Professional Documents
Culture Documents
19 a 23 de junho
ANAIS DO EVENTO
ISSN 2448-2005
Jacarezinho - PR
2017
1
COORDENAÇÃO GERAL
PROF. Dr. Jean Carlos Moreno
VICE-COORDENAÇÃO
Prof. Ms. Marcus José Takahashi Selonk
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Jean Carlos Moreno
Prof. Dra. Geane Kantovitz
Prof. Ms. Marcus José Takahashi Selonk
Prof. Dra. Marisa Noda
Prof. Dr. Anderson Francisco Ribeiro
Prof. Dr. Flávio Massami Martins Ruckstadter
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. Flávio Massami Martins Ruckstadter
Prof. Dr. Alfredo Moreira da Silva Jr.
Prof. Dr. Jean Carlos Moreno
Prof. Dr. Marcio Luiz Carreri
Prof. Dr. Maurício de Aquino
Prof. Ms. Marcus José Takahashi Selonk
Prof. Dr. Roberto Carlos Massei
Prof. Dra. Marisa Noda
Prof. Dr. Anderson Francisco Ribeiro
Prof. Dra. Geane Kantovitz
RIBEIRO, Anderson Francisco; MORENO, Jean Carlos.
Que as discussões propostas pela XII Jornada de Ensino de História possam proporcionar reflexões
que iluminem o papel social e político dos professores e pesquisadores da História , reforçando o
compromisso de cada um e de todos como co-construtores do mundo e da própria condição humana.
3
PROGRAMAÇÃO
DE 19/06 A 23/06
Exposição: Quem somos nós? Capas e imagens de Livros didáticos de História (1900
(1900-
2017).
Local:Museu Dom Ernesto de Paula (CEDHIS)
19/06/17 - Segunda-Feira
20/06/17 - Terça-Feira
21/06/17 - Quarta-Feira
08:00 - 12:00 - Minicursos
14:00 - 18:00 - Simpósios Temáticos
17:00 - 19:00-Mesa Redonda e Lançamento de livro: "O Anticomunismo e a Cultura
Autoritária no Brasil" – Com Prof. Dr. Angelo Priori (UEM), Prof. Dr. Marcio Luiz
Carreri (UENP), Profª. Dra. Meire Mathias (UEM), Prof. Dr. Rodolfo Fiorucci (IFPR)
4
19:30 - 22:30 -Mesa Redonda: "As Diretrizes Curriculares do estado do Paraná:
experiências e avaliações" ComProf.ª Dr.ª Marisa Noda (UENP), Prof. Ms. André
Luiz da Silva Cazula (UENP), Coordenação Prof. Dr. Flávio Ruckstadter (UENP)
22/06/17 - Quinta-Feira
14:00 - 17:00 -Mesa Redonda: "O Universal e a Civilização nos livros didáticos de
História" Com Professor Ddo. Luis Ernesto Barnabé (UENP), Prof. Ddo. Felipe Yera
Barchi (UNESP), Coordenação Prof. Dr. Anderson Ribeiro (UENP)
19:30 - 22:30 -Mesa Redonda: "Ensino de História nos anos iniciais: desafios à
formação docente" Prof. Dr.ª Sandra Oliveira (UEL), Prof. Dd.ª Luciana Fernandes de
Aquino (UENP), Prof. Dr.ª Vanessa Ruckstadter (UENP)
23/06/17 - Sexta-Feira
5
SEMINÁRIOS
ST1.
1. ENSINO E APRENDIZADO HISTÓRICO E A HISTÓRIA PÚBLICA: FORMAS E
FUNÇÕES DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NA SOCIEDADE
Profa. Dra. Márcia Elisa Teté Ramos (UEM)
Profa. Ms. Érica Xavier (UEL)
6
ENSALAMENTO –SEMINÁRIOS
SALA 1
SALA 2
7
3 - ONDE FICAVA O EGITO ANTIGO? NOTAS SOBRE MUDANÇAS CURRICULARES E
LIVROS DIDÁTICOS NO ENSINO MÉDIO
José Henrique Rollo Gonçalves
SALA 3
ST 9. ENSINO DE HISTÓRIA E LINGUAGENS CONTEMPORÂNEAS: MÍDIAS,
TECNOLOGIAS E SUAS MEDIAÇÕES
Prof. Dr. Luis de Castro Campos Junior (UENP)
Prof. Dda. Taíse F. C. Nishikawa (UENP)
SALA 4
8
2 - GLEICHSCHALTUNG: O PROCESSO POLÍTICO DE NAZIFICAÇÃO DA CULTURA,
EDUCAÇÃO & HISTÓRIA NOS PRIMEIROS ANOS DO III REICH: (1933 – 1939).
Lucian Pereira dos Santos
SALA 15
9
SALA 16
SALA 1
10
4 - A IMAGEM NO ENSINO DE HISTÓRIA, UMA PESQUISA ATRAVÉS DOS GRUPOS
FOCAIS
Arnaldo Martin Szlachta Junior
SALA 2
SALA3
SALA 4
12
6 - ORIGEM DOS HOMENS E MITOS DA CRIAÇÃO
Juliana dos Santos Candido
Maria Carolina Cornélio
Felipe Matheus Montovani
Hiran Lucas da Silva Souza
SALA 13
13
SALA 15
SALA 1
14
3 - MUSEU ESCOLAR DIGITAL: PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA ESCOLAR DO
COLÉGIO ESTADUAL JULIO FARAH
Aline Cabral Calusci Vedan Azevedo
15
ARTIGOS
16
ST 1. ENSINO E APRENDIZADO HISTÓRICO E A
HISTÓRIA PÚBLICA: FORMAS E FUNÇÕES DO
CONHECIMENTO HISTÓRICO NA SOCIEDADE
Profa. Dra. Márcia Elisa Teté Ramos (UEM) -
metramos@uem.br
Profa. Ms. Érica Xavier (UEL) -
ericaxavier_historia@yahoo.com.br
17
O INSTITUCIONALISMO HISTÓRICO, A TEORIA E O ENSINO DE
HISTÓRIA: UM DEBATE COMPLEMENTAR
Resumo
A Teoria Política contemporânea carrega métodos de análise que partem das instituições
para compreender os fenômenos sócio-políticos,
políticos, sendo instituições “procedimentos,
protocolos, normas e convenções oficiais e oficiosas inerentes à estrutura organizacional
da comunidade política ou da economia” (HALL e TAYLOR, 1996, p. 197). O presente
trabalho busca aproximar referenc
referenciais
iais bibliográficos que estabeleçam um diálogo
complementar entre a vertente Neoinstitucionalista Histórica, baseada principalmente
nos escritos de Pierson (2000), com as pesquisas sobre Teoria e Ensino de História
(RUSEN, 2015). O estudo desenvolveu
desenvolveu-se inspirado
spirado nos estudos abordados nas aulas de
Teoria Política Contemporânea do programa de Mestrado em Ciências Sociais da
Universidade Estadual de Londrina ministrada pelo professor doutor Cleber Lopes. Fora
utilizada bibliografia da ementa do curso, além do doss escritos pertinentes às pesquisas
sobre Teoria e Ensino de História. Por fim, observou
observou-sese que as possibilidades abertas a
partir da História para o estudo da Ciência Política são numerosas, e as teorias que
deixam de lado tais aspectos, tendem a pecar no modo com que buscam prever os
comportamentos através apenas de questões lógicas. As correntes teóricas
neoinstitucionalistas deveriam beber ainda mais na fonte da História, como buscam seus
expoentes Pierson e Skocpol.
Palavras-chave: Institucionalismo HiHistórico;
stórico; Teoria da História; Ensino de História;
Retornos crescentes; Path dependence.
Introdução
1
Mestrando em História Social pela Universidade Estadual de Londrina (pe.aurelio@hotmail.com).
18
O presente trabalho desenvolveu-se inspirado nos estudos abordados nas aulas
de Teoria Política Contemporânea do programa de Mestrado em Ciências Sociais da
Universidade Estadual de Londrina ministrada pelo professor doutor Cleber Lopes.
19
A perspectiva teórica descrita por Pierson se utiliza de conceitos da Economia
para fundamentar a análise da dependência da trajetória, adequa proposições relativas ao
timing e sequence para debater pressupostos teóricos da Teoria da Escolha Racional,
contrariando-a em certos momentos, contudo, a utilizar algumas bases propostas por
estudiosos dessa área.
Hall e Taylor descrevem quatro características que tornam essa corrente sobre
os estudos políticos originais e que merecem atenção:
20
Comparada, de autores como Marc Bloch e Peter Burke, contudo, através de variados
pontos de partida.
Na primeira parte do texto vê-se a atenção destinada a conceituação dos termos
utilizados e a importância dos mesmos para a compreensão da Ciência Política, a
perceber que a ratificação destes conceitos pode promover mudanças significativas na
maneira com que os estudiosos entendem as relações sociopolíticas, visto que a noção
histórica fora deixada de lado por muitos pesquisadores em decorrência da
supervalorização dos preceitos econômicos.
21
A tese está bem disposta na obra e claramente formulada, dispõe de exemplos
atuais que facilitam a leitura, principalmente para leitores que pouco entendem de
Economia, e utiliza uma linguagem intensamente formal de considerável entendimento,
vale ressaltar que a tradução do texto ficou a cargo da Professora Doutora Paula Regina
Pavarina da UNESP (Franca). Sem falar que o artigo ganhou o Heinz Eulau Award de
melhor artigo publicado no ano de 2000 do jornal acadêmico American Political
Science Review.
22
tends, to be assessed as they interact with other factors, such as
societal interests, culture and ideology, and new policy ideas.
(IKENBERRY, 1994, p. 2)
Por fim, nos escritos finais do artigo, Pierson demonstra que as pesquisas sobre
os retornos crescentes, não buscam fazer com que o passado necessariamente preveja o
futuro, a proposta é apontar que com o tempo, opções anteriormente viáveis perdem
importância na sequência do tempo, e outras trajetórias que sofreram reforços
(feedbacks positivos) tendem a ocupar mais espaço e tornam a mudança mais difícil,
condicionando a maneira pela qual ocorrem novas alterações. Visto isso, as proposições
dos institucionalistas históricos acrescentariam muito para o estudo da Política, traria
uma carga de “humildade” às pesquisas da área, excluindo as fantasiosas
previsibilidades sobre as relações sociopolíticas e dando ênfase a algumas causalidades
históricas. O texto expõe uma maneira mais moderada no modo de se relacionar com os
vários campos de pesquisa, englobando tanto História, Economia, Sociologia em
direção à Política.
Ainda que algumas críticas são feitas a maneira com que os Institucionalistas
Históricos lidam com as Instituições e suas relações com as assimetrias de Poder, o
método proposto é inteiramente válido e acrescenta muito nos trabalhos sobre Ciência
Política.
23
práticas, logo, necessita de uma segunda etapa de Interpretação daquela experiência e
que é condicionada de sentido próprio, consequentemente, esse estado se insere num
terceiro momento, Orientação, cultural da existência humana, a levar em si próprio a
noção de mundo, por fim, a Motivação, para o agir humano.
Leva-se em conta que numa nota de rodapé Rüsen chama a atenção para a
utilização do conceito de cultura como suprassumo da constituição humana de sentido,
diferenciando-a de outras dimensões, como a política e a economia, por exemplo.
24
Veja bem, se as críticas direcionadas aos retornos crescentes apresentam que a
partir desse pressuposto o presente se mostra estático e com poucas variações diante da
dependência da trajetória que torna as chances de mudanças pouco prováveis, os
escritos de Hartog vão na contramão dessas críticas pois, dinamiza o presente, toma o
tempo histórico como variável fundamental para a percepção do presente, e ao futuro só
restam previsões (feitas no presente e que na maioria das vezes não acontecem).
[...] O que você vota hoje, como imagem daquilo que votará.
Portanto, o que você já votou. A duração é somente reintroduzida
do ponto de vista da série que permite traçar uma curva de
amostras, mas já é o assunto dos comentaristas: experts. Contudo,
as sondagens erram, nós já constatamos, e o futuro escapa! Mais
uma vez, gostaríamos de estar em uma forma de história a priori.
(HARTOG, 2014, p. 151)
25
anterior a 1914. Já mais recentemente, em 1965, um deles escreveu
um estudo sobre a corrida armamentista pré-1914 sob o título “A
dissuasão de ontem”. Infelizmente uma coisa que a experiência
histórica também ensinou aos historiadores é que ninguém jamais
parece aprender com ela. No entanto, temos que continuar
tentando. (HOBSBAWN, 1984, p. 58-59)
Por fim, gostaria de ressaltar a obra de René Rémond, Por uma História
Política, que procura dar nova ênfase aos estudos sobre História Política, decorrente da
perpetuação da Nova História nos estudos historiográficos atuais. Rémond compila
vários textos de estudiosos da Política na obra e apresenta algumas críticas bem
próximas às que Pierson faz sobre as explicações de conjuntura econômica, além de
destacar o papel das instituições.
1)
2)
26
que assumiam uma vestimenta jurídica. Deixamos pra trás essa
visão demasiado estreita. A própria história contribuiu muito para
abrir nossos olhos. [...] (RÉMOND, 2003, p. 448)
Veja bem, uma questão que ainda causa dúvida nos variados públicos é em
torno da importância da História para o presente (a lembrar a preocupação temporal
discutida anteriormente), ou melhor, na aplicação prática da história na vida. Essa
preocupação é trabalhada pelo teórico Jörn Rüsen através do conceito de consciência
histórica, que
27
(tradicional), onde há uma estagnação, “era assim então basta repetir o processo”, até o
genético, onde há maior complexidade nas proposições, pois passa a lidar com mais
variáveis, não só de tempo, mas também alteridade/identidade, contexto, formas e etc.
Considerações finais
28
novo, as experiências correntes que a vida prática faz do passar do
tempo, elevando-as ao nível cognitivo da ciência da história, e
inserindo-as continuamente, e sempre de novo (ou seja:
produtivamente), na orientação histórica dessa mesma vida.
Aprender é a elaboração da experiência na competência
interpretativa e ativa, e a formação histórica nada mais é do que
uma capacidade de aprendizado especialmente desenvolvida.
(RÜSEN, 2010, p. 103-104)
Referências
29
MUNDOS DO TRABALHO, CONSCIÊNCIA HISTÓRICA E IDENTIDADE
COM ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Giovanna Trevelin2
Resumo:
2
Graduanda em Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP.
Bolsista de Iniciação Científica da Fundação Araucária. Orientador Prof. Dr. Jean Carlos Moreno.
30
a temática, entender como a consciência histórica destes estudantes se desenvolve, e
como se apropriam das representações do mundo do trabalho na construção de suas
identidades.
Podemos iniciar este estudo pensando sobre as relações de trabalho e suas
representações no mundo contemporâneo, que se mostra, posteriormente, como um
grande contribuinte na formação identitária dos cidadãos, possuindo, estes últimos,
concepções oferecidas pela contemporaneidade.
O mundo contemporâneo, quando analisado de forma a realizar uma comparação
ao contexto anterior, nos apresenta mudanças em relação ao âmbito do trabalho, mas, ao
mesmo tempo, continuidades, quando se trata da lógica capitalista de acumulação.
Mesmo tendo isto em vista, não podemos ignorar as transformações sociais que essas
mudanças no campo do trabalho, desde o final do século XX, acarretaram, tanto para
sujeitos inseridos diretamente na esfera do trabalho industrial, mas também para todos
os demais que vivem em uma sociedade regida por preceitos capitalistas.
Temos, a partir da “crise estrutural do capitalismo”, uma reestruturação, que
repensa o modelo de produção de até então (taylorismo/fordismo), com a intenção de
adequar a sociedade produtiva a este novo contexto. Começa a fluir, a partir desta
reestruturação, o modelo produtivo toyotista, ou também chamado de “acumulação
flexível”.
Um ponto importante a ser considerado ao analisar este modelo é a questão da
diminuição da oferta de emprego, já que, aqui, o sistema de trabalho também se
flexibiliza, e, ao longo do processo, o trabalhador passa a realizar diversas funções,
diferente do fordismo, no qual o trabalho era mecânico e repetitivo. Essa implementação
da técnica produtiva flexível acaba gerando desemprego e formas precárias ou flexíveis
de emprego, sendo assim, a classe trabalhadora começa a assumir novas configurações
(COUTINHO, 2009, p.190). Analisando as formas de trabalho na contemporaneidade,
podemos encontrar a denominação “empregos flexíveis”, que consiste em uma forma
não regulada de trabalho, contrapondo-se ao modelo fordista. Entre estes empregos
flexíveis, podemos encontrar o trabalho temporário, autoemprego, trabalho com tempo
parcial, trabalho a domicílio, entre tantos outros, que caracterizam a sociedade
capitalista contemporânea. Dentro deste contexto encontramos também as formas de
trabalho informais, que fazem parte da vida de pessoas que, por exemplo, não
conseguem se encaixar mais em um trabalho formal, buscando alternativas para seu
sustento. Entretanto, neste modo, existe a dificuldade de custear os encargos trabalhistas
31
e a incerteza de uma manutenção de renda. A pesquisadora Maria Chalfin Coutinho
(2009) trata a situação analisada a partir de entrevistas com determinados grupos de
trabalhadores, entre eles pessoas que adotam o trabalho informal:
32
proporcionar um questionamento a partir do tema abordado, levando este aluno a
participar ativamente do processo de aprendizagem e se incluir neste contexto como um
sujeito histórico, o que destoa um pouco do nosso atual modelo de aprendizagem nas
escolas, principalmente quando se trata do ensino de História.
Ao analisar o pensamento do estudante, é importante obter o conhecimento de
como ele enxerga a história, como a define. Segundo Fronza (2014), é preciso ter em
mente que, para os jovens, a História, primeiramente, está dada de modo objetivo, nas
condições concretas da vida presente, seja na forma de tradições, seja na memória e nos
artefatos da cultura histórica, entre outros fatores os quais possuem ou se relacionam
com narrativas que dão sentido às suas vidas. Ainda sugereque o sistema escolar,
quando se trata do ensino de História, adote uma narrativa que forneça, ao presente, um
passado em que os jovens possam aprender sobre sua vida prática. A aprendizagem
histórica ocorre quando estes jovens, em um segundo momento, percebem a diferença
entre as experiências do passado e as do presente, numa relação de alteridade que se
forma ao se reconhecer a partir do outro, que está no passado, adotando, assim,
orientações de outros sujeitos ou as confrontando no processo de consolidação
intersubjetiva de sua identidade. Entende-se, a partir disso, que os valores (elementos
morais, políticos, estéticos, cognitivos e ideológicos) presentes nas narrativas históricas
permitem o autorreconhecimentoaos jovens.
Quando refletimos sobre o pensamento dos estudantes e suas formas, o estudo de
Isabel Barca (2014) se torna uma importante análise para discorrermos sobre as diversas
formas que a História se delineia para os jovens. A historiadora portuguesa em seu
trabalho ‘Projeto Hicon, “Consciência Histórica - Teoria e Práticas” I e II (2003 a
2011)’, em Portugal, procurou encontrar respostas fundamentadas à questão “que
consciência histórica revelam os jovens em situação de escolaridade?”, além de uma
outra questão, de moldes semelhantes mas direcionada para as formas com que os
professores lidam com questões de consciência histórica em sala de aula (BARCA,
2014, p.89). Aqui foi considerada, especificamente, a aprendizagem dos estudantes de
países lusófonos, tendo, esta pesquisa, alunos de Portugal e Moçambique como centro,
propondo-lhes duas questões, onde, em uma, descreviam os últimos cem anos da
História nacional e em outra os últimos cem anos da História mundial:
É pela narrativa – entendida em sentido lato, como expressão de ideias
sob qualquer formato - que se comunica a compreensão histórica e os
sentidos de orientação que lhes são atribuídos. (...) Na narrativa é
possível perceber como o seu autor concebe o passado e estabelece –
ou nega – relações com o presente e o futuro. Mas é sobretudo quando
33
ela toma a estrutura de um relato consistente que é possível detectar
com mais clareza a significância pessoal que as realizações e
interações humanas assumem para os sujeitos e os sentidos de
identidade e de mudança que aí se encontram plasmados. Estas
mensagens sobre o passado, o presente e que apontam, eventualmente,
expectativas de futuro quando apresentam alguma homogeneidade
transversal à maioria das narrativas específicas, indiciam uma certa
orientação da identidade coletiva (BARCA, 2014, p.90).
34
O estudo propõe questionários com os estudantes, onde estes marcam a
relevância de figuras históricas para eles, demonstrando se os conhecem ou não. Além
de questões onde pedem para o estudante marcar a importância dos fatores (explicitados
na questão) no desenvolvimento histórico. Um dado importante que fica evidente na
resposta dos jovens quando se trata do reconhecimento dos personagens considerados
importantes no conhecimento escolar é a questão de que a História que se aprende é
masculina. Isto fica claro quando os estudantes, quase que totalmente, marcam os
personagens femininos como menos conhecidos ou até totalmente desconhecidos.
Outro aspecto que temos que levar em conta com a resposta dos alunos,
especificamente na questão de identificar os fatores que acreditam influenciar no
desenvolvimento histórico, é que os jovens consideram, como sendo a razão da
mudança histórica, a ciência e a tecnologia, que predomina nas respostas dadas pelos
estudantes.
Com este resultado, podemos concluir também que parece, para os estudantes,
que a ação dos sujeitos na História tem pouca importância, e isto se diferencia da
explicação histórica tradicional na escola, indicando, assim, um desajuste entre a visão
dos alunos em relação à História e aquilo que aprendem na sala de aula. Os personagens
concebidos pela educação escolar como heróis não encontram repercussão na ideia geral
que os estudantes têm da História.
Pensando além destas questões que evidenciam o entendimento histórico dos
estudantes de diversos modos e considerando uma forma de educação que cogita uma
maneira mais crítica da abordagem histórica, precisamos analisar, também, o conceito
de conscientização, necessário à aprendizagem quando se trata da relação entre o aluno
e o conhecimento histórico. Sobre este conceito, podemos trabalhar com Paulo Freire,
que nos apresenta uma definição bem formada sobre as relações do homem com o
mundo, nos encaminhando para, a partir desta relação, a conscientização do indivíduo.A
conscientização só se constrói a partir de uma ação crítica, onde encontra forma para
Paulo Freire, compreendendo a conscientização como o desenvolvimento crítico da
tomada de consciência. Aqui ainda aparecem dois conceitos que se diferem: consciência
ingênua e consciência crítica, o primeiro se refere à condição normal do homem,
ingênua, espontânea, que se relaciona com a realidade percebendo-a e, em sua natureza,
diferenciando-a, sem menor investigação ou problematização, não sendo considerada
profunda e verdadeira (não autêntica), pois é desprovida de um estudo, um
questionamento, uma análise, fatores estes que caracterizam o segundo conceito, o de
35
consciência crítica, onde existe uma compreensão profunda do mundo, de suas relações,
causas e consequências, sendo, esta compreensão, sempre submetida à investigação.
Paulo Freire acredita que este último caminha para a conscientização, esta tomada de
consciência crítica (cfm. FEITOZA, 2011).
As relações que o homem trava com o mundo são essenciais para compreender a
conscientização para Paulo Freire. Para ele, a consciência humana se dá no jogo
dialético das relações homem-mundo, onde consciência e mundo se dão
simultaneamente.
Paulo Freire acredita que a existência humana precede a consciência humana, o
homem primeiro existe para depois se tornar consciente de si mesmo e do mundo. Há
pontos importantes para entender a consciência para Freire. Primeiramente trata-se da
tomada de consciência do homem sobre si mesmo, os outros e o mundo a partir de sua
confrontação com a realidade. Outra questão é a intencionalidade de sua consciência,
pois esta é sempre consciência de alguma coisa. Esta confrontação com a realidade que
proporciona a conscientização do individuo leva o homem a um estado de perturbação
que conduz à ação, pois o faz compreender sua responsabilidade na transformação e
manutenção da realidade (FEITOZA, 2011). Em resumo, tendo o conhecimento deste
conceito segundo Paulo Freire, de forma mais complexa, podemos entender a
importância que a conscientização toma no processo de aprendizagem histórica,
englobando, basicamente, toda a transformação da história a partir do sujeito.
Este processo, dentro da educação, adquire forma a partir de questionamentos
que fazem de uma consciência ingênua uma consciência crítica, onde o estudante passa
a olhar para a sociedade ao seu redor com outros olhos, podendo, a partir disso, mudar a
realidade.
Podemos entender, aqui, que a escola atua como intermediadora deste processo.
Pensando no currículo adotado pela maioria das escolas, é no trato do tema da
Revolução Industrial que as mudanças mais drásticas em relação ao mundo do trabalho
deveriam se tornar um conhecimento mobilizável pelos alunos da Educação Básica. De
fato, a Revolução Industrial foi um momento de inflexão em relação ao mundo do
trabalho, promovendo grandes mudanças dentro da sociedade, tendo sua influência até
os dias de hoje. Antes deste período, grande parte da população era rural e, além disso,
havia toda uma concepção de trabalho, tempo e sociedade diferente da que se formou
depois da transformação causada por esta revolução.
Não existia, antes da Revolução Industrial, um tempo determinado de trabalho e
36
de lazer, estes eram interligados e formavam, muitas vezes, um só corpo. As pessoas,
nesta época, trabalhavam em pequenos grupos, aqui o artesão era independente e dono
do meio de produção. Estes trabalhadores se reuniam em forma de associações,
corporações de ofício ou ainda guildas. Podemos entender, a partir disto, o quanto a
Revolução Industrial, e a adesão das máquinas, proporcionou mudanças na maneira de
se entender o trabalho. As pessoas, acostumadas a este ritmo descrito aqui, se viram
obrigadas a mudar sua forma de vida e sua forma de trabalhar, passando, assim, a
realizar seu trabalho em fábricas, deixando o meio rural e proporcionando a formação
de uma rede urbana ao redor das fábricas, e trabalhando para um patrão, onde este se
torna dono do meio de produção e ao trabalhador só resta o exercício de sua função pré-
determinada em troca de salários que não condiziam com a quantidade de horas
trabalhadas e com o árduo trabalho realizado.Ligada diretamente à concepção e à
experiência do trabalho, discutiremos também uma das mais importantes mudanças que
regem nossa vida, de forma dominante, até os dias atuais: a concepção de tempo. Antes
de uma Revolução Industrial acontecer, os trabalhadores passavam seu tempo em
função das tarefas que deviam realizar, ligando-se, assim, ao ritmo da natureza. Antes
da vida nas fábricas, não era necessário um relógio para ter uma noção de tempo, já que
o fluxo das marés, as épocas de semear e colher, e os períodos de chuva e seca
possibilitavam que o trabalhador exercesse sua atividade com êxito. Mas, quando as
relações de trabalho se transformaram, quando o trabalhador rural tornou-se um
trabalhador de dentro das fábricas, se fez necessário um controle maior do tempo
utilizado, já que este se tornou sinônimo de ganhar dinheiro. A partir deste
conhecimento sobre as mudanças básicas que se deram com a Revolução Industrial,
percebemos a formação de uma cidade industrial, não que não houvesse cidades
anteriormente, mas agora a parcela urbana se torna maior com o êxodo rural.
Enxergamos aqui, então, certa urbanização promovida pela formação de fábricas e um
novo caráter do trabalhador. Forma-se uma população manufatureira, com um novo
pensamento e um novo olhar, estes se delineando com base nas circunstâncias de sua
condição: “(...) E não era apenas o proprietário da fábrica, mas também a população
trabalhadora trazida a viver junto e ao redor dela que parecia “nova” aos seus
contemporâneos” (THOMPSON,1987, p.12).
Neste período, começamos a enxergar também alguns movimentos de
contestação às relações de trabalho que tomavam forma. Não podemos dizer que a
Revolução Industrial proporcionou, diretamente, a formação de uma classe operária,
37
mas, sem esta revolução, a base para se formar esta classe trabalhadora e o movimento
operário não existiria. Os trabalhadores, como já foi visto aqui, possuíam novos hábitos
e uma nova forma de vida, seu tempo agora se restringia, quase que totalmente, ao
trabalho nas fábricas, trabalho árduo, realizado em péssimas condições e nada
valorizado pelos seus patrões. Estes trabalhadores, trabalhando desta maneira em troca
de baixos salários, começaram, então, a criar uma consciência de classe que, para
Thompson, se define como “a consciência de uma identidade de interesses entre todos
esses diversos grupos de trabalhadores, contra os interesses de outras classes” (1987,
p.17-18). A partir do momento em que é tomada esta consciência de classe, consciência
de que ali se formava uma classe trabalhadora com interesses em comum, surge a classe
operária. Assim, tendo em vista a formação de uma classe trabalhadora, esta começa a
se organizar, com a finalidade de promover mudanças em suas condições de vida e
trabalho a partir de reivindicações e movimentos.
Cabe-nos pensar também, quando se trata do advento industrial, em um diferente
ponto de vista sobre o assunto, analisando através da questão econômica, à qual
diversos pensadores se detiveram:
Embora fosse costumeiro julgar o período como marcado pelo
desequilíbrio econômico, miséria e exploração intensas, repressão
política e heroica agitação popular, a atenção agora é dirigida à taxa
de crescimento econômico (...). O movimento dos cercamentos é hoje
menos notado por sua dureza em dispensar os pobres das aldeias do
que pelo seu sucesso em alimentar o rápido crescimento da população.
(THOMPSON, 1987, p.18).
Neste ponto de vista sobre a Revolução Industrial, podemos enxergar esta como
uma transição para um contexto não catastrófico ou rodeado de conflitos e opressão de
classe, mas sim de desenvolvimento. Perde-se, aqui, a preocupação com as mudanças
nas relações sociais e nos hábitos culturais que a revolução proporcionou para se deter
meramente a um interesse econômico que visa apenas determinada classe social.
Tendo como base todo este conhecimento sobre esse processo que gerou
mudanças significativas para a nossa sociedade e que nos envolve até os dias de hoje, se
torna importante pensar em uma metodologia que faça com que o aluno se sinta parte
desta história, aproximando, assim, este conhecimento da vida do estudante. A maneira
de trabalhar estas questões de transformação da sociedade com os alunos reflete no
modo como estes se apropriam das representações sociais que fazem parte de suas
vidas, como a representação do trabalhador.
38
A questão chave que norteia esta pesquisa se encontra na representação do
mundo do trabalho na vida dos estudantes. Esta compreensão se faz necessária para
entendermos a formação da identidade destes indivíduos, como ela se forma na
contemporaneidade. Podemos analisar estas representações através da resposta dos
estudantes a questões socioeconômicas e questões que refletem o pensamento destes
alunos sobre o que é o trabalho e como se forma este trabalhador no imaginário deles. A
cultura histórica, através do conhecimento escolar, neste caso, deveria atuar de modo a
incentivar a formação de uma consciência histórica no estudante, através de um olhar
crítico sobre a própria história e sobre a sociedade que o rodeia, proporcionando, assim,
a construção de uma identidade baseada em preceitos não ilusórios de uma história
cristalizada.
Neste momento em que estabelecemos todos estes conhecimentos acerca do
trabalho realizado, torna-se necessário adentrar mais especificamente no
desenvolvimento da pesquisa, detalhando seu processo de realização. A investigação
ocorreu na cidade de Jacarezinho, no norte pioneiro do Paraná, onde os terceiros anos
do ensino médio de duas escolas foram escolhidos para serem analisados: um colégio
particular, localizado no centro da cidade, e uma escola pública, que se encontra em
uma zona periférica do município.O colégio Objetivo foi a primeira escola em que esta
pesquisa foi desenvolvida. Por se tratar de um colégio particular, houve, inicialmente,
resistência quanto ao desenvolvimento do trabalho com o terceiro ano, sendo
disponibilizados (após a resolução de problemas que impediam que a investigação fosse
realizada) apenas alguns minutos de uma tarde para a realização da pesquisa, para,
segundo a escola, não atrapalhar as atividades dos estudantes. Este colégio possui uma
ótima estrutura, salas bem dispostas, conservadas, e um grande espaço para que o aluno
prospere dentro da escola, além de se localizar no centro da cidade, um lugar de fácil
acesso e de bastante visibilidade.
O Colégio Estadual Anésio de Almeida Leite foi estudado em seguida. Diferente
da escola anterior, aqui houve mais abertura para se trabalhar com os alunos, com uma
equipe pedagógica receptiva à pesquisa. O colégio, público, fica localizado em uma
zona periférica da cidade, de difícil acesso e locomoção, atendendo especificamente aos
estudantes de sua comunidade. Quando comparado estruturalmente ao colégio
particular, o Anésio destoa bastante, oferecendo salas menores, com um espaço escolar
menos conservado, onde há necessidade de grandes adaptações estruturais para um
melhor desenvolvimento escolar do aluno. A escolha por estas duas escolas tem como
39
objetivo uma análise mais ampla e o estudo de diferentes contextos, proporcionando
variadas visões sobre os assuntos abordados.
Dentro do nosso trabalho se torna necessário analisar alguns aspectos em relação
aos estudantes que participaram desta investigação e suas características, assim como
detalhes mais técnicos em relação a eles. A sala de aula do terceiro ano do Colégio
Objetivo possui 34 alunos, mas apenas 10 deles participaram da pesquisa, sendo 9
meninas e 1 menino3. No Anésio, são um total de 16 alunos na sala de aula do terceiro
ano do período da manhã, que foi o analisado, e todos eles participaram da pesquisa,
sendo 9 mulheres e 7 homens que compõem a sala de aula. Podemos pensar aqui, em
relação à escola pública, nas dificuldades enfrentadas pelos estudantes no decorrer do
seu trajeto escolar, tendo em vista seu contexto e influências externas de uma
comunidade periférica e da falta de estímulo familiar. Dispondo deste conhecimento,
entendemos que os estudantes que conseguiram chegar até o último ano do Ensino
Médio podem ser considerados parte singular de um ambiente desfavorecido.
Fica evidente, ao observar o público das duas escolas, a diferença social entre as
duas turmas. Enxerga-se este fator não só no contexto em que os colégios estão
inseridos e na estrutura escolar, mas no comportamento dos estudantes, até em relação
às perguntas propostas, e também na aparência de cada um deles. O público do Anésio é
predominantemente negro, mostra-se modesto e com algumas dificuldades na
compreensão de conceitos básicos que eram apresentados a eles nos questionários. Os
estudantes do Objetivo, em quase sua totalidade brancos, apresentam, claramente,
melhores condições de vida e um melhor conhecimento sobre os temas propostos nas
questões. Talvez encontremos, aqui, nesta questão de haver uma melhor compreensão
sobre o conhecimento escolar na escola particular, uma realidade diária da educação,
que se encontra mais estruturada em uma rede privada, onde se pode oferecer melhores
condições de aprendizagem. Além disso, podemos encontrar influências do próprio
meio social em que cada um desses estudantes se desenvolve, onde há maior ou menor
estímulo aos estudos em cada um desses ambientes em que estão inseridos.
A diferença entre os dois meios pode ser analisada, também, através do
questionário socioeducacional proposto aos estudantes. Nele podemos observar que, no
Colégio Anésio, existe um maior número de estudantes que trabalham do que no
Colégio Objetivo, e o motivo que os leva a trabalhar também é diferente, já que, na
3
Houve esta escassez no número de alunos participantes, pois nos foi disponibilizado apenas o horário da
tarde, em que só determinados alunos vão à escola, para participar das aulas complementares.
40
escola pública, a maioria dos alunos que trabalham (ou já trabalharam) busca ajudar nas
despesas de suas casas, e, no Objetivo, os estudantes que entraram no mercado de
trabalho pretendem obter uma independência financeira.
Para realizarmos uma análise completa sobre o tema tratado, o primeiro passo
foi perscrutar o contexto do aluno e como este se vê dentro do meio social que o rodeia.
Para isso aplicamos um questionário socioeducacional com perguntas de múltipla
escolha. Posteriormente, analisamos as respostas dos alunos sobre sua relação com a
História, como componente curricular. Finalmente, exploramos suas concepções sobre o
mundo do trabalho, em um questionário com perguntas abertas onde poderiam refletir
sobre as questões propostas e discorrer em torno de seu ponto de vista. Os questionários
foram aplicados nos terceiros anos do ensino médio das duas escolas apresentadas.
Caminhando para o estudo central deste trabalho, propõe-se, neste momento, a
análise do saber histórico escolar na concepção dos estudantes das duas escolas. Os
alunos foram questionados sobre o que a História, como componente curricular, é para
eles, e se a consideram uma matéria importante. As respostas giraram em torno de uma
mesma concepção, mas foram expostas de diferentes formas. Obtendo uma análise geral
desses dados, entendemos que os estudantes pensam o conhecimento histórico como um
estudo do passado para entender o presente, permitindo a nossa compreensão sobre as
relações temporais que os alunos fazem entre passado, presente e futuro, nos indicando
que eles têm uma noção de tempo histórico.
Pensando no ponto principal abordado nesta pesquisa, tomamos como base o
mundo do trabalho contemporâneo para entender como os estudantes se enxergam e se
identificam neste contexto. Podemos analisar melhor, dentro desta visão, a
representação do mundo do trabalho na vida dos alunos das diferentes realidades aqui
estudadas.
Ao obtermos os resultados deste trabalho, enxergamos diferenças claras entre os
dois públicos, concepções distintas baseadas em variados estilos de vida. Se tratando da
representação do trabalhador na vida dos estudantes, os alunos do colégio particular
expressam, em sua maioria, o pensamento de que o trabalhador é alguém que sempre
está com pressa, que está estressado, correndo, e sem tempo. Esta é uma visão que
podemos associar a todas as condições impostas pela sociedade capitalista que se forma
após a Revolução Industrial, quando nos traz uma concepção de tempo diferente da
anterior, uma determinada forma de cumprir com este tempo e com as questões que a
nossa atual sociedade nos impõe. Fica claro que os estudantes não fazem esta relação
41
histórica com a forma de vida das pessoas na nossa realidade, mas percebe-se que isto
se encontra incutido neles de forma significativa, a ponto de formar determinada
concepção em torno do trabalhador. Poucos dos alunos do Objetivo se identificam com
a forma de pensar de alguns dos alunos do Anésio. Encontra-se esta semelhança quando
dizem que as pessoas trabalham para ter dinheiro no fim do mês, sustentam sua família
e se esforçam para ter uma vida digna. A questão de esforço, e de ter uma vida digna,
“honrada” e ser honesto, rodeia o pensamento de todos os estudantes participantes da
pesquisa no colégio Anésio. Observa-se aqui que esta concepção se forma, pois é uma
posição moral em relação ao trabalho, é de consenso geral, construídasocialmente, que o
trabalhador é aquele que ganha seu dinheiro de uma forma honesta, que se dedica e
sustenta sua família, isto permeia o senso comum, principalmente onde comunidades
mais carentes se encontram.
Os questionários analisados mostram, também, que os alunos se identificam
como trabalhadores (por ser uma condição moral), mas não compreendem o sentido de
ser trabalhador e quais as questões que o mundo do trabalho engloba, seguindo-se,
assim, uma visão comum do que é o trabalho, expondo a consciência de que é algo que
se precisa fazer parte futuramente para cumprir com a moralidade social.
Embora se vejam percepções incipientes dos alunos, ainda se faz necessária uma
intervenção mais drástica nas escolas, como repensar os currículos, a forma de abordar
os conteúdos e de promover o sentido da História aos alunos, onde o professor, nestas
duas últimas questões, atua como um intermediário, levando em conta o trabalho com a
História não apenas dentro da sala de aula, mas também entendendo a compreensão
histórica e social do aluno que se forma exteriormente, do lado de fora das dependências
escolares. A partir deste reconhecimento, podemos, além de enfrentar um ensino com
baixa significação, tratar das apreensões dos estudantes em torno da sociedade, nos
trazendo, também, especificamente neste projeto, novas percepções e constatações sobre
as representações que os estudantes guardam dentro de si em relaçãoao mundo do
trabalho, representações estas que se formam a partir da realidade do aluno e do
contexto em que se dá sua formação.
