Professional Documents
Culture Documents
Instituto de Psicologia
Belo Horizonte
2015
Sérgio Alexandre Alves Fernandes
Belo Horizonte
2015
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3
1.1 Tema ......................................................................................................................................... 3
1.2 Problema .................................................................................................................................. 3
1.3 Hipóteses ................................................................................................................................... 4
1.4 Objetivo .................................................................................................................................... 4
1.5 Objetivos específicos ................................................................................................................ 4
1.6 Justificativa .............................................................................................................................. 5
3 METODOLOGIA..................................................................................................................... 14
4 CRONOGRAMA ...................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 16
3
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema
1.2 Problema
1.3 Hipóteses
1.4 Objetivo
1.6 Justificativa
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Araujo (2012) apresenta uma análise histórica e crítica, do surgimento da política sobre
drogas no Brasil. Inicialmente é um movimento fortemente influenciado pelo saber médico e da
judicialização do problema. Apoiada por instituições científicas, religiosas, educacionais,
imprensa, clubes desportivos, entre outras, estava a educação antialcoólica e a legislação tinha
um caráter repressor além de conter estratégias de controle sobre a população trabalhadora. Essas
estratégias eram colocadas em prática por meio de palestras e conferências, propagandas
(cartazes, folhetos, etc.) e pela realização da semana antialcoólica:
[...] o país tem regulamentação sobre as drogas desde 1938 (Decreto-Lei de Fiscalização
de Entorpecentes n° 891/38, posteriormente incorporada ao artigo 281 do Código Penal
de 1941). O Código Penal Brasileiro surge na gestão do Presidente Getúlio Vargas
(1930-1945), focado nas preocupações com o trabalhador e do papel do governo em
desenvolver ações para conter o comportamento desviante (ARAUJO, 2012).
Passos e Souza (2011), sem explorar toda a problemática em relação à redução de danos,
sintetizam o conceito:
[...] uma rede de instituições que define uma governabilidade das políticas de drogas e
que se exerce de forma coercitiva na medida em que faz da abstinência a única direção
de tratamento possível, submetendo o campo da saúde ao poder jurídico, psiquiátrico e
religioso (PASSOS; SOUZA, 2011).
Do que foi aprendido da leitura de Passos e Souza (2011) permite inferir que a
problemática tem outros desdobramentos políticos e ideológicos que precisam ser discutidos,
para além da questão clínica.
O território é a designação não apenas de uma área geográfica, mas também das pessoas,
das instituições, das redes e dos cenários nos quais se dão a vida comunitária. Assim,
trabalhar no território não equivale a trabalhar na comunidade, mas a trabalhar com os
componentes, saberes e forças concretas da comunidade que propõem soluções,
apresentam demandas e que podem construir objetivos comuns. Trabalhar no território
9
Nos anos de 2006 e 2007 foi realizado pela SENAD uma parceria com a Universidade de
Brasília (UNB) e com a consultoria técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),
um projeto denominado de “Mapeamento das Instituições Governamentais e Não-
Governamentais de Atenção às Questões Relacionadas ao Consumo de Álcool e Outras Drogas
no Brasil”. O objetivo do projeto era que o governo federal pudesse conhecer a situação e as
práticas de atendimento adotadas por estas instituições. Nesse documento, o governo brasileiro
reconhece o seu desconhecimento das instituições e as praticas realizadas nas comunidades
terapêuticas.
[...] as questões relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas no Brasil são ainda
pouco conhecidas das esferas governamentais responsáveis pela elaboração e execução
da política nacional sobre drogas. Conhecer a diversidade da forma de atuação e de
atendimento prestado por estas instituições é fundamental para órgãos, como a SENAD,
que tem, dentre outras, a atribuição de exercer orientação normativa sobre as atividades
de redução da demanda de drogas no país. (BRASIL, 2007)
A natureza terapêutica do ambiente total (motivação geral das CTs de Maxwell Jones) é
precursora do conceito fundamental de comunidade como método de tratamento de
substâncias psicoativas. Esse modelo, fundamentado como uma abordagem de mútua
ajuda, manteve essa característica essencial e diversificou-se, englobando e combinando
com eficácia outros modelos psicossociais vigentes, tais como a prevenção da recaída e
11
A discussão entre qual dos paradigmas deve ser utilizado nos tratamentos de usuários de
álcool e outras drogas, passa necessariamente por se discutir, sob o ponto de vista das relações de
poder da medicina, do estado (pela via da judicialização) e pela moral religiosa em nossa cultura.
