 . 𝑛𝑞𝐴 2𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.17)


55

3.2.1.16. Diâmetro externo da aresta de entrada

As equações que descrevem os diâmetros da aresta de entrada estão condicionadas à


velocidade específica adimensional da máquina. Por tanto, para o diâmetro externo da aresta de
entrada, tem-se:

 Se 60 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 100:

𝐷4𝑒 = (2,32 − 0,975. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.18)

 Se 100 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 250:

𝐷4𝑒 = (0,165. 10−4 . 𝑛𝑞𝐴 2𝑟 − 0,835. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 + 2,017) . 𝐷5𝑒 (3.19)

 Se 250 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350:

𝐷4𝑒 = (1,025 − 0,03. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.20)

3.2.1.17. Diâmetro interno da aresta de entrada

Já as condicionais para o cálculo do diâmetro interno da aresta de entrada são:


 Se 60 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 100:

𝐷4𝑖 = (2,32 − 0,975. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.21)

 Se 100 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350:

𝐷4𝑒 = (0,5 + 84,5. 𝑛𝑞𝐴 −1


𝑟
) . 𝐷5𝑒 (3.22)

3.2.1.18. Diâmetro interno da aresta de saída

O diâmetro interno da aresta de saída é dado, exclusivamente, pela seguinte equação:

𝐷5𝑖 = (0,86 − 2,18. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 ). 𝐷5𝑒 (3.23)


56

3.2.1.19. Diâmetro médio da aresta de entrada

O diâmetro médio da aresta de entrada é dado pela média aritmética do diâmetro interno
e do diâmetro externo da aresta de entrada:

𝐷4𝑖 +𝐷4𝑒
𝐷4𝑚 = (3.24)
2

3.2.1.20. Diâmetro interno da coroa interna

As equações que descrevem os diâmetros interno e externo da coroa interna estão


condicionadas à velocidade específica adimensional da máquina. Sendo assim, tem-se:

 Se 60 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 100:

𝐷3𝑖 = (2,32 − 0,975. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.25)

 Se 100 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350:


0,16
𝐷3𝑖 = (0,7 + 2,11.10−3 .𝑛 ) . 𝐷5𝑒 (3.26)
𝑞𝐴 𝑟 +0,08

3.2.1.21. Diâmetro externo da coroa interna

Já as equações que descrevem o diâmetro externo da coroa interna são dadas pelas
seguintes condições:

 Se 60 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 100:

𝐷3𝑒 = (2,32 − 0,975. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.27)

 Se 100 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350:

𝐷3𝑒 = (1,255 − 0,633. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.28)


57

3.2.1.22. Cotas das posições L e y

As cotas das posições L e y, conforme figura 3.1, são das pelas seguintes equações:

 Cotas das posições L:

𝐿𝑖 = (1,6 + 0,675. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 − 0,0712. 10−4 . 𝑛𝑞𝐴 2𝑟 ) . 𝐷5𝑒 (3.29)


2
𝐿𝑒 = (0,042. 10−4 . 𝑛𝑞𝐴𝑟
− 0,4. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 + 1,2). 𝐷5𝑒 (3.30)
𝐿5𝑒 = (0,26 − 0,21. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 ). 𝐷5𝑒 (3.31)

 Cotas das posições y:

𝑦5𝑒 = 0,5. (𝐷3𝑒 − 𝐷5𝑒 ) (3.32)


(0,162.(𝐷3𝑒 −𝐷5𝑒 ))
𝑦𝑒𝑚 = (3.33)
𝐿 𝐿 3
√ 5𝑒 .(1− 5𝑒 )
𝐿𝑒 𝐿𝑒

 Traçado da coroa interna:

xij xij 3
yij = 1,54. D3i √ L . (1 − Li
) (3.34)
i

A origem de 𝑥𝑖𝑗 e 𝑦𝑖𝑗 é dado na figura 3.1.

 Traçado da cinta externa:

xej xej 3
yej = 3,08. yem √ . (1 − ) (3.35)
Le Le

A origem de 𝑥𝑒𝑗 e 𝑦𝑒𝑗 é dado na figura 3.1.

3.2.1.23. Distância projetada na entrada

A equação que descreve o comportamento das distâncias projetadas na entrada (𝐿4𝑒 e


𝐿4𝑖 ) estão condicionadas à velocidade específica adimensional, sendo:
58

Para 𝐿4𝑒 :

 Se 50 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 210:

𝐿4𝑒 = (3,713. 10−6 . 𝑛𝑞𝐴 2𝑟 − 1,907. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 + 0,358) . 𝐷4𝑒 (3.36)

 Se 210 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350:

𝐿4𝑒 = (2,222. 10−4 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 + 0,0833) . 𝐷4𝑒 (3.37)

Para 𝐿4𝑖 :

 Se 50 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 210:

𝐿4𝑖 = (3,785. 10−6 . 𝑛𝑞𝐴 2𝑟 − 1,673. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 + 0,436) . 𝐷4𝑒 (3.38)

 Se 210 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350:

𝐿4𝑖 = (2,353. 10−6 . 𝑛𝑞𝐴 2𝑟 − 8,667. 10−3 . 𝑛𝑞𝐴 𝑟 + 0,328) . 𝐷4𝑒 (3.39)

3.2.1.24. Velocidades teóricas na linha média

Da mecânica geral, obtém-se a relação entre a velocidade absoluta 𝑐 (velocidade do


fluido), a velocidade relativa 𝑊 e a velocidade do sistema não inercial (velocidade periférica
do rotor), ou seja, a velocidade tangencial 𝑢, tal que:

𝑐⃗ = 𝑤
⃗⃗⃗ + 𝑢
⃗⃗ (3.40)

Das seguintes equações, pode-se obter as velocidades teóricas na linha média do rotor:

𝜋.𝐷4𝑚 .𝑛𝑟
𝑢4𝑚 = (3.41)
60
4.𝑄𝑟
𝑐𝑚 = 𝜋.𝑏 (3.42)
𝑜 .𝐷3𝑒

𝑔.𝐻.𝜂𝑖
𝑐𝑢4𝑚 = 𝑢4𝑚
(3.43)
59

Com isso, pode-se obter o ângulo de entrada (𝛽4𝑚 ), na linha média, através de:

cm
𝛽4𝑚 = tan−1 (u ) (3.44)
4m −cu4m

Entretanto, só há validade no algoritmo se 70𝑜 ≤ 𝛽4𝑚 ≤ 90𝑜 . Se menor, reduzir o valor


do diâmetro externo da aresta de saída (𝐷5𝑒 ), de 5% em 5%, até que resulte no intervalo
apropriado. Se maior, aumentar esse mesmo diâmetro na mesma proporção, até atingir os
valores adequados.

