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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS APLICADAS - CCAA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS - DCF

Relatório:

Avaliação e determinação da qualidade de carvão vegetal para fins


domésticos

Lucas Kauan Nascimento de Santana

São Cristóvão – SE

2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS APLICADAS - CCAA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS - DCF

Relatório:

Avaliação e determinação de qualidade de carvão vegetal para fins


domésticos

Discente: Lucas Kauan Nascimento de Santana

Docente: Saly Takeshita

São Cristóvão – SE

2018
Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4

METODOLOGIA ................................................................................................ 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 6

CONCLUSÃO .................................................................................................... 8

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 9
1. INTRODUÇÃO

A necessidade do consumo de energia tem gerado questionamentos


quanto ao equilíbrio ambiental, aumentando desta forma, a procura por
alternativas que reduzam os impactos causados pelos métodos já utilizados e
seus efeitos. Das soluções encontradas, as fontes renováveis tem se
destacado, como o carvão vegetal e lenha, uma vez que são utilizadas para a
produção destes, madeiras de espécies que possuem rápido crescimento,
sendo a aplicação no setor de siderurgia (CINTRA, 2009)

A produção de carvão vegetal, por sua vez, apresenta grande relevância


para a economia do Brasil, sendo o país o maior produtor em nível mundial,
com grande parte do seu mercado interno concentrado no estado de Minas
Gerais (FONTES, 2005; MIRANDA et al., 2014). Contudo, o baixo rendimento
(industrialmente cerca de 30%) da conversão da biomassa acaba se tornando
um dos desafios do processo por conta da elevação de custo de produção
(ARAUJO et al., 2016)

Entretanto, o uso de madeira no processo de carbonização requer


conhecimento quanto às suas propriedades e uso de conhecimento específico
para controle rigoroso, possibilitando assim, melhores rendimentos, resultando
eventualmente na obtenção de um produto de maior qualidade (TRUGILHO et
al., 2001; 2005).

Além das propriedades e características da madeira da espécie utilizada,


o tipo de forno e mão de obra também são importantes na produção de carvão
vegetal, uma vez que esta é uma atividade dependente da tecnologia de
conversão (NEVES et al., 2011). No Brasil, tal atividade é feita de modo
tradicional em fornos de alvenaria, em processos dispersos que são pouco
mecanizados e altamente dependentes de trabalho humano (FERREIRA et al.,
2013).

Uma vez que existe a não divulgação das informações acerca da


qualidade do carvão comercializado para o consumidor, surge a necessidade
de estipulação de padrões a partir de classes de qualidade, principalmente
quando considerada a grande dependência de diversas variáveis para um bom
rendimento energético, sendo as principais: densidade da matéria prima
utilizada, teor de cinzas, teor de umidade, teor de finos e poder calorífico
(ABNT, 1986).

O presente estudo teve como objetivo a avaliação e definição da


qualidade de carvão vegetal para fins domésticos.

2. METODOLOGIA

A condução do experimento foi realizada no Laboratório de Análise


Qualitativa da Madeira no Complexo Laboratorial Biologia e Engenharia
Florestal, localizado na Universidade de Sergipe, no município de São
Cristóvão, SE. O carvão utilizado foi adquirido em uma filial da rede de
supermercados GBarbosa®. Utilizando como base uma ficha pré
disponibilizada, foram anotadas as informações referentes ao local de
produção, preço, fabricante, local de compra e selo de qualidade e certificação.
Posteriormente a embalagem fechada do produto foi pesada em uma balança
analítica.

Em seguida, foi realizada uma análise visual, onde as peças de carvão


foram dispostas sobre uma superfície plana e separadas quanto ao tamanho,
visando obter uma estimativa acerca da homogeneidade deste parâmetro.
Também foi observado se havia a presença de finos e frequência de peças
quebradas.

Posterior ao processo de análise visual, foi feito o cálculo de densidade


a granel, no qual as peças de carvão vegetal foram condicionadas em um
Becker de 4000 mL de volume (sendo convertido para cm³ em seguida) e então
pesadas no mesmo tipo de balança anteriormente, sendo então utilizada a
fórmula propícia para cálculo e obtenção deste parâmetro:

𝑚
dgranel =
𝑣

Onde:

dgranel = densidade à granel (g/cm³ ou kg/cm³)


m = massa do carvão ( g ou kg)

v= volume (cm³)

Para a análise da qualidade do fogo produzido pelo produto, o


procedimento foi realizado na área externa ao laboratório. Onde alguns dos
parâmetros observados foram: a quantidade de fumaça produzida; tempo para
obtenção de brasa, sendo esta característica obtida com o uso de um
cronômetro; presença de chamas; estralo durante a queima; velocidade de
consumo do produto pelas chamas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A marca utilizada neste estudo continha as informações acerca do


registro da empresa responsável pela produção, número de contato e registro
no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA).

