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Resumo
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Especialista em Educação: Ensino de Ciências e Biologia para o Ensino fundamental e Médio e Educação
Ambiental pela Faculdades Reunidas São Judas Tadeu. Especialista em Enzimologia pelo IbqM da UFRJ.
Professora Titular de Biologia do C.E. Luís de Camões (SEEDUC-RJ) e Colégio Santa Mônica (Unidade
Taquara – RJ). E.mail: rachelklaym@gmail.com.br
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Mestre em Educação pela UNIRIO. Especialista em Pedagogia Educacional e Neurociência Pedagógica pela
AVM/UCAM. Professora Titular de Língua Portuguesa do C.E. Luís de Camões (SEEDUC-RJ). E.mail:
ciaclaudia @gmail.com
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Introdução
Hoje em dia os ensinantes (professores) têm mais uma ferramenta à disposição para
pensar o processo de ensinar e de aprender em diferentes salas de aula: a visão neurocientífica
sobre os comportamentos cognitivos e emocionais na escola.
É um fato que todos aprendem com o cérebro. A rotina do convívio interpessoal
familiar favorece o desenvolvimento de sensações e percepções sobre o mundo muito
particulares. Pensar a sala de aula é pensar em um ambiente com várias biologias cerebrais em
interação, logo é pensar em um ambiente com várias ‘ecologias cognitivas’, em estado de
expectativa quanto ao próprio desenvolvimento e aprendizagem, através de interações
proativas e desafiantes. E estas biologias cerebrais ou ecologias cognitivas funcionam em
movimentos [individuais] ininterruptos de transformações intrínsecas e extrínsecas (Relvas,
2012). Logo, são ativadas pela energia dos estímulos recebidos e precisam ser observadas e
respeitadas, quando diante dos conteúdos das diferentes áreas de saber do currículo escolar.
Neste aspecto, a neurociência apresenta-se como ponta do iceberg à possibilidade de
se entender ‘como o aluno aprende’; é mais uma contribuição às análises pedagógicas dos
aprendentes. Ainda assim, seu conjunto teórico não é ‘receite de bolo’, é a possibilidade de se
articular outro olhar sobre procedimentos pedagógicos entendendo e respeitando como o
aprendente aprende antes de qualquer coisa.
No século XXI, além de se ter pouco tempo para pensar (refletir), no tempo que se
tem, há uma profusão de atividades na intenção de conquistar qualidade de vida. Ascendem
ao cotidiano, mais ansiedades, medos, distúrbios, transtornos e dificuldades nos ambientes
sociais, incluindo o ambiente escolar. E, especificamente, no caso dos distúrbios, há o
distúrbio do sono.
Em princípio, há o reconhecimento de que o sono é qualidade de vida; é um regulador
essencial das condições de saúde; é responsável pelo desempenho físico e mental de uma
pessoa, capaz de influir na coordenação motora, na capacidade de raciocínio e de memória, na
ansiedade, na disposição emocional e no desempenho cognitivo, além de regulação hormonal,
da recuperação física e do crescimento e da temperatura corporais (Valle, 2008, vi); também
se reconhece que a falta de sono é um importante (e visível) interferidor do processo de
aprendizagem, mesmo entre aprendentes de contextos sociais, ‘ensinos’ (privado e público) e
turnos diferentes. Mas atenção, o sono não é uma função, mas um estado de vida cujas
funções principais são restauração dos processos químicos e físicos e também conservar a
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energia do organismo. Então, quais são os hábitos modernos que estão provocando
determinadas sonolências nos aprendentes, em turnos e contextos diferentes, e, por
conseguinte, alterando os processos de aprendizagem, mesmo diante de atividades de ensino
atrativas?
Durante o sono, o sistema nervoso central está ativo e faz uma ‘higiene’ neuronal
provocando um rendimento satisfatório nas tarefas diárias e fortalecendo a memória. Há um
momento de ‘relaxamento’ interno, ainda que o funcionamento cerebral não seja suspenso. Há
uma redução generalizada da descarga dos neurônios cerebrais, mas um aumento de forma
notável das freqüências de descarga dos neurônios. No período do sono, há a reorganização
do que se apreendeu (assimilou) em vigília.
Durante anos percebeu-se que muitas dificuldades intelectuais de aprendizagem
referiam-se às interferências externas. Para além da percepção de que cada aprendente tem
seu estilo emocional e cognitivo, diante das tantas experiências adquiridas, cresce o
entendimento de que as aprendizagens sofrem determinados bloqueios tendo em vista
algumas faltas: alimentação, atividade motora, autoestima, limites e sono. Este último
‘ganhou’ maior importância, principalmente, pela sua visibilidade em momentos
‘inoportunos’, mesmo diante de propostas pedagógicas dinâmicas e desafiantes.
