A arte de

Comportamento
Estudo
viver com saúde
Pesquisa ajudará o SESI a estimular a prática do
lazer ativo entre os trabalhadores

oucos industriários brasileiros fazem atividades físicas nos momentos de lazer. Os

homens têm excesso de peso e as mulheres nem sempre mantêm hábitos alimen-
tares mais saudáveis. Elas são menos ativas no tempo livre e preferem exercícios
físicos mais moderados, como caminhadas e danças, enquanto os homens se en-
tusiasmam mais por atividades esportivas. As mulheres fumam menos e ingerem
menos bebidas alcoólicas que eles.
Com base nessas e outras informações captadas pela pesquisa Estilo de Vida e Hábitos de
Lazer dos Trabalhadores da Indústria, realizada em oito Estados, o SESI poderá oferecer às em-
presas serviços de lazer ativo elaborados por região, sexo e idade e, em médio prazo, até por
indústria. O estudo, sem similar em outros países, segundo a Organização Mundial da Saúde,
segue a estratégia do SESI na área do lazer, iniciada em 1999, em Santa Catarina, com a consul-
toria técnica de Markus Nahas, doutor em educação física e professor da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Pontes, gerente de
O ponto de partida das ações desenvolvidas desde então tem sido a relevância do lazer RH da Unilever, à
na promoção da qualidade de vida e saúde e como elemento importante do estilo de vida, direita de óculos:
conceito dos
um dos principais fatores associados ao aparecimento das chamadas doenças da civilização, produtos na vida
principalmente as cardiovasculares. A partir dessa constatação, foi criado o programa Lazer dos trabalhadores
DIDIER PINHEIRO