Acreditamos que todo esse processo, dentro do estudo realizado, e todas as
respostas que obtivemos, a partir do tema escolhido para se trabalhar na pesquisa,
encontram grande significação dentro do ensino de História, pois, nos fundamentando
nesta abordagem, podemos pensar como as representações sociais se constroem nos
jovens. Estes resultados nos proporcionam uma reflexão sobre como melhor trabalhar
42
estas questões sociais dentro do meio escolar e também sua importância cultural e
identitária, sendo, estas últimas, necessárias aos seres humanos na sociedade:
Vivemos hoje novas formas de vida, novos regimes precisam criar
identidades que se adaptem a eles. Daí que é comum hoje governos e
meios de comunicação inventarem um passado. Como dizia George
Orwell, estamos em uma idade em que o presente controla o passado.
Altera-se a História para servir aos interesses de alguns poucos
grupos. Cito o exemplo da Índia e da Itália, cujas histórias estão sendo
adaptadas aos sistemas de governos atuais. É vital o historiador lutar
contra a mentira. O historiador não pode inventar nada, e sim revelar o
passado que controla o presente às ocultas (HOBSBAWM, 2003,
p.101).
Referências
BARCA, Isabel. Consciência Histórica de Jovens: Identidade, mudança em História e
sentidos para a vida. Cadernos de pesquisa: pensamento educacional, Curitiba, v. 9, n.
21, p.86-107 Jan./abr. 2014.
BATALHA, Cláudio H. M. Formação da classe operária e projetos de identidade
coletiva. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil
republicano. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. nv. (O Brasil
republicano). P. 163-186.
CERRI, Luis Fernando, COUDANNES, Mariela. Jóvenes y sujetos de la historia.
Clío&Asociados: La Historia enseñada, Santa Fe/ La Plata - Republica argentina, nº 14,
p.117-126, 2010.
COUTINHO. Maria Chalfin. Sentidos do trabalho contemporâneo: as trajetórias
identitárias como estratégia de investigação. In: Cadernos de Psicologia Social do
Trabalho, 2009, vol. 12, n. 2, pp. 189-202.
DECCA, Edgar de; MENEGUELLO, Cristina. Fábricas e Homens: A Revolução
Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. 5ª Ed. São Paulo: Atual Editora, 1999.
FEITOZA, Pedro Rezende Santos. O conceito de conscientização em Paulo Freire
como norte metodológico para as assessorias jurídicas universitárias populares.
Revista Direito & Sensibilidade, 1º edição, p. 119-132, 2011.
FRONZA, Marcelo. As concepções de verdade histórica e intersubjetividade no
conhecimento histórico de jovens estudantes do ensino médio. Revista Tempo e
Argumento, Florianópolis, v. 6, n. 11, p. 299-326, jan./abr. 2014.
43
HOBSBAWM, Eric. In: GIRON, Luís Antônio: Luta contra a mentira: O inglês Eric
Hobsbawm acha que a função do historiador é esvaziar os mitos criados pelos Estados.
Revista época, Rio de Janeiro, 04/08/2003, p.101.
MEDEIROS. Priscilla Brandão de. O MUNDO DO TRABALHO
CONTEMPORÂNEO: uma análise crítica acerca dos embates gerados na vida da
classe trabalhadora. São Luís do Maranhão, 2013.
PRONI. Marcelo Weishaupt. O TRABALHO NA CIVILIZAÇÃO
CONTEMPORÂNEA: Leituras e Reflexões. Ponta Grossa.
44
A HISTÓRIA PÚBLICA EM PÁGINAS DE DIREITA DO FACEBOOK:
FACEBOOK
INICIANDO A DISCUSSÃO
Resumo
A presente comunicação visa apresentar os apontamentos iniciais de uma pesquisa que
se objetiva a investigar as ideias de história que circulam em algumas páginas de direita
política da rede social Facebook
Facebook.. Essas páginas difundem ideias de história que nãonã
foram produzidas na academia ou na escola, e alimentam o imaginário político e
histórico de muitos jovens. Pretende
Pretende-se
se analisar três páginas: “MBL – Movimento
Brasil Livre”, “Revoltados ON LINE”, “Jovens de Direita”; todas com um referencial
ideológico parecido,
arecido, autodenominadas de “movimentos políticos”, e que difundem
ideias de história extraescolares que acham respaldo em um conservadorismo existente
na população brasileira. A partir da discussão sobre a História Pública, como veremos
com MALERBA (2014; 2016), e da perspectiva de BERGMANN (1989/1990),
investigaremos as ideias de história que circulam nesse ambiente virtual, para
compreendermos quais os usos que essas páginas fazem do passado.
Introdução
O presente texto tem o objetivo de apresentar as discussões iniciais de uma
pesquisa de Mestrado do Programa de Pós
Pós-Graduação
Graduação em História Social da
Universidade Estadual de Londrina. Esta pesquisa tem o interesse em investigar as
ideias de história
stória que são produzidas e veiculadas no ciberespaço, mais especificamente,
em páginas de direita política da rede social online Facebook5. A partir de três páginas
4
Mestrando em História Social (PPGH), Universidade Estadual de Londrina (UEL), ee-mail:
sussaimatheus@gmail.com. Agência de fomento: CAPES.
5
O Facebook é uma rede social lançada em 2004, fundado por Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin,
Andrew McCollum, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, estudantes da Universidade Harvard. Este termo é
composto por face (que significa face também em português) e book (que significa livro), o que indica
que a tradução literal de facebook pode ser "livro de caras". O Facebook é gratuito para os usuários e gera
receita proveniente de publicidade, incluindo banners e grupos patrocinados. Por se tratar
45
que ganharam certa repercussão nas timelines6de muitos brasileiros, pretendemos
realizar um levantamento das temáticas mais veiculadas pelas páginas, apresentando as
ideias de história que ali são veiculadas. As fontes das quais nos referimos são:
“Revoltados ON LINE”7, “MBL – Movimento Brasil Livre”8 e “Jovens de Direita”9.
Para a análise dessas fontes utilizaremos da perspectiva “netnográfica”
(KOZINETS, 2014), e nos embasaremos nos ensinamentos da Didática da História,
discutida por Klaus Bergmann (1989/1990). Aqui, por se tratar de um texto introdutório
sobre a pesquisa, apresentaremos uma breve discussão sobre essas áreas, a fim de
utilizá-las no restante do trabalho. Para detalhar mais as fontes, também precisaremos
esclarecer aqui algumas considerações acerca do “ciberespaço” e do conceito de
“cibercultura” (LÉVY, 1999), termos que tomamos como necessários para tratar do
ambiente virtual. E falando especificamente dessas plataformas virtuais, veremos como
elas são relevantes para a ciência da História atualmente, que perde credibilidade no
ambiente virtual para narrativas com teor histórico que não passaram pelo crivo da
ciência (MALERBA, 2014; 2016). Narrativas geralmente expostas pelas nossas fontes,
como daremos alguns exemplos.
Assim, pretendemos discutir essa disputa que ocorre na História Pública, na qual
as ideias de história extraescolares, que não foram produzidas pela academia ou pela
escola, ganham força em alguns grupos da sociedade brasileira, fazendo com que o
discurso histórico científico seja taxado por alguns como mentiroso, e até “apenas um
ponto de vista”. Esses embates estão em vigor na rede social online Facebook, na qual
existem diversas páginas que se utilizam de ideias históricas para legitimar a sua
opinião no presente. O que nos ensina JörnRüsen (2007) sobre a experiência do
passado, a interpretação dessa experiência, e alguma forma de perspectiva de futuro
para uma orientação no presente, é explícito nas narrativas em que ideias históricas vem
para legitimar uma opinião no presente. Para iniciarmos o texto e as suas discussões,
cabe reafirmar que é um trabalho introdutório, e por isso trará aqui projeções de estudos,
propostas, e uma breve amostragem das fontes. É um texto baseado em um pré-projeto
especificamente da nossa fonte, traremos mais detalhes sobre o Facebook no segundo capítulo deste
trabalho. Disponível em <http://www.significados.com.br/facebook/>. Acesso em 16 de junho de 2017.
6
Timeline é o termo original de “Linha do Tempo”. Local do Facebook no qual o usuário tem acesso às
postagens dos seus amigos e das páginas que curte/segue. A seleção das publicações destinadas a cada
usuário é feita por sistemas de interesse a partir das curtidas e compartilhamentos de cada usuário. Logo,
cada usuário tem a sua timeline específica, ela é diferente para cada usuário do Facebook.
7
Disponível em: <https://www.facebook.com/revoltadosonline>. Acesso bloqueado pelo Supremo
Tribunal Federal em 28 de agosto de 2016.
8
Disponível em: <https://www.facebook.com/mblivre>. Acesso em 16 de junho de 2017.
9
Disponível em: <https://www.facebook.com/jovensdedireita>. Acesso em 16 de junho de 2017.
46
de mestrado, no qual as discussões iniciais sobre a metodologia e a questão da fonte,
vieram para trazer novas perspectivas e serem debatidas no evento para ter o crivo da
História enquanto ciência. É o começo de uma pesquisa, e aqui temos o objetivo de
trazer nossas considerações iniciais.
47
móvel, maleável, aberto. O leitor pode intervir em seu próprio conteúdo, [...] deslocar,
recortar, estender, recompor as unidades textuais das quais se apodera” (CHARTIER,
2002, p. 25).
Toda essa breve apresentação se fez necessária para dizer que essas páginas do
Facebook, que pretendemos investigar enquanto documentos históricos, difundem
opiniões que defendem uma “direita” política, mesmo sendo consideradas por muitos
uma opinião de senso comum. Pretendemos, ao longo da pesquisa, discutir mais os
termos de “direita” e “esquerda” política. Cabe dizer aqui que estamos utilizando de
páginas que se autoconsideram representantes da direita. Sendo assim, acabam
utilizando noções de história que não circulam no ambiente acadêmico. Ou seja, é um
argumento com referencial histórico (geralmente temas como “ditadura militar”,
“regimes totalitários”, “fascismo”, “comunismo”, entre outros), que não foram
produzidos dentro do ambiente escolar ou científico. Ainda assim, são noções de
história que circulam no ciberespaço, no qual muitas pessoas se informam e se formam
a partir delas. Curtindo, compartilhando e debatendo, os usuários dessas páginas do
Facebook se interagem em um novo tipo de cultura que é denominada de “cibercultura”,
formando opiniões e elaborando versões de história.
Pierre Lévy (1999) entende por cibercultura “[...] o conjunto de técnicas
(materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores
que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (p. 17). Os seres
humanos são parte fundamental dessa cultura, afinal, sem eles, ela não existiria. E por
isso é possível o estudo das redes sociais online, ou melhor, das informações presentes
no ciberespaço, como objeto da História. Afinal, como nos ensina Marc Bloch (2001):
“[...] o objeto da história é, por natureza, o homem. Digamos melhor: os homens.” O
bom historiador, “onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça” (p. 54).
Diante dessas páginas do Facebook que se denominam como defensoras de uma
direita política, nas quais os seus administradores argumentam os mais variados temas
da história e da política nacional, surgiu o interesse em investigar essas noções de
história a partir da perspectiva da Didática da História, discutida por Klaus Bergmann
(1989/1990):
48
experimentada nem vivida imediatamente, ou seja, transmitida,
cientificamente ou não; c) história apresentada pela Ciência Histórica
como disciplina específica [...]. A partir dessas intenções, a didática se
vê obrigada a incluir nos objetos de sua pesquisa empírica também as
recepções extra-escolares de História. Dessa forma, ela não apenas
tematiza a História regulada e disciplinada pela ciência e pelo ensino
mas também abarca a História transmitida no processo de
socialização, que não é filtrada por nenhuma disciplina científica. [...]
investiga o significado e a importância do mundo do vivido fora das
instituições científicas e escolares [...] (p. 30-32).
49
crescente de consumo popular de história [...] (MALERBA, 2014, p.
32).
Ao falar de uma demanda social por história, Jurandir Malerba também está
discutindo os ofícios do historiador, ao dizer que este precisa tomar as plataformas
digitais como um local de trabalho, de ensino de História. O que mais nos interessa aqui
é a atenção que o autor dá para as plataformas digitais e as elaborações de história nesse
ambiente. A academia não é mais o único lugar onde a História é produzida. Claro que
sem o rigor científico, mas ainda assim, circulam versões de história que interessaram a
mim enquanto pesquisa visando uma colaboração ao campo da História e Ensino.
A partir desses apontamentos iniciais sobre as ideias de história que circulam na
História Pública, apresentaremos mais detalhadamente a nossa proposta de estudo.
Entendendo o ciberespaço como um grande acervo de documentos para a História, nos
interessamos em investigar as formas de elaboração do conhecimento histórico
extraescolar, ou seja, as que se encontram na cibercultura, nas plataformas digitais, não
produzidas com rigor científico. Selecionando três páginas da rede social online
Facebook, pretendemos investigar as histórias que circulam nessas páginas, os
argumentos políticos de cada uma, e como se dá a recepção (ou não) dessas informações
através dos comentários das publicações, onde os web atores ganham foco na nossa
pesquisa, pois ali se encontram muitos jovens e adultos que frequentam o ambiente
escolar e se formam com essas ideias. As páginas selecionadas são: “Revoltados ON
LINE”, “MBL – Movimento Brasil Livre” e “Jovens de Direita”, que defendem
explicitamente uma visão de direita política que utiliza do passado, que tem noções e
argumentos políticos e históricos que são aprendidos pelos usuários que ali vivenciam o
seu cotidiano virtual, e por isso, nos interessam enquanto objeto de estudo.
Em suma, os nossos objetivos específicos, em tópicos, podemos considerar:
50
Discutir a História Pública presente no ciberespaço como lugar de produção do
conhecimento histórico extraescolar, não produzido pela academia, mas que
modela o posicionamento político de muitos alunos;
51
as formas de elaboração do conhecimento histórico que não estão na academia ou na
escola. Sendo assim, as múltiplas perspectivas históricas que se produzem e difundem
no ciberespaço, utilizando noções de história muitas vezes não aceitas pela
historiografia, despertaram-nos o interesse de pesquisa, a partir dessa perspectiva que
busca compreender essas noções de História, visando colaborar com a sociedade e o
professor em sala de aula.
52
homem dentro das comunidades virtuais (AMARAL, et al, 2008, p. 35). É importante
lembrar que uma pesquisa sempre trabalha com um recorte da página, ou seja, ela não
dará conta da página inteira. O recorte se insere dentro desse processo histórico, e temos
que estar conscientes que analisaremos “[...] um recorte comunicacional das atividades
de uma comunidade online, e não a comunidade em si [...]” (AMARAL, et al, 2008, p.
39).
Assim, selecionaremos as publicações mais curtidas de cada página, e utilizando
o recurso de captura de tela do Windows, pretendemos salvar e armazenar as
publicações para a posterior análise. Depois disso, analisaremos o conteúdo principal da
publicação, destacando a mensagem que aquela postagem quer passar, e qual o seu tipo
de mídia (se é um vídeo, um texto, uma imagem, etc.). Depois de feita essa apresentação
das publicações selecionadas, pretendemos buscar as regularidades enunciativas a partir
dos comentários feitos pelos seguidores (ou opositores) das três páginas. Para isso,
pretendemos utilizar da metodologia do “Discurso do Sujeito-Coletivo” (DSC),
produzindo discursos-síntese sobre as regularidades enunciativas, sobre os temas mais
comentados e discutidos.
A técnica do discurso-síntese procura blocar opiniões. Ou seja, no discurso-
síntese se reúnem “conteúdos e argumentos que conformam opiniões semelhantes”
(LEFEVRE; LEFEVRE, 2012, p. 17). Assim, se remete às respostas semelhantes como
se fosse um depoimento único (LEFEVRE; LEFEVRE, 2012, p. 19). Esta metodologia,
produzida na Universidade de São Paulo desde 1990, serve ao propósito de reunir
depoimentos verbais e não-verbais em discursos-sínteses, entendendo que em qualquer
sociedade os sujeitos compartilham e também divergem em ideias, noções, opiniões e
representações, e por isso mesmo, estas podem ser percebidas conforme “padrões”,
fazendo o pensamento coletivo “falar diretamente” (LEFEVRE; LEFEVRE, 2012, p.
24). O discurso-síntese não deixa de ser uma forma de categorização, uma forma de
reconhecer, diferenciar e classificar aproximadamente as representações sociais.
Assim, a partir da perspectiva da Didática da História, visando investigar as
elaborações do conhecimento histórico, buscaremos analisar as noções de História que
circulam nessas páginas, pesquisando os temas mais tratados e as opiniões dessas
pessoas sobre esses temas. Por fim, com a produção dos discursos-síntese, poderemos
perceber os tipos de conhecimento histórico que circulam na História Pública, e que se
fortalecem diariamente na formação de muitos alunos que buscam se informar no
Facebook.
53
Um pouco sobre as páginas
Vemos como Pierre Lévy nos atenta para o fato de o ciberespaço se formar
também pelos seres humanos, que navegam, atuam, alimentam esse universo
informacional. O que acontece nos processos comunicacionais mediados pelas mídias
digitais, nesse caso, pelo Facebook, uma mídia de cunho “pós-massivo”, é a veiculação
da informação com uma comunicação “todos-todos” (COUTO JUNIOR, 2013, p. 22-
39). Ou seja, é um espaço virtual online no qual todos ajudam a preencher, uma rede
que é alimentada a todo o momento, e por todos os participantes, não havendo apenas
um difusor, mas sim todos difusores e receptores, compartilhando e ressignificando
vários tipos de mídia. É isso que defende o estudioso da cibercultura André Lemos
(2010), ao mostrar que as mídias pós-massivas proporcionam a “liberação da palavra”,
onde “[...] permitem a qualquer pessoa, e não apenas empresas de comunicação,
54
consumir, produzir, e distribuir informação sob qualquer formato em tempo real e para
qualquer lugar do mundo.” (p. 25).
Notavelmente a partir de 2014, começaram a ganhar destaque em âmbito
nacional algumas páginas do Facebook (em alguns casos essas páginas também
possuem contas em outras redes sociais online). Páginas essas que opinavam sobre
política, e que foram muito influentes no processo de impeachment de Dilma Rousseff
que teve êxito em 2016. Essas páginas difundiram ideias políticas, argumentos
históricos, xingamentos e etc., dos mais variados posicionamentos possíveis. Assim,
com o interesse de pesquisar a elaboração do conhecimento histórico a partir das
páginas de direita que tiveram reconhecimento nacional, escolhemos essas três como
fontes históricas.
A primeira, os “Revoltados ON LINE”, foi criada em 01 de agosto de 2010, com
os objetivos de se manifestar contra o governo federal (naquele momento, final do
último mandato do Lula), contra a corrupção total da política brasileira. Com a eleição
(2010) e posterior reeleição de Dilma Rousseff (2014), a página continuou se
manifestando, ganhando muita repercussão a partir do segundo semestre de 2014, no
qual tivemos o período eleitoral e muitos buscaram se informar em páginas como esta.
Atualmente possui uma força notável na formação política pessoal de muitos
brasileiros. A página possuía 1.694.293 de curtidas (julho de 2016), e representa o total
de pessoas que seguem e geralmente concordam com as ideias veiculadas pela página.
Mas não podemos deixar de comentar que muitos seguem (curtem) páginas no
Facebook para poder acompanhar as publicações, mesmo que não concordem com elas.
Mas podemos considerar a maioria do número de curtidas como apoiadores da página.
O líder declarado da página era Marcello Reis, mas pelas publicações constantes de
Luciana Mello, pudemos perceber que existia um grupo que administrava a página.
Ainda assim, seu principal líder era Marcello Reis.
A página foi bloqueada pelo Facebook, a pedido do então presidente do
Supremo Tribunal Federal na época, Ricardo Lewandowski, no dia 28 de agosto de
2016. No dia 31 de agosto, ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff. Até o presente
momento não houveram indícios de que a página voltaria a ativa, apenas pequenos
grupos dispersos que lutavam pela sua volta, e o ostracismo do militante do movimento,
Marcello Reis, que concedeu uma entrevista ao jornalista Guilherme Pavarin pela Folha
55
de São Paulo, na qual a matéria10 enfoca a sua carreira militante e sua trajetória desde
antes dos Revoltados ON LINE, até o seu ostracismo total. Um detalhe interessante para
levarmos em consideração sobre a página, é que nos seus momentos finais de “vida”,
ela teve certa colaboração intelectual, se é que podemos chamar assim, de uma figura
pública muito conhecida no Brasil: Alexandre Frota11.
A página “MBL – Movimento Brasil Livre” foi criada no dia 01 de novembro de
2014, possuindo 1.347.061 curtidas (julho de 2016). Atualmente a página possui
2.272.180 curtidas (junho de 2017).Em 2016, se autodenominava como uma ONG
(organização não governamental) que não possuía fins lucrativos, com o intuito de
mobilizar os cidadãos para lutar por uma sociedade mais justa. Já em junho de 2017,
mês em que escrevo este texto, a página já substituiu o termo “ONG” por “Entidade
sem fins lucrativos”.
A imagem a seguir foi retirada do tópico “História” da página no Facebook:
Figura 1: Captura de tela feita pelo próprio autor sobre a página de informações do "MBL - Movimento
Brasil Livre". 21 de junho de 2017.
Diferente dos “Revoltados ON LINE”, o MBL (abreviatura) diz que não possui
fins lucrativos, o que já foi duvidado algumas vezes que esta página apoiou
condicionalmente políticos de um determinado partido. Já os “Revoltados ON LINE”,
não se importavam em expor que precisavam de doações, e pediam isso na maioria de
suas publicações. Ao entrar na página, o web ator já tinha contato com as contas
bancárias para doação e manutenção do movimento (necessário para continuaras
manifestações).
10
Disponível em: <http://piaui.folha.uol.com.br/o-ostracismo-do-maior-revoltado-online/>. Acesso em 21
de junho de 2017.
11
Alexandre Frota de Andrade (Rio de Janeiro, 14 de outubro de 1963) é um ator, diretor, ex-modelo, ex-
comediante, ex-jogador de futebol americano, apresentador, empresário e ex-ator pornográfico brasileiro.
Retirado de: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Frota>. Acesso em 21 de junho de 2017.
56
Já a página “Jovens de Direita”, nomeia-se como “comunidade” e possuía
184.169 curtidas em julho de 2016, passando para 314.555 em junho de 2017.
Notavelmente a página possui menos curtidas do que as outras duas, mas o avanço de
seu crescimento em menos de um ano foi considerável, e continua a ocorrer. Não é
informada a data de criação do grupo, mas visitando a página do Twitter dessa
comunidade, podemos ver que esta está ativa desde março de 2014. É comum que essas
comunidades acabem defendendo algumas figuras políticas, como é o caso da “Jovens
de Direita”, que em sua foto de perfil possuiam uma imagem onde estava escrito:
“#SomosTodosBolsonaro”. Claramente uma alusão à possível candidatura já anunciada
à presidência em 2018 de Jair Bolsonaro. Este que se mostra um ídolo da maioria dessas
comunidades com interesses parecidos com as citadas acima. Como temas regulares
expostos pelos “Jovens de Direita”, podemos elencar: apologia a Jair Bolsonaro; defesa
da Monarquia brasileira como melhor forma de governo; defesa da privatização;
apologia a Donald Trump; discursos contra a religião islâmica.
A seguir, uma imagem publicada pela página e os respectivos comentários12:
Figura 2: Captura de tela realizada pelo próprio autor sobre uma publicação do dia 19 de maio de 2017.
12
Vemos como o Facebook se faz um lugar de discussões. Nem todos que comentam nas publicações da
página concordam com as informações veiculadas.
57
Como está bem explícito na imagem postada pela página “Jovens de Direita”, o
grupo está fazendo uma apologia a um suposto terceiro reinado no Brasil, que é o que
eles defendem que deveria acontecer como solução aos problemas de corrupção no
Brasil. O intuito aqui não é fazer uma análise detalhada da publicação, mas dar um
exemplo do tipo de postagem que se encontra nessa página. O primeiro comentário que
se mostra na imagem diz: “Dom Luiz imperador, Bolsonaro Ministro” (Masculino,
2017). Veja a apologia tanto à Monarquia, quanto ao político Jair Bolsonaro, muito
comum nessas páginas, como já havíamos mencionado. Mas logo em seguida, também
temos comentários contrários à proposta da página: “Nego não sabe o que fala.
Monarquia! Kkkkk essa foi boa.” (Masculino, 2017). Vemos assim, os principais
interesses da página e o tipo de informação que veiculam.
Considerações Finais
O presente trabalho teve como objetivo dar início às discussões de uma pesquisa
de Mestrado em História Social do Programa de Pós-Graduação em História Social da
Universidade Estadual de Londrina (PPGH – UEL). Aqui, colocamos nossas
proposições de estudo, nossas primeiras ideias e contato com as fontes, a fim de debater
o nosso objeto e inseri-lo no embasamento da Didática da História, visando investigar
as ideias de história produzidas fora do ambiente escolar ou acadêmico.
Enfim, nessas páginas foi possível perceber a defesa de algumas ideias em
comum, tais como: o posicionamento contra o Partido dos Trabalhadores (PT); a defesa
de algumas figuras políticas como Jair Bolsonaro (Partido Social Cristão – PSC), que
defende abertamente a ditadura militar; a defesa de uma economia de livre-mercado;
oposição aos programas sociais do governo federal (principalmente o “Bolsa Família”,
um dos mais citados); contra o comunismo, ou melhor, eles mesmos possuem suas
noções de comunismo, o que nos interessa muito enquanto argumentos históricos
extraescolares; além de várias referências aos governos cubanos, bolivianos e
venezuelanos, numa tentativa de comparar a suposta “ditadura comunista do PT” que
vivemos (segundo algumas dessas páginas), e sempre fazendo oposição aos governos
citados. Assim, essas páginas produzem e difundem ideias históricas e políticas que são
discutidas e acolhidas por vários brasileiros, entre eles, muitos alunos, que acabam por
levar esses posicionamentos para dentro da sala de aula. Por isso nos interessamos em
investigar tais fontes com a perspectiva da Didática da História, que para colaborarmos
58
com os estudos dessa área, e esclarecer alguns pontos e temas que surgem no nosso
presente e se mostram nessas páginas.
A carência de orientação temporal é notável. A busca no passado, e o uso (às
vezes indevido) deste para legitimar ideias e orientar-se de alguma forma na vida
prática, toda essa matriz proposta por Rüsen (2007), podemos perceber funcionando
nessas páginas do Facebook, talvez não do jeito que queríamos. Vemos uma demanda
social por história sendo suprida por não-historiadores, que através de uma narrativa
atraente, conseguem legitimar suas opiniões pessoais e defini-las como “História” para
um público leigo. Mas elas não são. Não passaram pelo crivo da ciência, por isso não
compõem a Historiografia. Para finalizar, utilizamos das ideias de Jurandir Malerba
(2016), que comenta sobre a existência de uma disputa pela legitimidade da História na
História Pública na qual os historiadores estão longe da vitória.
Referências
ALMEIDA, Fábio Chang de. O historiador e as fontes digitais: uma visão acerca da
internet como fonte primária para pesquisas históricas. Revista do corpo discente do
PPG-História da UFRGS, v. 3, n. 8, janeiro/junho. 2011, p. 09-30.
AMARAL, Adriana; NATAL, Geórgia; VIANA, Lucina. Netnografia como aporte
metodológico da pesquisa em comunicação digital. Revista FAMECOS, Porto Alegre,
Ano 13, n. 20, dezembro 2008, p. 34-40.
BERGMANN, Klaus. A História na reflexão didática. Revista Brasileira de História.
v.9, n.19, set.89/fev.90, p. 29-42.
BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício de historiador. – Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2001.
CHARTIER, Roger. Os desafios da escrita. Trad. Fúlvia M. L. Moretto. São Paulo:
Editora UNESP, 2002.
COUTO JUNIOR, Dilton Ribeiro do. Cibercultura, Juventude e Alteridade:
aprendendo-ensinando com o outro no Facebook. Jundiaí, Paco Editorial: 2013.
KOZINETS, Robert V. Netnografia. Realizando pesquisa etnográfica online. Porto
Alegre: Penso, 2014.
LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria. Pesquisa de representação social. Um
enfoque qualiquantitativo. Brasília: Liber Livro Editora, 2012.
LEMOS, André. Os sentidos da tecnologia: cibercultura e ciberdemocracia. In:
LEMOS, André; LÉVY, Pierre. O futuro da internet: em direção a uma
ciberdemocracia planetária. São Paulo: Paulus, 2010, p. 21-31.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência.O futuro do pensamento na era da
informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
59
______. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.
MALERBA, Jurandir. Acadêmicos na berlinda ou como cada um escreve a história:
uma reflexão sobre o embate entre historiadores acadêmicos e não acadêmicos no Brasil
à luz dos debates sobre a PublicHistory. História da Historiografia, v. 15, p. 27-50,
2014.
______. Os historiadores e seus públicos: Desafios ao conhecimento histórico na era
digital. Texto de Divulgação. 2016. Disponível em:
<https://www.academia.edu/27247441/Os_historiadores_e_seus_p%C3%BAblicos_Des
afios_ao_conhecimento_hist%C3%B3rico_na_era_digital>. Acesso em 21 de junho de
2017.
PISANI, Francis; PIOTET, Dominique. Como a web transforma o mundo. A
alquimia das multidões. Trad. Gian Bruno Grosso. São Paulo: Editora SENAC, 2010.
RÜSEN, Jörn. História viva. Teoria da História III: formas e funções do
conhecimento histórico. Trad. Estevão de Rezende Martins. Editora Universidade de
Brasília: Brasília, 2007.
Sites
http://piaui.folha.uol.com.br/o-ostracismo-do-maior-revoltado-online/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Frota
https://www.facebook.com/jovensdedireita
https://www.facebook.com/mblivre
https://www.facebook.com/revoltadosonline
http://www.significados.com.br
60
PROJETO “CIDADANIA, POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO”: HISTÓRIA
ESCOLAR E HISTÓRIA PÚBLICA
Márcia Elisa Teté Ramos
Érica Xavier**
Introdução
Em março de 2015, em diversas cidades brasileiras, grupos sociais foram às ruas
protestar contra o governo da república do Brasil. Este movimento surgiu nas redes
sociais e ganhou força, tendo como uma de suas principais “bandeiras” o pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e o fim da corrupção. Londrina foi
uma das cidades onde determinados grupos aderirama tal movimento. Foi neste
contexto histórico-político,
político, que surgiu a ideia de desenvolver com os alunos do nono
Docente do Departamento de História da UEM, do Profhistoria UEM e do Mestrado em História Social
da UEL, Doutora em Educação UFPR, metramos@uem.br
**
Docente do Departamento de História da UEL, mestre em História Socia Sociall da UEL, professora de
história da rede pública e privada de ensino.
ensino.ericaxavier_historia@yahoo.com.br
61
ano do Ensino Fundamental II o projeto “Cidadania, política e participação”13que
contou com dois subprojetos envolvendo temas políticos: “Noções dos manifestantes
acerca do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff- Londrina/ Pr” e
“Noções dos manifestante londrinenses sobre a ditadura civil militar (1964-1985)”. Os
dados das pesquisas foram recolhidos durante a manifestação ocorrida em Londrina.
O projeto foi pensado como apropriado para a aprendizagem histórica ao propor
uma investigação e foi desenvolvido sob orientação da professora Érica Xavier
(professora de História e de Cidadania, nesta última disciplina o projeto foi
desenvolvido) juntamente com professora de iniciação científica da escola. Isabel Barca
critica a “aula-conferência”, ou seja, a aula expositiva como aquela que anuncia a
História como verdade “cabendo aos alunos – por norma catalogados como seres que
‘não sabem de nada’, ‘não pensam’ – receber as mensagens e regurgitá-las
correctamente em testes escritos" (BARCA, 2004, p. 132). Também critica o que chama
de “aula-colóquio”, em que o professor escolhe recursos didáticos interessantes, mas
pouco difere em termos de estrutura da aula. Argumenta a autora que uma aula baseada
no “construtivismo social” entende o aluno como protagonista de seu próprio
conhecimento (BARCA, 2004, p. 133). Para que isso seja possível, Barca toma como
princípio que os alunos devem “ler fontes diversas, com suportes diversos e mensagens
diversas” (BARCA, 2004, p. 134), bem como “procurar entender situações humanas em
diferentes tempos e diferentes espaços” e saber comunicar as interpretações e reflexões
adquiridas no processo de aprendizagem (BARCA, 2004, p. 135). Assim, entendemos
que se os alunos fizessem enquetesin loco nas manifestações pró-impeachment,
perceberiam quais representações políticas circulam em meio a alguns grupos sociais,
mas também, quais saberes históricos são utilizados, como no caso, sobre a Ditadura
Civil-Militar.
A História Pública como história não especializada que ultrapassa os muros das
universidades e mesmo das escolas, configura-se como aquela em que determinados
saberes históricos são construídos nos variados materiais midiáticos, na família, nas
igrejas, nos partidos, etc., formando a consciência histórica, ou seja, “o modo como
seres humanos interpretam a experiência da evolução temporal de si mesmos e do
mundo em que vivem (ALBIERI, 2011, p. 25). As representações políticas têm sua
13
Este projeto foi classificado em uma seletiva estadual para compor a feira científica “Ficiencias”
ocorrida em novembro de 2015, em um dos campi da UNILA, Foz do Iguaçu. Foram escolhidos 150
projetos de diversas áreas do conhecimento envolvendo Brasil, Paraguai e Argentina. Trata-se de um
evento promovido em parceria com a Itaipu.
62
interface com o conhecimento histórico. Portanto, partimos do pressuposto de que as
manifestações pró-impeachment seriam um terreno propício para colher tais saberes.
Saberes que condicionam o modo de estar no mundo, “anterior e mais fundamental que
a formação de conhecimentos históricos específicos” (ALBIERI, 2011, p. 26)
Esta fundamentação da aula-oficina em que temos como partida o princípio
investigativo e a concepção de que na sociedade circulam saberes históricos não
especializados, levou ao projeto que então teve como intenção levar os alunos a
analisarem:perspectivas em torno dos direitos dos cidadãos; liberdade de expressão,
importância da participação popular para a conquista dos direitos; o destaque quanto aos
processos históricos e não somente fatos e nomes, entre outros fatores ligados à
democracia. Também se buscou compreender que em determinados tempos históricos e
contextos políticos, alguns direitos podem ser retirados dos cidadãos, assim como
podem ser instaurados regimes de censura e repressão.Vale esclarecer que o conceito
substantivo a ser explorado naquele momento era o da “Era Vargas”. No entanto, o
objetivo do projeto era o de desenvolver conceitos meta-históricos, em especial o de
evidência. Os conceitos históricos substantivos são específicos da história, e estão mais
vinculados às informações históricas ou conteúdos históricos, por exemplo: Revolução
Francesa, Feudalismo, Renascimento, Guerra de Canudos, Revolução Industrial, etc. Os
conceitos de segunda ordem são constitutivos da cognição histórica, isto é, dizem
respeito aos fundamentos teóricos e metodológicos da história, à natureza do
conhecimento histórico, entre outros: explicação histórica, fontes e evidências,
consciência histórica, inferência, imaginação histórica, interpretação, narrativa, etc. Tais
conceitos também são ligados à noção temporal, como mudança, permanência, evolução
e transição (LEE, 2001).
Para tanto, considerando a importância do envolvimento do cidadão com a
política, optou-se por verificar o que pensavam as pessoas que participaram do protesto
sobre os temas como oimpeachment. Obviamente as pessoas que ali estavam
concordavam, até certo ponto, com a saída da presidenta Dilma Rousseff ou clamavam
por mudanças, junto ao fim da corrupção. No caso do tema sobre a Ditadura civil-
militar, a iniciativa surgiu porque em outras manifestações podemos perceber que havia
certos grupos que pediam a volta do Regime Militar ou Intervenção militar.
A escola em que o projeto foi desenvolvido, integra a rede privada e localiza-se
na região central da cidade de Londrina, atendendoEnsino Fundamental II, Ensino
Médio e oferecendo curso pré-vestibular. Trata-se de uma escola com espaço físico
63
relativamente pequeno. No Fundamental II, a média é de 20 a 25 alunos por sala de
aula. A turma do nono ano em 2015 tinha uma média de 22 alunos em sala, com idades
entre 13 a 16 anos.
Estes estudantes, em geral, sãode classe média alta da cidade. As profissões dos
adultos responsáveis variam entre advogados, juristas, psicólogos, empresários,
profissionais liberais, arquitetos, médicos, professores, entre outros. Os alunos que
chegam à escola para ingressar no sexto ano, em sua maioria, vêm de outras escolas
particulares que atendem somente o Fundamental I. Outros vêm transferidos em
diversos níveis de outras escolas particulares, mas somente uma parte ínfima vem de
escola pública, na maioria em condição de bolsista integral ou parcial.
O método utilizado pelas equipes14 para aplicação da pesquisa foi
enquete/entrevista, as questões foram elaboradas pelos alunos, que tiveram como base
discussões em torno de diversos materiais midiáticos com diferentes suportes e fontes
primárias e secundárias. Para aplicação, foram utilizadas impressões das enquetes,
prancha e caneta. Sobre as noções dos manifestantes a respeito do impeachment foram
entrevistados 200 participantes que responderam a quatro perguntas. No caso das
noções dos manifestantes sobre a Ditadura civil-militar, também foram respondidas
quatro perguntas feitas a 121 pessoas, não havendo qualquer identificação pessoal nos
questionários. A pesquisa de campo foi realizada na cidade de Londrina/PR em 15 de
março de 2015 e teve duração de 2h30min, com início às 15h00minh e término as
17h30minh. Após o recolhimento, os dados foram tabulados demonstrando o resultado
da pesquisa.
Sobre Impeachment = 200 entrevistados
Sobre Ditadura civil-militar = 121 entrevistados
Sobre os manifestantes, não temos dados pessoais, como foi mencionado,
entretanto, a partir da observação e em conversas informais no momento da entrevista
foi possível perceber que pertenciam a classes sociais diversas. Os entrevistados
aparentemente possuíam entre 20 a 70 anos. Em meio ao público, junto aos
adultos,haviam adolescentes e crianças.
14
Cada equipe desenvolveu um tema, os dados recolhidos não foram das mesmas pessoas.
64
surgiram algumas questões que nortearam esta pesquisa como: Será que os participantes
de fato acreditam que as manifestações podem causar o impeachment da atual
presidente? Sabem quem assumiria caso o impeachment ocorresse? Se o pedido fosse
aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, os manifestantes compreendem como
o impeachment pode ser validado?
O objetivo geral foi mapear de forma quantitativa como os manifestantes
pensavam as questões citadas acima. Foram utilizados como base de discussão para se
elaborar as questões com os alunos que aplicaram a enquete, a atual Constituição
(1988), um documentário15 efragmentos de textos como ponto de partida para as
discussões a respeito processo de impeachment, tendo como pano de fundo o processo
que envolveu o ex-presidente Fernando Collor em 1992. Através deste material também
se buscou entender o processo democrático e a atuação dos movimentos populares
naquele momento
As tabelas demonstram as questões, as alternativas e os resultados coletados
através da enquete. Em relação ao conteúdo do protesto, a maioria trazia faixas e
cartazes relacionados com situação econômica, contra a corrupção, com manifestações
contra o Partido dos Trabalhadores (PT), entre outros motivos ligados a insatisfação
contra o governo federal.
