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Guia da

coleta seletiva
de lixo
Guia da

coleta
seletiva
de lixo
2ª edição

São Paulo
2014
Ciclo da coleta seletiva municipal

IMPLANTAÇÃO
PLANEJAMENTO Estabelecimento da periodicidade OPERAÇÃO E
Definição do modelo de coleta da coleta, dias da semana e MONITORAMENTO
DIAGNÓSTICO seletiva, abrangência geográfica número de viagens do veículo, no
Avaliação de indicadores de
ANÁLISE DE BENEFÍCIOS
e estratégia de educação e caso do modelo “porta a porta”.
Estudo socioeconômico da desempenho: custo por tonelada Contabilidade de receitas
sensibilização da população. Instalação de PEVs, apoio logístico
população, composição do lixo coletada, quantidade recolhida por ambientais: aumento da vida útil
É feita uma análise dos custos e capacitação de cooperativas
e panorama do mercado de domicílio e por PEV, receita com de aterros sanitários, benefícios
operacionais. Dimensionam-se de catadores e construção de
materiais recicláveis. a venda dos materiais recicláveis. da educação para a redução dos
mão de obra, veículos, contêineres galpões de triagem.
Nesta etapa, são identificadas Monitoramento de preços, ações gastos com limpeza pública,
fontes de financiamento e ações e demais equipamentos. A tarefa de marketing para estímulo etc. Contabilidade de receitas
de coleta seletiva já existentes inclui mapear compradores do mercado de reciclagem e econômicas: recursos gerados
envolvendo escolas, catadores, de sucata do entorno e avaliar continuidade dos investimentos pela operação de novos negócios
ONGs, etc. São avaliadas as a possibilidade de parcerias em informação e educação. de reciclagem. Contabilidade
tecnologias disponíveis e locais e consórcios com de receitas sociais: geração de
os impactos ambientais da municípios vizinhos. empregos diretos e indiretos,
implantação do projeto. inclusão e cidadania.

A coleta seletiva é implantada com As cooperativas de catadores podem A sucata é comprada por atacadistas
recolhimento de resíduos porta participar da coleta, além da triagem ou comercializada diretamente
Prefeitura faz o planejamento. a porta e em Pontos de Entrega para indústrias que a transformam Os resíduos separados nas
e venda dos materiais.
Voluntária (PEVs). em matéria-prima. residências voltam ao mercado na
forma de novos produtos.

www.cempre.org.br | www.facebook.com/cemprebr
Guia da coleta seletiva de lixo
Sumário
CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem
1 Introdução 4
Rua Bento de Andrade, 126, Jd. Paulista, São Paulo-SP, CEP 04503-000
Tels. : 55 11 3889-7806 / 8564
2 A coleta seletiva 7
Informações em www.cempre.org.br, www.facebook.com/cemprebr ou cempre@cempre.org.br

Presidente
Victor Bicca Neto
Associados do CEMPRE
Ajinomoto
3 Os recicláveis 16
Diretor executivo Adm
Arcor
4 28
André Vilhena
Conselho editorial
Ambev Técnicas de divulgação/propaganda
Batavo
Victor Bicca, Michel Santos, Paulo Pompílio e Jorge Cajazeira Bauducco

5 33
Coordenação Beiersdorf/Nivea
André Vilhena Brasil Kirin Venda do material reciclável coletado e separado
Texto Braskem
André Vilhena e Fernando von Zuben Bunge

6 35
Carrefour
Colaboração técnica
Darci Campani, Emílio Eigenheer, João Tinôco, Luciana Ziglio, Simone Jardim,
Cargill Armazenagem
Coca Cola
Ivo Milani, Talita Ribeiro, Aline Paschoalino
Danone

7 37
Coordenação da reedição Dell
Sérgio Adeodato Diageo Galpões de triagem
Projeto gráfico e direção de arte Dow
Walkyria Garotti Femsa
Fotos
André Pessoa, Marcos Muzi, Renato Grimm, Sérgio Adeodato e arquivo
Gerdau
Grupo Pão de Açúcar
Heineken
8 Investimentos e custos 42
CEMPRE
Hershey’s

9 46
Ilustrações HP
Sandro Falsetti
Johnson & Johnson Para onde vai depois de reciclado?
Revisão Klabin
José Julio do Espirito Santo Mondelez
Produção gráfica
Bel Brunharo
McDonald´s
Neslté
Nestlé Waters
10 Incineração de rejeitos 48
Tratamento de imagem
Owens-Illinois

11 49
Momédio Nascimento
Pepsico
Impressão Philips
Impactos ambientais
Gráfica Pigma P&G
SIG

12 50
Ficha catalográfica
Vilhena, André
Suzano
Tetra Pak
CICLOSOFT
Guia da coleta seletiva de lixo/texto e coordenação André Vilhena; ilustrações Unilever
Sandro Falsetti –– São Paulo: CEMPRE - Compromisso Empresarial para Via Varejo
Reciclagem, 2013.

Bibliografia
Vigor
Walmart 13 Referências bibliográficas 51
ISBN 978-85-85812-08-9 selo FSC
1. Lixo - Eliminação 2. Lixo - Recuperação 3. Reciclagem (Resíduos etc.)
5. Resíduos sólidos - Manejo I. Título 14 Fornecedores de equipamentos 52
1 Introdução
1.1. O que é coleta seletiva
de lixo?
Coleta seletiva de lixo é um sistema de recolhimento
Esta publicação tem por objetivo esclarecer um sistema de gerenciamento integrado de lixo, de materiais recicláveis, tais como papéis, plásticos, vidros,
dúvidas básicas e propor soluções práticas viáveis também é uma atividade inteiramente dependente metais e orgânicos, previamente separados na fonte gera-
para a implantação e gerenciamento de programas de peculiaridades regionais. Através do extenso dora. Estes materiais, após um pré-beneficiamento1, são
de coleta seletiva por prefeituras em todo o terri- território brasileiro, há uma grande diversidade então vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucatei-
tório brasileiro. No entanto, as informações aqui sociocultural e econômica influindo diretamente ros. Este manual irá tratar da coleta seletiva de resíduos
disponíveis podem ser transpostas para sistemas nos aspectos qualitativos e quantitativos do lixo ge- sólidos urbanos. No entanto, extrapolações poderão ser
de coleta seletiva de menor escala, gerenciados rado. Sendo assim, cada município deve buscar os feitas para o caso de resíduos industriais ou agrícolas, com
por ONgs, condomínios, escolas, associações de sistemas de coleta seletiva que melhor se adaptem algumas adaptações.
moradores, entre outros, desde que executadas à realidade local. Em muitos casos a reunião de dois O sistema pode ser implantado em bairros residenciais,
as devidas adaptações relativas à dimensão e aos ou mais municípios, através da formação de con- escolas, escritórios, centros comerciais ou outros locais A coleta seletiva não2 é uma atividade lucrativa de um
objetivos do projeto. sórcios, poderá gerar resultados significativamente que facilitem a coleta de materiais recicláveis. Contudo, é ponto de vista de retorno imediato, pois a receita obtida
Cabe ressaltar que a coleta seletiva, parte de melhores, considerando a relação custo-benefício. importante que o serviço de limpeza pública do muni- com a venda dos recicláveis não cobrirá as despesas ex-
cípio esteja integrado a este projeto, pois desta forma os tras do programa. No entanto, é fundamental considerar
resultados serão mais expressivos. os custos ambientais e sociais, que podem ser bastante
Um programa de coleta seletiva deve ser parte de reduzidos. Posteriormente, estes e outros aspectos serão
um sistema amplo de gestão integrada do lixo sólido abordados com mais profundidade.
que contempla também a coleta regular, uma eventual A coleta seletiva é parte integrante de um projeto de
segunda etapa de triagem e finalmente a disposição reciclagem, e quando bem gerenciada contribuirá decisi-
final adequada. vamente para aumentar sua eficiência.

1.2. Como elaborar um projeto de reciclagem


completo?
Quando se concebe um projeto de reciclagem, é preciso estar atento a todas as fases que sustentam e determinam
seu sucesso. A dinâmica da reciclagem de lixo pode ser entendida como uma corrente em que todos os elos devem
se interligar e funcionar em perfeito equilíbrio.

EsQuEma simpliFiCado dE um proJEto intEgrado dE rECiClagEm

ColEta
rECiClagEm mErCado
sElEtiva

1
Compreende-se por pré-beneficiamento a separação por cor, tipo, tamanho, densidade, etc.; lavagem; secagem; prensagem;
moagem; e enfardamento.
2
O CEMPRE não tem conhecimento de programas de coleta seletiva que sejam lucrativos do ponto de vista de receitas imediatas.

