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Direção de modelos Fotográficos

A imagem fotográfica tem como objetivo criar uma comunicação e transmitir uma
mensagem. Essa comunicação fotográfica se desenvolve através de três elementos: a
composição, a iluminação e a informação. Na fotografia de gente, a informação é a
pessoa.

Está provado experimentalmente que o ser humano observa como primeiro elemento
de uma imagem a figura humana, se ela estiver presente, e mais ainda, a figura
humana se confirma como sujeito principal de toda imagem onde apareça.

Tendo essa constatação em mente, devemos construir nossas imagens de modo que a
“informação” que a figura humana comunique o que queremos. A direção de modelo
é a ferramenta através da qual desenvolvemos esta comunicação.

Falando em direção de modelo, em figura humana e na utilização desses elementos


para a comunicação, não podemos esquecer que estamos lidando com seres humanos
e que por isso o "elemento humano" é extremamente importante.

O que vocês lerão é baseado em estudos psicológicos e antropológicos e pode parecer


mais especulação filosófica do que concretas dicas sobre fotografia. Na realidade, a
sensibilidade, a utilização da psicologia e a conscientização dos processos que
regulam a relações humanas são fundamentais para a direção de modelos.

O FUNDAMENTAL PARA DIREÇÃO DE MODELO

Para passar as instruções para o modelo assumir a pose e a expressão que desejamos,
temos que ter bem claro em mente qual posição queremos. Nada de "experimentar"
na hora da direção. O melhor resultado só poderá ser alcançado por meio de
planejamento prévio e de instruções claras e objetivas para a modelo seguir.

Sinteticamente devemos:

1 - SABER exatamente o que queremos que a modelo transmita;

2 - CONHECER como desenvolver esta comunicação por meio da expressão corporal;

3 - CONSEGUIR a expressão desejada do modelo.

Em ordem, podemos utilizar:

1 – Referência visual

2 – Briefing

3 – Layout montado com referências (frank com imagens da internet)


O CORPO FALA

Estamos acostumados a interpretar inconscientemente as mensagens que outras


pessoas transmitem através do corpo. É trabalho do fotógrafo aprender essa
linguagem e usá-la em suas imagens.

São três os elementos principais dessa linguagem:

- Quantidade e posição das partes expostas do corpo;

- Posição da cabeça;

- Direção do olhar.

Com relação a quantidade exposta do corpo e seu posicionamento, podemos


considerar:

- Oferecimento: apresentar uma grande superfície do corpo sem proteção.

- Proteção: fechar o corpo.

- Minimização: oferecer o perfil do corpo ou outra técnica para reduzir a superfície.

- Exibição: mostrar o toque parte do próprio corpo.

As posições da cabeça inclusive se tornaram estereotipadas e são bastante


conhecidas. Isso aumenta a eficácia desse elemento:

Reta: encarar a outra pessoa em um plano de paridade.

Levantada: sugere sentimento de superioridade.

Abaixada: indica sentimento de submissão.

Inclinada lateralmente: mostra desejo de agradar.

A direção do olhar produz um elemento fundamental na comunicação corporal e pode


ser dividido em duas partes:
Ausência de contato ocular.

A pessoa não está olhando para o expectador. Essa situação cria o menor nível de
tensão, pois torna os expectadores observadores desapercebidos. Junto com esta
condição de tranqüilidade se instaura uma prazerosa sensação de voyerismo.

Dependendo da direção do olhar e da expressão do rosto da modelo, podemos


caracterizar uma atitude. Alguns exemplos:

Reflexiva, intimista: olhar longe e expressão sonhadora;

Descontraída: olhar focalizado em um objeto e expressão atenta (ligada);

Concentrada: olhar focalizado em um objeto e expressão concentrada.

Contato ocular estabelecido.

Nesse caso específico o observador terá a reação que teria ao viver uma experiência
como a apresentada na imagem. O contato visual pode ter uma função convidativa,
agressiva, exploradora.