A primeira questão da enquete:
Nesta questão o candidato pôde marcar mais de uma alternativa. De forma geral,
grande parte dos entrevistados, ou seja, 54%demonstraram que o motivo de estarem nas
ruas era especificamente a insatisfação contra o atual governo federal. Esta pergunta foi
sugerida, com a intenção de perceber o motivo que levou a pessoa a manifestar-se
publicamente, sem restringir apenas a questão do impeachment, pois consideramos que
15
Documentário: Arquivo N- O impeachment de Fernando Collor. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=t9GvefCDQjo.
65
algumas pessoas estavam presentes apenas para manifestar sua indignação, sem
necessariamente acreditar que as manifestações populares por si, fossem capazes de tirar
a presidenta. Pela referência cruzada das respostas, é possível verificar que de fato,
muitos foram apenas protestar, mas uma grande soma de pessoas protestava contra a
presidente e pedia impeachment da mesma como objetivos relacionados.
A seguir a pergunta 2, procura saber se os manifestantes entendiam que tinham o
poder de causar o impeachment da presidente pelas suas reivindicações:
66
Também se argumento em torno da suposta manipulação da mídia é
reducionista, pois consideramos que, apesar de não podermos desprezar que a mídia,
principalmente os canais televisivos e jornais de grande circulação tenham um sentido
preferencial em suas mensagens, e que este sentido correspondia à pressão para o
impeachment da presidente, o público é produtor ativo de sentido. Portanto, segundo
esta linha de pensamento, a mídia reforça crenças, projetos, reivindicações,
descontentamentos que já existia em várias esferas sociais. Caso não encontrasse
respaldo na sociedade, a reivindicação pelo impeachment ou o ataque constante à
presidente não teria ocupado espaço na mídia. Contudo, “perspectiva sobre a audiência
como produtora ativa de sentido, se levada ao extremo, subestimaria, ou mesmo
apagaria, a possibilidade da mídia de interferir, mesmo que parcialmente, nos valores,
projetos, opiniões e ações dos indivíduos” (RAMOS, 2009, p. 31). Este movimento é
complexo e tensional: o público produz a mídia e vice-versa.
Os dados da questão a seguir podem ser comparados com a tabela 4, onde 17%
dos entrevistados acreditavam que para ocorrer o impeachment era necessário 2/3 do
voto da população.
A tabela 3aponta que 47% dos entrevistados sabiam que quem assumiria em
caso de impeachment seria Michel Temer. Entretanto, na soma das demaisalternativas,
53% demonstraram não ter conhecimento de que no caso de impeachment, quem deve
assumir é o vice-presidente. No total, 30% acreditavam na possibilidade de haver novas
eleições. Ainda temos10% de pessoas que achavam que quem assumiria seria Aécio
Neves. Estecandidatodisputou e perdeu o segundo turno das eleições de 2014 contra
Dilma Rousseff.Esta questão foi muito relevante aos alunos que realizaram a pesquisa,
pois estes consideraram que se os manifestantes estavam pedindo a saída da presidente,
deveriam saber quem ocuparia o seu lugar.
Este resultado nos faz refletir sobre o que dissemos anteriormente: em nenhum
momento a grande mídia entendeu que em caso de impeachment, haveria novas
67
eleições, o que só corrobora a consideração de que certos saberes circulam na sociedade
de forma independente do sentido preferencial que a mídia quer dar.
16
O processo de pedido de impeachment ocorre pela indicação do presidente da câmara dos deputados, na
época, Eduardo Cunha (PMDB). Para que este pedido seja validado, é necessário que 2/3 dos deputados e
senadores votem a favor.
68
Também se demonstraram assustados, pois algumas das pessoas abordadas não
apenas se recusaram a responder, como houve casos de agressividade por parte de
alguns manifestantes, mesmo explicando que se tratava de uma pesquisa escolar e os
alunos (menores) estarem com uniforme da escola. E um dos casos o manifestante
tomou uma enquete das mãos do aluno. Isso levou os alunos a questionarem o
posicionamento daquelas pessoas em relação à democracia.
Entretanto, não era objetivo da pesquisa mudar a opinião política dos alunos,
mas cumprir finalidades didático-pedagógicas no campo da história como disciplina
escolar. Tais finalidades podem ser relacionadas com pressupostos de Jörn Rüsen:
69
alguns temas históricos podem causar, tornando-se significativa para a consciência
histórico-política do sujeito.Da mesma forma os silenciamentos sobre determinados
fatos da Ditadura Civil-Militar formam a memória coletiva, como deste aluno.
Em discussão sobre o tema em sala de aula, algumas ideias foram surgindo: Que
talvez, um regime militarista fosse uma boa opção para o Brasil naquele momento, visto
que o país atravessava (atravessa) uma crise institucional iniciada com o pedido de
impeachment da então presidenta Dilma Roussef, eleita em 2014.
Houve bastante debate e ponderação entre as opiniões sobre o tema.Uma parte
significativa dos alunos presentes se mostrou favorávelà Intervenção Militar, sob
alegação de que os cidadãos que não transgredissem as leis não teriam porque se
preocupar. Esta ordem de pensamento demonstra um pensamento conservador e
novamente podemos dizer que a grande mídia não difundiu qualquer mensagem neste
sentido. Portanto, estes “saberes” circulam na sociedade de uma forma que não temos
como inferir sua origem. Outra parte dos alunos se colocou terminantemente contra a
Intervenção Militar, com argumentos relacionados à repressão, censura e o argumento
de que tais meios violentos não ajudariam em nada a melhorar a política do país. Alguns
alunos optaram por se absterem da discussão por não ter uma opinião formada ou por
que se sentiram intimidados com a discussão e outros, por fim, demonstraram não estar
interessados.
Podemos pensar que os que se posicionaram sobre a questão tanto a favor, como
contra, sofrem influencias diretas do meio em que vivem – principalmente, quanto à
posição social e/ou classe social que ocupam -, inclusive, recebendo e compartilhando
das opiniões de adultos, opiniões essas que se exteriorizam no calor dos debates em sala
de aula. Outros, mesmo tendo influencias conservadoras, eram contrários. No entanto, é
importante dizer que os alunos que se posicionaram a favor do Regime Militar, não
eram a favor da violência física ou psicológica, mas também não viam outra forma
melhor para “endireitar o país”.
É importante destacar que estes alunos, ao defenderem suas ideias,
desconstruíram o argumento bastante repetido de que o jovem é apolítico. Desde as
manifestações de junho de 2013, o jovem aderiu aos protestos de rua. Podemos retornar
à 2003, quando o Projeto Juventude pesquisou 3.501 jovens de 15 a 24 anos de todo
país, com 160 questões que englobavam temas como: ser jovem, escola, trabalho,
valores e referências, sexualidade, drogas, cultura e lazer, mídia, violência, política e
participação, direitos (ABRAMO; BRANCO, 2005). Tal pesquisa demonstrou que o
70
jovem se preocupava com a política sim, para resolver questões como, principalmente:
violência, criminalidade, pobreza, emprego e drogas (ABRAMO; BRANCO, 2005, p.
387).
Na pesquisa do Projeto Juventude, prova-se que o jovem se interessa pela
política, mesmo que suas opiniões nos pareçam decepcionantes: 53% dos jovens
entrevistados entende que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma
de governo; 22% acha que tanto faz se o governo é uma democracia ou uma Ditadura e
16% acredita que em certas situações, é melhor uma ditadura do que um regime
democrático (ABRAMO; BRANCO, 2005, p. 406). Naquele momento, a pesquisa já
demonstrava que poucos jovens se consideravam como sendo de esquerda, na linha
intermediária ficavam os jovens que se consideravam de direita e em maior quantidade,
o que se consideravam de centro (ABRAMO; BRANCO, 2005, p. 407). A primeira
instituição que o jovem tinha confiança, seria a Família, e, depois: professores, igreja;
outros parentes, companheiros de trabalho, e então, a seguir, militares das Forças
Armadas. A confiança no Governo Federal ficava em 18º lugar e em partidos políticos
em 21º lugar. Com estes dados podemos inferir que desde aproximadamente 2003, os
jovens compunham um perfil conservador, era incipiente a ideia de que uma Ditadura
poderia ser melhor forma de governo e que o Governo Federal e partidos políticos eram
bem menos confiáveis do que as Forças Militares. Podemos afirmar que nestes últimos
cinco anos esta perspectiva vem se acentuando com os rumos que crise política
brasileira vem tomando. Foi o que vimos em sala de aula e na pesquisa que os alunos
realizaram nas ruas.
Dos debates travados em sala de aula, surgiram as problematizações que
nortearam a pesquisa realizada pelos alunos. Visto que a questão gerou muitas
polêmicas, começamos a nos perguntar por que as pessoas apoiaram a Intervenção
militar em 1964 e porque até hoje um governo fundamentado em uma Ditadura atrai
adeptos, mesmo que possivelmente as pessoas tenham conhecimento que em tais
regimes as liberdades são restritas.
Fomos a campo na manifestação, foram entrevistadas 121 pessoas.17
17
As pessoas entrevistadas nesta pesquisa não foram as mesmas da pesquisa sobre o impeachment.
71
32% SIM. Pois acredito que somente sob o Regime
Militar a corrupção vai acabar
8% TALVEZ. Mas acho pouco provável que aconteça,
pois estamos em um regime democrático.
Tabela 1: Intervenção militar
72
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
73
perspectiva de “ditabranda”. Termo trazido pelo editorial de 17 de fevereiro de 2009 da
Folha de S. Paulo. Este editorial chamou a Ditadura brasileira de “ditabranda'' com o
objetivo de criticar o presidente Hugo Chávez e sua recente vitória política obtida
através de plebiscito que lhe deu a possibilidade de disputar mais um mandato em 2012.
A ideia era fazer um contraponto com os regimes da década de 70 e 80 na América
Latina para afirmar que a situação na Venezuela era pior. Com o tempo o termo
começou a abarcar: a noção de que a Ditadura foi uma reação ao avanço do comunismo
e à Reforma Agrária; foi um regime político sem corrupção e desordem; foi um
momento de desenvolvimento do país e os militantes a favor da democracia seriam
“baderneiros” ou “terroristas”18.
A pesquisa dos alunos também mostrou certas contradições que permeiam a
História Pública quando se fala de Ditadura Civil-Militar.
18
Ver livros que defendem a “ditabranda”: VILLA, Marco Antonio. Ditadura á Brasileira: 1964-1985. A
Democracia golpeada à esquerda e à direita. São Paulo: Leya, 2014; SILVEIRA, Itamar Flávio;
CARVALHO, Suelem. Golpe de 1964. O que os livros de história não contam. São Paulo: editora Peixoto
neto, 2016.
74
podem ser tolhidas a qualquer momento, ou ainda, que acreditavam que em regimes
militares possa se garantir os direitos de liberdade de expressão.
Da mesma forma que a pesquisa sobre o impeachment, quanto à Ditadura Civil-Militar
também não houve como objetivo principal fazer mudar a perspectiva do aluno. Porém, estes
puderam perceber pela própria pesquisa que as respostas dos manifestantes eram sem
sustentação histórica, ou eram contraditórias e repletas de erros de informações básicas. Talvez,
e esperamos que sim, por intermédio da pesquisa os alunos tenham construído concepções mais
elaboradas do ponto de vista da história. Partindo de uma problemática do presente,
investigaram ideias que subentendem saberes históricos, contrastaram as respostas com outras
fontes históricas, bem como com a historiografia disponível e tiveram assim, condições para
reelaborar suas próprias noções. Entendemos que este movimento, parte da vida prática e
“retorna” à mesma, promovendo valores e comportamentos mais adequados à vivência
democrática, baseados na justiça e na igualdade social.
Referências:
ABRAMO; Helena Wendel; BRANCO, Pedro Paulo (Org.). Retratos da juventude
brasileira. Análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania/Editora
Fundação Perseu Abramo. 2005.
ALBIERI, Sara. História pública e consciência histórica. In: ALMEIDA, Rebêlo de;
ROYAL, Maria Gouveia de Oliveira (Org.). Introdução à História Pública. São Paulo:
Letra e Voz, 2011.
BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação de
qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de
Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do
Minho, 2004, p. 131 – 144.
BUCCI, Eugênio. A forma bruta dos protestos. Das manifestações de junho de 2013 à
queda de Dilma Rousseff em 2016. São Paulo: Companhia das Letras. 2016.
DURÁN, Paulo Reanto Flores. Em direção à cidadania crítica: serão os jovens sujeitos
políticos? In: PAIVA, AngleaRandolpho (Org.). Juventude, cultura cívica e cidadania.
Rio de Janeiro: Garamond, 2013.
RAMOS, Márcia Elisa Teté. O ensino de história na revista Nova Escola (1986-2002):
cultura midiática, currículo e ação docente. Curitiba:CRV, 2015. 263p.
RÜSEN, Jörn. Aprendizado histórico. In SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA,
Isabel; MARTINS, Estevão (Org.). Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Editora
EFPR, 2010.
75
HISTÓRICO DO PNLD E A FUNÇÃO PÚBLICA DA HISTÓRIA NO BRASIL
NO SÉCULO XXI19
DIAS, Rui Campos20
19
Orientadora: Márcia Elisa Teté Ramos.
20
Mestrando, Universidade Estadual de Londrina, rui.camposdias@gmail.com
21
Ver reportagem da Folha de S. Paulo de 14 de jun. 2017:
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/06/1892784
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/06/1892784-governo-temer-quer-livro-didatico
didatico-com-base-
curricular-nao-aprovada.shtml.. Acesso em: 15 de jun. 2017.
76
por essa minuta do edital22 incluir em seu núcleo o texto (ainda não aprovado) da Base
Nacional Comum Curricular (outra polêmica mudança na educação do país que se
arrasta desde 2014), além de outras alterações em diversos setores do processo.
Assim, acreditamos que estudar esse tema é de suma importância, não só para a
história quanto para todos que se preocupam com o momento atual (e o futuro) da
educação brasileira. Mais especificamente, este artigo tem como objetivo traçar um
histórico do PNLD e relaciona-lo com elementos da História Pública, já que pensar o
livro didático no interior das estruturas educacionais e políticas não é algo que se limita
ao público escolar, ou seja, os alunos e professores que fazem uso desse produto todos
os dias. Pensando especificamente no caso dos livros didáticos de história, os conteúdos
produzidos para esse caso chegam a públicos mais vastos que os espaços confinados das
salas de aula. Em muitas regiões do país, os livros didáticos cedidos gratuitamente pelo
governo são, uma das poucas fontes de leitura de muitas famílias.
Além disso, o presente texto faz parte da pesquisa de mestrado que estamos
desenvolvendo no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade
Estadual de Londrina, com o título Apropriações dos professores de história dos
conteúdos educacionais digitais dos PNLD de Ensino Fundamental II (2014 e 2017) e
Ensino Médio (2015).
O livro didático foi sistematicamente produzido e utilizado nas salas de aula no
Brasil ao longo do século XX, com a crescente popularização da educação. O início
remonta a 1929, com a inauguração do Instituto Nacional do Livro. A partir da década
de 1930, com o governo de Getúlio Vargas e a criação do Ministério dos Negócios da
Educação e Saúde Público e o desenvolvimento de uma Comissão Nacional de Livros
Didáticos, a produção de manuais educacionais para os estudantes brasileiros passou a
se tornar uma responsabilidade do Estado, estabelecendo regulamentos para a produção,
aquisição e distribuição dos livros. Essas regras se alteram muito com as diversas
alterações no contexto político do Brasil desde o Estado Novo. Em cada momento
político que passamos nas últimas décadas, o livro didático (e outros conteúdos
educacionais) foi analisado e utilizado de diversas formas.
Começamos nossa análise com o período da Era Vargas até o início da década de
1960 com o golpe civil-militar.A Comissão Nacional de Livros Didáticos foi criada em
30 de dezembro de 1938, por meio do Decreto-Lei Nº 1.006. No texto da lei, os livros
22
Disponível em: http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-editais. Acesso em: 15
de jun. 2017.
77
didáticos são “os compêndios e os livros de leitura de classe” (Art.2). No contexto
histórico do Estado Novo,
Isso pode ser verificado claramente no Capítulo IV, “Das causas que impedem a
autorização do livro didático”. São 11 tópicos que representam as intenções do governo
em estruturar, por meio da educação e de seus materiais de apoio, o nacionalismo e
outros valores considerados fundamentais para a nação.Livros que de alguma forma
atentassem “[...] contra a unidade, a independência ou a honra nacional” ou que
utilizassem, explicita ou implicitamente, de “[...] pregação ideológica ou indicação da
violência contra o regime politico adotado pela Nação”. Em tempos de Escola Sem
Partido, não estranhamos tanto essa declaração.
O artigo 11 estabelece que os livros didáticos seriam avaliados por “15 membros
nomeados diretamente pelo Presidente da República, escolhidos dentre pessoas de
notório preparo pedagógico e reconhecido valor moral”. No entanto, em nenhum
momento é exposto as especificações para esse “preparo pedagógico”, nem mesmo para
o que seria o significado do “reconhecido valor moral”.
É interessante notar também os itens que “reprovam” os livros que “[...] induzam o
pessimismo quanto ao poder e ao destino da raça brasileira” e que “atente contra a
família, ou pregue ou insinue contra a indissolubilidade dos vínculos conjugais”. É
importante lembrar que esse momento da história brasileira foi de construção de uma
ideia de nação, de povo brasileiro. O Estado Novo, com todo seu aparelhamento, forçou
valores para os cidadãos e o livro didático foi amplamente utilizado para essa finalidade,
tanto na perspectiva política e social, quanto no âmbito familiar e individual.
Com a saída de Getúlio Vargas do poder em 1945, tem início um processo de
redemocratização no Brasil pós Estado Novo. Apesar dessa mudança, o Decreto-Lei
8.460 de dezembro de 1945 não possui diferenças em relação ao Decreto-Lei anterior.
78
Em 1964 é realizado o Golpe civil-militar, que instaura outra ditadura no Brasil,
dessa vez comandada por generais do exercito e apoiada por alguns setores da sociedade
civil. No âmbito educacional, especificamente na regulamentação dos livros didáticos, o
Ministério da Educação
79
Internacionais de Instrução Pública, bem como para seguir as
orientações da Lei de Diretrizes e Bases, que previa auxílio aos
estudantes por meio da assistência educacional, entre eles a
distribuição de material escolar (FILGUEIRAS, 2015.).
80
Já na década de 1980 foi criado o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), no contexto de abertura política e redemocratização do Brasil, a partir do
decreto N. 91.542 de 19 de agosto de 1985. O PNLD trouxe muitas mudanças em
relação ao PLD que vigorava anteriormente.
81
aos professores e alunos. Obviamente, um país de dimensões continentais como o Brasil
precisa de muitos testes para estabelecer o PNLD “ideal”, sem falhas.
82
transformadas ao longo de todo esse processo, mas sim, observar o histórico do
processo como um todo.
Nesse sentindo, entendemos que o campoda História Pública pode auxiliar na
compreensão do desenvolvimento histórico do livro didático no Brasil e das politicas
publicas associadas a ele, visto que esse campo de pesquisa
Referências Bibliográficas
83
FILGUEIRAS, Juliana Miranda. As políticas para o livro didático durante a ditadura
militar: a Colted e a Fename. Hist. Educ., Santa Maria, v. 19, n. 45, p. 85-102, Apr.
2015. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-
34592015000100085&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 de jun. 2017.
FONTES, Paulo, DE MATTOS, Marco Aurélio Vanucchi Leme, HEYMANN, Luciana.
Editorial: História pública. Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 27, n. 54,
Jul-dez. p. 229-230, 2014.
MIRANDA, Sonia Regina; LUCA, Tania Regina de. O livro didático de história hoje:
um panorama a partir do PNLD. Rev. Bras. Hist., SãoPaulo, v. 24, n. 48, p. 123-
144, 2004.Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
01882004000200006&lng=en&nrm=iso>. Acessoem: 15 de jun. 2017
84
ENSINO E APRENDIZAGEM HISTÓRICA: NARRATIVAS DE JOVENS
SOBRE PROTAGONISMO POLÍTICO
MOURA, Jéssica Christina23
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo apresentar discussões levantadas na dissertação
“Ensino e Aprendizagem Histórica: Narrativas de jovens sobre protagonismo político”
no Programa de Pós Graduação em História – mestrado em História Social – pela
Universidade Estadual de Londrina. O tema de nossa invest investigação
igação encontra-se
encontra no
campo da Educação Histórica relacionado a “burdeninghistory” ou História “difícil”,a
qual procura compreender a importância de temas conflituosos para a formação do
pensamento históricoa partir de autores como Borries (2011) e Schmidt (2015). Esses
estudos integram parte da pesquisa de Rüsen (2015) sobre a utilidade social do
conhecimento histórico e suas dimensões na cultura histórica, principalmente quando
confrontadas com acontecimentos relacionados à história tensa e traumática, se sendo
possível assim investigar a maneira como jovens alunos aprendem história,
possibilitando também compreender como pensam e expressam no meio social a
vivência de tais conhecimentos.A partir de um trabalho empírico realizado com alunos
da terceira série do Ensino Médio aplicamos um questionário piloto e um principal
acerca do protagonismo político juvenil brasileiro na Ditadura Militar, no Movimento
Caras Pintadas (1992) e nas Jornadas de Junho (2013), na perspectiva de compreender
como estes jovens pensamm historicamente a partir de questões que envolvam temas de
conflito e política.
Introdução
23
Mestranda em História Social, UEL, jessicawchris@gma
jessicawchris@gmail.com.
85
que estão embasados nos princípios investigativos da pesquisa qualitativa, tornando-se
muito importante conhecer o mundo dos agentes educativos, sobretudo o dos alunos.
Entre novas metodologias de ensino que procuram fugir de moldes
tradicionais, onde os sujeitos escolares são vistos apenas como recipientes vazios, o
campo da Educação Histórica proporcionou atingir os objetivos de pensar o aluno como
formador de seu próprio conhecimento. Assim atravésdesta metodologia pretendemos
desenvolver um estudo que procure entender as ideias históricas dos alunos relacionadas
à consciência histórica partir da perspectiva política e de temas relacionados à
burdeninghistory.
A partir do primeiro estudo piloto procuramos conhecer os sujeitos de nossa
pesquisa a partir de aspectos sociais, assim como também entender a perspectiva de
cada jovem estudado sobre a juventude. No mesmo estudo propomos a construção de
uma narrativa a partir de dois momentos históricos – Os Caras Pintada (1992) e o das
Jornadas de Junho de 2013- caracterizando dois acontecimentos que colocam em voga a
participação política juvenil.
Na perspectiva de dialogar com a burdeninghistory por meio do estudo
exploratório principal, foi aplicado o questionário aos alunos com a intenção de debater
um momento marcante na história do Brasil: a Ditadura Militar. A análise desse estudo
problematiza as narrativas dos alunos a partir dos conceitos meta-históricos (de segunda
ordem) para compreender como pensam historicamente.
86
pretende desenvolver um aprendizado onde os sujeitos se reconheçam no tempo no qual
estão vivendo, por isso é importante que aprendam a se questionar, e encontrar no
passado histórico um meio de resolver as carências do presente.
Aprender História sobre o domínio da Educação Histórica é propor às crianças e jovens
uma compreensão mais profunda da vida humana, construindo assim uma forma de
esses sujeitos serem capazes de utilizar o conhecimento histórico passado como
“orientação temporal para a vida prática de forma historicamente fundamentada”
(RÜSEN, 2001, p.12).
Ver a história como uma forma pública de conhecimento é válido para que
pensemos também qual o papel da educação como um todo na formação de crianças e
de jovens e o que levam da escola para a vida adulta. Essa discussão se torna para nós,
professores, uma carência urgente da nossa profissão, e é importante também para a
formação das próximas gerações. É por meio desta perspectiva de aprendizagem e da
formação de uma consciência crítica que se desenvolveu este estudo, propondo assim
investigar como os alunos aprendem história sobre a partir de temas sobre a juventude e
87
o protagonismo político e a burdeninghistory (História “difícill”) que envolvem
discussões sobre a história vista como um fardo.
88
Educação Histórica partilha desse objetivo valorizando as experiências dos sujeitos e os
significados que atribuem a elas.
O estudo piloto teve como objetivo formar o perfil dos alunos participantes do
estudo através de um questionário dividido em duas partes, onde o primeiro fez o
levantamento de dados do perfil dos sujeitos entrevistas a partir de um instrumento de
recolha de dados, com questões abertas relacionadas ao cotidiano dos jovens e suas
percepções sobre o conceito de juventude e de escola.
Os participantes que fizeram parte deste estudo eram alunos de uma turma da
terceira série do Ensino Médio da escola particular São Tomaz de Aquino na cidade de
Wenceslau Braz/PR. O total de estudantes no início da pesquisa era de 18, quando o
estudo piloto foi aplicado no primeiro bimestre letivo, e foi finalizada com 17 alunos,
no último bimestre letivo do ano de 2016.
Entre as questões da primeira parte do estudo piloto analisamos a ideia dos
alunos acerca do conceito da juventude que mostrou que a maioria dos jovens a veem
como uma fase de diversão e de preparação e perspectiva de futuro.
A partir de alguns autores sobre Pais (2003) e Dayrell (2003) compreendemos
que o conceito de juventude deve ser estudado em sua diversidade. E desta maneira é
importante levar em conta os aspectos sociais, culturais e econômicos dos jovens, pois,
assim como afirma Pais é um abuso integrar o mesmo conceito de juventude a
“universos sociais que não têm entre si praticamente nada de comum” (PAIS, 2003,
p.30).
Para Juarez Dayrell a adolescência não pode ser entendida como um tempo de
termina, como uma fase da crise. É preciso vê-la como parte de um processo mais
amplo, que marca a vida de cada um de diferentes maneiras, e as transformações que
ocorrem estão presentes por toda a vida.
As considerações sobre a concepção de juventude tanto das narrativas dos
alunos quanto dos autores que estudamos pudemos entender este conceito apenas como
parte de um processo mais amplo. Ou seja, muitas das generalizações feitas dificultam a
reflexão de como os jovens se veem a partir de suas experiências. É preciso considerar
que é muito variada a forma como cada sociedade lida com as transformações do
indivíduo em determinada faixa etária “nas quais completam o seu desenvolvimento
físico e enfrentam mudanças psicológicas”, dependendo da base em relação às
condições sociais, culturais, questões de gênero e religiões (DAYRELL, 2003, p. 42).
89
A segunda parte do Estudo Piloto propôs que os alunos escrevessem uma
narrativa a partir das duas situações históricas abaixo:
Quadro 1 –Estudo Piloto
Caras Pintadas – 1992
Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/jovens-de-caras-pintadas-9666114
Jornadas de Junho – 2013
Fonte: http://guia.folha.uol.com.br/cinema/2014/06/1465256-veja-eventos-que-abordam-as-manifestacoes-que-
pararam-o-pais.shtml
O processo de análise dos dados foi realizado a partir dos pressupostos nas
investigações conduzidas por Alves (2011), Barca (2007) e Gago (2012). Nos dois
questionários aplicados, foi feita a organização de quadros analíticos. Sendo assim, o
Estudo Piloto foi organizado nas seguintes categorias: marcadores históricos;
protagonistas/agentes históricos; dimensões políticas, econômicas e sociais dos marcos
históricos relacionados; conceito de segunda ordem denominado “mudança histórica”.
Os marcadores históricos relacionados pelos alunos foram o impeachment do
presidente em 1992 com 18 citações, e 10 para o aumento dos 0,20 centavos
nasmanifestações de 2013. Para os alunos estes marcadores evidenciam mudanças de
ordem política e econômica em tais eventos. Os protagonistas relacionados ao evento
dos Caras Pintadas o presidente Fernando Collor de Melo foi citados por todos, houve
apenas duas citações á presidente Dilma Rousseff.
Entre os marcadores históricos e os protagonistas citados pelos alunos nas
narrativas, estão presentes alguns fatores que enfatizaram dimensões de caráter social e
apontaram os acontecimentos como formas válidas para obtenção de direitos. O
fragmento abaixo de uma narrativa demostra essa percepção:
Quadro 2 –Narrativas de jovens alunos (Débora)
90
Débora24: “A primeira situação é referente ao Impeachment do presidente Fernando
Collor, representando o poder dos jovens e de toda população que desejava tirá-lo do
poder, mostrando como temos poder em relação ao governo. Enquanto na segunda
situação demostra as Jornadas de Junho, greve que obteve grande repercussão em toda
mídia, representando a voz que o povo possui, conquistando as suas reivindicações”.
Fonte: a própria autora
Outro marcador colocou a questão política no intuito de justificar os
acontecimentos de 1992 e de 2013. Mesmo citando o aumento da passagem, traz a ideia
de que as manifestações, que aconteceram em outros estados, tomaram proporções
maiores por conta dos problemas políticos.
Quadro 3 – Narrativas de jovens alunos (Joana)
Joana: “Ambas aconteceram em consequência da política em nosso país, em
1992 foi um pedido de impeachment por causa do presidente F. Collor, e de 2013 foi
por causa do preço da passagem de ônibus em São Paulo, mas tomou proporções
maiores, em outros estados do país.”
Fonte: a própria autora
24
Todos os nomes de alunos utilizados nesta pesquisa são fictícios.
91
Estudo Principal – A burdeninghistory e a aprendizagem histórica
A aplicação do questionário piloto, além de formar o perfil dos sujeitos,
permitiu-nos analisar a maneira que os jovens construíram uma narrativa histórica sobre
dois momentos relacionados a manifestações políticas, o que embasou a elaboração do
estudo principal. Desta maneira sentimos a necessidade de discutir com os alunos
alguns temas que percebemos serem de difícil compreensão, como pudemos perceber
nas narrativas apresentadas.
A burdeninghistory ou história sobrecarregada traz para a o campo da
Educação Histórica a oportunidade de trabalhar a aprendizagem histórica por meio de
temas que trazem a experiência a assuntos “difíceis” ou controversos da história, como
por exemplo, a escravidão, o nazismo, as ditaduras e centros de violação de direitos
humanos.
Segundo o estudo de Schmidt (2015) Aprendizagem da
‘burdeninghistory’:desafios para a educação histórica, a autora levanta a discussão
sobre outra pesquisa realizada por ela em 2013 – Os sentidos conferidos ao agir e os
desafios par a aprendizagem e formação histórica de jovens brasileiros – em que as
narrativas produzidas pelos alunos apresentavam marcos e marcadores de mudanças
históricas que sugeriam a ausência ou a exclusão de temas da burdeninghistory, ou seja,
os alunos evidenciaram em suas falas apenas temas com a “Era Vargas”, “Períodos JK”
e “Era Collor”.
Apesar de evidenciarem em suas narrativas marcadores relacionados a
guerras, ditaduras e terrorismo como impulsionadores de mudanças,
causou preocupação o fato de que essa percepção não vinha
acompanhada de posicionamentos ou argumentos de que esses
marcadores estivessem articulados a processos de desumanização da
própria humanidade. Ademais, não evidenciaram o envolvimento da
história desses jovens na história do país e do mundo (SCHMIDT,
2015, p. 11).
Para Schmidt a percepção dos jovens que participaram de sua pesquisa sobre a
história do Brasil mostrou falta de criticidade, evidenciando em suas narrativas apenas
marcos históricos e personagens- chave para a história do país, a abordagem da história
e o seu ensino na sala de aula “sinalizavam a forte presença de um modelo eurocêntrico,
mais precisamente francês, de explicação histórica como estruturante da narrativa
acerca da história do Brasil” (SCHMIDT, 2015, p. 11).
A partir de uma história permanente dos sujeitos, que não apresentam
percepção de mudança, pois é representada por atores de memórias distantes dos alunos,
92
não existe espaço de ação para novos indivíduos que possam construir saberes ou
conhecimentos novos e proporcionar diferentes rumos para a História. A partir desse
ensino, a aprendizagem histórica traduziria um único mundo possível, o que está sempre
fadado ao mesmo fim. A ausência de temas, conflitos e acontecimentos controversos
pode dificultar e até mesmo paralisar a formação do pensamento histórico.
Entre as produções do historiador Bodo Von Borriestemos alguns referenciais
acerca perspectiva de trabalho com a burdeninghistory. A partir de um artigo publicado
em 2011, cujo título é Copingwithburdeninghistory, o autor afirma que esse tipo de
aprendizagem histórica é mais difícil em relação às histórias de vitórias, glórias e
satisfação, pois lidam com as experiências pesadas de danos, injúrias, culpa e vergonha,
como os temas que envolver, por exemplo, o Holocausto.
A aprendizagem inclui processo de conflito e mudança como modo de atuação
em relação à consciência histórica. Schmidt (2015), comentando sobre Bodo Von
Borries, afirma que esse autor colocaria envolvimento dessa história pesada como um
trabalho mental da consciência histórica. Para ele, esse envolvimento é muito complexo
e, para que ocorra, é necessário que as pessoas tenham que se relacionar com o outro
por meio de suas experiências, analisando os eventos históricos e suas interpretações.
Para novas gerações nas sociedades que tiveram continuidade com
períodos de crimes consideráveis, isso não implica simplesmente
internalizar a história como a contada por avós, pais, autoridades e o
Estado. Em vez disso, elas têm que refletir, estudar, comparar,
examinar, e decidir por elas mesmas quando tratar com interpretações
históricas e suas próprias orientações (BORRIES, 2011 apud
OLIVEIRA, 2016, p. 58).
Aprender sobre essa perspectiva provoca no aluno a possibilidade de conhecer
seu próprio passado, assim como também o do outro, e a chance de reconhecer em si
diferenças, proximidades e condições para reconciliação, muitas vezes, julgadas como
impossíveis.
Através desta discussão sobre a aprendizagem histórica a partir de temas de
conflito o estudo principal foi elaborado a partir de questões que abordaram o conceito
substantivo Ditadura Militar Brasileira, para assim categorizar as narrativas a partir dos
conceitos meta históricos relacionados à: explicação histórica, multiperspectiva e
significância históricas
A seguir, a primeira questão do estudo principal:
Quadro 5–Instrumento de recolha de dados
A partir da leitura da charge abaixo, responda:
93
1) Interprete a charge a partir de um momento político da história brasileira. Que momento é
esse? O que o autor tentou retratar?
Fonte: a própria autora
A intenção colocada pela questão é de conceber como os alunos elaboram uma
explicação sobre um momento histórico. Segundo Alves (2011, p. 147), esse tipo de
investigação permite elaborar um quadro analítico preliminar à cognição histórica. Os
alunos, ao analisarem a charge, certamente indicarão conhecimentos prévios acerca do
tema e uma mobilização mental na tentativa de explicação da resposta. A explicação
histórica como conceito de segunda ordem permite compreender sobre aquele que
responde quais ações, quais acontecimentos e quais situações do passado leva em conta
para tomar tal perspectiva.
A categorização das narrativas dos alunos se deu do nível mais elaborado ao
menos elaborado, a partir de como relacionaram a charge diretamente ao tema a
Ditadura Militar, se utilizavam elementos da charge para explicar o contexto histórico e
ainda conseguiam a partir de um conhecimento histórico mais complexo explicar o
conceito. Entre as narrativas que se destacaram colocamos:
Quadro 6– Narrativas do Estudo Principal – Descrições contextuais
completas
André: “O momento retratado se trata do período do regime militar sofrido pelo
Brasil, que se deu desde o golpe militar em 1964 e se estendeu até 1985. Este momento
político na história brasileira foi marcado por intensa repressão e tortura, visto que os
militares governaram de maneira brusca pautada em características ditatoriais, onde
aquele que discordava ou criticava as medidas tomadas pelo governo era fortemente
punido, em certos casos exilado ou até mesmo morto. E muitas destas se deram pela
tortura, que é o destaque da crítica presente na imagem em questão”.
Fonte: a própria autora
A resposta do aluno André propõe uma análise do período, marcado por ele
temporalmente com o Golpe Militar (1964 - 1985). Aponta, ainda, a forma de governo
conduzida pelos militares, evidenciando a repressão e a tortura como características de
um governo ditatorial e relacionado o contexto histórico de forma organizada em
relação à interpretação da imagem.
94
Os textos que propomos apontam duas percepções sobre a participação política
da juventude na época, além disso, permitem aos seus leitores construir noções,
concepções e posicionamentos de alguma forma sobre o referido tema, mobilizando as
ideias históricas dos jovens alunos. A seguir, a proposta para sequência do estudo:
Quadro 7–Instrumento de recolha de dados – Textos sobre a Ditadura Militar
Leia com atenção os textos abaixo:
1. Em 1968 a Passeata dos Cem mil foi resultado de agitações estudantis pela morte de
Edson Luís da Silva de 18 anos, morto pela polícia no restaudante universitário
Calabouço. “O cadáver foi levado ao saguão da antiga Câmara Municipal, na
Cinelândia, e a notícia do assassinato do quase menino de 18 anos se difundiu por todo
o Brasil. Sessenta mil pessoas acompanharam o caixão mortuário na tarde do dia
seguinte”. Em resposta à truculência policial, os estudantes saíram às ruas e tiveram
apoio da população.
(GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. São Paulo: Ática, 2003.)
O grito da Passeata dos Cem Mil contra a ditadura militar
“Não pense que aplaudir e gritar ‘abaixo a ditadura’ é uma vitória. Hoje a repressão
não veio porque não pôde. E a nossa vitória é esta: ter saído na raça porque achava
que tinha que sair. Mas a gente vai voltar pra casa, o estudante pra aula, operário pra
fábrica, repórter pro jornal, artistas pro teatro. E é em casa, no trabalho, que a gente
vai continuar a luta”.
(Trecho do discurso de Vladimir Palmeira na Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de
1968, no Rio de Janeiro)
Em 13 de dezembro do mesmo ano, a ditadura endureceu ainda mais o regime com a
edição do AI-5, em que o governo fechou o Congresso Nacional, deu-se a prerrogativa
de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos, cancelou o habeas
corpus para crimes políticos e proibiu atividades e manifestações.
(VALLE, Fernando do. O grito da Passeata dos Cem Mil contra a ditadura militar.
Zonacurva - Mídia livre em política e cultura. Disponível em:
<http://zonacurva.com.br/o-grito-da-passeata-dos-cem-mil-contra-a-ditadura-militar/>.
Acesso em: 29 out. 2016.)
2. A guerrilha provocou o endurecimento do regime militar
“Alguém poderá dizer que a reação dos militares ao terrorismo foi exagerada. A
ditadura passou um trator de tortura em cima de um punhado de jovens com ideias
ingênuas, que dificilmente teriam força para tomar o poder. Isso pode ser verdade, mas
não era seguro pensar assim naquela época (p. 209).
[...] Os militares e a polícia recorreram tanto à tortura para destruir os grupos de luta
armada porque eram pouco experientes na arte de investigar e perseguir suspeitos. Em
duas grandes movimentações do exército naquela época, mais de mil soldados cercaram
menos de dez guerrilheiros, sem conseguir agarrá-los” (p. 213).
(NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Rio de
Janeiro: Leya Casa da Palavra, 2011.)
A partir dos dois textos apresentados, analise as duas opiniões sobre o acontecimento
respondendo: Qual delas você acha que se aproxima mais das discussões sobre a
Ditadura Militar Brasileira? Justifique.
Fonte: a própria autora
Através desta questão sobre a escolha do texto que os alunos consideram mais
válido para a Ditadura Miliar, tivemos a intenção de compreender como eles lidam com
95
mais uma perspectiva sobre o mesmo contexto histórico, constituindo-se um trabalho
sobre a provisoriedade da explicação histórica, integrando a noção de multiperspectiva.