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 Ativo como alternativa para mudar atitudes e
oferecer opções aos industriários catarinenses
Comportamento
Estudo
e a seus familiares.
A primeira pesquisa do gênero foi realiza-
da em Santa Catarina, em 2004, com o apoio
do Núcleo de Pesquisa em Atividade Física
e Saúde da UFSC. O SESI Nacional decidiu
estender a idéia a outros Estados e aplicou a
pesquisa, entre novembro de 2005 e junho de
2006, em indústrias de Goiás, Minas Gerais,
Rondônia, Tocantins e do Distrito Federal,
além de Espírito Santo, Pernambuco e Mara-
nhão. Os dados destes três últimos, contudo,
ainda não foram divulgados.
Em cinco dos Estados investigados, quatro
em cada dez pessoas não se sentem bem no
lazer. Além de reverter essa percepção nega-
tiva dos industriários, a pesquisa impõe outros
importantes desafios aos profissionais do lazer.
Também quatro em cada dez trabalhadores
da indústria não vivenciam ou somente prati-
cam esporadicamente o lazer físico ativo.
As mulheres são as menos ativas nas ho-
ras de folga. “Elas manifestaram também uma
percepção pior da saúde com relatos sobre
sono, estresse, depressão e tristeza”, revela
Geórgia Antony, analista de Negócios do SESI
Nacional. A falta de atividade física nos mo-
Sesinho em dia
do Vida Saudável mentos de lazer, informa a analista, também
em Goiás é atribuída à fadiga, mais que a outros fatores.
SILVIO SIMÕES
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“Ao final do dia, as mulheres estão mais can-
sadas do que os homens”, salienta.
Os homens apresentam piores indicadores
no que se refere ao peso, à qualidade da alimen-
tação, ao tabagismo e ao consumo de álcool.
“Um dado importante é que a proporção de fu-
mantes é menor do que há dez anos”, compara
Nahas. “O hábito é maior entre homens de 35
a 50 anos de baixa renda”, afirma.
UNIVERSO PESQUISADO
Participaram da pesquisa empresas de
grande, médio e pequeno portes, contribuin-
tes do SESI. “O mais importante da pesquisa
é perceber possibilidades de atuação do SESI
e da indústria onde há oportunidades de in-
vestimento em melhora da qualidade de vida,
contribuindo para o desenvolvimento susten-
tável no longo prazo”, diz Eloir Edílson Simm,
gerente executivo de Cultura, Esporte e Lazer
do SESI Nacional.
O estilo de vida dos trabalhadores, avalia,
tem influência importante sobre a produti-
vidade. “Além disso, temos de estar atentos
para o fato de que o sistema previdenciário
do mundo todo não terá recursos para cui-
dar de doenças e absenteísmo (falta ao traba-
lho)”, acrescenta.
Até julho de 2007, a expectativa é concluir
a pesquisa em mais 14 Estados. “Teremos um
mapeamento social que mostrará as
preferências de lazer e as dificulda-
des encontradas pelo trabalhador”,
informa Nahas. A indústria poderá
conhecer as características e a ten-
dência do estilo de vida e de hábi-
tos de lazer dos trabalhadores de
seu segmento, por gênero e renda.
O objetivo, destaca Simm, é capa-
citar os departamentos regionais da
entidade para fazer o levantamento
por empresa.
A acelerada industrialização, a
urbanização e a globalização do
mercado de alimentos têm leva-
do as pessoas no mundo inteiro a
consumir mais alimentos de grande
densidade energética, com altos
teores de gorduras saturadas e açú-
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 SILVIO SIMÕES
cares, que, associados ao sedentarismo, têm
aumentado a obesidade, o nível de colesterol
e a incidência de hipertensão, fatores de risco
para a saúde.
Geórgia cita estudo da consultoria Pri-
cewaterhouseCoopers, segundo o qual as
empresas de entretenimento, como jogos ele-
trônicos, revistas e celulares, vão desembolsar
US$ 1,7 trilhão em marketing e lançamentos.
“São atividades que estimulam as pessoas a
ficar em casa e ao lazer passivo”, ressalta.
Algumas providências, diz a analista, po-
dem ser tomadas pela indústria com base nos
resultados da pesquisa do SESI. Para estimu-
lar uma alimentação mais saudável entre os
homens, os departamentos regionais terão de
fazer um trabalho especial. “A idéia é reali-
zar cafés da manhã nas empresas oferecendo
muitas frutas; almoços musicais com enfoque
em alimentos mais saudáveis, como verduras
e legumes; e encenações teatrais com temas”,
afirma Geórgia, destacando que atividades
precisam ter seqüência.
As iniciativas devem ser individualizadas,
em especial entre os trabalhadores com maio-
res necessidades, e as ações, vinculadas ao la-
zer de forma lúdica e divertida. “Vamos inverter
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a idéia mais comum – tudo que é bom faz mal Orientação sobre
saúde bucal faz
– e mostrar que o que faz bem também é muito parte do projeto
bom, como a alimentação saudável e a prática Vida Saudável
de exercícios”, completa.
COMBATE AO SEDENTARISMO
Na HalexIstar Indústria Farmacêutica, de
Goiânia, com 1,2 mil empregados, os homens
são os freqüentadores mais assíduos do cen-
tro esportivo da empresa. As mulheres vão
mais à academia de ginástica e um pequeno
grupo pratica vôlei. “Muitas ainda dizem que
fazem caminhadas, mas o envolvimento de-
las com os esportes é bem menor”, compara
Wisner Batista de Faria, psicólogo da empre-
sa. Maior divulgação dos benefícios dos exer-
cícios físicos para a saúde, segundo ele, pode
contribuir para estimular as atividades físicas
entre as industriárias.
“A informação da pesquisa de que as mu-
lheres se sentem mais cansadas ao final do dia
tem procedência e é muito importante para
nosso planejamento de ações direcionadas
ao público feminino”, diz. Além de manter
o centro esportivo, a HalexIstar está cons-
truindo uma quadra de vôlei para uso dos
empregados. “Temos consciência de que o
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Estudo
17%
20%
trabalhador ganha mais disposição praticando
exercícios físicos”, conclui.
Conscientizar trabalhadores da constru-
ção civil sobre a importância de se exercitar
nas horas de lazer é uma tarefa mais difícil,
na avaliação de José Guilherme Viana de
Almeida, encarregado do Departamento de
Pessoal da Real Engenharia, empresa do Dis-
trito Federal. “O trabalho é muito pesado e os