3.2.1.25. Potência de eixo máxima

Com os valores da vazão máxima (distribuidor completamente aberto), da queda


máxima disponível e dos rendimentos interno e mecânico, pode-se obter a potência de eixo
máxima fornecida pelo rotor, que é dada pela subsequente equação:

𝑔.𝑄𝑟1/1 .𝐻𝑚𝑎𝑥
𝑃𝑒_𝑚𝑎𝑥 = (3.45)
𝜂𝑖 .𝜂𝑚

3.2.1.26. Diâmetro de eixo

Através da potência de eixo máxima e do número de rotações do rotor, pode-se obter o


diâmetro de eixo que, em tese, suporta as tensões geradas na condição de operação em máxima
potência. Esse valor é dado por:

3 𝑃𝑒𝑚𝑎𝑥
𝑑 = 118. √ (3.46)
𝑛𝑟

Com isso, obtém-se o primeiro traçado da projeção vertical do rotor Francis e de suas
principais características. Para Souza (2011), o traçado final da cinta externa e da coroa interna
deverá ser adaptado para arcos de circunferência de modo a facilitar a fabricação.
60

3.2.1.27. Caminha hidráulico através do rotor

A partir do traçado preliminar obtido nas etapas anteriores (modelo representado pela
figura 3.1), deve-se reproduzi-lo deixando somente as linhas externa, interna e as arestas de
entrada e saída da pá rebatida no plano vertical. Ademais, deve-se adaptar arcos de
circunferência passado por 4𝑒 e 4𝑖 , anotando os valores de 𝑟𝑒 e 𝑟𝑖 , conforme figura 3.4.

Figura 3.4 – Adaptação do traçado preliminar

Fonte: Souza (2011)

Posteriormente, deve-se dividir a aresta de entrada de comprimento “s” em um


determinado número de partes iguais a “Δ𝑠”, conforme representado pela figura 3.5.

Figura 3.5 – Segmentação da aresta de entrada

Fonte: Souza (2011)


61

A partir das respectivas subdivisões, mede-se os valores de 𝐷𝑗 e calcula as seguintes


equações:


𝑐𝑚 𝑚
= 𝑓𝑒𝑚 . 𝑐𝑚 (3.47)

𝑐𝑚 𝑗 𝑠 𝑠 𝑟

𝑐𝑚 4𝑖

= 𝑐𝑚 𝑚
. ln (𝑐 ∗ ) = 4.𝑟𝑗 . [2.𝑠𝑗 . (𝑟 𝑖 − 1) + 1] (3.48)
𝑚4𝑖 𝑖 𝑒


𝑐𝑚 𝑗
𝑘𝑗 = ∗ . 𝐷𝑗 (3.49)
𝑐𝑚
4𝑖

Com o uso de alguma ferramenta computacional, faz-se necessário gerar uma função
𝑘𝑗 = 𝑓(𝑠𝑗 ), determinando a área total A (𝑚2 ) limitada por k e s, conforme explicitado na figura
3.6.
Figura 3.6 – Curva formada pela função 𝒌𝒋 = 𝒇(𝒔𝒋 )

Fonte: Souza (2011)

Deve-se calcular 𝐴1 = 0,5 ∗ 𝐴, de tal forma a encontrar os valores médios da aresta de


entrada de 𝑠𝑚 , 𝑘𝑚 , 𝐷𝑚 e 𝑏𝑚 , sabendo que:


𝑐𝑚
∗ 𝑚 .𝐷𝑚
𝑐𝑚 4𝑖
= (3.50)
𝑘𝑚
𝑄
𝑟
𝑘𝑐 = 3∗𝜋 (3.51)
𝑘𝑐
𝑏𝑚 = 𝑐 ∗ ...........(3.52)
𝑚𝑚 .𝐷𝑚
62

Inicialmente, deve-se atentar para o valor de 𝑘𝑐 e 𝑘𝑚 , de modo a atender a condição


𝑘𝑐 ≅ 𝑘𝑚 . Caso não atenda, deve-se reajustar o tamanho da aresta de entrada de forma que 𝑘𝑚
se aproxime de 𝑘𝑐 .
Do esboço obtido na figura 3.4, deve-se reproduzi-lo, em escala, somente com as linhas
da coroa interna, da cinta externa e as arestas de entrada e saída. Outrossim, sobre a aresta de
entrada 4𝑖 − 4𝑒 , a partir de 4𝑖 , obter o centro da circunferência correspondente a 𝐷𝑚 em 𝑠𝑚 ,
com raio igual a 0,5. 𝑏𝑚 .
Os pontos da circunferência com diâmetro 𝑏𝑚 que cortam a aresta 4𝑖 − 4𝑒 definem os
pontos x e y. Assim, deve-se traçar linhas de corrente, tendo como referência os arcos de raios
𝑟𝑒 e 𝑟𝑖 , marcando o ponto médio I entre x e 4𝑒 e II entre y e 4𝑖 .
Do ponto I, mede-se a distância 𝑠𝐼 , 𝐷𝐼 e 𝑏𝐼 e obtém-se, das seguintes equações, os valores
de:

∗ 𝑠 𝑠 𝑟
𝑐𝑚 𝐼
= 𝑐𝑚_4𝑖 . 𝑎𝑛𝑡𝑙𝑜𝑔 {4.𝑟𝐼 . [2∗𝑠
𝐼
. (𝑟𝑖 − 1) + 1 ]} (3.53)
𝑖 𝑒


𝑘𝐼 = 𝑏𝐼 . 𝐷𝐼 . 𝑐𝑚 𝐼
(3.54)

Se 𝑘𝐼 ≅ 𝑘𝑐 , deve-se prosseguir com os cálculos. Senão, deve-se ajustar os valores de 𝑠𝐼 ,



𝐷𝐼 e 𝑏𝐼 , recalculando 𝑐𝑚 𝐼
, de tal modo que resulte em 𝑘𝐼 ≅ 𝑘𝑐 .
Com centro em I e raio igual a 0,5 ∗ 𝑏𝐼 , a circunferência tangente à linha de corrente 4𝑒
e 5𝑒 deve ser traçada. Caso não seja tangente à linha 𝑥 − 𝑥, necessita-se ajustar 𝑠𝑚 , 𝐷𝑚 e 𝑏𝑚

de modo que seja tangente à linha, sempre observando que 𝑘𝑚 = 𝑏𝑚 . 𝐷𝑚 . 𝑐𝑚 ≅ 𝑘𝑐 .
Tendo como referência as linhas de corrente traçadas e corrigidas, esboçar a linha 𝑦 −
𝑦. Por fim, considerando o ponto II, ajustar a circunferência tangente a linha 𝑦 − 𝑦, obtendo os

valores de 𝑠𝐼𝐼 , 𝐷𝐼𝐼 e 𝑏𝐼𝐼 , recalculando 𝑐𝑚 𝐼𝐼
e 𝑘𝐼𝐼 , de tal modo que resulte em 𝑘𝐼𝐼 ≅ 𝑘𝑐 ,
determinando o ponto 4𝑖 ajustado pelo arco de circunferência de raio 𝑟𝑖 , concordando esta
circunferência com a que passa por 5𝑖 .
Já na aresta de saída, deve-se traçar, em primeira aproximação, os centros das
circunferências e suas respectivas circunferências em I, m e II, obtendo-se os valores de 𝑏𝑗 e 𝐷𝑗
dessa arresta, sempre observando que os valores dos k’s de saída devem ser aproximadamente
igual à 𝑘𝑐 .
Esses passos são representados pela figura 3.7.
63