Através do procedimento de análise visual, foi observado que as peças


do carvão vegetal estavam bem carbonizadas e apresentavam uma
uniformidade mediana, uma vez que era perceptível uma variação entre as
dimensões das mesmas. Sendo estes parâmetros segundo Assis (2008), um
dos que mais influenciam no processo de combustão e na durabilidade do fogo.

O material também apresentava uma grande quantidade de finos e pó. O


que pode ser atribuído às sucessivas quebras do produto ao longo do seu
transporte, ao peneiramento e o processo de empacotamento (BENÍCIO,
2011). Além disso, foram encontrados resíduos como galhos e pedras.

Foi possível perceber também a presença de rachaduras internas e


laterais em algumas peças, implicando em um possível equívoco referente ao
processo de secagem da madeira do qual o produto foi oriundo (MELLADO,
2007; REZENDE, 2009).

Segundo REZENDE (2009), as rachaduras são um dos defeitos de


secagem mais comuns em toras destinadas à produção de carvão vegetal,
sendo as mais observadas as de topo e as superficiais. Contudo, o autor afirma
que estas não ocasionam um efeito significativo na qualidade de queima do
produto final.

De acordo com os autores Quirino & Brito (1991), aspectos como a


porosidade, solidez e resistência de um carvão são dependentes das
condições a qual a carbonização foi feita. Para estes, as modificações que
podem vir a ocorrer no produto são resultantes também à determinados
tratamentos térmicos durante ou após a secagem.

O carvão utilizado apresentou uma densidade de 0,288 g/cm³. Valor


semelhante aos encontrados por Brito et al. (1982) em estudos de mesma
natureza para peças feitas a partir de acácia negra, eucalipto e Pinus.

O parâmetro supracitado é caracterizado por Brito & Barrichelo (1980)


como um dos mais importantes em termos da determinação da qualidade do
carvão, sendo este influenciado pela densidade da madeira (DOAT &
PETROFF, 1978).

Como resultado da análise da qualidade do fogo, foi observado que o


produto apresentou pouca fumaça durante o seu processo de queima. O que
pode ser atribuído homogeneidade mediana das peças. Em estudos realizados
por Silveira & Campos (1977), foi constatado que a uniformidade
granulométrica de briquetes permite uma distribuição mais uniforme do fluxo
gasoso por meio de carga.

Para a obtenção de brasa, foram cronometrados 3 minutos; em relação


ao parâmetro de estralo, o tempo cronometrado foi semelhante para se obter
brasa, sendo este 3 minutos e 5 segundos. Foi visualizada a presença de
chamas após 6 minutos do início do processo de avaliação. Quanto à
velocidade de queima, esta foi caracterizada como rápida, apresentando
bastante cinzas ao final.

No geral, a qualidade da queima e do fogo produzido demonstrou não


ser afetada pela grande presença de cinzas no fim do processo. Segundo Brito
(1986), este teor quando maior, não prejudica o comportamento do carvão na
combustão. O autor ainda sugere que podem ser incorporados aditivos e
enchimentos após, para se aumentar a densidade e melhorar outras
características físico mecânicas do carvão vegetal.

O carvão utilizado neste estudo atendeu aos critérios citados por Benício
(2011) para a finalidade de uso doméstico, sendo estes: resistência ao
manuseio, acendimento fácil e isenção de produção de gases tóxicos.

4. CONCLUSÃO

O carvão utilizado neste estudo apresentou características medianas


quanto à sua qualidade, sendo tal fato atribuído à variação entre o tamanho
das peças, presença de resíduos, finos e pó.

Contudo, a sua qualidade de queima apresentou resultados satisfatórios


para a finalidade doméstica. Uma vez que este atendeu à determinados pré
requisitos como: pouco tempo para obtenção de brasa, estralo e chamas; baixa
produção de fumaça e facilidade de manuseio.
5. REFERÊNCIAS

ASSIS, C. F. C. Caracterização de carvão vegetal para a sua injeção em


altos-fornos a carvão vegetal de pequeno porte. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Ouro Preto. Rede Temática em Engenharia de
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