4 5
2
É importante ressaltar que esta corrente está sendo (segundo elo) e aumento da capacidade instalada das
apresentada de forma simplificada. Sem uma estrutura
eficiente de coleta seletiva, as outras etapas ficam compro-
indústrias recicladoras. Estes fatores irão refletir no primeiro
elo da corrente, promovendo um aumento da procura por A coleta seletiva
metidas. Aqui, o terceiro elo está relacionado ao produto materiais recicláveis com consequente aumento do valor
reciclado a ser colocado no mercado. Com o aumento agregado do material coletado. Assim estará garantido o
progressivo do consumo de produtos reciclados, haverá fluxo contínuo necessário para recicláveis e reciclados, com Existem diversas formas de se operar um sistema casos uma combinação de diferentes metodologias
a possibilidade de maiores investimentos em tecnologias melhores resultados econômicos para o projeto. de coleta seletiva de lixo sólido urbano. Cada muni- poderá gerar os melhores resultados. A seguir serão
cípio deve avaliar e adotar aquele sistema que me- apresentadas algumas alternativas práticas de fácil
lhor lhe convier. Sabe-se, contudo, que em alguns implementação e operação.

1.3. Vantagens proporcionadas pelos


programas de coleta seletiva Figura 1 – Exemplo de apresentação do perfil do lixo (% peso)

O investimento em coleta seletiva proporciona uma série de vantagens relacionadas aos chamados custos ambientais.
Os municípios que tiverem estes programas promoverão:

• redução de custos com a disposição final do lixo 0,6% Alumínio


(aterros sanitários ou incineradores); 2,3% Aço
• aumento da vida útil de aterros sanitários3; 2,4% Vidro
• diminuição de gastos com remediação de áreas 13,1% Papel, papelão
e longa-vida
degradadas pelo mal acondicionamento do lixo (por Em relação aos benefícios 13,5% Plástico
exemplo, lixões clandestinos); sociais pode-se listar:
16,7% Outros
• educação e conscientização ambiental da população;
51,4% Matéria orgânica
• diminuição de gastos gerais com limpeza • geração de empregos diretos
Fonte: IPEA, 2010
pública, considerando-se que o comportamento e indiretos com a instalação de
de comunidades educadas e conscientizadas
novas indústrias recicladoras
ambientalmente traduz-se em necessidade menor de Esta análise permitirá atentar para as alterações do perfil características bem distintas ao longo de seus domínios.
intervenção do Estado; na região e ampliação de
do lixo num mesmo município decorrentes de variações Para maiores detalhes sobre técnicas de caracterização
• melhoria das condições ambientais e de saúde
indústrias recicladoras já em atividades econômicas, níveis sociais, questões cultu- do lixo, consultar o Manual de Gerenciamento Integrado
pública do município. estabelecidas; rais, entre outras. No Brasil, muitos municípios apresentam do Lixo – CEMPRE/IPT.
• resgate social de indivíduos
através da criação de IMPORTANTE: Caracterização do lixo
associações e cooperativas
de catadores4. Antes de iniciar qualquer projeto que envolva coleta, reciclagem e/ou
tratamento do lixo, a exemplo da coleta seletiva, é importante obter um “raio
X” do lixo, ou seja, avaliar qualitativamente5 e quantativamente6 o perfil dos
resíduos sólidos gerados em diferentes pontos do município em questão. Esta
caracterização permitirá estruturar melhor todas as etapas do Projeto.
3
Está cada vez mais difícil dispor de áreas para implantação de aterros sanitários, principalmente nos grandes centros urbanos. A disposição do
lixo a grandes distâncias encarece demasiadamente os gastos com a limpeza urbana.
4
O CEMPRE dispõe de um kit educativo que ensina como montar e operar uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis. O material 5
Tipos de materiais recicláveis: plásticos, vidros, papéis, metais, orgânicos, entre outros.
didático foi elaborado em linguagem simples e de fácil acesso a todas as camadas da sociedade. Cabe ressaltar que o CEMPRE apoia somente o 6
Quantidade gerada de cada tipo de material (em peso).
trabalho organizado de catadores, condenando as atividades realizadas aleatoriamente em lixões.

6 7
2.1. Metodologias de coleta seletiva 2.1.2. Separação em centrais de triagem

2.1.1. Segregação total na fonte Um galpão de triagem é útil mesmo no caso da e outros (considerados rejeito). É claro que, depen-
segregação na fonte pelo sistema secos/úmidos, já que dendo da dimensão do programa, o galpão poderá
haverá necessidade de separação dos secos (papéis, ser transformado em uma estrutura mais simples e de
A separação na fonte geradora dos diferentes tipos de seleção” que for adotado pelo município. plásticos, vidros, etc.), úmidos (fração de orgânicos8) menor custo.
materiais recicláveis presentes no lixo promove inúmeros
ganhos que se traduzem em redução de custos nas eta- Exemplo clássico de “modelo de seleção”: Figura 3 – Galpão de triagem de resíduos sólidos (com esteira)
pas posteriores. Estes custos estão associados a triagem, Separação entre lixo seco (plásticos, papéis, vidros,
lavagem, secagem, transporte, entre outros. metais, longa-vida, pneus, etc.), lixo úmido (resíduos or-
A segregação do lixo é feita pelo próprio morador gânicos, tais como restos de alimentos, cascas de frutas e
que acondiciona os recicláveis separadamente. Deve-se legumes, etc.) e, eventualmente, outros (rejeito7). As prefei-
prever, portanto, local disponível para armazenamento. turas podem disponibilizar também a alternativa “resíduos
Esta separação deverá ser feita baseada no “modelo de especiais”, conforme será descrito adiante.

Figura 2 – Sistema de coleta seletiva secos/úmidos

Figura 4 – Esteira de triagem*

8
Nesse caso, entende-se por resíduos orgânicos os restos de alimentos e podas de jardinagem.
7
Nomenclatura mais usual para outros. *Mais detalhes adiante

8 9
2.1.3. Coleta multisseletiva 2.2. Modelos de coleta seletiva
Neste caso, é feita a coleta seletiva dos diferentes tipos
de materiais recicláveis simultaneamente, mas com separa-
• capacidade de escoamento (venda) de todos os
materiais;
2.2.1. Coleta seletiva porta a porta
ção rigorosa entre todos os tipos já na fonte geradora (ver • necessidade de uma campanha educativa mais
Figura 5). O método se aplica tanto ao sistema voluntário detalhada. É semelhante ao procedimento clássico de coleta nor- Este modelo varia caso a caso. É comum a separação
quanto ao sistema porta a porta9. Para sua implantação, mal de lixo, porém com algumas variações que caracteri- entre lixo úmido (orgânicos) e lixo seco (papéis, plásticos,
deve-se levar em conta uma série de aspectos técnicos e Para transpor estas “barreiras” técnicas, investimen- zam a coleta seletiva. Os veículos coletores percorrem as re- metais, vidros, etc.). O material coletado é destinado a gal-
econômicos. Entre as barreiras técnicas a serem transpos- tos serão maiores, o que irá ampliar os custos gerais do sidências em dias e horários específicos que não coincidam pões de triagem onde é feita então uma segunda separação
tas, destacam-se: projeto. Contudo, este tipo de coleta pode ser bom com a coleta normal11. Os moradores colocam então os em esteiras (Figuras 4 e 19), em “silos de ordenha” (ver Figura
para os casos das comunidades que atingiram altos recicláveis nas calçadas, acondicionados em contêineres12 20) ou simplesmente em bancadas. A coleta de todos os
• necessidade de veículos coletores especiais; índices de participação ou mesmo para a coleta sele- distintos. O tipo e o número de contêineres irá variar de materiais em separado pode ser feita (coleta multisseletiva),
• espaço físico para armazenamento dos materiais em tiva específica de determinados tipos de materiais. No acordo com o sistema implantado. mas deve-se estar atento para a relação custo-benefício.
separado10; entanto, em geral, recomenda-se a adoção do modelo
• maior frequência (dias) de coleta; “secos/úmidos”.

Figura 6 – Caminhão coletor não compactador – coleta seletiva porta a porta

Figura 5 – Veículo coletor com multicaçamba

11
Os veículos coletores podem realizar as coletas regular e seletiva simultaneamente, desde que possuam compartimentos distintos para cada
9
Ver definição de coleta porta a porta e voluntária no item 2.2 (Modelos de coleta seletiva). tipo de material (coleta multisseletiva).
10
Muitas vezes, os domicílios não dispõem de área para estocagem do material, principalmente no caso de apartamentos. 12
Podem ser utilizados sacos plásticos.