Os níveis das narrativas se caracterizaram pelas respostas em nível mais
elaborado que se basearam na forma como interpretam as evidências, de maneira a
pensar a história em várias perspectivas, compreendendo que as fontes podem falar de
diversas maneiras, como demostrado na narrativa abaixo:
Quadro 8 – Narrativas: Estudo Principal –Multiperspectividade (André)
André: “Ambas apresentam comentários válidos para a discussão sobre tal período. A
primeira aponta a visão mais “democrática” sobre este momento, onde o foco era
expor a vontade do povo e destacar as atrocidades do governo. A segunda apresenta
quase que uma justificativa para o problema evidenciado na primeira. Esta, por sua
vez, aponta a inexperiência do exército brasileiro no momento, e seu desespero para
conter atividades por grupos armados. Ambos os pontos devem ser evidenciados ao se
debater sobre a ditadura, contudo, a primeira evidencia com mais sucesso o abuso dos
militares”.
Fonte: a própria autora
Infere-se que o aluno procura interpretar as narrativas utilizando o argumento
de comparação para chegar à versão mais válida, que é ligada aos textos de Fernando do
Valle e de Jacob Gorender. Analisa, ainda, que a versão escolhida é mais coerente
mediante a justificativa de como ela foi construída pelos autores, pois envolve um
discurso a favor do povo, o que não acontece no último texto, quando o autor evidencia
o ponto fraco dos militares. Portanto, demostra uma perspectiva mais crítica sobre os
textos.
A seguinte questão foi colocada aos alunos, para que respondessem, a partir de
seus conhecimentos, fatos que apresentam a história do regime militar no Brasil como
uma história de conflito.
Quadro 9–Instrumento de recolha de dados – Segunda questão
A Comissão Nacional da Verdade foi criada em 2012 com o objetivo de promover a
apuração e o esclarecimento público das violações de direitos humanos praticados no
Brasil durante o período de 1946-1988, na intenção de contribuir também para o
preenchimento das lacunas existentes na história de nosso país.A historiadora Lilia
Moritz Schwarcz atribui esse período de violação dos direitos humanos como mais uma
história vergonhosa do país.
Você concorda com essa denominação? Que fatos do passado confirmam essa
posição?
Fonte: a própria autora
96
Entre o período citado na questão sabemos que durante os anos que ocorreram
aDitadura Militar Brasileira houveram vários crimes que feriram os direitos e a
civilidade do povo brasileiro, principalmente entre os que se opunham ao regime. Com
a intenção de debater este tema, propomos esta questão paramobilizar os sentidos
históricos sobre um momento de conflito, para que fosse possível mobilizar também a
empatia sobre tal acontecimento.
Entre os conceitos meta históricos que decidimos evidenciar nesta questão está
asignificância história, pois ela fundamenta a compreensão do conteúdo histórico e nos
aponta como os sujeitos envolvidos naquela aprendizagem relacionam tal forma de
conhecimento na cultura histórica e escolar.Segundo Ribeiro a significância histórica
como conceito de segunda ordem se constitui de operações cognitivas complexas, que
envolvem no “processo de atribuição de “importância” a fatos e eventos, a capacidade
de interpretação, compreensão, julgamento e avaliação dos fatos históricos, dos agentes
em seu contexto de atuação, bem como das narrativas históricas que circulam na escola
e na sociedade”. (2013, p. 7),
Entre as respostas que obtivemos, destacamos a narrativa de Caio:
Quadro 10–Narrativas: Estudo Principal – Significância histórica
Caio: “Sim, foi mais uma de tantas histórias vergonhosas, e foi uma das mais
vergonhosas, pela sua violência, ignorância, mal e danos irreparáveis causados ao
nosso povo”.
Fonte: a própria autora
O aluno Caio pontua que o mal causado pela violência e pela ignorância
policial é uma marca vergonhosa da história e que causou um “mal irreparável ao nosso
povo”. Por conta dessas palavras, entendemos que o aluno compreende as
consequências da Ditadura Militar além do período vivido e que o pensa através de uma
temporalidade estendida a outras gerações, pois dá a ideia de que não é possível
consertar tais atos cometidos no passado e que essas marcas permanecem na história.
A última questão de nosso questionário buscou entender quais significados tem
a luta estudantil na década de 1960 apresentados no fragmento do texto de Fernando do
Valle para a o presente. A questão foi elaborada da seguinte forma:
Quadro 11– Instrumento de recolha de dados – Terceira questão
Segundo o texto de Fernando do Valle, a luta iniciada nas ruas pelos
jovensestudantes, pelos operários e pelos artistas, em 1968, continuaria em outros
espaços. Na sua opinião, você acredita que aquelas reivindicações permanecem até hoje,
97
de que forma?
Fonte: a própria autora
Todos os alunos responderam a questão proposta, as ideias apresentadas se
dividiram em duas opiniões: a primeira ideia demostra que as manifestações ainda são
meios de luta para obtenção de direitos - totalizando 12 narrativas- a outra perspectiva
vê as manifestações apenas como parte da luta- com 5 respostas.
Dentro desta ideia de manifestações apenas como parte da luta para a obtenção
de direitos, a resposta da aluna Milena se destacou em meio às outras, pois evidencia
fatores sobre a participação política que nenhum outro aluno mencionou. Segundo a
jovem:
Quadro 12–Narrativas: Estudo Principal (Milena)
Milena:“Com o tempo as ideologias se transformaram, o embasamento das
reivindicações se tornou mais frágil, havendo apenas uma diminuta parcela que exige
seus direitos cumprindo os seus respectivos deveres. São poucos os que possuem
conhecimento apropriado em relação às causas pelas quais estão lutando, o restante na
maioria das vezes sofre alienação”.
Para Milena, existe uma pequena porção de pessoas que, ao reivindicarem algo,
reconhece que é preciso cumprir deveres. A percepção dessa necessidade traz sobre si
uma consciência política e ética e marca o diferencial da luta e da efetiva conquista por
direitos. Entendemos que, por meio da narrativa da aluna, exista a preocupação de que a
conscientização seja o início da ação, agregando a ela valores a serem respeitados e
integrados à luta, para que de forma mais eficiente tome força e significado.
A discussão sobre os questionamentos levantados por esse Estudo Principal
teve a intenção não somente de compreender o que esses jovens sabem sobre o conceito
substantivo Ditadura Militar Brasileira, procuramos também provocar a percepção dos
alunos a partir de uma história que é gerada por meio de temas de conflito, para
aproximar o conhecimento que possuem de questões pertinentes do nosso presente.
Conclusão
Concluímos esta investigação retomando a nossa questão inicial, realizada
sobre a ótica da formação da consciência histórica e da aprendizagem no campo da
Educação Histórica. Assim sendo, refletimos sobre a formação do pensamento político
dos jovens entrevistados a partir de momentos da história do Brasil em que a
participação juvenil foi presente e atuante, como os Caras Pintadas/1992 e as Jornadas
98
de Junho/2013, e também sobre os conceitos meta-históricos em estudo que envolvem
um tema de conflito: a Ditadura Militar Brasileira.
A partir do trabalho realizado, percebemos que esses jovens compreendem a
importância existente na discussão do tema, porém, entre as narrativas que analisamos,
uma parcela dos jovens apenas reproduz e afirma o que foi proposto. Diante da
totalidade dos jovens, são poucos os que apresentam pensamentos mais elaborados, ou
seja, aqueles que apresentam em suas narrativas a negação de determinados padrões e
que procuram explicações para suas carências fora da zona de conforto.
Entendemos, em síntese, que a aprendizagem por meio do conhecimento crítico
é fundamental para a construção da sociedade, assim como a busca por uma melhor
educação, que hoje se constitui através de lutas diárias pela comunidade escolar. Nosso
intuito com este trabalho foi pensar, a partir da educação, uma proposta para aprender e
ensinar temas políticos ou uma História “difícil” de ser praticada, com intenção de
suprir as necessidades sociais. Acreditamos que, pela liberdade de expressão exercida
por manifestações democráticas, mantemos e conquistamos nossos direitos, essenciais
para a prática da cidadania. Com esse desafio, tomamos este estudo como forma de
pensar e de refletir sobre a educação e o seu ensino.
REFERÊNCIAS
ALVES, Ronaldo Cardoso. Aprender História com Sentido para a Vida: Consciência
Histórica em estudantes brasileiros e portugueses. 2011. 322f. Tese (Doutorado em
Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
DAYRELL, Juarez. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, Rio
de janeiro, n. 24, pp. 40- 53, set./out./nov./dez. 2003.
99
LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica. Educar em Revista,
Curitiba, n. especial, Dossiê Educação Histórica, Ed. UFPR, 2006.
PAIS, José Machado. Culturas Juvenis. 2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da
Moeda, 2003.
100
ST 2. IMAGENS, NARRATIVAS E REPRESENTAÇÕES DE
GÊNERO NO ENSINO DE HISTÓRIA
Profa. Dra. Júlia Silveira Matos (FURG)
Profa. Me. Gianne Zanella Atallah (PMRG)
101
ALICE RUIZ: POESIA, FEMINISMO, HISTÓRIA E MÚSICA
Luis Garcia25
Rebecca Lenharo26
Resumo: Este trabalho discorre sobre o conceito histórico, a poesia, carreira musical e o
feminismo contido em algumas das canções da poeta e compositora Alice Ruiz. O
principal intuito aqui é mencionar aspectos importantes da obra de Alice Ruiz por meio
da interpretação de poemas e músicas compostas por ela que col
colaboram
aboram para examinar
os conceitos de feminismo, história e poesia, e o quanto estes elementos estão
interligados e/ou relacionados, cada um com suas peculiaridades. Também se discutirá
reflexões da autora sobre a questão feminista na escolha da nomenclatur
nomenclatura “poeta”, e não
“poetisa”. Entre as canções abordadas de Alice Ruiz que complementam, juntamente
com a leitura de seus contextos históricos, o conceito de feminismo, veremos obras
como “Para Elas”, “Dor Bailarina”, “Ladainha”, entre outras.
Palavras-chave: Poesia; Feminismo; Música; Alice Ruiz
“Feminis
“Feminismo”
Substantivo masculino.
1. Movimento daqueles que preconizam a ampliação legal dos
direitos civis e políticos da mulher, ou a equiparação dos seus direitos
aos do homem”.
(AURÉLIO, online)
25
Docente orientador em UENP, luis.garcia@uenp.edu.br
26
Graduanda em UENP, no curso de Letras Inglês, lenharorebecca@gmail.com
102
Partindo do pressuposto relacionado ao termo, podemos fazer a leitura de uma
significação dos posicionamentos políticos em defesa da mulher e por um tratamento
igualitário na sociedade através do modo que Alice Ruiz problematiza a escolha da
palavra “poetisa” para nomear mulheres que fazem poesia, escolha essa que ela rechaça
com veemência, como é perceptível no trecho a seguir:
Neste momento, é possível notar como Ruiz aborda a questão da dor, tristeza
ou até mesmo uma depressão:
103
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas”(...)
(RUIZ; ASSUMPÇÃO, 1993)
Alice também ressalta o quesito dos poemas e fazer poesia para exprimir os
sentimentos, como uma maneira de defrontar a dor. Inclusive, como relação a criação de
poemas, a própria poeta enaltece o seguinte, ressaltando a poesia como forma de
expressão dos sentimentos:
“Hoje eu entendo que que eu fazia, porque eu não podia não fazer
Não conseguiria, não fazer,
Eu acho que até se a poesia me abandonar
Minha vida acabou. Sério.
Já muitas coisas foram embora, mas isso eu não sei se eu vou aguentar
se for embora”.
(RUIZ, online)
Outra canção importante a ser analisada da autora sobre esse viés que exponho
no presente artigo é “Ladainha”, que se encontra no disco “Paralelas”, feito em parceria
com a cantora e compositora Alzira Espíndola.
Tal canção é aberta com a poeta Alice Ruiz declamando um de seus poemas
mais conhecidos, conforme pode-se conferir no fragmento a seguir:
104
dúvida de natureza política (O pessoal é político), já que consigna para
as mulheres a possibilidade de construir um conhecimento sobre si
mesmas e sobre os outros, conhecimento de suasubjetividade, voltada
esta para o compromisso estabelecido com a linguagem em relação ao
papel afirmativo do gênero feminino em suas intervenções no mundo
público.
Consciência com relação aos mecanismos culturais de unificação, de
estereotipia e exclusão. E ainda, a consciência sobre a necessidade de
participar conjuntamente com as demais formas de gênero (classe,
sexo, raça) dos processos de construção de uma nova ordem que
inclua a todos os diferentes, sem exclusões. Poética feminista é
poética empenhada, é discurso interessado. É política”. (VIANNA,
2003, p. 2)
"...os pais acreditavam que uma educação séria para suas filhas era
algo supérfluo: modos, música e um pouco de francês seria o
suficiente para elas. Aprender aritmética não ajudará minha filha a
encontrar um marido, esse era um pensamento comum. Uma
governanta em casa, por um breve período, era o destino habitual das
meninas. Seus irmãos deviam ir para escolas públicas e universidades,
mas a casa era considerada o lugar certo para suas irmãs. Alguns pais
mandavam suas filhas para escolas, mas boas escolas para garotas não
existiam. (...). Nenhum exame público (para escolas) aceitava
candidatas mulheres". (ANDERSON, online)
105
Pérolas aos porcos
(...) “não quero sua ladainha
Pra ser mal acompanhada
Prefiro ficar na minha”
(ESPÍNDOLA; RUIZ, 2005)
Que as mulheres não eram devidamente reconhecidas ou não tinham valor pois
eram vistas como mero objeto e não encontravam em seus respectivos maridos a figura
do “parceiro ideal” ou o “porto seguro”, era um fato incontestável da época.
Muitas delas, até acabavam cometendo suicídio por tamanha pressão da
sociedade em que vivian, como ocorreu com a poeta e escritora Sylvia Plath(que
relatou, inclusive, muito de sua depressão em vários poemas, como em “Lady
Lazarus”), entre outras.
Desde então, as mulheres começam a conquistar mais visibilidade e,
principalmente, independência.
Para fechar esta parte dessa brevíssima análise, discorro sobre a canção“Para
elas”,que se encontra no mesmo disco da poeta Alice feito em parceria com Alzira
Espíndola. Nessa música, o que veremos é um olhar mais introspectivo, intimista.
Narrando os momentos e lembranças felizes e tristes que todas estão sujeitas a
passar, através do uso de antíteses, Alice Ruiz levanta assuntos como vida, filhos, ser
mãe e a perda de um filho (a perda do filho Miguel), ou ilustrar os infortúnios que só as
mulheres enfrentam na sociedade, como os problemas que só elas podem resolver,
mesmo sendo inevitáveis a existência humana, como no trecho a seguir:
“Enchemos a vida
De filhos
Que nos enchem a vida
Um me enche de lembranças
106
Que me enchem
De lágrimas
Temos ilustrado como era lamentável as mulheres não terem o direito de seguir
a profissão desejada, em detrimento dos padrões exigidos pela sociedade da época,
como fica explícito, também, no fragmento seguinte exposto por Blake:
107
Também gostaria de fazer menção no presente trabalho a um poema em
específico que enaltece ainda mais a luta das mulheres no decorrer da história, não só no
âmbito profissional, mas também como um todo:
Drumundiana
E agora maria?
O amor acabou
A filha casou
O filho mudou
Teu homem foi pra vida
Que tudo cria
A fantasia
Que você sonhou
Apagou
À luz do dia
E agora maria?
Vai com as outras
Vai viver
Com a hipocondria
Som alto
Vento na varanda
A samambaia samba
Trânsito parado
Os mesmos olhares
E ninguém se olha
(RUIZ, online)
Referências:
ANDERSON, Louise Garrett. Depoimento escrito em 1839. Disponível em:
www.planetaeducação.com.br/portal/artigo.asp? Artigo 203. Acesso em: 30. Maio,
2017.
108
BLAKE, Jex- Sophia.Medicina como uma profissão para mulheres. Disponível em:
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=203 Acesso em: 30.
Maio,2017.
CULTURA, Babel. Literatura: Alice Ruiz, poeta e Haikaista. Disponível em:
https://www.cifraclub.com.br/alice-ruiz/374775/letra/ Acesso em: 30. Maio, 2017.
DICIONÁRIO AURÉLIO. “Feminismo”. Disponível em:
https://contas.tcu.gov.br/dicionario/home.asp Acesso em: 28, maio.2017
ESPÍNDOLA, Alzira; RUIZ, Alice. “Ladainha”. In: “Paralelas”. Duncan Discos, 2005.
ESPÍNDOLA, Alzira; RUIZ, Alice. “Para elas”. In: “Paralelas”. Duncan Discos, 2005.
MENDES, Hortência. Drummondiana. Disponível em:
http://tecendonovasideias.blogspot.com.br/2017/02/mulheres-vida-e-arte-alice-ruiz.html
Acesso em: 31. Maio, 2017.
MURGEL, Ana Carolina Arruda de Toledo. A poética feminista em Alice Ruiz,
Ledusha e Ana Cristina Cesar. In: RAGO, Margareth. (Org.). Revista Aulas. Dossiê
Estéticas daExistência, Campinas, n. 7, p. 25-40, 2010.
RUIZ, Alice. Dois em um. São Paulo: Iluminuras, 2008.
RUIZ, Alice. Poesia pra tocar no rádio. Rio de Janeiro: Editora Blocos, 1999.
RUIZ, Alice; ASSUMPÇÃO, Itamar. “Milágrimas”. In: BICHO DE 7 CABEÇAS VOL
II" (1993) ASSUNÇÃO, Itamar (Baratos Afins).
RUIZ. Alice. Alice Ruiz, poeta. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=fj40RhgoE9k Acesso em: 30. Maio, 2017.
VIANNA, Lúcia Helena. “Poética Feminista – Poética da Memória”. In: LabrysEstudos
Feministas, nº 4, Brasília: Montreal: Paris -Agosto/Dezembro de 2003.
109
DO ESTEREÓTIPO FEMIN
FEMININO À VALORIZAÇÃO E EMPODERAMENTO
DA MULHER
Palavras-chave:Mulher,
Mulher, Representaçã
Representação
o social, Feminino, Estereótipo, Luta por
igualdade, Empoderamento.
27
Graduada em Psicologia nas Faculdades Integradas de Ourinhos (2014); atualmente cursa a
Especialização em “Educação e Sociedade” pelo Campus Jacarezinho do Instituto Federal do Paraná e é
graduanda no curso de História na Universidade Estadual do Norte do Paraná.
28
Graduada em Letras/Espanhol, pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (2016). Atualmente,
cursa a Especialização em Educação e Sociedade, pelo Instituto Federal do Paraná e é bolsista do Projeto
de Extensão Salão de Artes Plásticas de Jacar
Jacarezinho:
ezinho: Diálogos entre memória, arte, preservação e ensino,
do Programa Universidade Sem Fronteiras, financiado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior do Paraná.
29
Possui graduação em Letras Português/Inglês pela Faculdade Estad Estadual
ual de Filosofia e Letras de
Jacarezinho (2005) e mestrado pelo Programa de Pós Pós-Graduação
Graduação em Letras da Universidade Federal do
Paraná (2011), na área de Linguística. Foi docente na Universidade Federal do Paraná. Desde janeiro de
2014 integra o corpo docente
te do Campus Jacarezinho do Instituto Federal do Paraná.
110
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVO
3. METODOLOGIA
Assim, além de a mulher cuidar dos filhos e da casa, precisou assumir também o
mercado de trabalho, tornando-se “multitarefas”. Ou seja, sendo cobrada de dar conta de
“todos os turnos” de sua vida, “devendo” manter sua casa em formidável organização e
ainda apresentar uma extraordinária evolução em seu âmbito profissional.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 114
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Com muita luta, a mulher foi enfrentando os estereótipos e preconceitos e
adquirindo direitos; como votar, trabalhar e correr atrás de seus desejos, passando a
assumir grandes papéis sociais, porém, como ressalta Aquino, Menezes e Marinho
(1995, p.2), mesmo com toda a luta para a valorização no âmbito do trabalho:
(...) o fato da mulher ser vista como um pedaço de carne, por conta do
jeito que todo mundo olhava para ela; não olhavam com seriedade,
como “essa é minha chefa”, porque ela estava explicando seus
projetos lá. Não, olhavam para ela a desejando. Não era como se ela
estivesse ali para trabalhar, mas como se ela estivesse ali para se
mostrar para eles. (SIC).
Complementado pelo comentário que “E1” faz sobre o assédio sofrido por
Geraldine no curta-metragem:
Acredito que tudo mudou quando o patrão deu um tapa nela (e), por
que depois daquilo ele sentiu na pele o que as mulheres realmente
passam, pois às vezes os homens ainda olham as mulheres como se
elas fossem um pedaço de carne em uma vitrine; como uma
objetivação. (SIC).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acho que é algo muito difícil ser mulher, apesar de hoje estar menos
difícil que antigamente; porque antigamente você não podia votar, não
podia fazer nada, não tinha direitos, tinha que ficar em casa, limpando
a casa enquanto o marido e o filho saíam para trabalhar ou para a
guerra. Hoje com o Feminismo a mulher já tem outro lugar na
sociedade, no caso da busca por igualdade.
7. REFERÊNCIAS
“E
E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cam e Jafé; e Cam é o pai de
Canaã.
Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra.
E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
E bebeu do vinho, e embebedou
embebedou-se; e descobriu-se se no meio de sua tenda.
E viu Cam, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê
fê-lo
lo saber a ambos seus irmãos no
lado de fora.
Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na na sobre ambos os seus ombros, e
30
Pesquisa de Iniciação científica com financiamento do CNPq. Orientação: Prof. Dr. Jean Carlos
Moreno
31
Graduanda, UENP, bolsista de Iniciação Científica; E
E-mail:
mail: giovanatodan@hotmail.com
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 123
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam
virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.
E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.”
(Gênesis 9:18-27)
A passagem descrita acima serviu como uma das justificativas para mais de três
séculos de escravidão da população negra africana pelos “homens brancos” (no Brasil
ela foi usada também como justificativa para a escravização de índios). Utilizando da
ideia que as populações descendentes de Cam seriam amaldiçoadas e que ele foi
destinado a povoar a África, os africanos seriam povos amaldiçoados e a redenção desse
pecado se dava por meio da escravidão e, logo, esse determinismo se ligou à cor da pele
e deu início a todo o processo de escravidão registrado na América.
Porém, essa teoria não foi a única justificativa para a escravidão e descriminação
da população de pele negra. No século XIX, com a partilha da África entre os povos
europeus surge o conceito de raça e sua justificativa cientifica, em uma batalha entre
monogenistas e poligenistas, os negros saíram perdendo nas duas, pois ambas insistiam
uma classificação hierarquizada, onde um povo sempre era degenerado, e no caso, esse
povo era a população africana ou os seus descendentes. Surgem ciências como a
Frenologiae a Antropometria que utilizavam a medição do crânio e dos corporpara
comprovar a superioridade caucasiana, justificar inferioridades e criar hierarquias.
Todas essas teorias têm algo em comum, condenam a miscigenação das raças, branco
tem que ficar com branco e preto com preto, a miscigenação tornaria a raça branca
impura. Contudo, como isso chega ao Brasil, já que o país estava desenvolvendo o
conceito da “fábula das três raças”?
No Brasil, na última década do século XIX e primeiras do século XX, essas
teorias surgem como algo diferente, com a existência do medo de que o progresso do
país não fosse possível graças à presença maciça de população de pele negra, surge a
ideia de eugenia e branqueamento da população.
Com o branqueamento da população, os intelectuais acreditavam que a “mancha
negra” iria ser apagada com a ajuda da população europeia de pele branca, já que sem
esta últimao país sofreria com a falta de avanços morais e intelectuais. Mais tarde,
afirma-se a ideia de “democracia racial brasileira”, então a compreensão da
miscigenação como algo ruim muda de posição no Brasil e se mostra como contribuinte
para o crescimento intelectual da sociedade brasileira.
A perspectiva histórica brasileira então formada era que além de o Brasil ser um
“paraíso natural”, como sua belíssima fauna e flora, ele também era um “paraíso racial”,
onde as três raças (negros, brancos e índios) se misturaram e conviviam de maneira
harmoniosa. Fundamentado nessa perspectiva, a educação e o ensino de história então
seguiram como formadores de moral política e patriótica.
Durante o período inicial da Ditadura Militar no Brasil, o ensino de história foi
sendo remodelado, seguindo o interesse dos militares. Essa remodelação tinha como
objetivo, garantir que os conteúdos ministrados nas aulas de História não
comprometessem os interesses do governo.
Essa intervenção pode ser constada particularmente em dois aspectos: na
desqualificação dos professores, sobretudo na área de Ciências Humanas, e
na reorientação dada as disciplinas afins – a História em particular – desde a
diminuição de suas cargas horárias até a redefinição de seus conteúdos. No
primeiro caso, a intervenção deu-se através da implantação das licenciaturas
curtas, com o intuito de atender as carências do mercado, bem como a fusão
da História e da Geografia, com a criação de cursos de Estudos Sociais
(CERRI, 2003, p. 40).
Classificação étnica
20
10
0
Sétimo ano, escola 1 Sétimo ano, escola 2 Nono ano, escola 1 Nono ano, escola 2
A questão de número quatro representa uma maior subjetividade, nela os alunos foram
questionados sobre a importância de estudar a história do continente africano e sua
diversidade étnica e cultural. A maioria das respostas se deram com justificativas sobre
a importância de se estudar o continente africano para poder ajudá-los ou para dar valor
no que se têm, representam, de maneira subjetiva, a ideia de inferioridade africana, de
novo, vê-se nas respostas a ideia de que no continente africano só existe pobreza.
A Questão de número 5 indagava os alunos sobre a existência de costumes de
raízes africanas no nosso cotidiano, essa questão representa a negação ou valorização da
ascendência africana como algo natural dentro da sociedade brasileira. A maioria dos
30
25
20
15
10
5
0
7º ano, escola 1. 7º ano, escola 2 9º ano, escola 1 9º ano, escola 2
Durante a análise dos questionários, percebeu-se que a maioria dos alunos nunca
estudou sobre uma mulher negra nas aulas de História. Alguns deles citaram a escrava
Isaura, que na verdade foi uma telenovela que passou na televisão aberta brasileira
algumas vezes, cuja protagonista é uma mulher branca. Esse fato apresenta-se como
uma evidência de que no imaginário brasileiro a escravidão está intensamente ligada
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 133
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
ànegritude, já que os alunos ligaram a escrava Isaura a uma mulher negra, simplesmente
pelo fato dela ser escrava.
Outro dado a ser destacado, é que quando questionados sobre as mulheres
negras, muitos alunos citaram personalidades da televisão ou artistas que estão em
evidencia no momento.
A questão de número 8 abordou explicitamente o racismo. Antes de ler o
enunciado, o questionário apresentava uma charge em que um garotinho negro ao se
despedir do pai, também negro, pede para que ele tome cuidado para não ser preso por
engano na volta. Além da charge, também foi apresentado uma notícia, em que uma
jornalista negra sofre ataques racistas ao postar uma foto em sua rede social.
Analisando as respostas, pode-se perceber que o racismo está muito presente no
dia-a-dia desses alunos, de maneira ainda mais próxima nos alunos da escola 2.
Tabela 4.
20
15
10
5
0
7º ano, escola 1 7º ano, escola 2 9º ano, escola 1 9º ano, escola 2
Considerações Finais
A análise dos questionários mostrou que a lei 11.645/08 não vêm sendo aplicada
dentro dos conteúdos curriculares de história, já que a maioria dos alunos não sabiam
nada ou mantinham os estereótipos do senso comum sobre o continente africano a afro-
brasilidade.
REFERÊNCIAS
Resumo
O tema formação inicial de professores, bem como questões acerca da inserção da
cultura afro-brasileira
brasileira nos currículos tanto da educação superior quanto da educação
básica tem se tornado recorrente em trabalhos acadêmicos, grupos de pesquisa,
discussões em fóruns, congressos etc. E suscitado diferentes posições. Assim, neste
trabalho, por meioo de pesquisa bibliográfica, constitui
constitui-se
se como objetivo geral discutir e
problematizar a inserção de matérias obrigatórias nos Projetos Pedagógicos dos Curso
de Letras, em particular, a fim de oferecer aos seus futuros professores embasamento
teórico, acerca
rca da contribuição do povo negro nas áreas sociais, econômicas e políticas
pertinentes à história do Brasil. Espera
Espera-se
se com isso, ressaltar a necessidade desse tema
na formação inicial de professores, bem como fortalecer essa discussão, que visa a
efetiva construção de uma sociedade justa e verdadeiramente democrática de maneira a
resignificar
nificar e reinterpretar a história e as relações étnico
étnico-raciais.
Introdução
32
Agência de fomento: Fundação Araucária
²Graduando
Graduando em Letras pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. E E-mail:
leandro_lfia@hotmail.com
3
Orientadora: Doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia e Ciências de Marilia, UNESP,
Brasil. E-mail: rosineyvale@uenp.edu.br
A esse respeito, não é demais lembrar que mesmo depois da criação de leis e
diretrizes que pretenderam delinear o perfil do docente para atuar na educação básica,
em particular do curso de Letras no Brasil, avulta-se que, ainda carecemos de nos
debruçar sobre as idealizações pertinentes a cada período em que esses documentos
foram elaborados e avaliá-los no contexto atual. Em relação às leis, para o presente
trabalho, interessa-nos destacar a Lei 10.639/03, de 9 de janeiro de 2003, que trata da
inclusão do estudo da história da África e dos africanos, e da luta dos negros no Brasil,
da cultura negra brasileira, e do papel do negro na formação da sociedade nacional,
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas sociais, econômicas e políticas
pertinentes à história do Brasil. Assim como a Lei10.639/03, também o Plano Nacional
da Educação em Direitos Humanos de (2006) e as Diretrizes Nacionais para a Educação
em Direitos Humanos (2012) impulsionam a efetiva inserção de conteúdos que
abordem, a partir de uma visão crítica, toda a sua contribuição já mencionada, que
fundamentais foram e, ainda continuam sendo para a construção tanto material quanto a
relativa á História do Brasil.
Contata-se, portanto, que não basta apenas criar as ferramentas para o trabalho
com a temática, como materiais didáticos, por exemplo, mas é preciso preparar os
professores(as) para que tenham condições de usá-las, de modo crítico, para que não
propague, o que não raras vezes acontece, ideias equivocadas sobre as questões aqui
postas, exercendo, conforme se espera, seu papel de educadores, sobretudo sendo
capazes de mostrar as diferenças culturais, raciais, a fim de que todas sejam respeitadas.
A Lei 10.639/03, ao contrário do que se pode imaginar, não foi sancionada sem
grande lutas. Ao contrário, é resultando de muita luta dos movimentos negros da década
de 1970 e do esforço de simpatizantes da causa negra na década de 1980, lembrando
que, na década de 1990, ocorrem movimentos intensos em todo Brasil em favor da
afirmação da identidade negra. Diante disso e depois de alguns resultados conquistados,
os militantes negros adquiriram mais força a partir dos anos 2000, cominando assim, em
2003, com a promulgação da Lei 10.639/03.
A esse respeito, a pesquisadora Maria Nilza 33(SILVA, 2013), aponta que são
muitos os profissionais formados a cada ano nas universidades e faculdades públicas e
privadas no Brasil, sem sequer terem ouvido falar ou sem terem estudado os conteúdos
previstos na referida Lei. Ou seja, inúmeros professores dos cursos de licenciatura estão
sendo formados anualmente sem terem estudado a história e cultura afro-brasileira e
africana. Por oportuno, nesse aspecto, é importante frisar que, segundo o IBGE, os
negros (pretos e pardos) eram a maioria da população brasileira em 2014, representando
53,6% da população. Certamente ratifica que não abordar tais questões nos cursos de
formação têm sido um descaso com a população negra, e contribuído para o
enraizamento e disseminação de ideais deturpadas sobre a sua história.
E, por isso, professores formados sem uma consciência crítica sobre o real papel
do negro na sociedade, seguiram/seguem reafirmando ideias distorcidas como as de que
os negros pouco ou nada contribuíram para a construção do país, acentuando-se, dessa
forma, preconceitos acerca de sua inteligência e capacidade, fortalecendo a imagem de
que foram escravizados por merecimento, por sua condição naturalmente submissa e de
menor valor. E, por outro lado, alimentando a ideia de que os únicos a levantarem o
Brasil foram os imigrantes europeus, sendo que os negros retirados forçadamente da
África eram aqueles que, já adquiriam experiências com tecnologias agrarias,
contribuindo, esses, para que o Brasil em seu início se estabelecesse economicamente.
Em decorrência disso, se não adotarmos mudanças urgentes a esse respeito, a
universidade, de modo geral, continuará a perpetuar discriminações, ampliando e
ratificando desigualdades.Não é demais lembrar que o que encontramos em seus
currículos, em particular no curso de Letras, são majoritariamente os estudos das
culturas e padrões eurocêntricos de mundo. Assim acreditamos que as possibilidades de
transformação da sociedade brasileira passa também e, não menos importante pelos
currículos das licenciaturas.
33
Pós-Doutora em ciências sociais, atua na área de Sociologia com ênfase em Relações Raciais e
População Afro-Brasileira. Desde 2013 coordena o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL, onde
atualmente é professora adjunta, tendo escrito inúmeros livros, artigos e trabalhos em cima da temática
racial).
Com isso, a universidade dispõe de mecanismos para que seus alunos participem
e sejam inseridos junto a cultura Africana e Afro-Brasileira, dando base e incentivo na
formação de professores que irão atuar e tratar, em sala de aula, dessas questões que
inserem os alunos na cultura Afro-Brasileira à luz da já referida Lei 10.639/03.
Considerações Finais
Por mais que se pretenda fazer parecer que mudanças curriculares gerariam
efeitos mínimos, defendemos como indispensável a discussão sobre a implementação de
disciplinas obrigatórias que abordem a contribuição do povo negro nas áreas sociais,
econômicas e políticas pertinentes à história do Brasil, para que possamos formar
professores melhor esclarecidos sobre a temática.
Referências
1 Introdução
34
Graduanda de Pedagogia, início em 2014. Possui Especialização em Estudos Linguísticos e Literários,
formada em 2012 na Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP/ Campus Jacarezinho. E
formada em Letras e Inglês, em 2010, na Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP/CLCA –
Campus de Jacarezinho. (alaneduartenogari@gmail.com)
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 147
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
respectivamente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental Anos Iniciais,
localizadas no município de Jacarezinho.
2 Inscrição Espaço-Temporal
Por outro lado, o negro ao se reconhecer como tal reproduz uma “estética
alternativa” “As imagens de uma beleza negra produzidas nos salões se inscrevem em
um caleidoscópio no qual se articulam elementos diversos. Aparentam ser homogêneas,
visto que são reproduções de um ideal de beleza que se contrapõe ao ocidental [...]”
(SANTOS, 2000, p. 2).
3 Obras literárias
Deste modo, a menina vive a sonhar com tranças, penteado este que somente as
moças e mulheres adultas podem usar. E a partir daí, a menina almeja em conseguir usar
tranças. Então, o livro vai retratando o descontentamento da personagem.
Nesta passagem, a tradição chama atenção para a criança ser criança, isto é,
interagir com seus pares, brincando, pois tranças significam fase adulta, e representa
vaidade, e, no entanto, a infância não deve ser roubada e muito menos deixada de lado,
mas sim valorizada e experimentada.
35
Segundo Sacconi (2001, p. 137) vem a ser um modelo de penteado, no qual o indivíduo enrola seus
cabelos no alto da cabeça. Este penteado pode ser conhecido também como “coque”.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 151
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Além do mais, haverá um momento em que a menina crescerá e enfim poderá
desfrutar deste universo com suas características e adereços adequados. Assim sendo, o
livro retrata a beleza africana das mulheres no que se refere às faixas etárias, bem como,
os adereços como complemento.
Este livro se apresenta de forma poética. Narra uma história em que aponta
como protagonista uma menina negra, a qual assim como a personagem da primeira
obra analisada, se apresenta inconformada com suas características físicas, neste caso a
forma do cabelo.
Estabelece-se, então, que a história nada mais é que um fator significativo para
o indivíduo, inclusive a criança, já que “Portanto, a partir da história que os olhares
sobre o mundo são construídos e assim formulados os modos de falar e escrever”
(SOUZA; MARTINHÃO, 2016, p. 119).
Constatou-se que ambas as meninas, tanto Bintou como Lelê mesmo vivendo
em ambientes e com grupos tão diferentes, em que a primeira está inserida no contexto
africano, e a segunda é fruto do processo da diáspora africana, afrodescendente. Elas se
assemelham em três fatores os quais as aproximam: características fenótipas, são
negras; possuem relação histórica com a África; e a insatisfação com seus aspectos
físicos, o cabelo.
4 Processo Educacional
Isto posto, vem a ser um grande desafio aos educadores, pois a literatura
africana que representam a identidade negra, tal como suas riquezas, não se encontra tão
fácil nas bibliotecas escolares e tão pouco se acha livros em tais bibliotecas. Deste
modo, só resta ao educador investir financeiramente e se munir de tais obras.
Considerações finais
Ademais, trazer para o âmbito escolar questões como alteridade com o intuito
de possibilitar com que os alunos experimentem se colocar no lugar do outro,
principalmente em momentos de estranheza acerca do diverso.
Referências
MALACHIAS, Rosangela. Cabelo Bom, Cabelo Ruim – Volume 4. In: Coleções das
percepções das diferenças: negros e brancos na escola. 1. ed. São Paulo: Editora
Terceira Margem, 2009.
NUNES, Míghian Danae Ferreira. “Cadê as crianças negras que estão aqui?” O
racismo (não) comeu. v. 10, n. 2. Latitude, p. 383 - 423, 2016. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Mighian_Danae_Nunes/publication/313139655_
Cade_as_criancas_negras_que_estavam_aqui_O_racismo_nao_comeu/links/5890f9af45
8515aeac92cf49/Cade-as-criancas-negras-que-estavam-aqui-O-racismo-nao-
comeu.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017.
PAULA, Rogéria Costa de. Não quero ser branca não. Só quero um cabelo bom,
cabelo bonito: performances de corpos/cabelos de adolescentes negras em práticas
informais de letramento. 2010 313 f. Tese (Doutorado em Multiculturalismo e Educação
Bilíngue) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem.
Campinas: [s.n.], 2010. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/269776/1/Costa%
20de%20Paula,%20Rogeria_D.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2017.
SACCONI, Luiz Antonio. Dicionário essencial da Língua Portuguesa. 1ed. 3
reimpressão. São Paulo: Atual Editora, 2001.
SANTOS, Jocélio Teles dos. O negro no espelho: imagens e discursos nos salões
belezas étnicos. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 38, p. 49-65, 2000.
SOUZA, Ilma Regina Castro Saramago de; MARTINHÃO, Paloma dos Santos Sayão.
O negro nos livros infantis: análise das práticas pedagógicas na Educação Infantil. v. 4,
n.7. Horizontes –Revista de Educação, Dourados, jan. – jun. 2016, p. 135 – 151.
Disponível em: <http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/horizontes/article/view/5965/3202>.
Acesso em: 15 jun. 2017.
Resumo
1. Introdução
36
Graduando de História, Universidade Estadual de Maringá (UEM), profhud2204@gmail.com,
profhud2204@gmail.com Bolsista
PIBID – CAPES.
37
Professora de Língua
ua Portuguesa, Colégio Estadual Alfredo Moises Maluf.
38
Professora da História, Colégio Estadual Alfredo Moises Maluf.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 158
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
O artigo descreve uma experiência em sala de aula com o apoio do PIBID -
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, programa financiado pela
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior nas
disciplinas de História e Português do Colégio Alfredo Moises Maluf, Ensino
Fundamental e Médio. Este está localizado distante do centro, único no raio de 7
quilômetros, atendendo cerca de 1.500 alunos de mais de 12 bairros, situado no
conjunto Herman Moraes de Barros, com 18 salas de aulas, funcionando nos três
períodos.