Figura 3.7 – Caminho Hidráulico da projeção vertical da superfície média da pá

Fonte: Souza (2011)

3.2.1.28. Variáveis do caminho hidráulico

Da figura 3.6, mede-se nos pontos da aresta de entrada 4𝑒 − 4𝑖 (4𝑒 , I, x, m, y, II e 4𝑖 ) e


da aresta de saída 5𝑒 − 5𝑖 (5𝑒 , I, x, m, y, II e 5𝑖 ) as grandezas 𝐷𝑒𝑗 , 𝑠𝑒𝑗 , 𝜃𝑒𝑗 , 𝜉𝑒𝑗 , 𝐷𝑠𝑗 , 𝑠𝑠𝑗 , 𝜃𝑠𝑗 e
𝜉𝑠𝑗 .
A partir desses dados, outras grandezas podem ser calculadas utilizando as seguintes
equações:

 Aresta de Entrada

∗ ∗ 𝑠𝑒𝑗 𝑠𝑒𝑗 𝑟
𝑐𝑚 𝑒𝑗
= 𝑐𝑚 4𝑖
. 𝑎𝑛𝑡𝑙𝑜𝑔 {4.𝑟 . [2.𝑠 . (𝑟𝑖 − 1) + 1]} (3.55)
𝑖 𝑒 𝑒

𝜋.𝐷𝑒𝑗 .𝑛𝑟
𝑢𝑒𝑗 = (3.56)
60
9,81.𝜂𝑖 .𝐻
𝑐𝑢𝑒𝑗 = (3.57)
𝑢𝑒𝑗

𝑐𝑚
∗ 𝑚
𝛽𝑒𝑗 = arctan (𝑢 ) (3.58)
𝑒𝑗 −𝑐𝑢𝑒𝑗

𝜋.𝐷𝑒𝑗
𝑡𝑒𝑗 = (3.59)
𝑧𝑟
𝑠𝑒𝑗
𝑒𝑒𝑗 = 0,007. 𝑏𝐺 𝑚 . √𝐻. (1 − 0,7. ) (3.60)
𝑠𝑒
64

∗ )
𝑒𝑒𝑗 .√1+𝑐𝑜𝑡𝑔2 (𝜃𝑒𝑗 ).cos2 (𝛽𝑒𝑗
𝑓𝑒𝑒𝑗 = 1 − ∗ ) (3.61)
𝑡𝑒𝑗 .𝑠𝑒𝑛(𝛽𝑒𝑗

𝑐𝑚 𝑒𝑗
𝑐𝑚𝑒𝑗 = (3.62)
𝑓𝑒𝑒𝑗

𝑐𝑚𝑒𝑗
𝛽𝑒𝑗 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 (𝑢 ) (3.63)
𝑒𝑗 −𝑐𝑢 𝑒𝑗

𝛽ℎ𝑒𝑗 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛[𝑡𝑔(𝛽𝑒𝑗 ). 𝑠𝑒𝑛(𝜁𝑒𝑗 )] (3.64)

 Aresta de Saída:

𝑠 𝑠 𝑟

𝑐𝑚 𝑠𝑗

= 𝑐𝑚 5𝑖
. 𝑎𝑛𝑡𝑙𝑜𝑔 {4.𝑟𝑠𝑗 . [2.𝑠𝑠𝑗 . (𝑟𝑖 − 1) + 1]} (3.65)
𝑖 𝑠 𝑒

𝜋.𝐷𝑠𝑗 .𝑛𝑟
𝑢𝑠𝑗 = (3.66)
60
9,81.𝜂𝑖 .𝐻
𝑐𝑢𝑠𝑗 = (3.67)
𝑢𝑠𝑗

𝑐𝑚
∗ 𝑚
𝛽𝑠𝑗 = arctan (𝑢 ) (3.68)
𝑠𝑗 −𝑐𝑢𝑠𝑗

𝜋.𝐷𝑠𝑗
𝑡𝑠𝑗 = (3.69)
𝑧𝑟
𝑠𝑠𝑗
𝑒𝑠𝑗 = 0,014. 𝑏𝐺𝑚 . √𝐻. (1 − 0,7. ) (3.70)
𝑠𝑠

∗ )
𝑒𝑠𝑗 .√1+𝑐𝑜𝑡𝑔2 (𝜃𝑠𝑗 ).cos2(𝛽𝑠𝑗
𝑓𝑒𝑠𝑗 = 1 − ∗ ) (3.71)
𝑡𝑠𝑗 .𝑠𝑒𝑛(𝛽𝑠𝑗

𝑐𝑚 𝑠𝑗
𝑐𝑚𝑠𝑗 = (3.72)
𝑓𝑒𝑠𝑗

𝑐𝑚𝑠𝑗
𝛽𝑠𝑗 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 ( 𝑢 ) (3.73)
𝑠𝑗

 Se 60 ≤ 𝑛𝑞𝐴𝑟 < 220


𝛽ℎ𝑠𝑗 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛[𝑡𝑔(𝛽𝑠𝑗 ). 𝑠𝑒𝑛(𝜁𝑠𝑗 )] (3.74)

 Se 220 ≤ 𝑛𝑞𝐴𝑟 < 350 → Realizar as seguintes etapas:


o Obter os raios dos centros de gravidade das linhas de corrente (𝑟𝐺𝑗 ) - figura
3.6;
o Obter os comprimentos das linhas de corrente (𝐿𝐺𝑗 ) – figura 3.6;
65

o Calcular os momentos elásticos das linhas de corrente rebatidas no plano


vertical, através da equação 3.71.

𝑆𝐽 = 𝑟𝐺𝑗 . 𝐿𝐺𝑗 ...........(3.75)

o Calcular o coeficiente empírico de correção do desvio na saída das pás do rotor,


através da equação 3.72.

180
𝜓𝑗∗ = 0,8. (1 + cos(𝛽𝑠𝑗 ) . (1 − 𝑛 ) (3.76)
𝑞𝐴𝑟 +90

Com esses dados é possível calcular os ângulos das pás do rotor na aresta de saída (𝛽𝑟𝑗 ),

considerando o desvio oriundo de seu número finito, e os ângulos na projeção horizontal (𝛽𝑟ℎ𝑗 )
correspondente à aresta de saída da pá, através das seguintes equações:

2
𝐷4𝑗 .𝐷5𝑗 .𝑐𝑢4𝑗

𝑐𝑜𝑡𝑔(𝛽𝑟𝑗 ) = 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝛽5𝑗 ). 𝜓𝑗 . 2.(𝐷 +𝐷 ).𝑧 .𝑆 .𝑐 (3.77)
3𝑒 3𝑖 𝑟 𝑗 𝑚5𝑗

𝛽𝑟𝑗 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛(𝛽𝑟𝑗 ) (3.78)

𝛽𝑟ℎ𝑗 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛[𝑡𝑔(𝛽𝑟𝑗 ). 𝑠𝑒𝑛(𝜁𝑠𝑗 )] (3.79)

3.2.1.29. Número de pás

A expressão empírica que descreve o número de pás da turbina Francis é dada em função
dos valores da linha de corrente 𝑚 − 𝑚:

𝑟𝑔𝑚 𝛽4𝑚 +𝛽5𝑚


𝑧𝑟1 = 10. 𝐿 . 𝑠𝑒𝑛 ( ) (3.80)
𝑔𝑚 2

𝑟𝑔𝑚 𝛽4𝑚 +𝛽5𝑚


𝑧𝑟2 = 13. 𝐿 . 𝑠𝑒𝑛 ( ) (3.81)
𝑔𝑚 2

Deve-se utilizar como número de pás o número inteiro entre os dois valores calculados.