10 11
2.2.2. Coleta seletiva voluntária 2.2.3. Postos de recebimento ou troca
(tipo drop-off sites ou déchetteries)
Em alguns casos, utilizam-se contêineres ou mesmo Cada material deve ser colocado num recipiente específico
pequenos depósitos colocados em pontos fixos pré-deter- (com nome e cor). É importante ressaltar que a coloração
minados da “malha” urbana denominados PEVs (Pontos de nem sempre é respeitada pelos fabricantes e fornecedores A alternativa de instalação de postos de recebimento Estes centros de troca deverão possuir uma concepção
Entrega Voluntária) ou LEVs (Locais de Entrega Voluntária), dos recipientes. No entanto, a combinação usual entre (ou troca14) pode ser bastante útil tanto para os casos ergonômica que permita a circulação de automóveis e
onde o cidadão espontaneamente deposita os recicláveis. cores e materiais é a seguinte: em que a coleta seletiva for porta a porta15 como quan- caminhões em seu interior, facilitando assim o acesso de
do a coleta seletiva for voluntária. Outra opção é criar indivíduos que, de passagem, pretendam depositar ali seu
verde azul vermelho amarelo centros de troca independentes em locais afastados dos lixo reciclável, ou mesmo para aqueles que tenham perdido
vidro papel plástico metal centros urbanos, que podem servir inclusive de estações o dia programado para a coleta porta a porta.
de transferência16.
Além das cores, alguns símbolos são comumente utilizados para caracterizar os diferentes materiais, a saber:
Figura 9 – Exemplo de drop-off site

Figura 7 – Simbologia para identificação de materiais recicláveis

alumínio aço longa-vida vidro descarte lixo comum


reciclável reciclável reciclável reciclável seletivo (anti-littering)

O sucesso da coleta seletiva voluntária está diretamente Figura 8 – PEVs


associado aos investimentos em educação – ou sensibi- (Pontos de Entrega Voluntária)
lização e conscientização – ambiental da população, que
irá variar bastante entre os municípios brasileiros. Deve-se
fazer, portanto, uma análise criteriosa de cada caso com
o objetivo de ter certeza de que vale a pena investir num
projeto de coleta voluntária.
Se o projeto for bem concebido e a participação da
população for efetiva, os custos gerais com o programa
serão sensivelmente reduzidos13. Estes locais também podem ser chamados de PEVs ou LEVs e sua concepção pode ser semelhante aos já tradicionais
sistemas drive-thru.

Há locais específicos disponibilizados pela prefeitura, em parceria com fabricantes, para a entrega de resíduos espe-
Atenção: quanto maior for a
ciais como lâmpadas, pneus e óleos lubrificantes, entre outros.
participação voluntária num programa
de coleta seletiva de lixo, menores serão
os custos gerais para administrá-lo. 14
A troca pode ser por alimentos, vale-transporte, vale-refeição, descontos para ingressos em eventos culturais ou outra opção a ser definida
localmente.
15
Serve de opção para os domicílios que, por algum motivo, “perderem” os dias normais da coleta seletiva.
16
Para maiores detalhes sobre o funcionamento de unidades de transferência de resíduos sólidos, consultar o Manual de Gerenciamento Integra-
13
Reduz o número necessário de veículos coletores e também o consumo de combustível, além de outras vantagens. do do Lixo – CEMPRE/IPT.

12 13
2.2.4. Os catadores 2.3. Monitoramento do programa
de coleta seletiva
Historicamente, a participação dos catadores17 como um papel definido e importante na sociedade, bem com
“agentes” da coleta seletiva é crucial para o abastecimento uma fonte regular de renda.
É importante definir os parâmetros – indicadores-chave – de avaliação do desempenho do programa. Os indica-
do mercado de materiais recicláveis e, consequentemente, O trabalho autônomo dos catadores é importante, mas
dores clássicos são:
como suporte para a indústria recicladora. Um programa a organização em cooperativas ampliará significativamente
de coleta seletiva deve contemplar o trabalho destes in- a produtividade e mesmo os ganhos individuais. O CEM-
divíduos, mesmo que não haja apoio direto à atividade. PRE desenvolveu um kit para a capacitação dos catadores
Estima-se hoje no Brasil a atuação de cerca de 800 através da formação de cooperativas. O kit Catadores,
mil catadores de rua (autônomos e em cooperativas), do CEMPRE, é destinado a todos aqueles que desejam, • despesas com campanhas de educação
responsáveis pela coleta de vários tipos de materiais. de forma autodidata, viabilizar a coleta seletiva através
A valorização do trabalho dos catadores permite não só do trabalho cooperado. O kit consiste em um manual ($/domicílio/ano ou $/hab/ano);
ganhos econômicos, mas também sociais. Muitos indiví- do instrutor com os primeiros passos para formar uma • velocidade média de coleta, considerando
duos que estavam à margem da sociedade por diversos cooperativa, um painel para aulas, vídeos educativos, ma-
motivos, ao ingressar no trabalho de catação, passam por nuais e certificados de participação para serem entregues
paradas do veículo coletor por hora;
um processo de “resgate de cidadania”, tendo novamente no final do curso18. • custo de operação do veículo coletor por
hora (inclui manutenção, mão de obra, etc.);
Figura 10 – Catador em atividade
• quantidade de materiais recicláveis triados
(kg/funcionário/h);
• custo operacional de triagem ($/t);
• custo operacional total da coleta seletiva
($/t);
• receita com a venda dos recicláveis (por tipo
e por tonelada).

Com o acompanhamento permanente, é possível identificar e corrigir falhas e também reproduzir os acertos.
A estatística é peculiar a cada caso, mas é imprescindível dispor de dados que traduzam o desempenho do programa.

17
O CEMPRE apoia apenas o trabalho dos catadores de rua ou de galpões de triagem, condenando veementemente o trabalho de catação em
lixões.
18
O kit foi produzido em parceria com a OAF (Organização de Auxílio Fraterno), Coopamare e Senac. Para aquisição, contatar o CEMPRE.

14 15
3 Os recicláveis Quadro 2
Classificação de aparas de papel no Brasil
Tipos Origem das aparas Tu*(%) Ti*(%) Tm*(%)
A seguir serão apresentadas as principais carac- de materiais e suas características básicas. Desta Cartões Cartões de material fibroso de alta qualidade para computação de 10 1 0
terísticas de cada tipo de material reciclável encon- forma, fica mais fácil estruturar a coleta seletiva perfurados dados
trado com mais frequência no lixo sólido urbano e, principalmente, as etapas de triagem e venda Branco I Papéis brancos sem impressão e sem revestimento 10 0 0
não tóxico. É muito importante conhecer os tipos dos recicláveis. Branco II Formulários contínuos de papel branco sem papel carbono entre as 10 3 0
folhas e sem revestimento carbonatado
Plásticos (garrafas, Branco III Papel de imprensa e jornal sem impressão de espécie alguma 10 0 0
Alguns materiais encontrados com mais frequência frascos, sacolas, entre outros); Branco IV Papéis brancos de escritório, manuscritos, impressos, cadernos 10 5 0
no lixo sólido urbano alumínio (latinhas, esquadrias); usados sem capa
metais ferrosos e outros metais (latas,
perfis variados, molas, tambores);
Branco V Papéis brancos com grande quantidade de impressão ou com 10 2 0
revestimento
orgânicos (restos de comida, resíduos de
jardins); papel/papelão (caixas de papelão, Jornal I Aparas e restos de bobinas de papel imprensa e jornal, sem impressão 10 0 0
LIXO SÓLIDO COLETA jornais, papel branco, embalagens longa-vida); nem revestimento
URBANO SELETIVA borracha (pneus, tapetes); vidro (frascos, Jornal II Aparas de jornais gerados em redações, retorno de banca, livres de 12 1 0
garrafas, vidro plano – por exemplo, revistas e colas
de janela); madeira; entulho (concreto, Jornal III Aparas de jornais gerados em redações, coleta de rua, com presença 12 1 1
tijolo, telhas); reutilização de até 10% de revistas e outros papéis
(livros, bicicletas, roupas, Longa-vida Aparas de embalagens usadas ou não de cartão fabricado com fibra 15 3 1
sapatos, etc.) longa e laminado com polietileno e alumínio para alimentos
3.1. Papel/Papelão Kraft I Sacos multifolhados, sacos de papel kraft refugados por defeitos ou
não usados
15 3 1

O Quadro a seguir enumera os tipos de papel que são energia. É importante dominar essa informação pois isso Kraft II Sacos multifolhados já usados, com fibras e cores diversas, sem seleção 15 5 1
recicláveis e quais são considerados não recicláveis, excluin- aumenta o poder de negociação para a venda do material Kraft III Sacos multifolhados principalmente de cimento, misturados, sem 20 7 5
do-se a possibilidade de incineração com recuperação de no mercado de recicláveis tradicional. batimento ou seleção
Aparas Paraná Artefatos de papel produzidos integralmente de pasta mecânica 12 0 0
Quadro 1 Cartolina I Cartão e cartolina, com ou sem revestimento, sem impressão 10 0 0
Papel reciclável x Cartolina II Cartão e cartolina, com ou sem revestimento, com impressão em
cores variadas
12 10 0

papel não reciclável Cartolina III Cartão e cartolina brancos plastificados, com ou sem impressão 12 3 7
Reciclável Não reciclável O Quadro 2 apresenta a classificação de aparas de papel
Ondulado I Caixas de papelão ondulado fabricadas com capa de alta resistência 15 3 0
(para ser utilizado como papel) no Brasil. Embora não seja necessário que os administrado-
Ondulado II Caixas, chapas ou refugos de papelão ondulado com menor resistência 15 3 1
Caixa de papelão Papel carbono res do programa de coleta seletiva conheçam em detalhes do que o tipo anterior
Jornal Fotografias esta classificação, é importante que tenham acesso a ela,
Ondulado III Caixas, chapas ou refugos de papelão ondulado podendo conter até 15 5 3
Revista Fitas adesivas uma vez que os compradores do material proveniente do 20% dos outros tipos
Impressos em geral Etiquetas adesivas programa poderão exigir esta separação de acordo com Revistas Revistas velhas com defeitos ou impressas em papéis com ou sem 12 2 1
Fotocópias algumas de suas de especificações, refletindo, inclusive, revestimento
Rascunhos no preço da compra. Misto I Papéis usados mistos de escritórios, gráficas, aparas coloridas, cartões, 12 5 1
etc.
Envelopes
Misto II Papéis usados mistos de escritórios, lojas comerciais, residências 15 10 3
Papel timbrado
Embalagens longa-vida* Misto III Papéis usados mistos de todas as procedências 20 15 5
Cartões 19
As embalagens longa-vida estão inseridas na coluna “papéis” devido Tipografia Aparas de recortes coloridos de gráficas e tipografias 10 1 0
à ótima qualidade das fibras de celulose que compõem a camada de
Copos descartáveis papel (75% do peso da embalagem em média), sendo consideradas *Tu = teor máximo de umidade; Ti = teor máximo de impurezas; Tm = teor máximo de materiais proibitivos
*papel + plástico + alumínio19 matéria-prima nobre para os recicladores. Fonte: Relatório Estatístico BRACELPA 2011/2012