Na evolução do desenvolvimento humano e sua adaptação aos diferentes ambientes, o
cérebro se reestruturou por questão de sobrevivência principalmente. Esta reestruturação é o
ajuste necessário à incorporação de todas as informações assimiladas durante do dia (vigília) e
à promoção de novas ações bioquímicas, que estabeleçam a cognição, a emoção e os
comportamentos importantes à construção de boas relações e, no caso deste trabalho, do
aprendizado na escola.
É reconhecer a estrutura cerebral composta de córtex pré-frontal, do sistema límbico e
da dupla tronco encefálico e cerebelo3: é o chamado ‘cérebro triuno’. Este cérebro funciona
em rede e de forma complexa e intrínseca, de acordo com seus canais comunicantes: os
sentidos. Nesta trama, muitas possibilidades de aprender dependendo dos tipos de estímulos.
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Segundo Relvas (2012), o cérebro triuno é constituído pelo córtex cerebral (responsável pela percepção
consciente, o raciocínio abstrato, a fala e a criatividade, e em cujas protuberâncias e sulcos) abarrota-se de
neurônios especializados; o sistema límbico (conjunto de antigas estruturas cerebrais com papéis cruciais na
memória e nos impulsos emocionais como comportamentos de busca do prazer ou fuga da dor); e as estruturas
mais antigas como tronco encefálico (controla as funções corporais como respiração, fome e temperatura
corporal e exercer o papel de grande canal condutor ao afunilar todos os sinais que viajam do cérebro e o corpo)
e cerebelo (coordena o equilíbrio e o movimento); são ativados pelo ritmo de entrada e repetições diferenciadas
das informações, há mudança de comportamento.
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Diante disso, e acordo com Relvas (2012), potencialmente haverá múltiplas maneiras de
ensinar. A ideia central da ação de ‘ensinar a aprender’, então, deve ser o despertar (e ampliar)
o interesse dos aprendentes à autonomia da construção do próprio aprendizado, oferecendo
possibilidades de se alcançar sempre o resultado positivo. Ainda assim, segundo MacDonald
(2010, p.12), “as estratégias de sobrevivência do cérebro simplesmente não foram feitas para
o século XXI”.
Para qualificar as aprendizagens, o cérebro precisa articular, com mais profundidade,
“conexões afetivas e emocionais do sistema límbico, sendo estas ativadas pelo cérebro de
recompensa” (Relvas, 2012). Tálamo e hipocampo ganham mais força na distribuição e
processamento das informações. E, de novo, para isso, é importante observar os ritmos
neuroplásticos das ações sistêmicas internas de cada grupo de aprendentes, a partir de
levantamento prévio da rotina de interações sociais, educacionais e familiares. Ou seja, um
cérebro saudável é um cérebro se articulando harmoniosamente em (e entre) seus mecanismos
neurais, cuidando dos dados novos e selecionando aqueles que valem a pena guardar.
No momento do trabalho, um dos mecanismos neurais importantes à saúde humana, é
o relaxamento muscular e neuronal estimulados pela queda gradativa da luminosidade do dia
para noite. Estes ‘surgem’ como necessidades à atividade de reconstituição das informações
recebidas no período ‘da luz’ (vigília): é o período do sono, momento em que o cérebro
estabelece interligações mais intensas entre os tipos memórias.
O sono é uma vantagem adaptativa às pressões evolutivas do ser humano. É preciso
respeitar a genética cerebral que ‘sabe’ quando o dia termina. É preciso respeitar esse
momento de reorganização neuronal (informações do dia) cujo objetivo final é a chegada da
sonolência e, por fim, dormir e memorizar.
Durante a vigília, o sistema nervoso central (SNC) segue estimulando o tronco
encefálico a liberar tanto a noradrenalina (lócus ceruleus)4 cuja influencia atinge o humor, o
sono, a ansiedade e a alimentação; quanto a serotonina (núcleos da Rafe encontrados no
tronco cerebral), responsável pela comunicação entre neurônios, e importante para percepção
e avaliação do meio, além da capacidade de resposta aos estímulos ambientais; mantendo o
cérebro em alerta.
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Estrutura cerebral formada por um aglomerado de neurônios noradrenérgicos. É fundamental no
desencadeamento de diferentes tipos de respostas às ações ambientes externas e também na fisiologia do sono e
na manutenção do sono REM.
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Ondas de 8 a 13hz, registradas na zona occipital do crânio. (LENT, 2008, p.272)
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Fusos são ondas sigma de alta amplitude e freqüência de 12 a 14hz, de duração de 0,5 a 1,5, sobretudo nas
regiões frontais. (LENT, 2008, p.272).