3.2.2. Projeção horizontal


66

A projeção horizontal requer, como dados de entrada, as variáveis do caminho


hidráulico da aresta de entrada e da aresta de saída, além da projeção vertical representado pela
figura 3.6.
Inicialmente, deve-se reproduzir somente as linhas de corrente, a cinta externa, a coroa
interna e as arestas de entrada e de saída da figura 3.7, iniciando a figura 3.8. Posteriormente,
as linhas de corrente devem ser divididas em partes iguais, quanto maior este número, maior é
a exatidão dos resultados, e, também, deve ser medido os diâmetros correspondentes à divisão,
tal como exemplificado pela segmentação da coroa interna no traçado preliminar da projeção
horizontal de linha de corrente na figura 3.8.

Figura 3.8 – Traçado preliminar da projeção horizontal de linha de corrente (coroa interna)

Fonte: Souza (2011)

Deve-se proceder do mesmo modo para a cinta externa e para as outras linhas de
corrente.
67

Por fim, utiliza-se os valores de 𝛽𝑒𝑗 e 𝛽𝑠𝑗 – ângulo entre as velocidades tangenciais e
relativas das arestas de entrada e de saída, respectivamente – para a obtenção do traçado das
verdadeiras grandezas das linhas de corrente.

3.2.3. Traçado inicial das projeções vertical e horizontal das linhas de corrente das
superfícies de pressão e de sucção da pá

A partir das linhas de verdadeira grandeza, dos valores calculados anteriormente e de


um determinado perfil, tal como o Göttingen – 428, é possível determinar o traçado das arestas
de pressão e sucção da pá facilmente pela utilização das características desse perfil, que são
apresentadas na tabela 3.2 e na figura 3.9.

Tabela 3.2 – Características do perfil Göttingen – 428

𝑥 0 1,25 2,5 5,0 7,5 10 15 20 30 40 50 60 70 80 90 95 100

𝑦𝑠 1,25 2,75 3,5 4,80 6,05 6,50 7,55 8,20 8,55 8,35 7,80 6,80 5,50 4,20 2,15 1,20 0,00

𝑦𝑖 1,25 0,30 0,20 0,10 0,00 0,00 0,05 0,15 0,30 0,40 0,40 0,35 0,25 0,15 0,05 0,00 0,00

Fonte: Souza (2011)

Figura 3.9 – Características do perfil Göttingen – 428

Fonte: Souza (2011)

Desse modo, determina-se as características iniciais dos perfis, a partir das equações
seguintes:
68

𝑠
𝑒max𝑗 = 0,009. 𝑏𝐺𝑚 . √𝐻. (1 − 0,7. 𝑠4𝑗 ) (3.82)
4𝑒

𝑓𝑗 = √1 + (tan(𝛽𝑒𝑗 ). 𝑠𝑒𝑛(𝜆𝑗 )) (3.83)



𝑒𝑚𝑎𝑥 = 𝑓𝑗 . 𝑒𝑚𝑎𝑥𝑗 (3.84)

𝐿1𝑗 = 1,01. 𝐿𝑗 (3.85)


𝑒∗
𝑓𝑝𝑗 = Δ𝑦𝑚𝑎𝑥 (3.86)
𝑚𝑎𝑥

OBS: Δ𝑦𝑚𝑎𝑥 – Máxima variação entre o yi e ys (Δ𝑦𝑚𝑎𝑥 (𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 𝐺ö𝑡𝑡𝑖𝑛𝑔𝑒𝑛 – 428) =


8,25 𝑚𝑚)

Os valores de 𝐿𝑗 são dados pelo comprimento das verdadeiras grandezas das linhas de
corrente, da cinta externa e da coroa interna; os valores de 𝜆4𝑗 representam os ângulos dos
traços dos planos radiais na projeção vertical rebatida.
Com isso, inicia-se a determinação das características do perfil em verdadeira grandeza.
Sendo que, para isso, aplica-se as seguintes equações:

𝑋𝑖 = 𝐿1𝑗 . 𝑋𝑖 (%) (3.87)


𝑒𝑝𝑖 = 𝑓𝑝𝑗 ∗ Δ𝑦 (3.88)

3.3. Dimensionamento da espiral

Os raios do caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal em relação


ao seu centro e os raios das seções transversais correspondentes, figura 3.10, podem ser
calculados através das seguintes equações:

𝜃 𝐷𝑜 .𝜃𝑗
𝑅𝑒𝜃 = 0,5. 𝐷𝑜 + 2. (𝐴𝑗 + √ ) (3.89)
𝑗 𝑒 𝐴𝑒

211896.𝐻.𝜂𝑖
𝐴𝑒 = .......... (3.90)
𝑄𝑟 .𝑛𝑟

𝑅𝑒𝑠𝜃 = 0,5. (𝑅𝑒𝜃 − 0,5. 𝐷𝑜 ) (3.91)


𝑗 𝑗

2
𝐷𝑜 = (0,16. 10−4 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 − 0,98. 10−2 . 𝑛𝑞𝐴𝑟 + 2,9). 𝐷5𝑒 (3.92)
69

Figura 3.10 – Características geométricas do caminho hidráulico da caixa espiral

Fonte: Souza (2011)

Os diâmetros 𝐷𝐸∅ e 𝐷𝑒∅ devem ser calculados, dados pelas equações consequentes,
considerando que 𝐷𝑒∅ deve ser igual a 2*𝑅𝑒𝑠𝜃 em 𝜃 = 360𝑜 . Ou seja, deve-se estimar valores
𝑗

de 𝐿𝑖𝑛 e 𝜃𝑖𝑛 que satisfaça essa condição.

𝑐𝐸 = 0,2. √2. 𝑔. 𝐻 (3.93)


4.𝑄𝑟
𝐷𝐸∅ = (3.94)
𝜋.𝑐𝐸

𝐷𝑒∅ = 𝐷𝐸∅ − 2. 𝐿𝑖𝑛 . tan(𝜃𝑖𝑛 ) (3.95)

3.4. Dimensionamento do distribuidor

A figura 3.11 apresenta os principais diâmetros e as características dos componentes de


uma turbina hidráulica do tipo Francis, através da projeção vertical em corte. Já a figura 3.12 e
70

3.13, apresentam o modelo de aleta do distribuidor e as características dos componentes do


caminho hidráulico do pré-distribuidor e do distribuidor, respectivamente.