16 17
Quadro 3
Densidade de materiais presentes nos resíduos urbanos
Material Densidade (g/cm3)
Madeira 0,40 a 0,80
Polipropileno (PP) 0,90 a 0,91
Polietileno de baixa densidade (PEBD) 0,91 a 0,93
Polietileno de alta densidade (PEAD) 0,94 a 0,96
3.2. Plástico Água 1,00
Poliestireno (PS) 1,04 a 1,08
A maior dificuldade para a reciclagem dos plásticos, recicladoras de plásticos brasileiras que operam com os Policarbonato (PC) 1,20
considerando aspectos técnicos e econômicos, é a necessi- diferentes tipos simultaneamente. A separação pode ser Poli(tereftalato de etileno) (PET) 1,22 a 1,40
dade de haver separação entre tipos. Raras são as indústrias feita de várias maneiras. Poli(cloreto de vinila) (PVC) 1,22 a 1,40
Vidro 2,40 a 2,80
Alumínio 2,55 a 2,80
Observação: materiais com densidade < 1,00 flutuam em água; materiais com densidade > 1,00
3.2.1. Separação por densidade afundam em água.
Fonte: Mano, E. B. Polímeros como materiais de engenharia, Editora Edgar Blücher (1991).

A figura 11 mostra um exemplo simplificado de separação


A separação por densidade é um método de segregação Se o PP estiver presente na mistura citada, numa quan- por densidade (g/cm3) de alguns tipos de plásticos.
de resíduos plásticos moídos20 bastante prático. Entretan- tidade em peso acima de 5%, ele precisa ser separado sob lixo plástico
to, sua utilização é recomendada em situações onde não pena de prejudicar sensivelmente a qualidade do produto
venha a se tornar um “gargalo” na produção, ou seja, não final (reciclado). Isto se deve ao fato de o PP ser incompa-
Água
prejudique o fluxo geral do processo que compreende tível tecnicamente com o PEAD, o PEBD e o PEBDL. Assim,
d = 1,00
não só a separação, mas também a recepção (oriunda da faz-se necessário avaliar custos e velocidade desta etapa
coleta) e a venda (do material selecionado). Para tanto, frente a todo o processo de reciclagem. pp, ldpe e hdpe ps, pet, pvc e outros
é necessário avaliar a quantidade de plásticos que será Durante a etapa de lavagem, que geralmente é feita em
separada, os tipos e os custos envolvidos no processo. água (com densidade relativa igual à 1), pode ser feita a solução solução
No caso da separação de poliolefinas (PEAD, PEBD, PP separação de fragmentos plásticos já moídos. Nesta fase, hidroalcoólica salina
e PEBDL21) dos demais, o método é utilizado com relativa são separados os fragmentos plásticos menos densos que a d = 0,94 d = 1,08
frequência, uma vez que estes são menos densos que a água – PP, PEAD, PEBD e PEBDL – dos fragmentos plásticos
pp, ldpe hdpe ps pvc, pet e outros
água pura, ao contrário dos demais, tornando baixo o custo mais densos – PS, PVC e PET23 –, metais e outras impurezas
do processo. Porém, se houver uma quantidade significa- mais pesadas, como areia, terra, pedra, etc. O Quadro 3
tiva de PEBD, PEAD e PEBDL e for necessário separá-los, indica a densidade dos plásticos e outros materiais mais solução solução
o custo pode aumentar bastante22 e sua viabilidade deve comumente presentes nos resíduos sólidos urbanos. hidroalcoólica salina
d = 0,91 d = 1,35
ser cuidadosamente avaliada.

pp ldpe pvc pet e outros

solução
salina
20
A moagem (fragmentação) dos plásticos é feita com o auxílio de moinhos de facas rotativas. Para maiores detalhes, consultar o CEMPRE.
21
PEBD (polietileno de baixa densidade); PEAD (polietileno de alta densidade); PEBDL (polietileno de baixa densidade linear); PP (polipropileno). d = 1,37
22
Devido à adição de álcool.
23
PS (poliestireno); PVC (poli(cloreto de vinila)); PET (poli(tereftalato de etileno). O PET deve ser sempre separado por cor.
pet outros

18 19
O Quadro 4 apresenta uma relação entre densidade e peso de soluções aquosas (água + …) contendo álcool etílico
(solução hidroalcoólica), cloreto de cálcio (solução salina) e cloreto de sódio (solução salina). 3.2.3. Ensaios de queima
Quadro 4
No Quadro 5 são descritas as características e aplicações básicas dos plásticos mais comumente encontrados
Densidades de soluções de álcool etílico ou nos resíduos urbanos. A queima é uma alternativa real para a identificação de plásticos.
cloreto de cálcio ou cloreto de sódio a 20 ºC Quadro 5
Etanol Densidade NaCl Densidade CaCl22H2O Densidade Algumas características dos plásticos mais encontrados
(% em peso) (g/cm ) (Cloreto de sódio) (g/cm ) (Cloreto de cálcio) (g/cm )
nos resíduos sólidos urbanos
3 3 3

(% em peso) (% em peso)

11 0,98 1 1,004 7,5 1,06


Tipo de Aspecto Propriedades físicas e Aplicações Comportamento
24 0,96 2 1,001 12,0 1,10
plástico visual mecânicas principais quanto à
36 0,94 4 1,025 17,0 1,15 inflamabilidade
Temperatura Outras
48 0,92 8 1,054 22,0 1,20
de fusão (ºC) propriedades
58 0,90 12 1,083 28,0 1,26
PEAD incolor, 130-135 alta rigidez e tampas, queima lenta,
66 0,88 16 1,114 32,0 1,30
opaco resistência vasilhames e chama amarela,
74 0,86 20 1,145 36,0 1,35
frascos em geral com odor de vela
82 0,84 24 1,177 40,0 1,40
26 1,194 PEBD incolor, 109-125 alta utensílios queima lenta,
Fonte: Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) translúcido flexibilidade e domésticos, sacos chama amarela,
a opaco boa resistência e frascos flexíveis com odor de vela
O acompanhamento da variação de densidade da solução pode ser feito com um aparelho simples e barato cha-
mecânica
mado densímetro.
PP incolor, 160-170 boa resistência para-choques de queima lenta,
opaco a choques e carro, garrafas e chama amarela,
3.2.2. Simbologia alta resistência pacotes com forte odor de
química vela
Atualmente, as empresas de transformação de plásti- de codificação24 que consiste em um símbolo com três PS incolor, 235 grande utensílios queima rápida,
cos e organizações ligadas à reciclagem têm se esforçado setas em sequência, identificando o tipo de plástico transparente rigidez, baixa domésticos chama amarela/
no sentido de facilitar a etapa de separação manual dos com o qual o produto foi fabricado, como é mostrado resistência a rígidos, laranja, com odor
artefatos por tipo de plástico. Foi adotado um sistema na Figura 12. choques ou brinquedos de estireno
riscos e boa e indústria
Figura 12 – Símbolos utilizados para identificação de embalagens plásticas – transparência eletroeletrônica
NBR 13.230 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) PVC incolor, 273 flexibilidade tubos rígidos de queima difícil, com
transparente com adição de água e esgoto, carbonização e
modificadores tubos flexíveis e chama amarelada
e alta cortinas com toques verdes
resistência à
chama
PET incolor, 250-270 alta resistência fibras têxteis, queima
transparente mecânica frascos de razoavelmente
1. Poli (tereftalato de etileno); 2. Polietileno de alta densidade; 3. Poli (cloreto de vinila); 4. Polietileno a opaco e química, refrigerante rápida, com
de baixa densidade; 5. Polipropileno; 6. Poliestireno; 7. Outros. transparência e e mantas de chama amarela
brilho impermeabilização fuliginosa
24
Já incorporado pelo sistema de normalização da ABTN (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Fontes: Mano, E. B. Polímeros como materiais de engenharia, Editora Edgar Blücher (1991) e Apostila KIE Máquinas (SP)