A determinação da Lei 10.639/2003 que obriga o ensino de História da África e
cultura afro-brasileira, e a Lei 11.645/2008que contempla a História Indígena no âmbito
educacional, foi um avanço para a sociedade brasileira. Ambas as leis foram aprovadas
através de muita luta e reivindicações, mas ainda temos uma longa jornada para a
implementação delas. Tais determinações surgem para que haja o reconhecimento da
cultura africana e indígena no meio escolar e suas contribuições na história deste país,
como percebe Collingwood ao dizer que “O valor da História está então em ensinar-nos o
que o homem tem feito e, deste modo, o que o homem é” (1981, p. 17).
A aplicação dessa lei faz com que haja o comprometimento dos docentes em
todas as disciplinas, não só em História. Deve estar presente nas propostas pedagógicas
a fim de contemplar e viabilizar estratégias de ensino para o aprendizado. Além
contribuir na formação da sociedade brasileira para que esta entenda a importância
desse povo na área social, econômica, política e cultural da história do Brasil, também
serve como instrumento de reconhecimento étnico-cultural dos descendentes de
escravos que faz parte da maioria da população brasileira.
O que iremos mostrar é que através de aulas dinâmicas e lúdicas, o aluno que
geralmente sente grande dificuldade em entender História, é capaz de vivencia-la e de se
Os alunos dos 2os anos, após desenvolverem trabalhos sobre a cultura africana
na disciplina de Português e de outras disciplinas para apresentar na semana da
Consciência Negra do colégio, viram a necessidade de criar um uniforme para as
apresentações desses trabalhos. Num primeiro momento os alunos pensaram em uma
camiseta com frases ou desenhos da cultura africana, mas depois que apresentamos os
símbolos Adinkra, resolvemos estampar as camisetas e usá-las na mostra cultural. Como
cita as Diretrizes Curriculares de História – DCE (2006, p. 13): “As verdades prontas e
definitivas não têm lugar, porque necessariamente o trabalho pedagógico na disciplina
deve dialogar com várias vertentes tanto quanto deve recusar o ensino de História
marcado pelo dogmatismo e pela ortodoxia”.
Resumo
O artigo apresenta o relato e reflexões sobre intervenção pedagógica, realizada
dentro do PIBID História UENP, no primeiro semestre do ano de 2017, com alunos do
3º ano do Ensino Médio. A temática trabalhada foi “Governo Vargas e a Propaganda”.
Através de observações, atividades diagnósticas iniciais, ressignificação dos conteúdos
escolares e inovações metodológicas procurou
procurou-se
se ampliar e qualificar a consciência
histórica dos estudantes a partir dos temas trabalhados e da epistemologia da História.
Visto que este tema é de suma importância para o entendimento do aluno da sociedade
política em que está inserido, levando em conta a grande influência da mídia neste setor.
Focamos
amos na interpretação de imagens de cunho político produzidos na Era Vargas.
Introdução
As transformações no ensino de História, em especial nos últimos trinta anos,
vêm estabelecendo diferentes perspectiv
perspectivas
as para a prática docente, um novo olhar para o
âmbito escolar. Um de seus pontos primordiais é a superação da ideia de que o docente
39
PIBID História UENP, Capes. Orientador Profº Dr. Jean Carlos Moreno, jeanmoreno09@gmail.com.
40
Graduando no curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná e bolsista de iniciação a
docência - PIBID, tiojorj@gmail.com
41
Graduanda no curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná e bolsista de iniciação a
docência - PIBID,
D, dessahpereira@hotmail.com
42
Graduanda no curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná e bolsista de iniciação a
docência - PIBID, raissaozzy@hotmail.com
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 167
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
dessa disciplina transporta o conhecimento produzido no meio acadêmico para o âmbito
escolar. E essa nova perspectiva não considera que somente a academia produz
conhecimento, concebendo a escola um espaço em potencial no desenvolvimento de
diferentes saberes. Com isso, o Ensino de História deve articular um desenvolvimento
dos educandos a se orientar e transformar sua leitura de mundo. Concordamos com a
afirmação de Santos ao dizer que “Nossa matéria está intimamente ligada à capacidade
de transformação da vida” (SANTOS, p.81, 2014). A partir desses e outros objetivos
que foram se constituindo no Ensino de História, a preocupação com a formação
docente se intensifica cada vez mais, diversos estudos relacionados a esta questão,
evidenciam o distanciamento entre teoria e prática em sala de aula, percebe-se que o
ensino “tradicional” está enraizado nas escolas, compondo o que se entende por cultura
escolar. Diversos fatores atuam como empecilho contra a absorção dessas novas
perspectivas por efetivos e novos professores. Com o intuito de reverter essa situação, o
PIBID possibilita o contato do graduando em diferentes experiências, nas quais auxilia
esse futuro professor a analisar e refletir sobre a realidade escolar, proporcionando uma
compreensão e articulação do sentido de ser docente, para obter uma melhor
capacitação na sua formação.
Com base nisso, o presente artigo abordará a experiência e avaliação da
intervenção – cujo tema é Era Vargas e a Propaganda – realizada no colégio Rui
Barbosa na cidade de Jacarezinho-PR para a turma do 3º C no turno vespertino. Tal
intervenção foi orientada pelo coordenador do programa Dr. Jean Carlos Moreno e
acompanhada pela supervisora do colégio, professora Silvana Mara Francisquinho. A
preparação desta intervenção esteve calcada em referências bibliográficas sobre o tema
e auxiliada pelo grupo de estudos sobre Educação e Ensino de História desenvolvido na
UENP- Jacarezinho, articulado também pelo coordenador do programa.
A turma e os alunos
Uma das turmas que acompanhamos e que daremos enfoque aqui é o terceiro
ano C do Ensino Médio. A turma é composta por dezessete alunos, dos quais a maioria
são meninos, com faixa etária entre dezessete e dezoito anos. O número pequeno de
alunos acaba sendo empolgante para nós, pois se espera um maior alcance no
aprendizado, porém foi notória uma falta de estímulo em aproximar esses alunos dos
conteúdos ministrados pela professora, resultando em alunos apáticos em relação ao
conhecimento histórico. Um exemplo disso aconteceu em uma das aulas observadas em
que a professora propôs um trabalho em grupo para ser apresentado na próxima aula
Ressignificação do tema
Como sabemos o ensino de História vem passando por processos de mudanças,
mas há, ainda hoje, uma resistente permanência tradicional do currículo de História
marcada pela linearidade como se os fatos fossem um processo progressista e verdade
absoluta. O PIBID como sendo parte desse constante processo de mudanças, tem como
papel fundamental dar sentido ao que será ensinado, promover uma ressignificação dos
conteúdos abordados para que os alunos desenvolvam suas consciências históricas,
melhorando o progresso cognitivo de aprendizagem tornando-lhes capazes de relacionar
a história com a sua vida.
O tema colocado para a nossa intervenção foi a Era Vargas (1930-1945). Um
tema muito rico, que nos proporciona um amplo leque de possíveis abordagens.
Entretanto, se o tema é profícuo, há de se ter cautela para não cairmos na armadilha do
Métodos
Na regência apresentada, lançamos mão de algumas imagens, canções de samba
produzidas na Era Vargas e de um vídeo de 2016 – utilizado com fim didático, para uma
A experiência
A intervenção foi realizada no dia 5 de maio, na turma C do 3º ano do ensino
médio, dividida em duas partes: a primeira etapa se deu no segundo horário e a segunda
foi no quarto horário. Como ponto de partida de nossa regência, relembramos os alunos
da atividade diagnóstica que havíamos aplicado aulas antes – uma questão acerca da
influência da propaganda em suas vidas. Essa questão foi norteadora do nosso projeto.
De acordo com nosso plano de aula, faríamos uso do projetor para nos orientar e
para a apresentação das fontes audiovisuais aos alunos, porém, devido a um imprevisto,
isso não foi possível. Como alternativa, utilizamos um televisor do colégio e com a
pequena proporção da sala e da presença de apenas onze alunos, este fator não foi um
obstáculo. Os slides e as imagens, infelizmente, não se projetaram na tela, dessa forma,
fomos forçados recorrer a fotocópias para as atividades e ao quadro para nossa
apresentação. Esses percalços, no entanto, não comprometeram de forma significante
nossos objetivos.
No início de nossa exposição, antes de chegarmos ao tema específico, foi
apresentado um panorama geral sobre o período da Era Vargas (1930-1945), onde
expomos a trajetória do seu governo enfocando, sobretudo, o Estado Novo (1937-1945).
Essa etapa serviu para a contextualização histórica dos alunos. Dentro disto, passamos a
ressaltar o esforço de Vargas para a implantação de um capitalismo industrial em nosso
país. Com base nesse ponto, foi possível fazer alguns apontamentos sobre o interesse
O mesmo Wilson Batista vai compor depois, em 1940, uma música com um teor
muito diverso, o que deixa explícito a intervenção do órgão do governo na produção,
em O bonde de São Januário a letra diz:
Quem trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
[...]
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem!
Com base nesses sambas, ressaltamos que a propaganda política não é feita
apenas em caráter oficial, ela também está infiltrada nos meios populares da cultura, que
Referências:
ALMEIDA, Cláudio Aguiar. Cultura e Sociedade no Brasil: 1940 – 1968. São Paulo:
Ed Atual, 1996.
ARAÚJO, Rejane. DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/DIP>. Acesso em: 28 de maio
2017.
BATISTA, W. O Bonde de São Januário. Disponível em
<https://www.letras.mus.br/wilson-batista/259906/> Acesso em: 28 de maio de 2017.
Resumo:
Este trabalho foi desenvolvido dentro da Prática como Componente Curricular
na disciplina de Metodologia do Ensino de História. Através da linguagem
cinematográfica procuramos desenvolver uma discussão crítica sobre a manipulação por
meio da propaganda ocorrida dentro da Alemanha do século XX, como esta se tornou
um dos pilares para a ascensão e permanência do regime nazista e seu legado para o
século posterior. Por meio da anál
análise
ise de obras produzidas por estudiosos do tema,
tema
procuramos entender a grandiosidade das mídias para a manipulação de massas e
buscamos levar a discussão para as salas de aula onde esta possa despertar a consciência
de que todos como agentes históricos e de como fatos ocorridos no passado estão
totalmente integrados ao presente e ao futuro.
Introdução
43
Orientador Profº Dr. Jean Carlos Moreno, jeanmoreno09@gmail.com.
44
Graduanda no curso
rso de História na Universidade Estadual do Norte do Paraná,
Paraná,laaraglopes@gmail.com
laaraglopes@gmail.com
45
Graduanda no curso de História na Universidade Estadual do Norte do Paraná,
moniquedanny@live.com
46
Graduanda no curso de Históri
História na Universidade Estadual do Norte do Paraná,
dessahpereira@hotmail.com
47
Graduando no curso de História na Universidade Estadual do Norte do Paraná,
lucas_viegas_1994@hotmail.com
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 180
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
O presente trabalho tem como intuito analisar o pensamento de alguns
historiadores e estudiosos contemporâneos a respeito da propaganda desenvolvida
durante o regime nazista. Esta análise será desenvolvida a partir da leitura de obras de
autores como Eric Hobsbawm, Wagner Pinheiro Pereira, Mário Martins Viana Júnior,
Marcia Mansor D’ Alessio e Maria Helena Capelato. A partir das discussões
historiográficas realizadas esperamos esclarecer para nossos leitores um pouco mais
sobre como funcionou a propagação do regime nazista a partir dos meios midiáticos que
existiam neste momento da História e que hoje é conhecido como o terrível século XX.
Fundamentação Teórica
Nossa análise inicia-se com a obra Nazismo: política, cultura e holocausto, das
autoras Marcia Mansor D’ Alessio e Maria Helena Capelato. Segundo as historiadoras,
o partido nazista só alcançou um grande número de adeptos e um relevante sucesso por
conta de sua propaganda política ser muito bem estruturada e oferecer à sua população
exatamente aquilo que desejavam, uma vez que a população alemã, derrotada na
Primeira Guerra Mundial, encontrava-se desnorteada e sem qualquer percepção de
melhoria para suas vidas. Por conta disso, defendem a importância desse instrumento
para o controle das massas pelo partido nazista:
Metodologia
A linguagem escolhida para o desenvolvimento do trabalho foi o cinema, já que
esta mídia está muito presente na vida dos alunos e que a grande maioria assiste a filmes
somente como meio de entretenimento, pois não possuem a ideia de que este se trata de
documento e precisa de uma leitura aprofundada para seu entendimento como obra
produzida por uma indústria que tem objetivos definidos. O que ocorre na grande
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 185
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
maioria das salas de aula é que os filmes chamados históricos são passados como
verdades absolutas sem estarem acompanhados de uma análise, servindo somente para
tornar a aula diferente e menos maçante. Buscamos mostrar algumas atividades e meios
de trabalhar o cinema em sala de aula para que a aprendizagem seja construída em
parceria entre alunos e professor. As atividades podem ser feitas separadas ou dentro do
um projeto, dependendo das possibilidades e meios que o professor possui.
Os critérios que utilizaremos para a avaliação de todas as atividades propostas
serão: a participação nas atividades, leitura dos dois filmes propostos, participação nos
debates, o interesse e o cuidado com o trabalho desenvolvido.
O primeiro passo seria uma roda de conversa sobre propaganda onde os alunos
falariam suas opiniões e o que sabem sobre tal conceito, seguida de uma explicação por
parte do professor sobre o a influência desta em nossa vida, os cuidados que devemos
tomar ao entrar em contato com tal, mostrando aos alunos que precisamos de muita
cautela, sempre frisando que a propaganda é carregada de objetivos definidos, nunca é
imparcial. Feito isso, apresentar o filme “O Eterno Judeu”, todo seu contexto,
encaminhando o olhar dos alunos para que possamos chegar ao nosso objetivo que é
fazer com que entendam o conceito de racismo, discriminação e exclusão, levando em
conta o pensamento nazista implantado pelos líderes do movimento. E como atividade,
sugerimos para os alunos produção cartazes alertando sobre o poder manipulador da
propaganda. Outro filme que escolhemos trabalhar foi o “Triunfo da vontade” que
depois de contextualizado e passado em sala de aula, os alunos deverão responder um
questionário baseado no que assistiram que será debatido em uma próxima aula em
questão do tempo. Em nossas atividades, escolhemos além do filme trabalhar com uma
imagem, a fim de desenvolver nos alunos um senso crítico sobre um material que causa
um efeito imediato. Utilizamos a foto da propaganda nazista com o título: “O resultado!
A perda do orgulho racial” para analisar como é possível um pequeno grupo manipular
e distorcer a visão da população de acordo com o que buscam.
Para finalizar, propomos uma atividade diferenciada, que consiste em fazer um
apanhado das atividades já realizadas. No quadro estariam algumas frases e na mesa do
professor algumas plaquinhas com o nome das cores, a qual cada aluno deve escolher a
que mais lhe agradar. Posteriormente, devem se juntar com os alunos que escolheram a
mesma plaquinha e juntos produzirem um texto explicando o porquê de terem escolhido
aquela e não outra. Um representante de cada grupo deverá expor o texto ao resto da
sala e depois de todos terem o feito os alunos terão vez para dizer como se sentiram nos
Considerações Finais:
Esperamos que a partir da abordagem deste tema nossos alunos sejam capazes
de se tornarem mais críticos frente ao mundo que os rodeia, tornando-se habilitados a
interpretarem as propagandas que os cercam, captando que estas são carregadas por
ideologias, que, por sua vez, são mascaradas pelos meios de comunicação, assim como
se passou durante a Segunda Guerra Mundial no regime nazista. Uma vez que estes
alunos se tornem mais críticos e percebam as suas respectivas influências na História da
humanidade, atrocidades como esta serão cada vez mais difíceis de acontecer.
Esperamos também que eles compreendam que a inexistência de críticas ou
oposições durante o regime nazista não significou que nunca ninguém se opôs ao
regime, mas sim que esse silêncio existe por conta da forte opressão que o nazismo
impôs sobre sua população.
Desejamos que nossos esforços, por mais que tragam pequenos resultados em
curto prazo, possam acrescentar de alguma maneira algo na vida desses estudantes, seja
um olhar um pouco mais crítico para com as propagandas atuais, o interesse de se
tornarem cidadãos ativos da História, um gosto maior pela História da humanidade ou
qualquer outro interesse que crie neles um elo com a História.
Referências:
BERTÃO, Ruth Lobão. A propaganda nazista: o poder do cartaz. Rio de Janeiro:
Editora Keimelion, 2010. Orientação: prof. Dr. Ana Luiza Carbono.
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991.São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
48
Doutorando em História do Programa de Pós
Pós-Graduação em História da Universidade
sidade Estadual de
Maringá.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 189
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
De acordo com o pensamento de Siman, consideramos a imagem como um
documento histórico, e não simplesmente como elemento gráfico para ilustrar ou
justificar a veracidade do texto presente em todo material didático, que compreende não
somente os livros, mas os textos produzidos em sala, apostilas, web sites, entre outros.
Currículo e as imagens.
Com tantas dificuldades, alguns professores tendem a questionar esses
programas ou parâmetros pré-estabelecidos, como se essa programação deixasse o
professor moldado a um sistema inerte e imutável da graduação até o cotidiano escolar.
Sacristan, em um dos seus trabalhos intitulado “Compreender e transformar o ensino”,
apresenta-nos algumas possibilidades da ação do docente em relação às especificações
compostas pelos currículos. Observamos o que ele atenta em relação à gestão do
professor frente ao currículo:
Sacristan aborda de uma forma expressiva as vozes que formam esse ensino, que
existem maneiras de dizer sobre os conteúdos e de como ele chega até o aluno, o que
cada agente desse processo afirma e defende e o que acaba acontecendo no sentido
prático tanto sobre a composição do currículo como a assimilação por parte dos alunos.
Um item claro, que inclusive acontece com boa parte dos alunos, é a busca de
uma linha teórica ou ideologia de seu professor, modulando, dessa forma, seu discurso
nas atividades e avaliações de uma forma que lhe garanta uma melhor visão do
professor sobre seu trabalho. Muitas vezes o que nossos alunos escrevem e defendem é
apenas feito para a pessoa do professor, não havendo uma problematização ou reflexão
realizada propriamente pelo educando.
Nessa mesma linha recorremos a Tomaz T. da Silva que faz considerações sobre
o currículo e as ações dos docentes sobre ele. Silva considera que o caminho que
percorre o ensino é composto pela linguagem e o processo de transformar o que está
Goodson, que é traduzido por Tomaz Tadeu da Silva, reflete que a ação do
docente não está intrinsecamente ligada ao currículo, aliás, observa o currículo como
um agente burocrático de certa forma, pois trata o currículo escrito como um simples
documento de padronização de recursos.
Após as discussões apresentadas aqui, tanto no que diz respeito a formação do
professor de história, seu ambiente de trabalho e que ele deve ensinar com o currículos,
50
Quando usamos o termo pós-modernidade estamos usando os conceitos propostos por
Zigmunt Bauman, principalmente as obra “A sociedade Individualizada (2008)” e “A sociedade
Líquida”.(2001)
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 197
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
O Aspecto de aula Oficina de Barca é um caminho interessantíssimo para
pesquisas nessa área, mas sabemos que não seria possível construir uma pesquisa de
qualidade apenas com boas ideias e inciativas, é preciso debater os métodos utilizados
no ensino de história. Na minha dissertação de mestrado e em outros trabalhos
acadêmicos busquei a constituição dos grupos focais de uma maneira que poderia fazer
uma aula/pesquisa dinâmica e eficiente já que é proposto uma visão qualitativa e não
quantitativa através dos Grupos focais.
Em alguns trabalhos na sala de aula preferi optar pela técnica dos grupos focais
para poder ter uma visão melhor sobre a percepção que os alunos tinham de
determinado assunto, geralmente utilizei os finais dos ciclos do ensino fundamental e
médio e como eles assimilam o objeto de cada pesquisa.
O grupo focal é uma técnica de pesquisa que permite ao pesquisador obter dados
de natureza qualitativa por meio de sessões grupais composta de 6 a 15 pessoas que
compartilham algo em comum, por exemplo, sexo, idade ou uma ocupação. Eles
refletem um recorte de uma realidade que visa discutir vários aspectos de um
determinado tema. Os dados obtidos por essa metodologia possibilitaram o
conhecimento de percepções, conceitos, opiniões, expectativas, representações sociais,
que venham a ser estudados.
Ao optar por abordar a técnica de Grupos Focais na pesquisa social, é
preciso enfatizar que esse debate recebe destaque, nesse momento
introdutório, por sua importância para o futuro da pesquisa social, que
demanda, cada vez mais, uma postura crítica e dialética, visando à
superação dos pontos contraditórios, tornando-os públicos para que
possam também ser submetidos a outras críticas. Desta maneira,
elegemos a técnica de grupos focais, considerando que seu prestígio e
utilização têm crescido bastante no âmbito da pesquisa social, o que
requer esforços analíticos que a (re)interpretem e trabalhem em
consonância com as demandas dos cidadãos, colocando-a em posição
de destaque no campo metodológico. (CRUZ NETO, 2002 p.2)
A utilização dos grupos focais data do fim da Segunda Guerra Mundial, quando
Bogardus, citado por Morgan51, analisou por meio da ótica das ciências sociais os
efeitos da propaganda durante a segunda guerra mundial. Apesar do uso dessa
51
Ver: Morgan DL. Focus groups as qualitative research.Newbury Park, CA: Sage Publications; 1988.
Os grupos focais são utilizados para agrupar percepções, insights e interações que
dificilmente seriam obtidas fora do grupo. Os dados obtidos são considerados como o
processo do grupo, sendo um conceito distinto em comparação as análises individuais, na qual o
pesquisador obtém percepções isoladas (KIND, 2004). Esse método de análise possibilita uma
reflexão sobre a soma dos pontos de vista e sentimentos tomados durante a ação, formando uma
percepção daquele grupo que converge às várias posições distintas numa linha de raciocínio
KIND, Luciana. Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. In: Psicologia
em Revista, Belo Horizonte, v. 10, n. 15, p. 124-136, jun. 2004
RESUMO
Introdução:
No trabalho de Circe Bittencourt (2006, p. 12), a autora pode constatar que nos
últimos anos a história do ensino de História, vive um momento importante, onde novas
propostas curriculares não ssee limitam a refazer métodos e técnicas de ensino. Sendo
assim, presencia-se
se um momento de relevo onde ““conteúdos
conteúdos e métodos estão sendo
reelaborados conjuntamente”
conjuntamente”.
Sem dúvida, tal afirmação alenta o coração de muitos docentes, mas para outra
grande parcela de profissionais da área da educação que atuam na rede pública, isso
ilustra um dos principais desafios do seu dia a dia. Isto é, como conciliar narrativas e
anseios
os pessoais, dificuldades socioeconômicas e um histórico de precariedade no
ensino que se materializa num currículo escolar proposto de forma vertical e uniforme?
52
Mestrando do Programa de Pós Pós-Graduação em História da UNESP – Assis: História e Sociedade da
linha de Política: ações e representações. Email: limasantos91@gmail.com. Bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento dee Pessoal de Nível Superior (CAPES)
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 204
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Como garantir os direitos sociais dos adolescentes em meio a um cenário de
desigualdade que adentra os muros da escola? E enfim, como construir, reconstruir e
acreditar que o Ensino de História seja uma trilha importante num processo de
emancipação, protagonismo e consciência crítica?
A partir de tais questionamentos - oriundos da proximidade do professor com a
escola, do diálogo com docentes de outras disciplinas da mesma instituição e do bate
papo com alguns estudantes – se tomava forma a iniciativa de criar oficinas que
atendessem um pouco dessas demandas.
A Escola Estadual José Augusto Ribeiro, está localizada na Vila Prudenciana na
cidade de Assis, São Paulo. Seu nome deriva de uma homenagem feita em memória do
jornalista e editor político José Augusto Ribeiro, o qual teve importante atuação na
sindicalização rural. Geograficamente, o colégio está localizado numa das periferias da
cidade onde moram cidadãos de baixa renda que contam com serviços públicos como:
uma Unidade Básica de saúde (UBS), duas escolas de menor porte que atendem
crianças até o fundamental I, duas praças, uma unidade do Centro Especializado de
Assistência Social (CREAS) e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
O modelo de gestão e organização do colégio ancora-se no projeto de Educação
Integral53, no qual inclui em meio a uma gama de objetivos, trabalhar principalmente o
protagonismo juvenil com vistas à preparação para o mundo do trabalho através da
conciliação entre as disciplinas chamadas “eletivas” e o programa “projeto de vida”.
Um dos pontos cruciais observados durante o processo de ambientação da
dinâmica do colégio e que contribuíram para a elaboração das oficinas, foi o fato dos
alunos permanecerem a maior parte do dia na escola. Reparou-se que estando inseridos
num contexto de aprendizagem e de adaptação à realidade do mundo do trabalho, ou
seja, as “determinações estruturais da ordem do capital” (MÉSZÁROS, 2008, p. 85)54
os alunos pouco ou nada eram instigados a se questionarem e refletirem sobre práticas e
ações estimuladas pela cultura capitalista. Foi através dessa perspectiva que a temática
foi desenvolvida e readaptada posteriormente, como se verá a seguir, a fim de gerar tais
questionamentos e autorreflexão.
Com base no que foi dito acima, a elaboração das oficinas teve início. Os
primeiros passos foram de ordem digamos “antropológica”, ou seja, com uma pesquisa
53
Projeto previsto na sexta meta do PNE. Para conhecer as demais metas do PNE acessar:
<http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne
_conhecendo_20_metas.pdf
54
De acordo com István Mészáros (2008, P. 85 e 86) essas determinações afetam de modo significativo a
personalidade do indivíduo e as limitações nas concepções de mudança presentes no sistema educacional
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 205
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
de campo, ambientação na escola e reuniões com os docentes. Depois dessa etapa, o
projeto das oficinas que tomara contornos mais definitivos - tendo, pois, objetivos,
métodos, fontes e propostas minimamente precisas - foi apresentado à equipe escolar no
intuito de receber críticas e sugestões de melhoria. A única proposta, unânime, foi que o
projeto se estendesse para todos os alunos do colégio, isto é, da sexta série a nona
(Ensino Fundamental II) onde todos pudessem, devido à necessidade ali latente, discutir
temas como trabalho e consumo por meio da percepção histórica.
Tem-se também por fim neste artigo, pensar os êxitos e desacertos desde a gênese
das oficinas até os desafios de sua realização. Com isso, espera-se contribuir e
compartilhar tais experiências para que enriqueçamos os estudos na área do ensino de
História.
57
Livros, jornais, folhetos, catálogos, vídeos, DVDs, CDs, orientações para pesquisa e letramento
informacional. É com toda essa gama de material que os alunos do Ensino Fundamental, do Ensino
Médio e da Educação de Jovens e Adultos contam, em um espaço pedagógico de trabalho interdisciplinar
que incentiva a leitura e apoia o currículo escolar. No caso do colégio José Augusto Ribeiro, esse projeto
abrange somente os alunos do Ensino Fundamental. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE
SÃO PAULO. Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/sala-leitura>, acesso em: 26 de dez. de
2016.
58
MC Carol, nome artístico de Carolina de Oliveira Lourenço (Niterói, 6 de outubro de 1993), é uma
cantora e compositora brasileira. Tornou-se notória por unir em sua música, temáticas de cunho social e
que envolvem feminismo. MC Carol nasceu na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro e viveu no
Morro do Preventório. Como artista solo, passou a se destacar com o lançamento de vários singles e
canções divulgadas pela internet.
59
Se autodenominam Mebêngôkre, "Gente do Buraco do Rio" ou seja, me (gente), be (condição ou estado
de ser), ngô (água) e kre (buraco), na linguagem Tupi "Kai-pó", quer dizer "carrega o Fogo". É um povo
bastante numeroso nos estados do Pará e Mato Grosso, estimado em aproximadamente 5.000 índios. A
parte oriental do povo Kaiapó foi contatada por volta de 1940, e a parte ocidental na década de 50, pelos
irmãos Villas Boas. Viveram em guerra com tribos vizinhas como os Karajá, Juruna, Xavante, Tapirapé e
Panará, mais conhecidos como Kren-Akarore. Protegem com muito rigor suas terras. As aldeias têm as
casas dispostas em formato circular com uma grande praça ao centro, onde realizam seus rituais.
Conhecidos por sua bravura, os Kaiapó são guerreiros, mantêm sua cultura tradicional, são exímios
artesãos e têm na borduna um símbolo das armas de caça e guerra. Um aspecto forte de sua cultura é a
pintura corporal, realizada com primorosa habilidade pelas mulheres, com desenhos perfeitos em linhas
geométricas, que as crianças e adultos de ambos os sexos costumam usar em festas. No artesanato, tem
uma variação de adornos (cocares, braceletes) e ornamentos fascinantes. São caçadores e coletores.
Cultivam a plantação de mandioca, milho, batatas e outros. Em todas as aldeias já existem escolas e o
ensino bilíngue.
60
A dinâmica com as fotografias foi inspirada nas sugestões presentes no texto de Edlene O. Silva (2010,
p.180). Nesse caso, para o tratamento de imagens em sala de aula, separar imagem do texto e da legenda,
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 209
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Figura 4:: QUINO, Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p.194.
Figura 5 BALOGH, Giovanna. Mãe e filho registram em fotos o antes e depois da seca no
Cantareira, em SP. Folha. 21 out. 2014.
Após algumas coordenadas cada grupo tentaria debater e decifrar sua fonte com
o auxílio primordial da ficha
ficha-guia, já a intervenção do professor-oficineiro
oficineiro deveria ser
mínima. Passado o tempo de discussões, cada grupo receberia uma folha de papel kraft
com canetas coloridas para expressarem livremente o conhecimento que adquirissem do
debate. Poderia ser um texto, uum
m desenho, uma música, etc. Findada essa segunda etapa,
partiríamos para a última, ou seja, a exposição do que aprenderam para os demais
grupos. Além disso, os minutos finais da oficina seriam destinados para o
preenchimento de uma ficha onde os alunos ava
avaliariam
liariam o professor-oficineiro,
professor as
atividades etc.
Na prancheta cada uma dessas etapas ocorreria perfeitamente com auxílio do
cronômetro - seria algo bem frenético, deve
deve-se
se admitir. E o brevíssimo tempo de uma
aula, isto é, 50 minutos, revelou
revelou-se pífio frente
nte a tanta coisa. Tal constatação emergiu
no primeiro momento de discussão do tema e deixar que os alunos façam uma leitura espontânea dela, é
um primeiro
meiro passo para em seguida partir para o aprofundamento de questões ali evidentes como: quem
fez, quando fez, contexto histórico, como e porque foi produzida. Comparar ilustrações de um mesmo
tema em períodos diferentes ou comparar diferentes versões de uum m mesmo tema numa mesma época
também é uma dica metodológica interessante e enriquecedora.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 210
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
após a fracassada tentativa de realização com o sexto ano.
Os problemas rebentaram aos borbotões, mas não me deterei em cada um
minuciosamente, apenas alguns receberão destaque, a meu ver, interessantes para que
auxiliem o próximo aventureiro a trabalhar com oficina nalgum colégio ou projeto.
Pegar a chave da sala de leitura com a direção, os equipamentos de multimídia,
montá-los e depois acompanhar os alunos até a sala de leitura consumiu bastante do
tempo da oficina em si. Com ela em curso, houve bastante dificuldade de manter os
alunos de cada grupo focados em suas atividades. Encerrada a terceira etapa da oficina,
onde cada grupo seria responsável por apresentar para os demais, os frutos de suas
discussões e anseios também evidenciou-se que entre o planejamento e a práxis
prevaleceu uma distância abissal.
Conforme a opinião dos alunos as fontes eram demasiadamente complexas para
serem analisadas pelo grupo e a ficha-guia continha muitas informações para serem
lidas. Sobre a terceira etapa, de elaboração de um painel coletivo de narrativas
conclusivas da oficina, os alunos ficaram inibidos e pouco ou quase nada produziram.
Quanto ao questionário de avaliação da oficina, este clarificou a reação individual dos
estudantes diante de situações em que devam emitir francamente suas opiniões sem o
peso do certo e errado das avaliações em sala de aula, para exemplificar havia uma
pergunta simples nesse questionário do tipo: Qual é a sua opinião sobre a oficina e
espaços de classificação como bom, regular, ótimo ou ruim. A aflição deles ficou
expressa nas seguintes perguntas: “qual é a resposta certa?”, “pode copiar do amigo?”,
“como é para responder”?
Tendo em vista esses dilemas que os discentes desde cedo são submetidos no
ambiente escolar e as falhas próprias presentes na execução da oficina, a saída foi e
refletir e reelaborar uma nova proposta de ação.
Antes de avançarmos para a próxima etapa do artigo, consideramos útil
salientarmos também a posição da escola durante a execução da primeira oficina, aonde
todos os contratempos “coincidentemente” vieram todos à tona em um único dia.
Primeiramente, esbarrou-se com a burocracia interna para se utilizar um projetor, a tela
do projetor, um computador e uma sala, apesar de estarem reservados previamente, cuja
consequência desse contratempo foi diretamente sentida nos resultados da primeira
oficina. Aliás, chegar com antecedência não foi o bastante para resolver as burocracias e
a má vontade de parte dos docentes do colégio que haviam apoiado a oficina. Crê-se que
pelo fato da oficina tomar uma de suas aulas isso possa ter gerado tal indiferença e
61
O Circuito Tela Verde – CTV é uma iniciativa do Departamento de Educação Ambiental -DEA, da
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental - SAIC do Ministério do Meio Ambiente -
MMA, realizada em parceria com a Secretaria do Audiovisual - SAv do Ministério da Cultura. O CTV
promove regularmente a Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente, que reúne vídeos com
conteúdo socioambiental para serem exibidos em todo território nacional e em algumas localidades fora
do país. O objetivo da Mostra é divulgar e estimular atividades de educação ambiental, participação e
mobilização social por meio da produção independente audiovisual, bem como atender a demanda de
espaços educadores por materiais pedagógicos multimídias. O Circuito Tela Verde procura atender às
demandas de inúmeras instituições que buscam, no Ministério do Meio Ambiente, materiais que
subsidiem suas ações de Educação Ambiental.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 212
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
coisas vão mudar / Nada contra ti / Não me leve a mal / Quem
descobriu o Brasil / Não foi Cabral / Pedro Álvares Cabral / Chegou
22 de abril / Depois colonizou / Chamando de Pau-Brasil / Ninguém
trouxe família / Muito menos filho / Porque já sabia / Que ia matar
vários índios / 13 Caravelas / Trouxe muita morte / Um milhão de
índio / Morreu de tuberculose / Falando de sofrimento / Dos tupis e
guaranis / Lembrei do guerreiro / Quilombo Zumbi / Zumbi dos
Palmares / Vitima de uma emboscada / Se não fosse a Dandara / Eu
levava chicotada (MC Carol, 2015).
62
Mais algumas informações sobre a música Não foi Cabral e a repercussão do tema no debate
historiográfico estão disponíveis em: http://g1.globo.com/rio-de-
janeiro/musica/noticia/2015/07/professores-analisam-funk-de-mc-carol-que-contesta-historia-do-
brasil.html. Acesso em outubro de 2015.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 213
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Figura 6: À esquerda estudantes assistindo aos curtas-metragens e ao lado respondendo o
questionário avaliativo.
Expectativa: A práxis do professor-pesquisador
Em sua prática quotidiana, o professor-pesquisador coloca-se constantemente no
desafio de conciliar a teoria com o ensino-aprendizagem. Aquele que assim o faz,
contribui de maneira significativa para a melhoria do ensino e de sua prática docente.
No entanto, vale ressaltar que o planejamento metodológico de ensino ou formação
teórica não é monolítico, isto é, que se comporta como um conjunto rígido. O seu
contrário que é válido, ou seja, adequar-se segundo as condições políticas, sociais e
históricas de determinadas estruturas escolares.
A leitura das obras de Jӧrn Rüsen e Reinhart Koselleck contribuíram, para orientar
uma análise da formação educacional presente no perfil da escola, assim como, seu
contexto político, social, cultural e institucional, para em seguida pensar-se meios de
instrução em história, estabelecendo assim, os trajetos práticos pelos quais percorreriam
o planejamento a ser realizado. (RUSEN, 2006, p. 9).
Se a História deve servir para a orientação na vida ou ampliar horizontes de
expectativa, de acordo com esses autores, penso que ela deveria antes de tudo cooperar
para o alargamento do espaço de experiência nas relações político-sociais concretas no
espaço escolar. Como uma espécie de laboratório, a escola pode proporcionar
possibilidades de ações sólidas, tais como: a criação de uma horta coletiva, a
organização de grêmios estudantis, a conscientização dos alunos sobre as condições
materiais da escola e do professor, agregar os discentes nas discussões e decisões das
políticas internas da instituição em questão, ou seja, no âmbito local, mas também, de
esclarecimento nas esferas regional, estadual e nacional.
Com o suporte teórico-metodológico adequado às experiências de seus alunos, o
professor-pesquisador aprofunda seus conhecimentos para que esteja hábil para
construir dialógica e dialeticamente novas condições e horizontes para um ensino
Considerações finais
Neste artigo, apesar de reunida grande parte da experiência advinda da realização
da oficina, existe a esfera da prática com as turmas, que é de importância crucial na
constituição da formação de professores, assim como, de pesquisas acerca do
aprofundamento social no papel da construção de “autonomia do sujeito”
(BRIGHOUSE, 2011, p.21).
Apesar dos percalços consolidados como dificuldades institucionais,
pessoalmente, o saldo da oficina foi positivo uma vez que pode-se enxergar nitidamente
o Ensino de História como via de um processo de construção cidadã maior, ou seja, de
construção de uma consciência que revele e dê sentido às experiências no tempo diante
daquilo que se almeja construir.
A partir de um rol de experiências adquiridas os horizontes de expectativa
consequentemente ampliam-se. Com a maioria dos participantes da oficina, esse
processo desencadeou-se em narrativas que: denunciavam os perigos de uma sociedade
de consumo desenfreado; os impactos no meio ambiente (não só pelo descarte incorreto,
mas pela presença da indústria e suas catástrofes); os problemas do mundo do trabalho
com a exploração da mão de obra e a sugestão de “trazer mais funks pra falar de
história”. Essas informações indicam que a vontade de mudança de alunos e professores
pode prevalecer diante de uma burocracia que legisla, controla e regulamenta o trabalho
pedagógico (CHAUÍ, 1980, p.32).
Expressos em desenhos, comentários, atitudes e em encontros nos corredores da
escola, o saber histórico, como conceitua Circe Bittencourt vai além da sala de aula.
Durante a realização da oficina, viu-se que talvez a própria sala de aula já seja um
ambiente de aprendizagem superado, afinal, grande parcela dos estudantes alegou que a
saída da sala de aula foi um dos aspectos mais positivos da oficina.
REFERÊNCIAS
BALOGH, Giovanna. Mãe e filho registram em fotos o antes e depois da seca no
Cantareira, em SP. Folha. 21 out. 2014. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/10/1535608-mae-e-filho-registram-em-
fotos-o-antes-e-depois-da-seca-no-cantareira-em-sp.shtml>. Acesso em: 05 de out. de
2015.
BRIGHOUSE, Harry. Sobre educação. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
BITTENCOURT, C. M. F. Meio Ambiente e Ensino de História. Revista História &
Ensino, Londrina, v. 9, p. 37-62, 2003.
BITTENCOURT, C. M. (org.) O saber histórico na sala de aula. 11ª ed. São Paulo:
Contexto, 2006.
BOECKEL, Cristina. Professores analisam funk de mc carol que contesta a história do
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 216
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
brasil. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-
janeiro/musica/noticia/2015/07/professores-analisam-funk-de-mc-carol-que-contesta-
historia-do-brasil.html>. Acesso em: 25 mai. 2017.
