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Se eu fosse aprender inglês de novo, é

assim que faria

Paulo Ribeiro
Trabalho e negócios, Guias práticos




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COMENTÁRIOS

 Nossos atuais Mecenas:


Apesar da internet e de todas as ferramentas disponíveis, a quantidade de brasileiros


fluentes na língua inglesa é muito baixa: as pesquisas apontam algo entre 2% e 5%,
dependendo da fonte. Considerando que pelo menos 1/3 da população tem acesso à
rede mundial de computadores (e, por conseguinte, possibilidade de aprendizado), o
número de fluentes é muito baixo.

Por que isso ocorre? Porque ferramentas não bastam. Aprender uma segunda língua é
uma questão de mindset, hábitos e material adequado.

A formação de hábitos em si não é uma dificuldade apenas no aprendizado de línguas,


mas em qualquer área da vida. Há uma vasta literatura sobre o assunto, abordando força
de vontade, motivação, criação de sistemas de suporte, etc. O segredo aqui é começar
com uma dose de estudo que você consiga manter com certeza e fazê-lo por uma
determinada quantidade de tempo.

E é aqui que entra o mindset. Tempo.

Quanto tempo você acha que precisa para aprender uma nova língua?

Será que bastam dois anos? Três? Quatro? Isso depende de seu objetivo. Se conseguir ter
uma conversa casual é o bastante para você, não será necessário estudar tanto quanto
alguém que quer ser professor universitário. Além disso, o mercado está cheio de mitos
sobre aprendizagem, principalmente porque isso favorece o desenvolvimento de escolas
de línguas e seus infinitos cursos de formação, o que atrapalha o senso das pessoas
sobre o que é ou não possível.

Claro, o material de estudo vai influenciar completamente seu desenvolvimento. Por


exemplo, o dicionário de inglês Oxford, 2ª ed, tem vinte volumes e contém 171476
palavras atualmente em uso na língua inglesa. Se você acha que aprender inglês é saber
aquelas palavras, isso será uma tarefa sobre-humana e você nunca vai encontrar
motivação e tempo para conclui-la. Entretanto, sendo um pouco mais esperto e
escolhendo o material adequado, você pode ir longe: um grupo de apenas 25 palavras
correspondem a 33% de todo o material impresso em inglês; expandindo para 100
palavras, você pode cobrir 50% e daí em diante.
Você precisa ser esperto escolhendo o material, porque ele é mais importante que o
método. Não importa como aprenda aquelas 100 palavras, você vai cobrir 50% dos
materiais impressos. E não importa o quão perfeito seja sua aprendizagem, você nunca
vai memorizar um dicionário.

Eu sou bem fissurado com a área de aprendizagem, por técnicas de memorização, modos
de aumentar a eficiência etc. Já li alguns livros na área de meta-aprendizado,
principalmente no que toca à aprendizado de línguas. Então, esse pequeno passo a passo
a baixo junta tudo que aprendi até agora (inclusive experiência pessoal), numa rotina
que espero te ajudar a aprender inglês, definitivamente.

1. Defina o que é fluência para você

O primeiro passo é definir aonde você está indo, para que você saiba quando chegar lá.
Quais são suas necessidades: você precisa aprender para incrementar o currículo
profissional, para consumir conteúdo, ou apenas por hobby? Dependendo de seus
objetivos e de sua carga de estudos, você define quanto tempo vai levar para chegar lá.

2. Os melhores materiais trarão os melhores resultados

Como eu disse, você precisa pegar o material certo. Se você é de uma área técnica,
digamos, engenharia, e quer aprender a se comunicar profissionalmente, logo após
aprender o basicão, você vai precisar mergulhar no vocabulário técnico. A
recomendação geral é: fique longe de materiais extensos ou caros, pois eles não foram
desenvolvidos focando em efetividade.