Figura 3.11 – Diâmetros e características dos componentes de uma turbina Francis

Fonte: Souza (2011)

Figura 3.12 – Modelo de Aleta do Distribuidor

Fonte: Souza (2011)


71

Figura 3.13 – Componentes do caminho hidráulico do pré-distribuidor e do distribuidor

Fonte: Souza (2011)

3.4.1. Número e características das aletas

Todos as dimensões e relações das aletas do distribuidor podem ser obtidas das equações
consequentes. Ademais, recomenda-se que o número de aletas do distribuidor seja sempre
múltiplo de 4.

𝑧𝑑 = 13,5. 3√𝐷𝑑𝑔 (3.96)


𝜋.𝐷𝑑𝑔
𝑡𝑑 = (3.97)
𝑍𝑑

𝐿 = 1,289. 𝑡𝑑 (3.98)
𝐿𝑑 = 1,167. 𝑡𝑑 (3.99)
𝐿𝑑𝑠 = (0,5 + 𝑘𝑒 ). 𝑡𝑑 (3.100)
𝐿𝑑𝑖 = (0,667 − 𝑘𝑒 ). 𝑡𝑑 (3.101)
72

A espessura máxima do perfil pode ser preliminarmente determinada considerando igual


ao diâmetro 𝐷𝑑 , obtido conforme segue:

𝐻∗𝐿𝑑 ∗𝑏𝑜2
𝐷𝑑 = 𝑒𝑚𝑎𝑥 = 14,9. √ (3.102)
𝜎𝑓𝑎𝑑

Com 𝑒 max / 𝐿𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 do perfil adotado, tem-se o fator de engrossamento ou afinamento,


𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙

que, juntamente com as coordenadas do perfil, permitirá obter as coordenadas da aleta:

𝑒𝑚𝑎𝑥 /𝐿
𝑓𝑒 = 𝑒 (3.103)
max /𝐿𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙
𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙

𝑒𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 = 𝑓𝑒 . Δ𝑦 (3.104)

Os ângulos das aletas são dados pelas seguintes equações e relações:

𝑘𝑒𝑠 = 0,443. √𝐻. (𝐷0 + 𝐷𝑒 ) (3.105)


𝑘𝑟 = 0,886. √𝐻. (2. 𝑟𝐺𝑚 ) .........(3.106)
𝑄
𝛼𝑑𝑒 = arctan (2.𝜋.𝑏 𝑟.𝑘 ) (3.107)
𝑜 𝑒𝑠

𝑄
𝛼𝑑𝑠 = arctan (2.𝜋.𝑏𝑟 .𝑘 ) (3.108)
𝑜 𝑟

3.5. Dimensionamento do pré-distribuidor

O pré-distribuidor tem por função, nas turbinas Francis de eixo horizontal, manter a
geometria da espiral, resistindo à pressão advinda da pressão estática, bem como ao golpe de
aríete. Ademais, as aletas do pré-distribuidor devem conduzir o fluxo, da espiral até a entrada
do distribuidor, mantendo, teoricamente, o vórtice potencial 𝑘𝑒𝑠 .
As aletas do pré-distribuidor devem, por consequência, adotar o perfil determinado pela
figura 3.12, de modo que suas dimensões e número de aletas seja proporcional aos esforços que
elas devem transmitir às fundações.
Segundo Souza (2011), o número mínimo de aletas do pré-distribuidor que garante a
condição mencionada acima é, no mínimo, de 1/3 do número de aletas do distribuidor.
73

𝑧𝑑
𝑧𝑝𝑟𝑒 = (3.109)
3

3.6. Dimensionamento do tubo de sucção

Há, segundo Souza (2011), 3 geometrias básicas que podem ser utilizadas na construção
do tubo de sucção de uma turbina Francis horizontal ou vertical, conforme exemplificado pelas
figuras 3.14, 3.15 e 3.16.

Figura 3.14 – Geometria básica tipo I de tubos de sucção

Fonte: Souza (2011)


74

Figura 3.15 – Geometria básica tipo II de tubos de sucção

Fonte: Souza (2011)

Figura 3.16 – Geometria básica tipo III de tubos de sucção

Fonte: Souza (2011)


75

A altura do tubo de sucção em relação a linha de centro do distribuidor até a base dele
pode ser expressada pela seguinte equação com suas respectivas condicionais:

 Se 60 ≤ 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 220

𝑇 −0,5
= 0,5515 + 31,582. 𝑛𝑞𝐴𝑟 (3.110)
𝐷6

 Se 220 < 𝑛𝑞𝐴𝑟 ≤ 350

𝑇
= 2,7 (3.111)
𝐷6

Para a geometria da figura 3.16, a altura da saída da turbina (ponto 6) até a base do tubo
de sucção (ponto 8) pode ser calculada da seguira forma:

T
h6−8 = D − R es360o (3.112)
6

As outras relações, para a geometria da figura 3.16, são dadas pelas equações
consequentes:

𝑎8 = 0,64. 𝐷6 (3.113)
𝑎𝑠 = 2,5. 𝑎8 (3.114)
𝑏𝑠 = 2,5. 𝑎8 (3.115)
𝐿𝑠𝑢𝑐çã𝑜 ≈ 5. 𝐷6 (3.116)
𝐷7 = 𝐷6 + 2. 𝐿67 . tan(𝜃67 ) (3.117)

Ademais, as seguintes condições devem ser satisfeitas para a geometria da figura 3.16:
1. Os ângulos de abertura (𝜃67 ), em relação à linha perpendicular que corta as
extremidades do ponto 6, devem estar compreendidos entre 8 a 10º;
2. O ângulo de inclinação do ponto 8 (𝜃8 ) em relação à sua linha tangente deve estar na
faixa de 10 a 15º;
3. O ângulo de inclinação do ponto de extremidade da saída do tubo de sucção (𝜃𝑠 ), em
relação à horizontal, deve estar compreendido entre 18 e 22º.RESULTADOS
76

4.1. Rotor

Conforme explicitado no capítulo 3, faz-se necessário determinados dados de entrada


para o dimensionamento preliminar da projeção vertical e horizontal do rotor Francis. O projeto
considerou os seguintes dados apresentados na tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Dados de entrada do projeto

𝑄 16,2 𝑚3 /𝑠
𝑄𝑚𝑖𝑛 10 𝑚3 /𝑠
𝐻 60 𝑚
𝐻𝑚𝑖𝑛 60 𝑚
𝐻𝑠𝑢𝑚𝑎𝑥 2𝑚
𝑧𝑏 2,5 𝑚
𝜂𝑣 99 %
𝜂𝑚 97 %
𝑓𝑒𝑚 95 %

4.1.1. Projeção Vertical

A partir desses dados, obteve-se os seguintes valores preliminares das características e


da projeção vertical do rotor Francis aplicando-se as equações 3.1 a 3.45, conforme tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Características e dimensões preliminares do Rotor Francis

(continua)
n ℎ𝑠𝑢𝑚 𝜂𝑖 𝑄𝑟 𝑛𝑞𝐴𝑟 𝐷5𝑒 𝐷4𝑒 𝑐4𝑚 𝛽4𝑚 𝑏𝑜 𝐷3𝑖
rpm m - 𝑚3 /𝑠 - m m 𝑚/𝑠 graus m m
360 3,681 0,944 13,38 183,3 1,29 1,343 9,08 80,47 0,319 1,346
77

Tabela 4.2 – Características e dimensões preliminares do Rotor Francis

(conclusão)
𝐷4𝑖 𝐷5𝑖 𝐿𝑖 𝐷3𝑒 𝐿𝑒 𝐿5𝑒 𝑦𝑒𝑚 𝐿4𝑖 𝐿4𝑒 𝑃𝑒𝑚á𝑥 𝑑
M m m 𝑚 m m m 𝑚 m kW mm
1,24 0,594 3,352 1,47 0,785 0,286 0,095 0,345 0,179 8603 339,9

Considerou-se 8 pontos para a obtenção do traçado da coroa interna e da cinta externa,


conforme demonstrado na tabela 4.3 e 4.4.