CHAUÍ, Marilena. Ideologia e educação. Educação & Sociedade, São Paulo;
Campinas: Cortez/Autores Associados/Cedes, n. 5, p. 24-40, jan. 1980.
HOBSBAWN, Eric. Ecos de Marselhesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
_______________. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto & Ed. PUC-Rio, 2006.
QUINO, Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
MENESES, Ulpiano Bezerra de, Do Teatro da Memória ao Laboratório da História. A
exposição museológica e o conhecimento histórico, Anais do Museu Paulista, São
Paulo, v.2, p. 9-42, jan./dez. 1994.
RÜSEN, Jörn. Razão histórica - Teoria da história I: fundamentos da ciência histórica.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.
_________. Didática da História: passado, presente e perspectivas a partir do caso
alemão. Práxis Educativa, Ponta Grossa, PR. V. 1, n. 2, p. 07-16, 2006.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em:
<http://www.educacao.sp.gov.br/sala-leitura>, acesso em: 26 de dez. de 2015.
SILVA, Edlene Oliveira. Relações entre imagens e textos no Ensino de História. Saeculum -
Revista de História, João Pessoa, v. 22, p. 173-188, jan./ jun. 2010.
WORSTER, D. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v4, n. 8, p.
198–215, 1991.
Introdução
63
Mestrando em história pela UNESP, campus de Assis – bolsista CNPq email: rph_lino@yahoo.com.br
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 218
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
da profissão, fornecendo ferramentas que auxiliam a elaboração de aulas cujos objetivos
e métodos inserem cada vez mais os alunos na construção do conhecimento.
Nesse sentido, são oscursosde Estágio Supervisionado, com suas etapas de
observação e regência, que constituem aoportunidade de colocar questões, propor
respostas, e abrir um espaçoparaaexperiência que oriente a futura prática docente dos
estudantes que logodeixarão os bancos das universidades.
Posto isto, optamos por uma tentativa de conciliação entre a pesquisa do
historiador e a prática de ensino do professor, entendendo ambas como indissociáveis,
conforme o que foi discutido no curso de Estágio Supervisionado oferecido pela
FCLUNESP/Campus de Assis. E a partir de nossa formaçãode licenciatura em História,
buscamosasrecentes discussões dos teóricos quanto à utilização das fontes de pesquisa e
doalargamento do conceito de documento histórico para propor como tema a ser
trabalhado em sala de aula: as imagens. A televisão, o cinema, a Internet, o Facebook e
os recentes aplicativos para os modernos celulares nos fizeram adentrar na sociedade da
imagem por antonomásia. Pensamos, refletimos e agimos com base em processos
imagéticos que se tornaram inerentes ao nosso cotidiano. Sem as imagens, não é
possível pensar o início do século XXI.
Nesse sentido, atendendo quer a demanda da própria disciplina encarada como
campo do conhecimento acadêmico, quer a nossa prática enquanto professores que
devem manejar instrumentos no diálogo com alunos inseridos neste mundo, optamos
pelo trabalho com as imagens. As imagens como documentos que nos dão acesso não
apenas à compreensão do presente, mas vistas como janelas por onde se vislumbra algo
da realidade passada. Assim, buscamos elaborar um plano de aula que conjugasse o
trabalho do historiador na fonte imagética e a prática do professor de História utilizando
este tipo de fonte em sala de aula.
A proposta foi elaborada visando alunos do cursinho pré-vestibular oferecido
pela UNESP à comunidade de Assis e região. Tal escolha recai sobre a maior
proximidade dos alunos dessa faixa etária com o conhecimento acadêmico, de modo a
facilitar o diálogo e possibilitar resultados mais relevantes para esta pesquisa. Diante do
público alvo do projeto, selecionamos algumas imagens presentes nas propagandas da
Primeira Guerra Mundial. A escolha do conflito que iniciou o século XX recai, contudo,
não apenas na faixa etária à qual se dirigiu a proposta do estágio; a proximidade do
centenário da guerra (1914-2014) e a escassez de trabalhos sobre este tema foram
64
Muitos historiadores tomam a fotografia como fonte para uma investigação histórica, podemos citar:
KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989; MAUAD, Ana Maria. Através da
imagem: fotografia e história, interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, 1996, p. 73-98
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 221
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Com as informações colhidas pelo levantamento da bibliografia referente ao
uso de imagens nas aulas de História, concluímos pela oportunidade de sua utilização e
pela necessidade de inseri-la no contexto de sua produção para melhor extrair os dados
possíveis com o uso desta fonte. Nesse sentido, foi estabelecido um plano de aula que
abrange quer as questões colocadas pelo uso das imagens, quer o conjunto de uma
pesquisa história referente ao tema.
O plano de aula
65
O Arquivo Nacional Britânico publicou na internet o primeiro lote de diários escritos por soldados
durante a Primeira Guerra Mundial, entre outras publicações dos países beligerantes já disponíveis na
Internet.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 222
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Colocadas as questões e delimitado o tema e a metodologia empregada, foi
escrito um plano de aula contendo todos os objetivos a serem alcançados por esta
experiência de estágio, bem como as suas justificativas e materiais a serem utilizados.
As aulas
Os alunos junto aos quais foi aplicado o plano de aula pertencem ao cursinho
Pré-Vestibularda FCL-Unesp/Campus de Assis “1ª Opção”, que é composto de três
turmasdistintas, uma no período matutino e duas no período noturno, uma das quais é
curso semiintensivo, isto é, revisam todo o conteúdo do ensino médio em apenas seis
meses antesdos exames vestibulares. Como forma de avaliar os resultados da nossa
proposta foisugerida a redação de um pequeno texto interpretando uma imagem,
previamenteselecionada por nós, sobre o mesmo tema.
A primeira aula foi uma apresentação do grupo e da nossa proposta de trabalho,
seguido do conteúdo básico sobre a Primeira Guerra, com algumas informações
necessárias para contextualizar o material que seria utilizado na sequência. Não houve
maiores surpresas ou algo que ultrapassasse o esperado. Cabe aqui talvez, enfatizar o
fato de que por ser um público diferenciado, de curso pré-vestibular percebemos um
maior interesse por parte dos alunos em ouvir e aprender o conteúdo proposto, embora
seja notável a diferença entre os alunos de tendências em formação de Humanas e os de
Exatas ou Biológicas. Alguns alunos, em especial nas turmas noturnas, apresentaram
uma participação mais ativa, por meio de comentários e perguntas. Posteriormente, estes
mesmos alunos nos procuraram para dizer que tencionavam prestar o vestibular de
História ainda no ano corrente.
Em nossa segunda aula foi abordado novamente o conteúdo, em conjunto, porém,
com as imagens pré-selecionadas. Desse modo a análise das mesmas realizou-se
à medida da exposição do conteúdo. Os comentários dos alunos também eram levados
em consideração nesse trabalho, de forma a estimular questionamentos com base na
aula anterior e também nos conhecimentos particulares de cada um. De modo geral, essa
ultima aula, ministrada nas três turmas transcorreu com muita fluidez e de modo
bastante rápido. A participação dos alunos do período noturno, contudo, foi maior do
que a dos alunos do período matutino.
Atividade
Conclusão
BIBLIOGRAFIA
ARRUDA, José Jobson de A., SILVA, Francisco Alves da, RAMOS, Ciro de Moura
Ramos, et
al. Coleção Objetivo: Sistema de Métodos de Aprendizagem, nº 21 – História Geral.
SãoPaulo, CERED, 2007.
BLOCH, Marc. Apologia da História. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2001.
KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989; MAUAD, Ana Maria.
Atravésda imagem: fotografia e história, interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n.
2, 1996, p. 73-98.
LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: Pinsky,
Carla Bassanezi (org) Fontes Históricas. São Paulo, Ed. Contexto, 2005 p. 111 a 153.
Anexos
66
Graduando de Licenciatura em História, Universidade Estadual de Maringá (UEM),
eltondouradina@gmail.com.. (PIBID/CAPES)
67
Graduanda de Licenciatura em História, U
Universidade Estadual de Maringá (UEM),
anacapaes@hotmail.com.. (PIBID/CAPES)
3
Professora Supervisora do grupo do PIBID
PIBID-História-Sede
Sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
no Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP) de Maringá (PR) e orientadora da presente comunicação,
mida_santelli@hotmail.com.. (PIBID/CAPES)
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 229
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Introdução
Documentários
Metodologia
Para Napolitano (2015), a Televisão deve ser usada em sala de aula como
ducumento sócio-histórico, fonte de aprendizado e catalisadora de debates. A proposta
metodológica do autor é de uma alfabetização que estimule análises críticas sobre
conteúdos televisivos e sua incorporação como fontes de aprendizado. A mídia é posta
não como substitua da escrita, mas sim como aliada dela nos processos de
aprendizagem. Ela é porta para problematização de conteúdo, não de ilustração de
conteúdo (NAPOLITANO, 2015, p. 47). Para Tafarelo e Zaror (2014, p. 2), “a TV é
uma rica fonte de temas a serem problematizados, os quais podem ser potencialmente
explorados pela escola, como suportes para o desenvolvimento dos saberes
historicamente acumulados.”
Recomenda-se que o docente não teça críticas superficiais nem reproduza
preconceitos sobre a Televisão. Ambos, escola e professor, devem pensar o fenômeno
social da TV levando em conta toda sua complexidade. Aponta-se que “o trabalho com
as imagens e conteúdos televisivuais será tanto mais profícuo quanto maior for a
capacidade de leitura dos alunos” (NAPOLITANO, 2015, p. 13). Em sua obra, “Como
usar a Televisão na Sala de Aula”, o autor propõe uma série de dezesseis atividades que
visam encarar os conteúdos televisivos nas suas mais diversas facetas, sempre inserindo
o aluno como participante ativo do processo da construção de conhecimento e
articulando esses conteúdos como instrumentos e não simples ilustrações, como são
usados comumente pela escola.
As intervenções com o 9º ano C foram planejadas para que tais atividades
fossem aplicadas, adaptadas a realidade da turma, sempre tomando o tempo de uma (1)
hora aula e realizadas quando a professora orientadora julgasse que a sala necessitaria
de uma oportunidade de aprofundamento de conteúdo em uma estrutura diferente à da
Referências
Resumo:
Esse artigo,
go, portanto, visou proporcionar uma reflexão acerca da História Antiga
usando oficinas-aulas
aulas como metodologia de trabalho para o ensino de história, nas
séries fundamentais, conferindo visibilidade para suas possibilidades, e incentivo à
novas práticas pedagógicas
dagógicas que priorizem a participação dos alunos como agentes na
68
Graduando de História, Universidade Estadual de Maringá (UEM), profhud2204@gmail.com,
profhud2204@gmail.com Bolsista
PIBID- CAPES.
69
Graduanda de História, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Bolsista PIBID - CAPES
70
Professora de História, Colégio Estadual Alfredo Moises Maluf, CAPES.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 238
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
construção de conhecimentos, saberes e pesquisas históricas comprometidas com as
suas realidades, mediante novas dinâmicas e metodologias de trabalho para o professor.
Descreve uma experiência em sala de aula com o apoio do PIBID - Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, programa financiado pela CAPES -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Na matéria de História
e português do colégio Alfredo Moises Maluf, Ensino Fundamental e Médio. Este
localizado distante do centro, único no raio de 07 quilômetros, atendendo cerca de 1.500
alunos de mais de 12 bairros, situado no conjunto Herman Moraes de Barros, com 18
salas de aulas, funcionando nos três períodos.
O aluno recém-ingressado no fundamental II pouco conhece da História além de
algumas datas nacionais, ou aquilo que é referente à sua família e o lugar onde habita.
Ele sabe que História trata do passado, mas de quanto tempo no passado estamos
falando? Ele conhece o ano em que vive, mas quais balizas temporais que definiram
isso? O ensino de História para sextos anos deve se preocupar com a introdução de
vários conceitos primordiais para o bom entendimento do processo histórico. Regressar
a tempos imemoriais, num ambiente onde nada é familiar – e o que é conhecido, muitas
vezes é de forma deturpada, como, por exemplo, as estorinhas do Piteco, de Maurício de
Souza, nas quais um homo sapiens convive com os dinossauros – pode ser um grande
problema. O primeiro passo é apresentar ao aluno as informações que o mundo é muito
maior do que a cidade ou o Estado em que vive e o passado pode ser muito mais velho
do que aqueles observados nas atividades da árvore genealógica.
A História e suas fontes
Além da necessidade de contextualizar o aluno ao tempo histórico a ser
trabalhado e o esforço para despertar neste um pensamento mais crítico com relação à
história, demonstrar o processo de formação destes fatos a partir de fontes históricas,
como registros arqueológicos, é um outro desafio enfrentado pelo professor no contexto
da sala de aula. Embasadas quase que exclusivamente em livros didáticos e avaliadas
por atividades sem muita profundidade, as aulas de história muitas vezes se restringem à
simples exposição de conteúdos históricos e fatos sem nenhuma ligação com seu
processo de construção.
O uso do livro didático em sala de aula é de grande importância no processo de
aprendizagem do aluno. Por meio dele podemos nos localizar temporalmente e
espacialmente no momento histórico, além de apresentar diversos recursos que propõem
discussões sobre o fato e que colaboram para a compreensão do conteúdo de forma mais
clara, como imagens, linhas do tempo, gráficos, tabelas, etc. Para isto, é necessário que
o professor de história saiba lidar com o material que lhe é proposto, não ficando
impedido de usar outros recursos. Apesar das críticas, muitas feitas com coerência, o
livro didático é um ótimo recurso que pode ser utilizado pelo professor como amparo de
sua aula. No entanto, a sua utilidade e o efeito que gera na construção do conhecimento
depende única e exclusivamente do professor.
É certo que, nem sempre este material aborda a questão das fontes históricas, a
forma com que são encontradas e sua importância para a elaboração do conteúdo
A parte mais difícil do trabalho foi justamente esta da reconstrução dos objetos,
pelo fato de exigir uma maior atenção do aluno e um tato minucioso. Concluímos que
esta atividade contribuiu para que os alunos aprendessem a importância da preservação
de documentos e objetos e percebessem qual a relação destes com a história. O trabalho
interdisciplinar entre História e Arqueologia também agiu como um elemento
fundamental para a construção do conhecimento até então visto somente na teoria. Os
métodos utilizados, as explicações dadas aos alunos e a própria experiência que estes
tiveram durante a atividade permitiram a formação de um novo olhar para a História e a
identificação dos processos históricos por meio da interação entre arqueólogos e
historiadores.
Confeccionando fontes históricas: as tabuinhas de argila
Compreendendo que o ensino de História deve ser trabalhado para ser algo
atrativo e empolgante, buscamos, por meio do Pibid, criar ideias para se trabalhar de
forma interativa e dinâmica, sendo assim, realizando aulas-oficina. É perceptível que
muitos professores têm receio de trabalhar dessa forma, pois encaram esse trabalho
como algo extremamente difícil, preferindo se acomodar. Vê-se necessário mudar essa
postura, pois uma aula maçante desestimula a aprendizagem, visto que, se pararmos
para ouvir o que alunos dizem, muitos veem a sala de aula como um espaço entediante,
preferindo assim, ter aula fora da sala. Deve-se considerar as condições da escola para a
realização de um trabalho como este e, também se a turma colabora para um bom
rendimento de atividades desse tipo.
Bibliografia
Introdução
A história da arte pode explicar diversos aspetos sociais, econômicos e políticos
de sua época. Alguns pintores destacaram
destacaram-se
se saudosamente em seu tempo; outros,
foram reconhecidos post-mortem.
mortem.
Por meio da “Guernica”, feita em 1937, por Pablo Picasso, pode
pode-se sentir as
angústias, o medo e terror coletivo, e as atrocidades que estavam acontecendo durante a
guerra civil espanhola de 1936 a 1939. Outra obra a mencionar, é a “Los Desastres de
La Guerra”, composta entre os anos de 1810 e 1815, série pitoresca de Francisco Goya,
retratando os conflitos
flitos e desastres cometidos durante a Independência Espanhola.
71
Graduando, 4º ano, Universidade Estadual de Ponta Grossa, eternalhas@live.com | Ag.
Financiadora: PIBID/CAPES.
72
Graduando, 4º ano, Universidade Estadual de Ponta Grossa, rafaelsgranado@gmail.com | Ag.
Financiadora: PIBID/CAPES.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 245
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Apesar de estes autores serem espanhóis, são célebres exemplos mundiais de uma arte
narrativa, que adquire um caráter crítico, para além de somente retratar o que é belo,
enaltecendo determinada paisagem, pessoa ou objeto.
Até meados do século XX, a escrita da História negou-se a aceitar fontes que não
fossem de caráter “oficial”. Com a escola dos Annales, o campo historiográfico é
expandido, e isto reflete mudanças abruptas no Ensino de História, por consequência.
(ABUD, 2003, p. 184)
Portanto, o professor de História, para narrar o processo histórico, pode usufruir
de fontes imagéticas como um elemento complementar à sua aula. Aproveitando-se
disso, foi realizada uma oficina, por meio do PIBID, articulando cartões-postais russos /
construtivismo russo para falar sobre o regime socialista, as camadas sociais, produção
alimentícia, industrialização e o papel da mulher durante a Rússia Leninista.
A Arte e a História
Ao longo da história da humanidade, a produção das artes plásticas sofreu
diversas alterações e propósitos. O local de produção, a técnica, a composição das
tintas, entre outros, foram aprimorados e ressignificados. Sinteticamente, a arte
desenhada na pré-história era feita nas cavernas, basicamente, para narrar feitos do dia a
dia, como caçadas e rituais típicos. Na Antiguidade, por meio de esculturas e vasos, para
enaltecer os deuses, a figura do homem. Já na Idade Média, as figuras de Santidade
eram retratadas nos vitrais de igrejas, ou ainda com a pintura tipicamente medieval,
bidimensionais por essência. Em sequência, vem o Renascimento para revolucionar de
vez e dimensionar a história da arte para outro patamar: surgem as técnicas de pintura a
óleo, tridimensionalidades e a robustez do que é retratado. Também vêm o surgimento
da figura do artista em si, como empregado e gerador de um produto. Sendo assim, a
retratação artística apresenta elementos de uma sociedade, de qual o artista pertence.
A arte, até meados do século 19, tem o propósito de enaltecer figuras importantes
como o monarca, a feminilidade sensualizada, e em raros momentos, a guerra. Durante
o romantismo, surgem artistas vanguardistas querendo ir além, buscando usar as artes
plásticas como crítica social e/ou de alerta sobre acontecimentos que os incomodavam.
E, por fim, a arte mescla-se com a propaganda, em um primeiro momento de caráter
vanguardista, para unir o embelezamento visual com a propagação de uma ideia, de um
produto ou de qualquer informação que se almeja a massificação.
Aproveitou-se
se desta imagem para falar sobre a atuação do Estado na URSS. Tudo
o que era produzido no campo era repassado ao Estado para este revender à população
por meios
os dos GUM, lojas de departamentos estatais – utilizando do exemplo de
shopping centers para exemplificar de maneira relativa seu funcionamento –, lugar em
que as pessoas iam para comprar.
Do processo avaliativo
Considerações finais
Fontes imagéticas são um excelente instrumento para o professor usufruir em sala,
pois chama a atenção dos discentes, considerando que a informação em nossa sociedade
é cedida predominantemente por imagens (televisão, filmes e propaganda de outdoor).
O número de atividades entregues, principalmente aquelas referentes à
interpretação, foi relativamente pequeno. Cerca de 15 alunos, em uma sala com mais de
30, fizeram a entrega da atividade. A turma, apesar de participativa, neste primeiro
semestre, teve um desempenho bastante negativo, principalmente nas provas e com um
número mínimo de entregas de trabalhos. Este problema observado mostra-se um
grande desafio no trabalho dos PIBIDianos e também do professor supervisor Marcelo
Klöster.
Bibliografia
ABUD, Katia Maria. A construção de uma didátida da História: algumas ideias
sobre a utilização de filmes no ensino. História, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 183-193,
2003.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos
Contemporâneos. In:_____. A Vanguarda Russa.Trad.Denise Bottmann e Frederico
Carotti; 2 ed., São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 324-330.
Introdução
Nos anos de 1950 e início dos anos de 1960 estudos passam a ser divulgados
sobre as alas reformadoras do catolicismo brasileiro, entretanto concomitante há
também as alas dos grupos resistentes, conservadores, e como já é conhecido
nacionalmente, ultraconservador como o bispo Geraldo Sigaud. O século XX foi de
imensas mudanças e transformações, tanto políticas, como sociais, culturais e religiosas.
Neste contexto sabemos dos acontecimentos tecnológicos e da crescente
industrialização mundial, o avanço dos meios de comunicação de massa representado,
nesse momento, principalmente pelo cinema e mais tarde pela televisão. Era a época da
corrida espacial, onde as grandes potências dividiam ideologicamente o mundo e
demonstravam seu poderio científico (SILVA JÚNIOR, 2006).
Eugênio Sigaud fez parte da Segunda Geração de pintores da Arte Moderna nos
anos 30, onde teve amiúde seus trabalhos recusados ou mal recebidos. A especificidade
dessa geração moderna é a de que, tendo como pano de fundo o fim da República Velha
e a crise de 1929, o contexto histórico que tais artistas vivenciaram foi um período de
preocupações sociais e econômicas em todo o mundo. Isso repercutiu em suas obras. A
principal característica artística desse período concentrava-se na preocupação com o ser
1. Figura:
Estes tipos “bizarros” que recebem as tonalidades mais escuras revelam também
um contraponto. Essas pinturas que foram recebidas com grande admiração, espanto e
encanto, possuíam moradores e referências de indivíduos daquele espaço geográfico,
poderiam ser reconhecidos, como ocorre até hoje pelos mais velhos que assistiram a
esse evento. E esses “bizarros” poderiam ser os marginalizados, os criminosos ou
renegados desta sociedade, até mesmo prostitutas.
5. Conclusão
De grande importância para elaborar este trabalho estão as leituras que foram
sendo apresentadas ao longo do texto. Cada uma delas contribuíram para compreender e
explorar diferentes ângulos e percepções dos anos de 1950 juntamente aos irmãos
Sigaud na cidade de Jacarezinho e a Catedral, assim como na questão do ensino e o
preparo metodológico que o professor deve ter. Pois, é a partir da educação, do âmbito
escolar que o conhecimento do valor do patrimônio e da História local, na compreensão
e configuração da identidade enquanto agente histórico se consolida.
Referências Bibliográficas
Resumo
Quando se trata de Religião, os autores dos livros didáticos acabam deixando de lado
alguns fatores essenciais para a compreensão desse fenômeno que, vale lembrar,
impactou diretamente na história da humanidade, de fato desde a antiguidade a religião
esteve atreladaao poder político, assim, torna
torna-se
se impossível um entendimento mais
amplo do processo histórico se tal relação não for levada em conta. Temos como
exemplo, as abordagens sobre a Reforma Protestante e a Inquisição, sobre estes temas,
alguns autores esquecem--se de revelarsua face política, retratando--os como meros
eventos religiosos como se tivessem ocorrido simplesmente para salvaguardar a fé, a
graça e a escritura, ou ainda, com o objetivo de fazer cair por terra os “revoltosos
hereges”. Diante disso, no intuito de perceber os equívocos que permeiam os livros
didáticos, no que se refere ao tema em questão, foram analisadas algumas coleções
indicadas no último Programa Nacional do L
Livro Didático -PNLD
PNLD através de uma
hermenêutica histórico-crítica
crítica proposta por Schleirmacher, Heideggere Gadamer.
Palavras-chave: Religião; Política; Livro didático; Equívocos; Anacronismos.
INTRODUÇÃO
1 A HERMENÊTICA NA HISTÓRIA
78
“Oficializada pelo papa em 1231, a Inquisição julgava hereges e dissidentes. Aos que se recusavam a se
retratar, punia de maneira implacável, condenando-os à morte na fogueira" (FIGUEIRA, p. 165).
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 276
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
fundamento da sociedade e os erros contra a sua doutrina constituíam-se um perigo para
a unidade do Império. Por esse motivo acreditavam ser-lhes um dever cooperar na
extirpação das heresias (cf. GONZAGA, 1993, p. 82).
Sobre a “guerra sem tréguas”, Daniel Rops (1993, p. 609) afirma que “não
se [deviam] privar os réus [acusados de heresia] das defesas de direito, mas pelo
contrário, conceder-lhes procuradores e advogados, desde que [fossem] probos, não
suspeitos de heresia e bons zeladores da fé (colchetes nosso)”. Ademais, ao afirmar que
a forma de repressão da Igreja se deu pela excomunhão e pela Inquisição, ele relacionou
duas coisas temporalmente distintas, sem, porém, distingui-las. A excomunhão já existia
na Igreja desde o Concílio de Nicéia, em 325 (cf. I Concílio de Nicéia, cânone V), ao
contrário da Inquisição (Legatina) que só foi instaurada em 1233.
Quanto a morte pela fogueira, J. Guiraud afirma que não foi, porém,
inventada e nem praticada pela Igreja, mas sim pelo poder civil. Frederico II decretou
em sua constituição de 1224 que o herege, declarado como tal por um julgamento da
autoridade religiosa, devia ser queimado em nome da autoridade civil (cf. GONZAGA,
1993, p. 140). Ainda conforme H.-C. Lea, o número de vítimas que pereceram na
fogueira é bem menor do que comumente se imagina e dentre os modos de repressão
empregados, a fogueira foi relativamente o menos usado (cf. ibid., p. 137).
A arte também é um instrumento dominado pela religião que, em geral,
instruía os fiéis ao respeito dos preceitos morais e espirituais da doutrina cristã, nos
quais eram frequentes os temas representando Deus, anjos e santos. Na arquitetura
imperava a mesma concepção, sendo as igrejas as maiores construções medievais.
Já a coleção Novo Olhar História, de cunho iluminista-marxista, faz uma
abordagem razoável do contexto político da época, especialmente na relação Igreja e
Império. A autoridade consolidada pela Igreja neste período é sempre destacada, fato
que faz com que seja criada uma visão depreciativa a seu respeito.
Caindo praticamente no mesmo erro que a coleção anterior, em se tratando
da definição do que eram os hereges, os autores afirmam que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARROS, José D’Assunção. Cristianismo e Política na Idade Média: a relação entre
papado e império. Horizonte, Belo Horizonte, v. 7, n. 15, p. 53-72, dez. 2009.
FIGUEIRA, Divalte Garcia. História Ensino Médio: 1º ano História. São Paulo: IBEP,
2013.
GONZAGA, João Bernardino. A Inquisição em seu mundo. 4.ed. São Paulo: Saraiva,
1993.
ROLPS, Henri-Daniel. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas Vol. III. São Paulo:
Quadrante, 1993.
Este texto analisa os resultados de uma aula ministrada para alunos dos sétimos
anos, turma A, B, C e D, do Colégio Estadual Luiz Setti localizado na rua Almirante
Barroso, número 449, bairro Vila Setti. O colégio foi fundado em 1949, como Grupo
Escolar Almirante Barroso e, no momento, conta 1007 alunos matriculados, sendo 119
alunos nos sétimos anos.
Tais práticas do ensino de história, como a repetição através do que é dito pelo
professor ou visto no livro didático, prevalecem desde o século XIX, quando aprender
história significava saber de cor nomes e fatos com suas datas, repetindo exatamente o
que estava no livro ou copiado nos cadernos (Bittencourt, 2004: 67). Segundo Rocha
(2009: 82), “Assim, constituem uma tautologia, prática escolar de repetição sempre
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 282
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
presente em exercícios escolares. Para que se estuda esse passado não representa uma
questão para esses alunos. ” Há também a importância dos primeiros anos de estudos na
vida do aluno, que termina o ensino médio sem desenvolver esse senso crítico, onde vai
ser adquirido apenas na universidade, visto que
É importante haver discussão com os alunos sobre outras culturas. A própria sala
de aula é um local permeado por uma diversidade cultural, isto é, com costumes e
religiões distintas, por exemplo.
Com a ajuda da professora supervisora no Colégio Luiz Setti e por sua sugestão,
ministramos uma aula sobre islamismo, com a intenção de expor e desconstruir os
preconceitos existentes sobre uma religião diferente de origem oriental. A aula foi
realizada com quatro turmas dos sétimos anos, sendo A, B, C e D, contendo 119 alunos
ao total, com aula de 50 minutos. Um dos objetivos era discutir os aspectos religiosos e
Iniciamos a aula levantando questões aos alunos para saber seus conhecimentos
prévios sobre o tema. Exibimos um trecho de uma animação que retrata de maneira
fictícia o Oriente Médio, o filme “Aladdim”. Logo após, situamos os mesmos no espaço
tempo, pois alunos demonstraram uma certa dificuldade em saber relacionar o século
XXI com o século XI, que é a data de nascimento de Maomé, o fundador do islamismo.
Exibimos então imagens de Maomé e explicamos sua importância como profeta pelo
Islamismo, já que a religião não foi disseminada por ele, mas sim por seu tio, por quem
o profeta foi criado já que seus pais faleceram quando ainda era criança. Além disso,
também expusemos uma imagem do alcorão, o livro sagrado, levando um também para
que as crianças conhecessem. Logo após mostramos um mapa mundi, especificando
Meca, a capital da Arábia Saudita, onde surgiu a religião, além da Caaba, uma pedra de
representação sagrada que os islamistas designam suas orações. É de extrema
importância essa comunicação visual com os alunos, pois exibindo essas imagens nos
slides conseguimos exemplificar melhor e chamar mais a atenção dos mesmos, que
adquiriram interesse pela aula
Um dado importante foi o fato de que em uma das turmas nos deparamos com
um garoto nascido em Bangladesh, recém-chegado no Brasil que não tem domínio da
língua portuguesa e nem inglesa e ao ver as imagens do alcorão, da mulher islâmica,
reconheceu como sua cultura, conseguindo realizar a atividade após a aula.
Total de alunos 23 27 25 19 94
Souberam
responder/
8 15 10 4 37
machismo pelo
uso da burca
Souberam
responder/
religião ligada 0 1 2 0 3
ou não ao
terrorismo
Compreenderam
todas as
9 2 4 9 24
questões
abordadas
Não souberam
6 8 7 4 25
responder
Não
responderam a 0 1 2 2 5
atividade
Conclusão
Referências
Resumo:Este
Este artigo apresenta o relato e reflexões sobre intervenção pedagógica
realizada dentro do PIBID História UENP, no ano de 2017. A temática trabalhada foi a
Origem dos Homens e Mitos da Criação. Através de instrumentos diagnós
diagnósticos iniciais,
ressignificação dos conteúdos escolares e inovações metodológicas procurou
procurou-se ampliar
e qualificar a consciência histórica dos estudantes a partir dos temas trabalhados e da
epistemologia da História.
Introdução
79
Experiência realizada pelo PIBID História UENP sob a coordenação do professor Dr. Jean Carlos
Moreno e supervisãoo Prof. Esp. Luciano Fonseca.
80
Graduanda em História, Universidade Estadual do Norte do Paraná, mariaccornelio@hotmail.com;
81
Graduando em História, Universidade Estadual do Norte do Paraná, mantovanifelipe00@gmail.com;
82
Graduando em História, Universidade Estadual do Norte do Paraná, hiranlucassilva@hotmail.com.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 289
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
desacordo com a compreensão e com a ideia de que esse termo pode também ser
utilizado no plural, ou seja, o povo brasileiro tem, sim, uma identidade que o
singulariza, contudo, ela não é forjada, apenas, conforme as culturas europeias. Longe
disso, é essencialmente formada de maneiras diferentes por inúmeras culturas diferentes
que abrangem, além das culturas indígenas aqui presentes, culturas de imigrantes de
todo os lugares do mundo.
Esse fato se acopla a outro grande problema enfrentado também nas escolas
brasileiras, fundamentado no ato de desvalorizar – às vezes até omitir – o passado e seus
traumas. É tentando vencer essas barreiras e visando a construção da identidade do
aluno que as intervenções realizadas tiveram como objetivos que o leve a uma
autocompreensão e a um conhecimento da sua cultura e de seu meio social, tudo isso
através de mitos relacionados à criação do homem na Terra.
Escola
É evidente que essa ideia esbarra, em muitos casos, na cultura escolar presente
nas escolas, na qual os professores de História são vistos como professores utópicos ou
até mesmo preguiçosos e que atividades que fujam do tradicional “ler e copiar em
ordem na sala de aula”, que possam levar o aluno a construir um saber sobre si mesmo
ou sobre seu passado são colocadas como insignificantes e desnecessárias. Outros
fatores como o engessamento e a sede de “vencer” o currículo, sem a mínima
importância dada à escolha de conteúdos, a falta de tempo para uma formação
continuada dos professores, o cansaço e estresse do cotidiano, o entendimento de
conteúdo por apenas o tema trabalhado auxiliam para que se tenham dificuldades no
entendimento da escola como um lugar de interação social e de construção de
conhecimento e, também, na compreensão do aluno como um sujeito ativo nesse meio.
Alicerçado nessas ideias, o estudo temseus primeiros passos com uma curta
análise da escola atendida pelo projeto, que, dirigida pelo professor Cristiano da Silva, é
intitulada Colégio Estadual Rui Barbosa e está localizada no centro de Jacarezinho.
Porém, o prédio atual em que está situada a escola não é seu, pois o edifício original
está passando por uma reforma. Atende, aproximadamente, 1500 alunos do centro e de
algumas periferias, abrangendo diferentes classes sociais, com a predominância de uma
classe mais baixa. Nesse colégio, a participação dos pais é notada com a solicitação da
escola, salvo alguns casos de pais totalmente ausentes e também de pais mais
participativos. Apresenta ensino médio profissionalizante, oferecendo cursos técnicos
em Enfermagem e Administração, Segurança do Trabalho e Recursos Humanos. Por
não estar situada no prédio oficial, que contém biblioteca, laboratórios de informática,
química e física, a escola acaba carecendo um pouco desses recursos, entretanto, o
prédio temporário disponibiliza outros, tais como televisorese aparelhos projetores. São
desenvolvidos todos os anos, projetos que incentivam um maior engajamento do aluno
no meio escolar, um exemplo é o festival cultural que fica por conta do grêmio
estudantil. Também, nas observações realizadas,constatamos um convívio harmonioso
entre professores e equipe pedagógica.
Cada bolsista observou as duas turmas pelo menos durante dois dias diferentes
nos meses de março e abril e, a partir daí, pode-se investigar de forma mais profunda a
sala em si e os alunos, também sua relação com o professor Luciano.
O 6º ano A tem uma estrutura física diferente das demais salas, visto que é um
espaço bem menor e mais estreito. Atende a aproximadamente vinte e seis alunos. Esses
aparentam ser menores do que os do outro 6º ano, e mais infantis também. A sala, no
geral, é calma, boa parte dos alunos é atenciosa, contendo uma minoria muito curiosa e
participativa, mas também outraminoria indisciplinada e desinteressada.
Já o 6º ano B conta com uma sala bem ampla, uma grande lousa e carteiras
espaçadas. É uma turma mais numerosa que as demais, com trinta e cinco alunos. É
interessante observar que meninos se aglomeram em um lado (esquerdo) e meninas em
outro (direito) da sala, entretanto, levantam para interagir uns com os outros o tempo
todo. A sala é bem agitada, o que dificulta o controle pelo professor, fazendo-se
Proposta do tema
Para construir uma melhor compreensão dos estudos históricos, uma forma de
ensinar historicamente seria a de criar um significado na vida dos alunos, fazendo a
relação entre passado e presente, para o aluno se inserir nos momentos históricos,
produzindo, assim, um conhecimento e um aprendizado expressivo. Desse modo, a
ressignificação do tema “Origem dos Homens e Mitos da Criação”, se dá no intuito de
instruir os alunos a fazerem uma reflexão sobre os próprios pensamentos dentro desse
tema e acerca das teorias de origem do homem, a pluralidade de culturas existentes na
sociedade, com suas semelhanças e diferenças, bem como elencar um conhecimento
sobre si e sobre a sua origem que, muitas vezes, faz total relação com esses e outros
mitos.
Tendo em questão o objetivo geral, o modo como pensar sobre esse tópico da
intervenção se dá na objetividade que se pretende alcançar ao decorrer e também ao
final da aula, todavia, neste tema, a ideia seria demonstrar aos alunos, as culturas e
pensamentos diferentes na sociedade para que os mesmos desenvolvam competências
para o entendimento de sua identidade. Os objetivos específicos são as particularidades
importantes que se devem pensar, refletir e também se alcançar sobre o tema, tratando-
se diferente do geral, os objetivos nesse tema, seriam a desconstrução de ideias prévias
dos alunos, o entendimento dos mitos de origens do homem, suas diferenças e
semelhanças com a cultura dos alunos e entre si e, também, o desenvolvimento de
competências e senso critico nas atividades aplicadas.
O desenvolvimento da aula na teoria, que constano plano de aula tem como base
a ser seguida a atividade diagnóstica. No primeiro momento da aula, a proposta seria
questionar os alunos sobre as respostas escritas por eles nessas atividades. A partir
disso, começaria uma aula expositiva, momento em que os conteúdos colocados em
prática foram desde os mitos indígenas o bíblico a uma pequena explicação sobre a
evolução humana. Os documentos usados foram os seguintes:
Análise e Resultados
Para tanto, as aulas sobre a temática “Origem dos Homens e Mitos da Criação”
foram elaboradas partindo do conhecimento do estudante, respeitando as
particularidades de cada um. Para se chegar a esse conhecimento, aplicou-se uma
atividade diagnóstica, a qual revelou a visão da maioria dos estudantes: a criação
humana é explicada por argumentos cristãos, remetendo a Adão e Eva. A partir desse
resultado, as aulas foram preparadas com vistas a levar o aluno a perceber que essa é
uma das possíveis explicações para a criação humana, mas não a única. Procurou-se
esclarecer, nesse sentido, que a pluralidade de explicações é decorrente da diversidade
cultural de cada povo, de cada grupo. Para cumprir com tal proposta, foi apresentada a
eles o mito judaico-cristão e os mitos indígenas.
Referências
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 296
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueredo. Rio de
Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1980. Edição Ecumênica. Livro do Genesis.
LACERDA, Nair. LENDA SOBRE A ORIGEM DOS HOMENS – Índios Parecis:uma lenda
recolhida pelo General Rondon entre os Parecis, no centro de Mato Grosso. Disponível
em: <http://blog.cybershark.net/miguel/2011/04/28/lenda-sobre-a-origem-dos-homens-indios-
parecis/>. Acesso em: 16 abr. 2017.
MORENO, Jean Carlos; VIEIRA, Sandro. Historia: cultura e sociedade. Curitiba: Positivo,
2010.
Resumo:
Introdução:
Se o pensar historicamente está presente nas práticas cotidianas, fica claro que os
saberes formadores da consciência histórica de um indivíduo perpassam os saberes
escolares, existindo muitas outras maneiras de adquirir conhecimentos históricos além
da sala de aula.
Outro conceito que está extremamente ligado a consciência histórica é a
identidade, que diz respeito a sentir-se pertencente ou não a um determinado grupo,
portanto um dado sempre coletivo (CERRI, 2001). Essa identidade coletiva, sobretudo
quando se trata de identidade nacional, geralmente é formada através dos interesses de
uma minoria dominante e historicamente propagada, entre outras formas, através do
ensino. Ao incluir, excluir e hierarquizar, a produção da identidade nacional gera
diferentes graus de identificação e assim algumas parcelas podem não se identificar na
mesma intensidade com a narrativa histórica nacional canônica. Com isso fica implicada
a possibilidade de produção e reprodução do preconceito existente com alguns membros
da sociedade. Os livros didáticos estão inseridos nesse processo,sendo eles importantes
para formaçãoda consciência histórica. Cerri ainda conclui que:
Referências:
FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: DIFEL, 1971.
