You are on page 1of 4

Colégio Anglo São Carlos [Simulado de Redação ENEM 02]

Nome: ____________________________________________________________________
Docente responsável: Adriano Tarra Betassa Tovani Cardeal Nota: _________

Proposta temática 02: Causas da ineficiência alusiva à mo- tá. O BRT é o corredor segregado, com estações em que o
bilidade citadina no Brasil hodierno. passageiro paga antes de entrar no veículo. BRT virou que-
ridinha de técnicos e políticos porque tem a melhor relação
País vive ambiente propício para custo-benefício: transporta 30 mil passageiros por hora em
reduzir funil do trânsito cada sentido, e o quilômetro linear custa R$ 40 milhões. O
metrô transporta mais que o dobro de passageiros (80 mil),
Mário César Carvalho mas cada quilômetro consome R$ 500 milhões por causa do
custo da terra para desapropriações em São Paulo, de acordo
Não cabe mais. Se os 7,4 milhões de veículos saís- com o Metrô. A prefeitura quer produzir 150 quilômetros de
sem às ruas de São Paulo ao mesmo tempo, circulando a 40 BRT até 2016, ao custo de R$ 6 bilhões. Não será uma tran-
km/h, a cidade precisaria de mais do que duplicar os 17 mil sição fácil, segundo o engenheiro Willian Aquino, que tra-
quilômetros de ruas existentes. Se os 5,4 milhões de carros balha na implantação de um VLT (Veículo Leve sobre Tri-
fossem estacionados em fila indiana, ela alcançaria 27 mil lhos) no Porto Maravilha, no Rio. “Sempre há caos nas mu-
quilômetros – três vezes a extensão do litoral brasileiro. As danças de sistemas. Por isso, eu recomendo o tratamento de
contas foram feitas pela reportagem a partir de dados da choque. Sem ele, você não corta os vícios em carros”, diz.
ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). Pre- O arquiteto Tadeu Leite, diretor de planejamento da CET
ocupado? A boa notícia é que, após as manifestações de ju- (Companhia de Engenharia de Tráfego), refuta previsão de
nho, iniciadas contra o aumento de tarifas de transporte, caí- caos na construção dos corredores do VLT, mas prevê redu-
ram os riscos do apocalipse motorizado, opinam estudiosos ção na velocidade dos carros. “Não tem como melhorar sem
do tema. Todos os níveis de governo e os usuários de carro ascrifício no meio do caminho”.
se dizem a favor do transporte público – pesquisa Datafolha
de setembro, por exemplo, mostrou que 77% dos usuários (Folha de S. Paulo, “Cotidiano”, 12.10.2013)
de automóvel apoiam faixas exclusivas de ônibus na capital.
O “Fórum de Mobilidade Urbana”, realizado pela Folha na Políticas excluíram apoio ao transporte público
última quarta e quinta-feira, é a contribuição do jornal para
esse debate. Trata-se do primeiro duma série de Seminários Eduardo A. Vasconcellos
da Folha para debater temas relevantes para o país. “Há uma
janela de oportunidade única para mudanças”, diz o pesqui- As políticas de apoio ao automóvel criaram, desde a
sador Carlos Henrique Carvalho, do Ipea (Instituto de Pes- década de 1950, cidades espalhadas de baixa eficiência,
quisas Econômicas Aplicadas). “Foi como se todo mundo com elevados gastos no sistema viário, grande consumo de
começasse a ouvir o que repetimos há 30, 40 anos”. O que energia e alta emissão de poluentes. Mesmo as forças histó-
os pesquisadores repetem é que não haverá solução se o car- ricas de esquerda, com intensa agenda de defesa do trans-
ro for privilegiado e se as cidades continuarem a ser constru- porte público no período entre 1960 e 2000, mantiveram o
ídas para automóveis. A pressão das ruas produziu uma ca- apoio irrestrito ao automóvel, relegando o transporte públi-
deia de fatos novos, num ritmo inédito nas políticas públi- co a uma posição secundária na agenda federal. Na prática,
cas. Nunca se anunciou tanto investimento em transporte o governo tornou-se sócio e refém da indústria automobilís-
público. O governo federal é um exemplo. Passou dum gas- tica. A isso foi somada, a partir de 1990, a política de apoio
to efetivo de R$ 2 bilhões este ano, segundo o Ipea, para u- à motocicleta, com resultados calamitosos de segurança no
ma previsão de investimentos de R$ 50 bilhões nos próxi- trânsito – 180 mil mortos e 820 mil pessoas com invalidez
mos quatro anos. O governo paulista deve investir R$ 45 bi- permanente. No lado do transporte público, a inexistência
lhões no período de 2012 a 2015. Já os gastos previstos da de uma política clara e permanente levou a baixos níveis de
prefeitura nessa área serão de R$ 11,6 bilhões entre 2014 e serviço, tempo de percurso elevado e desconforto, além de
2017. O grande dilema é como diminuir o fosso que separa tarifas que sobem acima da inflação, prejudicando os grupos
o conforto do automóvel da vida de gado no ônibus para a- de baixa renda. Construímos uma mobilidade iníqua, exclu-
trair os donos de carro para o transporte público. A Prefeitu- dente e ineficiente. Chegamos a tal ponto de insustentabili-
ra de São Paulo escolheu um tratamento de choque para ten- dade que, nas cidades médias e grandes do país, usar a moto-
tar resolver o dilema. Criou em sete meses 224 quilômetros cicleta custa um terço da tarifa do transporte coletivo e leva
de faixas exclusivas de ônibus. Essa mudança praticamente um terço do tempo de percurso. Usar o automóvel, por sua
dobrou a velocidade dos ônibus, de 13 para 25 km por hora. vez, tem um custo igual ao da tarifa e leva a metade do tem-
“Hoje a prefeitura está trabalhando para aumentar o conges- po de percurso. Ou seja, é melhor abandonar o transporte
tionamento. Parece cruel, porém o resultado será bom”, diz público logo que possível. O problema mais grave é que não
Ailton Brasiliense, presidente da ANTP. Será bom, diz ele, há hoje no país nenhuma força política relevante que queira
porque não há solução de transporte com o número de veí- mudar o modelo de mobilidade. O que pode ser feito? A ex-
culos que circulam em São Paulo, no Rio ou em Recife – a periência internacional mostra ser necessário atuar em duas
frota de carros cresceu 105% no país entre 2002 e 2012. O frentes: de um lado, melhorar muito a qualidade e a confia-
passageiro de um carro em movimento ocupa 40 vezes mais bilidade para andar, usar a bicicleta ou o transporte público
espaço do que um de ônibus. A aposta da prefeitura paulista- e, doutro lado, restringir o uso excessivo ou inadequado do
na é nos chamados BRT, sigla de Bus Rapid Transit (“trân- automóvel. Perseguir apenas uma das frentes não resolve.
sito rápido de ônibus”), invenção curitibana de 1979 que os Adicionalmente, o espaço urbano deve ser reorganizado,
brasileiros passaram a admirar depois do sucesso em Bogo- para aproximar as pessoas do emprego, da educação e do la-

