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O que mudou não foi a intensidade ou não da violência, mas a maneira como, socialmente,
ela é enquadrada na dinâmica cotidiana.
Apesar disso, é possível destacar que esses movimentos tiveram, ao longo dos séculos, o
poder de conformar o clero como uma instituição propagandista da violência.
O texto do professor Leandro visa atacar essa estrutura explicativa e defender uma
alternativa a partir de 3 pontos:
A) Havia uma visão episcopal de que a violência era ato ilícito.
B) O ato de beligerar integrava a atividade episcopal na forma de um sacramento.
C) Dessa forma, guerra e religião eram manejados pelos bispos de modo a fundar
certa ordem pública.
Ponto A) VARCELI, 972 D.C: Bispo Pedro: Membro da Corte dos Teutônicos: Relação
com o governante permeada de lacunas para os historiadores. 982: Relatos de que o Bispo
se arma e ruma ao Sul. Ao lado de Aristocratas, atende à convocação do Imperador Oto
II para combater grupos de muçulmanos. A derrota leva o Imperador a fugir. O
beligerantes tombam em combate. Pedro fora capturado. Viveu como prisioneiro por 8
anos no Egito. A ausência do Bispo não imobilizou a Igreja que ele comandava. Um grupo
clerical tomou para si a prática administrativa e promoveu implementos na dinâmica da
Igreja.
987: Doação vultuosa de terras à Igreja local, ainda na ausência do bispo Pedro. Dado
curioso: uma transação de terras e bens que dispensaram a mediação da figura principal
da Igreja local.
990: Retorno de Pedro do cativeiro. Não aprovou a doação. Afirmou que a posse não
deveria estar nas mãos dos cônegos substitutos, mas nas da Igreja de Varceli e, como essa
Igreja era esposa espiritual do Bispo Pedro, deveria permanecer sob o julgo dele.
Após essa derrota, Pedro recorre ao Marquês de Toscana, que lhe entrega uma carta
garantindo a posse dos bens em jogo.
Para o professor Leandro, esse episódio mostra que a Idade Média foi um período com
uma definida e clara ordem pública. Isso significa dizer que não havia uma situação de
caos generalizada, em que se “feudalizavam” localidades pulverizadas e ausentes de
diálogo. Isso é, antes, uma leitura moderna do período e bastante enviesada.
Um caso paralelo; excomunhão de um nobre, sob a justificativa de que ele, ao atacar
alguns “pobres”, teria se desviado do caminho de Cristo e abraçado Satã.
Essa excomunhão, sugere o professor, surgiu como contrapartida à morte do Bispo Pedro.
Determinada a derrota judicial, o Bispo Pedro não abriu mão de sua pretensão em
comandar as terras doadas e passou a assediar os cônegos. Desse conflito, um nobre
organizou um cerco à Igreja do Bispo e o executou em praça pública.
Para não incorrer na ideia de que a violência é uma espécie de discurso que camufla as
verdadeiras intenções da Igreja, o professor passa ao caso do Bispo sucessor de Pedro,
Leão, já em 998.
O Bispo Leão estava entre os opositores. Ao redor do Bispo, formou-se uma grande força
oposicionista de cunho majoritariamente clerical. A contenda mobilizou armas por longos
anos e a oposição episcopal empunhava-as sempre em nome da paz. A Interpretação
proposta pelo professor é de que essa paz, mobilizada na e pela guerra, era legítima para
os homens daquele tempo. Ser pacífico, não era um truísmo absoluto. Mas defender as
regras do ordenamento público mediante, sobretudo, o uso das armas.
A paz era, então, independente de seus meios, vista como a garantia da vigência da ordem
pública. A mesma ordem que impediu com o que o Bispo Pedro subsumisse o julgo
palaciano a sua prerrogativa nobiliárquica.