É quase impossível explicar os elementos do contato visual teoricamente. Neste texto


queremos evidenciar a importância do contato visual na comunicação não-verbal. É
através da observação, do exercício e da tentativa de aplicá-los nas nossas imagens
que desenvolvemos uma habilidade em lidar com este elemento.

POSES E ATITUDES

Para dirigir modelos devemos conhecer as posturas que o corpo pode assumir e criar
um repertório de poses e de significados.

O corpo se movimenta através das articulações e são elas que o fotógrafo tem que
conhecer e saber utilizar para criar a pose que deseja. Devemos ser capazes de
indicar para o modelo cada uma dessas poses e explicar como atingi-las.

SIGNIFICADO DAS POSTURAS

Estudamos o significado das posturas, além das indicações básicas necessárias,


através da ferramenta de análise como livros sobre comunicação gestual. Em
particular sugiro o livro “Os Gestos” de Desmond Morris.
MODELOS

O modelo é um profissional que “empresta” a própria imagem para promover um


produto ou uma idéia. A atividade profissional do modelo é regulada e protegida pela
lei sobre o direito de imagens.

MODELOS PROFISSIONAIS E MODELOS NÃO-PROFISSIONAIS

Qualquer pessoa que esteja sendo fotografada se torna um modelo fotográfico. A


diferença principal entre o modelo profissional e não-profissional é a disposição para
lidar com uma pessoa que "te diz o que fazer".

O mais importante para um modelo é a motivação. Um modelo não -profissional, mas


muito motivado e talentoso, pode dar melhores resultados que outro modelo
profissional.Lembre-se que estamos lidando com pessoas, com sentimentos e
emoções.

Como em cada circunstância de nossa vida é nossa atitude que faz a diferença. Se
mostrarmos segurança e habilidade, nossos modelos confiarão em nós e responderão
de acordo.

Ser fotografado é na realidade se mostrar, se exibir, aparecer. Todos nós temos


sentimentos contraditórios em relação a fazer isso. É trabalho do fotógrafo ampliar
as sensações positivas em relação ao ato fotográfico e minimizar as negativas.

COMO AGIR COM MODELOS (educação e praxe)

Dois elementos compõem a interação entre fotógrafo e modelo, as regras normais de


relacionamento interpessoal e os cuidados específicos gerados pela intimidade
especial e momentânea produzida pelo momento fotográfico.

Na prática devemos ser educados e gentis com a "pessoa-modelo". O fotógrafo é o


"dono de casa", seja em estúdio ou em externa, e é seu dever deixar o modelo (como
o resto da equipe) à vontade. Se o trabalho prevê um produtor executivo, ele cuidará
disso e apresentará o fotógrafo à equipe e se preocupará com o bem estar de todos,
tudo isso com uma postura relaxada, sorrindo e com calma. Se estivermos muito
ocupados ou atrasados, será tarefa do fotografo se apresentar e endereçar o modelo
a alguém que possa cuidar dele. Normalmente na equipe tem sempre alguém
disponível para fazer isso. O assistente do fotografo, se não estiver muito atarefado,
deve ser a primeira escolha, outra opção valida é o maquiador, que de modo geral
vai ser o primeiro a interagir com modelo.

Evite o “corpo a corpo”. O relacionamento modelo X fotógrafo é delicado e cheio de


nuances. Deixe a interação maior com os outros elementos de sua equipe. O
fotógrafo deve manter uma distância física segura, por assim dizer.
Além das regras de educação, não há indicações específicas de comportamento. A
única regra fundamental no relacionamento com modelos é a sinceridade e a
disponibilidade. A coisa mais importante é ser autêntico. A pessoa vai sentir a
atitude do fotógrafo e o mesmo dever ser verdadeiro. Não precisa, por exemplo,
tentar ser expansivo sendo que você tem um caráter introvertido. Nem, por outro
lado, precisa existir um perfil específico ou ótimo para trabalhar fotografando gente.
O importante é ser fiel a si mesmo e estar disponível dentro do relacionamento
fotográfico.