20 21
3.2.4. Plásticos rígidos e flexíveis
Em relação ao processo de fabricação, embalagens de- É importante que os resíduos rígidos também se-
correntes do pós-consumo devem ser separadas manual- jam separados manualmente levando-se em conta seu
mente em dois tipos básicos a fim de viabilizar técnica e processo de moldagem: artefatos moldados por sopro
economicamente as próximas etapas da reciclagem: (principalmente frascos e garrafas) devem ser separados
• rígidos, compostos de artefatos moldados principal-
mente por sopro e injeção – baldes, bacias, tampas,
daqueles moldados por outros processos, principalmen-
te injeção, a fim de melhorar a qualidade do produto
3.3. Vidro
embalagens de limpeza, recipientes em geral; final reciclado.
Assim como os outros materiais, a primeira medida em automóveis e na construção civil. No caso de emba-
• flexíveis, moldados através da extrusão de filmes, cons-
para aumentar o valor da sucata de vidro é retirar os con- lagens, chapinhas, canudos e tampas também devem ser
tituídos de sacolas, bolsas, sacos de lixo, etc.
taminantes indesejáveis, tais como pedaços de cristais, retiradas. O Quadro 6 apresenta uma distinção entre as
espelhos, lâmpadas25, plásticos e metais, que são usados sucatas de vidro que são ou não são recicláveis.

sopro Extrusão Quadro 6


ClassiFiCação dE suCatas dE vidro
RECICLáVEIS NãO RECICLáVEIS
garrafas de bebida alcoólica e não alcoólica Espelhos, vidros de janela e box de banheiro,
(refrigerantes, cerveja, suco, água, vinho, etc.) lâmpadas e cristal25
Frascos em geral (molhos, condimentos, Formas, travessas e utensílios de mesa de vidro
remédios e perfumes) temperado
Potes de produtos alimentícios
Cacos de embalagens
Vidros de automóveis25
Fonte: Abividro

Por possuírem composição química diferente, estes o forno. A tolerância máxima é de um grama de ferro e 30
inJEção tErmoFormação contaminantes causam trincas e defeitos nas embalagens. gramas de alumínio por tonelada de caco.
O mesmo ocorre se os cacos estiverem misturados com Outra forma de aumentar o valor de venda da sucata de
terra, cerâmicas e louças. Como não são fundidos junto vidro é separando-a por cores e lavando-a. Os recicladores
com o vidro, estes materiais acabam formando pedras precisam separar o material por cor – transparente, verde,
no produto final, provocando a quebra espontânea do âmbar, etc. – para evitar alterações de padrão visual do
vidro. Plástico em excesso pode gerar bolhas e alterar a produto final e reações que formam espumas indesejáveis
cor da embalagem. Igual problema se verifica quando há no forno. Os limites de contaminação de outras cores
contaminação por metais, como as tampas de cerveja e para os vidros verde e âmbar são, respectivamente, 3 e
refrigerantes: além de bolhas e manchas, o material danifica 2% aproximadamente.

25
Algumas indústrias de vidro já compram vidros planos, lâmpadas, etc., misturados ao vidro de embalagem. Isto se deve ao fato de produzirem
artigos de vidro com composição química diferenciada.

22 23
Chapas off-set Chapas litográficas soltas, novas ou usadas, da série 1000 e/ou 3000, isentas
(Tablet/Tabloid) de papel, plástico e outras impurezas
Estamparia branca Retalhos de chapas e folhas, sem pintura e outros contaminantes (graxa, óleo,
(Taboo) parafusos, rebites, etc.), gerados em atividades industriais
Latas prensadas Latas de alumínio usadas decoradas, prensadas com densidade entre
(Taldack) 400 kg/m3 e 530 kg/m3,com fardos paletizados ou amarrados em lotes de
1.500 kg, em média, com espaço para movimentação por empilhadeira,
3.4. Metais teor máximo de 2,5% de impurezas, contaminantes e umidade
Latas soltas ou Latas de alumínio usadas decoradas, soltas ou enfardadas em prensa de
enfardadas (Talc) baixa densidade (até 100 kg/m3), com teor máximo de 2,5% de impurezas,
3.4.1. Alumínio contaminantes e umidade
Panela (Taint/Tabor) Panelas e demais utensílios domésticos (“alumínio mole”), isentos de cabos –
O alumínio possui ótimo valor de mercado quando co- disso, a sucata de alumínio não deve conter ferro. As latas baquelite, madeira, etc. – e ferro – parafusos, rebites, etc.
mercializado como sucata. A relação preço/peso/volume de aço devem ser comercializadas em separado. Portanto,
Perfil branco (Tread) Retalhos de perfis sem pintura ou anodizados, soltos ou prensados, isentos
confere a ele um bom valor agregado. é importante que se faça uma limpeza básica. Com estas
de contaminantes (ferro, óleo, graxa e rebites)
Para aumentar o valor de mercado de latinhas de alu- medidas, o valor de venda do produto aumenta mais de
mínio, deve-se retirar pedras, areia, canudos de plástico, 20%. A classificação de sucatas de alumínio é apresentada Perfil misto (sem Retalhos de perfis pintados, soltos ou prensados, com teor máximo de 2% de
pontas de cigarro, pedaços de vidro, entre outros. Além no Quadro 7. identificação contaminantes (ferro, óleo, graxa e rebites)
específica)
Pistões (Tarry) Pistões automotivos isentos de pinos, anéis e bielas de ferro, com teor
Quadro 7 máximo de 2% de óleos e/ou lubrificantes
Classificação de sucatas de alumínio Radiador alumínio- Radiadores de veículos automotores desmontados, isentos de cobre,
alumínio (Taint/ “cabeceiras” e outros contaminantes (plástico e ferro)
Tabor)
Tipo Descrição
Radiador alumínio- Radiadores de veículos automotores desmontados, isentos de “cabeceiras” e
Bloco Blocos de alumínio isentos de contaminantes (ferro e outros), com teor
cobre (Talk) outros contaminantes (plásticos e ferro)
(Tense/Trump) máximo de 2% de óleos e/ou lubrificantes
Retalho industrial Retalhos de produção industrial de latas e tampas para bebidas, soltos ou
Borra (Thirl) Borra de alumínio com teores variáveis e percentual de recuperação a ser
branco de chapa prensados, isentos de pintura ou impurezas
estabelecido entre vendedor e comprador
para lata (Take)
Cabos com alma de Retalhos de cabos de alumínio não ligados, usados, com alma de aço
Retalho industrial Retalhos pintados de produção industrial de latas e tampas para bebidas,
aço (Taste)
pintado de chapa soltos ou prensados, isentos de impurezas
Cabos sem alma de Retalhos de cabos de alumínio não ligados, usados, sem alma de aço para lata (Take)
aço (Taste)
Telhas (Tale) Retalhos de telhas de alumínio, pintados em um ou ambos os lados, isentos
Cavaco (Teens/Telic) Cavacos de alumínio de qualquer tipo de liga, com teor máximo de 5% de de parafusos ou rebites de ferro, revestimentos de espuma ou assemelhados
umidade/óleo, isentos de contaminantes (ferro e outros)
Nota: a correlação com as denominações adotadas pelo ISRI (Institute of Scrap Recycling Industries), dos EUA (versão 2005), está indicada entre
Chaparia Retalhos de chapas e folhas, pintadas ou não, com teor máximo de 3% de parênteses
(Taint/Tabor) impurezas (graxa, óleo, parafusos, rebites, etc.); chapas usadas de ônibus e
baús, pintadas ou não; tubos de aerossol (sem cabeça); antenas limpas de TV;
cadeiras de praia limpas (isentas de plástico, rebites e parafusos) Atenção: não se deve colocar outros materiais dentro da lata de alumínio ou dos fardos para aumentar
seu peso e, consequentemente, o valor de venda. Esta é uma prática que irá causar prejuízos aos segmentos
Chaparia Mista Forros, fachadas decorativas e persianas limpas (sem cordões ou outras posteriores na cadeia, diminuindo a confiança do comprador no fornecedor e, por fim, prejudicando o bom
(Taint/Tabor) impurezas) andamento do processo global de reciclagem – da coleta à transformação no produto final.

24 25
3.4.2. Aço – latas de aço (ferrosos)

A exemplo do alumínio, a sucata de ferrosos que É comum encontrar estes separadores magnéticos
será encaminhada para reciclagem deve estar isenta acoplados a esteiras de separação em galpões de triagem.
de metais de outros tipos de composição. Para garan- A sucata de aço será comercializada com sucateiros ou
tir que não haverá “contaminação” por outros metais, mesmo indústrias que incorporam este tipo de resíduo
recomenda-se a utilização de separadores magnéticos
simples, de baixo custo, a exemplo das “bobinas iman-
como matéria-prima em seu processo produtivo. A ven-
da direta para o reciclador irá exigir grandes quantidades
3.4.3. Embalagens tipo longa-vida
tadas” (ver Figura 13). e regularidade de fornecimento.
Crescem as oportunidades para reciclagem destas em- em moinhos especiais para fabricação de chapas com
balagens. Prefeituras, cooperativas e sucateiros no Brasil diversas aplicações (por exemplo, telhas).
Figura 13 – Separador magnético comercializam o material proveniente da coleta seletiva. • Tecnologia de plasma permite a recuperação do alumí-
As possibilidades de reaproveitamento são: nio separadamente dos demais componentes.
• separação e reutilização das fibras de celulose, que en- Para aumentar o valor de venda, o material deve ser
tram nos processos tradicionais de reciclagem de papel; comercializado de forma compactada e com o menor grau
• extrusão e/ou injeção dos componentes plástico e alu- de umidade possível. O ideal seria a ausência total de água
mínio (misturados); e/ou outros líquidos. O CEMPRE dispõe do endereço de
• prensagem (compactação) da embalagem triturada empresas recicladoras de embalagens longa-vida.