Tabela 4.3 – Traçado da coroa interna

𝑥𝑖𝑗 mm 0 104,8 209,5 314,3 419,0 523,8 628,6 733,3 838,1


𝑦𝑖𝑗 mm 0 349,3 470,3 547,4 599,7 634,9 657,2 669,3 673

Tabela 4.4 – Traçado da cinta externa

𝑥𝑒𝑗 mm 0 100 196 286 400 500 600 700 785


𝑦𝑒𝑗 mm 0 85,12 95 89,48 71,67 51,0 29,18 9,769 0

Através da ferramenta de desenho assistido por computador (CAD), foi possível traçar
os valores apresentados anteriormente, conforme mostra a figura 4.1.

Figura 4.1 – Traçado preliminar das dimensões do rotor Francis


78

Nota-se que, pelos valores calculados, não há possibilidade de 𝐷5𝑒 , 𝐷4𝑒 e 𝐷5𝑖 estarem
sobre a coroa interna e cinta externa calculada. Ademais, conforme mencionado no capítulo 3,
o traçado final da cinta externa e da coroa interna devem ser adaptados para arcos de
circunferência de modo a facilitar a fabricação (𝑟𝑒 = 0,50 𝑚 e 𝑟𝑖 = 0,14 𝑚). Por conseguinte,
utilizou os valores de 𝐿4𝑖 e 𝐿4𝑒 como comprimento dos arcos adaptados para o traçado da cinta
externa e da coroa interna, de modo que ambos estivessem dentro do caminho preliminar da
figura 4.1, respeitando a distância da referência aos pontos 𝐷5𝑒 , 𝐷4𝑒 , 𝐷4𝑖 e 𝐿5𝑒 , como
apresentado na figura 4.2.

Figura 4.2 – Primeira projeção da superfície média da pá do rotor Francis

Entretanto, o tamanho da aresta de entrada (𝑠 = 0,458 𝑚), na primeira aproximação,


apresentou 𝑘𝑚 muito alto, não respeitando a condição de 𝑘𝑚 ≅ 𝑘𝑐 . Sendo assim, adaptou-se a
aresta de entrada de forma (𝑠 = 0,388 𝑚) que 𝑘𝑚 ≅ 𝑘𝑐 , conforme figura 4.3.
79

Figura 4.3 – Superfície média da pá do rotor Francis

Feito isso, a partir da ferramenta propriedades da secção do software CAD, obteve-se o


centro de gravidade da superfície média da pá e as dimensões 𝐿𝐺𝑚 , 𝑟𝐺𝑚 e 𝑏𝐺𝑚 , demonstrado
pela figura 4.4.

Figura 4.4 – Dimensões do centro de gravidade da superfície média da pá do rotor Francis


80

Para o segundo caso (𝑠 = 0,388 𝑚), segmentou-se a aresta de entrada em seis partes,
obtendo-se 𝑠𝑗 e 𝐷𝑗 , conforme apresentado na figura 4.5.

Figura 4.5 – Obtenção dos diâmetros dos segmentos da aresta de entrada

Com os valores obtidos no desenho e com o uso das equações 3.47 a 3.49, obteve-se os
seguintes resultados apresentados na tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Aresta de entrada da pá


𝑐𝑚 𝑗
Pontos 𝑠𝑗 ∗
𝐷𝑗 𝑘𝑗
𝑐𝑚 4𝑖

4i 0 1 1,24 1,24
1 0,06467 1,04 1,25 1,3
2 0,1293 1,097 1,261 1,383
3 0,194 1,173 1,275 1,495
4 0,2587 1,271 1,291 1,641
5 0,3233 1,398 1,312 1,834
4e 0,388 1,558 1,343 2,093
81

Os valores de 𝑘𝑗 em função de 𝑠𝑗 foram plotados (figura 4.6), obtendo-se a função 𝑘𝑗 =


𝑓(𝑠𝑗 ).

Figura 4.6 – Valores de 𝒌𝒋 em função de 𝒔𝒋

kxD
2,5

1,5

0,5

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45

𝑘(𝑠) = −212,42. 𝑠 6 + 257,75. 𝑠 5 − 106. 𝑠 4 + 21,715. 𝑠 3 + 0,8363. 𝑠 2 + 0,8227. 𝑠 +


1,24 (4.1)

Dessa função, obteve-se a área correspondente (𝐴 = 0,6027 𝑚2 ) e, consequentemente,


𝑠𝑚 , 𝑘𝑚 e 𝐷𝑚 . Ademais, aplicando-se as equações 3.50 a 3.52, obteve-se os valores apresentados
na tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Valores do tubo de corrente médio da aresta de entrada e referência (𝒌𝒄 )


𝑠𝑚 𝑘𝑚 𝐷𝑚 𝑏𝑚 𝑐𝑚 4𝑖 𝑘𝑐
𝑚 𝑚3 /𝑠 𝑚 𝑚 𝑚/𝑠 𝑚3 /𝑠
0,2199 1,551 1,281 0,1285 7,123 1,42

Considerando que 𝑘𝑚 ≅ 𝑘𝑐 , obteve-se, a partir do desenho, os resultados apresentados


na tabela 4.7 para os tubos de corrente I e II.
82

Tabela 4.7 – Valores dos tubos de corrente I e II da aresta de entrada

𝑠𝐼 𝑠𝐼𝐼 𝐷𝐼 𝐷𝐼𝐼 𝑏𝐼 𝑏𝐼𝐼 𝑘𝐼 𝑘𝐼𝐼


𝑚𝑚 𝑚𝑚 𝑚 𝑚 m M 𝑚3 /𝑠 𝑚3 /𝑠
336,24 77,86 1,317 1,252 0,104 0,156 1,392 1,461

Os valores apresentados na tabela 4.7 fazem referência aos valores da figura 4.7

Figura 4.7 – Tubos de corrente da aresta de entrada

A partir das linhas de corrente 𝑥 − 𝑥 e 𝑦 − 𝑦, desenhou-se os tubo de corrente m (


tangentes às linhas de corrente 𝑥 − 𝑥 e 𝑦 − 𝑦), I (tangentes à linha de corrente 𝑥 − 𝑥 e a cinta
externa 4𝑒 − 5𝑒 ) e II (tangentes à linha de corrente 𝑦 − 𝑦 e a coroa interna 4𝑖 − 5𝑖 ) na aresta
de saída, obtendo seus respectivos valores de 𝑠𝑗 , 𝐷𝑗 , 𝑏𝑗 , 𝑘𝑗 , conforme tabela 4.8.