GALZERANI, M. C.B. Belas Mentiras? A Ideologia nos Estudos sobre livro didático.
In: PINSKY, J. O Ensino da História e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 1988.
p. 105-109.
MUNAKATA, K. História que os Livros Didático contam depois que acabou a ditadura
no Brasil. In: FREITAS, M. C. de (Org.). Historiografia brasileira em perspectivas.
São Paulo: Contexto, 1998.
NASCIMENTO, A. P. do. Qual a condição social dos negros no Brasil depois do fim da
escravidão? – o pós-abolição no ensino de História. In: SALGUEIRO, M. A. A. (Org.).
A República e a Questão do Negro no Brasil. Rio de Janeiro: Museu da República,
2005. p. 11-26.
Resumo:
Neste trabalho serão abordados os resultados de uma intervenção ministrada em sala de
aula, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Tal
intervenção foi realizada em uma turma de 6º ano de ensino fundamental, do Colégio
Estadual Luiz Setti, localizado em Jacarezinho (PR), e teve como tema “Cultura e
Patrimônio
imônio Cultural”. A escolha do tema, realizada em conjunto com o professor titular
da sala, foi feita levando em consideração sua relevância para a educação dos alunos no
início da segunda fase do ensino fundamental, pois implica no processo de formação de
identidade individual e coletiva dos estudantes, bem como no aprendizado de conceitos
históricos significativos. Objetiva
Objetiva-se
se investigar os resultados da intervenção através da
análise das atividades que foram aplicadas em sala. Para isto, apresenta
apresenta-se inicialmente
uma breve discussão sobre a temática, a partir de bibliografia pertinente sobre o ensino
de história na educação básica e, em seguida, são analisadas as atividades desenvolvidas
pelos alunos.
Palavras-chave: PIBID; ensino de história; cultura e ppatrimônio;
1. Introdução
O Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) existe na UENP, no
colegiado de História, desde 2012. Desde então, desenvolvendo parcerias com escolas
da rede pública de Jacarezinho, tem como objetivo principal a formaçao inicia
inicial de
qualidade de futuros professores de História.
3. O planejamento da aula
A aula ministrada foi realizada no Colégio Estadual Luiz Setti, localizado em
Jacarezinho (PR), em decorrência da parceria do colégio e do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), vinculado a UENP. O Programa oferece bolsas
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 319
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
a alunos de cursos presenciais de licenciaturas em nível superior que se comprometam a
aperfeiçoar sua prática docente em escolas da rede pública – estadual e/ou municipal.
Dessa forma, o objetivo é incentivar o contato dos futuros professores com a sala de
aula ainda durante a graduação, fortalecendo e incentivando a carreira de docente na
educação básica.
O Colégio Luiz Setti, foi fundado em 1966 com o nome de Ginásio Luiz Setti,
de acordo com os dados coletados no colégio em 2017 e com o PPP de 2010 (Projeto
Político Pedagógico). Entretanto, em 1949 já existia a instituição com o nome de Grupo
Escolar Almirante Barroso. Hoje, o colégio possui no total 1088 matrículas, 44
servidores em funções de apoio técnico/pedagógicos, e 76 professores em regência,
sendo o diretor do Colégio o prof.º Ronaldo Terra e vice-diretora prof.ª Maria Ângela
Frigeri.
A escola oferece atualmente ensino fundamental (6º ao 9º ano), ao ensino médio,
nos períodos de manhã, tarde e noite. Além disso, na escola também é oferecido curso
de Formação Docente em Ensino Infantil e Ensino Fundamental (Formação Docente
nos períodos da tarde e noite) e curso Técnico em Informática (período da manhã e
noite).
O perfil socioeconômico dos alunos que frequentam o colégio é
predominantemente carente, sendo classes de baixa renda, provenientes da zona urbana,
suburbana, rural e itinerante. A maior parte reside com os pais, os quais possuem apenas
o Ensino Fundamental. Ressalta-se que são em grande parte, lavradores, ou possuem
outros cargos na indústria de cana-de-açúcar, ou são funcionários do frigorífico da JBS.
Como a grande parte das famílias recebe apenas dois salários-mínimos, os filhos para
complementar a renda nas despesas, acabam tendo que trabalhar.A aula foi realizada
numa sala de 6º ano do ensino fundamental com supervisão do professor Mauro Cleto,
regente da disciplina História, nesta sala. Semanalmente, cada sexto ano possui 3 aulas
de História. O processo de planejamento de aula foi iniciado com várias observações em
sala de aula como método para analisar a cultura escolar e a aprendizagem da classe.
Segundo as observações, foi possível perceber a utilização frequente do livro didático
por parte do professor, seguindo estritamente o seu conteúdo, sendo ele o norteador de
suas aulas. Ao fim de cada capítulo ou tema trabalhado, o professor propõe que os
alunos façam algumas atividades sobre o conteúdo. As atividades, na maioria das vezes,
consistiam em um questionário, na maneira pergunta-resposta, e para responder, os
alunos apenas copiavam trechos do livro.
4. Resultado
Após esta primeira etapa da aula, onde se conceituou o que é Cultura e
Patrimônio Cultural, foi proposto aos alunos que realizassem uma atividade, de forma
individual, com duas perguntas.
A primeira questão apresentava uma imagem, em que um suposto indígena
estava de joelhos, como se estivesse cultuando um totem, enquanto um grupo de
homens vestidos na frente de uma cruz com a imagem de Jesus Cristo pregado, fazendo
alusão a religião católica, riam apontando para o indígena. Pedia-se então que os alunos
explicassem o que o indígena estava fazendo e se havia uma aceitação ou respeito à
cultura do indígena por parte do outro grupo que estava dando risada. Além disso,
pedia-se que o aluno tomasse uma posição caso presenciasse uma cena parecida.
Na segunda questão, pedia-se que o aluno fizesse um desenho de algum
Patrimônio Cultural que ele conhecesse, de acordo com o que foi discutido em sala, e
descrevesse se era material ou imaterial.
A sala onde a intervenção foi aplicada possuía 32 alunos, e no dia, estavam
presentes 18 e todos responderam a atividade.
Analisando as atividades, obtivemos o seguinte resultado:
5. Conclusão
Tendo em vista os aspectos observados, alguns problemas foram encontrados. A
principal dificuldade dos alunos, como já observado, é no momento de interpretar textos
e articular frases. Helenice Rocha (2009) já aponta para este problema em sua pesquisa
citada no início deste artigo. Segundo a autora:
6. Referências
BITTENCOURT, C. M. F. Conteúdos Históricos como selecionar? In: Ensino de
História: Fundamentos e Métodos. 2004. São Paulo: Cortez, 2004
______. Memória e ensino de História In: O saber histórico e o Ensino de História.
São Paulo: Contexto, 2ª ed. 1998. p. 128-149
______. Conteúdos e métodos de ensino de História: breve abordagem histórica.
IN: Ensino de História: Fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez: 2006, p. 59-95.
FUNARI, P. Os desafios da destruição e conservação do patrimônio cultural no
Brasil. Trabalhos de Antropologia e Etnologia. Porto, 41, 2001, 23-32.
MORENO, J. C. Pensar a História. Pensar seu Ensino. Curitiba: Faculdades Bagozzi,
mimeo, 2004.
MONTEIRO, A. Formação de professores entre demandas e projetos. Revista
História Hoje, vol. 2, nº 3. 2013, p. 19 – 43
ROCHA, T. Refletindo sobre memória, identidade e patrimônio: as contribuições
do programa de Educação Patrimonial do MAEA – UFJF. Revista XVIII Encontro
Regional (ANPUH-MG) 24 a 27 de Julho de 2012, 2012, p. 1 – 12.
ROCHA, H. & MAGALHÃES, M. & GONTIJO, R. (Org.). História escolar e
memória coletiva: como se ensina? Como se aprende? IN: A escrita da história
escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009, p. 65 – 79.
______. (Org.). Aula de história: que bagagem levar? IN: A escrita da história
escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. p. 81 – 103.
SCHMIDIT, M. A.; CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Editora Scipione,
2004.
TRINDADE, A.; SANTOS, R. Multiculturalismo, mil e uma faces da Escola. Rio de
Janeiro: Editora DP&A, 2ª edição, 2000.
Abstract: The present work proposes to approach the historiography recently produced
in Brazil, as well as to expose the situation that involves the discussions about the
history of Childhood, not only for the area of History, as well as within other areas that
take on discussins related to the theme such as the áreas of law, education, teaching,
work and medicine; all these areas also corroborate to the consolidation of the
discussions on the subject in society. With this, the article follows by an analysis of the
historical, political and social conjunctures that guided the theme giving it a discursive
visibility within the XX century, coming fro from
m this way to reassemble the historical
context where these spaces are born for such discussions on the recognition of History
from Childhood.
Keywords: History of Childhood, 20th Century, Historiography.
86
Gustavo Simonetti Alves Pedroso, é Graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM), instituição onde também cursa a Especialização em História das Revoluções e dos MMovimentos
Sociais. Cursa também Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino, na Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). É aluno Especial do Mestrado em História da Universidade
Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP) Campus de Ass
Assis.
is. É Docente na Rede Pública do Estado do
Paraná (SEED) por Prazo Determinado. E E-mails: gustavosimonettialvespedroso@outlook.comou
gustavosimonettialvespedroso@outlook.com
gustavosimonetti@seed.pr.gov.br
monetti@seed.pr.gov.br .
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 328
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Neste capítulo, nós nospropusemos a narrar brevemente quais os processos
históricos de reconhecimento da presença da infância ao longo do século XX, bem
como seu processo de legitimação histórica e social na qual foi submetida, passando
deste modo a compreender quando e como ela é visualizada pela sociedade e demais
áreas de pesquisa acadêmicas e quais foram os tratamentos designados à ela.
Por meio disso, a criança é um personagem histórico, um ator, mas que vem a
ser reconhecido apenas na contemporaneidade em meados do século XVIII, após um
longo processo de transformação do tratamento, cuidado e vivência nos modos e
costumes despendidos no ocidente; este processo se caracteriza como complexo, pois
permeia asrelações sociais dos períodos medieval, moderno e contemporâneo.
Esta concepção exposta por Ariès nada mais é que a observação de um vasto e
complexo processo social e cultural que se desenvolve na Europano momento em que é
observado por ele, e que marca uma drástica alteração cultural de costumes e hábitos.
Um processo que não abrange somente a questão restrita das relações pessoais
entre pais e filhos, mas que engloba toda uma gama de relações sociais, de cada
sociedade, e cada sociedade acaba por reconhecer a infância,ao seu momento e a seu
A partir desse momento, a criança passa a ser inserida em mais discussões. Esse
processo se inicia na Europa ainda no medievo e permeia, no mínimo, três séculos de
discussões; no Brasil, este processo ganha força durante o século XX, no qual encontra
um campo de discursos em várias áreas, que, em um primeiro momento, limitava-se
apenas ao discurso médico, estendendo a outras formas de discursos, ganhando assim,
maior notoriedade.
Mas devido ao início da República, surgem novos problemas que estão ligados
intimamente à infância, um dentre estes, a educação.
Tendo como base todo este campo conjuntural de discussões teóricas acerca da
infância no século XX, estruturavam-se dentro dessas discussões quais eram os níveis
em que se encontravam a situação da infância dentro deste contexto educacional, mas
propriamente dito dentro da escola, pois se faz necessário aos professores elaborarem
instrumentos de discernimento dentro de suas práticas docentes, como diz Dermeval
Saviani em seu Escola e Democracia, no qual caberia ao docente compreender qual o
local em que ele exerce sua atuação, sua ação, para que ele possa discernir dentro de
uma prática social que posso alicerçar estratégias para a atuação docente. Fato esse
inerente a todas as disciplinas, porém abarca também a área do ensino de história.
Por meio dessas ações de cunho humanitário, é nítido observar quais os rumos
desse movimento e qual a ação política que isso resultará na historiografia, pois essas
práticas reconhecem e legitimam argumentaçõessobre o reconhecimento do sentimento
da infância.
Claro que o que fora abordado neste artigo não contempla um mínimo razoável
de todo potencial teórico e social ofertado pelo tema e suas discussões, como afirma o
próprio Norbert Elias, mas em suma, discute acerca desses processos de reconhecimento
e legitimação ocorridos no Brasil dentro dos discursos historiográficos, jurídicos e
educacionais que produzem ou que estão sob vias de discutir as influências exteriores
para a composição e consolidação não apenas do tema, mas também de leis e artigos
que vêm a concretizar e solidificar toda uma trajetória de discussões inerentes a
importância do tema para a sociedade.
Referências Digitais:
https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/EMC65_13.07.2010/EMC65.asp
Referências bibliográficas:
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. II ed.
Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
DOSSE, François. A história em migalhas: dos Annales à nova história. Trad., Dulce
A. Silva Ramos. 2° Reimpressão, São Paulo: ed. Ensaio, 1994.
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador, volume I: uma história dos costumes. Trad.,
Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: O Breve Século XX: 1914 – 1991. São Paulo:
Companhia de Letras, 1995.
PRIORE, Mary Del (org.). História da criança no Brasil. São Paulo, Contexto, 1991.
Palavras-chave:
chave: OEDs, Antiguidade, Ensino de História.
Introdução
87
Mestranda em Educação pela Universidade Estadual de Londrina. Email:
kauanacandido@yahoo.com.br
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 339
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Analisaremos três objetos educacionais digitais relacionados ao mundo antigo,
compreendido a partir do mundo mesopotâmico, egípcio, grego e romano. Estes
recursos digitais, os objetos educacionais digitais são imagens, recursos audiovisuais-
vídeos e documentários, jogos eletrônicos, infográficos, e estão disponibilizados em
DVD-ROM e presentes nos livros didáticos de História, no edital do Programa Nacional
do Livro Didático (PNLD) 2014.
Para a discussão traremos como referência Pierre Lévy (1999), que definiu estes
DVDs como hiperdocumentos, pois se compõe de hipertextos dentro de uma rede
offline. A visão, audição, tato, e interpretação são acionados a partir deste objeto digital,
por meio das ilustrações, animações, legendas, informações sobre o período histórico, e
com interatividade.
A narrativa tem como foco o caráter técnico e a importância pessoal para o faraó
desta construção. Por meio de um mapa ilustrado localiza esta construção, o Egito
antigo e suas principais cidades com seus rios. Apresentam, também, denominações
sobre as escavações feitas nas montanhas, das quais foram construídos vários templos
egípcios.
O OED traz uma exposição de imagens que migram do exterior para o interior e
depois novamente para o exterior do templo, sem um roteiro e organização definidos. A
localização hoje, não fica definida, pois se traz um mapa antigo, mas a divisão territorial
atualmente, não é evidenciada. Desponta do OED o enfoque para o presente, o estado
atual da construção, e a importância deste para o faraó, assim como, para sabermos
sobre a religiosidade egípcia.
Para isso, acreditamos que outros temas, que a critério do professor podem ser
discutidos e analisados com maior ênfase, para dar sentido tal conteúdo para o aluno,
assim como utilizar de tal vídeo para ampliar e desenvolver a interpretação dos
indivíduos como:os detalhes da construção; a questão da preservação de patrimônio
histórico; além da passagem do tempo, e da sua deterioração natural e não. Abre
Com isso, outros temas são despontados deste OED, sugeridos pelos
organizadores, como a religião egípcia e a comparação ou análise de outros templos,
também egípcios antigos. Uma gama de temas pode ser considerada com o olhar mais
aguçado do professor e dos alunos, que podem apontar seus interesses e contribuir com
o aprofundamento e investigação sobre os temas.
O segundo OED a ser analisado neste texto, “Os deuses do Olimpo”, apresenta
uma ilustração sobre os deuses gregos Apolo, Atena, Ares, Ártemis, Hermes, Afrodite,
Hera, Héstia, Deméter. Estes estãocaracterizados em suas funções, por exemplo, mostra
Ares com trajes de combate, em posição de luta; Hermes voando entregando um rolo de
pergaminho. Todos estes muito bem trajados, ilustrado com corpos musculosos e
feições que expressão suas respectivas funções na sociedade grega antiga.
Esta configuração visual se assemelha ao que Lévy (1996, p.40) afirma sobre
um hipertexto: “O hipertexto é uma matriz de textos potenciais, sendo que alguns deles
vão se realizar sobre o efeito da interação com o usuário.” Estes hipertextos e os
hiperdocumentos se enquadram como uma “unimídia multimodal”: uma estrutura de
comunicação, uma rede de integração digital e interativa, que estimula diferentes
modalidades perceptivas. Envolvendo diferentes mídias, mas dentro de uma rede que a
integra, o CD ou DVD para o hiperdocumento, ou em site, para o suporte do hipertexto.
Neste OED, “As moradias romanas antigas”, se configura por meio de um vídeo
com ilustrações de moradias mais simples, e os domus, que seriam as casas dos
aristocratas e grandes comerciantes no mundo antigo. Detalhes, como a divisão dos
cômodos, o destino de cada parte da casa, sua função e seus objetos, são apresentados
sobre estas duas formas de moradias. Além disso, a ilustração apresenta também os
comércios, e a atividade em torna da praça, com os poços para a captação de água,
mostrando um pouco do trabalho escravo no mundo antigo.
Nas sugestões para o trabalho do professor sobre o OED, apontam para uma
pesquisa comparativa sobre as diferentes moradias ao longo do tempo, relacionando o
contexto atual no qual vive o aluno, com diferentes moradias de tribos indígenas, por
exemplo. Um trabalho que requer a iniciativa do professor e que este oriente seus
alunos, com materiais e sugestões, pois não há no livro do professor e nem nas
sugestões no DVD, indicações de sites ou recortes.
Pensando, em potencializar, ainda mais este OED, temas que podem despontar
deste OED: a vida cotidiana romana antiga; se pode relacionar o presente e o passado,
ao promover o questionamento e o olhar ao redor de nossa própria realidade nas
diferenças entre nossas moradias e outras moradias de outros povos ao longo do tempo.
E, mais uma vez, os OEDs nos coloca a pensar sobre a cultura material. Funari
(2010, p. 85) nos fala da importância das fontes materiais:“[...] cultura material, que
deve ser entendida como tudo que é feito ou utilizado pelo homem.“Edifícios, pinturas,
artefatos arqueológicos, ganharam no século XIX a importância de uma fonte histórica.
Momento que o olhar sobre fontes se amplia, acolhendo não só documentos oficiais,
mas outras fontes até imateriais. Abordando, também, novos temas na historiografia,
com o advento dos Annales e da História Cultural.
Com o olhar mais ampliado sobre a sociedade e os homens, a partir dos Annales,
temos a ampliação no conceito de fontes, passando a se trabalhar com:
Assim, dois OEDs, dos analisados neste texto, direciona nosso olhar sobre a
cultura material, os edifícios, os templos e as moradias antigas. Um seria o “Templo de
AbuSimbel” e o outro “As moradias romanas antigas”. Pensando na abordagem
histórica que se relaciona com a formação histórica e o trabalho com conceitos, temos
em mente, um trabalho sobre o conceito de cultura material, levando os alunos a
pensarem sobre os elementos culturais materiais hoje. Promovendo, com isso, o olhar
investigado, permeado dos interesses dos alunos sobre a própria moradia.
Conclusão
Este material traz um dos temas mais lembrados e queridos dos alunos, a
mitologia grega, servindo de reflexão para se pensar os modelos criados a partir desse
tema e sua representação no imaginário e em filmes recentes. Também consideramos a
importância da discussão de conceitos da História, como o imaginário e a representação.
Além disso, nos propõe a pensarmos na vida cotidiana romana, relacionando o presente
e o passado, promovendo o questionamento e o olhar ao redor de nossa própria
Referências
BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD 2014 história ensino fundamental anos
finais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Edital de
convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o
Programa Nacional do Livro Didático PNLD 2014. Brasília, DF: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2011.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. RJ: Butrand
Brasil, 1990.
FUNARI, Pedro P. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla B. (org.)
Fontes Históricas. SP: Contexto, 2010. p. 81 -110.
LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica. Educar, Curitiba, 2006.
Disponível em: <revistas.ufpr.br/educar/article/view/5543>.Acesso em: 24 mar.2017.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. Carlos da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.
___. O que é virtual. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 1996.
OLIVEIRA, Sandra R. F. de. Pontes, jabuticabeiras, princípios pedagógicos e o ensino
de História. História e Ensino, Londrina, v. 15, p.183-196, ago.2009.
RÜSEN, Jörn. Didática- funções do saber histórico. In:___. História Viva. Brasília:
UNB, 2007. P. 85-133.
Introdução
Este trabalho tem como objetivo apresentar a atividade realizada pelo grupo do
PIBID de História da UEM, supervisionado pela professora Keila Patrícia Molina, que
atua no Colégio de Aplicação Pedagógica de Maringá, aos terceiros anos do Ensino
Médio. A partir da perspectiva de história através de conceitos, os conteúdos
relacionados ao fascismo foram aplicados tendo como apoio uma gama de recursos
didáticos para auxiliar o processo de construção do pensamento histórico dos alunos
como:: textos de apoio baseados na historiografia, recursos audiovisuais (filmes,
documentários e fotografia) e livro didático.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 351
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
O conteúdo do fascismo está previsto nas pautas de avaliação do CAP com os
seguintes objetivos: “Analisar o contexto do surgimento do Fascismo e do Nazismo, as
características desses movimentos/regimes políticos, e sua chegada ao poder; -
Identificar as iniciativas político governamentais desses movimentos/regime no
exercício do poder.” (Pautas de Avaliação – CAP).
O fascismo era totalitário no qual o sujeito era na sua totalidade era subordinado
ao Estado gerando um clima de apreensão onde a qualquer momento se poderia ser
delatado e enviado para o campo de concentração. Esse regime também era militarista
fomentando a indústria bélica para salvar a economia, o principal objetivo era
transformar o país em uma potência bélica para dominar outros países.
Havia no fascismo o culto ao líder. O líder era venerado e jamais contestado ele
tomava todas decisões na vida das pessoas o irracionalismo também pode ser
acrescentado ao fascismo. Já que a população não precisava pensar, pois o estado
pensava para ela de maneira autoritária, ou seja, o mais forte se utilizava da força para
impor seus ideais.
A Itália passa por um grande momento de efervescência o autor deixa bem claro
o destaque que foi criação do Partido Socialista Italiano que vence a situação em 1919,
seguidas de várias reivindicações por parte dos operários muitas indústrias pararam de
funcionar em 1920. A esquerda mais radical vai fundar o partido comunista italiano em
1921 fortemente influenciados pela Revolução Russa. Situar o aluno no contexto
histórico é fundamental para se entender esses movimentos e com certeza a Revolução
Russa serviu de grande inspiração para criação dos Partidos Comunistas pelo mundo.
O autor define de onde vem palavra fascismo logo após cita o fundador do
movimento Benito Mussolini que a favor da Itália ir para guerra, seu movimento era
contra os comunistas, em 1919 concorre à presidência e tem um péssimo resultado,
então impões o terror através de milícias para espancar seus adversários. Sempre o uso
da violência é recorrente de grupos fascistas, essa milícia cresce recrutando ex-oficiais
do exército, estudantes e outros. Finalmente cria o partido fascista com mais 20 mil
filiados. O culto ao líder é essencial para criar uma identificação com a população.
Outro fato que destacamos foi a famosa “Marcha sobre Roma” o rei com medo
represálias torna Mussolini 1° ministro os fascistas chegavam ao poder.
Fascismo, derivado da palavra italiana fascio, que remete para uma aliança ou
federação, a palavra fascista é usada para mencionar uma doutrina política autoritária,
que defende a exclusiva autossuficiência do Estado e de suas razões. Diferencia-se das
ditaduras militares porque o seu poder está fundamentado em organizações de massas,
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 357
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
sendo seus membros na sua grande maioria provenientes da classe operária e da
pequena burguesia rural e urbana, ou seja, daqueles que se sentem ameaçados pela
interveniência do grande capital e do sindicalismo comunista.
Em todo nosso trabalho, procuramos sempre lembrar aos alunos que filmes e
documentário são produções com intencionalidades expressas tanto em suas narrativas
quando na composição técnica, e jamais podem ser tratadas como verdades históricas e
sim como interpretações, representações e mesmo releituras dos processos históricos
trabalhados.
Resultados
O questionário que aplicamos aos alunos, foi o nosso principal veículo para
observar os erros de compreensões temporais e contextuais. Os alunos confundiam a
Itália (berço do pensamento Fascista), com lugares como a Rússia, Alemanha e África,
houve também a confusão de Benito Mussolini com Stalin e Hitler. Mais um problema
encontrado foi a dificuldade de interpretação de conceitos, e falta de entendimento do
que são partidos políticos de esquerda e de direita e alguns alunos com certos
preconceitos.
Conclusão
Em suma, procuramos fazer um trabalho que fosse mais atrativo para os alunos,
algo que chamasse mais a atenção destes e que quebrasse a ideia de que as aulas de
história, são sempre de assuntos do passado. Trouxemos o conteúdo trabalhado para
perto deles, com a dinâmica de faze-los identificar as características fascistas nos dias
atuais.
Foi uma experiência construtiva tanto para nós que estávamos como estagiários
quanto para os alunos que tiveram aulas que fugiam de sua rotina escolar. Esperamos
que o PIBID ainda nos proporcione muitos aprendizados como este e que continue nos
preparando para o nosso futuro como professores.
Referências
ABUD, Kátia Maria. Ensino de História. Kátia Maria Abud, André Chaves de Melo
Silva, Ronaldo Cardoso Alves. - São Paulo. Cengage Learnig, 2013. – (Coleção ideias
em ação/ coordenadora Anna Maria Pessoa de Carvalho)
ARENDT, Hannah, Origens do totalitarismo. Tradução roberto raposo. — são Paulo:
Companhia das letras, 2012.
BELLONI, Maria Luiza. Uso e Produção de vídeos nas aulas de História: Limitações
e Possibilidades. Iara Inês Hickmann Friedrich1 Carla Cristina Nacke Conradi/
BELLONI, Maria Luiza. O Que é Mídia-Educação. Campinas-SP: Autores associados,
2001.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e
métodos/ Circe Maria Fernandes Bittencourt – 4. ed. – São Paulo: Cortez, 2011 –
(Coleção docência em formação. Série ensino fundamental/ coordenação Antônio
Joaquim Severino, Selma Garrido Pimenta)
BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda - Razões e Significados de uma distinção
política. São Paulo.: Unesp 2001.
Resumo: Adolf Hitler, um dos personagens históricos mais conhecidos do século XX,
assim que assumiu o poder da Alemanha no ano de 1933, visava transformar este país
europeu em uma grande nação que possuiria pelo menos mil anos de glória. Para que
isso fosse possível
el ele acreditava veemente que a ideologia nacional
nacional-socialista
germânica da qual era um dos principais idealizadores seria um elemento
elemento-chave no
grande esquema do estabelecimento de uma “nova ordem mundial”, onde a “raça
alemã” “descendente” da “raça ariana
ariana”” seria tida como a “verdadeira raça” – “a raça
superiora”. Para que estes ocupassem este lugar era necessário o estabelecimento de
controle total e coordenação de todos os aspectos da sociedade alemã, que passaria pela:
economia, cultura, educação, religi
religião,
ão, etc, este processo ficou conhecido na
terminologia nazista pelo nome de: Gleichschaltung,, podendo ser traduzido como:
Nazificação do Estado & Sociedade. O propósito deste trabalho e analisar o processo de
nazificação cultura, educação e história alemã e seus impactos na sociedade alemã nos
anos que demarcam a ascensão do III Reich e antecedem o início da Segunda Guerra
Mundial na Europa.
Palavras-chave: Cultura; Educação; Ensino; História; Política.
88
Possui Graduação & Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual de Maringá: Campus
Sede: (DHI – UEM). Membro & Pesquis
Pesquisador
ador do Centro de Estudos das Artes e do Patrimônio Cultural:
(CEAPAC – UEM). Mestrando do Programa de Pós Pós-Graduação
Graduação em História da Universidade Estadual de
Maringá: Campus Sede: (PPH – UEM) – Atuando na linha de pesquisa: História, Cultura & Narrativas,
sob
ob a orientação da Dra. Sandra de Cássia Araújo Pelegrini: (DHI – PPH – MBP – CEAPAC – UEM).
Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior: (CAPES/DS). Endereço de
contato: lucian.pereira.dos.santos@gmail.com
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 363
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães como força política dominante na
Alemanha da década de 1930. Tal acontecimento permitiu ao Partido Nazista a
consolidação de seu poder nos mais diversos segmentos da sociedade alemã dando
assim o inicio do processo de nazificação da Alemanha e do enquadramento de sua
sociedade aos moldes da ideologia do partido e de seu líder.
Os dirigentes nazistas acreditavam veemente na necessidade da instituição de
um sistema de controle total sob os mais diversos aspectos da sociedade germânica, tal
controle deveria embarcar desde aspectos econômicos e comerciais passando também
pelos meios midiáticos, culturais e educacionais. Tal processo ficou conhecido na
terminologia nazista como: Gleichschaltung, que pode ser traduzido como: “nazificação
do estado e da sociedade”.
Este processo foi realizado entre os anos de: 1933 – 1937, nesse momento o
governo nazista procurou colocar todo o sistema de instituições e organizações
governamentais sob seu pleno controle ao mesmo tempo em que eliminava aquelas que
se demonstravam contrarias ao partido e que pudessem influenciar as pessoas como:
partidos políticos e sindicatos – aqueles que resistissem eram presos e até mesmo
executados e as instituições que não pudessem ser eliminadas devido aos impactos que
causariam a sociedade em decorrer de sua não existência como: Igrejas e o sistema
educacional que foram colocados sob controle total do NSDAP.
Toda obra seja ela de origem alemã ou não que infligisse às orientações e regras
impostas pelo governo nazista deveriam ser queimadas, entre os autores estrangeiros
que tiveram suas obras queimas estão: Sigmund Freud, Jack London, Upton Sinclair,
Helen Keller, Margaret Sanger, Margaret Sanger, H. G. Welles, Havelock Ellis, Arthur
Schmitzer, Gide, Zola, Prost, dentre muitos outros. A queima desses livros representava
à perseguição dos autores cujas opiniões verbais ou escritas eram opostas a ideologia
nazista. Muitos escritores foram banidos e proibidos de escrever e publicar seus
trabalhos, logo nenhum de seus trabalhos poderia ser encontrado nas bibliotecas,
escolas, universidades e currículos educacionais alemães.
Considerações finais:
Referencias:
D’ALESSIO, Márcia Mansor. CAPELATO, Maria Helena. Nazismo: Política, Cultura &
Holocausto. Coleção: Discutindo a História. São Paulo: Editora Atual, 2004.
Resumo:
O presente texto tem por objetivo analisar alguns discursos presentes na imprensa que
antecede o golpe de 1964 e a votação para o impeachment da então presidente Dilma
Rousseff em 2016. Em ambos os casos, nota
nota-se
se um componente importante, que é parte
da história política do pais, o anticomunismo, construído a partir de uma serie de
inseguranças e medos presentes no imaginário da so
sociedade.
ciedade. A análise se dará com base
no jornal O Estado de São Paulo, esse com caráter liberal e forte influência reconhecida
em ambos os períodos.
Introdução
89
Graduanda em História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. Integrante do GP História,
Cultura e Marxismo, bolsista da Fundação Araucária. Endereço eletrônico: acscmk@gmail.com
90
Professor de História na UENP. Coordenador do GP História, Cultura e Marxismo. Doutor em História
pela PUC-SP
SP e autor do livro O Socialismo de Oswald de Andrade: cultura, politica e tensões na
modernidade de São Paulo na década de 1930. Endereço eletrônic
eletrônico:
o: carreri@uenp.edu.br
Sá Motta usa a expressão “caça as bruxas”. Uma caça aos comunistas, e aos que
eram chamados de comunistas. Nesse sentido, diversos homens públicos tiveram suas
carreiras políticas arruinadas pela simples associação de seu nome ao partido. E não
apenas homens públicos passaram por essa perseguição. Em 1958 o DOPS carioca
reuniu seus documentos para análise, e foi constado cerca de 800.000 nomes de
comunistas diferentes. Essa análise teve por objetivo separar os comunistas verdadeiros
dos que foram acusados de pertencer à ideologia por pura e simples vingança pessoal ou
chantagem (Sá MOTTA,2002, p.75). O titulo “comunista” era uma arma contra os
adversários. Isso para entendermos o poder que uma palavra possa carregar quando ela
esta associada ao medo construído no imaginário, pois um simples apontar de dedo de
uma pessoa qualquer poderia condenar a outra a sofrer a perseguição e o ardor do fogo
de pertencer a essa doutrina, que ironicamente é acusada de diabólica.
Já na década de 1960, apesar de ser uma continuação do pensamento de 1930 já
é diferente. Segundo Castoriadis, todo símbolo se edifica sobre as ruinas dos edifícios
simbólicos precedentes utilizando seus materiais (1982, p.147). Ou seja, a escolha de
um símbolo não é meramente aleatória, a relação simbólica não é “simples e natural”,
ela coloca imensos problemas à história, e cada símbolo, seja a cor vermelha, o
estereótipo de “barbudo”, como Motta chama os seguidores de Fidel em sua tese, a
imagem de Stalin causa uma serie de representações e pensamentos no imaginário.
Pensamentos esses que podem ser usados num outro contexto. Porém, novamente
usando de Motta, apesar dessa continuação, isso não quer dizer que as imagens
Os jornais, por muito tempo não tiveram a devida atenção que mereciam como
fonte histórica. Ora os historiadores olhavam para ele com desprezo, como um poço de
informações duvidosas, em que apenas manipulavam fatos e escreviam o que o público
alvo queria ouvir. Por outro lado, também existiu um tempo em que esse não era
problematizado, era visto como uma narração fidedigna dos fatos. Ambas estão
equivocadas.
Capelato nos lembra em sua obra Imprensa e História do Brasilo que Wilhelm
Bauer pensa a respeito do jornal como fonte. Esse, afirma que os jornais são uma mina
de conhecimento, produtor de sua própria história, um meio de expressão de ideias e de
culturas, onde podemos encontrar dados sobre a sociedade, seus usos e costumes.
Enfim, quem faz a história não é as fontes, e sim o historiador, e não estamos aqui para
exaltar os verdadeiros e condenar os mentirosos. As perguntas que fazemos para uma
fonte jornalística nos permite espiar por de trás da cortina, saber as intenções do autor,
se aquela informação era ou não direcionada a algum grupo específico, se existia
entrelaces políticos ou não naquela simples manchete. E torna-se ainda mais rica
Imensa responsabilidade para uma instituição tão complexa como essa, que tem sempre
que viver entre o seu encargo de “informador neutro”, e a lei do capitalismo: vender
mais e mais, para obter mais e mais lucro. É visto que os grandes jornais apelam para
uma serie de artimanhas para poder obter destaque nesse meio, entre elas o
sensacionalismo. Não que necessariamente esses inventem informações, porém, muitas
vezes usam uma linguagem ácida e tendenciosa, mal estudada e sem bases concretas
para as afirmativas, e isso é interpretado como reflexo da realidade, gerando uma serie
de outros pensamentos e ideias, e o que ocupa papel essencial nisso é o imaginário.
Ou seja, não é necessário que uma história tenha sido totalmente inventada para
ela compor o imaginário, ela pode ser apenas um desvio de sentido, um exagero ou uma
mudança na representação real do objeto observado, o que nos é mais interessante no
momento. Outra questão a respeito do imaginário, e uma característica da sociedade
segundo esse autor, é a necessidade de criar instituições para resolver os problemas que
não são possíveis de ser resolvido no meio concreto, físico. Entretanto, diversas vezes
essa sociedade também cria seus próprios problemas, e isso é algo muito particular.
E esse inimigo, ele deve ser combatido em maioria. Em conjunto. Toda a família
deve se unir em torno de um sentimento comum em prol da proteção da pátria, como
visto no trecho: “Comunismo combate-se na rua. Prove que somos maioria. Vá, leve a
família e seus amigos. Proteste antes que seja tarde91”. Embora publicado no jornal O
Globo, esse é um trecho muito representativo, já que saiu no auge da campanha
anticomunista, e mostra uma convocação direta, e até uma evoca uma
responsabilização, uma exortação ao conflito. Devemos nos atentar também a data que
foi publicada, 17 de março de 1964, duas semanas do golpe de militar, e segundo Sá
Motta (2001, p.83), a tática anticomunista, ainda mais tão direta como essa era muito
útil e favorecia a efetivação de intervenções autoritárias na vida política e nacional. Era
interessante criar um ambiente de tensão, onde o conflito aparenta ser muito mais grave
do que realmente é, mostrando os comunistas como tão fortes e numerosos, de modo
que a sociedade aceitasse o que iria vir.
O imaginário age quando existem problemas. Sendo eles criado pela mente, ou
biológicos como a fome, a miséria. O imaginário entra nesses locais e passa a trabalhar
de dentro pra fora nos sentimentos e na visão que algumas pessoas tem da realidade.
Consideremos a família de seu Zé, que vive contando os pães para dar aos filhos. Uma
família sem o mínimo de informação ou condição de adquiri-la, sem saber o que é mais-
valia, o que é proletariado e burguesia. Um belo dia chega a noticia de que o país esta
quase sendo invadido por um novo tipo de governo, que
91
Jornal O Globo, março de 1964, p.7
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 380
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
organizada. A única coisa que o comunismo logrou organizar
até hoje em Cuba.”92
Como podemos ver nessa edição, o comunismo é responsável por tudo de ruim
que acontece no mundo, o que é acompanhado de uma manchete muito sugestiva: “De
um dia para o outro”. Ou seja, na mentalidade, no imaginário de seu Zé, ele pode dormir
e acordar num país onde ele estará correndo o risco de definhar junto com seus filhos, e
precisar fugir para outro lugar em busca do mínimo de condição de sobrevivência, já
que a única coisa que esse novo governo, o comunista, consegue organizar é a fome.
92
Jornal O Estado de São Paulo, 19 de maio de 1962, p. 2
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 381
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Contudo, todo medo extremo como o identificado nesses períodos tem seus
motivos. Uma vez que nesse período passa a aparecer “sintomas” da revolução não
apenas no âmbito externo do país, como no interno também. Vamos pensar num
contexto de guerra fria, onde todo o mundo esta sendo supervisionado e sobtensão. A
América latina como um todo não representava grandes riscos, por isso a atenção
estadunidense e do mundo estava voltada sobre a Europa, Ásia e África. Entretanto,
Cuba muda essa posição quando o governo de Fidel Castro passou a se encaminhar para
posições anti-imperialistas e nacionalistas, rompendo com a simpatia Norte Americana
pela região. Com tudo isso, uma nova luz do perigo vermelho passou a brilhar no
horizonte conservador, e segundo Sá Motta, as medidas para conter o avanço soviético
começam a ser tomado, como vigilância, fortalecimento da segurança dos Estados,
ajuda econômica, e finalmente, uma intensiva propaganda anticomunista é visível na
edição do dia 26 de janeiro de 1962 de O Estadão: “Dean Rusk mobiliza as Américas
contra a subversão castrista e as forças que atrasam o progresso”. Essa manchete saiu
como destaque principal da edição, visto que esta já na primeira pagina do jornal,
chamando a atenção direta para os acontecimentos. Contudo, a abundância de conteúdo
onde vamos focar mais esta no corpo dessa matéria, onde Castro é colocado como
responsável pelo atraso americano, e por abrir uma porta para o comunismo na América
que deveria ser imediatamente fechada.