Figura 13A – fardo de embalagens tipo longa-vida para reciclagem

Separador magnético (ímã)

Atenção: a coleta seletiva de outros tipos de metais (exemplo: cobre e chumbo) pode ser
completada, desde que haja controle das fontes geradoras a fim de não haver estímulo a
atividades ilícitas, como roubo de fiações e equipamentos em locais públicos ou privados.

26 27
4 Técnicas de divulgação/
propaganda26
Este é um elemento-chave. Somente a partici- camente depois de sua implantação. É importante
pação ativa de toda a comunidade envolvida ga- manter o público informado sobre o total de ma-
rante o sucesso da coleta. É importante divulgar terial coletado desde o lançamento, bem como as
e esclarecer, com folhetos e cartazes, a população metas já alcançadas e aquelas a serem conquistadas.
quanto à dinâmica do projeto. A seguir são apresentados alguns modelos de fo-
Esta comunicação deve preceder o lançamento lhetos que podem servir de inspiração para outros
do programa e também deve ser reforçada periodi- programas de coleta seletiva de diversas origens.

Cinco modelos nacionais de folhetos


explicativos sobre coleta seletiva

Atenção:
Não existe um
padrão único
rígido para
elaboração
destes folhetos.
O importante é
transmitir toda
a informação
necessária de
forma clara
e precisa, em
formato atraente
e linguagem
acessível a todos,
considerando
a enorme
diversidade
sociocultural
brasileira.

26
Ferramentas de educação ambiental.

28 29
30 31
Venda do material
reciclável coletado e
5
separado
A venda ou doação é parte fundamental de Para contatar compradores de sucata, procure-os
todo o processo, pois garante o escoamento do no cadastro do CEMPRE27. O segredo para pro-
material coletado e armazenado. Recomenda-se mover um fluxo contínuo de venda dos reci-
acertar os termos de comercialização com coo- cláveis está na regularidade do fornecimento,
perativas de catadores, sucateiros e/ou indús- tanto sob o ponto de vista de qualidade quanto
trias recicladoras antes de iniciar o programa. de regularidade.

O comércio de sucatas no Brasil está estruturado da seguinte forma:

Figura 14 – Estrutura do mErCado dE suCatas no brasil

4 Recicladores

3 grandes sucateiros
(aparistas, depósitos, grandes ferros-velhos, etc.)

2 Pequenos e médios sucateiros

1a Cooperativas de catadores e
centrais de triagem

1 Catadores autônomos

27
As listas de sucateiros, recicladores e cooperativas podem ser acessadas via internet na home page do CEMPRE: www.cempre.org.br.

32 33
6
Dependendo da quantidade e regularidade de coleta, daqueles que dependem desse mercado. Fatores como
o material poderá ser comercializado com sucateiros ou
cooperativas de catadores. Caso a quantidade de material
honestidade e credibilidade são importantíssimos para o
bom relacionamento comercial. Com a ampla confiança Armazenagem
separado seja grande, existe a possibilidade de venda direta do cliente nos produtos e serviços oferecidos, solidifica-
para a indústria recicladora. se esta relação. É importante lembrar que a qualidade
Quanto mais eficiente for a separação dos diferentes percebida pelo cliente é função da relação entre serviço A seguir são apresentadas algumas dicas básicas sobre a estocagem de materiais recicláveis.
tipos de materiais, melhor será a qualidade de cada um e, esperado e recebido. O Quadro 8 mostra a evolução do
consequentemente, seu valor de mercado. A qualidade conceito de qualidade entre alguns dos fornecedores de
do serviço é um fator importante para a sobrevivência materiais recicláveis.

6.1. Papel
Quadro 8 Todo cuidado é pouco com a estocagem de papel.
O material pode inflamar-se facilmente, principalmente
Evolução dos conceitos de qualidade entre os durante o verão. Aconselha-se não empilhar o material
fornecedores de materiais recicláveis até a proximidade do teto do galpão de armazenagem
para evitar risco de combustão. Além disso, deve haver
extintores de incêndio espalhados em locais estratégicos.
Há registro de galpões e usinas no Brasil que já tiveram
Setor da sociedade Antiquado Moderno
problemas com incêndios, contraindo grandes prejuízos.
Atividades dos catadores • individualismo • formação de cooperativas O papel deve ser armazenado em local coberto para
• sujeira • limpeza evitar a absorção de água da chuva sob pena de se tornar
• marginalidade • confiança necessária a secagem do material para venda, o que acarre-
• desorganização • credibilidade tará custos extras. Alguns indivíduos desonestos insistem em
• má remuneração • organização molhar propositalmente o papel para obterem vantagens
• falta de motivação • boa remuneração na venda do fardo “mais pesado”. Esta prática contribui
• inadimplência • motivação para a depreciação da imagem da coleta seletiva perante
os recicladores e a opinião pública, reduzindo sua eficiência.
Atividades dos sucateiros • pouca visão empresarial • incremento das relações comerciais É, portanto, uma atitude insensata que deve ser evitada.
• irregularidades administrativas • estruturação
• desorganização • organização
• concorrência desleal • profissionalismo
Escolas e associações de • indiferença quanto aos • engajamento em questões
6.2. Plástico
moradores problemas ambientais ambientais
A sucata de plástico deve ser geralmente armazenada
em locais cobertos para evitar absorção de água (por al-
guns tipos) e a degradação do material por ação dos raios
solares28. Quanto ao perigo de incêndio, os plásticos são
inflamáveis e de alto poder calorífico – variando com o
tipo – e, portanto, deve-se tomar os devidos cuidados.
No entanto, a combustão espontânea do plástico é mais
improvável do que a do papel.

28
Alguns tipos de plásticos são muito suscetíveis a este tipo de degradação (exemplo: PP).

34 35
6.3. Vidro
A sucata de vidro não triturada e previamente selecio-
nada pode ser estocada em tambores e/ou engradados em
Galpões de triagem 7
lugares descobertos (tipo “baias”) para posterior reutiliza-
ção, reduzindo-se os gastos com armazenagem. O mesmo O layout de um galpão de triagem pode variar bastante de acordo com o esquema de recebimento
pode ser dito em relação aos cacos que serão utilizados e separação dos recicláveis. Não existe um padrão estático para operação destes galpões.
no processo de fabricação de novos produtos de vidro.
As etapas clássicas são: Em alguns casos pode ser feito um pré-beneficiamento
Observação: A trituração do vidro
• recebimento/estocagem; que irá agregar valor à sucata a ser comercializada. Este
reduz o volume a ser armazenado
• separação (em esteiras, silos ou mesas/bancadas); procedimento envolve:
• prensagem/enfardamento. • para plásticos: retirada de rótulos, lavagem, moagem,
limpeza manual, separação por cor, separação por tipo;
6.4. Aço (latas de aço) • para papel: limpeza manual, secagem, separação por
tipo;
Os metais ferrosos não precisam ser estocados em lu-
• para vidro: lavagem, trituração, separação por cor, sepa-
gares cobertos, o que reduz sensivelmente os gastos com
ração por tipo (exemplo: embalagens x vidro plano)30;
sua armazenagem. A oxidação (“ferrugem”) da camada
• para metais: retirada de contaminantes (pedras, areia,
externa do metal serve como proteção anticorrosão para
plásticos, etc.), separação por tipo.
as camadas mais internas e é benéfica ao processo de
reciclagem. Por outro lado, deve-se tomar cuidado com o
acúmulo de águas pluviais, que pode acarretar problemas Figura 15 – Vista externa de um galpão de triagem
de transmissão de doenças, como a dengue29.

6.5. Alumínio
Devido ao curto espaço de tempo em que o alumínio
ficará estocado, não se faz necessário guardá-lo em locais
cobertos, apesar de ser mais indicado, pois evita o acú-
mulo de águas pluviais. Como o alumínio apresenta alto
valor agregado (R$/kg), é aconselhável guardá-lo em locais
seguros, com trancas e cadeados se necessário.

6.6. Embalagens longa-vida


Caso estejam enfardadas, podem ser estocadas ao ar
livre, pois a camada de polietileno e a pressão do fardo
protegem a camada de papel.

Atenção: algumas indústrias “vidreiras” já incorporam, em seu processo produtivo, uma mistura controlada de cacos de vidro plano e de
30

29
O mesmo cuidado deve ser tomado com pneus. embalagens.

36 37
Na construção dos centros de captação e triagem, é possível. Sendo assim, cada etapa descrita anteriormente
Figura 16 – Layout interno de um galpão de triagem importante considerar a lei da gravidade, ou seja, conce- seria realizada em nível (altura) compondo o chamado
ber a estrutura de modo a aproveitar a energia máxima “efeito escada” (ver Figura 17).