Tabela 4.8 – Valores dos tubos de corrente da aresta de saída

𝑠𝑚 𝑠𝐼 𝑠𝐼𝐼 𝐷𝑚 𝐷𝐼 𝐷𝐼𝐼 𝑏𝑚 𝑏𝐼 𝑏𝐼𝐼 𝑘𝑚 𝑘𝐼 𝑘𝐼𝐼


𝑚𝑚 𝑚𝑚 𝑚𝑚 𝑚 𝑚 𝑚 𝑚 m m 𝑚3 /𝑠 𝑚3 /𝑠 𝑚3 /𝑠
305,5 475,45 105,05 1,095 1,214 1,252 0,147 0,143 0,156 1,497 1,392 1,461

Com os caminhos hidráulicos bem definidos, os valores dos ângulos 𝜉𝑗 e 𝜃𝑗 foram


obtidos para as arestas de entrada e de saída, conforme figura 4.8.
83

Figura 4.8 – Caminho hidráulico das arestas de entrada de saída e seus respectivos ângulos 𝝃𝒋 e 𝜽𝒋

Aplicando-se as equações 3.55 a 3.64 para a aresta de entrada e as equações 3.65 a 3.74
para a aresta de saída, obteve-se os seguintes resultados apresentados nas tabelas 4.9 e 4.10.

Tabela 4.9 – Resultados aresta de entrada da pá

(continua)

Pontos 𝐷𝑒𝑗 𝑠𝑒𝑗 𝜃𝑒𝑗 𝜉𝑒𝑗 𝑐𝑚 𝑒𝑗
𝑢𝑒𝑗 𝑐𝑢𝑒𝑗

- m m º º m/s m/s m/s


4𝑖 1,24 0 89 81 7,123 23,38 23,77
II 1,252 0,0778 89 80 7,481 23,6 23,54
y 1,266 0,155 89 78 8,016 23,86 23,28
m 1,281 0,22 90 76 8,616 24,15 23,01
X 1,299 0,284 91 74 9,388 24,49 22,69
I 1,317 0,336 86 65 10,16 24,82 22,38
4𝑒 1,343 0,388 99 55 11,1 25,32 21,95
84

Tabela 4.9 – Resultados aresta de entrada da pá

(conclusão)

𝛽𝑒𝑗 𝑡𝑒𝑗 𝑒𝑒𝑗 𝑓𝑒𝑒𝑗 𝑐𝑚𝑒𝑗 𝛽𝑒𝑗 𝛽ℎ𝑒𝑗
º m m - m/s º º
90 0,2164 0,0282 0,8697 8,19 90 88,26
89,64 0,2185 0,02423 0,8891 8,414 89,64 88
86,16 0,221 0,02027 0,9081 8,828 86,16 87,38
82,51 0,2236 0,017 0,9233 9,332 82,51 86,66
78,26 0,2267 0,01373 0,9381 10,01 78,26 85,82
74,19 0,2299 0,01109 0,9498 10,7 74,19 80,89
68,66 0,2344 0,008443 0,9613 11,55 68,66 73,09

Tabela 4.10 – Resultados aresta de saída da pá

(continua)

Pontos 𝐷𝑠𝑗 𝑠𝑠𝑗 𝜃𝑠𝑗 𝜉𝑠𝑗 𝑐𝑚 𝑠𝑗
𝑢𝑠𝑗
- m m º º m/s m/s
5𝑖 0,942 0 57 43 6,803 17,76
II 0,972 0,1049 55 36 7,261 18,32
y 1,018 0,2141 54 25 7,987 19,19
m 1,071 0,3054 55 13 8,834 20,19
x 1,139 0,3938 61 3 9,923 21,47
I 1,214 0,4752 68 8 11,22 22,88
5𝑒 1,29 0,552 74 15 12,78 24,32

Tabela 4.10 – Resultados aresta de saída da pá

(conclusão)

𝛽𝑠𝑗 𝑡𝑠𝑗 𝑒𝑠𝑗 𝑓𝑒𝑠𝑗 𝑐𝑚𝑠𝑗 𝛽𝑠𝑗 𝛽ℎ𝑠𝑗
º M m - m/s º º
20,96 0,1644 0,05639 0,1483 45,87 68,84 60,81
21,62 0,1696 0,04889 0,2754 26,36 55,2 52,29
22,6 0,1777 0,04108 0,4174 19,13 44,92 37,5
23,63 0,1869 0,03455 0,542 16,3 38,92 19,91
24,81 0,1988 0,02823 0,6678 14,86 34,69 4,624
26,12 0,2119 0,02241 0,7644 14,68 32,68 12,28
27,73 0,2252 0,01692 0,84 15,22 32,04 22,83
85

O número de pás deve ser calculado, anteriormente aos resultados das tabelas 4.9 e 4.10,
visto que o passo (𝑡𝑒𝑗 e 𝑡𝑠𝑗 ) é função desse. Sendo assim, através das equações 3.80 e 3.81,
obteve-se que o número de pás deve ser um valor inteiro entre:

14,49 < 𝑧𝑟 < 18,84

Foi adotado 18 pás para o projeto (𝑧𝑟 = 18).

4.1.2. Projeção Horizontal

A partir da segmentação das linhas de corrente e das linhas 4𝑖 − 5𝑖 e 4𝑒 − 5𝑒, obteve-


se o traçado das verdadeiras grandezas, conforme figura 4.9.

Figura 4.9 – Verdadeira Grandeza das linhas de corrente


86

4.1.3. Traçado das linhas de corrente das superfícies de pressão e sucção da pá

O traçado para cada uma das linhas de corrente propostas das superfícies de pressão e
sucção da pá estão representados na tabela 4.11.

Tabela 4.11 - Traçado das linhas de corrente das superfícies de pressão e sucção da pá

𝒙𝒊 % 0 2,5 5 10 20 30 50 70 90 100
𝚫𝒚 𝒎𝒎 0 3,3 4,7 6,5 8,05 8,25 7,4 5,25 2,1 0
𝑪𝒐𝒓𝒐𝒂 𝑰𝒏𝒕𝒆𝒓𝒏𝒂 − 𝟒𝒊 − 𝟓𝒊
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
𝑳𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 − 𝟒𝑰𝑰 − 𝟓𝑰𝑰
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
𝑳𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 − 𝟒𝒚 − 𝟓𝒚
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
𝑳𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 − 𝟒𝒎 − 𝟓𝒎
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
𝑳𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 − 𝟒𝒙 − 𝟓𝒙
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
𝑳𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 − 𝟒𝑰 − 𝟓𝑰
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
𝑪𝒊𝒏𝒕𝒂 𝑬𝒙𝒕𝒆𝒓𝒏𝒂 − 𝟒𝒆 − 𝟓𝒆
𝒙𝒊 mm
𝒆𝒑𝒊 mm
87

4.2. Caixa Espiral

Os raios do caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal e os raios das


seções transversais correspondentes foram determinados pelas equações 3.89 a 3.92, através da
segmentação da espiral em 12 pontos, conforme tabela 4.12.