Para começar, seria interessante comprar um daqueles livros de bolso para viagem, com
frases úteis que as pessoas usam no dia a dia, de modo a te habituar com a língua. Junto a
isso, alguma apostila pré-vestibular na área (elas costumam ser bem resumidas-direto-
ao-ponto), para te dar uma ideal geral da gramática e estruturação da língua. E claro, ter
em mãos a lista das 100 palavras mais usadas da língua.

Em paralelo, você pode usar alguns sites de aprendizado de línguas gratuitos, como
o Livemocha ou o mais recente Duolingo. São bons para te dar uma sensação de
progresso enquanto aprende.

3. Defina um calendário de estudo

Baseado em seu material de estudo e em sua meta, você pode definir a carga de estudo
diária. Novamente, selecione uma dose mínima efetiva, algo que vai conseguir manter de
todo jeito, nem que seja 30 min por dia. Claro, quanto maior a carga diária, mais rápido
alcança o que deseja; mas é interessante não exagerar pois vem a atrapalhar a formação
do hábito em si.
4. Perca alguma coisa se falhar

O que você vai perder se não conseguir o que quer?

Nada, certo? Você já tentou aprender inglês antes, não conseguiu e não perdeu
ativamente nada; pode ter deixado de ganhar em oportunidades, mas não perdeu no
sentido real da palavra. Como o ser humano parece ser movido a perdas, você precisa
apostar alguma coisa para ajudar a motivar o aprendizado.

Sugestão: entregue um valor bem alto (para os seus padrões), digamos metade de um
salário na mão de um amigo e diga a ele para só devolver se você conseguir manter uma
conversa com ele por 10 minutos em inglês em 3 meses, por exemplo. Caso contrário, ele
dá o dinheiro para o adversário do seu time de futebol ou algo do tipo.

Agora sim, você vai ter algo real a perder.

5. Mude tudo na sua vida para inglês

Faça uma imersão no idioma.

Celular, computador, áudio dos filmes e seriados (agora legendas são suas amigas),
livros, tudo! Especialmente se você tem um hobby, como cozinhar, patinar ou jogar
futebol, comece a consumir material da área que você curte na língua de destino. Isso vai
te ajudar com a motivação de continuar estudando e facilitará sua vida.

Se possível, compartilhe sua curva de aprendizado. Crie um blog e vá contando sua


experiência, com o passar do tempo, comece a escrever em inglês e busque feedback de
amigos. Toda essa rede vai acelerar o processo.
Crianças praticando o inglês

Um bônus para você

No que toca à aprendizado, repetição simples parece ser um das técnicas mais fracas; faz
muito sentido você buscar meios alternativos. Por exemplo, testar a si mesmo é mais
eficiente do que apenas repetir o conteúdo e testar a si mesmo com intervalos de
tempo é mais eficiente do que fazer todos os testes juntos.

Para te poupar a pesquisa na literatura em busca do que funciona ou não, recomendo


que você busque diretamente mais informações sobre o método de repetição espaçada.
Ele é comprovado cientificamente e é uma arma poderosa para obtenção de vocabulário.

Há alguns programas, como o gratuito Anki, baseados nesse princípio. É bem simples: o
programa vai te mostrando flashcards (de um lado a pergunta e do outro a resposta) e
você vai diz se foi fácil ou difícil de lembrar daquilo (dando uma nota). O algoritmo do
programa calcula o tempo ótimo para te mostrar aquela carta de novo (exatamente
quando você está prestes a esquecer), o que maximiza o aprendizado. A vantagem é que
existe uma biblioteca bem vasta de flashcards para o programa, inclusive para o
aprendizado de inglês.

Para os interessados em meta-aprendizado em si, recomendo:


 O novo livro do Tim Ferris, The 4-hour Chef;

 Como Ler Livros, Charles Doren e Mortimer Adler;

 Qualquer livro sobre leitura dinâmica;

 Os artigos da wikipedia sobre repetição espaçada, palácios de memória e técnicas


mnemônicas em geral

E você, como foi sua experiência no aprendizado de inglês? Alguma dica a compartilhar?

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