Figura 17 – “Efeito escada” na construção de galpões

1 5

1 Prensa vertical 4 Fardos


2 Balança 5 Empilhadeira
3 Esteira

38 39
7.1. Recebimento de recicláveis 7.2.1. Com esteira
Seja qual for o modelo de coleta seletiva, deve estar for possível, a área de armazenagem deve ser totalmente
prevista uma área específica para estocagem dos recicláveis coberta, mas parte dela pode ser ao ar livre, desde que O lixo reciclável é conduzido por esteiras e é separado
seguindo as prerrogativas assinaladas anteriormente. Se para acomodar alguns tipos de sucata (ver Capítulo 6). continuamente, de forma manual. Para efeito de maximizar
a eficiência do processo, alguns parâmetros devem ser
analisados cuidadosamente, a saber:
• quantidade de material a ser separado;
Figura 18 – Foto de área de estocagem • número de pessoas que irão trabalhar na esteira;
• área disponível (atenção para comprimento e largura);
• capacitação técnica para manutenção.

Estes parâmetros irão influir em:


• velocidade da esteira;
• tipo de esteira.

Para aumentar a produtividade na etapa de triagem, que


muitas vezes se constitui num “gargalo” para o processo
como um todo, recomenda-se o trabalho em turnos nas
esteiras, permitindo uma operação de 24 horas/dia.
A terceirização do serviço de triagem tem apresentado
ótimos resultados no Brasil, com ganhos significativos de
produtividade e boa relação custo-benefício.

Figura 19 – Esteira transportadora


de separação

7.2.2. Com silos


Em alguns casos, a velocidade de separação (veloci-
dade de esteira) é insuficiente para cobrir a quantidade
de recicláveis a ser separada. Nestes casos, a utilização de
silos pode resultar em melhor produtividade no processo,
inclusive diminuindo a quantidade de rejeitos gerados.

Importante: quanto menor a


7.2. Triagem eficiência de separação, maior a
quantidade de “rejeitos” gerados,
Para a separação manual realizada por indivíduos Em processos de escala reduzida (por exemplo, nas pois estará incluída nesta categoria
treinados para tal, recomenda-se a utilização de esteiras pequenas cidades), mesas de separação podem ser Figura 20 – Galpão com silos de um percentual elevado de materiais
transportadoras ou mesmo silos de armazenamento. suficientes. separação recicláveis que não foram segregados.

40 41
8 Investimentos e custos 8.1.1. Máquinas e equipamentos

8.1.1.1. Prensas
Este é um quesito extremamente importante e grama de coleta seletiva. Contudo, os investimentos
Normalmente, para prensar lixo sólido coletado seletivamente em programas municipais, utilizam-se prensas hi-
que, por motivos óbvios, desperta grande interesse necessários irão variar bastante de acordo com as
dráulicas com capacidade média de 15 toneladas. A prensa poderá ser do tipo vertical ou horizontal.
por parte das prefeituras ou outras iniciativas espon- dimensões do projeto. A seguir, serão apresentados
tâneas que pretendam implantar e operar um pro- os custos relativos a alguns itens importantes.
Figura 21 – Prensa hidráulica vertical

8.1. Itens de investimento


Infraestrutura Custo (R$) Observação
Terreno não calculado muito variável. Geralmente cedido pelo município
Obras civis 160.000 galpão industrial de 300 m2 com escritório,
vestiário e sanitários
Montagem de equipamentos 2.000 —
Móveis e utensílios 20.000 utensílios para escritório, mesas, cadeiras.
armários, computador, impressora, telefone
Máquinas e equipamentos
Esteira transportadora 30.000 de acordo com as especificações descritas no Item Figura 22 – Prensa horizontal
8.1.1.2
Prensa vertical 25.800 fardos de até 200 kg
EPIs 31
80 por trabalhador: óculos, capacete, calçado de
borracha, protetor auricular e luvas
Composteira (ou biodigestor)32 — —
Balança 4.800 eletrônica, para 1.000 kg
Contêineres/caçambas não calculado muito variável. Recomenda-se o uso de
coletoras criatividade para adaptação de coletores em
aço, fibra de vidro ou plástico. No Capítulo 14 é
fornecida uma lista de fornecedores de contêineres
pré-fabricados ou sob encomenda
Triturador de vidro 6.000 capacidade: 500 kg/h
Picotadora de papel 18.000 valor médio; depende da capacidade da máquina
Carrinho elétrico para coleta 11.500 transporta até 400 kg, elétrico ou motorizado 31
Equipamentos de Proteção Individual.
32
Biodigestores ou bioestabilizadores são equipamentos que aceleram o processo de compostagem através de aeração forçada. Desta maneira, a
Empilhadeira 60.000 23,5 HP de potência, 318 kg de capacidade de fase termófila tem seu período de 15 a 30 dias reduzido para 96 horas, diminuindo a área requerida para o pátio de compostagem. Existem dois
operação tipos principais de biodigestores: o cilíndrico rotativo com eixo horizontal e o cilindro fixo com eixo vertical e com extrator rotativo na base. Em
ambos os casos, o ar atravessa o equipamento em contracorrente com os sólidos. No equipamento fixo, existe um dispositivo para remoção do
Elevador de fardos manual 5.200 capacidade de até 500 kg/h produto pela parte inferior. Para mais informações, consultar o CEMPRE.

42 43
8.1.1.2. Esteiras 8.2. Itens de custos
As esteiras seguem o seguinte padrão usual (sujeito Os principais itens de custo fixo são: mão de obra, seguros, luz e comunicação. Quanto aos custos variáveis desta-
a alterações de acordo com as necessidades): esteira cam-se: energia elétrica, manutenção de máquinas e equipamentos, água e impostos.
de ferro com proteções de aço e borracha33, correia
em PVC, largura entre 600 e 800 mm, comprimento de
10.000 mm (variável), tensão de 220 V, com velocidade
de transporte de 12 a 15 m/min, acompanhada de se- 8.2.1. Mão de obra
parador magnético.

Um aspecto muito importante no trabalho de segre- Nos galpões de triagem, pode-se utilizar mão de obra
gação dos recicláveis no galpão é quanto à segurança do alternativa com sucesso. Neste caso, os trabalhadores po-
8.1.1.3. Moinhos trabalho. Desta feita, em todas as etapas do processo de- dem ser presidiários e/ou deficientes físicos. É uma exce-
8.1.1.5. Triturador de vem ser utilizados os EPIs pertinentes com o objetivo de lente oportunidade de geração de atividade útil a estas
Para a moagem de plásticos, podem ser utilizados moi-
nhos de facas objetivando a fragmentação em partes me- vidros garantir a segurança do trabalhador. Os EPIs básicos são: pessoas, que têm dificuldades de encontrar trabalho em
nores. A tela do moinho possui orifícios com o tamanho • óculos de segurança: muitos setores da economia, tanto formais quanto infor-
Moagem de garrafas e frascos de vi- • luvas protetoras; mais. A adoção deste procedimento também provoca
adequado para estes fragmentos, também conhecidos dro, garantindo a segurança do operador
como flakes. • protetores auriculares; redução de custos.
por isolar o processo de quebra. Carcaça • botas com biqueira de aço;
metálica em aço ASTM A36, rotor com • avental.
palhetas em aço SAC 50, placa de sacri-
8.1.1.4. Balança fício em aço SAC 50. Item importante
para combater a venda de garrafas in- figura 23 - EPI’s
A etapa de pesagem é importante para que haja con- teiras para o mercado ilegal.
trole do fluxo de entrada e saída de materiais. A balança
pode ser do tipo eletrônica com capacidade de 200 kg.
8.1.1.6. Carrinhos
elétricos para catadores
Veículo ágil, resistente e de fácil manejo, criado para
atender a etapa da coleta e transporte de materiais re-
cicláveis. Transporta
mais de 300kg, com ve-
locidade média de 10 a
15km/h. Tem autonomia
de oito horas ininterrup-
tas de trabalho, tensão
110/220V e dimensões
0,90m de largura X 2,00m
de comprimento (gaiola
opcional).

Informações sobre fornecedores de equipamentos para coleta seletiva podem ser


obtidas no site do CEMPRE: www.cempre.org.br. 33
Para redução de ruídos e desgaste do material.

44 45
9 Para onde vai depois de
9.4. Vidros
Os cacos de vidro são conduzidos para a indústria de vidro que irá utili-

reciclado? zá-los como matéria-prima na fabricação de novas embalagens de vidro35.


O material é fundido em fornos de altas temperaturas junto à matéria-pri-
ma virgem (calcário, barrilha, feldspato, entre outros). O vidro reutilizado
(exemplo: embalagens) é enviado para novo envase de produtos na indústria.

9.1. Papel e papelão


As aplicações para o papel reciclado são as mais variadas:
• caixas de papelão; • cadernos e livros;
• sacolas; • material de escritório;
• embalagem para ovos; • envelopes;
• bandejas para frutas; • papel para impressão,
• papel higiênico; entre outros.