Sendo assim, não é surpresa que um novo levante tenha acontecido nesse
período denossa história. Algo bastante comum é a diminuição intelectual da esquerda,
tanto na década de 1960 como na atualidade. Podemos observar isso na entrevista do
escritor Gilberto Freyre, onde esse é questionado
Obviamente que termos como “golpe”, “anti-revolução” não aparecem igual nas
décadas de 1930 e 1960, onde claramente era escrito que o comunismo é associado ao
demônio, e que ele ia aprisionar o país num governo onde todos iam morrer de fome, e
que essas pessoas precisariam fugir para outros lugares como visto nas fontes apontadas
aqui. O anticomunismo/ antiesquerdismo de 2016 aparece de forma “mascarada” até o
momento, por isso que é preciso buscar nas entrelinhas os sinais da fonte pesquisada, e
analisar esses sinais, sendo eles claros ou não dos acontecimentos. O fato é que a mídia
constitui uma importante ferramenta no controle da política, e sabendo disso, essa esta
associada profundamente com os acontecimentos mais vigentes, sempre fazendo seu
papel de “informar”, ou melhor, de desinformar a população.
Bibliografia
DUTRA,E.F.O ardil totalitário, imaginário politico no brasil dos anos de 1930. Belo
Horizonte, ed UFMG. 2012
MOTTA, R.P.S. A “indústria” do anticomunismo. Anos 90, n.15, Porto Alegre, 2001.
Resumo: Esse trabalho tratará da análise da avaliação escrita feita durante aula
ministrada pelos bolsistas do subprojeto His
História,
tória, no Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP),
no Colégio Estadual Luiz Setti, situado na cidade de Jacarezinho – PR, no mês de abril
de 2017. Duas salas de oitavos anos foram alvos da intervenção, onde havia um total de
71 alunos que puderam assistir e participar da aula que durou cerca de 50 minutos em
cada uma das turmas. A temática escolhida pela professora de História do colégio foi
“A Corrida do Ouro e a Revolta de Vila Ri Rica”.
ca”. Foi realizada uma exposição teórica e
uma discussão com os discentes sobre o assunto. A avaliação consistia numa análise de
um documento histórico (carta) relativo à revolta ocorrida em Vila Rica de Ouro Preto
no ano de 1720. O texto aqui apresentado está estruturado em duas partes. A primeira
apresenta uma discussão de ensino de história e sobre o uso de fontes escritas na sala de
aula. A segunda parte, por fim, trata da análise da atividade avaliativa com o
documento.
INTRODUÇÃO
Neste artigo será analisada uma aula ministrada no Colégio Estadual Luiz Setti,
localizado na cidade de Jacarezinho – PR. Trata-se
se dos resultados de uma intervenção
realizada pela equipe do PI
PIBID/História
BID/História (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) durante o mês de
abril de 2017, junto a duas turmas de 8o ano do Ensino Fundamental.
93
Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES). Orientador: Prof. Dr.
Flávio M. M. Ruckstadter, coordenador do subpr
subprojeto História — PIBID/UENP. Contato:
flavioruckstadter@uenp.edu.br
94
Graduando em História, Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Contato:
thiago.gomesoliveira21@gmail.com
95
Graduanda em História, Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Contato:
maah_nossetti@hotmail.com
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 386
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
A atividade se desenvolveu a partir do uso do documento escrito como recurso
didático e desse modo, inicialmente no texto será apresentada uma discussão sobre o
ensino de história e o uso de documentos escritos na sala de aula. Num momento
posterior, apresentaremos dados do desempenho dos alunos, relativosà atividade
aplicada e também uma breve discussão sobre o processo de construção do plano de
aula e sobre a situação do colégio em questão. Ao final, realizamos uma autoavaliação,
pensando nos limites e possibilidades a partir do estudo desenvolvido. Assim,
acentuamos que o nosso principal objetivo é demonstrar o processo de uma primeira
experiência de aula, desde do planejamento, execução e resultados, esse último tópico
analisado com base em questões sobre ensino e metodologia de história, apresentadas
logo a seguir.
O ENSINO DE HISTÓRIA
O aporte teórico sobre o ensino de história vem evoluindo ao longo das décadas.
Ensinar, muito mais que uma transmissão de informações, deve ser um processo
construtivo e reconstrutivo do indivíduo em sala de aula (CAIMI, 2009, p. 68).
Admitindo isso, foquemos na construção. Essa, quanto ao conhecimento
histórico, é muito influenciada pelas interações sociais. O indivíduo, através da sua
família, de sua comunidade onde vive e do contato com os diferentes meios de
comunicação — sendo esses três grandes difusores de informações, cada um a sua
maneira — os tem como fonte de conhecimento. Assim, é notável que o professor,
partindo dessas informações/ideias/conhecimentos menos desenvolvidos, muitas vezes
emergidos em preconceitos e censo comum, consiga reelaborá-los, ou seja, torná-lo
mais complexo, mais organizado, desenvolvido (CAIMI, 2009, p. 70-73).
Refletir sobre o ensino de história, além de pensar soluções e vias alternativas, é
situar as dificuldades, os obstáculos no caminho dos professores e dos discentes dentro
de uma cultura escolar já consolidada. Essa raiz pode ser notada quanto aos alunos, que
tem uma assimilação da ciência histórica como uma disciplina que se aprende por meio
da memorização. Os professores, nesse sentido, apresentam aos estudantes a ideia que
esse conhecimento dentro das ciências humanas é algo pronto, consolidado. Os
governos, por fim, através de seus meios disponíveis, instrumentalizam a produção
histórica, ou seja, tornam ela uma ferramenta para suas ações que tentam moldar a
consciência histórica, a percepção do mundo das populações (CAIMI, 2009, p. 77).
Isso também pode ser evidenciado indo além da prática docente dos recém-
graduados. Durante a formação dos professores de história no Brasil, há uma falta de
atenção quanto ao preparo para o mundo da pesquisa, da análise documental. Noções de
arquivísticas, crítica de fonte entre outros aspectos que fazem parte da análise de fontes
O Colégio Estadual Luiz Setti foi criado no ano de 1949 e atualmente “atende
nos três períodos ofertando o Ensino Fundamental, Médio, Técnico em Informática
Integrado e Técnico em Informática Subsequente de nível Médio Profissionalizante.”.
Os oitavos anos que puderam assistir à aula somam juntos 70 alunos. Segundo a
professora Supervisora, os estudantes são de origem socioeconômica majoritariamente
assalariada, classe média para baixa. 96
96
Informações disponíveis no site http://www.jzoluizsetti.seed.pr.gov.br.
Antes de situar a análise, é importante expor a atividade aplicada. Cada uma das
questões dela foi devidamente planejada. A primeira verificava se o (a) aluno (a) tinha
realmente lido atentamente os dados antes do documento escrito propriamente dito. Na
segunda questão, esperava-se que eles (as) lessem por completo o texto e notassem que
a palavra remédio tinha uma conotação de violência nos sentidos de castigo e punição.
A terceira necessitava além da interpretação de texto, uma articulação com conteúdo de
aulas anteriores. A resposta esperada nessa terceira e última questão seria a associação
entre a figura do negro com o estado de ser escravo e a do mascarado com o estado de
ser rico. A articulação seria no sentido de entender o que era ser rico nessa época, e para
isso, os discentes deveriam retomar conhecimentos anteriores das aulas de História do
Brasil.
Atividade:
97
Senhor, Agora acabo de dar graças a Deus de ter ontem pelas cinco horas da
tarde acabado de segurar um horroroso motim sucedido na Vila Rica de Ouro Preto
com tanta tenacidade que começando o dia 28 do passado se não pode extinguir até
aquele tempo, e principiando aparentemente em causa particular se reduziu a causa
pública.
Pelas onze da noite do dia 28 saíram do morro a que chamam de Ouro Podre sete,
ou oito homens mascarados com alguns negros armados, e foram arrombando todas as
portas dos moradores, obrigando-os por força a que saíssem, e se juntassem em
tumulto: ao mesmo tempo outros mascarados saíram por diferentes bairros daquela
Vila a fazer a mesma diligência, e como por todas as partes iam violentamente
constrangendo aos moradores (...) no dia seguinte ao de 28 esteve tudo quieto, com que
fiquei entendendo que aquele fogo se apagara, e que não necessitava de mais remédio
que do castigo conveniente pelo atentado sucedido, passado algum tempo; mas nesta
mesma noite se tornaram a juntar, não em Tão grande número, como na antecedente,
para me obrigarem a uma resposta formal: nestes termos, o meu parecer era ir eu
pessoalmente atacá-los com a Companhia dos Dragões (...)
Dado o perdão ficou o motim com maior força, e ia crescendo à medida que se lhe
aplicava os remédios (...)
97
O documento escrito foi retirado do site Impressões Rebeldes, setor da Universidade Federal
Fluminense (UFF). O projeto “tem fins exclusivamente educacionais e está aberto à consulta pública e
gratuita buscando promover entre pesquisadores, professores e estudantes a divulgação do conhecimento
histórico.”. Disponível em: http://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes.
2) O que você acha que o autor da carta quis dizer quando utiliza a palavra
remédio?
3) Pelo sentido da escrita, percebe-se que alguns desses negros podem ter
pertencido aos mascarados. O que isso pode nos dizer sobre esses mascarados?
ATIVIDADE ALUNOS
3 QUESTÕES RESPONDIDAS 20
2 QUESTÕES RESPONDIDAS 5
1 QUESTÃO RESPONDIDA 1
ATIVIDADE ENTREGUE EM BRANCO 1
TOTAL 27
Outro fator importante que conduziu a esses resultados foi a questão passado-
presente. Não houve durante a atividade nenhuma mobilização paraque o aluno pudesse
fazer essa comparação, entender mudanças e permanências. Tal prática seria de suma
importância, pois além de trazer a história mais próxima dos alunos, é uma forma
também de refletir sobre a realidade. Ou seja, a atividade deveria ter um sentido — que
tipos de relações estabelecer entre o passado e o presente, como ampliar a partir disso os
horizontes dos estudantes — e promover experiência — o aluno lê seu mundo, sua
realidade a partir do conhecimento, refletindo e problematizando — (MORENO, 2005,
p. 15). Isso foi somente utilizado durante a exposição teórica e o debate com os alunos,
Esse resultado também pode ser atribuído a cultura escolar que esses alunos
estão mergulhados. A maioria das aulas não são atrativas, não promovem uma real
construção do conhecimento, somente aquele ensino mecânico, repetitivo e passageiro.
Ao se depararem com algo diferente, no caso, uma aula expositiva-dialogada e uma
atividade onde as respostas devem ser pensadas, articuladas com outros conhecimentos
e principalmente utilizando como ferramenta a interpretação, esses mesmos alunos que
estavam acostumados com a atividade-consulta — onde a principal maneira de resolver
um exercício era basicamente procurar a resposta pronta no livro didático e copiá-la se
nem si quer mudar uma vírgula — obtiveram esse resultado.
Pensar numa prática docente efetiva é olhar não só para as falhas dos alunos,
mas também os tropeços por parte de docentes, sejam eles formados ou ainda em
processo de formação, como é o nosso caso. Os professores devem avaliar através das
aulas, das intervenções didáticas, seu próprio desempenho:
CONCLUSÕES
A preparação para a docência não é uma tarefa fácil. Este texto demonstrou em
pequena escala algumas das problemáticas que aqueles que se iniciam na
docênciaenfrentam provavelmente em maior escala. Uma primeira experiência numa
sala de aula é um ponto crucial de um trabalho docente. Através desse encontro inicial
se pode conhecer melhor o contexto e as razões que levam a resultados negativos ou
positivos da aprendizagem dos estudantes.
Tentativa, acerto e erro são constantes. Não importa qual nível do ensino —
fundamental ou médio — é importante entender e aprender com a particularidade de
cada turma, com seus ritmos, interpretações, conceitos, preconceitos, habilidades e
dificuldades. A pedagogia deve ser focada na aprendizagem dos alunos, não do
conteúdo. O professor-historiador deve ser duplamente um detetive: aquele que
investiga o modo que os estudantes aprendem a ciência histórica e aquele que saiba
investigar no sentido próprio da ciência.
Diante dessa realidade em que o professor é mal remunerado e com uma carga
de trabalho exaustiva, seria de grande importância uma inversão desses valores. Isso
pode possibilitar que o docente entre em contato com novas perspectivas e
conhecimentos acerca do ensino e da historiografia, reelaborando suas práticas e
permitindo um melhor desenvolvimento do conhecimento histórico em sala de aula
junto aos estudantes.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 397
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
BIBLIOGRAFIA
CAIMI, Flávia Eloisa. História escolar e memória coletiva: como se ensina? Como se
aprende? In: ROCHA, Helenice; MAGALHÃES, Marcelo de Souza; GONTIJO,
Rebeca (Org.). A escrita da história escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2009, p. 81-103.
MORENO, J. C. Pensar a história. Pensar seu ensino. In: Revista Virtual de História
(2005).
Resumo:
Este artigo tem como objetivo apresentar um relato e algumas reflexões sobre a
intervenção pedagógica, realizada com os alunos do 9º ano, dentro do PIBID História
UENP, no primeiro semestre do ano de 2017. A temática trabalhada foi A Era Vargas e
os Direitos Trabalhistas. Através do trtrabalho
abalho com instrumentos diagnósticos iniciais,
ressignificação dos conteúdos escolares e inovações metodológicas buscamos ampliar e
qualificar a consciência histórica dos estudantes e seu entendimento como sujeito
histórico a partir dos temas trabalhados e da epistemologia da História.
98
PIBID História UENP,, Capes. Orientador Profº Dr. Jean Carlos Moreno, jeanmoreno09@gmail.com.
99
Graduanda no 2ºano do curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná e bolsista de
iniciação a docência - PIBID, paulinha_sptoliveira@hotmail.com
100
Graduanda no 2º ano
no do curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná e bolsista de
iniciação a docência - PIBID, Fernanda.halberd@gmail.com
101
Graduanda no 2º ano do curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná e bolsista de
iniciação a docência - PIBID, anaclpluciano@gmail.com
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 399
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
educação superior em licenciaturas e a escola e seus sistemas, intencionando unir as
secretarias estaduais e municipais de educação e as universidades públicas, a favor da
melhoria do ensino público, o projeto vem promovendo a inserção inicial dos
acadêmicos de Licenciaturano contexto escolar.
3. A Escola Atendida
4. A turma e os alunos
A sala apresenta várias “panelinhas”, entretanto podemos dizer que ela é muito
diferente dos estereótipos apresentados:
A turma da bagunça ocupa a frente da sala, tendo por suma maioria meninos,
onde conversam bastante, gritam, mas o curioso que são justamente esses que mais
participam da aula respondendo às questões da professora, sempre perguntando quando
aparece alguma dúvida. Na lateral da sala também se encontra outro grupo, um pouco
mais fechado, não se comunica tanto com a professora, algumas conversas entre os
mesmos, mas sem muito barulho, um pouco mais organizados que o grupo anterior. Por
fim, temos o grupo do fundo, onde se encontram apenas meninas, é um grupo que
também grita bastante, conversa em voz alta, não participa da aula e sempre usando
celular.
A partir das oportunidades de contato com a sala de aula, como as observações,
aplicação de atividade diagnóstica e a regência o grupo conseguiu perceber
características da sala e com isso perceber formas de como trabalhar com os alunos.
5. O currículo da tradição
O tema trabalhado com os alunos foi “Era Vargas” sendo delimitado pela
professora Silvana Mara Francischini, de acordo com o conteúdo estabelecido para ser
7. A Experiência
8. A avaliação final;
9. Conclusão.
Referencias:
Graduanda em História, Universidade Estadual do Paraná, andreiacordeiro4189@hotmail.com
Doutor em História e Sociedade, Universidade Estadual do Paraná, jeanmoreno@uenp.edu.br
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 407
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
o desenvolvimento histórico europeu no fim do século XV. Para contar sua história a
partir de ações realizadas pelo próprio homem, ocorre a reconstituição do passado,
deixando de lado uma concepção teológica do mundo, surge então o Renascimento.
Tomando como passado, a história principalmente de Roma e Grécia, a erudição se
inicia, pois, bem mais tarde o Iluminismo aparece com a finalidade de superar através
de seus estudos e pesquisas, um período que ficará para trás conhecido como a “Idade
das Trevas”.
A história passou a ser, então, dividida em fases, como uma evolução, e desta
maneira ela foi transmitida como disciplina nas escolas. Separada em Idade Antiga,
Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, a disciplina escolar de história
compôs seu conteúdo, muito fundamentado nos moldes da historicidade europeia, como
citado anteriormente. Esse modelo foi utilizado desde o século XIX até mais da metade
do século XX, onde as demandas da sociedade atual passaram a ser interpretadas a
partir de um viés histórico. Segundo Vavy Pacheco Borges, “o conhecimento histórico
serve para nos fazer entender, junto com outras formas de conhecimento, as condições
de nossa realidade, tendo em vista o delineamento de nossa atuação na história” (1993,
pg. 48). A sociedade, passa a buscar maneiras de compreender as mudanças ocorridas
em sua formação, considerando a ação de todos aqueles que a compreende nesse
processo, a partir daí então começa-se a pensar o ensino de história através de uma
perspectiva crítico social, mas isso se dá em meados dos anos 1980, onde já havia se
materializado na mentalidade educacional, um ensino mecânico, no qual apenas a
memorização era estimulada.
No Brasil o que ocorre não é diferente, como um dos países herdeiros dessa
tradição europeia ocidental sua história passa ser estudada a partir do século XVI,
Outra dificuldade enfrentada pela educação escolar, que abrange não somente a
disciplina de História, mas todo o conjunto educacional, é o afastamento da escola dos
interesses sociais mais populares, considerando que a escola possui um histórico que
sempre valorizou os interesses das classes dominantes, afastando-se de uma realidade
social mais ampla. Se as escolas se encontram em tal contexto as licenciaturas não se
isentam dessa conjuntura. Para a formação de um professor de História essa
aproximação com a sociedade é fundamental, pois segundo Fonseca se trata de uma
disciplina que é:
A realização da pesquisa
O questionário inicia então uma série de perguntas voltadas para a formação dos
professores, como também a trajetória de cada um no magistério. O interesse principal
dessas questões presentes na entrevista foi buscar contextualizar a formação e atuação
dos professores, para que no decorrer da pesquisa pudéssemos relacionar os dados
obtidos com as finalidades do ensino de história no ambiente escolar. Sobre a formação
dos professores entrevistados, um concluiu sua graduação na Universidade Federal do
Paraná (UFPR) em Curitiba, Paraná, outro na Universidade Estadual Paulista (UNESP)
em Assis, São Paulo; enquanto os demais, todos finalizaram sua formação na antiga
Faculdade de Filosofia (FAFIJA), atual Universidade Estadual do Norte do Paraná
(UENP), na cidade de Jacarezinho no estado do Paraná. Um fato relevante que chamou
a atenção no decorrer das análises das entrevistas foi a de que os professores formados
até 2004, iniciaram suas carreiras no magistério no máximo dois anos após a conclusão
de sua formação, já os que se formaram após esse período levaram em média cinco anos
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 415
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
para ingressarem na carreira. Dois dos professores trabalham através de Proceso
Seletivo Simplificado, os demais são todos concursados. O que pode ter colaborado
com esse fato, é que entre os professores que terminaram sua graduação a mais tempo o
magistério foi realmente, segundo os entrevistados, uma escolha, já os que se formaram
mais recentemente a escolha da formação aconteceu principalmente pela possibilidade
de acesso.
Um fato que impacta diretamante nos costumes culturais dos professores, são
suas jornadas de trabalho. Dos entrevistados, apenas uma professora que está
aguardando o início de sua aposentadoria, disse trabalhar menos de 30 horas semanais.
Os demais além de trabalharem em duas escolas ou mais, chegam a jornadas de até 45
horas de trabalho. Ao serem questionados sobre seus hábitos de leitura, aqueles que
responderam não ler nenhum livro, justificaram que a jornada de trabalho não
permitiria. Os outros que realizam leituras de forma mais constante, preferem romances,
e apenas uma professora disse ler artigos acadêmicos para aperfeiçoar sua prática
docente, e mesmo assim ressalvou que sua jornada de trabalho não permite que ela faça
suas leituras com a frequência que deseja.
Alguns dos artistas citados como preferidos pelos professores foram Gilberto
Gil, Caetano Veloso e Jorge Aragão. Os estilos musicais variam entre sertanejo, rock e
mpb. Em relação à frequência com que os entrevistados assistiam a filmes, a maioria ou
não possui o hábito, ou o faz de maneira esporádica. Ao serem questionados sobre as
obras cinematográficas que foram marcantes para eles, quase todos não souberam
responder, e alguns dos poucos filmes citados foram A vida é Bela, A procura da
Felicidade e A Corrente do Bem.
Conclusão
Através das entrevistas onde podemos estar mais próximos da realidade escolar,
percemos que existem dificuldades metodológicas relacionadas ao ensino de História, e
que isso causa forte impacto nos objetivos que se deposita sobre a disciplina, o impasse
se fortifica quando se pensa em como o conhecimento histórico pode formar um
cidadão crítico.
Bibliografia
Introdução
Em meio às discussões atuais acerca do ensino de História, é deixada para trás a
ideia de transmissão de conhecimento, ou ainda a de se aprender através da fixação de
102
Artigo resultante de Iniciação Cient
Científica
ífica voluntária, orientada pelo professor Doutor Jean Carlos
Moreno.
103
Graduanda em História, Pesquisadora de Iniciação Científica da Universidade Estadual do Norte do
Paraná (UENP), mariaccornelio@hotmail.com.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 421
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
conteúdos como informações distantes e sem sentido para os alunos. A partir desse
pressuposto, emerge um novo olhar para o ensino de História: a priorização da
construção de uma aprendizagem significativa. Ficam evidentes os diversos caminhos
pelos quais essa construção pode se consolidar, e esse fato tem despertado o interesse de
muitos historiadores e formadores de professores de História. Entretanto, as
dificuldades contemporâneas sobre esse assunto também são extensas, abrangendo
problemas desde o âmbito social, até questões físicas da própria estrutura das salas de
aula.
Não somente buscar aulas ‘explosivas’ e divertidas que prendem a atenção dos
alunos com macetes e estratégias para a fixação de conteúdo, a proposta segue um
afluente mais fundo, frisando a importância da experiência e da significação dos
conteúdos abordados, deixando de lado a visão de fontes históricas como imagens e
filmes como mera ilustração, instigando a prática da leitura crítica, do trabalho com a
memória oral e, principalmente, incitando a troca de ideias e conhecimento através de
debates, levando assim à formação de alunos capazes de criar e organizar argumentos
sólidos.
Em suma, a intenção desse texto se explicita em como o professor atual de
História pode contribuir para a construção do conhecimento de seus alunos, garantido
também a construção de uma identidade enquanto agente histórico ativo, consolidando
essa construção com auxílio da sociabilização e da análise de fontes históricas. Contudo,
é preciso levar em conta também o debate acerca da formação e atuação dos professores
de História, que vem ganhando grande espaço entre os pesquisadores envoltos nesse
tema, ressaltando quão complexa é a etapa em que se formam os professores de História
– a graduação, abrangendo as muitas dificuldades enfrentadas pelos mesmos e como
isso afeta o modo como se tem pensado e ensinado a disciplina de História na Educação
Básica. A partir dessa ideia consolida-se a necessidade da investigação do papel atual de
um professor de História, analisando, compreendendo e, sobretudo, relacionando o ideal
e o real.
Para que haja aprendizagem, é preciso que haja metodologia, esses dois termos
caminham juntos no que diz respeito ao ensino, porém, aqui o termo metodologia vai
além do famoso “como fazer”, ou seja, o enfoque dado nessa pesquisa também abre
espaço para outra vertente, a do “porque fazer”. De nada vai adiantar a formação de
professores de História repletos de maneiras de ensinar se esses não conseguem
compreender o porquê desse processo. Segundo MORENO
104
O objetivo não é excluir o processo historiográfico da estrutura curricular - sua importância é, sim,
grandiosa -, mas enfatizar o fato de que, com toda discussão atual sobre o ensino de História, é
indispensável que os professores de graduação estejam cientes da relevância fundamental de se trabalhar
o currículo de maneira a “criar um balanço” para manter o equilíbrio entre a História e o que se entende
por “fazer História”, ou seja, um equilíbrio entre o conteúdo em si e as relações que o aluno constrói a
partir dele.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 425
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Outra questão levantada é a de uma formação voltada mais para a prática ou para
a pesquisa, e como essas duas vertentes estão sendo vistas separadamente, quando
deveriam, na verdade, ser colocadas como complemento e suporte entre si, ou seja,
Então fica nítida a importância para a profissão que se produza cada vez mais
professores pesquisadores e dispostos a contribuir para esse campo, mas que, ao mesmo
tempo, estejam preocupados e aptos a atuar também nas salas de aulas, a fim de
compreenderem, de maneira mais profunda, como se ensina e como se aprende História.
A autora elenca também algumas propostas que teriam o objetivo de melhorar o
papel realizado pelo professor, mas enfatiza que, em alguns casos – como as
“recompensas” em dinheiro concedidas pelos sistemas educacionais brasileiros aos
professores que tiverem melhor “desempenho” em sala de aula –, essas propostas não
trazem resultados positivos, mas sim um estímulo desenfreado à competitividade e ao
ensino mecânico, ignorando totalmente a aprendizagem significativa e a construção da
consciência histórica. Sendo assim, “Essa tendência, nos parece, contradiz o que
afirmam os críticos da formação, pois, se os professores ‘não sabem’, o estímulo à
competição para obter resultados vai gerar alguma mudança qualitativa?”
(MONTEIRO, 3013. P. 21).
Contudo, nem todas as propostas e ações desenvolvem resultados negativos, um
exemplo dessa afirmação, é a prática de estágio supervisionado, que acontece nos anos
finais dos cursos de licenciatura. É através do estágio que o graduando tem um contato
com a sala de aula como docente e não mais apenas como aluno. Pode-se destacar,
então, a importância da seriedade, tanto da parte docente quanto discente, do trabalho
com o estágio que, se aproveitado em todos os sentidos – principalmente se houver o
desenvolvimento de estratégias cognitivas – gera frutos muito positivos na formação
desses profissionais.
A realização da pesquisa
Tendo como pressuposto o estudo amplo e a compreensão do pensamento e
atuação dos professores de História da Educação Básica da região atendida pela
pesquisa, para, a partir daí, tornar possível levantar uma relação entre a formação desses
105
Sem desmerecer a importância dos demais itens, vale ressaltar que esse quesito, em especial, é o de
maior interesse para a pesquisa. Isso se fundamenta na medida em que é através dessas respostas que se
pode analisar como e porque os professores tem trabalhado um ou outro conteúdo em sala de aula. É a
partir dessas respostas também que se pode compreender o que é ou não considerado ‘conteúdo’ para
esses professores, informação que é essencial para o estudo.
106
Faculdade de Filosofia de Jacarezinho. A faculdade existiu no município de Jacarezinho – PR, desde
1959, porém, em 2010 passou a compor a UENP, Universidade Estadual do Norte do Paraná, e, desde
então, tem formado os professores na região.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 428
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
10
8
6
4
2
0
Casados Solteiros Divorciados 1 a 3 filhos Sem filhos
Partindo do que foi exposto, já se pode ter uma base para compreender a formação
inicial dos professores entrevistados, mas os mesmos também foram questionados a
respeito de opções e gostos culturais, porém, antes de fazer uma análise sobre esses
dados, é fundamental comentar que a maioria dos professores entrou em contradição
com suas próprias respostas, fato que se atribui ao receio de não parecer “inculto” diante
o mundo acadêmico107.
Aos serem questionados a respeito de filmes, todos os professores afirmaram que
assistem pelo menos um por semana, entretanto, ao serem indagados por qual filme
marcou sua vida, a maioria demorou cerca de dois minutos para conseguir pensar em
algum título. Entre os filmes por eles citados, destacam-se o Rei Arthur, citado pelo
Prof. B, pois, segundo ele “é um filme muito bom, e posso sempre trabalhar ele na aula.
Eu gosto bastante!” e também os filmes O Presente, Sociedade dos poetas mortos e
Escritores da Liberdade, referenciados pelo Prof. K, que afirma que “todos mostram a
dedicação e persistência na realização de algum objetivo”.
No âmbito musical, a maioria dos professores disse gostar do estilo MPB, citando
Caetano Veloso ou Gilberto Gil como cantor e compositor preferido. O Prof. E afirmou
que só ouve Rock, mas não citou nenhum cantor ou música em especial, outros 4
professores afirmaram gostar de música sertaneja. O Prof. H mostrou grande apreço
pelo cantor e compositor Jorge Aragão. Alguns professores disseram não gostar tanto
assim de música, como o caso do Prof. D e o Prof. K.
Questionados sobre shows musicais e peças de teatro, todos os treze professores
disseram que gostam de ir quando podem, mas que quase nunca têm a oportunidade,
alguns explicaram que isto se deve ao fato de morarem em cidades interioranas.
107
Essa observação gera preocupação, pois, se há nos professores de História um medo de revelar suas
preferências musicais, visuais, de lazer ou literárias, se pode imaginar que há, na concepção desses, uma
ideia de cultura hierarquizada, onde determinado autor ou obra tem mais valor que outra.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 431
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Sobre a questão literária, embora todos afirmarem que o tempo para a leitura é
bem escasso, disseram que estão sempre lendo, quando sobra tempo. A quantidade
anual de livros lidos varia entre 2 e 6 e, embora a maioria diga que não são livros
historiográficos. Alguns professores afirmaram que leem o necessário que a profissão
pede.
Indagados a respeito das atividades de lazer, as respostas foram curtas e parecidas,
variando principalmente entre descansar e ficar com a família, também afirmaram sair
com amigos, passear, assistir filmes e tomar cerveja (Prof. E).
No âmbito da metodologia, ao serem questionados a respeito de como ensinam ou
porque ensinam, a maioria dos professores revelou que, com o decorrer maçante dos
anos, a grande desvalorização da profissão e a falta de apoio da equipe pedagógica108 os
obrigam a recorrer a métodos tradicionais, o que pode gerar a não significação da
aprendizagem para os alunos.Antes de tratar-se dessas questões, os professores
responderam questões acerca de suas escolhas da profissão. As respostas se dividiram
entre “por amor”, “influência dos pais” e “falta de opção”.
Ao serem questionados sobre a ordem cronológica presente nos livros didáticos, a
maioria dos professores disse que essa ordem é excelente, pois, segundo eles, organiza
de forma fácil os conteúdos e, assim os alunos conseguem entender melhor a matéria e
se situar na História. Entre as exceções, o Prof. E afirmou que o livro pode ser
trabalhado tanto da maneira cronológica quanto temática, o Prof C disse que prefere a
ordem temática, pois a cronológica não permite que os alunos contextualizem os fatos, o
Prof. K também prefere a ordem temática, segundo ele “Acho mais interessante por
temática, pois podemos realizar paralelos com o dia-a-dia dos alunos, mas geralmente
os livros didáticos contemplam os conteúdos de acordo com a proposta curricular do
governo de Estado de São Paulo, sendo assim de forma cronológica”.
Como já afirmado acima, a maioria dos professores relatou que não tem costume
de fazer adaptações físicas na sala de aula, porém, declararam que gostam muito de
realizar atividades em grupos ou debates em círculos, para que haja maior interação
social na sala. A frequência dessas atividades varia com a realidade de cada sala,
segundo eles.
108
Apesar de, durante o mapeamento das escolas, os pedagogos afirmarem ter um ótimo relacionamento
com os professores de História, durante as entrevistas esses professores revelaram que muitas vezes são
impedidos de realizar atividades diferentes, sejam físicas ou não, pela equipe pedagógica vigente.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 432
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Ao serem indagados sobre fontes históricas e, praticamente todos os professores
responderam que utilizam apenas os trechos de documentos trazidos pelos livros
didáticos.
A última questão da entrevista trazia o seguinte enunciado: “O que você considera
conteúdo histórico?” e foi sem dúvidas a questão em que os professores mais relutaram
para responder, inclusive alguns não o fizeram. Outros, após pensarem por alguns
minutos começaram a falar:
A partir dessas respostas, tem-se uma breve análise sobre como os professores de
História da rede básica têm pensado o ensino e, principalmente, como esses tem
entendido a importância da metodologia de ensino para que haja uma aprendizagem
significativa.
Conclusão
Não é novidade para os que investigam o ensino de História, que a cultura
escolar, compartilhada pela tradição, tem gerado barreiras tanto para a aprendizagem,
quanto para o ensino.Infelizmente, a análise não traz resultados animadores, pois a
grande maioria dos professores mostrou que, apesar de tentarem fugir de métodos
tradicionais, acabam engessados no famoso “passar o máximo de ‘conteúdo’” para
poder cumprir com o currículo proposto pela instituição.
O mais preocupante no ponto de vista metodológico, entretanto, é o fato de que
somente um dos treze professores entrevistados entende como conteúdo o
desenvolvimento e compreensão de conceitos, sendo assim, para o restante, conteúdo se
limita ao tema que o professor trabalha em sala, deixando de lado o desenvolvimento de
competências, sejam elas sociais, de relação, contextualização, desconstrução ou
problematização desses temas e, como já citado, de nada vai valer quaisquer desses
trabalhos, se a aprendizagem não for firmada pela experiência e pela significação,
Referências
BLANCH, Joan Pagès. As fontes Literárias no ensino de História. OPSIS, Catalão: v.13, n.1.
jan./jun. 2013. p. 33-42.
O artigo propõe relatar todo o aprendizado obtido com o PIBID História, e abordar o
seu contexto explicando a sua grande importância na formação de professores.Além
disso, busca discutir a aprendizage
aprendizagemm histórica e a formação de identidades que ocorrem
dentro da sala de aula. A aprendizagem histórica não se resume apenas em absorver a
informação necessária, assimilar datas, mas sim em despertar as identidades, em fazer
que com que o aluno reconheça sua cultura e saiba se relacionar com as outras
interculturas por meio do ensino de história e do PIBID concluímos a importância que é
em preservar uma história temática cheia de intencionalidade e sentido composta de
uma formação sólida do professor.
Palavras-chave: Aprendizagem histórica, identidades, formação de professores, cultura
escolar, multiculturalismo
No Ensino de história o que aprendemos é que deve tornar o cidadão crítico e
solidário, que saiba respeitar e valorizar as interculturas, estimulando o aluno apensar
sobre as problemáticas do relacionando com o seu aprendizado historiográfico, porém,
será que todos os indivíduos formados no Brasil praticam esses aprendizados, ou será
que é apenas mais um mundo das ideias sem sentido¿
Em todos esses anos de PIBID que estive trabalhando como bolsista percebi
nas minhas observações o grande desinteresse revestido de fracasso escolar nos alunos,
a escola como um abrigo social, dos quais muitos não sabiam a importância de aprender
história, sendo apenas uma disciplina de assimilar fatos passados. Em tempos como
esses, percebe-se
se a intensidade com que a humanidade caminha, com o constante
109
Graduando no curso de história na Universidade Estadual do Norte do Paraná,Bolsista de iniciação à
docência no projeto Pibid e Pesquisador do Pibic Voluntário. Contato: mateuzinho_fb@hotmail.com
110
Professor adjunto do Colegiado de História da Universidade Estadual do Norte do Paraná. Doutor em
História e Sociedade pela UNESP. Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do
Paraná (1996). Especialista em Linguagens, Imagens e Ensino de História pela UFPR (2000) e Mestre em
História e Historiografia da Educação pela mesma instituição (2003). É líder do Grupo de Pesquisa em
Ensino de História da UENP). Professor da Pós Pós-graduação
graduação História: cultura e sociedade (UENP).
Contato: jeanmoreno09@gmail.com
gmail.com
Dessa forma, analisa-se que os discentes não têm uma base sólida no ensino de
História para enfrentar o dia a dia em sala de aula, seria simples em apenas diagnosticar
que o problema são os professores das instituições superiores, e com esta sociedade que
nos encontramos o método tradicional que foi utilizado por muito tempo não funciona
mais.Para aplicar um método eficaz é necessário pensar nesta sociedade como ela se
encontra, globalizada, com uma bomba de informações por minuto, com um alto índice
de analfabetismo funcional. Recentemente, desde 2011, há um projeto que tenta romper
a dicotomia sobre a distância entre a teoria e a prática, com o intuito de fortalecer a
formação do aluno, estimulando o discente a praticar suas aprendizagens dentro das
escolas, além disso este projeto possibilitou o contato das universidades com as escolas
fazendo os alunos de escola pública terem outra percepção do professor.
O projeto PIBID História UENP fez trocas de experiências, visitas com outras
instituições como a UEM e a UEL, além disso, o projeto procura fortalecer o nível do
graduando através de grupo de pesquisa, planejamento de aula com revisões, incentivo a
apresentações de resultados alcançados eventos como oficina, congresso, e
participações anuais em eventos nas escolas como a feira de ciências, e a semana da
diversidade.
111
MORENO, Jean. Ensino de História e Construção de Identidades: Dilemas Persistentes, 2010, p.10
112
Esta ideia de homogeneização e educação neoliberal foi tirada da obra de SANTOS, Rafael. Mas que
história é essa, 2000 p. 83, 84.
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 439
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
Ensinar história e despertar identidades estão intrínsecos, não há como aplicar
um conteúdo sem o professor articular o sentido dele, pois não se trata de relatar o
passado, trata-se de dar sentido, dando ênfase no aluno inserindo-o no meio
social.Ensinar história é também abordar culturas as quais todos indivíduos estão
inseridos compartilhando valores pertencentes de um grupo social, para relembrar o
aluno de suas culturas esquecidas.Como investigador de aprendizados, o professor
ativará a intencionalidade se souber articulá-la, como no tema América Portuguesa ele
pode abordar a história da culinária africana e suas influências, pois para um
adolescente ou um adulto a culinária está posta em sua realidade, porque está em seu dia
a dia e para um adolescente, abordar este tipo de tema despertará o insight na sua
memória, a identificação de sua cultura, assim havendo ampliação da consciência
histórica.
4.Relato de Experiência
113
Cito este termo de Jean Moreno em uma publicação do artigo Cultura e Aprendizagem Histórica Na
Escola da revista Aprende Brasil, edição de junho/julho, 2006
XII JORNADA DE ENSINO DE HISTÓRIA: 440
ENSINO DE HISTÓRIA, ÉTICA E POLÍTICA –19 A 23 DE JUNHO DE 2017
UENP – CCHE – CAMPUS JACAREZINHO
CADERNO DE RESUMOS
ISSN - 2448-2005
do ensino fundamental sendo 10 bolsistas que trabalharam neste curso, dividindo 6 no
período matutino e 4 no período vespertino permanecendo eu na equipe vespertina.
O Colégio Estadual Luiz Setti114, o qual o projeto trabalhou com ênfase, existe
desde 1966, localizado no Bairro Vila Setti, sendo um bairro periférico com moradores
com uma predominância de baixa renda. A modalidade de ensino oferecida pelo colégio
é do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio e Curso Técnico para capacitações na área
de Informática, Integrado, Subsequente e o Curso de Rede de Computadores. O diretor
que administrava o colégio na época do projeto (2016) erao professor Ronaldo Terra e a
vice-diretora, Maria Ângela Frigeri. O Colégio atual conta com 66 docentes, 5
pedagogos, 19 funcionários e 29 turmas, atendendo 840 alunos da área urbana, rural,
suburbana e itinerante, entre a média de 10 a 49 anos de idade.
114
As informações do Colégio Luiz Setti foram recolhidas neste
site:www.jzoluizsetti.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=40
5.Considerações Finais
Referências:
www.jzoluizsetti.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=40
www.uenp.edu.br/cj/item/1806-pibid-historia-completa-4-anos
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................3
PROGRAMAÇÃO.......................................................................................................................4
SEMINÁRIOS ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,....16