ALGUMAS DICAS IMPORTANTES

- Antes de começar a sessão fotográfica é útil explicar sinteticamente o trabalho


(freqüentemente as agências não fazem isso) e como é seu estilo de fotografar;

- A proximidade física, ótica e emocional que se ativa entre fotógrafo e modelo


requer alguns cuidados na hora de fotografar. Precisando arrumar roupa ou cabelos
do modelo é melhor chamar o profissional adequado para fazer isso. Caso seja você a
arrumar (por simplicidade, rapidez, etc), peça licença ao chegar perto e tocar o
modelo;

- Indicando a pose a assumir o ideal é conversar, só no último caso mostrar a pose


pessoalmente. Evitar tocar o modelo para compor uma pose; No caso de necessidade,
vale a imitação.

- A pose indicada deve ser natural. Se depois de ter assumido uma posição indicada
esta parecer antinatural, devemos pedir para o modelo repetir sozinho a pose
sugerida;

O relacionamento, as emoções, as tensões que se desenvolvem durante uma sessão


fotográfica não são endereçadas a pessoa do fotografo mas ao momento fotográfico.
É importante lembrar disso para não fazer confusão entre o profissional e o pessoal.

COMO ENGRENTAR A INEXPERIÊNCIA DOS MODELOS

A direção de modelos se constrói sobre a confiança recíproca. Um modelo


inexperiente não sabe como reagir diante de uma câmera. O trabalho do fotógrafo é
explicar a pose que ele quer que o modelo assuma. Convidá-lo a repetir várias vezes
a pose “naturalmente” e um exercício que leva a perfeição, isso requer paciência e
disponibilidade.
Os cortes na Fotografia
O corte fotográfico evidencia a distância entre o observador e o sujeito fotografado.

Na representação da figura humana existem pontos codificados de exclusão de parte


do corpo. Normalmente estes cortes seguem a regra de não cortar o corpo na metade
das articulações.

A principal sensação que o corte fotográfico transmite nas imagens que contenham
uma figura humana é a distância entre sujeito e observador. Esta distância mexe
inconscientemente com as regras comportamentais de relacionamento humano.

Quanto mais o corte é ‘fechado’, se ocupando de uma parte específica do corpo,


mais o observador tem a sensação de estar perto do sujeito, uma sensação de
intimidade. Junto com a postura do sujeito fotografado, a distância pode criar
sensações positivas ou negativas (nunca de indiferença).

Recentemente cortes mais extremos e revolucionários estão sendo utilizados para


criar sensações de impacto. Os superdetalhes são um exemplo, também estão
virando elementos de linguagem, os cortes laterais, nos quais partes do corpo do
sujeito ficam fora da foto. Essa assimetria produz sensação de movimento e
instabilidade. Esta última técnica é, às vezes, combinada com enquadramento
horizontal, onde um grande espaço é reservado a elementos secundários e/ou
externos ao assunto principal da foto, este tipo de enquadramento é chamado de
“enquadramento cinematográfico” porque se inspira na linguagem de fotografia
usada em cinema.

Em retratos de pessoas, em estúdio ou não, costuma-se orientar o iniciante a utilizar


alguns planos básicos: close (rosto), fechado (até a altura do tórax), médio (até perto
da cintura), americano (até a altura abaixo do bolso da calça, acima do joelho, muito
usado nos filmes de faroeste) e geral (corpo inteiro). Sempre a partir do topo da
cabeça deixando o mínimo de espaço possível entre o cabelo e o fim da fotografia.

Em uma regra geral:

Plano geral: corpo inteiro sem cortes;

Plano americano: corte feito entre joelho e a cintura, pra cima;

Close: corte feito entre o peito e o ombro. pra cima;

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