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Complexos K são ondas bifásicas de grande amplitude, duração maior de 0,5s, com uma fase negativa aguda e
uma fase positiva mais lenta. (LENT, 2008, p.272)
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Desenvolvimento
qualidade do sono (e seus possíveis distúrbios), considerando, entre outros, idade, condição
socioeconômica e atividades antes e durante o sono. Além disso, o questionário foi construído
pela sugestão de que a qualidade do sono (ou sua perda) estaria associada a fatores externos
como: turno de estudo, alimentação, local de descanso, contexto familiar, uso da tecnologia e
quantidade de tempo reservada ao descanso.
No Colégio L a 2ª série do Ensino Médio contempla alunos de faixa etária entre 17 e
36 (adultos), sendo 09 alunos do sexo masculino e 11 alunos do sexo feminino; e no Colégio
S, na mesma série, observa-se à predominância de adolescentes, com média etária de 15 a 17
anos, sendo 09 alunos do sexo masculino e 11 alunos do sexo feminino. Tais referências, bem
como turno de aula e inserção no mercado de trabalho, foram objetos referentes nos resultados
obtidos.
O questionário foi aplicado no Colégio L, no dia 04 de abril de 2013, durante o
primeiro tempo de aula (entre 18h e 20min. e 19h e 40 min.), durante a aula de Biologia da
turma 2001 da referida unidade escolar. Já, no Colégio S, o questionário foi ministrado no dia
02 de abril de 2013, durante o 3º tempo (entre 9h e 10h) da aula de Biologia, da turma 2321,
da referida unidade escolar. Neste momento, é preciso ressaltar que a pesquisa foi autorizada
verbalmente e os questionários avaliados por ambas as direções pedagógicas, cuja
colaboração foi imprescindível para realização deste documento.
No entanto, antecipadamente, são reconhecidas as limitações dos dados iniciais, diante
da necessidade de se construir um olhar sobre as possíveis razões da presença, quase rotineira,
de dificuldades de aprendizagem (assimilação, articulação e evocação dos conteúdos em
forma de mudança de comportamento) em meio ao corpo discente. Sendo assim, também se
reconhece, de antemão, a necessidade relevante de novos estudos, com amostragem maior,
bem como o aprimoramento das técnicas e métodos de caracterização desses grupos em torno
dos objetivos da pesquisa e no decorrer do ano letivo em ambas as escolas escolhidas.
Desde os anos 80, os estímulos aos cérebros humanos ganharam novos ambientes
demandando novas performances à neuroplasticidade, capacidade adaptativa do sistema
nervoso central (SNC), de acordo com Relvas (2005). Cognições, memórias, emoções,
percepções e linguagens, por exemplo, foram solicitadas a perfazerem ações e
desenvolvimentos ‘práticos’ e ‘repentinos’, o que permitiu ao SNC acelerar o
desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência (...) às condições
mutantes e aos estímulos repetidos (RELVAS, 2005, p.43).
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então ‘entende’ que é hora de diminuir o ritmo e, por fim dormir. Só que a questão da
alimentação, às vezes, excessiva, e o uso contínuo das novas tecnologias (tarde e noite)
mantêm o cérebro alerta e sua continuidade pode concorrer com o aparecimento de diferentes
distúrbios do sono, como sonolência, sonilóquio (fala durante o sono) e pesadelo.
De acordo com o levantamento das repostas referentes à questão 09 (presença destes
distúrbios no sono do aprendente e em sua família), houve ratificação de um pensamento
recorrente: em sua maioria, o grupo de adolescentes apresenta-se sonolento e disperso nas
primeiras horas da manha, em sala de aula. Ou seja, há problemas no funcionamento da
estrutura neural, no estado geral de saúde e na capacidade familiar em disciplinar
satisfatoriamente o processo de adormecer (VALLE, 2008) dos aprendentes mais jovens.
Além disso, digestão e linguagem demandam do cérebro muito foco e ações objetivas
por dentro dos seus sistemas. Nos jovens subentende-se então que há um cérebro funcionando
dentro de um paradoxo: vigília quase integral quando hormônios e glândulas já secretam a
mensagem do sono. Há, segundo se observou nos comportamentos e conversas, no momento
da realização do questionário, uma ansiedade referente a se dar conta de uma sobrecarga de
atividades e obrigações sociais e de aprendizagem cotidianamente. E há também o uso
indiscriminado da informática e a influência de um forte cronograma mercadológico e social,
cujos estímulos ao sistema nervoso provocam mudanças nos caminhos neuronais às
informações recebidas.