9.2. Plástico 9.5. Longa-vida


O plástico reciclado tem infinitas aplicações, tanto nos
mercados tradicionais das resinas virgens quanto em novos As opções são cada vez maiores e dependem
mercados. O plástico reciclado pode ser utilizado para diretamente do processo de reciclagem. Exemplos:
fabricação de: • pelo processo de desagregação das fibras e se-
• garrafas e frascos; paração das frações papel e plástico + metal, as
• baldes, cabides, pentes e outros artefatos produzidos opções de aplicação são:
pelo processo de injeção; • papel: envelopes, papel ondulado/papelão, pa-
• “madeira plástica”; 9.6. Orgânicos pel higiênico, entre outros;
• cerdas, vassouras, escovas e outros produtos que sejam • plástico + metal: cabides, réguas, entre outras
Os resíduos orgânicos são conduzi- peças injetadas e extrusadas;
produzidos com fibras34;
dos para a compostagem. O composto • pelo processo de prensagem e fabricação de cha-
• sacolas e outros tipos de filmes;
é o resultado da degradação biológica pas, as opções de utilização são:
• painéis para a construção civil.
da matéria orgânica em presença de oxi- • substituição de painéis utilizados na construção
gênio do ar e pode ser utilizado como civil, fabricação de bancos, telhas, cadeiras, me-
adubo ou fertilizante para enriqueci- sas, entre outros;
9.3. Metais mento de solos. • pelo processo de plasma, as possibilidades de
aplicação são:
Geralmente, os metais ferrosos são direcionados para as usinas de fundi-
• utilização de alumínio em pó ou na forma de
ção, onde a sucata é colocada em fornos elétricos ou a oxigênio, aquecidos a
lingotes, parafina e outros produtos de maior
1.550 ºC. Após atingir o ponto de fusão e chegar ao estado líquido, o material
valor agregado como matéria-prima da indús-
é moldado em tarugos e placas metálicas que serão cortadas na forma de
tria química.
chapas de aço. A sucata demora somente um dia para ser reprocessada e
transformada novamente em lâminas de aço usadas por vários setores indus-
triais – das montadoras de automóveis às fábricas de latinhas em conserva.
O alumínio também é encaminhado para a fundição, obedecendo pa-
râmetros específicos de processamento. O alumínio reciclado está presente 34
Caso típico do plástico PET (poli(tereftalato de etileno)).
na indústria de autopeças, na fabricação de novas embalagens, automóveis, 35
Atenção: a princípio, cacos oriundos de vidros de embalagens não devem ser misturados com cacos de vidro plano, pois o processo de recicla-
aviões, entre outros. gem de ambos é distinto. No entanto, algumas indústrias vidreiras já possuem tecnologia para reciclagem de ambos em conjunto.

46 47
10 Incineração de rejeitos Impactos ambientais 11
A incineração pode ser considerada uma alter- Nos sistemas onde ocorre geração de cinzas, estas Cuidados devem ser tomados para que os processos descritos anteriormente não venham a gerar
nativa de tratamento final do lixo36, desde que seja devem ser destinadas a aterros sanitários. impactos ambientais negativos.
contemplada a recuperação de energia e haja um Os materiais recicláveis devem ser separados an-
controle rigoroso na emissão de efluentes gasosos, tes do processo de incineração, sendo destinados à
filtrando-os e neutralizando seus efeitos com rigor. indústria da reciclagem.
11.1. Saúde 11.2. Destino para
Já foi mencionada anteriormente a importância da uti- rejeitos
lização de EPIs para garantir a integridade física e a saúde
dos indivíduos que estiverem trabalhando no projeto. Con- Os rejeitos gerados pela atividade de triagem devem ser
Figura 24 – Geração de energia a partir da incineração de resíduos sólidos tudo, é importante estar atento também às condições de separados, acondicionados de forma adequada e destina-
limpeza e higienização dos locais de triagem e estocagem. dos a locais próprios: aterros sanitários e/ou incineradores
A preocupação com os aspectos sanitários deve ser com recuperação de energia e controle de emissões.
máxima face à natureza do empreendimento. Caso não É importante ressaltar que alguns materiais podem ser
haja rigor neste quesito, tornam-se significativas as chan- considerados rejeito apenas por não possuírem mercado
ces de proliferação de insetos, vetores, etc., tornando o numa determinada localidade ou região onde o programa
ambiente propício à propagação de doenças. de coleta seletiva é operado ou até mesmo por depende-
rem de fatores sazonais.
Outros cuidados não menos importantes:

• evitar a emissão de ruídos exagerados durante as etapas


de coleta e operação dos galpões;
• estar atento à emissão excessiva de poeira e partículas
finas dos galpões. Recomenda-se molhar o solo caso o
ambiente se torne excessivamente seco;
• para a construção dos galpões, escolher locais arejados,
com boa incidência de ventos, que evita possíveis focos
de geração de odores desagradáveis;
• evitar o acúmulo de água parada, que pode se tornar
foco de transmissão de doenças, tais como a dengue.

36
Após esgotadas todas as possibilidades de reciclagem mecânica e química.

48 49
12 CICLOSOFT Referências bibliográficas 13
Desde 1994, o CEMPRE realiza a pesquisa CIClO- E mais: o custo da coleta seletiva em 1994
SOFT: um acompanhamento estatístico permanen- era, em média, 10 vezes maior do que o cus-
ABIVIDRO. Manual de reciclagem de vidro. São Paulo: Biblioteca do CEMPRE, 1994.
te de programas de coleta seletiva realizados no to da coleta convencional. Atualmente, esta
Brasil. São apurados e analisados índices técnicos, relação está em 4,5 vezes. Os demais gráfi- BELO HORIZONTE. Serviço de Limpeza Urbana. Relatórios técnicos.
econômicos e sociais. O quadro atual indica que, em cos com o retrato completo da coleta sele- CAMPINAS. Prefeitura Municipal. Relatórios técnicos.
2012, um total de 766 municípios operava o serviço. tiva municipal podem ser obtidos no site:
há 18 anos, no primeiro estudo, eram apenas 81. http://www.cempre.org.br/ciclosoft_2012.php CASTELLANOS, O. L.; LOPEZ, A. P.; ALMARAZ, J. S. Reciclado de Residuos Sólidos Urbanos.
Revista de Plásticos Modernos, Madrid, v. 29, n. 268, p. 491-498, 1992.
CEMPRE. Fichas Técnicas. São Paulo.
CEMPRE/IPT. Manual de Gerenciamento Integrado do Lixo Municipal. São Paulo,1995.
CEMPRE/ISER. A participação das ONGs (Cadernos de Reciclagem 5), São Paulo, 1996. 32 p.
DISTRITO FEDERAL. Serviço de Limpeza Urbana. Relatórios técnicos.
EIGENHEER E. M. (Org.). Coleta seletiva de lixo: experiências brasileiras. Rio de Janeiro: In-Fólio,
1993. 81 p.
EIGENHEER E. M. (Org.). Coleta seletiva de lixo: experiências brasileiras nº 2. Rio de Janeiro: In-Fólio,
1998. 207 p.
EIGENHEER E. M. Lixo e desperdício. In: (Org.) Raízes do Desperdício, Rio de Janeiro: ISER, 1993. p.
23-30.
FLORIANÓPOLIS. Companhia Melhoramentos da Capital. Relatórios técnicos.
GRAHAM, B.; FLEMINGTON, B. Identifying opportunities to reduce curbside recycling system
costs. Resource Recycling, Portland, v. 14, n. 8, ago. 1995.
MANO, E. B. Polímeros como materiais de engenharia. São Paulo: Blucher, 1991. 218 p.
PEREIRA NETO, J. T. Manual de compostagem: processo de baixo custo, Belo Horizonte: UNICEF,
1996. 56 p.
SALVADOR. Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – Limpurb. Programa Recicla Salvador.
Relatórios técnicos.
VILHENA, A. T. A coleta seletiva de lixo: uma proposta de programa de gestão integrada. 1996.
Dissertação (Mestrado em Engenharia), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
VILHENA, A. T.; BONELLI, C. M. C. O sucateiro e a coleta seletiva (Reciclagem & Negócios), São
Paulo: CEMPRE, 1996. 36 p.
VILHENA, A. T.; GRIECO, C.; ZAPATA, J. Compostagem: a outra metade da reciclagem (Cadernos
de Reciclagem 6), São Paulo: CEMPRE, 1997. 32 p.

50 51
14 Fornecedores de
equipamentos
CELMAQ www.celmaq.com.br 31 3394 7224
STOLLMEIER www.stollmeier.com.br 55 3375 3050
TECSCAN www.tecscan.com.br 31 3476 4644
IGUAÇUMEC www.iguacumec.com.br 43 3401 1000
ECOWAIG www.ecowaig.com.br 19 3446 6400
KUBITZ www.kubitz.com.br 45 3225 2066
OFICINA DO METAL www.oficinadometal.com.br 41 3569 1606
CIAL www.cialcomercio.com.br 11 3932 5815

Informações sobre fornecedores de equipamentos para coleta seletiva podem ser


obtidas no site do CEMPRE: www.cempre.org.br.

52
www.cempre.org.br
www.facebook.com/cemprebr

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