1
zer e reduzir necessidade de transporte motorizado. O prin- depende de repasses de estados e da União. Além disso, a
cipal instrumento deve ser a nova Lei da Mobilidade, pro- maior parte do dinheiro está comprometida com despesas
mulgada em 2012. Ela deu apoio legal a medidas de mudan- em educação e saúde. Na tentativa de contornar as restrições
ça no sistema de mobilidade, que incluem a reorganização orçamentárias, o governo do estado de São Paulo optou por
do transporte público e a restrição ao uso inadequado do au- usar receitas extraordinárias, como as da venda de empresas
tomóvel. Ela precisa ser aplicada com determinação, por e concessões, para elevar os investimentos no metrô e nos
meio de um esforço nacional. Requer também uma profun- trens urbanos. Mas, depois de um pico de R$ 3,3 bilhões em
da revisão na alocação de recursos, reduzindo os subsídios 2010, os gastos com obras da Secretaria de Transportes Me-
dados ao automóvel, investindo em segurança no trânsito e tropolitanos caíram para R$ 1,1 bilhão no ano passado. Não
apoiando sistemas integrados e de qualidade para pedestres, é difícil demonstrar o quanto esses valores são modestos.
ciclistas e usuários de transporte público. Especialistas calculam que São Paulo precisaria elevar de
74 km para 200 km a sua malha metroviária – o que, a um
(Folha de S. Paulo, “Opinião”, 12.10.2013) custo médio de R$ 400 milhões por quilômetro, sairia por
R$ 50 bilhões.
Dinheiro é pouco para melhorar
transporte e infraestrutura urbana (Folha de S. Paulo, “Cotidiano”, 12.10.2013)

Verbas públicas para políticas de transporte coletivo


e infraestrutura urbana são, além de escassas, sujeitas à difi-
culdade de gerenciar investimentos comuns às três esferas
de governo no país. Na administração federal, por exemplo,
existe desde 2004 um programa com o nome de “Mobilida-
de Urbana”, a cargo do Ministério das Cidades, de resulta-
dos pouco animadores até agora. Os recursos destinados ao
programa – a maior parte para apoio a projetos conduzidos
por estados e municípios – são minúsculos para as propor-
ções do Orçamento da União. E apenas uma fração deles
tem sido efetivamente desembolsada. No ano passado, havi-
a R$ 2,8 bilhões disponíveis na lei orçamentária, o maior
montante já programado na gestão petista. Já a execução
não passou de R$ 271 milhões, menos de 10% do orçado e
virtualmente nada em um universo de gastos federais de R$
805 bilhões. Não é que o programa seja considerado irrele-
vante pelo Executivo. A maior parte das ações agendadas
está incluída no PAC (Programa de Aceleração do Cresci-
mento), que, ao menos em teoria, reúne os investimentos
prioritários. O modelo orçamentário atribuído à União, en-
tretanto, drena não apenas a maior fatia do dinheiro dos im-
postos – mas também das atenções políticas e administrati-
vas – à área social. Por vocação natural, são os municípios
que arcam com o maior volume de despesas nas ações de
mobilidade urbana. Nesse caso, o que os dados mostram é a
dificuldade de elevar os gastos no mesmo ritmo de expansão
dos desafios enfrentados nas cidades. Em valores corrigidos
pela inflação, os 15 municípios com mais de 1 milhão de ha-
bitantes (Distrito Federal não incluído) gastaram em trans-
porte no passado praticamente os mesmos R$ 3 bilhões de
2008 – dos quais R$ 2,3 bilhões só em São Paulo. A maioria
das prefeituras do país tem reduzida arrecadação própria e

2
ESPAÇO PARA ESCRITURA DO RASCUNHO REDACIONAL

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

3
ESPAÇO PARA ESCRITURA DO TEXTO DEFINITIVO

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

You might also like