Tabela 4.12 - Raios do caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal e os raios das seções transversais
correspondentes

𝜃𝑗 𝑅𝑒𝜃 𝑅𝑒𝑠𝜃
𝑗 𝑗

º m m

0 1,059 0
30 1,402 0,1718
60 1,559 0,25
90 1,684 0,3128
120 1,794 0,3676
150 1,894 0,4173
180 1,986 0,4635
210 2,073 0,5069
240 2,155 0,5481
270 2,234 0,5875
300 2,31 0,6255
330 2,383 0,6622
360 2,455 0,6978

A partir dos valores tabela 4.11 e de 𝐷0 = 2,12 𝑚, obteve-se o caminho hidráulico da


espiral, conforme figura 4.10 e 4.11.
88

Figura 4.10 – Caminho hidráulico da seção transversal em corte longitudinal

Figura 4.11 - raios das seções transversais 𝟏𝟖𝟎𝒐 e 𝟑𝟔𝟎𝒐

Entretanto, para que as condições de vazão do projeto e velocidade sejam satisfeitas


(equações 3.93 e 3.94), o diâmetro de entrada 𝐷𝐸𝜙 da caixa espiral deve ser igual a 2,483 m. Como
𝜙 𝜙
𝐷𝑒 (ou 𝐷360) é igual a 1,40 m, através da equação 3.95, adaptou-se a entrada estendendo seu
𝜙
comprimento 𝑙𝑖𝑛 em 5 metros com um ângulo 𝜃𝑖𝑛 de 6,205𝑜 , de modo que a condição de 𝐷𝐸 seja
satisfeita.
89

4.3. Distribuidor

Os elementos que compõem o distribuidor estão compreendidos entre os diâmetros 𝐷0


e 𝐷3𝑒 . Sendo assim, considera-se, para fins de aproximação, que 𝐷𝑑𝑔 é igual a média aritmética
desses diâmetros. Ademais, considerou que 𝜎𝑓𝑎𝑑 = 1,2.106 𝑘𝑔𝑓/𝑚2.
Através das equações 3.96 a 3.108, calculou-se as dimensões, ângulos, características,
número de aletas e o perfil da aleta, considerando o perfil Göttingen – 428 como referência,
conforme tabelas 4.13 e 4.14.

Tabela 4.13 – Dimensões, ângulos, características e número de aletas do distribuidor

𝑧𝑑 𝑡𝑑 𝐿 𝐿𝑑 𝐿𝑑𝑠 𝐿𝑑𝑖 𝑒𝑚𝑎𝑥 𝑘𝑒𝑠 𝑘𝑟 𝛼𝑑𝑒 𝛼𝑑𝑠


𝑚 𝑚 𝑚 𝑚 𝑚 𝑚 𝑚2 /𝑠 𝑚2 /𝑠 º º
20 0,2818 0,3632 0,3288 0,1606 0,1682 0,177 12,06 7,865 28,95 40,31

Tabela 4.14 – Aleta do Distribuidor

𝒙𝒊 % 0 2,5 5 10 20 30 50 70 90 100
𝚫𝒚 𝒎𝒎 0 3,3 4,7 6,5 8,05 8,25 7,4 5,25 2,1 0
𝑨𝒍𝒆𝒕𝒂 𝒅𝒐 𝒅𝒊𝒔𝒕𝒓𝒊𝒃𝒖𝒊𝒅𝒐𝒓
𝒙𝒊 mm 0 9,08 18,16 36,32 72,64 109 181,6 254,2 326,9 363,2
𝒆𝒑𝒊 mm 0 70,8 100,8 139,4 172,7 177 158,8 112,6 45,05 0

Como 𝑧𝑑 calculado resultou em 16,4 aletas, adotou-se 𝑧𝑑 = 20, visto que o número de
aletas deve ser um número inteiro e múltiplo de 4.

4.4. Pré-Distribuidor

A fim de cumprir as condições mínimas que garantem as condições de transmissão de


esforços às fundações, tem-se que, aplicando a equação 3.109, o número de aletas do
distribuidor deve ser no mínimo 6,667. Por conseguinte, adotou-se, para fins de projeto, 7 aletas
no pré-distribuidor com o perfil e dimensões das aletas do distribuidor.
90

4.5. Tubo de sucção

Para o dimensionamento preliminar do tubo de sucção, utilizou-se a geometria proposta


na figura 3.16, sendo que, como o 𝑛𝑞𝐴𝑟 do rotor preliminarmente determinado é igual 183,3,
𝑇
empregou-se a equação 3.110 para obter a relação de . Ademais, para fins de aproximação,
𝐷6

considerou-se que 𝐷6 = 𝐷5𝑒 .

𝑇
= 2,884
𝐷6

Sendo assim, a partir das equações 3.109 a 3.114, obteve-se as principais dimensões do
tubo de sucção, conforme tabela 4.15.

Tabela 4.15 – Dimensões principais do tubo de sucção

𝑇/𝐷6 ℎ6−8 𝑎8 𝑎𝑠 𝑏𝑠 𝐿𝑠𝑢𝑐çã𝑜


𝑚 𝑚 𝑚 𝑚 𝑚
3,722 2,187 0,8258 3,226 3,226 6,452

A fim de cumprir a condição do ângulo de abertura (𝜃67 ), definiu-se, preliminarmente,


𝜃67 = 8º e 𝐿67 = 0,5 𝑚, obtendo-se, aplicando a equação 3.117, 𝐷7 = 1,431 𝑚. A figura 4.11
mostra o traçado preliminar do tubo de sucção.
91

Figura 4.12 – Traçado preliminar do tubo de sucção

Nota-se que, para satisfazer as condições descritas na seção 3.6, considerando os


ângulos 10º e 22,5º, obtém-se 𝐿86 = 5,31 e 𝑅𝑐 = 1,31.
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

GIACOSA, DANTE. Motores Endotérmicos. Ed. Científico-Médica, Barcelona, 758 p., 1970

CARVALHO, D.F. Instalações Elevatórias: Bombas. 6.ed. Belo Horizonte: FUMARC, 1999.

CARVALHO JUNIOR, D.M. Análise comparativa entre a influencia do ICMS dos


equipamentos elétricos mecânicos, hidromec... 2011

CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA - CBEE / UFPE. 2003.


(disponível em: www.eólica.com.br)

MAZARINI, J. A. F. e OLIVEIRA, M. V. A. – Monitoramento de Vibrações em


Hidrogeradores - Projeto de Graduação em Eng. Mecânica, Centro Universitário Católica
Salesiano Auxilium, Araçatuba, 2009.

SOLUÇÕES INDUSTRIAIS. Compressor parafuso rotativo. Disponível em <


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parafuso-rotativo-atendimento-somente-no-interior-de-sao-paulo-5.jpg>. Acesso em 06 de
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SERVPROJECT. Fabricante de bombas de deslocamento positivo. Disponível em


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