12
Passos (2011) reflete de maneira crítica essa questão evocando Deleuze e Foucault como seus
articuladores. Para ele:
[...] Expor as relações de poder que se teceram historicamente para a produção de uma
política de guerra às drogas exige que realizemos uma análise micropolítica da política
antidrogas objetivando apreender seus dispositivos capilares de reprodução do
paradigma da abstinência (PASSOS, 2011, p. 4 ).
[...] por uma rede de instituições que define uma governabilidade das políticas de drogas
e que se exerce de forma coercitiva na medida em que faz da abstinência a única direção
de tratamento possível, submetendo o campo da saúde ao poder jurídico, psiquiátrico e
religioso (PASSOS, 2011, p. 2 ).
O autor defende ainda que há uma relação entre a criminologia e psiquiatria no Brasil,
isso devido à interlocução direta com o Direito Penal, pois “psiquiatria se insurge do exterior,
disputando com o direito penal o papel de gestora do criminoso, através de uma relação,
progressivamente mais íntima, entre crime e doença mental” (PASSOS apud RAUTER, 2011).
Assim, o mesmo autor evoca um período em que a criminalização era a realidade dos
usuários de drogas ao afirmar “dentro deste jogo de poder o usuário de drogas estaria ora poder
da criminologia, ora diante do poder da psiquiatria; ora encarcerado na prisão, ora internado no
hospício”.
Claro que se pode objetar quanto ao progresso da legislação penal brasileira em relação
aos usuários de drogas, mas pode-se facilmente extrapolar o raciocínio para a discussão das
internações compulsórias nas “clinicas de recuperação” com mesmos efeitos.
É a partir das relações entre psiquiatria e Direto trazidas pelo autor que podemos
compreender como a Redução de Danos tem tido grandes dificuldades de se estabelecer como um
paradigma, o que talvez explique também a alteração da PNAD que incorporou as CT’s na citada
legislação em 2011:
13
[...] A produção histórica do estigma do usuário de drogas como uma figura perigosa ou
doente nos permite compreender parte dos problemas que a RD passa a enfrentar quando
essa se torna um método de cuidado em saúde que acolhe as pessoas que usam drogas
como cidadãos de direitos e sujeitos políticos. [...] A construção das políticas de saúde
para usuários de drogas centradas no hospital psiquiátrico demarca uma significativa
interferência do Direito Penal sobre os procedimentos clínicos, como também uma
aproximação entre práticas jurídicas e práticas médicas. As diversas retaliações judiciais
que ações de RD vêm sofrendo no Brasil apontam para um embate que não se reduz às
limitações impostas pelo Direito Penal, mas apontam para a delimitação imposta ao
campo da saúde constituída entre a psiquiatria e a justiça em torno do paradigma da
abstinência (PASSOS, 2011, p. 2).
Mas não para por aí. Além da psiquiatria e do direito, que exercem sobre o usuário o seu
poder disciplinar, acresce-se outro, a religião. Esta se encontra presente na maioria das CT’s,
como uma forma adicional de poder disciplinar de maneira ainda mais forte, uma vez que atua
em dimensões subjetivas. É neste ponto que a escolha da abstinência se liga à produção de
subjetividades, como na hipótese apresentada. É o que Passos também concorda, incluindo a
moral religiosa como um dos instrumentos de exercício de opressão e reforçamento dos
estereótipos de fraqueza de caráter do usuário de drogas:
O poder disciplinar opera por meio da normalização das condutas desviantes, em que o
saber médico e o criminológico privilegiam como objeto de intervenção o criminoso, o
louco, o delinquente, o “drogado”. Desse ponto de vista, poderíamos facilmente concluir
que os embates da RD acontecem, exclusivamente, contra os dispositivos disciplinares: a
prisão e o manicômio. Porém não é somente dentro das prisões e dos hospícios que os
usuários de drogas são confinados hoje em dia. As ditas Comunidades Terapêuticas e
Fazendas Terapêuticas trazem outro elemento que não exclui a disciplina, mas a
complementa: a moral religiosa (PASSOS, 2011).
3 METODOLOGIA
[...] visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico; entrevistas com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de
exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisa
Bibliográfica e Estudos de Casos (GIL, 1991).
4 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
BRASIL. Política Nacional Sobre Drogas. Brasília, DF: Gabinete de Segurança Institucional.
2005.
PASSOS, Eduardo Henrique; SOUZA, Tadeu Paula. Redução de danos e saúde pública:
construções alternativas à política global de “guerra às drogas”. Revista Psicologia &
Sociedade, v. 23, n. 1, 2011.
SILVA, Rosane N. A invenção da Psicologia Social. Ágora, Santa Cruz do Sul, v. 7, n. 1, p. 23-
38, jan./jul., 2004-2005.