empregados ficam sem disposição para exer-
cícios nas folgas”, explica. “Tem sido difícil até
conscientizá-los da importância da educação
e da continuidade dos estudos”, acrescenta.
EM BUSCA DE SOLUÇÕES
Outro desafio dos profissionais do lazer na
indústria da construção é o local de trabalho.
“Não há espaço para lazer nos canteiros de
obras”, confirma Almeida, para quem a pes-
quisa vai ajudar a encontrar soluções. “Mas
para a construção civil, acho que só no longo
prazo, porque é preciso muita divulgação e a
disponibilidade de locais próprios para a reali-
zação de atividades físicas”, conclui.
Na Rondônia Refrigerantes, em Porto Ve-
lho, a prática de atividades físicas contribui
para aumentar a disposição entre os trabalha-
dores. “Boa parte das funções exercidas na
fábrica, como ajudantes de entrega e de esto-
que, exige preparo físico”, explica Paulo Pedro
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10%
53%
de Carli, supervisor de Recursos Humanos.
“Quanto mais ativo o empregado, melhor”.
Mas a prática de exercícios na fábrica não é
um hábito muito comum. “Eles reclamam da
falta de tempo e motivação”, explica De Carli.
A unidade de Palmas da Companhia de
Saneamento do Tocantins (Saneatins) esti-
mula entre seus 450 empregados a prática
de atividades físicas, o consumo de alimen-
tação saudável e o combate ao uso de ál-
cool e outras drogas. “Temos parceria com
o SESI em diversas iniciativas de qualidade
de vida, como ginástica laboral e palestras”,
informa José Augusto Oliveira, técnico em
segurança no trabalho. Mas mesmo assim,
de acordo com Oliveira, ainda é pequeno
o número de trabalhadores que levam uma
vida menos sedentária.
O programa SESI Ginástica na Empresa
tem contribuído também para melhorar a dis-
posição dos empregados da Fábrica Nacional
de Instrumentos para Autoveículos, de Itajubá
(MG). Cláudio Willian Theodoro, encarrega-
do do Departamento de Pessoal, destaca que
boa parte dos empregados participa dessa ati-
vidade. O mais difícil é estimular o exercício
físico entre o pessoal com mais idade. “Esses
levantamentos do SESI são muito importantes
porque nos dão acesso a inovações e novida-
des de outras empresas.”
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 O dia dedicado ao bem-estar
Em Goiânia, Goiás, a Unilever BestFoods abriu suas portas no começo deste mês para oferecer aos empregados e
familiares atividades esportivas, de lazer e de saúde. Mais de 4 mil atendimentos foram registrados nos diversos serviços
disponíveis entre os quais avaliação corporal, nível de estresse, aferição de pressão arterial, além de dicas de alimentação
do programa Cozinha Brasil. Os funcionários participaram ainda de partidas de vôlei, tênis de mesa e futebol.
“A Unilever é uma empresa que fabrica alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza. Trabalhamos em nossos
produtos com o conceito de vitalidade, e o projeto Vida Saudável, por meio de orientações simples, mas muitas vezes
esquecidas, desperta para novos hábitos de vida, para reflexão sobre como podemos cuidar de nós mesmos, conhecendo
nosso corpo e suas necessidades. Ou seja, esse conceito não está incluído apenas em nossos produtos, mas também no
estilo de vida que queremos que nossos trabalhadores tenham”, explicou Murilo Pontes, gerente de Recursos Humanos
da empresa. O evento na Unilever foi um dos que marcaram em todo o País o projeto SESI Vida Saudável, criado para
estimular hábitos saudáveis entre os industriários.
“Alguns departamentos regionais concentraram as atividades num único dia, outros aproveitaram para realizar dois
ou três dias de ações”, informa Luiz Carlos Marcolino, analista de Negócios Sociais. O dia 2 de setembro foi escolhido para
mobilização nacional do projeto Vida Saudável não por acaso: “31 de agosto é o Dia do Nutricionista e 1º de setembro,
o Dia do Professor de Educação Física. Aproveitamos para homenagear esses profissionais importantes para a saúde da
população”, afirma. O evento, realizado pelos 27 regionais, contou com a parceria dos Conselhos Regionais de Educação
Física e de Nutrição. A idéia é repeti-lo todos os anos.
Antes mesmo de conhecer o resultado do teste de nível de estresse, Clênia Maria da Silva, assistente de almoxarifado
da Unilever, sabia que não seria bom. “Não pratico exercícios físicos e como alimentos gordurosos. Preciso tomar uma
decisão imediata antes que a minha situação piore.”
Na Paraíba, o evento registrou 20 mil atendimentos e superou as expectativas, segundo Gerarda Xavier, diretora
técnica do Regional. “Ações assim reforçam nosso compromisso com a responsabilidade social”, disse. Em São Paulo, 48
municípios participaram da iniciativa.
Cerca de 700 pessoas de todas as idades participaram da iniciativa, em Roraima, entre elas o professor Mozarildo
Abreu. “O evento deveria ser realizado mais vezes porque é uma forma descontraída de levar cultura, lazer e educação
para a população”, afirmou. Palestras sobre educação física, nutrição e cuidados para evitar doenças como lesões por esfor-
ço repetitivo (LER) despertaram as atenções de boa parte dos 2 mil participantes no Pará. “Vamos incentivar hábitos saudá-
veis por meio de força de vontade, informações e orientações”, afirmou Éder Palheta, gerente de Esporte e Lazer do DR.
No Ceará, a iniciativa atraiu cerca de 4 mil pessoas SILVIO SIMÕES
para a Barra do Ceará e, no Acre, cerca de mil pessoas
participaram de diversas atividades. “O sedentarismo
provoca problemas cardíacos e hipertensão”, afirmou
Clodoaldo Castro, representante do Conselho de Edu-
cação Física no Estado.
No Piauí, o projeto SESI Vida Saudável foi realizado
em Parnaíba e atraiu mais de 3 mil pessoas. Entre os vo-
luntários estava Eliana da Silva Souza, formada em Edu-
cação Física e pós-graduada em treinamento esportivo.
“Ensinamos as pessoas a prevenir doenças causadas
por falta de exercícios físicos”, conta.
Em Cuiabá, Mato Grosso, o evento foi realizado no
SESIPark, onde o público pôde até degustar alguns pra-
tos preparados por nutricionistas do regional.

Ioga: o novo
hábito do cotidiano

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