Neste momento, é necessário um parêntese na dinâmica deste trabalho: de acordo com
informações compartilhadas pelos pesquisados, antes de responderem ao questionário, em
muitas famílias, os responsáveis pelos aprendentes trabalham em horários fora do padrão e os
aprendentes (adolescentes) têm poucas atividades durante o dia, fato que estabelece uma
liberdade de ação (ir e vir; estudar; usos eletroeletrônicos) e de decisão quanto a realização de
seus desejos e preferências.
Em função disso, a dinâmica familiar tem outros alinhavos no cotidiano e os estímulos
e motivações à aprendizagem ocorrem sob a ótica de outros mecanismos (outros ambientes), o
que pode desgovernar o chamado ‘ciclo circadiano’ (período de 24 horas no qual se reajustam
e se completam as atividades biológicas dos seres vivos) e, consequentemente, a realização
das atividades solicitadas pela escola/ensinantes.
Os adolescentes do colégio S enfim tem poucas horas de sono. A vida e os hormônios
demandam deles atividades variadas e, muitas vezes, desconexas, porque estão em franco
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por noite; ainda assim, relata que sente sonolência e cansaço, durante o dia, o que sugere que,
mesmo dormindo por longas horas, há problemas no tempo do sono.
Outra surpresa observada na análise das respostas foi quanto à questão da alimentação:
apesar de não haver referencia sobre as formas de alimentação diurna (período em que a
maioria está trabalhando), soube-se que, apesar de a escola oferecer jantar no meio da noite
(por volta das 20h), grande parte dos aprendentes volta a se alimentar em casa, por volta das
23h. Não há referencia sobre qual seria esta ‘segunda’ alimentação noturna (lanche ou jantar
mesmo), mas é um dado que não se deve descartar.
O sistema endócrino interage com o sistema nervoso. Quando um regula a resposta
interna do organismo é porque o outro forneceu informações ao primeiro, daí atuações
conjuntas quanto à coordenação e regulação das funções corporais. Este sistema atua no
crescimento dos tecidos, no equilíbrio hídrico do corpo, na reprodução e no metabolismo de
carboidratos. E é formado por uma série de glândulas endócrinas como, em resumo, a
glândula pineal (secreta melatonina), a hipófise (ligada ao hipotálamo), ambas já analisadas
neste trabalho; além da tireóide; as paratireóides; as suprarrenais; o pâncreas; os ovários; e os
testículos8.
Diante disso, é perceptível que a alimentação excessiva e a má digestão são elementos
desencadeadores de distúrbios do sono como insônia, pesadelos, sonilóquio dentre outros, e
perturbações recorrentes como sonolência, falta de atenção, certa agressividade, cansaço etc.
Aqui a perspectiva é de aprendentes, em sua maioria, com atividades laborais durante o dia e
que, à noite, tem expectativas de aprendizagens visando qualificação profissional e/ou
inserção mais rápida no mercado do trabalho.
Semelhante ao grupo de adolescentes aprendentes, há uma grande ansiedade quanto ao
sucesso futuro, já ‘diplomado’, no Ensino Médio. Mesmo adultos, a escola é o campo das
liberdades e de grande sociabilidade; é o campo das vivências diferenciadas e com poucas
restrições; enfim, é o campo da exacerbação do imaginário sobre o que se é e o que se pode
ser.
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A tireoide (secreta a tiroxina, a triidoxina: T4 e T3 regulam o metabolismo celular -, e a calcitonina: regula a
concentração de cálcio para contração muscular), as paratireóides (secreta o paratormônio, regulador da
concentração de cálcio), as suprarrenais (ou adrenais, localizada nos rins e se divide por duas regiões: o córtex
adrenal que secreta cortisol e aldesterona, ambos derivados do colesterol e, por isso, chamados de esteroides; e a
medula adrenal que secreta adrenalina e a noradrenalina), o pâncreas (região abdominal e é mista porque tem
funções endócrinas em que secreta insulina e glucagon; quanto exócrinas), os ovários; e os testículos.
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Considerações finais
REFERÊNCIAS
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Fique de bem com seu cérebro. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Sextante, 2007 108p.
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Fique de bem com seu cérebro. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Sextante, 2007 108p.
LENT, Roberto (Coord.). Sono e sonhos Cognição e funções executivas. In. Neurociências
da Mente e do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.271-285.
VALLE, Luiza Elena Ribeiro do. Segredos do Sono: sono e qualidade de vida. São Paulo:
Tecmedd, 2008.
VALLE LELR, Ribeiro do Valle M, Valle EL. Sono e aprendizagem. In: Reimão R.; Rossini
S; Valle LEL, Ribeiro do Valle M. (Orgs.) Segredos do sono. Ribeirão Preto: Tecmedd,
2008.
WALKER MP, Brakefield T, Hobson JA, Stickgold R (2003) Dissociable stages of human
memory consolidation and reconsolidation. Nature 425: 616-620.